www.elsevier.pt/ge
ARTIGO
ORIGINAL
Percec
¸ão
do
estado
de
saúde
e
da
qualidade
de
vida
numa
amostra
de
celíacos
portugueses
Ana
Pimenta-Martins
∗,
Elisabete
Pinto
e
Ana
M.P.
Gomes
CentrodeBiotecnologiaeQuímicaFina,EscolaSuperiordeBiotecnologia,CentroRegionaldoPortodaUniversidadeCatólica Portuguesa,Porto,Portugal
Recebidoa2deagostode2013;aceitea14desetembrode2013
PALAVRAS-CHAVE
Qualidadedevida; Doenc¸acelíaca; Estadodesaúde
Resumo
Introduc¸ão: Otratamentodadoenc¸acelíacaconsistenapráticadeumadietaisentadeglúten (DIG).AadesãoàDIGédependentedemúltiplosfatores,nosquaisseinclui,possivelmente,a qualidadedevida(QdV).
Objetivos: Avaliarapercec¸ãodoestadodesaúdeeaQdVdeumaamostradecelíacos portu-gueses,relacionando-acomocumprimentodaDIG.
Materialemétodos: Tratou-sedeumestudotransversal,cujarecolhadeinformac¸ãosebaseou num questionárioestruturado,autoaplicado ede preenchimentoonline.A QdV foiavaliada atravésdaescala Short-Form36(SF-36).Asvariáveiscategóricasforamdescritasatravésde proporc¸õeseasvariáveiscontínuas foramdescritasatravésdamédiaedesvio-padrãoouda medianaeintervalointerquartil.
Resultados: Oestudoincluiu195indivíduosportugueses,commedianadasidadesde32anos. Cercade67%dosinquiridosconsideravamgozardemuitoboaoudeboasaúde.Registaram-se pontuac¸õesmédiasmaiselevadasparaosdomínios«capacidadefuncional»e«aspetosfísicos» doSF-36emaisfracasparaosdomíniosda«vitalidade»e«estadogeraldesaúde».Asmulheres apresentarampontuac¸õessignificativamentemaisbaixasparaosdomínios«dor»,«vitalidade» e«saúdemental».Nãoseencontrouassociac¸ãoentreapercec¸ãodaQdVeocumprimentoda DIG.Osparticipantescomdiagnósticomaisrecenteapresentarampontuac¸õesmaisbaixasem todososdomíniosdoSF-36.
Conclusão:Oscelíacos inquiridosclassificaramoseuestadode saúdegeraleasuaQdVem melhoresníveisdoqueapopulac¸ãoportuguesanogeral.AQdVnãoseassociouaocumprimento daDIG.
©2013SociedadePortuguesadeGastrenterologia.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todosos direitosreservados.
∗Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:apimenta@porto.ucp.pt(A.Pimenta-Martins).
0872-8178/$–seefrontmatter©2013SociedadePortuguesadeGastrenterologia.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados. http://dx.doi.org/10.1016/j.jpg.2013.09.006
KEYWORDS
Qualityoflife; Celiacdisese; Healthstatus
Self-perceptionofhealthstatusandqualityoflifeinaPortuguesesampleofceliac patients
Abstract
Introduction:Thetreatmentofceliacdiseaseisagluten-freediet(GFD).Thecompliancewith aGFDisdependentonmultiplefactors,whichinclude,possibly,thequalityoflife(QoL). Objective:ToevaluatetheperceptionofhealthstatusandQoLinasampleofPortugueseceliac patients,relatingittothecomplianceoftheGFD.
Materialandmethods: Transversalstudywhichdatacollectionwasbasedonastructured ques-tionnaire prepared to be self-applied and filled inonline. The QoL was evaluated through Short-Formhealth survey36(SF-36).Categoricalvariablesweredescribedthrough proporti-onsandcontinuousvariablesweredescribedthroughmeanandstandarddeviationormedian andinterquartilerange.
Results:Thestudyincluded195Portugueseindividuals,withamedianageof32years.About 67%ofrespondentsbelievedtoenjoyverygoodorgoodhealth.Thehighestmeanscoreswere obtainedforthedomains‘‘physicalfunctioning’’and‘‘role-physical’’ andthelowestscores for thedomains‘‘vitality’’and‘‘generalhealth’’.Women hadsignificantlylowerscores for thedomains‘‘bodilypain’’,vitality’’and‘‘mentalhealth’’.Therewasnoassociationfound betweentheperceptionofQoLandcompliancewiththeGFD.Participantswithmorerecent diagnosishadlowerscoresinalldomainsoftheSF-36.
Conclusions:TheceliacrespondentsratedtheirgeneralhealthstatusandQoLinbetterlevels thanthePortuguesepopulationingeneral.TheQoLwasnotassociatedwithcomplianceofthe GFD.
©2013SociedadePortuguesadeGastrenterologia.PublishedbyElsevierEspaña,S.L.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Adoenc¸acelíaca(DC)éumadoenc¸adecaráterautoimune, precipitadapelaingestãodecereaisquecontêmglúten,em indivíduos geneticamente predispostos1,2. Caracteriza-se
porumestadodeinflamac¸ãocrónicadamucosaintestinal, quereverteaquandodaexclusãodoglútendaalimentac¸ão e reincideapós a sua reintroduc¸ão na dieta3.Na base da
inflamac¸ão crónica estão reac¸õesimunológicas complexas que vão induzir alterac¸ões morfológicas e funcionais na mucosadointestinodelgado proximal,comgraveprejuízo naabsorc¸ãodenutrienteseriscoaumentadodemorbilidade emalignidade3---5.
