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Uso da técnica de morfometria geométrica em incertezas taxonômicas de espécies do gênero Callinectes Stimpson, 1860

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

LAIANE LANE LUCENA DE MEDEIROS

USO DA TÉCNICA DE MORFOMETRIA GEOMÉTRICA EM INCERTEZAS TAXONÔMICAS DE ESPÉCIES DO GÊNERO CALLINECTES STIMPSON, 1860

Natal 2019

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LAIANE LANE LUCENA DE MEDEIROS

USO DA TÉCNICA DE MORFOMETRIA GEOMÉTRICA EM INCERTEZAS TAXONÔMICAS DE ESPÉCIES DO GÊNERO CALLINECTES STIMPSON, 1860

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Departamento de Botânica e Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de bacharel em Ciências Biológicas sob a orientação do prof. Fúlvio Aurélio de Morais Freire.

Natal 2019

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LAIANE LANE LUCENA DE MEDEIROS

USO DA TÉCNICA DE MORFOMETRIA GEOMÉTRICA EM INCERTEZAS TAXONÔMICAS DE ESPÉCIES DO GÊNERO CALLINECTES STIMPSON, 1860

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de bacharel em Ciências Biológicas sob a orientação do prof. Fúlvio Aurélio de Morais Freire.

Natal, 28 de junho de 2019 BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Prof. Fúlvio Aurélio de Morais Freire

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________________ Met. Luciano de Freitas Barros Neto

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

__________________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Augusto de Lima Filho

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

________________________________________________________ Met. Silvia Yasmin Lustosa Costa

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos à todas as pessoas e instituições que de alguma forma contribuíram com a realização deste trabalho e, consequentemente, da minha formação acadêmica.

Inicialmente, ao meu orientador Dr. Fúlvio Aurélio de Morais Freire, por me dar credibilidade e proporcionar o suporte para que eu siga o melhor caminho nesta jornada.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por possibilitar minha formação e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por financiar minha bolsa de estudos.

À Paulo Augusto e Luciano Barros, pela disposição em participar da banca avaliadora e contribuir com este trabalho.

Aos meus grandes amigos do “UzxMen”, por conter pessoas com uma infinidade de personalidades, pelos bons momentos de conversa e reflexão sobre a vida e, principalmente, por proporcionarem meus sorrisos mais sinceros. Obrigada por toda a força que têm me transmitido ao longo de todos esses anos de amizade.

Ao “Picanas” e à Rafinha, obrigada por estarem presentes na melhor fase da minha vida (IFRN) e por terem caminhado junto a mim em outro ciclo importante na minha vida.

Aos meus colegas de turma, por compartilhar as felicidades e adversidades que a graduação nos traz, em especial Rafaela, Natália, Gleyce e Aninha. Obrigada por todo apoio e carinho.

Aos meus colegas de laboratório (GEFFA e LISE), por toda experiência adquirida, as idas a campo e bares, além de todas as resenhas no cotidiano do laboratório. Sou grata por fazer parte desta equipe. Em especial, à Sávio e Cadu pelas contribuições valiosas no desenvolvimento deste projeto e à Carol Puppin pelos ensinamentos e parceria.

Aos companheiros de luta, que estiveram junto a mim no Centro Acadêmico de Biologia gestão Arapuã em 2018.

À Freitas, por ser meu companheiro e sempre estar disposto a me ajudar em momentos de angústia e incerteza. Te amo!

Por fim, agradecimento especial a todos os meus familiares que torceram por mim e que sempre me passam boas energias. Excepcionalmente ao meu Pai, Mãe e minha Irmã à quem dedico todas as minhas conquistas, vocês são a minha base e suporte.

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RESUMO

O continente americano apresenta aproximadamente 13 espécies do gênero Callinectes sendo 6 encontradas mais comumente no Nordeste do Brasil. Este grupo, popularmente denominado de siris, apresenta espécies de difícil distinção taxonômica. Isto se deve às metodologias baseadas na observação de gonopódios, gonóporos e caracteres do dorso da carapaça. Sua fase jovem não é incluída em chaves de identificação, o que se agrava por terem selecionado morfologia, coloração e ecologia semelhantes entre si. A morfometria geométrica é uma alternativa para a identificação de variações morfológicas mínimas nas estruturas corporais por possuir maior poder discriminante. Portanto, este trabalho buscou utilizar a técnica da morfometria geométrica para quantificar a menor distância morfológica intraespecífica do que distância interespecífica em jovens das espécies do gênero Callinectes, e, assim, propor a utilização da chave taxonômica de adultos às classes ontogenéticas de jovens. Para isso, espécimes das espécies C. bocourti, C. danae, C. exasperatus, C. marginatus, C. ornatus e C. sapidus foram coletados e identificados seguindo a bibliografia especializada. A abstração da forma da carapaça foi realizada a partir de imagens capturadas para a marcação de 35 ‘landmarks’. Em seguida, a Análise de Variáveis Canônicas produziu um morfoespaço dos principais padrões de variação da forma entre as trajetórias ontogenéticas de jovens e adultos, e a Análise da Função Discriminante testou a variação interespecífica entre os jovens das espécies. Estas foram realizadas com 1000 permutações e as comparações foram baseadas na distância de Procrustes e assinalação correta da matriz de variação cruzada. Por fim, as classes ontogenéticas de jovens das espécies demonstraram ser mais similares morfologicamente aos adultos da sua respectiva espécie. Desse modo, observa-se a possibilidade de extensão da diagnose utilizada em adultos aos jovens. A semelhança dos marcos anatômicos interespecíficos demonstrou relação morfológica entre C. danae com C. marginatus, e vice-versa, C. ornatus com C. danae, C. sapidus com C. marginatus, e C. bocourti com C. sapidus, sendo reflexo de semelhantes pressões seletivas nos habitats através da sobreposição ecológica em espécies simpátricas e/ou proximidade molecular.

