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Regulação ética nas associações profissionais de cientistas: variações por disciplina

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(1)

GRUPOS

PROFISSIONAIS*

PROFISSIONALTSMO

E SOCIEDADE

DO COI{HECIIUEI\TO:

Tendências,

ProbleÍnas

e Perspectivas

( e d s . )

Edicões Afronfamenfo

(2)

o s e d i t o r e s a g r a d e c e m a c o l a b o r a ç ã o e o a p o i o p r e s t a d o p o r Andreia Ferrejra na elaboração d e s t e l i v r o

T í t u l o : Crupos profissionais, p r o f i s s i o n a l i s n t o

e s o c i e d a d e u o c o n n e c r m e n t o : tendências, problema.s e per-spectivas

Editores: Teresa Car",,aìho, Ruì Santiago, Telmo Caria O 201 1. Editores e Edições Afrontamento

Capa: Departamento gráfico de Edições Afrontamento

E d i ç ã o : Edições A f r o n t a m e n t o , L c l a . / R u a Costa Cabral. g59 /,i200_225 p o r t o \ r r . $ , . e d i c o e s a f r o n t a m e n t o . p t Ì g e r a l @ l e c i i c o e s a t i o n t a m e n t o . p t Colecção: 1èxtos/96

N." de edição: 1423 ISIìN: 97ll-972-3 6-1212,7 Depósito legal: 337409/Ì 1

Impressão e acabamento: Rainho & Neves Lda. ,/ Santa Xíarra cla Feira ge ral@t rai nhoen eves. pt

Distribuiçãor Contpanhia das Artes _ Livros e Distribuição. Lcla. comerciaÌ@rcompanhiadasartes.pt F e v t r e ì r o d e 2 0 i 2

FCT

:ll{ff t:,r'"Ì.r i:::t,i1,..:,1:tÌ:.'," so(.jIOl.o(;!i^\

IUÌ=dRm

c

E

(3)

Índice

Prefácio ì'

Introdução :, Capítulo 1: Sociological Analysis of the New Professionalism: Knowledge and

Expertise in Organizations, Julia Evetts ... 13 Capítulo 2: Mudanças na profissão académica: um estudo comparado, Rui Santiago e Teresa Carvalho 29 capítulo 3: Regulação ética nas associações profissionais de cientistas: variações

por disciplina, Raquel Rego, Ana Delicado e Luís Junqueira ... 43 Capítulo 4: Poder e conhecimento no trabalho profìssional baseado nas Ciências Humanas e Sociais no Terceiro Sector: dados preliminares do projecto SARTPRO,

T e l m o H . C a r i a . . . , . . . . 5 9 Capítulo 5: A recontextualização do conhecimento proÍissional no trabalho de

controladores de processos industriais no setor de petróleo e gás no Brasil:

s a b e r e s , i d e n t i d a d e s , a u t o n o m i a s , V e r a L . B . F a r t e s . . . , . . . . , . . . . . g l Capítulo 6: Os profissionais de gestão de recursos humanos: competências e espaços

de reconhecimento profissional, AntónÍo José Almeida 97 Capítulo 7: Medicinas alternativas e complementares e manobras de legitimação:

o caso da acupunctura e da homeopatia em Portugal, Joana Almeida ... 109 Capítulo 8: Uma abordagem sistémica do profissionalismo médico num sistema em

m u d a n ç a , T i a p i o C o r r e i a . . . . 1 3 1 Capítulo 9: Professionalism matters: unpacking the knowledge-poweÍ nexus

in healthcare governance, Ellen Kuhlmann ... ,...,.. 15Ì Conclusões: Profissões e profissionalismo - dilemas em aberto, Rui Santiago

(4)

Capítulo

3

REGULAçÃO

ÉUCE I\üAS

ASSOCIAçÕES

PROFISSIONATS

DH

CIENTISTAS:

VARIAÇÕBS

PON DISCIPTINA

Raquel RegoÌ, Ana Delicado2 e Luís Junqueirail

INTRODUçÃO

As associações

científicas

são um objecto

de estudo

geralmente

secundarizacÌo,

quer pela sociolosia

das profissões,

quer pela sociologia

d1 ciência,

quer aincia

peÌa

sociologia

das

associações.

No entanto,

a sua importância

parece

incontornável

num

contexto

onde

a ciência

se torna cada

vez mais central

para o progresso

e bem-estar

sociaÌ,

onde

as profissões

científicas

assumem

um peso

crescente

no mercado

Ìaboral

e na própria

economia

e onde

se multiplicam

as instâncias

nas quais

e neces.sária

uma

mediação

entre

o Estado

e os indivíduos

(da representação

de interesses

a participação

na tomada

de decisão,

da acção

colectiva

à reivindicação

de direitos).

No quadro

de um, projecto

de investigação

em curso deciicacjo

à identificação

e

compreensão

do papel

das

associações

científicas

portuguesasa,

este

artiEio

visa

apre-sentar

alguns

dados

preliminares

sobre

o paper

de regulaçao

ética

desempenhado

por

estas

organizações.

