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A aderência nas aulas de Educação Física no ensino médio: o caso do Colégio Estadual Justiniano de Serpa

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Academic year: 2021

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REDE NACIONAL – PROEF

PATRÍCIA MOZART MOURA

A ADERÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: O CASO DO COLÉGIO ESTADUAL JUSTINIANO DE SERPA

NATAL – RN 2020

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A ADERÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: O CASO DO COLÉGIO ESTADUAL JUSTINIANO DE SERPA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional – PROEF, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP, para obtenção de título de mestre em Educação Física Escolar.

Orientador: Prof. Dr. Jose Pereira de Melo

NATAL – RN 2020

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde – CCS

Moura, Patricia Mozart.

A aderência nas aulas de Educação Física no ensino médio: o caso do Colégio Estadual Justiniano de Serpa / Patricia Mozart Moura. - 2020.

79f.:il.

Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro Ciência da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação Física em Rede Nacional. Natal, RN, 2020.

Orientador: José Pereira de Melo.

1. Educação Física escolar - Dissertação. 2. Ensino médio - Dissertação. 3. Aderência - Dissertação. I. Melo, José Pereira de. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 796.4:37

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A ADERÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: O CASO DO COLÉGIO ESTADUAL JUSTINIANO DE SERPA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional – PROEF, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP, para obtenção de título de mestre em Educação Física Escolar.

Aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________ Prof. Dr. José Pereira de Melo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Presidente da Comissão Examinadora

_________________________________ Prof. Dr. Antônio de Pádua dos Santos Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Examinador Interno

_________________________________ Profa. Dra. Marta Genu Soares Universidade do Estado do Pará

Examinador Externo

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À Deus, criador dos céus e da terra, meu guia e meu protetor. Ao meu pai (in memoriam) e a minha mãe que me deram oportunidade de estudar em bons colégios, que me serviram de base para a minha vida profissional.

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Os agradecimentos são muitos e a ordem é insignificante, porque em importância, todos tiveram o seu valor.

A CAPES pela oportunidade criada;

A UNESP por ofertar uma excelente plataforma de ensino, que muito nos auxiliou neste processo de aprendizagem;

Ao GEPEC que me despertou a vontade de retornar ao mundo acadêmico da pesquisa e produção cientifica;

Ao Professor Doutor José Pereira de Melo, pela sua benéfica e sábia orientação;

Ao Professor Doutor Antônio de Pádua dos Santos, pela vibrante coordenação, sempre disposto a nos ajudar.

A Felipe Brito, Secretário do Mestrado na UFRN, pela sua presteza.

Ao meu amigo João Ananias, que me trouxe o Edital e me incentivou na caminhada.

Aos quinze alunos da primeira turma do PROEF, pela boa convivência, pela união que nos fortaleceu nos momentos mais difíceis, não posso deixar de ressaltar.

Ao núcleo Gestor da Escola Estadual Justiniano de Serpa, pela cooperação e viabilização do meu projeto de intervenção.

Em especial, agradeço ao amigo Antônio Jansen Fernandes, pela ajuda nos momentos de dificuldade e pela sua paciência em me ajudar nesses dois últimos anos. Chegamos ao final, certa de que amadureci e melhorei como pessoa e que frutos vou colher desse Mestrado, assim seja.

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“A educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter” (Platão).

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modalidades. No entanto, muitos desafios ainda estão presentes nesta profissão, sendo um deles, trazido a luz do debate neste trabalho, que é a falta de aderência das meninas nas aulas práticas de Educação Física no Ensino Médio. Esta temática, é pouco explorada dentro dos meios acadêmicos, situação que ficou evidente na produção do estado da arte deste trabalho, que pesquisou pouco menos de dois mil e quinhentos artigos, onde deste universo apenas nove tratavam sobre esta problemática. Realizou-se então uma pesquisa de campo com as alunas regularmente matriculadas no Colégio Estadual Justiniano de Serpa, localizado na cidade de Fortaleza, Ceará, para inicialmente levantar quais os motivos as distanciavam dos momentos práticos da disciplina. Logo em seguida, munida dos dados, confeccionou-se um plano de intervenção prático, visando aumentar a aderência deste púbico, trazendo para as aulas as atividades que as próprias haviam elencadas como prazerosas e interessantes. Conseguiu-se com este primeiro momento um aumento pouco significativo da aderência do público alvo da pesquisa. Mas com os dados obtidos neste primeiro projeto de intervenção, foi possível traçar um segundo momento que ocorreu de maneira experimental após as aulas, o que eliminou algumas dificuldades que eram apontadas pelas discentes como limitadoras de sua participação, como o pouco tempo para higienização pós aula e para retornar para as outras aulas e as intemperes do clima dos quais as alunas eram expostas. O projeto funcionou de maneira experimental por pouco mais de um mês, onde foi ofertado para as alunas atividades de ginástica, aulas de ritmos e funcional, três vezes por semana. Ao fim deste segundo projeto de intervenção, o aumento percebido na aderência por parte das meninas foi considerável, contando com uma média geral de quase cem meninas. Após aplicação do projeto, conseguiu-se uma ampliação gradativa das horas aulas semanais da disciplina iniciando pelas turmas de terceiros ano, e a aprovação do projeto após as aulas, outro fator positivo, foi a mudança de status da disciplina que passou a ser vista de maneira mais positiva, não só pelo núcleo gestor como pelos alunos e demais funcionários da escola. Estes resultados comprovam que mesmo a disciplina de Educação Física escolar enfrentando grandes desafios dentro do ambiente escolar é possível aos professores traçarem estratégias para transformar os desafios e dificuldades em oportunidades, para que nenhum aluno ou aluna tenha o seu direito de vivenciar sua corporeidade tolhido, ajudando assim em sua formação integral.

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However, many challenges are still present in this profession, one of them, brought to light by the debate in this work, which is the lack of adherence of girls in practical classes of Physical Education in High School. This theme is little explored within academic circles, a situation that was evident in the production of the state of the art in this work, which researched just under two and a half thousand articles, of which only nine out of this universe dealt with this problem. A field research was then carried out with the students regularly enrolled at the Colégio Estadual Justiniano de Serpa, located in the city of Fortaleza, Ceará, to initially assess the reasons that distanced them from the practical moments of the discipline. Soon afterwards, armed with the data, a practical intervention plan was created, aiming to increase the adherence of this audience, bringing to the classes the activities that they themselves had listed as pleasant and interesting. With this first moment, a small increase in the adherence of the research target audience was achieved. But with the data obtained in this first intervention project, it was possible to trace a second moment that occurred in an experimental way after classes, which eliminated some difficulties that were pointed out by the students as limiting their participation, such as the short time for post-class hygiene and to return to the other times and the weather of the climate to which the students were exposed. The project worked on an experimental basis for just over a month, where it was offered to the students gymnastic activities, rhythm classes and functional three times a week. At the end of this second intervention project, the perceived increase in adherence by girls was considerable, with an overall average of almost 100 girls. These results prove that even the discipline of Physical Education at school facing great challenges within the school environment it is possible for teachers to outline strategies to transform challenges and difficulties into opportunities, so that no student or student has the right to experience their stagnant corporeality, helping thus in their integral formation. Keywords: High school. School Physical Education. Adherence.

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Tabela 1 – Atividades desenvolvidas ... 60

Tabela 2 – Aulas desenvolvidas após o turno ... 64

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Gráfico 1 – Faixa etária pesquisada ... 49

Gráfico 2 – Participação nas aulas práticas no fundamental ... 51

Gráfico 3 – Participação nas aulas práticas no Ensino Médio ... 54

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Quadro 01 - Periódicos pesquisados para elaboração do estudo ... 39 Quadro 02 - Anais do CONBRACE... 40 Quadro 03 - Temas encontrados sobre educação física escolar ... 42 Quadro 04 - A relação entre a quantidade de artigos publicados

anualmente em cada periódico e o resultado da busca do termo “Educação Física Escolar”...

