MARCO
AURÉLIQ
CERCAL
INSTRUMENTO
DE AVALIAÇAO
DA CULTURA
ORGANIZACIONAL
Dissertação
snbmetida à Universidade
Federal
de Santa Catarina para a
obtenção
dofígrau
de Mestre
em
Engenharia
de Produção.
Área
de
concentração:Engenharia
de
avaliação einovação
tecnológicaOrientador: Prof.
Álvaro Guillermo
Rojas Lezana,
Dr.FLORIANÓPOLIS
INSTRUIVIENTO
DE
AVALLAÇÃO
DA
CULTURA
ORGANIZACIONAL
MARCO
AURÉLIO
CERCAL
Esta dissertação foi julgada
adequada
eaprovada
para a obtençãodo
Títulode
Mestre
em
Engenharia da
Produção
no
Programa
de
Pós'-Graduação
em
Engenharia
de
_Produção da
Universidade Federal
de Santa
Catalina.Florianópolis,
15
de Maio-de
2.001._
m
,
4
Prof.
Ri
~oMi
.|aBarcia,Ph.D.^
-Cáordenado
oCurso
\ ,BANCA EXAMINADORA
PÃO
kz
_ , ._ 'Prof. Alvaro Guillermo Rojas Lezana, Dr. (Orientador)
~/
yÊR
Profa.
Célišäristinaira.
/f
ya
Prof.
Rogé
efiãs, Dr.. ,,
gd
/
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço
primeiramente a Deus, por terme
concedido forças durante osmomentos
de
cansaço, iluminação durante osmomentos
de ofiiscamento e serenidade nosmomentos
de
tormenta.Agradeço
ainda pelopequeno
Arthur, hojecom
sete meses, eque
é a principal fontede minha
inspiração. _ _, __'
Não
poderia deixar de fazertambém
os seguintes agradecimentos:Ao
caro professor Lezana,sem
o qual a idéia deste trabalhonão
teria se concretizado.Ao
amigo
Jovane, o qual soubecompreender
osmomentos
demudanças
ocorridosem
minha
vida, e por seu estímulo paraque eu
jamais desistisse. . _Ao
amigo
Joaquim,o
qual muitome
ajudou durante nossosmomento
de
diálogo e reflexão.Ao
amigo
Altemir, pelo estímulo geradorque
propiciou esta jornada.4
Ao
amigo
Josildo, diretorda Fundação
Sanepar, por suainestimável colaboraçãona
condução
desta pesquisa. 'r
Aos
meus
pais, por teremme
acolhido nosmomentos
em
que
preciseide
solidão paracom
osmeus
pensamentos.Finalmente gostaria de agradecer a
minha
amada
Rosane, por suacompreensão
durante osmomento
em
que
nãopude
estar presente.iv -- .S ,
O
_ _ V Pg.LISTA
DE FIGURAS
... .. ixANEXOS
... ..x
RESUMO
... .. xi'ABSTRACT
... ..“. ... xiiCAPÍTULO
1 zINTRODUÇÃO
1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7APRESENTAÇÃO
DO
TEMA
... .. _ 01PROBLEMATIZAÇAO
... ... ... .. 01JUSTIFICATIVA
... ... _. ›_o'3OBJETIVOS
... _. 03 1.4.1' Objetivo Geral; ... ..'. ... ..03
Ú"
1.4.2 Objetivos Específicos ... _. 03PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
DO
ESTUDO
... ._04
LIMITAÇOES
DA
PESQUISA
... _.04
ORGANIZAÇÃO
DO
ESTUDO
... .. osCAPÍTULO
2 zO
PAPEL
DA CULTURA
NAs
ORGANIZAÇÕES
2.1 2.2 2.3 2.4 2.5INTRODUÇÃO
... ._oó
OSIGNIPICADO
DE
CULTURA
... ..07
ETNOCENTRISMO
... ..o9Ç
RELATIVIZAÇÃO
... ..09
--»SUBCULTURAS
... ..10-2.6 2.7 2.8 2.9 2.10 2.11 2.12 2.13 2.14 2.15 2.16 2.17 2.13 2.19 2.20
METODQLOGIAS
PARA O
ESTUDO DANCULTURA
... ... .. ,1.1 2.6.12.6.2
Abordagem
Etnográfica
... .. l 1Abordagem
Clínica / Terapêuticaou
do Desenvolvimento
Organizacional ... .. 12
2.6.3 2.6.4»
Abordagem
Antropológica ... ... .. 15CULTURA
E
LOSESTÁGIOS
DO
DESENVOLVIMENTO
ORGANIZACIONAL.
... .. 15Os
NÍVEIS
DA
CULTURA
... ... .. 17Abordagem
Empiricista. ... _. 14CULTURA
COMO
DISTRIBUIÇÃO
NORMAL
... ..2o
DIFERENÇAS
CULTURAIS
... .;: ... ._22
RELACIONAMENTOS
E
REGRAS
... ..24
2.1 1.1 Universalismo versus Particularismo ... ..
25
2.1 1.2 Coletivismo versus Individualismo ... ..
27
2.1 1.3
Neutro
versusEmocional
... ..28
2.1 1.4
Difuso
versus Específico ...29
2.1 1.5 Conquistas verSus Atribuições": ... .. 31
2.1 1.6 Cultura e a Relação
com
OTempo
... ..32
2.1 1.7 Cultura e a Relação
com
O Meio-Arnbiente ... .. 332.11.8 Culturas Empresariais ... ..
35
RELAÇÃO
ENTRE
VALORES
PESSOAIS E
CORPORATIVOS
... ..só
2.l2.1 Cultura Realou
Existente ... ..36
2.l2.2 Cultura Ideal
ou
Desejada ... ..; ... ..37
2.12.3 Cultura Pessoal
ou
Individual ... ..37
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL
E
CULTURA
... .. 38CULTURA
E
A
ECONOMIA
DO
CONHECIMENTO
... _.40
A
CULTURA
COMO
INSTRUMENTO DE
ESTRATÉGIA
COMPETITIVA
... ..` ... ..43
ESTILO
DE
TOMADA
DE
DECISÕES
... ..43
RESISTÊNCIA
ÀS
MUDANÇAS
ESTRATEGICAS
... ..44
SUPERAR
A
RESISTÊNCIA
ÀS
MUDANÇAS
ESTRATEGICAS
... ..44
VALORES
DOMINANTES
... ._4ó
CHOQUE
DE CULTURAS
... ..47
VI
2.21
CULTURA
MATERIAL
COMO
BASE
DE
VANTAGEM
COMPETITIVA
47
DO
2.22
CULTURA
COMO
RECURSO
CHAVEÍ..