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ABSTRACT

The American continent present approximately 13 species of the genus Callinectes, 6 of these are most commonly found in Northeast of Brazil. This group, commonly known as swimming crabs, has species of difficult taxonomic distinction. The cause of this are methodologies based on observation of gonopods, gonopores, and dorsal characters of the carapace. Its juvenile phase is not included in identification keys, which aggravates it because it has similar morphology, coloration, and ecology. Geometrical morphometry is an alternative for identification of minimal morphological variations in body structures by having greater discriminating power. Therefore, this work sought to use the technique of geometrical morphometry to quantify the lowest intraspecific morphological distance, instead of interspecific distance, in juveniles of species of the genus Callinectes, thus, propose the use of adult taxonomic identification key for the juvenile ontogenetic classes. For this, specimens of species C. bocourti, C. danae, C. exasperatus, C. marginatus, C. ornatus and C. sapidus were collected and identified using specialized bibliography. The abstraction of the shape of the carapace was performed using photographs for marking 35 landmarks. Then, the Canonical Variable Analysis produced a morpho-space of the main patterns of form variation between the ontogenetic trajectories of juveniles and adults, and the Discrimination Function Analysis tested the interspecific variation among species juveniles. These were performed using 1000 permutations and the comparisons were based on the distance of Procrustes and correct assent of the cross-variation matrix. Lastly, the juveniles of the species were the most morphologically similar to adults of their specie. Thereby, we observe the possibility of extending the diagnosis used in adults for the juveniles of the species. This similarity of interspecific landmarks demonstrated morphological relationship between C. danae with C. marginatus, and vice-versa, C. ornatus with C. danae, C. sapidus with C. marginatus, and C. bocourti with C. sapidus, being reflex similar selective pressures in the habitats through ecological overlap in sympatric species and/or molecular proximity.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fig. 1. Locais de amostragem dos exemplares do gênero Callinectes Stimpson, 1860 localizados nos municípios de Areia Branca (AB), Porto do Mangue (PM), Macau (MAC), Pendências (PEN), Extremoz (EXT), Tibau do Sul (TS), Canguaretama (CA) e Baía Formosa (BF) no estado do Rio Grande Norte/Brasil ... 25 Fig. 2. Landmarks simétricos (3-34) e centrais (1, 2, 35) aplicados na região dorsal da carapaça de seis espécies de siris do gênero Callinectes Stimpson, 1860 do Rio Grande do Norte ... 26 Fig. 3. Gráfico de dispersão da Análise de Variação Canônica e wireframe contendo cada eixo da variação canônica (CV) na carapaça de jovens e adultos de seis espécies (CBJ/CBA: C.bocourti, CDJ/CDA: C. danae, CEA: C. exasperatus, CMJ/CMA: C. marginatus, COJ/COA: C. ornatus, CSJ/CSA: C. sapidus) do gênero Callinectes Stimpson 1860 do Rio Grande do Norte ... 27 Fig. 4. Agrupamento par a par de espécies do gênero Callinectes Stimpson 1860 quanto às classes ontogenéticas de jovens na Análise de Função Discriminante e variação na vista dorsal da carapaça na fauna de siris capturada no estado do Rio Grande do Norte ... 28

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LISTA DE TABELAS

Tab. 1. Abundância das espécies do gênero Callinectes Stimpson, 1860 por sexo, ontogenia e localidades de coleta no estado do Rio Grande do Norte. Sp – espécie, Sex – sexo, Est – estágio, AB – Areia Branca, PM – Porto do Mangue, MAC – Macau, EXT – Extremoz (BR – Praia de Barra do Rio, SR – Praia de Santa Rita, CTA – Centro de Tecnologia de Aquicultura da UFRN) TS – Tibau do Sul, CA – Canguaretama, BF – Baía Formosa, N – abundância, T1 – abundância total por grupos ontogenéticos, T2 – abundância total por localidade de coleta ... 30 Tab. 2. Descrição morfológica dos landmarks na carapaça, em vista dorsal, de indivíduos das espécies Callinectes bocourti, C. danae, C. exasperatus, C. marginatus, C. ornatus e C. sapidus. LM – landmark ... 31 Tab. 3. Resultados estatísticos da Análise das Variáveis Canônicas para os jovens e adultos das espécies do gênero Callinectes (CBJ/CBA: C. bocourti, CDJ/CDA: C. danae, CEA: C. exasperatus, CMJ/CMA: C. marginatus, COJ/COA: C. ornatus, CSJ/CSA: C. sapidus). CV’s – eixos da CVA, Eig – Eigenvalues, %Var – percentual de variação da CVA, %Cum/Var – percentual cumulativa de variação da CVA, Pcr – Distância de Procrustes, p-value – valores que indicam significância estatística (p<0.05) ... 32 Tab. 4. Resultados estatísticos da Análise da função discriminante e Matriz de validação cruzada para os jovens das espécies do gênero Callinectes Stimpson, 1860 (CBJ: C. bocourti, CDJ: C. danae, CMJ: C. marginatus, COJ: C. ornatus, CSJ: C. sapidus). Pcr – Distância de Procrustes, %AC – percentual de assinalação correta da matriz de validação cruzada. Valores em negrito indicam significância estatística (p<0.05) ... 33

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL... 1

2. CAPÍTULO 1 - Uso da técnica de morfometria geométrica em incertezas taxonômicas de espécies do gênero Callinectes Stimpson, 1860 no Rio Grande do Norte ... 4

2.1. Introdução ... 4

2.2. Materiais e Métodos... 7

2.2.1. Área de estudo e coleta ... 7

2.2.2. Análises Morfométricas Geométricas ... 8

2.3. Resultados ... 9 2.4. Discussão ... 11 2.5. Referências Bibliográficas ... 16 2.6. Anexos ... 25 2.6.1. Figuras ... 25 2.2.1. Tabelas ... 30 3. CONCLUSÃO GERAL ... 35

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1 1. INTRODUÇÃO GERAL

A taxonomia proporciona a nomeação, descrição e ordenamento dos organismos em um sistema de classificação (WHEELER, 2008) utilizando, tradicionalmente, caracteres morfológicos. Apesar das novas proposições para conceituar os táxons, a identificação da plasticidade fenotípica através do conceito fenético permanece resistente utilizando caracteres observáveis e acessíveis que, de certa forma, são as únicas evidências na prática para determinar uma espécie (WHEELER, 2007). Com isso, certamente a identificação pela aparência externa se torna mais fácil à população não-cientista e auxilia estudos pesqueiros de manejo e conservação das espécies.

A plasticidade fenotípica é resultado da interação de processos genéticos e ecológicos que podem regular a fixação de caracteres fenotípicos (MULLEN et al. 2009). Processos determinísticos mediados pela seleção natural podem favorecer ou eliminar caracteres gerados por respostas morfológicas às influências ambientais, pelo crescimento de porções corporais que se desenvolvem com relação às suas funções e especializações ontogenéticas e/ou dimorfismo sexual inerente ao táxon (PFENNING et al. 2010).