Tradicionalmente considerada uma síndrome de má absorc¸ãorarana infância,reconhece-se, atualmente,que aDCéumacondic¸ãomaisfrequente,quepodeser diagnos-ticadaemqualqueridadeequeafetamúltiplossistemasde órgãos1,6. Estudos epidemiológicos realizados nos Estados
UnidosdaAméricae Europaindicam queaprevalênciada DC na populac¸ão em geral é deaproximadamente 1%7---10.
Sãofrequentes osatrasos entreo início dossintomas e o diagnóstico11 e a DC permanece ainda subdiagnosticada
apesardos avanc¸osnoconhecimentodo espetro clínicoe nosmétodosderastreioediagnóstico12---14.
O único tratamento disponível para a DC consiste na práticadeumadieta isenta deglúten (DIG)que deveser mantidapara todaa vida15,16. Todososalimentose
medi-camentosquecontenhamglútennasuacomposic¸ãodevem sereliminados,dado que,mesmo aingestão depequenas quantidades,podeserprejudicial1,15,17,18.
Apesardosbenefíciosparaasaúde,aadesãoàDIGvaria de42-91%19.Algunsdosfatoresqueinfluenciamaadesãoao
tratamentoincluem:apertenc¸aagruposdeapoio,acorreta interpretac¸ãodarotulagemnutricional,terconhecimentos acercadaDIG,oelevadocustodosalimentosespecíficossem glúten(AESG),acapacidadedeexcluiroglútenaquandoda realizac¸ãode refeic¸ões fora decasa, em viagemou inde-pendentemente de alterac¸ões de humor ou situac¸ões de stresse,perceberosmalefíciosparaasaúdequeadvémda exposic¸ãoaoglúten,oníveldeeducac¸ão,aidadede diag-nóstico, a disponibilidade dos AESG no mercado e o grau desatisfac¸ãoassociadoàssuascaracterísticassensoriaise organoléticas easatisfac¸ãocomasinformac¸õesprestadas pelosprofissionaisdesaúde19---24.Umestudofinlandês
mos-trouquealgunsdestesfatoresseassociam,também,coma qualidadedevidadoscelíacos25.Épossívelque,porsuavez,
estadimensãosubjetivaestejatambémrelacionadacomo cumprimentodaDIG.
Opresentetrabalhotevecomoprincipalobjetivoavaliar apercec¸ãodoestadodesaúdeeaqualidadedevidadeuma amostradedoentes celíacos portugueses,relacionando-os comocumprimentodaDIG.
Material
e
métodos
Realizou-seumestudodecaráterobservacional,transversal e descritivo. Para tal, elaborou-seum questionário estru-turado,preparadoparaautoaplicac¸ãoedepreenchimento
online, direcionado a doentes celíacos portugueses, com idade igual ou superior a 16 anos. Assegurou-se o ano-nimato dos participantes e o caráter voluntário da sua participac¸ão. Assumiu-se o consentimento presumido, a partir domomento em que o participante preenchesse o
questionário. O estudo contou com o aval da Associac¸ão PortuguesadeCelíacos(APC).
No questionário incluíram-se, entre outras, questões que permitiam caracterizar o perfil sociodemográfico dos participantes,ascircunstânciasemquefoirealizadoo diag-nóstico da DC, aferiro cumprimento daDIG e o impacto daDCnaspráticasalimentaresenavidasocial.Paramedir a percec¸ão do estado de saúde e da qualidade de vida usou-se a versãoportuguesa daescalade medic¸ão Short-Form 36 (SF-36), devidamente validadapara a populac¸ão portuguesa26---29.
A recolhadedadosefetuou-seentreos mesesdeabril a julho de2011. Após o estudo piloto, o questionário foi disponibilizado online e iniciou-se a sua divulgac¸ão atra-vésdoscontactosdecorreioeletrónicodosinvestigadores, esperando-seumefeito«boladeneve».AAPCtambém con-tribuiuativamenteparaoestudo,divulgandooquestionário, por e-mail, pelos seus associados. De forma a chegar-se ao maior número de doentes celíacos possível, solicitou-se igualmente à Associac¸ão Portuguesa dos Nutricionistas adivulgac¸ãodoquestionáriopelos parceirose associados. AlgunsbloguesdedicadosàDCeaoseutratamento inicia-ramadivulgac¸ãodomesmodeformavoluntária.As redes sociaisconstituíramferramentasessenciaisdedivulgac¸ãodo questionário,quefoipartilhadoatravésdaspáginas pesso-aisdosinvestigadoresedosseuscontactosetambémpela páginadaAPC.Alémdisso,oquestionárioincluíaumbotão departilhaautomáticapeloFacebook®.
Na apresentac¸ão do questionário mencionava-se, de formaexplícita,queomesmodeveriaserpreenchidoapenas pordoentescelíacos,comidadeigualousuperiora16anos, a residir em Portugal(eramsolicitadosdados relativosao localderesidência).Alémdisso,osparticipanteseram soli-citadosaresponderapenasumavezaoquestionário,apesar depoderemtomarconhecimentodomesmováriasvezes.
O questionárioesteve onlineentre18deabril e15 de julhode2011.Neste períodoobtiveram-se201 questioná-riosválidos.Para este estudoem particular foramapenas consideradasasrespostasde195indivíduos,umavezqueos restantes6erammenoresde18anoseoinstrumentoSF-36 encontra-sevalidadosomenteparaadultos.