... ..Í.Í. ....Í
48
I
CAPITULO
3
:MODELOS
PARA AVALIAÇÃO
DA
CULTURA
ORGANIZACIONAL
3.1
INTRODUÇÃO
...so
-3.2
PRINCIPAIS
MODELOS
DE AVALIAÇÃO
DA
CULTURA
... ..50
3.2.1
Modelo
deTrompenaars
... .; ... ..50
3.2.1.1 Cultura Familiar ... .. 51 Ç 3.2.1.2 Cultura Torre Eiffel ... ..
52
3.2.1.3 Cultura Míssil
Guiado
... ..53
3.2.1.4 Cultura Incubadora ... ..
54
3.2.2
Modelo
deNelson
... ..56
3.2.2.1
O
usodo
InstrumentoPVI
para medir Cultura ... ..60
_ 3.2.2.2
O
uso do
InstrumentoPVA
para medir Cultura ... ..60
~-3.3
VANTAGENS
E
DESVANTAGENS DE
CADA MODELO
... ..62
3.4
ELEMENTOS
INTEGRADORES
E
DESINTEGRADORES
DA
CULTURA
ORGANIZACIONAL
... ..64
CAPÍTULO
4
:MODELO
DE
APLICAÇÃO DE
ANÁLISE
DA CULTURA
ORGANIZACIONAL
4.1INTRODUÇÃO
... ._ .õs 4.2ETAPAS
DA
CONSTRUCAO
DO
MODELO
... ..65
4.3
ETAPAS
DA
APLICAÇÃO
DO
MODELO
... ..66
_ 4.3.1 Identificação
da
Organização a ser Pesquisada ... ..67
4.3.2
Reunião
com
os Representantesda
Organização ... ..68
4.3.2.1 Definição de objetivos ... ... ... ..
68
"' 4.3.2.2
Amplitude
da
Pesquisa ... .Í ... ..68
" 4.3.2.3 Definição de Prazos ... ..
69
4.3.3
Reconhecimento daOrganizaçãO
... ..69
4.3.3.1 Históricoda
Orgzmiëaçâo ... ..'. ... .;T. .... ..69
4
A 4.3.3.2 Pontos Favoráveis ... ._69
4.3.3.3 Pontos Desfavoráveis ... ..70
4.3.3.4 SensibilizaçãoIntema
... ..70
4.3.4
Manipulação
dosDados
... .. 714.3.4.1 Tabulação
dos
Dados
... .Ê ... .. 714.3.4.2 Interpretação dos
Dados
... .. 714.3.4.3 Elaboração
de
Hipóteses ... ._ 71 4.3.5 Conclusões eEncerramento
da
Pesquisa ... _.72
4.4TÉCNICAS
UTILIZADAS
NA
APLICAÇÃO
DO
MODELO
... ..72
4.4.1
Exame
das Informações disponíveis ... .. 734.4.2
Definição do
Universo ... .. 734.4.3
Definição do
Instrumentode
Coletade
Dados
... .. 734.4.4 Elaboração
do
Instrumento de Coletade
Dados
... ..74
Ç,_4.4.5
Pré-Testagem
Instrumentode
Coleta deDados
... _.74
4.4.6 Processode
Coletade
Dados
... .. 754.4.7 Tabulação
dos
Dados
... .. 754.4.8 Interpretação dos Resultados ... .. 75
4.4.9
Geração de
Suposições acerca dos Resultados ... ..76
4.5
RECOMENDAÇOES
SOBRE
A
RESPONSABILIDADE
HIERÁRQUICA
NA CONDUÇÃO DA
APLICAÇAO
DO
MODELO
... ..vó
CAPÍTULO
5
zRESULTADOS
OBTIDOS
COM
A
APLICAÇÃO
PRÁTICA
DO MODELO
5.1INTRODUÇÃO
... ..; ... ..77
5.2 "
APRESENTAÇÃO
DO
AMBIENTE
DA
PESQUISA ESCOLHIDO
... ..77
5.3
DETALHAMENTO DA
APLICAÇÃO
DO
MODELO
... ..79
5.5
ANÁLISE
CRÍTICA
DO
RESULTADOS
... ._so
`*`5.5.l Confroníação entre Percepção Individual
ÉOrganização
Real ... .. 81 `A
_
5.5.1.1O
que
a Organização Valoriza.. ... ..82_
5.5.1.2
Como
a
Organização Valoriza ...83
5.5.2 Confrontação entre Percepção Organização Real e OrganizaçãoIdeal ... _. 83
5.5.2.1
O
que
a Organização Valoriza. ... .. 83 _ 5.5.2.2Como
a
Organização Valoriza ... _.84L
5.5.3 Comentários sobre a pesquisa ... ..
85
5.-5.4
Formulação
de Hipóteses ...86
5.6
AVALIAÇÃO
DO MODELO
... ..sv
,
CAPÍTULO
6
zCONCLUSÕES
E
RECOMENDAÇÕES
-6.1
ATINGIMENTO Dos
OBJETIVOS
... ... ._S9
ó.2'
PONTOS
FORTES
E
FRACOS
DO MODELO
TEÓRICO
PROPOSTO
9o
6.3
SUGESTÕES
E
RECOMENDAÇÕES PARA
OUTRAS
APLICAÇÕES
E
“'91TRABALHOS FUTUROS
... .... ..Õ
__
,_
LISTA
DE FIGURAS
_ _- Pg.
Figura 1
-
Estágios Cumulativosdo Desenvolvimento
Organizacional ... ..Figura 2
-
Modelo
de
Cultura ... ... ... ... ..f. ... ..Figura 3
-
Culturacomo
uma
DistribuiçãoNormal
... ..Figura
4
-
Cultura e Esteriotipagem ... ._Figura 5
-
Estrutura de Orientações Culturais ... ..Figura 6
-
Como
Reconciliar Universalismo e Particularismo ... ..Figura 7
-
Como
Reconciliar Individualismo e Coletivismo ... ..Figura 8
-
Círculosde
Lewin
(Adaptaçãode Trompenaars)
... ..Figura 9
-
Zona
de Perigo: Encontro entreo
Específico eo
Difuso ... ..Figura 10
-
QuadranteEmocional
... ..Figura ll
- Como
Reconciliar ControleIntemo
e ControleExtemo
... ..Figma
12-
As
visõesda
Cultura Corporativa ... .Ç ... ..Figura 13
-
Modelo
de
Mudanças
Temporárias eDuradouras
de PeterSenge
... ..Figura 14
-
Estrutura 7 “S” (Adaptaçãode
Mintzberg) ... ..Figura 15
-
Imagens da
Empresa
... ..Figura 16
-
Dimensões da
Cultura ... ..Figura 17
-
Perfil Cultural Individual ... ._Figura 18
-
Perfildos
ValoresAgregados
... ._Figura 19
-
Roteiro para Aplicaçãodo
Modelo
de
Avaliação Cultural Integrado ... ..Figura
20
-
Técnicas para Aplicaçãodo
Modelo
... ..Figura 21
-
Organograma
-FUSAN
-
Fundação
Sanepar de Previdência eAssistência Social ... .Ç ... ..