A ordem Decapoda é o grupo mais representativo do subfilo Crustacea, com aproximadamente 15.000 espécies (SCHOLTZ & RICHTER, 1995). Em meio a esta diversidade, são exibidas grandes variações fenotípicas entre grupos, no qual dois tipos principais podem ser distinguidos: “Macrurous type” e “Braehyurous type”. LANKESTER (1909) aborda o primeiro com o corpo mais alongado e subcilíndrico, apresentando o abdome comprido e terminado em uma estrutura análoga a uma cauda, enquanto o segundo apresenta o cefalotórax achatado e expandido lateralmente, e o abdome é reduzido e aderido sob o cefalotórax.

A família Portunidae é popularmente conhecida por suas adaptações morfológicas advindas a capacidade de natação. As modificações mais visíveis são encontradas entre o primeiro e

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2 terceiro par de patas, na leveza do tegumento corporal e na forma da carapaça que se torna estendida lateralmente e comprimida dorsoventral (HARTNOLL, 1971). Assim, são conhecidos pela aparência externa que os tornam popularmente conhecidos como ‘swimming crabs’ (tradução livre: caranguejos nadadores) e, no Brasil, como siri (do tupi: “correr, deslizar e andar para trás”). Estes animais são constituintes da alimentação das populações ribeirinhas e costeiras, sendo um recurso emergente na produção do “filé de siri” na região norte-nordeste do Brasil.

O gênero Callinectes Stimpson é o táxon mais estudado dessa família e apresenta incertezas taxonômicas devido a ausência de estudos que abordem a identificação dos indivíduos jovens das suas espécies. Abordagens taxonômicas à nível intraespecífico são dificultados quando há variações corpóreas resultantes da distribuição ecológica no habitat e morfologia das trajetórias ontogenéticas (BARROS, 2015).

Os siris deste grupo têm o desenvolvimento marcante de seus caracteres secundários durante a transição da fase jovem para a adulta, conhecida como muda puberal (HARTNOLL, 1978). As variações morfológicas se tornam evidentes em estágios ontogenéticos avançados (adultos), como angulação de espinhos, formato da carapaça, coloração e micro-habitat. Do ponto de vista taxonômico, essa similaridade entre os indivíduos jovens de espécies distintas gera dificuldade na identificação e classificação utilizando apenas o conceito fenético de espécie. Isto se agrava principalmente quando em simpatia e/ou sintopia, apresentando similaridades morfológicas e ecológicas em estágios iniciais de desenvolvimento. Portanto, majoritariamente submetem apenas adultos à identificação a nível específico, impossibilitando a diferenciação entre as espécies em fases iniciais de desenvolvimento (SPIVAK et al. 2003). Muitas dessas variações ao longo da trajetória ontogenética não constam na literatura, por motivos logísticos, como a difícil obtenção de espécimes em várias fases de desenvolvimento,

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3 bem como a dificuldade no cultivo desses organismos em laboratório para tais análises (NEGREIROS-FRANSOZO et al. 1991).

Portanto, se faz necessário métodos que abordem os caracteres morfológicos de maneira a quantificar e utilizar as informações levantadas por taxonomistas como ponto de partida. Uma alternativa de verificar as variações no fenótipo é por meio da morfometria. Ferramenta que atua na abstração das variações na forma do corpo, úteis na diversificação inter- e intraespecífica de linhagens através das influências bióticas e dos fatores ambientais (SILVA et al. 2018). Estudos morfométricos geométricos descrevem e localizam facilmente as regiões de mudanças na forma e, sobretudo, constrói graficamente estas diferenças, aumentando assim o poder discriminante, identificando variações morfológicas mínimas nas estruturas corporais inconspícuas na morfometria tradicional (BARRÍA et al. 2011). Dessa forma, o uso de estudos morfométricos é cada vez mais frequente para investigar possíveis padrões morfológicos e assim diferençar espécies, populações ou determinados grupos de interesse. Paralelamente, estudos ecológico-evolutivos da plasticidade fenotípica, resultam em um caminho interdisciplinar com maior robustez e confiabilidade para o uso da taxonomia morfológica na identificação dos organismos (BARROS, 2015). Bem como, ajudando a elucidar e quantificar caracteres utilizados em chaves dicotômicas e diagnoses no ramo da sistemática e taxonomia.

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4 Uso da técnica de morfometria geométrica em incertezas taxonômicas de espécies do

gênero Callinectes Stimpson, 1860

Laiane L.L. Medeiros¹, Sávio A.S.N. Moraes¹, Carlos Eduardo R.D. Alencar¹, ², Matheus A.L. Rocha¹, Fúlvio A.M. Freire¹

¹Laboratório de Fauna Aquática, Departamento de Biologia, Ecologia e Zoologia, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Campus Universitário Lagoa Nova, Caixa Postal 1524, CEP 59078-970, Natal, Brasil.

²Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Central, CEP 59610-210, Mossoró, Brasil.

INTRODUÇÃO

O continente americano possui aproximadamente 45 espécies de caranguejos portunídeos, sendo 13 pertencentes ao gênero Callinectes Stimpson, 1860 (FAO, 2004; ROBLES et al. 2007). Este grupo é composto por siris (em inglês: “swimming-crabs”), caracterizados pelo seu corpo achatado dorso-ventralmente e o último par de pereiópodos adaptado à função natatória (HARTNOLL, 1971). E como os demais caranguejos e siris, apresentam o abdômen bloqueado aos seus esternitos torácicos até a muda puberal quando os indivíduos se tornam adultos, marcando a ontogenia destes grupos (VAN ENGEL, 1990; SHINOZAKI-MENDES et al. 2017). Apresentam importância na cadeia trófica atuando como predadores vorazes (SEITZ et al. 2003) e como consumidores de matéria orgânica acumulada (MANTELATTO & FRANSOZO, 1999). Ainda, são relevantes recursos econômicos e alimentares para populações que vivem em regiões ribeirinhas (MANTELATTO & FRANSOZO, 1999).

No Brasil, o gênero apresenta distribuição do Amapá ao Rio Grande do Sul (MELO, 1996), habitando desde regiões rasas de estuário e desembocaduras de rios com salinidade baixa, até regiões mais profundas com salinidade elevada (COELHO, 1993). As espécies

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5 encontradas na região nordeste do Brasil são Callinectes ornatus (Ordway, 1863), C. danae (Smith, 1869), C. marginatus (Ordway, 1863), C. sapidus Rathbun, 1896, C. exasperatus (Gerstaecker, 1856) e C. bocourti (Edwards, 1879). Sendo três exploradas comercialmente por apresentarem maior tamanho quando adultos, C. sapidus, C. exasperatus, e C. bocourti, enquanto as demais são exploradas de forma alternativa na pesca de subsistência (MAIER & QUEVEDO-NETO 2009).