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Quadro 05 - Temas encontrados sobre Educação Física Escolar .... 45 Quadro 06 - Total de trabalhos pesquisados ... 46

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BNCC - Banco Nacional Comum Curricular

CONBRACE - Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBCE - Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte

ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio GTT - Grupo de Trabalho Temático

LDB - Lei de Diretrizes e Bases

LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

PROEF - Programa de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional –

RBEFE - Revista Brasileira de Educação Física e Esporte

SEFOR - Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza UECE - Universidade Estadual do Ceará

UNESP - Universidade Estadual Paulista

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1 INTRODUÇÃO... 15 2 PERCURSO METODOLÓGICO... 19 2.1 TIPO DE ESTUDO... 19 2.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA... 19 2.3 LOCAL E PERÍODO... 19 2.4 INSTRUMENTOS... 19 2.5 ASPECTOS ÉTICOS... 19

2.6 ANÁLISE DOS DADOS... 20

3 REVISÃO DE LITERATURA... 21

3.1 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA... 21

3.2 A ADERÊNCIA DOS ALUNOS AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 26 3.3 DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA AS AULAS PRÁTICAS.... 34

4 ESTADO DA ARTE... 37

5 A ADERÊNCIA DAS MENINAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: O CASO DO COLÉGIO ESTADUAL JUSTINIANO DE SERPA... 48 5.1 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS... 46

5.2 PROJETO DE INTERVENÇÃO COM AS PREDILEÇÕES DAS ALUNAS... 60

5.3 PROJETO DE INTERVENÇÃO COM AULAS DESENVOLVIDAS APÓS O TÉRMINO DAS AULAS... 63 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES... 66

REFERÊNCIAS... 69

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1 INTRODUÇÃO

A Educação Física, passou ao status de componente curricular a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), no ano de 1996, na qual destaca em seu Art. 26 que a “Educação Física é componente curricular que integrada à proposta pedagógica da escola”.

Tal passagem, nos apresenta que ela deve ser trabalhada em toda a Educação Básica, ou seja, da pré-escola ao final do Ensino Médio, buscando apresentar aos alunos, todas as atividades que fazem parte da cultura de movimento, mas o que se percebe, é que o aluno ao adentrar no Ensino Médio, apresenta certa desmotivação em relação às aulas práticas, podendo então, essa não participação nas aulas gerar uma perda de oportunidade de novas vivências motoras.

Neste sentido, a Educação Física, desenvolvida dentro da escola, visa fazer com que o aluno possa se apropriar dos conteúdos que fazem parte da cultura de movimento, que são os jogos, esportes, lutas, dança, ginásticas e brincadeiras, podendo assim, também, aprender acerca da atividade física, anatomia e fisiologia humana, sobre a relação entre a atividade física e qualidade de vida, pois esta disciplina, é muito mais que somente esportes, sendo uma ferramenta para a aprendizagem social, possibilitada pela cultura de movimento.

Em síntese, ela busca fazer com que o discente ao sair da Educação Básica, possa ter interiorizado a importância de praticar atividade física, para ter uma vida longa e com qualidade, conheça e entenda seu corpo nas esferas anatômicas, fisiológicas e psicológicas, bem como, tenha aprendido sobre a importância de respeitar as regras e códigos de condutas presentes no meio esportivo, que muito lhe serão úteis em sua convivência na sociedade, além de ter vivenciado diversas modalidades, podendo assim, conhecer suas predileções e continuar a praticá-las regularmente, após o encerramento da Educação Básica.

Como discorre Bento (2004), a Educação Física, é a principal disciplina presente no currículo das escolas que pode estimular o aluno desenvolver seu corpo, fazendo com que o mesmo possa conhecer seus limites, potencialidades e interesses, sendo assim, esta disciplina, é a porta de entrada para a busca de uma vida mais saudável, longe do sedentarismo, que cada vez se faz mais

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presente em nossa sociedade, inclusive tendo esta doença apresentado crescimento considerável, no Ensino Médio, como nos retrata os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) (20065).

Mesmo com tantos ganhos potenciais proporcionados por esta disciplina, a Educação Física, ainda não possui status igual as demais matérias, sendo muitas vezes, taxada como simples de ser realizada, não passando de uma mera hora de lazer para os alunos, onde eles irão gastar suas energias, ou seja, se resume somente a entregar a bola para os alunos jogarem. Esta visão, está de tal forma enraizada dentro da escola, que é uma missão hercúlea quebrar com tal paradigma, que foi construído ao longo da história. Não bastasse tal situação, as aulas de Educação Física, sofrem com inúmeros problemas, desde a falta de materiais e espaços adequados, até o desinteresse em participar das aulas.

Ademais, estes problemas por serem tantos não caberiam neste trabalho, focarei em um, que interfere diretamente na qualidade das aulas ministradas pela pesquisadora, que é a falta de aderência por parte das meninas em participarem das atividades práticas propostas pelo professor.

Nesse sentido, as aulas de Educação Física, há muito tempo, deixaram de ser separadas por gênero, onde tal situação ocorria na época do militarismo, em que, a disciplina, servia para a preparação de homens fortes, preparados para servirem como força de trabalho ou para defenderem sua pátria.

Porém, com o passar do tempo, esta matriz puramente biológica, veio perdendo espaço, e vem cada vez mais se trabalhando o indivíduo por completo, fazendo com que as aulas passassem somente de um momento de mera repetição mecânica de movimentos, para uma aprendizagem significativa.

Atualmente, deve-se estimular o trabalho em grupo e realizar as atividades, sejam elas utilizando esportes coletivos ou atividades físicas individuais, de maneira a integrar meninos e meninas, levando em consideração, é claro, as individualidades biológicas de cada um.

Nesse aspecto, busca-se com estas aulas, que os alunos possam usufruir de uma prática prazerosa, relaxante para o corpo e mente, para que ele possa seguir seu dia de aprendizagem mais leve. Contudo, o que se percebe facilmente, é que existe uma parcela considerável de alunos, que não se dispõem a participar

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das aulas práticas, sendo que a grande maioria que perfaz este quantitativo, é formado por meninas.

Como profissional, tal situação sempre causou a pesquisadora, um grande desconforto, pois as meninas em quase todas as salas são a maioria, o que gera um esvaziamento considerável nas intervenções práticas. Outro fator preocupante, se dá em saber as percas motoras, sociais e psicológicas, que a não participação nas aulas, podem acarretar nestas alunas, porém, mesmo retirando partes consideráveis para explicar os riscos provenientes do sedentarismo, não houve uma conscientização significativa.

Esta falta de aderência por parte do público feminino, faz com que as aulas práticas não atinjam seus objetivos, sem propiciar os benefícios elencados anteriormente. Logo, se faz necessário um estudo mais aprofundado acerca do tema, para que seja possível entendermos quais fatores são responsáveis por esta situação, com o objetivo de buscar maneiras de superá-los, fazendo com que as aulas práticas, possam contar com a participação de todos os alunos, propiciando que principalmente as meninas, possam se desenvolver de maneira completa ao participarem destes momentos.

Buscou-se elencar quais os motivos que contribuem para a baixa aderência das meninas nas aulas de Educação Física no Ensino Médio, visando identificar os motivos que afastam as meninas das aulas práticas, para que se possa contribuir com um aumento da aderência nas aulas, procurando realizar um estudo da realidade para saber o que as alunas (não) gostam de fazer nas aulas de Educação Física no Ensino Médio e apontar estratégias de ensino-aprendizagem, que possam estimular o interesse dos alunos pelas aulas de Educação Física no Ensino Médio.