Figura
22
-
Organograma
-Fundação
Sanepar de Assistência Social ... ..Figura 23
-
Aplicaçãodo
Modelo
de Avaliação Cultural Integrado-
Caso
FUSAN...
x
_
ANEXOS
_
__. *_ ,_ Pg.
Anexo
l-
PVI
- Perfildos
_Valores Individuais ... 9_2`
Anexo
2-
PVA
- Perfildos
ValoresAgregados
... ..96
_
Anexo
3 -Modelo
de
Avaliação Cultural deTrompenaars
... ..101
Anexo
4
-
Modelo
de
Avaliação Cultural- Integrado (Cultura RealX
Cultura Ideal)...105
_
Anexo
5-
Modelo
de
Avaliação Cultural Integrado (Cultura Individual) ... ..110
xi
RESUMO
O
trabalho apresentaum
instrumento de análise da cultura organizacional, o qual estuda os elementos integradores e desintegradoresda
cultura das empresas,podendo
desta forrnafomecer
elementosde
fundamental importância nastomadas de
decisões gerenciais,bem
como
determinar qualo
esforçode
adaptação a serempreendido
entre as organizaçõesque
fazem
parteda
mesma
cadeia de abastecimento. Conceitos de cultura, valores,conhecimento;
aprendizagem
organizacional, estratégia competitiva etomada
de decisões são analisados.Revisa-se os principais
modelos
teórico-práticos de análiseda
cultura, absorvendo seuspontos fortes e criticando seus pontos fracos,
A
partirda
análisedos modelos propõem-se
afusão
de
doismodelos
e a criação deum
novo
instrumento de análiseda
cultura organizacional o qual é aplicadoem
duas empresasque fazem
parteda
mesma
cadeiade
abastecimento. Identifica-se as principais característicasda
cultura organizacional dasempresas
bem
como
os elementos integradores e desintegradoresda
cultura, analisando-se criticamente os resultados práticosde
sua aplicação. ' '_ xii
ABSTRACT
The work
describesan
analytic tool for the organizational culture, that studies the integratingand disintegrating elements
of
thecompanies
culture, able to supply elementsof main
importance in themanagement
decision process, as well to determinewhat
adaptive effortmust be
developedamong
the organizations that are partof
thesame
supply chain. Culture concepts, values, knowledge, learning organization, competitive strategy and decision processare also analysed. It is revised the
main
theoric-practicalmodels of
the culture analysis'considering its strong and
weak
points. Startingfrom
themodel
analysis its isproposed
thefusion
of
bothmodels
to create anew
analytic instrumentof
the organizational culture that is tested intwo
companies
of
thesame
supply chain. It is identified themain
characteristicsof
the organizational cultureof
thecompanies
as well as the integrating and disintegrating1
CAPÍTULO
1INTRQDUÇÃO
1.1 - Apresentação
do
Tema
O
adventoda
globalizaçãosem
dúvidas trouxe tanto benefícios quantoproblemas
paraa- realidade
do
empresariado brasileiro. Beneficios relacionados* à introduçãode
novas
tecnologias tanto
de
gestão quantode
processos ecom uma
troca de informaçõesnuma
velocidadeZ
jamais vista antes. Entretanto
com
estes beneficios surgiramtambém
'algunsproblemas tanto
de
ordem
econômica
e social,como também
problemas relativosà
cultura organizacional, vendo-se esta última obrigada a confrontar-secom
novos
padrões e níveisde
exigências, para os quais muitasempresas
aindanão
estão preparadas tanto tecnicamente quanto culturalmente.Conforme
SCHEMERHORN
[l999], a capacidade de respeitar diferenças ediversidade
de
valores éuma
importante chave para o sucessona
gestão docomportamento
organizacional-
em
diferentes culturas.As
organizações atuais precisam que os funcionários e gerentestenham
a percepção global ea
sensibilidade cultural, oque
é corroborado porFARII2
[1998] o qual afirma
que quando
urna cultura tenta se sobrepor a outrasem
levarem
consideração seus aspectos particulares a conseqüência é
a
perdada
sinergia organizacional.A
cultura organizacional é omapa
de
orientaçãoque
norteia oscaminhos
pelos quais aempresa
estruturou sua organização tanto fomial quanto infomialmente.Ao
ultrapassar oslimites
do
ambiente intemoda
organização, a intensidadeda
diferença existente entre asculturas das organizações, entre outros fatores, deterrnina a
que
nível o estabelecimentode
fusõesou
alianças estratégicas entre asempresas
tem
a possibilidadede
ser realizadacom
sucesso.\.
1.2 - Problematização
A
análiseda
cultura organizacional entre as empresaspode
fornecer elementos de fundamental importância,que
irão" subsidiar astomadas de
decisões gerenciaisa
fim
de
se2
prevenir possíveis
choques
culturaisque
tantopodem
consumir
tempo
como
recursos,oferecendo
uma
ameaça
a posição estratégica*da
empresa, devido à falta den coesão deobjetivos.
_
-_ _- zSegundo
CARLETON
[l999],em
fusões, aquisições e alianças, dedica-semuito
tempo
e dinheiro à análisede
recursos ñsicos, dosmercados
eda
lógicada
união proposta.Mas,
em
geral, dá-se
pouco
ou nenhuma
atenção à natureza, à atitude e às crenças das pessoasque
terão
de
executar a estratégia empresarial planejada.Se houver
um
choque
entre a cultura corporativados
dois grupos, a colisãopode
levar a discussões, confiisão e atéo
caos.Conforme
WOOD
[l995], a intemacionalizaçãodos
negóciostem
de fatoprovocado
crescente interesse pelo 'cross-culturalmanagement.
As
grandes corporaçõestem
buscado
conquistar a
chamada
competência
intercultural,ou
a
habilidadede
funcionar efetivamenteem
outras culturas.De
fato diversas organizações multinacionais, àmedida que
setomam
maduras
eexpandem
seus negócios para paísescom
culturas contrastantes,acabam
tendoque
lidar
com
problemas
relacionados a aculturação,domínio
culturalou
sinergia cultural.MORGAN
[1996] acreditaque
o desenvolvimento das sociedades organizacionais éacompanhado
poruma
desintegração dos padrões tradicionaisde
ordem
social,em
termosde
ideais
comuns,
crenças e valores,dando
lugar a padrõesmais
fiagmentados
e diferenciados decrenças e valores baseada
na
estrutura ocupacionalda
nova
sociedade.A
divisão dascaracterísticas de trabalho das sociedades industriais cria
um
problema de
integração, ou,como
pode
sermais
precisamente descrito,um
problema de
administraçãoda
cultura, sendoque para o autor precisam ser encontradas formas de reunificar a sociedade novamente.