Ainda

que com escassos

dados,

ensaiamos

um esforço

comparativo

(1) Investigadora Auxiliar, SOCIUS_ISEC, raquelrego@)iseg.utl,pt (2) lnvestigadora Auxiliar, lnstituto de ciências Sociais da universidacle

de Lisboa, ana.deli-cado@ics.ul.pt

(3) Bolseiro de Investigação, ICS-UL, Iuis,junqueira@ics.ul.pt (4) Trata-se do projecto socscl - sociedades cientÍficas

ni ciência contemporânea, financjaclo peìa Fundação para a ciêncìa e a Tecnologia (PTDC/cs-ECs

/1015921200g),em curso no Instituto de ciências Sociais da universidade de Lisboa, em colaboração com o clES-luL e o socÌuS-lsEG. O objec-tivo principal do projecto é conhecer e compreender o pup.t que as associações cìentíficas clesempe-nham na ciência contemporânea em Portugal. pr.i.na. ,. simurtaneamente

traçar um panorama da.s sociedades científicas no nossopaís e estuclai o comportamento associativo e respectrvas representações dos cientistas portugueses, de forma u.o.pr..nJ.ïo'irgu,

au, suas assocìações em diferentes esferas: na sociedade portuguesa, no sistema cle ciência e tecnologia português,

.. air.ipiino, científicas espe-cíficas' nas suas carreiras profissionais . nu propriu inu.ìtigação

ciàntíica. i{ais informações sobre este p r o j e c t o p o d e m s e r o b t i d a s n o s e u s í t i o n a Ì n t e r n e t :

(5)

el-ìtre associações crentííicas do domínio clas ciências sociais e das ciências naturals partindo do princípio d; ;; há diferenças entre estes domínios, resultantes

das suas r e l a ç õ e s c l í s p a r e s c o m o i n t e r e s s e p u D l l c o '

E s t e l e x t o é c o m p o s t o p o r c l o i s m o m e n t o s p r i n c i p a i s , a s a b e r : u m a b r e v e d i s c u s s ã o t e ó r i c a s o b r e o p a p e l c Ì e r e g t r l a ç a o é t i c a d a s a s s o c i a ç õ e s c i e n t í f i c a s ; s e g u i d a d a a p r e -setrtaçittl clo primeiro ,...n,.u-.nto de associações científicas portu$uesas

e da aná. lise preliminar dos seus códigos de ética'

A FUNçÃO Értcn DAS ASSOCIAçÕES CIENTÍFICAS

A l i t e r a t u r a s o b r e a s s o c i a ç õ e s c i e n t í f i c a s p a r e c e e n f a t i z a r a s u a d i m . n s i c , p r o f i s s i o -nal, o que poderá estar relaciãnado com alguma ambiguidade t::l'::11t'

am contextos

a r - r g l o - s a r ó n i c o s , e n t r e o q u e é u m a a s s o c i : r ç à o c i e n t í f i c a e u m a a s s o c i i c a . - p r . . l f i s s i o n a l . R. Barke conceptualiza ui orso.iuçOes cien[íficas predominantement'

c':ll'-' grupos de interesses profissionats. De acordo com este autor: '+ls -:'d',t/ï-1'::jt't.:tt-,'-o:.:"::: e frtrtnant, orgdnÌzam conferêncÌas e pr\duzem publicações c?/rill

ir ru-i i:lLlri os cten-tistus erercem um controlo de qualìclade (a'opinião cientílictt aclti'tl i;

';ir:ciÌo super-t,,ísora c]e Polllani) e protegem e expandem oS recursos clíspatlú,cis

uì.].ì .i<]:..i rrtembros. Poclem estabelecer secles permanentes para os interesses cle metr;br,'s 'j';';c;niralízados e e n c o t l t r a r e s t r a t e g t a s p a r a p r o m o u e r o s i n t e r e s s e s d o s m e m b r o s ' , 8 : r l ' t ] r r i . r ] . J ] ] ) .

E . S c h o f e r , p o r o u t r o l a d o , i d e n t i f i c a c l o i s t i p o s d e . a s s o c i a ç õ e : : : : i i ' t t . n t e r n a c i o -nais): as cle índole protìssional, que se centra m ul) nos ínteresses pt.oiìssíor:.ls

Je Lutu areo cientíÍica específìca; 2) padrões e nomenclatura científìca

("'): 3) prr'''tiiil;r 'l; conheci-mento cientílico' e que são constituíclas primordialmente

por' 'czallòias qLt t'retatdem trabalhar em benefício da sua inuestigação ou da sua profissão' r2l']rìJ'

r3 ' c 'l-\ sssocia-ções orientaclas para u ,ofi.dud., não exclusivamente

formaclas por cientis''':^'' e que se des-tinam a <apoiaf o ,iàriì an for-u u rasponder a problemas

soclais' tois corrto o desan-t,cit,imentct económtco, a degradaçao ambietttat, guerra, armas nycleala5

g l/i6d"' sendo as suiìs activiclacles principais ull proporctonar i':fo'mação

cientííìca aos cidttdãos e deci-sores polítìcos (...); 2) promoter a ciência ou a política cia'úífìca

que melhore dit'ectamente rls prtúlemus.soczczls' L,) 3) promouer a ética na aplicação da cíen.cia,^(Schof.er

2003: 85). Nci mesmo ,."t'a", J-" áu' quutto' runfott out Sthitunk

(1988)'r^o :::,:t"t* sobre associações científicas no sistema cieniífico alemão,1ljÏ

a estas organrzaçoes é a f r . r n ç ã o p r o f i s s i o n a l . E s t a c o n s i s t e n o a c o n s e l h a m e n t o e a p o i o a e s t u d a n t e s , c u r s o s c l e i o r m a ç ã o p r o f i s s i o n a l , r e p r e s e n t a ç ã o c ] o s i n t e r e s s e s j u n t o d a c o m u n i d a d e c i e n t í f i c a c J a s o c i e J a d c . , , r ^ . . - ^

