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Tradução automática: proposta para o discurso escrito em língua portuguesa

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE LISBOA Faculdade de Letras

Departamento de Linguística Geral e Românica

Tradução Automática – proposta para o discurso escrito em língua

portuguesa

Natacha Raquel do Carmo Delgado

MESTRADO EM TRADUÇÃO 2013

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UNIVERSIDADE DE LISBOA Faculdade de Letras

Departamento de Linguística Geral e Românica

Tradução Automática – proposta para o discurso escrito em língua

portuguesa

Natacha Raquel do Carmo Delgado

Projeto orientado por: Prof.ª Doutora Teresa Seruya

MESTRADO EM TRADUÇÃO 2013

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, à Professora Doutora Teresa Seruya pelo profissionalismo e interesse incessantes, sem os quais este projeto nunca se teria concretizado. Por me ter incentivado a explorar uma área ainda relativamente desconhecida, cuja aprendizagem considero inestimável. E pela disponibilidade com que orientou este trabalho e, principalmente, por nunca ter desistido de mim.

À minha família, especialmente aos meus avós – pelo amor inexcedível e sacrifício – sem os quais o meu percurso académico não teria sido possível. E ao meu tio, pela generosidade, carinho e apoio ao longo de todo este percurso.

Às minhas melhores amigas, entre os quais destaco a Carla, a Melissa, e a minha prima Ana por acreditarem em mim e nas minhas capacidades. Sem a vossa amizade incondicional teria certamente perdido o Norte, e devo-vos a minha resistência.

Às minhas amigas Teresa e Rita, e aos meus amigos João, André José, Fábio, João Henrique e Marco por toda a paciência, e por toda a força que me deram.

A todas as Professoras e, especialmente, a todos os meninos da escola EB1/JI Brandoa onde leciono – por me terem posto sempre um sorriso nos lábios, com o seu amor, inocência e constante alegria. E por me terem lembrado, diariamente, que a perseverança é recompensada.

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Resumo

A importância que a tradução automática tem vindo a adquirir, não só pela difusão como também pelo uso crescente de diversas ferramentas e sistemas na área da tradução, tornou necessário que estivesse disponível a maior quantidade possível de informação sobre esta temática. Informação esta que pela importância do seu conteúdo e pela especificidade da linguagem utilizada se torna imperativa estar acessível em língua portuguesa, cuja área começa a ganhar novos contornos.

Como aluna do Mestrado em Tradução considerei que seria um contributo valioso selecionar vários textos importantes na área da TA numa antologia. Dadas as óbvias limitações deste trabalho, uma vez que se trata apenas de um projeto para a obtenção do grau de Mestre, apresento aquilo que seria uma futura antologia de textos cujo conteúdo julgo ser de extrema importância para alunos num contexto semelhante ao meu, facultando mais uma ferramenta de acesso a este tipo de conteúdos. De forma a disponibilizar um número maior de bibliografia em português, proponho tornar disponível, pelo menos, dois dos textos mais importantes da tradução automática, pela relevância histórica, referências e inovação que acrescentam. Esta seleção é acompanhada pela parte do central do presente projeto, i.e. uma análise textual de através do modelo de Christiane Nord, que põe em evidência as características mais importantes de ambos os textos.

Seguem-se em anexo as subsequentes propostas de tradução, que se pressupõem poder ajudar, também, futuros alunos na compreensão de um conteúdo e de uma linguagem tão complexa.

São linhas orientadoras deste estudo:

1. Seleção de dois textos, a partir de uma lista de, pelo menos, oito obras.

2. Aplicação do modelo de análise textual de Christiane Nord, a partir de Text

Analysis in Translation. Theory, Methodology, and Didactic Application of a Model for Translation-Oriented Text Analysis.

3. Apresentação das propostas de tradução dos textos escolhidos.

Palavras-chave: antologia, Christiane Nord, modelo de análise textual, tradução

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Abstract

The increasing importance of machine translation, due not only to the spread and growing use of different tools and systems in translation, made the availability of the largest amount of information on the subject matter necessary. The importance of its content and the specificity of the language used made it imperative for this information to be available in the Portuguese language, giving that the MT field in Portugal has started to gain new outlines.

As a Translation student, I thought it would be a valuable contribution to select several important MT texts in an anthology. Knowing the obvious limitations of this work, and taking into account that this is only a project to obtain my Masters degree, I present what can be seen as a future anthology of texts, the content of which I find extremely important to students in an academic context like my own, providing them an extra tool to access this type of content. In order to provide a bigger number of bibliographies in Portuguese, I propose to make available, at least, two of the most important texts in machine translation for the historic relevance, references and innovation that they present. This selection is accompanied by the main part of the present work, i.e. the textual analysis through Christiane Nord‘s model, which highlights the most important characteristics of both texts.