Conforme
explicaKAPLAN
[1997], durante a era industria, os indicadores financeirosforam
praticamente os únicos parâmetros de análise utilizados para se avaliara
eficiênciaorganizacional. Entretanto,
conforme
o autor, estes indicadoresrefietem
prioritariamente 0desempenho
do
pontode
vista histórico,ou
seja, aquiloque
já aconteceu, levando a organização a atuar principalmenteno
curto prazo.Porém,
explica aindao
autor,que
asmedidas
financeiras são inadequadas para orientar e avaliar a trajetóriaque
asempresas
da
erada
informaçãodevem
seguirna
geração de valor futuro. Esta geraçãode
valor, precisanecessariamente ser avaliada levando-se
em
contra oschamados
ativos intangíveis eintelectuais
da
organização, dos quais a cultura organizacional é parte integrante e fundamental.Desta
forma
faz-se necessário a realização deum
estudo *que permita identificar quaiselementos
da
cultura organizacionalque
podem
servircomo
integradoresou
desintegradoresdo
relacionamento entre as organizaçõesque
pretendem
estabelecer fiisõesou
alianças3
estratégicas, e
como
osmesmos
podem
ser respectivamente potencializadosou
reorientados, afim
de
se transformarem
uma
vantagem
competitiva. V" OW
"1.3
-
JustificativaO
presente estudo justifica-se pela importância de preparar asempresas
para asmudanças
frente a
nova
ordem
econômica
e social.do
Brasilno
mundo
globalizado.A
crescenteimportância
da
logística, enquanto fatorde
integração horizontalda
cadeiade
abastecimento nos mostraque conforme
MINTZBÉRG
[2000], estamos nosencaminhando cada
vez mais parauma
competição entre cadeiasde
abastecimento,aonde
a eficiência e eficáciado
todo émuito
maiordo que
asoma
individualde
suas partes.Neste âmbito a análise
da
cultura organizacional edos
elementosque
tantopodem
serintegradores quanto desintegradores dos relacionamentos entre as organizações,
podendo
fornecer subsídios preciosos para orientar osrumos
destas mudanças.1.4
-
Objetivos.Dentre os objetivos gerais e específicos pode-se citar:
1.4.1. Objetivo Geral
Desenvolver
um
instrumento teórico práticode
avaliaçãoda
cultura organizacionaldas empresas.
1.4.2. Objetivos Específicos
0 Identificar os
modelos
teóricos- práticos de avaliaçãode
cultura organizacional; “0 Desenvolver
um
novo
instrumento de avaliação cultural, considerando as limitações dosmodelos
anteriores;_
4
0
Identificar os principais aspectos culturaisque
podem
servirde
integradoresou
desiñtegradoresdo
relacionamento entre as organizações.E
1.5 - Procedimentos Metodológicos
do Estudo
O
procedimento metodológico adotado paracondução
deste estudo foi a realizaçãode
um
embasamento
teóricoque
tevecom
objetivo identificar osmodelo
teórico-práticos capazesde
identificar os elementos culturaisda
organização. Posteriormente buscou-se identificar asempresas que
pertencessem auma mesma
cadeiade
abastecimento, afim
de
se “permitir aaplicação
do
modelo
de
avaliaçãoda
cultura organizacional desenvolvido.Finalmente buscou-se estabelecer conclusões
a
respeitoda
eficiênciaou
não
do
instrumento proposto, tentando identificaros
pontos fortes e fracosda
técnica utilizada.1.6 - Limitações
da
PesquisaDevido
àcomplexidade
do tema
e os possíveis desdobramentosque o
mesmo
pode
assumir,o
presente estudo apresentaalgumas
limitações:H
Este trabalho não se
propõem
a concluir se a cultura adotadaem
cada organização é amais adequada
paraa
consecução dos seus objetivosou
não, haja vistoque
a propostado
trabalho éo
desenvolvimento deum
instrumento de avaliaçãoda
cultura organizacional edos
fatores
que
podem
ser considerados integradoresou
desintegradoresda
cultura organizacional,porém
preservando-seo
formato originalda
cultura organizacional das empresas.Este trabalho
também
não
pretende analisar a influênciada
cultura organizacionalnos
assuntosdo
quotidiano empresarial,como
por exemplo, influência sobre amotivação
humana,
estilos de _liderança,modelos
gerenciais, entre outros.R 5
1.7 - Organização
do
EstudoQ
presente estudo_.,está estruturaem
seis capitulos asaber: .__ _1. Introdução
2.
O
papelda
cultura nas organizações3.
Modelos
para avaliaçãoda
cultura organizacional4.
Modelo
de
aplicação de análiseda
cultura organizacional _ 5. Resultados obtidoscom
a aplicação práticado
modelo
6. Conclusão 7.
Anexos
_8. Lista
de
Figuras BibliografiaO
primeiro capítulo estabelece a problematização, os objetivos gerais e especificos,bem
como,
a limitaçãoda
pesquisa. _. _'
O
segundo
capitulo tratado
entendimento dos diversos significadosde
culturabem
como
apresenta metodologias para seu estudo.Ainda
neste capítulo, é feitauma
revisãobibliográfica,
na
qual a cultura é abordada sob diversos aspectosda
áreado conhecimento
humano.
O
terceiro capítulo apresentauma
análisedos
principaismodelos de
avaliaçãoda
cultura organizacional,no
qual procura-se analisar as principais vantagens e desvantagensde
cadamodelo
analisado.O
quarto capítulo apresentao
Modelo
de
Avaliaçãoda
Cultural Organizacionaldesenvolvido, o qual foi é fi'uto
do
aperfeiçoamento dosmodelos
analisados. Neste capitulo ainda são tratadas as etapas de construção e aplicaçãodo
modelo
proposto.u
O
quinto capítulo apresenta os resultados obtidoscom
a aplicaçãodo modelo, no
qual procura-se fazeruma
análise crítica dos resultados,bem
como
uma
avaliaçãoda
efetividade
da
ferramenta desenvolvida, a partirda
perspectivada empresa
pesquisada.O
sexto capítulo apresenta as conclusões a respeitoda
pesquisa eda
aplicaçãodo
modelo
proposto, considerando-se' para tanto os .pontos fortes efiacos do
mesmo.
Neste
6
CAPÍTULO
22.1 Introdução
Para possibilitar o entendimento sobre cultura organizacional, neste capítulo serão
abordadas
asdefinições sobreo
significado de. cultura.Deve-se
entender quepor
ser esteum
assunto
amplo
eem
alguns aspectosde
visões contraditórias, a própria definiçãode
cultura jáé por si só,
uma
manifestação cultural.A
partirda definição de
cultura, faz-se necessário explicar o principalcomportamento
inerente a qualquer Vgrupo
cultural, _ o etriocentrismo 7aonde
a visão demundo
do
grupo étomada
como
única e verdadeira, sendoque
tudoque
exista fora deste contexto passa
a
ser considerada desprovidade
nexo.Porém
nenhuma
cultura
pode
ser analisada a partirde
um
conceitode
certoou
errado,na
verdade, esta análisedeve ser realizada a partir
do
entendimentode que
as verdadesda
vida sãomenos
uma
questão de essência das coisas emais
uma
questão de posição, assunto esteque
é tratado sobo
título derelativização. .z _- -Igualmente ao processo de transformação industrial,
o
qual gera subprodutos ao finaldo
seu ciclo, o processode formação
de culturasna
organizaçãotambém
gera- seus subprodutos, aqui tratadoscomo
subculturas. Estas são resultadodo
desenvolvimentode
práticas subculturais pelas pessoas,
como
forma de
acrescentarem sentido aoque
fazem.Posteriormente, serão analisado os níveis
em
que
as culturas são manifestadas, asaber: nível extemo,
aonde
são encontrados os artefatos e produtos visíveisda
cultura, nível intermediário, representado pelasnormas
e valores efinalmente o
centro representado pelaspremissas sobre a existência.