P o r f i m , R i l l i n g ( 1 9 8 6 ) c o n c e n t r a n d o - s e n o e s t u d o d e u m a ú n i c a a s s o c t a ç a o , a Sociecìacle Àlerrã de Química' identificou-Ìhe uma forte natureza dual' na medida em

que: poÌ'um lado, promo\re a disciplina titniifitu' fomentando

a reprodução de conhe-cimento científico (comunicação entre oo"''oultitação

(6)

estabe-lecenú'--' l :':i-i i:-:Ì.. ;ìlì,indo académico e as diferentes

esf'eras sociais (inclús.lri; Estadc' : :' l- . -":l' :<rtl :ictivit.lacle cle cariz profissionaÌ. fr-rncionaìrclo

conìo <agi.)pcj d e e m p l - c . : : i - j q u l n l ì c o s , e s t a b e l e c e n d o r e q u i s i t o s r l e c o m p e t ô n c i a s p r t i t i s s i o r r a i s regra-s Jr .úÌ.-t;r.rção de outras profissões.

Por c'''::-reiuinte, ainda que nem todo.s os aur-ores o refirarn, unr cior; papéis

ri;rs .soci* dades cie:tÍlìcas parece estar associaclo à promoção de unt .cÌima ético, (l.,rankel, :]0(X Iutcolich et a\..2003ì. Este papel assume uma crimensão interna quando as a.ssociar;õr cientÍfica-c promovem a regulação de condutas de investigação

responsár,eÌ, por exeurpÌ atrar'és da criação de um código de ética: e pode assumir uma cìimensão

externa. Cesig nadamente quando as sociedades científicas são consultacla.s

em matérias cìe risco ou sã chamadas a conceber material clicláctico para o público enì geral.

Porém, há pouca informação sobre este papel ético (Levine e lutco'rcl.i, 2003) e maioria dos estudos que lhe fazem reíerência tem abordado apenas as ciências r-ratr-r rais e adopta frequentemente uma postura normatirra. A bibliogratia rlisponír,e saÌienta que' apesar da existência de mecanismos de rrigilância ética. nã9 existen métodos de avaliação rigorosos para determinar a sua eficácia (lr.,erson et a:.,20()l)).

A preocupação com a ética é frequentemente analisac.la com base

na existência cie r-rn código de ética. Como Mark S. Frankel diz: nLim código incorporo a consctêttcio utlec tiua de um profissional e o seu testemunho oo reconhecimento pe lo grupo cla sttu clínerz sao moral> (1989: 110). Com eíeito, a existência cle um código de ética sLrrge murtas yezer como um indicador objectivo e de fácil acesso para avaliação cÌa preocupação ética.

Segundo alguns autores, o código de ética surgiu com a nece.ssiclacje de proilo'er o reconhecimento de status e com o intuito de proteger o monopóìio profi.ssior-ral mais do que o interesse público (Didier, 1999). Para outros, o cóciigo resulta cla terrsàt. entre o exercício de autonomia dos profissionais e a necessidade cle vigilânci;r públic:r das profissões (Frankel, 1989).

Em qualquer caso, os códigos servem múltiplos interesses: eÌe.s são uma referên-cia para os profissionais e para as pessoas de fora do campo profissional

sobre as nor-mas que o devem reSer. Com efeito, os profissionais são confrontaclo.s cem srtuaçÕes

e fenómenos que precisam de ser regr-rlaclos e, ao ,'ìesmo tempo. as expectatir.a.s d, público sobre o comportanrento do grupo profissional e a sua capacicìac1e

para exigir melhores sen'iços não param de crescer.

O c ó d i g o d e é t i c a t e m . e m s u r n a , m ú Ì t i p Ì a s f u n ç õ e . s . l ì r a n k e l ( 1 9 g g ) c l e s t a c a o i t o : 1 ) Ajuda a realizar escolhas ntais inforntadas:

2) E tonte de avaliação púbÌica, ou seja, serve como mecanismo de prestacào cle c o n t a s :

3l Prorllove a socialização profissional ao reforçar a iclenticlade profissional ;rtrar,és d e o h ì c c t i t o s c o m u n s ;

4 j PÌ',.i1i,r,.. a reputação da profissão;

(7)

6) Presen'ra

comportamentos

na medida

em que pode

ser usado

para

pôr em causa

ideias

heterodoxas;

7) Previne

determinados

comportamentos

antiéticos

através

da estipulação

de

san-ções

e da promoção

da responsabilidade

individual

e da integridade

do grupo;

8) Constitui

um sistema

de apoio,

arbitrando

disputas

entre

membros.

A questão

ética é assim

um <elo entre socíedade

e profíssão>,

(Frankel,

1989).

As

vezes

os interesses

sobrepõem-se,

outras vezes

divergem.

Os códigos

reflectem

mudanças

de valores

e, neste

sentido,

incluem

por exemplo

referência

à Declaração

Universal

dos Direitos

Humanos

(UNESCO,

1999)

ou, mais recentemente

às questões

ambientais,

peÌo

menos

desde

a década

de 1970

(Didiea

1999).

Os códigos

estão

sem-pre em evolução

e isso

pode

ser

verificado

através

das

suas

revisões

mais

ou menos

fre-quentes.