Os siris do gênero Callinectes possui espécies de difícil distinção devido às metodologias utilizadas que são baseadas na observação do dorso da carapaça (considerando espinhos anterolaterais, frontais e submesiais), gonopódios para machos e gonóporos para fêmeas, ambos maduros. Isto provavelmente se agrava pelo fato dos jovens das espécies do gênero Callinectes não serem incluídos em chaves de identificação (WILLIAMS, 1974, 1984) e terem fixado morfologia, coloração e ecologia muito parecidos entre si (CAPART, 1951; MONOD, 1956). Além disso, as características diagnósticas (WILLIAMS, 1984) e coloração ficam mais evidentes após a muda puberal (KENNEDY & CRONIN, 2007; SMITH & CHANG, 2007). Características estas utilizadas ao processo de reconhecimento de parceiros (BALDWIN & JOHNSEN, 2012) e interações interespecíficas (WARNER 1970; INNOCENTI et al. 2003).

A sistemática integrativa na atualidade tem reunido abordagens ecológicas, moleculares e morfológicas na determinação de linhagens (DAYRAT, 2005). Dentre estas abordagens, podemos destacar a ferramenta de morfometria geométrica, caracterizada por analisar a abstração da forma de estruturas corpóreas de modo qualitativo e quantitativo, através da aplicação de ‘landmarks’ (marcos anatômicos) em imagens obtidas em duas ou três dimensões (ROHLF & MARCUS, 1993). Tendo uma miríade de formas de aplicação já relatadas em literatura como identificação de coortes, estoques pesqueiros, linhagens e resolução de problemas taxonômicos (BUCKUP & ROSSI, 1977; ROSENBERG, 1997; ROSENBERG,

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6 2002; BERTIN et al. 2002; RUFINO et al. 2006; IEPURE et al. 2007; SILVA et al. 2009; SILVA & PAULA, 2008; HOPKINS & THURMAN, 2010; LEDESMA et al. 2010; SILVA et al. 2010; ACCIOLY et al. 2010; SIDLAUSKAS et al. 2011; ALENCAR et al. 2014a; DUARTE et al. 2014; DIAWOL et al. 2015; MARCHIORI et al. 2015; MAROCHI et al. 2016; SHINOZAKI-MENDES & LESSA, 2017; MOLINA et al. 2018; SILVA et al. 2018).

O grupo dos crustáceos, principalmente o táxon Decapoda, tem se mostrado favorável à utilização das ferramentas de morfometria devido ao seu exoesqueleto quitinoso impregnado por carbonato de cálcio. E, sobretudo, a fácil identificação e marcação de marcos anatômicos homólogos pela grande variedade de estruturas que ornam a carapaça, como tubérculos e espinhos (ALENCAR et al. 2014a, MAROCHI et al. 2016). Logo, tem-se permitido solucionar questões relacionadas às variações intra- e interespecíficas nesse grupo e testes de hipóteses evolutivas e ecológicas (CLAVERIE & SMITH, 2007; KLINGENBERG, 2010; MITROVSKI-BOGDANOVIC et al. 2014; BOWER & PILLER, 2015), como a alometria ontogenética e o dimorfismo sexual (TREVISAN et al. 2012; PONSSA & CANDIOTI, 2012; ACCIOLY et al. 2013; MAROCHI et al. 2016; SILVA et al. 2018). Estas qualidades exibidas no grupo são ampliadas ao gênero Callinectes graças ao seu corpo adequadamente achatado, o que garante a redução da distorção de profundidade (terceira dimensão) das imagens (SHINOZAKI-MENDES et al. 2017).

Logo, o presente trabalho visa confrontar as identificações pela quantificação da menor distância morfológica intraespecífica (neste caso, distância de Procrustes) do que distância interespecífica em jovens das espécies do gênero Callinectes, afim de propor a utilização da chave taxonômica de adultos às classes ontogenéticas de jovens.

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7 MATERIAIS E MÉTODOS

Coleta e Área de Estudo

Os espécimes foram coletados ao longo da região costeira e estuarina do estado do Rio Grande do Norte, abrangendo os municípios de Areia Branca, Baía Formosa, Porto do Mangue, Macau, Tibau do Sul, Canguaretama, Extremoz e Pendências (Fig. 1).

Para a efetividade da amostragem referente aos exemplares do gênero Callinectes foram utilizados vários petrechos de pesca nos habitats estuarinos e marinhos, considerando aspectos da biologia e distribuição das espécies. Assim, em Baía Formosa e Porto do Mangue, as coletas foram realizadas por meio de arrasto de fundo de barco artesanal (11m x 6,3m), sendo seis estações amostrais (detalhes da metodologia em ALENCAR et al. 2014b, 2017). Em Canguaretama, as coletas foram realizadas com arrasto manual (12m x 2m, 0.5mm entre nó) em 5 estações amostrais de 50 metros (detalhes da metodologia em FRANÇA et al. 2019). Em Extremoz (Praia de Barra do Rio e Centro de Tecnologia e Aquicultura da UFRN) e Pendências, por meio de arrasto manual, “pitimbóias” (armadilha circular com malha) e tarrafas (detalhes da metodologia em VALE et al. 2015). Ademais, alguns espécimes ainda foram adquiridos com auxílio de pescadores nos municípios de Areia Branca, Tibau do Sul, Macau e Extremoz.

Os espécimes capturados foram acondicionados em recipientes e crioanestesiados (-20ºC). Posteriormente, os indivíduos foram sexados com base na forma do pléon torácico (triangular nos machos e semicircular nas fêmeas) e classificados quanto ao estágio ontogenético através da aderência dos esternitos (MELO, 2003; WILLIAMS, 1974, 1984). A identificação a nível de espécie seguiu a morfologia da carapaça de indivíduos adultos proposto por WILLIAMS (1974, 1984), abordando os espinhos anterolaterais, frontais e submesiais.