Após a conclusão do período de recolha de dados as respostasforamextraídasdabasededadosMySQL e con-vertidas para o software de análise estatística IBM SPSS Statistics®,versão19.0.
As variáveis categóricas foram descritas através de proporc¸ões,enquantoasvariáveiscontínuasforam descri-tasatravés de médiae respetivo desvio-padrão (variáveis com distribuic¸ão normal) ouatravés de mediana e respe-tivointervalointerquartil(variáveisquenãoapresentavam uma distribuic¸ão normal). A normalidade da distribuic¸ão dasvariáveisfoiverificadaatravésdotestede Kolmogorov-Smirnov.
Foiconsideradoumníveldesignificânciade5%.
Resultados
Como apresentado na tabela 1, verifica-se que a maior parte dos participantes eram associados da APC (66,2%). Aparticipac¸ãodosindivíduosdosexofemininofoi8vezes superioràdosindivíduosdosexomasculino(88,7vs.11,3%).
Tabela1 Caracterizac¸ãosociodemográficados participan-tes(n=195) Variável Sócio(n[%]) Sim 129(66,2) Sexo(n[%]) Feminino 173(88,7) Idade---anos Mediana(P25;P75) 32(27;41) Mínimo;máximo 18;80
Situac¸ãomarital(n[%])
Solteiro(a) 81(41,5)
Casado(a)/viveemuniãodefacto 107(54,9) Separado(a)/divorciado(a) 6(3,1)
Viúvo(a) 1(0,5)
Escolaridade(n[%])]
3.◦ ciclodoensinobásico(9.◦ano) 10(5,1) Ensinosecundário(12.◦ano) 57(29,2)
Bacharelato 6(3,1)
Licenciatura 105(53,8)
Mestrado 14(7,2)
Doutoramento 3(1,5)
Rendimentomensaldoagregadofamiliar(n[%])
Inferiora500D 4(2,0) 500---1.000D 30(15,4) 1.000---1.500D 35(17,9) 1.500---2.000D 34(17,4) 2.000---2.500D 25(12,8) 2.500---3.000D 20(10,3) Superiora3.000D 23(11,8)
Nãosabe/preferenãodizer 24(12,3)
A mediana das idades dos participantes era de 32 anos, variando entre os 18-80 anos. Aproximadamente 55% dos participantes eramcasados ou viviam em uniãode facto. Cercade57%erambacharéisoulicenciadose8,7% apresen-tavamgrauacadémicosuperioralicenciatura.
No que diz respeito ao rendimento mensal do agre-gadofamiliar,17,4%apresentavamrendimentosinferioresa 1.000euros,35,3%dos participantes referiuvalores entre 1.000-2.000euroseoutros35%superioresa2.000euros.
Oquestionáriofoi respondidoporindivíduos residentes empraticamentetodososdistritosdePortugal(comexcec¸ão deBraganc¸aePortalegre),incluindoasRegiõesAutónomas daMadeiraedosAc¸ores.Agrandemaioriadosparticipantes residianodistritode Lisboa(35,9%), Porto(17,4%),Braga (7,7%),Setúbal(6,7%),Leira(6,2%)eCoimbra(6,2%),como elucidadonatabela2.
Caracterizaram-se as circunstâncias em que os parti-cipantes tiveram conhecimento de que apresentavam DC
(tabela 3). Verificou-se que a idade mediana de
diagnós-ticocorrespondeua27anos,variandoentreos17-36anose 79,5%dosparticipantesreferiutersidodiagnosticadotendo porbase aavaliac¸ãohistológicacombiopsiaduodenal. De salientarque 70% dos inquiridos foram diagnosticados na idadeadulta.
Tabela 2 Distribuic¸ão geográfica dos participantes, por distrito(n=195) Distrito n(%) Aveiro 8(4,1) Beja 3(1,5) Braga 15(7,7) CasteloBranco 2(1,0) Coimbra 12(6,2) Évora 2(1,0) Faro 4(2,1) Guarda 3(1,5) Leiria 12(6,2) Lisboa 70(35,9) Porto 34(17,4)
RegiãoAutónomadosAc¸ores 2(1,0) RegiãoAutónomadaMadeira 3(1,5)
Santarém 4(2,1)
Setúbal 13(6,7)
VianadoCastelo 1(0,5)
VilaReal 4(2,1)
Viseu 3(1,5)
Os principais sintomas vivenciados pelos participan-tes antesdo diagnóstico incluíam dor abdominal(75,4%), diarreia (72,8%), distensão abdominal (58,5%), perda de peso(52,3%),nervosismo/irritabilidade(52,3%)eflatulência (50,3%).Apenas3,6%referiunãoterapresentadoqualquer sintoma.
Aesmagadoramaioria(97,4%)dos participantesreferiu tentarcumprira DIGna suaalimentac¸ão diária. Cercade metade(52,3%)mencionou nuncaconsumir alimentoscom
Tabela3 Caracterizac¸ãodadoenc¸a(n=195) Variável
Idadedediagnóstico---anos
Mediana(P25;P75) 27(17;36)
Mínimo;máximo 1;68
Realizac¸ãodebiopsiaintestinal(n[%])
Sim 155(79,5)
Sintomasvivenciadosantesdodiagnóstico(n[%])
Diarreia 142(72,8) Obstipac¸ão 56(28,7) Enfartamento 75(38,5) Faltadeapetite 53(27,2) Flatulência 98(50,3) Dorabdominal 147(75,4) Distensãoabdominal 114(58,5) Indigestão 49(25,1)
Dordecabec¸a 46(23,6)
Náuseas/vómitos 76(39,0)
Nervosismo/irritabilidade 102(52,3)
Depressão 39(20,0)
Perdadepeso 102(52,3)
Lesõesnaboca 40(20,5)
Nãovivenciouqualquersintoma 7(3,6)
glúten;pelocontrário,10,8%dosparticipantesassinalaram consumiralimentoscomglútendiariamente.