Na
seqüência a cultura será analisadacomo uma
distribuiçãonormal, aonde se explica
que
nem
todas as pessoasde
uma
culturatem
conjuntos idênticosde
artefatos, normas, valores e premissas, dentro de cada cultura esses itens variam muito, desta forma, a variação
da
nomia
pode
ser vistacomo
uma
distribuição normal.Ao
se analisar as diferenças culturais, serão explicadas as variaçõesde
significadoque
as organizaçõestem
para seus empregados.As
diferenças culturais são estudadas sob trêsaspectos: relacionamentos e regras,
aonde
serão analisadas características” culturais deuniversalismó, coletivismo, neutralidade, difusão e valorização
das
conquistas, aipassagemdo
tempo
e a relaçãocomo
o ambiente.Na
continuidade deste capítulo, ao se abordar as culturas empresariais, buscará se esclarecerque
a relação entreo
estilode
liderança eu a cultura-_ 7
organizacional,
fomece
descobertas sobre as razões pelas quais as organizações trabalhamda
maneira
que
trabalham.Na_seqüência
do
estudo das culturas empresariais, éestabelecidauma
relação entrevalores pessoais e valores corporativos,
o que pressupõem
três pontos de vista básicos: acultura real
ou
existente, a cultura idealou
desejada e a cultura pessoalou
individual.Continuando, busca-se explicar
a
influênciada
culturana
economia
baseadano
conhecimento
e a diferença destaem
relação eeconomia
baseadana
indústriaou
na
agricultura. Esta influência semostra
aindamaior quando
se consideraque
a transformaçãoda
economia
agricola para industrialnos
paísesavançados
eda Europa
Ocidental,América
do
Norte
e Japão tenha levado várias gerações, sendoque
amudança
da
economia
industriafparaa
economia do
conhecimento ocorreuem
apenasuma
geração.Ao
finaldo
capítulo enfoca-se a culturacomo
instrumentode
estratégia competitiva,sendo considerada como- a
mais eficaz
e durável barreira à imitação, citandoduas
razões: primeira,a
cultura encoraja aprodução de
resultados únicos e segunda, ela está cheiade
ambigüidade
causal, oque
atoma
dificilde
entendê-la, quanto mais reproduzi-la.2.2
O
significado de CulturaA
definição de
cultura já é por si sóuma
manifestação cultural daqueleque
a define.Entretanto para
fins
didáticos utilizaremos as seguintes definições: paraTROMPENAARS
[l994], cultura é o resultado
da
interação socialou
comunicação
significativa,que
pressupõem
formascomuns
de
processar informações entre as pessoasque
interagem.Ainda
segundo o
autor, a dependênciamútua
dos
atores deve-se ao fatode que
juntos, constituemum
sistema interligado de significados,uma
definição
comum
de urna situação paraum
grupo.
Já
segundo NELS__ON
[1996], cultura éuma
porção de valores deuma
organizaçãoque
são adotados por seusmembros,
sendoque
valores são definidoscomo
afirmações
geraissobre o
que
é desejável e indesejável. Cultura éum
mecanismo
de
controle organizacional,ou
um
mecanismo
para se manter as fionteiras.Para
MORGAN
[l996], cultura éo
processo de construçãoda
realidade°`que permite àspessoas ver e
compreender
eventos, ações, objetos, expressões e situações particulares de maneiras distintas. Esses padrõesde compreensão
também
oferecem
as basesque tornam
op _ 8
comportamento de alguém
sensível e significativo. ExplicaMINTZBERG
[2000],que a
cultura é"essencialmenteÍ:omposta de interpretaçõesde
mí
mundo
e das atividades e artefatosque refletem
asmesmas.
Além
de
cognitivas, essas- interpretações -são compartilhadas coletivamenteem
um
processo social. Explica o autorque não
existem culturas particulares,pois sua essência é coletiva. Desta
forma
associa-se cultura organizacionalcom
cogniçãocoletiva,
aonde
a cultura passa a ser amente
da
organização.MORGAN
[1996] esclarece aindaque
a organização éem
simesma
um
fenômeno
cultural
que
variade
acordocom
o
estágiode
desenvolvimentoda
sociedade, variandode
sociedade para sociedadeo que
permite explicar as variações culturaisem
organizações aparentemente semelhantes entretanto inseridasem
contextos sociais diferentes,por
estemotivo
acredita-seque
seja mais correto falar sobre a culturada
sociedade industrial aos invésde
se falar sobrea
sociedade industrial.TORQUATO
[1991]define
culturacomo
a
somatóriados
inputs técnicos,administrativos, políticos, estratégicos, táticos, misturados às cargas psicossociais que,
justapõem
fatoreshumanos
e individuais, relacionamentos grupais, interpessoais e informais.Já para
LARAIA
[l997], segundoa
teoria adaptativada
Antropologia, culturas sãosistemas
de
padrõesde comportamento
socialmente. transmitidosque servem
para adaptarcomunidades
humanas
aos seusembasamentos
biológicos. Essemodo
de
vida dascomunidades
inclui tecnologias emodos
de organização econômica, padrõesde
estabelecimento,de agrupamento
social e 'organização política, crenças e práticas religiosas.Segundo o
autor, amudança
cultural é primariamenteum
processo de adaptação equivalenteà
seleção natural (ohomem
éum
animal e,como
todos os animais,deve
manteruma
relação adaptativacom
o meio
circundante para sobreviver).A
tecnologia, aeconomia de
subsistênciae os elementos
da
organização social diretamente ligada àprodução
constituemo ambiente
aonde
usualmentecomeçam
asmudanças
adaptativas.Para
CASTRO
[l999], cultura éum
padrãode
premissas básicas compartilhadascom
as quais
o
grupo aprendeu ao resolver seusproblemas
de adaptação externa e integraçãointerna,
que
funcionou0
bastante para ser considerado válido e, portanto, para ser ensinadoaos
novos
membros
como
a maneira corretade
perceber, pensar e sentirem
relação àqueles problemas.Finalmente
SCHEIN
[l998],define
cultura organizacionalcomo
um
modelo
dos
pressupostos básicos,que determinadogrupo
tem
inventado, descobertoou
desenvolvidono
processode aprendizagem
para lidarcom
os problemasde
adaptação externa e integração_ 9
considerados válidos, são ensinados aos
demais
membros como
a nmneira correta para perceber os problemas, pensá-los e sentir-seem
relaçãö a eles.C
`2.3 Etnocentrismo
Segundo
ROCHA
[1994], etnocentrismo éuma
visãodo
mundo
onde o
nosso própriogrupo é
tomado
como
centro de tudo, sendoque
todos os outros_ são pensados e .sentidos através dos nosso valores,modelos
e definiçõesdo que
é existência.No
plano intelectual,pode
ser vistocomo
a dificuldade depensarmos
a diferença,no
plano afetivo,como
sentimentos
de
estranheza,medo
e hostilidade, destaforma
etnocentrismo é ofenômeno
aonde
semisturam
tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais eafetivos.