Por lecionar neste nível de ensino há oito anos, a pesquisadora percebeu, que as meninas sempre apresentam uma grande resistência em participarem das aulas práticas, tal situação despertou a necessidade de entender quais motivos as levam a tal comportamento.

Desse modo, a pesquisadora, ao ingressar no Mestrado Profissional, resolveu enveredar por este caminho, pois este curso possui em seu cerne, a melhoria dos profissionais que estão atuando na Educação Básica, porém, não lhe foi dado afastamento para cursar, o que fez com que a mesma focasse em

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um problema mais imediato, que afetasse substancialmente suas aulas. Assim, a necessidade de observar os motivos que contribuem para a baixa aderência das meninas nas aulas práticas de Educação Física no Ensino Médio, torna-se necessária, para que ao conhecer melhor tais fatores, seja possível pensar e propor soluções para possível superação do mesmo.

Ao fim deste trabalho, espera-se conseguir entender os fatores que causam este desinteresse, para que seja possível buscar e traçar alternativas e métodos para superá-los, visto que a Educação Física Escolar, há muito tempo, deixou de ser uma disciplina onde o professor somente entregava a bola para os alunos jogarem e as recuperações, se davam com voltas ao redor da quadra, privilegiando os fatores físicos em detrimento à formação integral do educando.

Ao realizar a pesquisa do Estado da Arte, foi notório a falta de exploração desta temática nos meios acadêmicos, tendo um enfoque maior na área fisiológica, onde esta situação preocupa bastante, visto que as percas motoras, advindas nesta etapa do desenvolvimento, podem perdurar ao longo da vida do indivíduo. Portanto, se faz necessário aumentar a pesquisa neste campo do conhecimento e que se dê uma maior importância a área da Educação Física Escolar, que muito tem a contribuir com as demais áreas que compõem a Educação Básica.

Estar integrada, como explica a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) (1996), é fazer uma Educação Física mais atuante, diversificando as atividades, para que cada vez mais alunos possam participar, trabalhando de forma ampla a teoria e a prática, tão presentes em nossa área, com o intuito de propiciar ao educando os ganhos possibilitados pela mesma. E incluir todos, durante estas aulas, é o passo inicial para isso, desenvolvendo assim, uma sociedade mais consciente em relação a necessidade de praticar atividades físicas de maneira regular, para poder ter mais qualidade de vida.

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2 PERCURSO METODOLÓGICO

Neste capítulo, se abordará o percurso metodológico, que será seguido ao longo deste trabalho, para que se possa alcançar os objetivos propostos. Logo, a tarefa que se faz primordial para o pesquisador, como nos elucida Minayo (1993 p. 15) é “construir um percurso metodológico de pesquisa que esteja em conformidade com o objeto de análise e a realidade investigada”. Para que se possa alcançar tal intentos, se dividirá este percurso em cinco partes distintas. 2.1 TIPO DE PESQUISA

Tratou-se de um Estudo de Caso, da realidade presente no Colégio Estadual Justiniano de Serpa, sendo um trabalho de natureza quantitativa, que buscou identificar os motivos que geram a baixa aderência nas aulas de Educação Física do Ensino Médio, pelas alunas regularmente matriculadas no referido Colégio.

2.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Os alunos matriculados no Ensino Médio, nas turmas do 1º, 2º e 3º anos do Colégio Estadual Justiniano de Serpa, sendo a amostra compostas pelas alunas regularmente matriculadas no Colégio.

2.3 LOCAL E PERÍODO

A pesquisa foi desenvolvida no Colégio Estadual Justiniano de Serpa, pertencente a Rede Pública Estadual de Ensino, localizado na Cidade de Fortaleza, Ceará. A pesquisa se desenvolveu entre os meses de outubro e novembro de 2019.

2.4 INSTRUMENTOS

Se utilizou o Questionário com perguntas abertas e fechadas (Apêndice A), bem como a Observação participativa.

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A pesquisa respeita os Aspectos Éticos e foi submetida ao Comitê Ética com seres humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, cadastrada na plataforma Brasil n° 23709019.8.0000.5537, cujo parecer de aprovação é de n° 4.062.725, respeitando assim, todos os preceitos éticos estabelecidos, no que se refere à zelar pela legitimidade das informações, privacidade e sigilo das informações, quando necessárias, tornando os resultados desta pesquisa públicos.

2.6 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados obtidos no questionário, foram organizados no Excel For Windows 2016, analisados e representados graficamente. Na sequência, foram apresentados e discutidos com base na análise e interpretação dos dados adquiridos, bem como, a discussão à luz de autores, para que assim, se possa apontar caminhos para que mais alunas participem das aulas práticas de Educação Física no Ensino Médio.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

A disciplina de Educação Física Escolar, faz parte da grade curricular, de maneira oficial desde a promulgação da LDB em 1996, no entanto, a mesma vinte e três anos depois, ainda tenta afirmar-se como saber sistematizado, buscando seu espaço para auxiliar os educandos no seu desenvolvimento integral.

3.1 O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Dentro do ambiente escolar, a disciplina de Educação Física, assume uma infinidade de papeis e possibilidades, não se resumindo apenas a execução automatizada de gestos motores, que por muito tempo, perdurou dentro da área, transcendendo sim, as possibilidades de autoconhecimento, melhoria da coordenação motora, respeito as regras e aprendizado de modalidades esportivas, dentre outras, cada uma dependendo do grau de interesse e formação dos professores.

Mesmo esta disciplina, tendo sido incorporada dentro da escola há mais de 100 anos, possuindo um viés totalmente biológico, buscando neste período segundo Rodrigues (2013, p. 19), o “fortalecimento do organismo, propiciando o desenvolvimento de habilidades úteis à vida, criando hábitos culturais de higiene”, a evolução da área propiciou esta abrangência ampliada. Como explana Piccolo (1993, p. 13):

O principal papel do professor, através de suas propostas, é o de criar condições aos alunos para tornarem-se independentes, participativos e com autonomia de pensamento e ação. Assim, poderá se pensar numa Educação Física comprometida com a formação integral do indivíduo. Dessa forma, pode-se enfatizar o papel relevante que a Educação Física tem no processo educativo. O que, na verdade, ameaça a existência desta disciplina nas Escolas é a sua falta de identidade. Ela sofre consequências por não ter seu corpo teórico próprio, isso é, a informação acumulada é vasta e extremamente desintegrada por tratar-se de uma área multidisciplinar.

A disciplina de Educação Física, sai à frente da grande maioria das demais disciplinas escolares, por ser uma das poucas que trabalham o corpo do aluno, estimulando que ele se mova, o professor ganha a sua confiança e o seu carinho, ampliando assim a sua abrangência, sendo por conta disso, um dos

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professores mais respeitados dentro da escola, o que leva aos docentes de outras disciplinas, afirmarem que tal situação, ocorre por conta de o mesmo trabalhar com bola e brincadeiras, o que seria, os maiores interesses dos alunos (ANTUNES, 2005).

Dessa forma, se nos debruçarmos sobre tal situação, pode-se perceber, que os motivos que levam à esta situação, são bem maiores do que o mero ato de entregar a bola para a criança brincar, ou gastar as suas energias.

Para Freire (1989, p. 49) “a criança é uma especialista em brincar, cria atividades e se organiza em suas atividades corporais. Porém, ao chegar à escola, é impedida de assumir sua corporeidade anterior”, sendo então, às aulas de Educação Física, o seu refúgio, onde pode empreender na tarefa de conhecer as suas possibilidades e limitações corporais.