Como

Backof

Jr. e Martin (1991)

mostram

para

a profissão

médica,

jurídica

e

contabilista,

os códigos

de ética

são constrangidos

por forças

exógenas,

como a

eco-nomia

e a política,

e por forças

endógenas,

como

as mudanças

na prática

profissional.

Dentro do campo

científico,

as mudanças

recentes,

designadamente

as equipas

rnultidisciplinares,

parecem

conduzir-nos

a uma maior preocupação

com a ética.

Os

resultados

dos estudos

em ciências

sociais,

por exemplo,

nem sempre

são dados

a

conhecer

às pessoas

objecto

de análise,

suscitando

surpresas

aquando

da sua

divulga-ção pública,

o que levanta

questões

éticas,

lvlas

nem todas

as questões

têm soluções

adequadas

em códigos

de ética

e por vezes

o espírito

da lei deve

prevalecer.

De resto, os códigos

podem

assumir

características

diversas.

De acordo

com Frankel

(1989),

existem

essencialmente

três

tipos

de códigos

de

ética,

mesmo

se na prática

os códigos

são

uma combinação

dos diferentes

tipos:

a) O aspiracional

- trata-se

de uma declaração

de princípios

- como os Princípios

Eticos

da Administração

Públicas;

b) O educativo

- neste

tipo nota-se

um esforço

para

demonstrar

como

o código

pode

ser

útil na prática

- será

o caso

do código

da fusociação

Portugiuesa

de Sociologia6:

c) O regulador

- sempre

que perante

regras

se preveja

um sistema

de controlo

e

sanções

respectivas

- o que se verifica

muitas

vezes

nos códigos

das

associações

profissionais

de direito

público,

isto é, auto-reguladas,

ou na associação

norte-- a m e r i c a n a

h o m ó l o É a

à A P S ; .

A ABORDAGEM

NORMATIVA

DOIUINANTE

Apesar

da existência

de mecanismos

de vigilância,

e o código

de ética

é

provavel-mente

o método

mais explícito,

há falta de avaliação

da sua eficácia.

Com efeito,

os

códigos

de ética

são

importantes

indicadores

de uma preocupação

ética,

mas

não são

suficientes

para

garantir

uma prática

efectiva.

(8)

Relativamente

à eficácia

do código

de ética,

podemos

dizer

que exrstem

crois

probre-mas

principais'

Por um lado,

nem todos

os códigos

auxiliam

a iomacla

cle

clecisã,,

uma

vez que não fornecem

e1e1nnìos

de situações

concretas.

como vimos,

existem

três ripos

de códigos

de ética

(Franker,

rggg),

o tipi orirrorionar send,.seguramente

o menos

corjr-sequente.

Por outro lado,

os códigos

criam expectativas

mas não podem

por si só melho_

rar o comportamento

profissionar

(Dean,

1gg2).

com efeito,

para

ter.m impacto,

antes

de mais, os responsáveis

devem

t.. int.nfao de mudar o status quo (Higgs_KÌein

e

Kapelianis,

1999),

considerando

a ne.esrrdaá.

de afectar

pessoal

à manutençao

cìo

código

visível

e relevante,

designadament.

uo promàver

a divulgação

das

decisÕes

tomadas

peras

comissões

de ética,

ou ao fomentar

o áebate

entre

profissionais

(Franker,

lggg).

Neste

sentido,

há que investir

também

na formação

específica

dos proíissionais,

que

precisam

de aprender

a pensar

de forma

ética,

como

peter

J. Dean

(Ìgg2)

sustenta.

um programa

de reabilitação

deveria

assim

ser desenvolvido.udu

u., que há um

pro-cesso

de sanção.

para

arém

do mais,

o apoio

prático

deve

ser fornecicro

aos profissio_

nais que se sentem

pressionados

a viorar

o código

nas suas

organizaçoes.

vários estudos

têm mostrado

que arguns

profissionais

podem

não estar

familiariza_

dos

com os códigos

de ética

u qr. z ,uoÃto uã.rirem,

o que pocre

..ru,,o, em violações

do código

devido

à ígnorância

dos profissionais

(Beets

e Kiilougrr,

1990).

No finar dos

anos

1990,

um estudo

súre as percepções

éticas

de três grupos

profissionais

mostrou

que' apesar

de o código

de ética

ser considerado

necessário,

os profissionais

acreclitam

que os seus pares

o transgridem

com relativa

frequência

luijgs Kern e Kaperianis,

1999)'

Tendo

presente

que existem

sanções

importantes

e argumas

vezes

sobreposiçãcr

de códigos

(um da organização

profissionar,

outra da associação

profissionar),

estes

resultados

levam

os autores

a sustentar

que os profissionais

p.r..b.- uma baixa

pro-babilidade

de detecção

quando

o código

é viorado

(Higgs-Krein

e Kaperranis,

1999).

Segundo

Bayres,

existem

três métodos

para estimular

o comportamento

éticcr

(Bayles

em Beets

e Killough,

1990):

A) o ,ìri.ru judicial,

B) a existência

rre um

si.s-tema de aplicação

com base

em denúncias,

e c) um organismo

públrco

ou da socie_

dade

civil.

As associações

científicas

poderão

caber

neste

úttimo metàao,

mas,

surgem

como

o método

possivelmente

mais

fraco.

com efeito,

se considerarmos,

como

Ander_

son e shultz (2003)

sustentam,

a relação

dos

membros

com u urro.iufro,

não crevemos

esquecer

que estas

associações

têm uma naturezavoluntária

peto

quà a capacidacle

cle

influenciar

o comportamento

dos membros

fica limitada pela possibiliclade

clestes

abandonarem

a associação

de livre vontades.