O
autor ainda colocaque o pano de
fundoda
questão etnocêntrica é a experiênciado
choque
cultural.De
um
lado,conhecemos
um
grupo do
“eu”,o
“nosso” grupo,que
come
_, igual, veste igual, gosta de coisas parecidas,
conhece problemas do
mesmo
tipo, distribui¬ poder
da
mesma
forma,ou
sejaemprega
à vida significados semelhantes.A
diferença surge _quando
nosdeparamos
com
o
outro,o
grupodo
diferente,que
faz coisasque não
'
reconhecemos
como
possíveis. Isto éameaçador
porque
fere nosso própria identidade"cultural.
O
grupodo
“eu” então, fazda
sua visão a única possível, a melhor, a natural,a
superior e
a
certaO
grupodo
“outro”fica
sendoo
engraçado,o
absurdo eo
anormal.ROCHA
[1994], ainda explicaque
este processo resultanum
considerável reforçoda
identidadeno
“nosso” grupo.No
choque de
culturas,cada
um
traduz nostemos
de suaprópria cultura
o
significado dos objetos cujos sentido original foi forjadona
culturado
“outro” nos termosda
culturado
“eu”.Em
grande parte das situações,o
etnocentrísmoimplica
uma
apreensãodo
“outro”que
se revestede
uma
forma
bastante violenta.Quando
falamos
do
“outro” e sua cultura, utilizamos apenasuma
representação,uma
imagem
distorcida
que
émanipulada
como
bem
entendemos,negando
a outra culturaum
mínimo
de
autonomiaque
a possibilite falar de simesma.
2.4 Relzzivizaçâo
Para
ROCHA
[l994], existem idéiasque contrapõem
o etnocentrismo euma
delas e a10
0
vemos
quedas verdadesda
vida sãomenos
uma
questãode
essência das coisas--emais
uma
¬
questãode
posição; ¬. -V-
~›~0 o significado de
um
ato é vistonão na
suadimensão
absoluta,mas
no
contextoem
que
acontece;0
compreendemos
o
“outro” nos seus próprios valores e não nos nossos.Enfim,
relativizar é ver as coisasdo
mundo como uma
relação entre elas,vendo que
averdade está mais
no
olhardo que
naquiloque
é olhado, não transformandoa
diferençaem
hierarquia,
em
superioresie inferioresou
em
bem
e mal,mas
vê-lana
suadimensão de
riquezapor ser diferença. Continua explicando
o
autor que, a nossa sociedade jávem, há
algunsséculos, construindo
uma
ciência sobre a diferença entre os sereshumanos,
chamada
de Antropologia, a qual nasceumarcada
pelo etnocentrísmo e possuio compromisso de
tentar superá-lo.O
movimento
da
Antropologia éno
sentido de vera
diferençacomo
forma
pela qual osseres
humanos deram
soluções diversas a limites existenciaiscomuns.
Assim,a
diferençanão
se equacionacom
a ameaça,ma
com
a alternativa. Ela não éuma
hostilidadedo
“outro”, masniuma
possibilidadeque o
“outro”pode
abrir para o “eu”.2.5 Subculturas
MORGAN
[l996], explicaque
nas organizações existemfieqüentemente
sistemas devalores diferentes
que
competem
entre si eque
criamum
mosaico de
realidades organizacionaisem
lugardeuma
cultura corporativa uniforme. Porexemplo
diferentes gruposprofissionais
podem
ter diferentes visõesdo
mundo
eda
naturezado
negócioda
organização.Os
profissionaisdo
departamentode
contabilidadepodem
concordarcom
um
tipode
filosofia
e as pessoasdo
departamento de marketingcom
outro.Os
engenheirosque desenvolvem
os produtospodem
ter diferentes perspectivas dosmembros
do
departamentode
produção.Segundo
o autor, as organizaçõesde
sucessoparecem
ter encontrado formasde quebrar
estasdivisões funcionais
de
tal maneiraque
diferentes- profissionaispossam
orientar as suas atividades s partirde
um
referencialcomum.
H
__
As
divisões subculturais dentro deuma
organizaçãopodem
ser forjadas seguindo diferentes linhas.Grupos
sociaisou
étnicospodem
darorigem
a diferentesnormas
e padrõesde
11
comportamento
com
um
impactono
funcionamentodo
dia-a-diada
empresa.Quando
um
grupo de
alto nível de status interagecom_outro de
baixo status,ou
quando
gruposcom
ocupações.- muito diferentes são colocados
em
relaçãode
dependência, as organizações-zfreqüentemente
acabam
presenciando achamada
guerra cultural. ExplicaMORGAN
[1996]que
divisões subculturaissempre
podem
surgirporque
osmembros
da
organizaçãotem
lealdades divididas.Nem
todos estãocompletamente comprometidos
com
a organizaçãoem
que
trabalham.As
pessoaspodem
desenvolver práticas subculturaiscomo
forma de
acrescentar sentido aoque
fazem, por exemplo, desenvolvendo normas. e valoresque
promovam
fins pessoaisem
lugardos
organizacionais. Explica aindao
autor,que
muitasmanobras
realizadas para atender interesses específicospodem
resultarno
desenvolvimentode
coalizões sustentadas por conjuntoswespecíficosde
valores, os quais são desenvolvidos sobforma de
contracultura,em
oposição a valores organizacionais compartilhados pelosque
estãoformalmente no
controle. Muitas organizações caracterizam-se pela existênciade
tais divisões dentroda
cúpulada
organização, oque
acaba gerandouma
disputa pelo controle e pelo desejode modelar
a culturada
organização. .2.6 Metodologias para
o
Estudoda
Cultura_ _-
, ~-7 ~ '
Segundo
THEVENET
[1990], os estudos sobre a cultura, quer totaisou
parciais,enquadram-se
em
dois tipos principais de metodologias.O
primeiro procedede
uma
abordagem
etnográficada
empresa. Investigadores e consultores utilizam-sedos
instrumentos emétodos da
etnologia paracompreender
a empresa, talcomo
os etnólogosobservam
eanalisam as tribos distantes.