Quando ocorre esta diminuição da importância da disciplina realizada pelos demais professores, se esquecem de um fator primordial, pois acaba-se não levando em consideração a grande diferença da significação dada ao brincar e ao brinquedo pela criança, em comparação aos adultos. Oliveira (1986, p. 30) relata:

Enquanto para o adulto brincar significa entreter-se com coisas amenas, esquecer, ainda que de maneira passageira as desilusões e momentos de tensão, a criança, através do brinquedo, fazem sua incursão no mundo, trava contato com os desafios e busca saciar sua curiosidade de tudo conhecer. No brinquedo infantil, práticas e interpretações sociais estão representadas, e sua análise nos propicia uma incursão nos problemas econômicos, sócio-culturais e políticos existentes em nossa sociedade.

A escola ao agir assim, não dando a real importância à disciplina, acaba por deixar o corpo do aluno em segundo plano, sendo o mesmo visto como um obstáculo a aprendizagem, por mover-se demais, como se pudesse aprender sem o seu corpo. Freire (1989), realça que, seria interessante para a escola, se fosse possível matricular somente o cérebro dos alunos. Não conseguindo entender que as aprendizagens corporais, podem sim auxiliar e muito nas aprendizagens cognitivas, pois, se a criança possui uma coordenação motora fina desenvolvida, por exemplo, tal situação a auxiliará muito no seu processo de alfabetização.

Quanto a isso, Mattos (2000, p. 42) afirma que “a aprendizagem da educação física é um procedimento essencial na construção intelectual e moral”.

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Saad (2008), ilustra que, a principal missão da Educação Física, é a promoção da qualidade de vida, utilizando para isso as atividades físicas e desportivas e se essa iniciação não ocorrer dentro da escola, o professor terá falhado em sua missão de educador.

Complementando o que os autores acima afirmam Betti (1998, p. 19), considera, que a disciplina de Educação Física na escola, apresenta como principal finalidade “introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do brincar, da dança, em benefício da sua qualidade vida”.

Como pode-se observar, um ponto pertinente na fala destes três autores, é a qualidade de vida e a formação cidadã propiciada por esta disciplina, logo faz-se necessário, que faz-se amplie ampliemos este debate e analifaz-semos como faz-se dão estes ganhos colocados pelos autores, para que assim se possa provar o papel primordial que se tem dentro da escola.

Afirma Rodari (1982, p. 142), “o professor é um promotor da criatividade e não mais apenas um transmissor de um saber pronto”.

Esta construção intelectual e moral, colocada como sendo uma das possibilidades proporcionadas na escola pela disciplina de Educação Física, se dá de diversas maneiras, sejam durante as aulas práticas onde o professor trabalha ações cooperativas, e de respeito aos adversários, ou ao aprender sobre regras e como só é possível praticar um esporte aos segui-los, tais aprendizagens, são interiorizadas pelos alunos e levadas para a sua vida pós-escolar.

Esta cultura de movimento falada anteriormente formada pelos jogos, brincadeiras, esportes, ginásticas, dança e lutas, são o centro principal da disciplina, e apresentar o aluno a todas estas possibilidades, é a missão do professor de Educação Física Escolar, não cabendo na sociedade atual, o professor limita-se somente as modalidades esportivas coletivas (SOARES, 1990).

Esta disciplina proporciona ao aluno, através dos jogos e brincadeiras, o conhecimento da sociedade a qual pertence, sua formação cultural e histórica, e os jogos e brincadeiras populares, que veem cada vez mais perdendo espaço

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dentro da sociedade contemporânea, são áreas importantíssimas a serem trabalhas, possibilitando uma integração com as demais disciplinas que compõem o currículo escolar.

O esporte dentro da escola, historicamente sempre foi pautado em esportes coletivos, geralmente os que possuem uma maior aparição na mídia e têm um maior investimento financeiro, logo, as aulas eram pautadas em futebol, vôlei, basquete e handebol, parecendo que só existiam estes esportes. No entanto, a cada ano que passa, luta-se mais por um esporte tanto mais diversificado, quanto menos competitivo, pois a escola, não deve buscar a produção de talentos esportivos e sim de pessoas conscientes da prática esportiva, como uma ferramenta de lazer e qualidade de vida, apresentando ao educando o maior número possível de modalidades, para que ele possa entender a importância das regras dentro de cada contexto, e levar isso para a sua vida adulta (TUBINO, 1992).

As lutas, a ginástica e a dança, possibilitam ao aluno conhecer e potencializar o seu corpo, executando movimentos de domínio corporal cada vez mais complexos e que exigem dos mesmos, uma coordenação dos grupamentos musculares cada vez mais ampla.

Estes conteúdos jamais podem ser negligenciados, como historicamente vem sendo, pois, ao estimular que o discente entenda sobre o seu corpo, limitações e possibilidades a ele impostas por cada atividade, se está estimulando uma consciência corporal ampliada.

Para Silva (2012, p. 41), estas atividades propiciam dentre outros aspectos, como:

Desenvolvimento da memória, do raciocínio, da autoestima e autoconfiança, estimulando a capacidade de solucionar problemas de maneira criativa, fazendo com que a criança tenha uma melhor relação consigo mesma e com os outros, ampliando seu repertório de movimentos, despertando no aluno uma relação concreta de sujeito-mundo.

Outra possibilidade que vem se apresentando, é a perspectiva de aprendizagem do funcionamento do próprio corpo, com o intuito do aluno valorizar o seu organismo e entender como se dão os processos fisiológicos em repouso e ao colocar o corpo, sobre estresse de alguma atividade física. Entendendo como o organismo se comporta a cada tipo de atividade, tais saberes, vêm ganhando

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cada vez mais espaço dentro do Ensino Médio, sendo até mesmo um conteúdo cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Para que seja possível atingir toda estas possibilidades apresentadas, até aqui, o professor, jamais poderá deixar de oportunizar a seus alunos, debates sobre os temas levados nas aulas, valorizando sempre os conhecimentos que os alunos já possuem, que muito podem agregar durante as aulas, pois na sociedade globalizada em que se vive, o conhecimento está a um toque de distância e os alunos dispõem de ferramentas que os auxiliam nesta busca, e quando o professor incorre no erro de negligenciar estes conhecimentos construídos fora da escola pelos seus alunos, ele perde uma grande possibilidade de os ampliar e estimular que este discente continue sempre em busca de novos conhecimentos, não limitando-o, a ficar como um mero espectador, da sua própria aprendizagem. Outro papel possibilitado a esta disciplina dentro da escola, é a quebra de preconceitos e estereótipos colocados pela sociedade.

Certifica-se aqui, o fato de que, a escola, é um ambiente onde ocorre a reprodução pelos alunos de comportamentos vistos dentro da sociedade, levando-se em consideração, que estes indivíduos, estão em processo de formação enquanto pessoa, e que são facilmente manipulados, seja pela mídia ou pelos grupos sociais dos quais participam, cabendo a escola participar ativamente deste processo, ajudando o educando.

Quanto a este fenômeno Louro (2000, p. 8) realça:

De qualquer forma, investimos muito nos corpos. De acordo com as mais diversas imposições culturais, nós os construímos de modo a adequá-los aos critérios estéticos, higiênicos, morais, dos grupos a que pertencemos. As imposições de saúde, vigor, vitalidade, juventude, beleza, força são distintamente significadas, nas mais variadas culturas e são também, nas distintas culturas, diferentemente atribuídas aos corpos de homens ou de mulheres. Através de muitos processos, de cuidados físicos, exercícios, roupas, aromas, adornos, inscrevemos nos corpos marcas de identidades e, consequentemente, de diferenciação

Como foi frisado anteriormente, o professor de Educação Física, tende a ter um relacionamento mais próximo aos alunos, o que de certa forma facilita para este profissional buscar debater em suas aulas, os preconceitos de gênero, as doenças psicológicas relacionadas à imagem corporal, como a bulimia, anorexia e vigorexia, que estão bastante presentes entre os jovens, bem como os padrões estéticos impostos pelas mídias, repudiando assim qualquer tipo de preconceito.