A todos aqueles que responderam consumir alimentos com glúten, independentemente da frequência (n=93), solicitou-se que apontassem as razões que os levavam a quebrar a DIG e perguntava-se igualmente quais os sin-tomas vivenciados após o consumo destes alimentos. As principais razõesapontadasparaquebrar adietae consu-mir alimentoscom glúten incluíam a falta de alternativa (35,5%),escolhaprópria(34,4%),oprec¸odosAESG(21,5%) enãogostardosabore/outexturadosAESG(15,1%).Apóso consumodealimentoscomglúten,metadedos participan-tesexperimentavador/distensãoabdominal(51,6%),47,3% queixavam-sedediarreia,18,3%vivenciavamalterac¸õesde humor,17,2%experimentavamnáuseas/vómitose7,5% refe-riramdepressão.Aproximadamente25,8%experimentavam, pelomenos,3sintomasapósoconsumodealimentoscom glútene24,3%referiramnãovivenciarqualquersintoma.
Maisdemetadedosparticipantes(53,3%)consideravam queasuaalimentac¸ãoatualeramaissaudável comparati-vamenteàquerealizavamantesdeseremdiagnosticadose apenas4,1% consideravamo contrário.Cerca de43% con-sideravam que a sua alimentac¸ão atual era tão saudável quantoaquelaquepraticavamantesdodiagnósticodeDC.
Sensivelmente4emcada5participantes(77,4%) repor-taram que, após o diagnóstico de DC, a relac¸ão social comosfamiliares,amigos,colegas detrabalhonãosofreu alterac¸ões.Porém,19%disseramsocializarmenoseos res-tantes3,6%referiramteraumentadoograudesocializac¸ão. Quandoquestionadosacercadarealizac¸ãoderefeic¸ões fora decasa, 53,8% dos inquiridosresponderam ter dimi-nuídoasuafrequênciaapósodiagnósticodeDC,enquanto apenas3,6%referiramteraumentadoestafrequência.
Deassinalar queaproximadamentemetade(54,4%) dos inquiridos consideraram que a sua vida teria sido melhor setivessem sidodiagnosticadosmaiscedo,enquanto 7,7% tinhamopiniãocontrária.Cercade2terc¸os(69,2%) sentiam-sesatisfeitos porterem sidodiagnosticados,considerando todasasmudanc¸asquetiveramqueefetuarinerentesàDC. Somente9,7%dosparticipantessesentiaminsatisfeitospor teremsidodiagnosticados.
Noqueserefereàpercec¸ãodoestadodesaúdeeda qua-lidadedevida,67,2%dosparticipantesconsideravamgozar demuitoboaoudeboasaúde,4,1%deexcelentesaúdee 27,7%desaúderazoável,sendoqueapenas1%dos partici-pantesreferiramgozardefracasaúde.Noquedizrespeito aoestadogeralatualcomparativamenteaoqueaconteciahá umano,amaioria(54,9%)consideravaseraproximadamente igual,25%comalgumasmelhoriase15%muitomelhor. Ape-nas5,1%dosparticipantes consideravamque oseuestado geralatualfaceaoanoanteriorerapior.
Da análise da tabela 4 pode observar-se que a amos-traestudadaapresentoupontuac¸õesmédiasmaiselevadas paraosdomínios«capacidadefuncional»e«aspetosfísicos» doSF-36. Aspontuac¸õesmédias maisfracas foram encon-tradas noque respeita aosdomíniosda «vitalidade» e do «estadogeraldesaúde».Quandoseanalisamaspontuac¸ões médiasobtidasnosdomíniosdoSF-36emfunc¸ãodosexodos participantes,verifica-sequeasmulheresestudadas obtive-rampontuac¸õesmédiasmaisbaixasemtodasasdimensões, porém,sóseverificaramdiferenc¸asestatisticamente signifi-cativasnosdomínios«dor»,«vitalidade»e«saúdemental».
Tabela4 Pontuac¸ãoobtidanosváriosdomíniosdoShort-Form36(SF-36)ecomparac¸ãoentresexos
DomíniosSF-36 Total(média([d.p.]) Homens(média[d.p.]) Mulheres(média[d.p.]) Valordep N=195(idade≥18anos) N=22 N=173
Capacidadefuncional 91,3(±14,3) 96,6(±7,5) 90,6(±14,9) 0,065 Aspetosfísicos 85,2(±20,5) 91,8(±14,5) 84,4(±21,0) 0,112
Dor 78,5(±21,7) 87,6(±15,3) 77,4(±22,1) 0,037*
Estadogeraldesaúde 58,1(±13,2) 58,7(±13,5) 58,0(±13,2) 0,810
Vitalidade 53,4(±13,0) 61,93(±14,0) 52,3(±12,5) 0,001* Aspetossociais 76,9(±21,6) 85,2(±19,9) 75,8(±21,7) 0,054 Aspetosemocionais 82,4(±22,0) 85,8(±20,0) 82,0(±22,3) 0,443 Saúdemental 65,4(±18,6) 73,4(±15,8) 64,4(±18,8) 0,032* d.p.:desviopadrão. * p<0,05.