(5) In Internet ( a c e d i d o a 1 7 . 0 1 . 2 0 1 1 ) ,

lil il iï::ï:;

(acedido

a 17

o1

2oir)

(B)Ìmportanro

iï1ïi:Lt,"'tïïttJo",

u',,.,-:?ïiff:ï."*:::ï:r:i:ïtlJi

o.""19rici;;

il. se

rerere

aos

princípios

orienradores

do

acto

p r o f i S S i o n a l , embora de amt )as possam resuÌtar - - ' " Ò r v s ' euw rv rsrçrç 4u) I J I ì l ì c Ì p l o s O r l e n t A d o r e s d O aCtO

(9)

Além disso,

uma associação

científica

não é necessariamente

a primeira

entidade

a que

os profissionais

recorrem

para obter orientação

ética.

Outras

instâncias

como entidades

empregadoras

(universidades,

centros

de investigaçã0,

hospitais,

empresas),

financiadoras

ou consultivas

(conselhos,

comissões

nomeadas

pelos

governos)

podem

ter as suas

pró-prias

normas

éticas.

E recorde-se

que aderir

a uma associação

científica

pode

resultar

sim-plesmente

da possibilidade

de beneficiar

de uma redução

da inscrição

numa conferência'

Por outro lado,

alguns

profissionais

vêem

as associações

como sendo

uma entidade

que

fornece

apoio

e por isso

resistem

ao eventual

controlo

do seu comportamento,

sendo

que

os líderes

também

têm dificuldade

em desenvolver

esse

controlo

sobre

os seus

pares'

D e s t e

m o d o

s u s t e n t a m o s

q u e .

n o n o s s o

p a í s ,

a p e n a s

a s a s s o c i a ç o e s

c o m p o d e r

d e

auto-regulação,

como sucede

com as associações

profissionais

de direito público,

vulgo Ordens

profissionais

(que

têm na Ordem

dos médicos

ou dos advogados

geral-mente

o seu

protótipo),

munidas

de uma comissão

de ética

e de sanções

que impedem

até a prática

profissional,

podem

ter algum impacto

na sua acção

de vigilância

ética'

No que diz respeito

à função

étìca

das

associações

científicas

encontramos

na

lite-ratura

sobretudo

uma abordagem

normativa.

Anderson

e Shultz

(2003),

por exempÌo'

t l e s t a c a m

c i n c o

e s l r a t e g i a s

q u e p o d e m

s e r a d o p t a c l a s

p o r estas

o r B a n i z a ç Ò e s '

a s a b e r :

entatizar

as boas

práticas

éticas

em vez de focalizar

sobre

as sanções;

criar fóruns

para

a apresentação

e o esclarecimento

clas

normas

éticas;

compartilhar

informações

sobre

as mudanças

e a evolução

nesta

matéria;

fornecer

meios pelos

quais os membros

podem

interpretar

as implicações

dos

novos

desenvolvimentos;

promover

o

intercâm-bio aberto

de ideias

sobre

os dilemas

éticos,

como

através

de um fórum online'

No mesmo

sentido,

outros

autores

defendem

que as associações

científicas

devem

empreender

esforços

para

manter

os seus

membros

informados

sobre

as práticas

de

auto-ria e publicação

em investigação

ética (Jones,

2003).

Se tivermos

em cont;1

que as

asso-ciações

científicas

têm publicações,

será

também

uma ocasião

para precisar

as normas

que estão

a seguir

e coordenar

aS

suas

acções

com outras

organizações

(Jones,

2003)'

Para

além de adoptarem

uma abordagem

normativa.

os estudos

sobre

as questòes

éticas

são

geralmente

provenientes

do campo

clas

ciências

natuÏais.

com efeito,

o

pri-meiro código

ético foi desenvolvido

pela

profissão

médica

em meados

do século

XIX,

sendo

que a profissão

juríclica,

pioneira

no campo

das

ciências

sociais

e afins,

adop-tou um código

de ética

no início do século

XX (Backof

e }lartin Jr., 1991).

Como

em

outras

questões,

as ciências

naturais

parecem

sen'ir como

modelo.

Às ciências

sociais

não tratam

da mesma

forma

o interesse

público

desde

logo

por-que não lidam directamente

com a vida das

pessoas.

A responsabilidade

ética

nas

ciên-cias

sociais

parece

ser,

por conseguinte,

considerada

menos

importante.

Mas

as

ciên-cias sociais

fornecem

conceitos,

estatísticas,

técnicas

de avaliação,

desempenhando

também

um papel

social.

Neste

sentido,

embora

a investigação

ética nào apresente

muitos desenvolvimentos

no campo

das ciências

sociais,

podemos

encontrar

já uma

história

com cerca

de B0 anos.