O
segundo, baseado principalmentenos
trabalhosde
especialistasde
notório sabercomo
SCHEIN
[l998],que
deram
origem
achamada abordagem
clinica /terapêutica
ou
desenvolvimento organizacional,que
já a muitos anosadotaram
a perspectivada
cultura organizacional paracompreender
e apoiar a sua evolução.FLEURY
[1996] adota aindamais
duas abordagens metodológicas para io estudoda
culturadenominados
respectivamente pela autoracomo
abordagem
empiricista eabordagem
antropológica. »2.6.1
Abordagem
Etnográfica 6_ r
Explica
THEVENET
[1990],que
a etnografia desenvolveuuma
abordagem
_ 12
estudo
da
cultura das organizações situam-se querno domínio
dosmétodos de
investigaçãoquer no_ dos procedimentos
de
interpretação dos materiais_coletados.LÉVÍ-STRAUSS
[l975],complementa
dizendo,que a
abordagem
etnográfica /consistena
observação e análise de gruposhumanos
consideradosem
sua particularidade, visando à reconstrução, tão fiel quantopossível
da
vidade
cadaum
deles.Requer do
observadoruma
observação participante, longa e rigorosa,que o
impliquecompletamente na
situaçãoque
tenta compreender.Poderá
assim sentir a realidadeda
organização
como
aquelesque
nela _vivem.ORTIZ.
[1996]complementa
este raciocíniodizendo
que
como
o
observador éum
estrangeiro, se encontra forado
ambienteque
lhe interessa captar, eledeve
buscargaaproximação
deste ambientetomando-se
um
nativo,a
fim
de apreendê-lo
de
maneira convincente. ContinuaTHÉVENET
[l990], dizendoque o
investigador necessita tera
experiênciade
convivênciacom
outras culturas paracompreender
as especificidadesda
sua área.Deve
também
sercapaz de
descrever a culturade
talmaneira
que,
quem
vierde
fora, possacompreender o que
se passa, antecipandoo
funcionamentoda
sociedade observada e descrita.2.6.2
Abordagem
Clínica / Terapêuticaou
do Desenvolvimento
Organizacional A,_ .._. .
'
Ainda
segundo
TI-IEVENET
[l990], os sociólogos americanos, preocupadoscom
os problemasda mudança,
adaptação e evolução das organizações, interrogavam-se sobreo
sentido e as técnicas
que
podiam
propiciar essasmudanças.
Suas teoriaseram
apoiadas porexperiências convincentes
de
transformação das estruturas organizacionais, dosmodos
de
funcionamento edo
gerenciamento dos grandesgrupos
americanos.Uma
das primeiras obrasimportantes sobre cultura
de
empresa
foi escrita porEdgar
SCHEIN.
W
SCHEIN
[l998],propõem
um
método
para apurar as características principaisda
cultura organizacional
que
procura evitar doisproblemas
principais,a
subjetividade,aonde o
consultor
tem
a
tendênciade fomecer
explicações rápidas daquiloque
encontra nasorganizações,
mesmo
que
a suapermanência
nelasnão
lhe permita dar-se contade
todoo
prismada
situação, e das características culturaisda
organização,que normalmente
sãoinvisíveis para ela própria,
aonde o
consultor deverá convencer a organizaçãoda
singularidade daquiloque
a organização considera normal. Neste tipode
abordagem
ademanda
parteda
própria organização oque
estabeleceum
contrato psicológico entrepesquisado e pesquisador
o que
leva a organização a se abrir e colocarà
disposiçãodo
pesquisadordados
e informaçõesde
diversas naturezas dificihnente acessíveisa
qualquer13
outra pessoa.
Segundo
SCHEIN
[l998], os clientespedem
ajudaquando
estão fiustrados, anšiosos, arneaçadtš,quando o
enfõque lógico e racional nãofuncionam
inevitavelmente aperspectiva clinica_traz
à
tonao
lado irracional das organizações. ._a
Este processoiestá estruturado
em
dez
etapas a saber:1. Contato inicial
com
a organização e atenção concentrada nas surpresasO
consultor entrana empresa dando
grande atenção a tudo, pois,conhecendo
arealidade
de
outrasempresas
ele émais
sensível às diferenças, as quais muitas vezes~ ~ 0 r 0 .-
nao
sao vrsivers as pessoasde
dentroda
organizaçao.2.
Observação
sistemática e verificaçãoA
observação sistemática permite apurar e medir as surpresasdo
consultor,o
qualdeve
verificarque
os acontecimentos observadosnão
são excepcionaismas
correspondem a
fatos repetidos e reveladores.ä
3. Identificação de
um
membro
da
organizaçãomotivado
pela operaçãoLogo
que
for possível, o. consultordeve
associar-se a um.membro
da
organizaçãoque
zse mostre interessado pelo processo, de
modo
apoder
discutircom
ele' as suasobservações.
4. Revelação das surpresas e intuições
Esta revelação só ocorrerá
quando o
cliente estiver preparado.A
forma
deste retornode
informação é crucial.Deve
ser concreta e evitar abstraçõesque
facilmentepodem
ser interpretadas
como
juizode
valor.5. Exploração conjunta e procura
de
explicaçõesNesta
faseo
consultordeve
utilizar-se das características culturais previamente definidas e tentarácomparar
as explicaçõesa que chegou
com
osesquemas
pré-existentes.
A
finalidade é levar a organização a reagir. Procurarátambém
incitar os seus parceiros a contribuiremcom
informaçõescomplementares de
modo
a. esclarecer14
6. Formalização de hipóteses
O
consultor deverá passar das intuições às hipóteses, 'dando-lhesform;
sintática eprever as informações-complementares.daquilo
que não
zpassade
hipótese.*
7. Verificação sistemática e consolidação
Partindo das hipóteses
da
etapa anterior,o
consultorpode
agora sistematizaro
seupercurso, elaborando guias
de
entrevistas e questionáriosque
poderão ser aplicados àssituações pertinentes. ,
Neste
momento
o consultor sabenão
apenas .quais são asinformações pertinentes
mas
sabetambém
aonde
ir buscá-las.8.
Definição dos
traços culturais*_» _
Após
aconfirmação de
uma
hipótese,o
consultor deverá discernir qual éo
traçoda
culturaque
estáem
jogo
e, sobretudo, quais são os seus efeitos operacionais sobre oscomportamentos na
organização.N
9. .Redefinição pemianente . .
É.-o último nível
aonde
o consultorpode
refinar e modificaro
modelo de
culturaque
foi construído,
tomando
cuidado paraque
seja analítico, pois caso contrário, omodelo
poderá
não demonstrar as suposições pelas quais opera.10. Descrição formal
da
culturapor
escritoComo um
teste fmalda compreensão do
consultor sobre as suposiçõesde
Luna detemiinada cultura organizacional, é necessário escreve-las e mostrarcomo
serelacionam
em
um
padrão significante eque
explicam os paradigmasda
organização.É
o produto finalda
intervençãodo
consultorque
constituiráo
pontode
partida parafuturas atuações.