Avaliou-se,igualmente,apercec¸ãodaqualidadedevida emfunc¸ãodocumprimentorigorosodaDIGedofactodos participantesseremounãoassociadosdaAPC.Emnenhum doscasosseobservaramdiferenc¸asestatisticamente signi-ficativas.Noentanto,verificou-sequeosparticipantesnos quaisodiagnósticotinhasidorealizadohámenosdeumano apresentavampontuac¸õesmaisbaixasemtodososdomínios doSF-36, apesar deasdiferenc¸as seremestatisticamente diferentessomenteparaa«saúdemental»(p=0,020).
Discussão
Atendendoàinexistênciadeumregistonacionaldosdoentes celíacos e à dificuldade em obteruma amostra represen-tativa nacional dos mesmos, o contacto com potenciais participantes foi efetuado maioritariamente seguindo-se 2vertentes: 1)o questionáriofoienviadopor e-mailpela APCparaosseusassociados;paralelamente,2)os investiga-doresprincipaisdesteestudodifundiram-nopore-mailpara osseuscontactos,pedindoatodosqueorecebessemqueo reenviassemparaomaiornúmerodepessoaspossível.Além disso,tambémseprocedeuàdivulgac¸ãodoquestionárionas redessociais.Apesardasreconhecidaslimitac¸õesquantoà representatividadedaamostraobtidaporestemétodo,esta foiasoluc¸ãoencontradapara,comosrecursosdisponíveis, incluiro maiornúmeropossível departicipantes, proveni-entesdetodooterritórionacional.Numperíododetempo relativamentecurtoconseguiu-secaracterizarumaamostra de195doentescelíacos,distribuídospelamaioriados distri-tosdePortugal.Seria,contudo,interessanteumaavaliac¸ão dadistribuic¸ão dosparticipantes porzonas rurais e zonas urbanas.Noentanto,nãoforamrecolhidasinformac¸õesno estudoquepermitamtalanálise.
A avaliarpelamediana registada, aamostradoestudo eramaioritariamente compostapor jovensadultos, oque sedeve,talvez,aofactodafaixaetáriaconsideradaser,a seguiraogrupoetáriodos15-24anos,amaiorutilizadorade internetemPortugal,sendoosquemaisusamoe-maileos segundosmaioresutilizadoresdasredessociais30.Os
parti-cipantesdesteestudosãoseguramentemaisescolarizados doqueamédianacional.OsdadosdoInstitutoNacionalde Estatísticaestimavamque,em2010,paraafaixaetáriados 25-34anosaproporc¸ãodeindivíduosquepossuíaoensino
superiorseriade24,8%31.Nopresenteestudoessaproporc¸ão
ascendeaos63,7%. Ofacto deseterobtidoumaamostra altamente escolarizadatorna osresultados interessantes, poiseste grupo é provavelmente o quetem maioracesso à informac¸ão sobre a doenc¸a, mas será eventualmente o maiscríticorelativamenteàinformac¸ãoeservic¸osquetêm disponíveis.
Tradicionalmentetem-seassociado aDC aumadoenc¸a dainfância1,6. As manifestac¸õesclássicas dadoenc¸a
leva-riamoscuidadoresaprocuraremosprofissionaisdesaúde, oqueconduziriaaodiagnóstico.Noentanto,sãováriosos estudosque têm vindo a sugerir que o diagnóstico possa apenasacontecerjánaidadeadulta,pelamanifestac¸ãode sintomasmaisligeirosouatípicosoupordiagnósticos ante-rioresincorretos5,32.Nesteestudoamediana paraaidade
dediagnóstico foide27anose 70%doscasosforam diag-nosticadosnaidade adulta.Saliente-se, contudo,que não foramincluídosdoentescelíacoscommenosde18anos,o queem parteexplica este resultado.Deacordocom Tack et al., a DC pode ser diagnosticada em qualquer idade, porém, verifica-se umpico na infância e outro na quarta ouquintadécadasdevida10.Efetivamente,numestudoque
envolveu2.681 membrosadultosdaAssociac¸ão Canadiana deCelíacosverificou-sequeamédiadaidadedediagnóstico foide46anos,sendoquesomente7%foramdiagnosticados nainfância33.GrayePapanicolas,numestudorealizadoem
sóciosdaAssociac¸ãodeCelíacosdoReinoUnido,verificaram queamédiadaidade dediagnósticocorrespondeu a41,3 anos34;numoutroestudoenvolvendo154adultos
america-nosestamédiafoide44,8anos23.Greenetal.verificaram
queamaioria dosparticipantesdoseuestudotinhamsido diagnosticadosentreaquartaeasextadécadasdevida11.
Neste estudo, a mediana da idade de diagnóstico é infe-rioraoreportadonaliteratura,o quepoder-se-ádeverao métodoutilizadoparaaselec¸ãodaamostra.
O métodode referência para efetuaro diagnóstico de DC continua a ser a avaliac¸ão histológica com biopsia intestinal5.Quandoquestionadosacercadarealizac¸ãodeste
exame, apenas 79% dos inquiridos afirmaram tê-lo feito, valor semelhante aos 75% encontrados num estudo reali-zadonosEstadosUnidosdaAmérica11,masbeminferiorao
valorencontrado numestudo canadiano33. Uma limitac¸ão
dopresente estudo prende-se com o facto de nãose ter questionadoosparticipantesquenãorealizaramavaliac¸ão
histológicacombiopsiaintestinalsobrequaisoscritériosou testesrealizadosqueestiveramnaorigemdoseu diagnós-tico.