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Pode-se perceber, que a disciplina de Educação Física, dentro da escola, assume papeis diversificados e que pode agir como um fator importantíssimo na formação do aluno, enquanto cidadão, conhecedor de seus direitos e deveres, consciente do seu corpo, das possibilidades a eles colocadas, conhecendo as diversas modalidades que podem ser praticadas por ele depois que o mesmo encerrar seu ciclo educacional.

Nota-se que a fala de Medina (1987, p. 24), torna-se atual, pois dentro da sociedade contemporânea, que é pautada no imediatismo, o aluno.

De repente, é preciso cuidar do corpo. É preciso tirar o excesso de gordura. É preciso melhorar a “performance” sexual. É preciso melhorar o visual. É preciso competir. É preciso, acima de tudo, vencer. Vencer no esporte e vencer na vida. Mas acontece que nunca perguntamos a nós mesmos o que é realmente vencer na vida. Dentro deste panorama, a Educação Física se desenvolve e se prolifera em nosso país. E hoje, mais do que em nenhuma outra época, ela vem atendendo a toda essa demanda da sociedade de consumo. Desta forma, são os seus profissionais orientados a preencher este enorme campo que se abre; um campo de trabalho sem precedentes na história da Educação Física nacional, e que já ultrapassa em muito o âmbito escolar a que basicamente se restringia o licenciado tempos atrás. Este é um traço do perfil generalizado do profissional da Educação Física no Brasil. E é por meio deste tipo de relação que, segundo me parece, podemos analisar parte da falência desta disciplina como proposta de real valor: aquela Educação Física entendida como disciplina que se utiliza do corpo, através de seus movimentos, para desenvolver um processo educativo que contribua para o crescimento de todas as dimensões humanas. Então, a disciplina de Educação Física, assume nesta sociedade imediatista, um papel de porto seguro para os alunos, os auxiliando a se compreenderem melhor, moldando assim não só o seu caráter, mas, a sua imagem corporal, aceitando-se e o estimulando a entender o outro. Há muitos anos deixamos de ser somente os professores que entregavam a bola e passamos a formar cidadãos, mais conscientes e atuantes.

3.2 A ADERÊNCIA DOS ALUNOS ÀS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Quando refere-se a aderência dentro das aulas de Educação Física Escolar, se cita a participação dos alunos nas aulas práticas desta disciplina, pois a sociedade moderna, trouxe um fenômeno bem peculiar à esta matéria, em virtude de inúmeros fatores, que são discutidos a fundo neste capítulo. Os alunos da sociedade da informação, estão cada vez mais resistentes em participarem

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das aulas, tal situação gera grandes perdas para os mesmos e torna-se um problema a ser analisado e superado pelos professores.

A falta de aderência durante as aulas práticas no Ensino Médio, vêm crescendo gradativamente, acredita-se que este fenômeno, vem sendo acarretado pelas experiências dos alunos durante o ciclo escolar, principalmente durante os anos referentes ao Ensino Médio, pois o mesmo vem nos anos anteriores de certa forma ativo. É preciso reconhecer que crianças até determinada fase da adolescência, se mantêm razoavelmente ativas. Contudo, nota-se um grande afastamento da atividade física logo após esse período (DARIDO, 2009).

Pouco se tem produzido acerca desta temática, como pode-se perceber, no Estado da Arte dos 2.467 trabalhos pesquisados, nos eventos e periódicos mais respeitados dentro da área, somente 9 tratavam diretamente o tema deste trabalho, o que perfaz somente 0,4% do total. E destes trabalhos, nenhum tratava diretamente sobre este fenômeno presente no público feminino. O que faz com que este estudo tenha uma grande relevância cientifica, visto que o público feminino é maior que o masculino no ambiente escolar.

Estudando mais a fundo todos os trabalhos encontrados que citam a situação do desinteresse ou falta de aderência dos alunos nos mais diversos níveis e modalidades de ensino, foi possível elencar diversos fatores, que segundo os autores utilizados, seriam os causadores desta situação. Em função da grande variedade de situações, discutiu-se separadamente e, apontaremos o que cada autor citou, como sendo uma possibilidade para a superação das mesmas.

Como principais motivos, se encontrou, a falta de motivação por parte dos estudantes, a ausência de materiais e espaços adequados para as aulas, a monocultura esportiva, a falta de diversificação das aulas, o tempo reduzido das aulas, a inatividade física cada vez mais característica dos jovens, a desmotivação dos professores e a falta de auxílio da gestão escolar.

A motivação, é um fator imprescindível para qualquer atividade laboral humana, e dentro da escola não seria diferente, todos precisam estar motivados para que a aula aconteça a contento. Esta desmotivação, está atrelada aos demais fatores citados acima, pois o aluno quando se fala de aulas práticas,

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sempre tendem a vir motivados no início do ano letivo, pois é nesta disciplina que eles têm a possibilidade de se movimentar, brincar, descobrir sua corporeidade e gastar suas energias, porém, se ele não for constantemente estimulado, esta motivação vai se esvaindo ao longo do período letivo.

Quando se sobre motivação dos educandos para às aulas de Educação Física na escola, Tavares (2016, p. 29) adverte que “a motivação é vista como um dos principais fatores para aquisição de uma vida saudável quando se trata de atividade física”.

Segundo Raasch (1999, p .96) “para causar uma motivação nos alunos, é indispensável considerar as formas de pensar e aprender, e dessa maneira, desenvolver temáticas de ensino que partam de suas condições reais, para que assim as aulas sejam mais instigantes e desafiadoras para os alunos”.

Outro ponto apresentado recorrentemente em diversos estudos, é a ausência tanto de materiais, como de espaços adequados, para que o professor possa desempenhar o seu papel, sendo que tal situação, impacta de maneira significativa na participação dos alunos, que ficam bastante incomodados.

Esta ausência de espaços adequados, sempre foi uma grande dificuldade para a área, e vem se agravando a cada ano, visto que a algumas décadas, os espaços informais de práticas esportivas, como os campinhos, eram mais fáceis de encontrar, o que não ocorre atualmente em função da especulação imobiliária. Outro fator é a violência, que faz com que os professores evitem levar seus alunos para locais fora das escolas (SOARES, 1996).

Quanto a isso Batista (2001, p. 15) coloca que “nem sempre as escolas dispõem de lugar apropriado onde se possa desenvolver as atividades práticas, pois quando se inicia a construção de uma unidade escolar não é dada como prioridade a alocação de espaços para a prática da Educação Física”.

Raras são as escolas que possuem as quadras construídas a uma distância adequada das salas de aula, o que gera um outro problema, desta vez com os demais professores, pois a imensa maioria das quadras ou pátios, que são utilizados como espaços para a realização das aulas, encontram-se construídos bem ao lado das salas, e quando inicia-se a aula e os alunos realizam os sons inerentes a este momento, tal situação atrapalha o andamento da aula

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dos colegas, que não veem estas aulas com sua importância e reclamam as instâncias superiores, causando mal-estar entre os docentes.

Tal situação, é um espelho da pouca valorização empreendida a esta disciplina pelos governos, fato atestado em quase todos os municípios e estados da federação. Se não existem espaços adequados para a prática e o professor muitas vezes tem que improvisar dentro da própria sala de aula, afastando para isso as cadeiras, o fato se agrava quando fala-se de materiais esportivos, por conta de seu desgaste natural ser acelerado, as escolas não os repõem como deveriam, causando a falta dos mesmos (WITTER, 2002).