2.6.3
Abordagem
EmpiricistaExplica
FLEURY
[l996],que
estaabordagem pode
ser caracterizadacomo
a posturado
fotógrafoda
realidade social, oque
implica considerara
sociedadecomo
a somatória deindivíduos e' a cultura
como"
a somatória dê' opiniões e coíiportamentos individuais.Os
15
a partir
do
processamento dedados de
onde deveriam
surgir os conceitos, as hipóteses e asteorias, entendidas
como
hipóteses empiricaniente cornprovadaš. 4-2.6.4
Abordagem
AntropológicaExplica
FLEURY
[1996]que
o antropólogo organizacional aproxima-se -da realidadesocial a ser investigada
com
um
quadrode
referências teóricas formulado previamente. No.-processo
de
pesquisa,que o
levaa
mergulharna
vida organizacional, estemodelo
conceitual éconstantemente questionado e suas categorias reformuladas.
O
antropólogo organizacionalprocura agir ora
como
observador oracomo
observador participante, vivenciando asmais
diversas facetasda
organização pesquisada, sendoque
para isto ele precisa tero
consentimento
da
organização. Perguntando-se sobre qualo
significado de condutas, práticase formas simbólicas, o pesquisador
da
cultura organizacional penetrana
vidada
organização.2.7 Cultura e os Estágios
do Desenvolvimento
OrganizacionalMARQUES
[l994], apresentaum
modelo de
evolução das organizações constituídopor
nove
níveisde
progressão contínuaem
buscado
equilíbriocom
omeio
ambiente, a saber:Estágio Conceptual, Estágio Organizativo, Estágio Produtivo, Estágio Caçador, Estágio Administrativo, Estágio Normativo, Estágio Participativo, Estágio Adaptativo e Estágio Inovativo.
Segtmdo o
autor,uma
organizaçãoem
equilíbriocom
o meio
ambiente significao
acompanhamento
ponto a pontocom
as constantesmudanças
dos niveis de necessidadedos
seus clientes,conforme
mostradona figura
l._ Níveis V
Crescente: de
Exigências
E
II
Figura l - Estágios cumulativos do desenvolvimento
organizacional
Fonte:
MARQUES,
1994, p. 10.EI
II
_ 16
-
O
eixo das exigências,na figura
1, representa as expectativas crescentes por parte dos
clienteš
de
eficiência eiëficácianos
serviços e produtos, 'b-emcomo
pelodomínio
ambiental e tecnológico por pa1te_deuma
organização.O
equilíbrio organizacional será atingidona
medida
em
que
essas expectativassejam
satisfeitas. Issopressupõem
a conquista pelaorganização
de
estágios de desenvolvimento cada vezmais
elevados.O
autor aindachama
a
atenção para os seguintes aspectos:00s
estágios são cumulativos,ou
seja,quando
a organização atingeo
quinto estágio,todos
os
outrosque o precederam fazem
parteda massa
crítica eda dinâmica
organizacional.00s
estágiostem
seqüência obrigatória,nenhum
estágiopode
puladoartificialmente sob
o
pretextode
acelerarao
desenvolvimentoda
organização.OO
títulode
cada estágio representa tão-somente a ênfase maiorna
mentalidadegerencial
na
maneira pela qual as decisões são tomadas.-Na
medida
em
que
se sucedem, os estágios vão apresentando requisitos gerenciaisde
ordem
superior para atender à crescentedemanda
de
eficiência / eficáciade
produção
ede domínio
ambiental e tecnológico. ''
SCHEIN
[l998], explicaque
a cultura éformada
porum
processo deaprendizagem
grupalque
envolve doismecanismos
interativos caracterizados por punição e recompensa.O
mecanismo
de
punição objetivaum
modelo
de reduçãode
dor e ansiedade, e arecompensa
objetivauma
modelo de
reforçoou
recompensa
positiva.A
implicação desses conceitos éque
osmembros
da
organizaçãotendem
a congelaro
mecanismo
pelo qualconseguem
superar suas crisesde
sobrevivência. Pelo primeiromecanismo, quando surgem
crises, osmembros
da
organizaçãoprocuram
reduzi-laou
eliminá-la
da forma
como
foi aprendida anteriormente,O
principalproblema
dessemecanismo
éque
osmembros
do
grupoaprendem
aevitar situações penosas e
de
desconfortoque
caracterizam a adaptação às turbulências ambientais, eliminando a possibilidade de percepção das sinalizaçõesde
perigo.Conforme
SENGE
[l998], se osmodelos
mentais pelos quais as empresasaprendem
não forem
claramente examinados, limitam agama
de ações deuma
organização aoque
lhe éfamiliar e confortável.
Pelo
segundo mecarusmo,
osmembros
da
organizaçãotendem
a repetiro que
funciona eabandonar o que não
fimciona. Essemodelo
permiteuma
constante interaçãocom
o
meio
17
ambiente,
num
movimento
contínuode
respostas testadas eque
introduz maior rapidez deadàíatação às turbulêñcias ambientaiš W _'
`
_
MARQUES
[1994]complementa
seumodelo
dizendo que-.nos estágios iniciaisde
desenvolvimento, geralmente até
0
estágio caçador, a cultura reflete aambição
e a imaginação dos fundadores e primeiros colaboradores,0 que
permite fazercom
que a organizaçãopermaneça
unida. Nota-seum
alto graude
conservadorismo,na
media
em
que
os potenciais sucessores são julgadoscom
basena
tendênciade
preservar a culturaque demonstrou
servitoriosa. __ .__
Nos
estágios intermediários, principalmente os estágios administrativo e nomiativo,quando
igerahnente a organização lançanovos
produtos edá
continuidade"à sua politicaexpansionista iniciada
no
estágio caçador, a integração cultural é declinante eo
ambienteorganizacional é caracterizado pelo surgimento
de
várias subculturas.A
organização passa por crisesde
identidade, perdade
objetivos-chave, valores e pressuposto básicos.O
aspecto positivo destemomento
é a oportunidade para direcionar amudança
culturalrumo
aos estágiosmais avançados de
desenvolvimento.Nos
estágios mais avançadoso
autodiscernimento cultural é fator crítico.A
partirdos
estágio participativo, é visível
uma
cultura caracterizada por grande adaptabilidade,onde
osmembros
da
organizaçãoapoiam
ativamente os esforços unsdos
outros para identificar osproblemas e implementar soluções viáveis.
i Z
W
Há
um
sentimentode
confiançaem
que
todos acreditampoder
lidarcom
quaisquernovos
problemas e oportunidadesque
surjamem
seu caminho.O
autorcomplementa
dizendoque
a cultura é a maior barreira à ação gerencial parapromover o
desenvolvimentoda
organização.2.8
Os
níveisda
Cultura .Segundo
TROMPENAARS
[l994], a cultura é manifestadaem
três níveis diferentes, asaber:
0 Nível Externo: representado pelos artefatos e produtos
0 Nível Intermediário: representado pelas