No final dos

anos

1990,

Elvi Whitakker

(1999)

defendia

que a questão

ética

nas ciências

sociais

havia

atravessado

quatro

fases:

(10)

a) A incubação - este período con-ìeça em 1930 com a pubiicação

rio primeiro ii'r. sobre o papel das ciências sociais na sociedade e iambém com a craÇa.. d. [r,"i meiro código de ética pela Associação Americana cle p.sicologio,

b) A consolidação - no íinal de 1g70 um maior número de publrcações

e ecrit;:rac ao mesmo tempo que muitos códigos foram criados ou alteraclos: r:or-no \t'hli taker diz: ,Á mensagem foi uma adesão autodesetutoluícla ao autotlomí,i,, ( 1 9 9 9 : 2 1 5 ) ;

c) A diversificação - até ao final da clécada de 19g0, algumas exigências ética: foram promovidas e diversas publicações surgiram sobre o tema da ética le'anclr a um período de diversificação;

d) A incerteza epistemológica - o último estásio a que o au[or se r.etere reporta_:,e aos diferentes grupos que parecem promover uma ética alternatirra"

muit;is vezes radical.

Podemos assim dizer que alguma discussão tem sido gerada

em torno de questÕes é t i c a s n a s c i ê n c i a s s o c i a i s , c o m o a p r i v a c i d a d e . a a u t o n o m l a , o c o n s e n t r m e n t o i n f o r -mado, mas a literatura é escassa (quer para as ciências sociais, quer para as naturais), sobretudo ao nível dos estudos emníricos.

OS CÓDIGoS

DE ÉTIcA DAS

ASSocIAçoES

CIENTíFICAS

PORTLTcUEsAS

0 trabalho de recolha feito sobre associações cientííicas portugiuesas revela urna pìuralidade de or$anizações e a dificulclade em clelimitar

arrociuçoÀ científicas e pro-fissionais' Com efeito, esta recolha pressupõe considerar

as associações voÌuntárias ( c o m o as associações d e e s p e c i a r i d a d e o u s u b d i s c i p l i n a r e s ) , t a r c o m o a s a s s o c r a ç õ e s públicas profissionais (vulgo ordens profissionais), pertencentes

ao <srstema cle auto--regulação independente>

que compõe o padrão dominante na Europa do suÌ (r{ora' e wood, 1993). Em ambos os casos, para além cla representação ilos prol.issionais, podemos encontrar acções de promoção da ciência.

Pode-se ainda distinguir uma partiçào entre associações ile índole profissior.ral e outras de índole social, as quais apresentam, por sua vez. c.livisões internas. Deste modo, do lado das associações profissionais, distinguem-se as associações cliscipÌina-res (or$anizadas em torno de uma clisciplina científica,

ou subdisciplina ou mesm,:) área temática interdisciplinar) das associações não clisciplinares (centraclas cla detesa dos interesses dos cientistas ou investiÉiatiores, de natureza eminentemente

sinclicai ou proto-sindical). Pela parte das associações orientadas para a sociedacle,

as organi-zações dividem-se entre as dirigidas funclamentalmente para a divulgação

científica r: um grupo residual eclético, que contém associações com várias finalidades (coopera-ção para o desenvolvimento, defesa dos interesses das mulheres cientistas, etc.)"

(11)

que. não podendo ser definidas estritamente como associações científicas, têm alguma forma de participação no campo cientííico, no sentido em que desenvolvem activida-des de índole cientííica e contam com cientistas entre os seus membros. E este o caso de vírrias associações ambientais e de saúde mas também de profissionais técnico-cien-tíficos. Estas riltimas têm por vezes fronteiras pouco nítidas com as associações disci-p l i n a r e s . f r e q u e n t e m e n t e p a r t i l h a n d o m e m b r o s e a c t i v i d a d e s . E s t a t u t a r r a m e n t e . u m a d i s t i n ç ã o p o s s í v e l é a c e n t r a l i d a d e d a d e f e s a d o s in t e r e s s e s d o s p i - o f i s s i o n a i s d a d i s c i -p l i n a c o n f e r i d a p o r u m a s e p o r o u t r a s d a p r o m o ç ã o d a p r ó p r i a d i s c i p Ì i n a .

\reja-se, por exemplo, a finalidade da Sociedade PortuSuesa de Bìoquímica. como definida nos seus Estatutos, <<promouer, cultiuar e desenrober ern Pc,,rlugcl ; iru'estiga-çao e o ensíno da Bioquímica e cíências afíns e facilitar o cortL'tltío e !rr..,ci) d.e tdeías entre os .çeu.s sócrosr, e da Ordem dos Biólogos: <<ossegurer a detesd e praÌnoÇ'1.t dt proíÌssõo rle biólogo, a melhoria e progresso da Biologia nos dctmínìos cietiit:ìcr,.,. ti'1:s-ogiçç, 7sç-nÌco e proÍïssional, a soluaguarda dos princípios deontológicos quê:.'tr'.-;,'--rÌì a profìs-sao de biólogo e deproteger os interessesprofissíonais do.s-çeus ir:Jrrf.ri-i : os ínteres-ses públicos relacionados com a prestação profissional dos bióiqy.r'-;". P-,t'<m. apenas urna análise dos dados obtidos através do inqu'érito em curso no-q nermitirá caracterizar de forma rigorosa estas diferenças e os limites do universo das associações clentíficas.

Apesar da heterogeneidade do nosso objecto, a partir do recenseamento já efec-tuadoe das associações portuguesas de ír-rdole científica, é possír'el começar a entender o lu{ar das associações disciplinares e profissionais neste univei-so. assim como algu-mas r,ariações por área científica.