Claro que não se está creditando toda a culpa nos gestores, sabe-se que esta desvalorização, parte sim das instâncias superiores, mas ela vem se agravando até chegar à escola, não sendo raro, o professor não ter nenhum material para dar aula, tendo que apelar para materiais reciclados, ou então tirar do seu pagamento para adquirir material para as suas aulas.

Outro fator que gera a falta de aderência nas aulas, é a insistência dos professores em manter a monocultura esportiva, em uma sociedade pautada no acesso rápido a informação, e que possibilita a diversificação das aulas, com a utilização das tecnologias, não cabendo mais ao professor, limitar seus temas ao esporte coletivo, porém, tal prática, está enraizada dentro da cultura escolar e essa influência remete aos primórdios da Educação Física Escolar, onde a mesma possuía matriz exclusivamente corporal.

Existe, na verdade, uma subordinação desta disciplina ao esporte, onde este apresenta uma representação do esporte na escola, que simplesmente reproduz os códigos, sentidos e significados presentes no esporte, sem, no entanto, adaptá-lo a especificidade do ambiente escolar. Tal situação, acarreta uma ressignificação dos papeis dentro da escola, passando o aluno a ser visto como um atleta e o professor como um treinador (COLETIVO DE AUTORES, 2009).

Além do mais, o esporte não deve ser trabalhado na escola por este viés, o aluno não é um atleta mirim, e a competitividade exagerada presente no esporte escolar, ao invés de ajudar no desenvolvimento do educando, pode ser prejudicial a ele, pois o professor deve apresentar os esportes e não selecionar os mais aptos ou os que apresentam maior desenvoltura para uma determinada atividade,

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pois ao fazer isso, ele acaba excluindo os demais alunos, fazendo com que eles nem se interessem em tentar aprender o esporte trabalhado. Bracht (2010, p. 9), cita:

Aprender esporte significa não só adquirir essa destreza motriz, mas também competência de situar o esporte na história, perceber como os interesses econômicos e políticos interferem no seu desenvolvimento, identificar os possíveis benefícios que essa prática pode trazer para a vida, compreender essa prática como direito do cidadão.

Como pode-se observar, o esporte dentro da escola. assume uma perspectiva mais ampliada, propiciando ao aluno realizar uma leitura contextualizada desse fenômeno junto a sociedade, e como o mesmo interfere em seu cotidiano, não cabe mais jogar somente por jogar.

O próximo motivo apontado, está diretamente atrelado ao anterior, que seria a repetição de conteúdo, sejam eles teóricos ou práticos, a disciplina de Educação Física, por muito tempo sofreu pela falta de divisão de conteúdo dentro dos níveis de ensino, o que motivava uma situação que não ocorria nas outras disciplinas, que é a ausência de materiais didáticos de apoio, tanto para o aluno quanto para o professor.

Tal situação, acarretava uma divisão motivada pelos gostos e interesses do professor, o que não gerava uma linearidade dos conteúdos, podendo quando o aluno fosse transferido ver novamente os conteúdos a ele apresentados ou nem mesmo ter contato com eles.

Outra situação era a repetição dos conteúdos, vistos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, onde aparentava que a disciplina não possuía conteúdos suficientes para serem trabalhados durante toda a educação básica, fato que sabe-se ser totalmente infundado. Tal situação, tende a mudar com a promulgação do Banco Nacional Comum Curricular (BNCC), que realiza pela primeira vez na história, a separação dos conteúdos por todas as séries que compõem a educação nacional, fazendo com que os professores se adequem a ela (BRASIL, 2015).

Quanto à repetição dos conteúdos Darido (2004, p. 29) esclarece que: A repetição dos conteúdos é problema comum da Educação Física no Ensino Médio, que reproduz temas apresentados também no Ensino Fundamental. Outro ponto negativo das atividades, na percepção dos estudantes, é a presença de atividades consideradas desagradáveis.

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Estas atividades pontuadas como desagradáveis pelos alunos, são as atividades que os mesmos não conhecem, tal recusa, vista no Ensino Médio, é até certo ponto compreensiva, pois os mesmos passaram o Ensino Fundamental, sem ter contato com práticas variadas, e quando tenta-se trabalhar outras atividades, acaba o professor sofrendo a resistência, que o novo sempre proporciona.

A necessidade de diversificação dos temas abordados nas aulas de Educação Física, principalmente no Ensino Médio, é compartilhada também pelos autores Ferreira, Graebner e Matias (2014), Freitas et al, (2016). Esta maior criticidade aos conteúdos, vista neste nível de ensino, é explicada também por estes autores como sendo natural ao estágio de maturação, presente nos adolescentes. Diversificar as aulas práticas, é o passo principal, rumo ao aumento da participação dos alunos nas aulas, sem privilegiar nenhum conteúdo em detrimento a outro, ampliando e ressignificando a aprendizagem do aluno, propiciando que ele aprenda mais conteúdos presentes na cultura de movimento.

Outro fator apontado como crucial para a situação pesquisada, é o tempo reduzido que as aulas de Educação Física geralmente dispõem, o que atrapalha a logística desta disciplina. A carga horária de cada nível escolar é decidida, pelo próprio sistema de ensino a qual a escola pertence, porém, a situação mais vista é a de duas aulas no Ensino Fundamental e uma aula por semana quando o aluno chega ao Ensino Médio.

Essa baixa quantidade de aulas ofertadas, atrapalha a disciplina de várias maneiras, porém, salienta-se que considera-se como sendo as principais situações que agem de maneira negativa, fazendo com que o aluno apresente desinteresse. No Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino do Estado do Ceará, são ofertadas geralmente apenas uma hora aula de Educação Física por semana, além de ser um número pífio de aulas, as mesmas ainda têm que ser divididas entre aulas teóricas e práticas.

Sabe-se que as aulas teóricas são fundamentais, tanto para ajudar na fixação do conteúdo abordado de maneira prática, quanto por ser um conteúdo cobrado nas provas do ENEM desde 2011, no entanto, retirar a única aula que propicia o movimento não é o caminho, pois faz com que gere uma acomodação nos discentes. Outra questão é que esta aula, de apenas 50 minutos, deve

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abranger a chamada dos alunos, a troca de roupas apropriadas para a realização da aula, o deslocamento até o local, as atividades propostas, a troca de roupa novamente, a assepsia e o retorno à sala de aula, antes da chegada do próximo professor.

O que geralmente ocorre, é que a parte prática propriamente dita, retirando todos os tempos para cada ação necessária, gira em torno de 25 minutos, algo bem abaixo do que necessita este aluno, fato que faz com que muitos alunos reneguem a prática, por não acharem valer a pena tanto esforço, para tão pouco tempo de aula.

A quantidade de atividade física recomendada para esta faixa etária, seria a de pelo menos 60 minutos com intensidade moderada à vigorosa, sendo esta realizada na maioria dos dias da semana, porém, o que é facilmente perceptível é que este público, encontra-se muito distante de tal meta, evidentemente, inúmeras são as razões para tal quadro, que vão desde a violência presente na sociedade atual, passando pela ausência de espaços públicos disponíveis para a prática e os avanços tecnológicos, que acabam estimulando a permanência deste público, por horas à frente de videogames e computadores, cada vez mais acessíveis e realistas (GUEDES 2001).