A partir do momento em que são diagnosticados com DCosindivíduos deveminiciarDIG,que devesermantida paratodaavida1,6,35.Nestetrabalho,verificou-seque
ape-sar de 97,4% dos inquiridos tentar cumprir a DIG na sua alimentac¸ão diária, 47,7% reportaram ingerir glúten com frequênciavariável.JáLamontagneetal.verificaramque, embora90%dosparticipantes evitassetantoquanto possí-vela ingestão deglúten, 72%admitia consumir alimentos comoagentetóxico20.Apercentagemdeinquiridosque
afir-maramconsumiralimentoscomglútenporescolhaprópria nesteestudo foisemelhanteà observadapor Lamontagne etal.: 35,4 e 36%, respetivamente20. Numarevisão
siste-máticarecente apontava-seque as proporc¸ões de adesão estritaàDIGautoreportadasvariavamde42-91%,sendoque fatorescomoadisponibilidadeeoprec¸odosAESG,osaber interpretararotulagemalimentar,teracapacidadede man-teraDIGaquandodeviagens,notrabalhoeduranteeventos sociais,contribuíamdeformapositivaparaocumprimento dadieta19.
Cercade54% dosinquiridosnesteestudo referiramter diminuídoafrequênciadeconsumoderefeic¸õesforadecasa apósodiagnóstico,percentagemsuperioràencontradanum estudo realizado noReino Unido --- 44,2%36. Já no estudo
deLeeeNewman, 86%dos participantesafirmaramquea DIG prejudicavaa realizac¸ão de refeic¸ões fora de casa37.
Adiminuic¸ãodafrequênciaderefeic¸õesforadecasaterá, certamente,avercomofactodosinquiridosnãosesentirem segurosnasescolhasalimentares,dadaanaturezarestritiva daDIG.
É facilmente percetível que, quer pela sintomatologia associada àingestão inadvertidade glúten quer pela difi-culdade em seguir umaDIG pelas mais diversas razões,a DCpossaafetara autopercec¸ãodoestadodesaúdee da qualidadedevidadosdoentes celíacos.Paraavaliarestes domínios usou-se a escala SF-36, comummente utilizada pararelacionarqualidadedevidacomdesfechosdesaúde. À semelhanc¸a dos resultados obtidos por outros autores38,39, os participantes dosexo feminino
apresenta-ram piores pontuac¸ões em todos os domínios do SF-36, comdiferenc¸asestatisticamentesignificativasapenaspara
asdimensões«dor», «vitalidade» e «saúde mental».Estes resultadossugeremqueadoenc¸aafetadeformamais nega-tivaasmulherescelíacasdoqueoshomens.
Seriaexpectável que o cumprimento daDIG se associ-asse positivamente coma qualidade devida. Noentanto, osresultadosobtidosnãoomostraram.Naextensapesquisa realizadasobreoassuntonãoseencontraramoutros traba-lhos que tivessem abordado tal questão. Contudo,podem adiantar-se algumas explicac¸ões para esta observac¸ão: a) podeacontecerque osdoentes celíacosnão cumprido-res da DIGsejam os que apresentam sintomatologiamais ligeira, o que não lhes compromete significativamente a qualidade devida;b) nãomenosprezandoque quer a sin-tomatologiaquerocumprimentodaDIGafetamavidados doentecelíacos,podeacontecerqueosnãocumpridoresda DIGconsideremqueestaopc¸ão,mesmoacarretando sinto-masindesejados,lhesperturbamenososeudiaadia,doque ocumprimentodadietaec)nãopodeserexcluídaa possi-bilidadedeoinstrumentoutilizadonãosersuficientemente sensívelparadiferenciarestes2grupos.
O facto dos participantes diagnosticados nos últimos 12mesestenderemaapresentarpiorespontuac¸õesfoi igual-mentereportadoporZarkadasetal.aoverificaremqueos doentes diagnosticados no último ano apresentavam pio-res pontuac¸ões comparativamente àqueles diagnosticados hámaisde12meses39.Estesresultadosserãojustificáveis
pelasdificuldadesencontradasnaaprendizagemeno segui-mentodaDIG,bemcomopelasalterac¸õesnoestilodevida porelaimpostas,especialmentenosprimeirosmesesapós odiagnóstico,quepodemserassoladoras,exigindogrande esforc¸oecomprometimentoporpartedodoente40,41.
Sabe-se,contudo,queestasdimensõestambém depen-dem de fatores culturais. Por isso teve-se a preocupac¸ão decompararaqualidadedevidadosdoentescelíacoscom a da populac¸ão portuguesa no geral (tabela 5). Quando secomparamaspontuac¸õesobtidasem todososdomínios do SF-36 dos participantes do estudo com aquelas obti-das para a populac¸ão portuguesa ativa dos 25-34 anos28,
grupo etário que engloba amediana das idades da amos-tra em estudo, verifica-se que, surpreendentemente, as pontuac¸õesmédiasdosparticipantescelíacossãomais ele-vadasemtodasasdimensões,comexcec¸ãoda«vitalidade», domíniorelacionadocomosníveisdeenergiaedefadiga.