A.ssim, das 316 associações estritamente científicas identificadas. predominam as disciplinares (2351, e entre as que mantêm alguma forma de relacionamento com o campo científico (106) são dominantes as associaçòes de profissionais técnicos e cien-tíficos (68). No que respeita à distribuição por área científica. tanto nas associaçòes dis-ciplinares como nas associações de profissionais técnicos e científicos, são predomi-nantes as ciências médicas e da saúde. o que se deve devido à tendência de fragmenta-ção tanto por especialidades médicas como por diferentes escolas de psicoterapia,

No que respeita à funçào ética das associações científicas portuguesas, dados pro-lisórios do inquérito lançado às associações recenseadas revelam que 270/o afirmam (9) o recenseamento cìas associações científicas,l.ou ou.tiao o. ,;;";j;;,o de bases e tistas d. asscrciações disponíveis online,a saber: a base de dados de associações profissionais construída no âmbito do projecto "Profissões em Portugal" clo CIES-ISCTE (Associações de Educação, Ciência e Inr,estigação); a lista de associações financiadas pelo Fundo de Apoio à Comunidade Científica da Fun-drçao para a Ciência e a TecnoloEiia; a lista de associações participantes nos projectos da Agência Ciência \jiva: a base de Associação do Geopor (Comunidade Online de Ciências da Terra); as associa-ções presentes no Roteiro de Ciência e Tecnoiofia; a lista de Sociedades Afiliadas da Sociedade de CiêncÌas Ì\1édicas de l,isboa; a iista de associações do portaÌ

"psicologia.com.pt"; e a base de t\ssociações Científicas do Portal "Llniversia". Além disso, estas listas foram completadas com uma pesquisa em motor de busca na Internet (Google).

(12)

ter código de ética. mas apenas metade destas possuem conselho ou contissão de étlcii para o aplicai. O código de ética não é de todo exclusivo das associações dìsciplìnare:; ou profissionais, r'árias associações de divulgação científica tanbém o têm.

Por fim, forant recolhidos onlìne os códigos de ética de 15 assocjaçòes, os quai', foram sujeitos a uma análise de conteúdo (Tabela 1) Ì0. Os atributos que relevarnos n.'. nossa análise são:

. A origem do código (a própria associação ou organizações internacionais), n;r medida em que pretendemos analisar como as associações científicas são condi-cionadas por associações internacionais, nomeadamente em questões de ética; . A existência de uma comissão de ética (ou de outro órgão específico com esta

competência), ou seja, um segundo indicador objectivo para analisar a preocLl-p a ç ã o é t i c a , n a m e d i d a e m q u e e v i d e n c i a r e c u r s o s a f e c t o s a e s t a f u n ç ã o d a a s s o -ciação e por conseguinte oportunidade de os códigos terem um impacto efectivo nos profissionais;

. A existência de sanções, sendo que estas estão relacionadas directamente com a existência de uma comissão que as aplique; este indicador poderá ajudar-nos também a recolher dados objectivos comparáveis no futuro sobre o desempenho ético, designadamente o número de processos por ano e respectivas sançÒes; . A inserção na tipologia de Frankel (1989): códigos de tipo aspiracional,

educa-tivo, ou regulador, para classificar os códigos de ética recolhidos procurando assim contribuir para a identificação de padrões.

Temos ainda algumas categorias analíticas que resultam da análise do conteúdo dos códigos de ética. Neste sentido, salientamos três aspectos: a relação com o objecto; a relação com os pares; a relação com os clientes/financiadores.

A relação com o objecto diz respeito à responsabilidade dos investiSadores/profis-sionais pela salvaguarda do seu objecto de estudo, seja este constituído por seres humanos (no caso das ciências sociais ou das ciências da saúde) ou por elententos do mundo natural (no caso das ciências naturais). A título de exemplo, apresentamos um excerto do Código Deontológico da Sociedade Portu$uesa de Espeleologia: ,,,'ls grutas são um dos últimos testemunhos ínalterados da Natureza, constituindo uerdadeirtts resen)os noturois. Por ísso, os espeleólogos deuem asseguror a manutençao das con-dições originais, euitando que elas sejam alteradas desnecessarÌamente''

A relação com os pares concerne os deveres dos investigadores/profissiouais para (10) Tendo-se também procedido à recolha e análise dos estatutos de 241 associações, veriiìcou--se que apenas 53 associações ctentíficas fazem referência à questão ética nestes documentos de regu-lação interna. Através destas reterências ao desempenho ético nos estatutos, podemos constatar que 15 associações têm entre os seus órgãos sociais comissões de ética, que 20 associações prevêem a ela-boração de um código de ética e que duas afirmam reger-se pelo código de ética de outras associações (designadamente associações públicas profissionais).

(13)

E E E E E Ê , " . a A A A . t . t l É E E E E E ' q õ õ , t , õ õ :

Ê Ê í E ? = = E E

T . t a a ' â q ) . t . a . J ) Z - Z t ô ( t , r ) u ) . J ) . ^ , l ê E " - e - . . \ v q ã ^ o ! a !f ê. ' n - a ? . 1 6 - 3 i U A ' - , t ^ ) : ? -a a o . i ! Z o . 9 - F ! = q z = 'y.- ú' à ç ? _ t d : : ! @ t a ' ã . Ê ì

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(14)

com outros investigadores ou profissionais no exercício da sua acl-ividade" NÍestr'. âmbito os códigos referem por exemplo o dever de partilha de dados e inlormação, dc correcta identificação da autoria dos trabalhos ou das formas de resolução iÌe prtl;sír,ei:, conflitos profissionais. Uma ilustração deste tipo de conteúdo é ext,raído do Códigr Deontológico da Associação Profissional dos Arqueólogos: <Oar inlbrrtaçuo à r:awtu. nidade arqueológíca, atraués da pultlÌcação de notícías e resulta dos, de toda.s an itro" jectos e interuenções. Julga-se conueniente o prazo mrÍximo de urrt ana para a publi-caçõo de uma prímeira notícìa e um prazo de cinco anos a partir do inícirt d"a:; Lrct balhos para uma primeira publicação de resultados e canclusões>.