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8 Análises morfométricas geométricas

O dorso da carapaça dos siris foi utilizado como a estrutura biológica para abstração da forma. Para os procedimentos morfométricos foram analisados 50 indivíduos de ambos os estágios (25 machos e 25 fêmeas) como sugerido por CARDINI et al. (2015) em relação ao número amostral. Esta quantidade foi atingida para as espécies Callinectes bocourti, C. danae, C. ornatus e C. sapidus, enquanto não foram obtidas fêmeas adultas para C. marginatus e espécimes jovens para C. exasperatus (Tab. 1).

As imagens foram capturadas por um único pesquisador (Medeiros, L.L.L.) utilizando uma câmera digital Nikon D3200 (24.2 megapixels), fixada e nivelada em tripé fotográfico, utilizando posição e distância do objeto padronizada (25cm) e graduadas (escala em centímetros, em um plano central do quadro de imagem). Não foram utilizados zoom óptico e digital. Procedimentos prévios de padronização da distância ao objeto foram realizados para evitar distorções laterais e testes de medida de erro (MARCHIORI et al. 2014) do posicionamento dos landmarks (dados não mostrados). As imagens do dorso da carapaça foram ordenadas em arquivos no formato TPS, pelo software tpsUtil (ROHLF, 2008), diferindo-os por espécie e estágio ontogenético.

Na região dorsal foram digitalizados 35 landmarks (Tab. 2, Fig. 2), sendo 16 simétricos (idênticos em cada lado) e 3 centrais (no plano mediano da carapaça), utilizando o software tpsDig2 (ROHLF, 2010). A digitalização de landmarks em cada imagem seguiu a definição de objeto simétrico (KLINGENBERG et al. 2002); neste caso, simétrico bilateral. Objetos simétricos são estruturas que compartilham um plano corporal simétrico (SAVRIAMA & KLINGENBERG, 2011), no qual utilizam as configurações de landmarks e suas cópias refletidas e, assim, um ajuste de Procrustes combina as configurações de landmarks originais e espelhados (KLINGENBERG et al. 2002).

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9 Em seguida realizou-se uma Análise Generalizada de Procrustes (GPA) (DRYDEN & MARDIA, 1998) para retirar as informações não relacionadas à variação da forma corporal oriundos de posição, escala e rotação dos exemplares (ROHLF & SLICE, 1990). As resultantes da GPA são dois componentes de variação da forma: o componente simétrico e o assimétrico. Para os procedimentos estatísticos seguintes foram utilizados somente o componente simétrico, sabendo que o objetivo deste estudo não envolve variações assimétricas flutuantes e direcionais na forma corporal da espécie (KLINGENBERG et al. 2002).

A fim de avaliar a variação de forma entre as trajetórias ontogenéticas de jovens e adultos, a Análise de Variáveis Canônicas (CVA) (JOLLIFFE, 2002) produziu um morfoespaço dos principais padrões de variação dos dados e possíveis relações relevantes e computou valores de probabilidade a partir do teste de permutações (n=1000) para a distância de Procrustes. Ainda, foram estimadas as porcentagens de assinalação correta da matriz de validação cruzada através da Análise da Função Discriminante (DFA), utilizada para testar a variação da abstração da forma entre os grupos de jovens das seis espécies estudadas.

Todos os procedimentos estatísticos de forma e gráficos “wireframe” foram realizados no programa MorphoJ 2.06d® (KLINGENBERG, 2011).

RESULTADOS

Um total de 531 indivíduos foram utilizados no presente estudo, sendo 99 Callinectes bocourti, 102 C. danae, 59 C. exasperatus, 71 C. marginatus, 100 C. ornatus e 100 C. sapidus. Quando relacionados às localidades de coleta, foi visto que as espécies C. bocourti, C. sapidus, e C. exasperatus tiveram mais de 95% dos espécimes coletados no ambiente estuarino próximos ao rio, enquanto C. danae, C. marginatus e C. ornatus tiveram todos os seus exemplares provindos a partir da foz de rios ao ecossistema marinho (Tab. 1).

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10 O gráfico de dispersão de CV1 (49,26%) vs. CV2 (20,76%) mostrou um padrão geral de baixa sobreposição interespecífica entre jovens e adultos das seis espécies. Sobretudo, demonstra a formação de dois grandes grupos de espécies a partir das suas elipses: o primeiro composto pelas espécies C. exasperatus, C. sapidus e C. bocourti, e o segundo unindo C. marginatus, C. danae e C. ornatus (Fig. 3).

Os landmarks responsáveis pelas variações sutis na abstração da forma entre as trajetórias ontogenéticas das espécies foram os 3,4,5,6 (espinhos submesiais), 23 e 24 (ápice do espinho lateral) e 29 e 30 (região metagástrica) para a CV1 e os pontos 7 e 8 (ápice dos espinhos frontais) e 36 (comissura da região cardíaca) para a CV2 (Fig. 3). Observando a distribuição das espécies no gráfico da CV1, C. sapidus, C. bocourti e C. exasperatus apresentaram os espinhos submesiais alinhados acima da projeção antero-lateral no plano central, os espinhos laterais deslizados abaixo do plano central e as comissuras do “H” formado pela região metagástrica mais próximas entre si (CV1-), enquanto C. ornatus, C. danae e C. marginatus apresentaram o deslocamento inverso ao que foi notificado anteriormente (CV1+). Quanto à CV2, C. sapidus, C. danae e C. marginatus demonstraram variação na abstração da forma dos espinhos frontais, indicando um alinhamento abaixo da projeção antero-lateral no plano central e a comissura cardíaca mais distante da região posterior do organismo (CV2-), enquanto C. bocourti, C. exasperatus e C. ornatus apresentaram o sentido inverso.

A distância de Procrustes (Tab. 3) evidenciou que a abstração da forma da carapaça dos jovens é mais similar aos adultos intraespecíficos do que entre jovens interespecíficos. Este menor valor intraespecífico, quando comparado entre espécies, demonstra a maior similaridade morfológica entre os jovens e adultos de C. ornatus (Distância de Procrustes: 0,015; p<0.0001), seguidos de C. sapidus (Pcr:0,018, p=0,2268), C. marginatus (Pcr: 0,021; p=0,4886), C. danae (Pcr: 0,021; p=0,0964) e C. bocourti (Pcr: 0,045; p<.0001).