Tabela5 DomíniosdoShort-Form36(SF-36)naamostraemestudoenapopulac¸ãoactivanafaixaetáriados25-34anos DomíniosSF-36 Participantesdoestudo(n=195) Populac¸ãoactiva25-34anos28(n=219)
Média(ICa95%) Média(ICa95%)
Capacidadefuncional 91,3(89,3;93,3)a 78,6(74,9;82,3)
Aspectosfísicos 85,2(82,3;88,1)a 73,2(69,8;76,6)
Dor 78,5(75,5;81,5)a 65,8(62,6;69,0)
Estadogeraldesaúde 58,1(56,2;60,0) 58,6(56,2;61,0)
Vitalidade 53,4(51,6;55,2)a 61,2(58,0;64,4)
Aspetossociais 76,9(73,9;79,9) 77,4(74,5;80,3)
Aspetosemocionais 82,4(79,3;85,5)a 74,1(70,9;77,3)
Saúdemental 65,4(62,8;68,0) 65,5(62,5;68,5)
IC:intervalodeconfianc¸a.
aestatisticamentesignificativo.
Defacto, verificam-se diferenc¸as estatisticamente signifi-cativasnodomíniovitalidade,mastambémnasdimensões «capacidadefuncional»,«aspetosfísicos»,«dor»e«aspetos emocionais».Apercec¸ãodoestadodesaúdeedequalidade devidadaamostradedoentescelíacosestudadapareceser melhordoqueoqueseverificanapopulac¸ãoemgeral.
Estes resultados são diferentesdo que é reportadona literatura,existindoestudosquenãoencontramdiferenc¸as na qualidadedevidaentreportadores deDCe populac¸ão geral39 eoutrosquereportamqueosdoentescelíacostêm
piorqualidadedevidadoque apopulac¸ãogeral38.Aauto
percec¸ãodoestadodesaúdeedaqualidadedevidana amos-tra em estudo podem estar sobrestimados em relac¸ão ao quesepassaráà médiadosdoentes celíacosportugueses. Ascaracterísticasdeidadeeescolaridadelevamalevantar a hipótesede quese estáperante umaamostrade doen-tes celíacos muito pró-ativos na procura de soluc¸ões que minimizemaslimitac¸õesimpostas peladoenc¸a, nomeada-mente pela procura de informac¸ão e de novos produtos alimentares, bem como soluc¸ões para a sua preparac¸ão. Estas competências permitir-lhes-ão convivermelhor com adoenc¸a,fazendocomqueafetemenosasuaqualidadede vida.
O facto de a grande maioria dos participantes terem referidoque, após o diagnóstico, a relac¸ão social com os familiares, amigos, colegas de trabalho não tinha sofrido alterac¸ões;que a alimentac¸ão se tinhatornado mais sau-dável e ainda que se sentiam satisfeitos por terem sido diagnosticados,mesmoatendendoatodasasmudanc¸asque tiveramqueefetuar,sãorazõesquepodemajudaraexplicar osresultadosobtidos.É razoávelsupor-se queomal-estar associadoaossintomaspréviosao diagnóstico,quepodem demoraranos,eaansiedadeassociadaaodesconhecimento domesmofazemcomque,apósodiagnóstico,osdoentes consigamcontrolarmelhoradoenc¸aemanifestaremmelhor qualidadedevida.
Responsabilidades
éticas
Protec¸ãodepessoaseanimais.Osautoresdeclaramque
paraesta investigac¸ãonão serealizaram experiênciasem sereshumanose/ouanimais.
Confidencialidadedosdados.Osautoresdeclaramquenão
aparecemdadosdepacientesnesteartigo.
Direito à privacidade econsentimento escrito.Os
auto-resdeclaramque nãoaparecem dadosdepacientesneste artigo.
Conflito
de
interesses
Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses.
Bibliografia
1.Green P, Cellier C. Celiac Disease. N Engl J Med. 2007;357:1731---43.
2.GuandaliniS, NewlandC. Differentiatingfoodallergies from foodintolerances.CurrGastroenterolRep.2011;13:426---34.
3.RostomA,MurrayJ,KagnoffM.AmericanGastroenterological Association (AGA) Institute technical review on the diag-nosis and management of celiac disease. Gastroenterology. 2006;131:1981---2002.
4.GuandaliniS,SettyM.Celiacdisease.CurrOpinGastroenterol. 2008;24:707---12.
5.Rubio-TapiaA,MurrayJ.Celiacdisease.CurrOpin Gastroente-rol.2010;26:116---22.
6.di Sabatino A, Corazza G. Coeliac disease. Lancet. 2009;373:1480---93.
7.FasanoA,BertiI,GerarduzziT,NotT,CollettiRB,DragoS,etal. Prevalenceofceliacdiseaseinat-riskandnot-at-riskgroupsin theUnitedStates.ArchInterMed.2003;163:286---92.
8.DubéC,RostomA,SyR,CranneyA,SaloojeeN,GarrittyC,etal. The prevalence of celiacdisease in average-risk and at-risk WesternEuropeanpopulations:Asystematicreview. Gastroen-terology.2005;128:S57---67.
9.Mustalahti K, Catassi C, Reunanen A, Fabiani E, Heier M, McMillanS,etal.TheprevalenceofceliacdiseaseinEurope: Resultsofacentralized,internationalmassscreeningproject. AnnMed.2010;42:587---95.
10.TackG,VerbeekW,SchreursM,MulderC.Thespectrumofceliac disease:Epidemiology,clinicalaspectsandtreatment.NatRev GastroenterolHepatol.2010;7:204---13.
11.GreenPHR,StavropoulosSN,PanagiSG,GoldsteinSL,Mcmahon DJ, AbsanH, etal.Characteristicsofadultceliacdiseasein the USA: Results of a national survey. Am J Gastroenterol. 2001;96:126---31.
12.FasanoA.Clinicalpresentationofceliacdiseaseinthepediatric population.Gastroenterology.2005;128:S68---73.