For íim, a relação com os clientes ou financiadores reíere-se ao cumprimr:nto pelos profissionais dos deveres resultantes de relações contratuais estabelecictas. sejam estas cont clientes, financiadores. ou organizações públicas e privadas nas cluais os proíis, sionais estejam inseridos, incluindo a responsabilidade pelo trabalhro e peia informa, ção e clarificação dos métodos, resultados e impactos do mesmo. LÌma ilusbração pos-sír,el seria por exemplo, u.Prestar os seus seruiços cctm dìlígência e pontualidade, ríe modo a nao prejudícar o cliente nem terceíros, nunce abandonanclo, sem justiftcct-çõo, os trabalhos que lhe forem confíados ou os cargos que desempenltar, çl-)econ, tologia Profissional da Associação Portuguesa de Geólogos).

Olhando então para as associações com códigos de ética, verificanros que a rrraìo,' parte é de tipo profissional, havendo algumas com um âmbito disciplinar. Em alguns casos, trata-se de associações que ambicionam obter um maior poder de regulação rJa sua área pelo que os códigos podem ser entendidos como um marco nessa evolução. Este é o caso por exemplo da Associação Portugiuesa de Profissionais de Serviço Sor:ial" Constatamos assim que a maior parte dos códigos é criada por iniciativa das asso, ciações embora exista um número importante de códigos que resulta da adaptação ou inspiração de códigos de organizações internacionais. Observa-se também que muito poucos têm comissão de ética, o que estará correlacionado com o íacto de não estarem previstas sanções na maior parte dos casos. Compreende-se assim que Lenhamos encon-trado apenas um código de tipo regulador, havendo sobretudo códigos de tipo educatiua" A referência ao objecto, aos pares e ao cliente e financiadores está patente em quase todos os códigos, sendo as únicas excepções a Sociedade Portuguesa de Protecção con-tra as Radiações e a Sociedade PortuSuesa de Espeleologia.

Relativamente às ciências naturais e sociais, não se registam as diferenças significa-tivas entre os dois domínios. No entanto, tendo em conta que estes são dados prelimi-nares, importa ser cauteloso sobre esta conclusão e sobretudo sobre a sua generalização" NOTAS CONCLUSIVAS

A fronteira entre associações científicas e associações profissionais é, em muitos casos, ambígua. No que diz respeito às associações científicas por nós recenseadas com

(15)

um código

de ética,

notámos

que muitas sào grupos

profissionais

que estão

a fazer

lobb1t

para

alcançar

o estatuto

de associação

pública

prorirrionui.

õ codigo

parece

por_

'ïÏï,iï.ïï1,ï:..::11"

.d:

'"' processo.

de prorission

ut;"uâo,

de mudança

de

Iías

poucas.,,"J:iï:,ï,:lï:,ïJ:,ï:iìffjïJ,.ã*1ï';,n",

cie

ética

Arém

disso,

o's códigos existentes são sobretudo ae tipo educaciona/pelo que não prer,êem san-ç o e s , o q u e n ã o p o d e deixar de diminuir oseu potencial

i m p a c t o . '\ nossa análise empírica também não identificou variações

por ciisciplina relevan-tes' Quer as associações pertencentes às ciências sociais

e afins, quer as das ciências naturais e afins apresentam orientações para a relação entre os associadosrprofissio-nais e o seu objecto, os seus pares e os seus crientes/financiadores.

De qualquer mocro,

os códigos de ética são um indicador importante, mas insufi_ ciente para analisar a preocupação ética clestas associações.

\este sentido iniciámos a análise dos estatutos,

também através cle análise docr..rmental rconsuÌta dos sítios da Internet), tendo veriíicado que poucos estatutos fazem refet.ência à questão ética. Ao mesmo tempo, a existência de referências em alguns estatutos

não pode deixar tle con_ fi'.nar que a nossa anáÌise não se pode rin-'iiu, ao código de étrca.

com efeito, importará ter em conta também, a nír,er interno. a oferta de debates, formação e publicações

sobre o assunto, e, a ni'er externo, a int.Iuência política e os materiais para o público em geral que desenvoÌr,em.

A nosso ver, a escassez

cle dados empíricos sobre a preocupação ética das associações poderá dever-se em srande parte a dois factores: às outras maneiras que

as associações científicas têm de influenciar a conduta

ética dos seus membros e dos profissionais que representam; à existência

de outras instâncias que regulam o comportamento ético dos cientistas (como universidades, agências de financiamento da investigação, organiza_ ções empregadores ou comissões próprias,

como o conselho Nacional de Ética para as Ciências da \,ida ou a Comissão

de Étìca para a Investigação Clínica). A análise de outra.s manifestações da preocupação

ética será feita no futuro, desig-nadamente através do.s estudos de caso onde poderemos adoptar uma anárise

mais compreen'siva

e procurar conhecer, por exemplo, os obstácuio, qra se corocam ao efectivo uso dos cócligos tje ética.

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