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11 Quanto à abstração da forma de jovens interespecíficos (Tab. 4), a Análise da Função Discriminante entre pares de grupo com permutação demonstrou maior similaridade quanto à configuração média dos landmarks morfológicos de C. danae com C. marginatus (Distância de procrustes: 0,02430865; p <.0001; Percentual de assinalação correta = 87%), C. marginatus com C. danae (Pcr: 0,02430865; p <.0001; AC=84.78%), C. ornatus com C. danae (Pcr: 0,02522871; p <.0001; AC=91%), C. sapidus com C. marginatus (0,03311300; p <.0001; AC=89%) e C. bocourti com C. sapidus (Pcr: 0,04687558; p <.0001; AC=84,69%). De modo que o percentual de assinalação correta da matriz de validação cruzada (AC) variou entre 84,7% a 91%, com taxa de erro de no máximo 15,3%. Esta relação de sobreposição interespecífica na abstração da forma também foi verificada na frequência da função discriminante (Fig. 4).

DISCUSSÃO

A variação fenotípica entre representantes intraespecíficos do gênero Callinectes pode se dar pela distinta ocupação espacial de habitats de acordo com as necessidades fisiológicas e ecológicas e/ou por mudanças morfológicas causadas pelo crescimento diferenciado de certos tagmas de acordo com os estágios ontogenéticos. Com a passagem da fase jovem para a adulta, a reserva energética, antes usufruída para o crescimento do animal, agora opera para o desenvolvimento de caracteres secundários com fins reprodutivos (HARTNOLL, 1978).

Entretanto, o presente estudo demonstrou que todos os jovens das espécies estudadas apresentaram maior similaridade morfológica da carapaça com o adulto intraespecífico. Portanto, observa-se a possibilidade de extensão da diagnose utilizada em adultos às classes ontogenéticas de jovens para as espécies.

Analisando o menor valor da distância de Procrustes intraespecífico entre espécies, C. ornatus apresentou a maior similaridade entre jovens e adultos. ANDRADE et al. (2013) aborda que esta espécie não demonstra comportamento de migração intraespecífica entre

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12 habitats, de modo que todos os seus indivíduos habitam conjuntamente águas mais profundas, salinas e transparentes. Portanto, a influência de semelhantes pressões seletivas do ambiente pode estar convergindo para uma morfologia similar. Isto não ocorre entre as espécies C. danae, C. marginatus e C. sapidus que demonstram comportamentos de migração de jovens e adultos para águas mais ou menos salinas, implicando na ocorrência de habitats distintos (estuário/marinho) e distintas pressões seletivas do ambiente atuando na morfologia (NEGREIROS-FRANSOZO & FRANSOZO, 1995; BRANCO & MASUNARI, 2000; AGUILAR et al. 2005; POSEY et al. 2005; DE CARVALHO & COUTO, 2010; SFORZA et al. 2010). Por esse motivo, apresentaram valores de distância de Procrustes um pouco mais elevados entre jovens e adultos intraespecíficos. A espécie C. bocourti, por sua vez, obteve o maior valor de distância de Procrustes intraespecífico, assim como demonstrou ser a espécie mais dissimilar dentre as demais. Não há evidência de migração ecológica para a espécie C. bocourti, sendo relatada em áreas com baixa tolerância à salinidade e habitando o ecossistema estuarino de sedimento lamoso (MELO, 1996). Entretanto, considerando que o ancestral mais antigo dos siris habitou o mar, para que esta espécie tenha se adaptado exclusivamente ao ambiente estuarino foram necessárias uma série de implicações fisiológicas e, consequentemente, morfológicas durante sua evolução (ROBLES et al. 2007). Além disso, estudos demonstram a ocorrência de dois fenótipos intraespecíficos, que podem estar atuando para aumentar as variações intraespecíficas (SANKARANKUTTY et al. 1999; SCHUBART et al. 2001).

A convergência morfológica interespecífica pode envolver processos evolutivos e sobreposição ecológica em espécies simpátricas (PINHEIRO et al. 1997; KONAN et al. 2008; DIAS & FIALHO, 2009). Sobretudo, as espécies podem ser afetadas por pressões distintas em seus micro-habitats, levando a variações morfológicas sutis que podem servir de parâmetro para a identificação (LIPCIUS & STOCKHAUSEN, 2002). A mínima diferença entre nichos,

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13 recursos abundantes ou exploração distinta do ambiente garante a estabilidade entre espécies simpátricas (LEVINE & HILERISLAMBERS, 2009).

Na abordagem de jovens e adultos das espécies de Callinectes, a relação de similaridade morfológica interespecífica foi demonstrada pelo gráfico da CVA. Os indivíduos adultos de C. exasperatus obtiveram maior semelhança com C. bocourti e C. sapidus, contrariando as evidências moleculares que a enquadra em proximidade com C. danae e C. ornatus (ROBLES et al. 2007). As três espécies que demonstraram associação morfológica também apresentam os mesmos padrões de distribuição com maior predominância em habitats de baixa salinidade e fundos de lama (NORSE, 1977; NORSE & FOX-NORSE, 1979; BUCHANAN & STONER, 1988; MELO, 1996). Isto evidencia a convergência fenotípica por meio do partilhamento de recursos e interações ecológicas no habitat estuarino.

O agrupamento par a par entre os jovens interespecíficos do gênero Callinectes demonstrou que os indivíduos de C. danae apresentaram maior proximidade morfológica com C. marginatus, e vice-versa. Em dados gerais, C. danae habita regiões a partir da foz de rios enquanto C. marginatus é frequentemente encontrado em águas rasas do infralitoral (SANKARANKUTTY et al. 1991; MELO, 1996; BRANCO & FRACASSO, 2004; KEUNECKE et al. 2011). DE CARVALHO & COUTO (2010) demonstraram que jovens e adultos de C. danae e C. marginatus apresentam padrões de distribuição semelhantes, no qual a maioria dos jovens habitam áreas de menor salinidade com tamanho médio de indivíduos aumentando em direção ao mar em ambas as espécies. Portanto, é possível que a maior similaridade morfológica da carapaça entre C. danae e C. marginatus seja um reflexo de semelhantes pressões seletivas nos habitats, através de uma evolução contínua influenciada por fatores ecológicos no fenótipo de cada espécie (GROSS et al. 2007).

Também foi observada a associação fenotípica da espécie C. sapidus com C. marginatus. Apesar de C. sapidus ser tipicamente encontrado em regiões estuarinas, habitando

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14 o Atlântico Ocidental desde o litoral do Canadá até o norte da Argentina, apresenta flexibilidade à altas salinidades sendo reflexo do seu alto potencial adaptativo, com registros atuais atingindo a Península Ibérica (FUENTES et al. 2019). Já C. marginatus, em comparação, está localizado no meio termo do leque de distribuição (estuário e marinho) de C. sapidus, o que explicaria a relação morfológica entre ambas.