Não é à toa, que o nível de sedentarismo nesta faixa etária avançou vertiginosamente nas últimas décadas, consequentemente, aumentando os números relativos às crianças e adolescentes compreendidas na faixa etária entre cinco e dezenove anos, que apresentam obesidade ou sobrepeso, onde tais números por si só, já são alarmantes, pois os índices encontrados de obesidade, passaram de 11 milhões de indivíduos em 1975 para 124 milhões em 2016, somando-se a isso mais 213 milhões que apresentaram sobrepeso (HALLAL, 2016).

Outro fator que vale salientar, é que além de tudo isso, nem sempre, as escolas públicas, possuem espaços adequados para que os alunos realizem a sua assepsia após a aula, pois os banheiros disponíveis, são geralmente os de uso comum, não sendo disponibilizado vestiários.

Com tantos fatores, problemas e desafios até aqui apresentados, não é de se espantar que tais situações vão pouco a pouco minando a motivação do professor, sem espaços adequados, tempo disponível para as suas aulas,

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materiais sempre em falta, alunos desmotivados e resistentes a qualquer tipo de atividade que fuja do usual futebol, e gozando de um prestigio mínimo, dentro da realidade escolar este profissional aos poucos vai somente entregando a bola para os meninos, limitando-se apenas a manter a ordem da aula.

Quanto a isso, Castro (2015, p. 15) nos fala acerca desta motivação, que a mesma é:

Um processo que engloba motivos intrínsecos e extrínsecos de cada pessoa, motivos esses construídos nas inter-relações sociais, desde a infância, e que acabam se efetivando na intrapessoalidade. Dessa forma, a cada nova situação vivenciada, novos motivos poderão ser construídos. Por isso, entender a motivação em cada pessoa é, antes de tudo, perceber e entender o ser humano com características e subjetividades próprias, é conceber o desenvolvimento e a aprendizagem como um processo que acontece ao longo da vida de cada um.

Segundo Huertas (2001), toda motivação deve estar relacionada a metas e objetivos, portanto, um bom professor possui metas de ensino, o que tornará o aluno motivado a aprender. Pode-se perceber, com a fala dos autores, que diversos fatores são preponderantes para esta motivação, e que o professor, deve possuir ante estes desafios, as metas que a disciplina de Educação Física almeja, tendo sempre consciência que em todas as atividades laborais existirão desafios, e que o bom profissional é o que consegue, mesmo estando tudo desfavorável empreender e alcançar às suas metas.

Frente ao exposto, tem-se a falta de apoio da gestão das escolas, para com a disciplina de Educação Física, o que gera em conseguinte a desmotivação dos dois atores envolvidos no processo, pois tanto o professor quanto o aluno, são afetados por esta situação. Muito ainda se tem que avançar em relação à valorização desta disciplina e os núcleos gestores das escolas, têm que ser um dos pontos de partida neste processo, se partir desta instância o processo tenderá a ser facilitado.

Ao conseguir fazer com que os diretores e coordenadores, entendam a importância da disciplina para a formação integral dos alunos, o professor ganha um valioso aliado, que poderá junto a ele, lutar para que se tenha uma carga horária maior, espaços e materiais para as aulas melhores, auxiliando-o na motivação do seu alunado, rumo a uma valorização globalizada dentro do ambiente escolar.

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Pode-se notar, que existem inúmeras situações limitadoras quando nos referimos a prática docente do professor de educação física, mas cabe a este profissional lutar em busca de maiores espaços e representatividade dentro da escola, e uma das principais frentes a serem procuradas, é o aumento da carga horária semanal, o que possibilitará mais tempo de intervenção e consequentemente melhorará a sua práxis docente.

3.3 DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA AS AULAS PRÁTICAS

Como foi possível, percebeu-se, até o momento, que a área da Educação Física Escolar, é muito complexa, mesmo não apresentando muitos trabalhos, ela merece uma especial atenção do meio acadêmico, pois os desafios são grandes, porém, tais situações podem ser transformadas, de problemas para soluções, oportunizando grandes ganhos para nossos alunos, diminuído assim, essa porcentagem significativa que não aderem às aulas. Se assim conseguirmos, pode-se atacar uma doença que vem se alastrando entre os adolescentes, que é o sedentarismo. Quando fala-se de possibilidades, refere-se à criação de estratégias e metodologias, que façam com que as aulas sejam mais atrativas para os alunos, desafiando-os não somente na esfera motora, mas na emocional, relacional e cognitiva.

Outrossim, o adolescente, é por si só, um ser questionador, que não aceita correr somente por correr, ele quer saber o porquê de estar correndo, o que esta atividade pode trazer de benefício para a sua vida, e o professor deve ter estas informações para repassá-lo, ou então instigá-lo a ir em busca da mesma, agindo como ponte do educando com o conhecimento.

Os estudiosos da Educação Física escolar como Kunz (1994) e Rangel-Betti (1997), por exemplo, relatam que a disciplina de Educação Física Escolar, jamais poderá sair dos conteúdos como jogos, esportes, ginásticas, danças e lutas, pois estas atividades que integram a chamada por eles cultura de movimento, ou simplesmente cultura corporal, são a espinha dorsal desta disciplina. O que se deve tentar mudar são as formas de vê-las, ensiná-las e referenciá-las dentro da sociedade e da comunidade onde a escola está inserida.

O que se traz como possibilidades para que a Educação Física abra mais seu leque de alternativas, é inicialmente a utilização de todos os conteúdos da

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cultura corporal, pois, historicamente, alguns conteúdos geralmente aceitos e aparentemente consolidados, o são somente no papel, mas não na prática, pode-se citar como exemplo a dança, a ginástica e as lutas. Estes conteúdos, muitas vezes, são deixados de lado por diversos fatores, que serão abordados a seguir.

A dança, possibilita ao aluno ganhos consideráveis de conhecimento corporal, criatividade e noções de ritmos. Quanto a isso, Strazzacappa (2001, p. 29) afirma que:

Dentro da escola esta atividade não está apenas em busca de aptidões motoras, mas também de capacidades imaginativas e criativas” e tal situação ainda de acordo com o autor seria o que a diferencia de outros conteúdos que caracterizam o corpo dos estudantes como um apanhado de alavancas e articulações do tecnicismo esportivo.

Mas, a efetiva utilização deste conteúdo esbarra na formação deficitária apresentada durante a formação do professor de Educação Física, que só possui durante seu curso de graduação, geralmente, apenas uma disciplina de dança, que jamais será suficiente para prepará-lo para ministrar aulas na escola. Efetivamente, a dança na escola, é tratada somente nas festinhas e datas comemorativas, restringindo-se somente à repetição automatizada dos passos da coreografia utilizada, nem sempre sendo o professor de Educação Física, o profissional a trabalhá-la. Outro fator, seria a resistência por parte dos professores, em ministrar este conteúdo em função da sua sexualidade (PEREIRA, 2009).

Outro conteúdo pouco utilizado são as ginásticas, sejam elas a ginástica geral, a olímpica ou a artística e quando este conteúdo é trabalhado na escola, resume-se somente aos movimentos calistênicos, que por muito tempo perduraram dentro da nossa área de atuação, ou então, é tratada como uma ferramenta utilizada apenas para o aquecimento dos alunos. A ginástica, é um conteúdo riquíssimo, que assim como a dança, auxilia o aluno a conhecer-se, movimentar-se pelos espaços de maneira consciente, sendo de importância vital, para o desenvolvimento integral destes indivíduos, que estão em processo de formação (BERTOLINI, 2005).