13.GreenPH.Themanyfacesofceliacdisease:Clinical presenta-tionofceliacdiseaseintheadultpopulation.Gastroenterology. 2005;128:S74---8.
14.LionettiE, CatassiC.New clues inceliac disease epidemio-logy,pathogenesis clinicalmanifestationsand treatment. Int RevImmunol.2011;30:219---31.
15.NiewinskiM.Advancesinceliacdiseaseandglutenfreediet. JAmDietAssoc.2008;108:661---72.
16.FarrellRJ,KellyCP.Diagnosisofceliacsprue.AmJ Gastroente-rol.2001;96:3237---46.
17.MurrayJ,WatsonT,ClearmanB,MitrosF.Effectofagluten-free dietongastrointestinalsymptomsinceliacdisease.AmJClin Nut.2004;79:669---73.
18.Grefte J, Bouman J, Grond J, Jansen W, Kleibeuker J. Slow and incomplete histological and functional recovery in adult gluten sensitive enteropathy. J Clin Pathol. 1988;41: 886---91.
19.HallN,RubinG,CharnockA.Systematicreview:Adherenceto agluten-freedietinadultpatientswithceliacdisease.Aliment PharmacolTher.2009;30:315---30.
20.Lamontagne P, West G, Galibois I. Quebecers with celiac disease: Analysis of dietary problems.Can JDiet PractRes. 2001;62:175---81.
21.Ciacci C, Cirillo M, Cavallaro R, Mazzacca G. Long-term follow-up of celiac adults on gluten-free diet: Prevalence and correlates of intestinal damage. Digestion. 2002;66: 178---85.
22.ButterworthJR,BanfieldLM,IqbalTH,CooperBT.Factors rela-tingtocompliancewithagluten-freedietinpatientswithceliac disease:ComparisonofwhiteCaucasianandSouthAsian pati-ents.ClinNut.2004;23:1127---34.
23.Leffler DA, Edwards-George J, Dennis M, Schuppan D, Cook F, Franko DL, et al. Factors that influence adherence to a gluten-free diet in adults with celiac disease. Dig Dis Sci. 2008;53:1573---81.
24.OlssonC,HörnellA,IvarssonA,SydnerYM.Theeverydaylifeof adolescentcoeliacs:Issuesofimportanceforcompliancewith thegluten-freediet.JHumNutDiet.2008;21:359---67.
25.Kurppa K, Collin P,Mäki M, KaukinenK. Celiac disease and health-relatedqualityoflife.ExpertRevGastroenterol Hepa-tol.2011;5:83---90.
26.FerreiraPL.Criac¸ãodaversãoportuguesadoMOSSF-36Parte I: adaptac¸ãocultural e linguística. Acta Med Port. 2000;13: 55---66.
27.FerreiraPL.Criac¸ãodaversãoportuguesadoMOSSF-36Parte II:testesdevalidac¸ão.ActaMedPort.2000;13:119---27. 28.FerreiraPL,SantanaP.Percepc¸ãodoestadodesaúdeede
qua-lidadedevidadapopulac¸ãoactiva:contributoparaadefinic¸ão denormasportuguesas.RevPortSauPub.2003;21:15---30. 29.SeveroM,SantosAC,LopesC,BarrosH.Fiabilidadeevalidade
dosconceitosteóricosdasdimensõesdesaúdefísicaemental daversãoportuguesadoMOSSF-36.ActaMedPort.2006;19: 281---8.
30.World Internet Project 2010 (WIP). A utilizac¸ão da internet emPortugal.2010.).[consultado9Set2011].Disponívelem: http://www.umic.pt/images/stories/noticias/RelatorioLINI UMICinternetpt.pdf
31.InstitutoNacionaldeEstatística(INE).[consultado9Set2011]. Disponívelem:www.ine.pt
32.FreemanH,ChopraA,ClandininM,ThomsonA.Recentadvances inceliacdisease.WorldJGastroenterol.2011;17:2259---72.
33.Cranney A, Zarkadas M, Graham ID, Butzner JD, Rashid M, WarrenR, et al.The CanadianCeliac HealthSurvey. DigDis Sci.2007;52:1087---95.
34.GrayA,PapanicolasIN.Impactofsymptomsonqualityoflife beforeandafterdiagnosisofcoeliacdisease:ResultsfromaUK populationsurvey.BMCHealthServRes.2010;10:105---12. 35.SeeJ, MurrayJ.Gluten-free diet:Themedicaland nutrition
managementofceliacdisease.NutClinPract.2006;21(1):1---15. 36.WhitakerJKH,WestJ,HolmesGKT,LoganRFA.Patients percep-tionsoftheburdenofcoeliacdiseaseanditstreatmentinthe UK.AlimentPharmacolTher.2009;29:1131---6.
37.LeeA,NewmanJM.Celiacdiet:Itsimpactonqualityoflife.J AmDietAssoc.2003;103:1533---5.
38.HallertC,GrännöC,HulténS,MidhagenG,StrömM,SvenssonH, etal.Livingwithceliacdisease:Controlledstudyoftheburden ofillness.ScandJGastroenterol.2002;37:39---42.
39.ZarkadasM,CranneyA,CaseS,MolloyM,SwitzerC,GrahamID, etal.Theimpactofagluten-freedietonadultswithceliac dise-ase:Resultsofanationalsurvey.JHumNutDiet.2006;19:41---9. 40.RaymondN,HeapJ,CaseS.Thegluten-freediet:Anupdatefor
healthprofessionals.PractGastroenterol.2006;30:67---92. 41.MurrayJA.Thewideningspectrumofceliacdisease.AmJClin