As espécies C. bocourti e C. ornatus obtiveram maior semelhança interespecífica com C. sapidus e C. danae, respectivamente. São grupos de espécies simpátricas com padrões morfológicos e ecológicos similares como reflexo da integração de uma ampla variedade de influências do ecossistema aos organismos (KEUNECKE et al. 2011). Ainda, esta proximidade também foi evidenciada pela filogenia molecular (ROBLES et al. 2007).

Por fim, a matriz de validação cruzada ainda demonstra certa porcentagem de sobreposição morfológica dos jovens com outras espécies do gênero. Por esse motivo, o estudo ainda carece de uma variação taxonômica simples para a distinção dos indivíduos do gênero na prática. Ressalta-se que os caracteres utilizados na taxonomia disponível em literatura foram as regiões que apresentaram as estruturas corporais utilizadas na distinção das espécies no presente estudo, espinhos frontais (landmarks 7 e 8) e submesiais (landmarks 3,4,5,6). Além disso, revela um padrão de variação abordada informalmente por especialistas do gênero Callinectes, como espinhos laterais (landmarks 23 e 24) e comissuras cardíaca (landmark 35) e do “H” formado pela região metagástrica (landmarks 29 e 30).

De modo geral, esta é a primeira contribuição que trata da morfometria geométrica a fim de propor uma alternativa para a ausência de diagnose dos jovens do gênero Callinectes. Podendo contribuir para estudos de dinâmica populacional das espécies e apoiar a sustentabilidade da atividade pesqueira por meio de ações de conservação e manejo. Por fim, se faz necessário a análise molecular dos indivíduos para comprovar a utilização da chave

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15 taxonômica proposta por WILLIAMS (1984) aos jovens, corroborando com os resultados apontados pela morfometria geométrica neste estudo.

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(34)

25 ANEXOS

Fig. 1. Locais de amostragem dos exemplares do gênero Callinectes Stimpson, 1860 localizados nos municípios de Areia Branca (AB), Porto do Mangue (PM), Macau (MAC), Pendências (PEN), Extremoz (EXT), Tibau do Sul (TS), Canguaretama (CA) e Baía Formosa (BF) no estado do Rio Grande Norte/Brasil.

(35)

26 Fig. 2. Landmarks simétricos (3-34) e centrais (1, 2, 35) aplicados na região dorsal da carapaça de seis espécies de siris do gênero Callinectes Stimpson, 1860 do Rio Grande do Norte.

(36)

27 Fig. 3. Gráfico de dispersão da Análise de Variação Canônica e wireframe contendo cada eixo da variação canônica (CV) na carapaça de jovens e adultos de seis espécies (CBJ/CBA: C.bocourti, CDJ/CDA: C. danae, CEA: C. exasperatus, CMJ/CMA: C. marginatus, COJ/COA: C. ornatus, CSJ/CSA: C. sapidus) do gênero Callinectes Stimpson 1860 do Rio Grande do Norte.

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(38)

29 Fig. 4. Agrupamento par a par de espécies do gênero Callinectes Stimpson 1860 quanto às classes ontogenéticas de jovens na Análise de Função Discriminante e variação na vista dorsal da carapaça na fauna de siris capturada no estado do Rio Grande do Norte.

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30 Tab. 1. Abundância das espécies do gênero Callinectes Stimpson, 1860 por sexo, ontogenia e localidades de coleta no estado do Rio Grande do Norte. Sp – espécie, Sex – sexo, Est – estágio, AB – Areia Branca, PM – Porto do Mangue, MAC – Macau, EXT – Extremoz (BR – Praia de Barra do Rio, SR – Praia de Santa Rita, CTA – Centro de Tecnologia de Aquicultura da UFRN) TS – Tibau do Sul, CA – Canguaretama, BF – Baía Formosa, N – abundância, T1 – abundância total por grupos ontogenéticos, T2 – abundância total por localidade de coleta.

Sp S

ex

Est Localidades N T1

AB PM MAC PEN EXT TS CA BF

BR SR CTA CB F A - - - 25 - - - 25 50 M A - - - 11 - - 14 - - - 25 F J - - - 4 - - 20 - - - 24 49 M J - - - 25 - - - 25 CD F A - - - 17 8 25 52 M A - - - 16 - 11 - 27 F J - - - - 2 - - - 20 3 25 50 M J - - - 14 11 25 CE F A - - - 30 - - - 30 59 M A - - - 29 - - - 29 F J - - - 0 0 M J - - - 0 CM F A - - - 0 25 M A - - 23 - - - 2 - 25 F J 1 - - - 1 10 - - 9 - 21 46 M J - - - - 4 12 - - 9 - 25 CO F A - - - 25 25 50 M A - 7 - - - 18 25 F J - 9 - - - 16 25 50 M J - 5 - - - 20 25 CS F A - - - 2 - - 23 - - - 25 50 M A - - - 21 - - 4 - - - 25 F J - 4 - - - - 21 - - - 25 50 M J - - - 24 1 - - 25 T2 1 25 23 38 7 22 231 1 82 101 53

(40)

31 Tab. 2. Descrição morfológica dos landmarks na carapaça, em vista dorsal, de indivíduos das espécies

Callinectes bocourti, C. danae, C. exasperatus, C. marginatus, C. ornatus e C. sapidus. LM – landmark.

LM Descrição morfológica da carapaça

1 Região central da margem posterior 2 Região central das comissuras urogástrica

3, 4 Ápice do primeiro espinho submesial do lado esquerdo e direito

5, 6 Depressão entre o primeiro e segundo espinhos submesiais do lado esquerdo e direito

7, 8 Ápice do espinho frontal do lado esquerdo e direito 9, 10 Base do espinho orbital do lado esquerdo e direito 11, 12 Ápice do espinho orbital do lado esquerdo e direito

13, 14 Depressão entre o espinho orbital e o primeiro espinho antero-lateral do lado esquerdo e direito

15, 16 Depressão entre o terceiro e quarto espinhos antero-laterais do lado esquerdo e direito

17, 18 Depressão entre o sexto e sétimo espinhos antero-laterais do lado esquerdo e direito 19, 20 Ápice do sétimo espinho antero-lateral do lado esquerdo e direito

21, 22 Depressão entre o sétimo espinho antero-lateral com o espinho lateral do lado esquerdo e direito