Por fim, vêm as lutas, em que, estas práticas sofrem duplamente dentro da escola, além da formação deficitária experimentada pela dança, ela tem uma grande resistência por parte da própria escola, que a vê como uma forma de

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estímulo à violência, devendo por tanto ser banida da escola. Outro público também contrário às lutas, é a família dos alunos, que compartilham das opiniões da escola e ainda possuem um grande receio de que o aluno se machuque, durante a sua execução. Para Gomes (2008, p. 54):

As lutas são conteúdos ricos em significados e possibilitam a apreensão de conhecimentos em diferentes dimensões, quer sejam conceituais, procedimentais ou atitudinais. No entanto, para que o conteúdo lutas ocupe espaço significativo na formação de crianças e jovens é necessária a adoção de procedimentos pedagógicos inovadores, uma vez que os professores de Educação Física não apresentam, em sua maioria, um conhecimento técnico considerável ou aprofundado sobre o tema.

Diante disso, se irá abrir um parêntese especial, para se discutir, acerca das possibilidades de inserção da capoeira nas aulas, pois, esta é a única prática corporal que dependendo da sua velocidade, motivação e golpes, pode ser vista tanto como uma luta, uma dança ou um jogo, possibilitando também a sua utilização como forma de integrar os conhecimentos, com as demais disciplinas, realizando assim a interdisciplinaridade (BURGUÊS, 1987).

Após a efetiva utilização da cultura de movimento, o professor deve aventurar-se pelas demais possibilidades e modalidades, que por serem desconhecidas, gerarão o interesse imediato do aluno, instigando-o a participar deste momento para conhecer. Como exemplo pode-se citar o que o próprio BNCC, traz, como os esportes de aventura e esportes radicais, os esportes presentes nas culturas de outros países, e que não gozam de uma grande mídia.

Outro adendo importante, é o trabalho de resgate dos jogos populares, que a cada ano vem perdendo espaço, tanto em função dos jogos eletrônicos que são cada vez mais realistas e que possibilitam a imersão total de seus jogadores na realidade ali criada, quanto pela violência presente na sociedade contemporânea, que leva os pais a tentarem manter seus filhos, sempre dentro da segurança do seu lar.

Aliás, até mesmo estes jogos eletrônicos, devem ser trazidos para debate dentro das aulas, seus benefícios e malefícios, discutidos e avaliados pelos educandos de maneira crítica, até por que, além de ser um conteúdo presente no BNCC, não é mais possível à escola e aos professores fecharem os olhos para o

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avanço desenfreado das tecnologias, estas sim devem ser vistas como parceiras e não serem proibidas.

Como pode-se ver, até aqui as possibilidades são muitas, não cabendo mais ao professor de Educação Física, agarrar-se aos esportes coletivos. Grandes também são os desafios, apresentados e discutidos até o momento, no entanto, somente o professor, pode agir como ferramenta de mudança, transformando os desafios em possibilidades e novos conhecimentos, pois os problemas na verdade, são portas para a construção do novo, e a nossa área precisa com urgência se reciclar e ampliar-se, não incorrendo no erro de ser apenas o professor que entrega a bola para o aluno e deixa de fora os demais, que por algum motivo não gostam daquela determinada atividade, enfatizando que tal situação, é uma das geradoras do problema analisado neste trabalho e que tanto atrapalha as alunas do Ensino Médio.

4 O ESTADO DA ARTE

Atualmente ao produzirem novos conhecimentos no meio acadêmico, tem-se trabalhado com uma pesquisa mais abrangente denominada de “Estado da Arte”, que é conceituado, como sendo uma pesquisa de caráter bibliográfico. Tais pesquisas, apresentam em comum, o objetivo de realizar um mapeamento atrelado a uma discussão do mesmo, relativo à produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, e recortes de tempo determinados. Para tanto, pesquisou-se em dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários (FERREIRA, 2002).

O Estado da Arte, presente neste tópico, buscou entender acerca da área do ensino da Educação Física no Ensino Médio, porém, percebe-se que é um assunto pouco falado nas principais revistas, eventos, periódicos e produções acadêmicas.

A produção acadêmica na área da Educação Física, possui uma grande inclinação para a área fisiológica, deixando de lado assim a área pedagógica,

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como nos apresenta os estudos de Bracht et al (2011) e Betti, Ferraz e Dantas (2011).

Ambos os estudos, apontam uma baixa produção nesta área. Bracht et al (2011), encontrou apenas 16,5% em sua pesquisa, que analisou nove periódicos nacionais. Já Betti, Ferraz e Dantas (2011), elencaram 18% de citações das onze principais revistas nacionais.

A pesquisa de Bracht et al (2011), é ainda mais surpreendente, pois, a porcentagem encontrada refere-se a um recorte de tempo de três décadas, enquanto que a de Betti, Ferraz e Dantas (2011), foi realizada de 2004 a 2008.

Como pode-se perceber, a pesquisa acadêmica nacional, privilegia o alto rendimento, o desenvolvimento físico, que são áreas mais estudadas e mais rentáveis, deixando assim de lado , esfera pedagógica e de formação educacional presente no âmbito escolar e que são a base da formação do indivíduo, enquanto cidadão.

Se a Educação Física Escolar como um todo, é de certa forma negligenciada no meio acadêmico, a situação acerca da área de estudo deste trabalho é ainda mais. O Ensino Médio, possui uma pífia participação na produção acadêmica, que é publicada.

Rufino et al (2016), realizou uma pesquisa que comprova de maneira taxativa tal afirmação. O autor utilizou um recorte de tempo de 10 anos, compreendido entre os anos de 2001 e 2010, realizando uma pesquisa em teses, dissertações, livros e artigos, que realizassem o debate acerca da Educação Física no Ensino Médio. Encontrando ao final da mesma, somente 1,97% de artigos, que possuíssem alguma relação com a área.

Tal situação, deve ser combatida, devendo-se estimular a produção acadêmica cientifica em todas as áreas da Educação Física, buscando uma equidade da área educacional, em detrimento a da performance.

Não obstante, esta é a área da Educação Física, que mais sofre discriminação dos demais profissionais a eles atrelados, e que possui enormes desafios a serem vencidos.

O presente Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional, o PROEF, apresenta-se como uma luz no fim do túnel, para que se possa alavancar esta produção acadêmica tão deficitária.

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Desse modo, escolheu-se como metodologia para a construção deste tópico da pesquisa, a análise de periódicos de revistas cientificas que tenham produção na área de interesse e anais de um evento especifico o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE).

O recorte de tempo, foi compreendido da seguinte forma: para os periódicos utilizou-se os últimos 3 anos, e para o CONBRACE as suas últimas três edições nos anos de 2013, 2015 e 2017.

A escolha do CONBRACE como fonte única de pesquisa de eventos, deu-se por conta da respeitabilidade predeu-sente no meio acadêmico do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, que já ocorre há 40 anos, indo este ano para a sua XXI edição.

Os periódicos escolhidos, atenderam a sua representatividade perante a área da educação física, bem como, serem publicados por Universidades que possuem abrangência nacional.

Utilizou-se, como forma de seleção dos periódicos, a avaliação realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), entrando na pesquisa somente periódicos que possuíssem Qualis entre A1 e B2. As revistas utilizadas seguem no quadro abaixo.

Quadro 01- Periódicos pesquisados para elaboração do estudo.

PERIÓDICO

UNIVERSIDADE PRODUTORA QUALIS

Revista Movimento

Universidade Federal do Rio Grande do

Sul– UFRGS A2

Revista Motriz Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho– UNESP Rio Claro

B1

Revista Brasileira de Educação Física e

Esporte (RBEFE)

Universidade de São Paulo B1

Pensar a prática

Universidade Federal de Goiás B2 Motrivivência

Universidade Federal de Santa Catarina B2 Fonte: Elaborada pela autora, 2020.

Após a escolha das fontes a serem pesquisadas, iniciou-se o processo de busca de artigos que tivessem relação com a área estudada. Tal pesquisa foi realizada entre os meses de junho a agosto de 2018. Buscou-se toda a produção

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