23, 24 Ápice do espinho lateral do lado esquerdo e direito

25, 26 Base do espinho lateral na margem posterior do lado esquerdo e direito 27, 28 Lateral esquerda e direita da região metagástrica

29, 30 Lateral esquerda e direita da região urogástrica 31, 32 Lateral esquerda e direita da região cardíaca 33, 34 Lateral esquerda e direita da região metabranquial

(41)

32 Tab. 3. Resultados estatísticos da Análise das Variáveis Canônicas para os jovens e adultos das espécies do gênero Callinectes (CBJ/CBA: C.bocourti, CDJ/CDA: C. danae, CEA: C. exasperatus, CMJ/CMA: C. marginatus, COJ/COA: C. ornatus, CSJ/CSA: C. sapidus). CV’s – eixos da CVA, Eig – Eigenvalues, %Var – percentual de variação da CVA, %Cum/Var – percentual cumulativa de variação da CVA, Pcr – Distância de Procrustes, p-value – valores que indicam significância estatística (p<0.05).

CV’s Eig % Var %Cum/ Var Pcr/p-value

CBA CBJ CDA CDJ CEA CMA CMJ COA COJ CSA CSJ

CBA 0,001 <.0001 <.0001 <.0001 0,0004 <.0001 <.0001 <.0001 0,0013 0,0041 1 4,9548 58,02 58,02 CBJ 0,045 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 0,0002 2 1,6111 18,87 76,89 CDA 0,058 0,089 0,0964 <.0001 0,0379 <.0001 <.0001 0,0012 <.0001 <.0001 3 0,8498 9,95 86,84 CDJ 0,050 0,077 0,021 <.0001 0,4571 0,0571 <.0001 0,0010 <.0001 <.0001 4 0,4421 5,18 92,02 CEA 0,042 0,059 0,065 0,052 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001 5 0,3471 4,06 96,08 CMA 0,051 0,075 0,029 0,022 0,049 0,4886 <.0001 <.0001 <.0001 0,0002 6 0,1440 1,69 97,77 CMJ 0,493 0,066 0,040 0,025 0,043 0,021 <.0001 <.0001 0,0001 0,0026 7 0,0847 0,99 98,76 COA 0,066 0,094 0,024 0,032 0,064 0,040 0,046 <.0001 <.0001 <.0001 8 0,0444 0,52 99,28 COJ 0,067 0,094 0,022 0,025 0,062 0,034 0,039 0,015 <.0001 <.0001 9 0,0366 0,43 99,71 CSA 0,030 0,052 0,050 0,037 0,042 0,045 0,036 0,054 0,053 0,2268 10 0,0246 0,29 100,00 CSJ 0,030 0,047 0,054 0,039 0,035 0,044 0,033 0,059 0,056 0,018

(42)

33 Tab. 4. Resultados estatísticos da Análise da função discriminante e Matriz de validação cruzada para os jovens das espécies do gênero Callinectes Stimpson, 1860 (CBJ: C. bocourti, CDJ: C. danae, CMJ:

C. marginatus, COJ: C. ornatus, CSJ: C. sapidus). Pcr – Distância de Procrustes, %AC – percentual de

assinalação correta da matriz de validação cruzada. Valores em negrito indicam significância estatística (p<0.05).

Estatística Matriz de validação cruzada

Pcr 0,07729357 CBJ CDJ Total %AC Pcr (p-value) <.0001 CBJ 96 2 98 97,96 T-square 1901,0772 CDJ 8 92 100 92,00 T-square (p-value) <.0001 Pcr 0,06550742 CBJ CMJ Total %AC Pcr (p-value) <.0001 CBJ 93 5 98 94,90 T-square 1827,8616 CMJ 4 88 92 95,65 T-square (p-value) <.0001

Pcr 0,09427171 CBJ COJ Total %AC

Pcr (p-value) <.0001 CBJ 94 4 98 95,92 T-square 3276,7420 COJ 5 95 100 95.00 T-square (p-value) <.0001 Pcr 0,04687558 CBJ CSJ Total %AC Pcr (p-value) <.0001 CBJ 83 15 98 84,69 T-square 360,2590 CSJ 18 82 100 82.00 T-square (p-value) <.0001 Pcr 0,02430865 CDJ CMJ Total %AC Pcr (p-value) <.0001 CDJ 87 13 100 87.00 T-square 367,8836 CMJ 14 78 92 84.78 T-square (p-value) <.0001

Pcr 0,02522871 CDJ COJ Total %AC

Pcr (p-value) <.0001 CDJ 93 7 100 93.00

(43)

34 T-square (p-value) <.0001 Pcr 0,03946298 CDJ CSJ Total %AC Pcr (p-value) <.0001 CDJ 85 15 100 85,00 T-square 431,2510 CSJ 20 80 100 80,00 T-square (p-value) <.0001

Pcr 0,03918475 CMJ COJ Total %AC

Pcr (p-value) <.0001 CMJ 91 1 92 98,91 T-square 1245,6046 COJ 8 92 100 92,00 T-square (p-value) <.0001 Pcr 0,03311300 CMJ CSJ Total %AC Pcr (p-value) <.0001 CMJ 84 8 92 91,30 T-square 738,3021 CSJ 11 89 100 89,00 T-square (p-value) <.0001

Pcr 0,05626856 COJ CSJ Total %AC

Pcr (p-value) <.0001 COJ 94 6 100 94,00

T-square 1055,4756 CSJ 7 93 100 93,00

(44)

35 3. CONCLUSÃO GERAL

A utilização da morfometria geométrica como ferramenta para estabelecer relações morfológicas intra- e interespecíficas do gênero Callinectes Stimpson, 1860 foi eficaz, como corroborado por diversos autores em estudos com crustáceos. Foi possível identificar que os jovens das espécies apresentam baixa variação intraespecífica, ou seja, são mais próximos morfologicamente dos indivíduos adultos da sua respectiva espécie. Isto demonstra que a chave de identificação proposta por Williams (1984) pode ser utilizada às classes ontogenéticas de jovens das espécies.

Contudo, o estudo ainda carece de uma variação taxonômica intra- e interespecífica prática e simples para a distinção dos indivíduos do gênero. Também se faz necessária uma maior amostragem das espécies C. marginatus e C. exasperatus. Por fim, vale salientar a importância de estudos futuros para análise molecular afim de comprovar a proposta de identificação dos indivíduos jovens por meio da chave de identificação dos adultos da espécie.

Referências

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