As attached documents are the subsequent translation proposals, assuming them to also be helpful to future students who wish to understand such a complex content and language.

The guidelines of this study are:

1. The selection of two texts from a list of, at least, eight publications.

2. Application of Christiane Nord‘s model of textual analysis, from Text Analysis

in Translation. Theory, Methodology, and Didactic Application of a Model for Translation-Oriented Text Analysis.

3. The presentation of translation proposals of the chosen texts.

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Índice

1. Introdução………...7

1.1.Apresentação do tema……….…7

1.2. Breve relatório de investigação………...…...8

1.3. Objetivos………...13

1.4. Metodologia (o modelo de análise textual de Christiane Nord).…...…...14

1.5. Justificação do corpus………...17

1.6. Estrutura do trabalho……….24

2. Aplicação do modelo de análise textual ao texto Translation, de Warren Weaver (1949) ………25

2.1. Análise dos fatores extratextuais………...25

2.1.1. Translation……….……….26

2.1.2. Reflexo dos fatores extratextuais no texto………..28

2.2. Análise dos fatores intratextuais………31

2.2.1. Análise do efeito……….38

2.3. Crítica de Tradução………...…39

3. Aplicação do modelo de análise textual ao texto The Development and use of machine translation systems and computer-based translation tools, de John Hutchins (1999)……….…………..50

3.1. Análise dos fatores extratextuais………...50

3.1.1. The Development and use of machine translation systems and computer-based translation tools………..….51

3.1.2. Reflexo dos fatores extratextuais no texto……….….52

3.2. Análise dos fatores intratextuais………53

3.3.Crítica de Tradução………...65

4. Considerações finais………..….97

5. Referências bibliográficas………..…99

5.1. Bibliografia geral………...99

5.2. Recursos online……….102

6. Anexo 1: Translation, de Warren Weaver Anexo 2: The Development and use of machine translation systems and computer-based translation tools, de John Hutchins Anexo 3: Proposta de tradução para Translation, de Warren Weaver…106 Anexo 4: Proposta de tradução The Development and use of machine translation systems and computer-based translation tools, de John Hutchins………..117

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1. Introdução

1. 1. Apresentação do tema

A tradução automática (TA daqui para a frente) sempre foi um recurso fascinante, não só pelo ideal de tradução que apresentava, como também pela inovação que propunha e veio a introduzir na área da tradução. Apesar de todas as incongruências e dos custos dispendiosos que acarreta, a TA veio a adquirir um papel cada vez mais pertinente e indispensável nos dias de hoje.

O progresso tecnológico veio pôr em evidência a potencialidade da TA, permitindo comunicar e partilhar informação em tempo real de forma imediata e eficaz, independentemente da barreira linguística. Apesar de ser uma área que apresenta problemas sistemáticos a nível de funcionalidade1, o que é uma óbvia limitação para quem acredita no ideal de tradução automática, o interesse nos recursos que esta área oferece tem crescido cada vez mais. Existe uma investigação cada vez maior e direcionada para várias vertentes da TA2, assim como têm tido lugar inúmeros desenvolvimentos que têm ajudado a alargar os seus horizontes e a compreender esta área, até há cerca de duas décadas, largamente desconhecida em Portugal.

Este crescimento da TA em Portugal veio suprir a lacuna de informação que havia sobre o tema. Gradualmente, houve uma necessidade cada vez maior de disponibilizar a maior quantidade de informação possível em português: a história dos sistemas, que sistemas existem, quais os que tiveram mais e menos sucesso, como funcionam, qual o impacto que tiveram na área de tradução, que desenvolvimentos têm sido levados a cabo, entre outros. Como poderemos ver no capítulo ―Breve Relatório de investigação‖, são vários os profissionais, entre eles professores e investigadores, que se têm dedicado a esta temática. No entanto, grande parte da informação encontra-se disponível em língua inglesa, uma vez que foi em países como os E.U.A. que grande parte da

1

Entre os problemas mais recorrentes e conhecidos está, por exemplo, a incapacidade de um sistema em resolver casos de ambiguidade lexical e estrutural (Somers 2003: 124).

2 Como é o caso, por exemplo, da tradução de língua falada – spoken language – que consiste no processamento computacional da língua falada (havendo a distinção entre língua falada e escrita) (Ranchhod 2001: 195).

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investigação que conhecemos hoje teve lugar, e de onde grande parte do poderio tecnológico advém. Contudo, os alunos que, como eu, se interessem pelo tema e que pretendam aprofundá-lo num contexto académico, confrontam-se com uma bibliografia maioritariamente em inglês. Sendo o meio académico um meio privilegiado, onde se podem encontrar inúmeras obras de referência, de que obras o aluno pode dispor sobre os textos mais importantes da TA na sua língua nativa? Que ferramentas de pesquisa pode encontrar e pesquisar em português e que contribuições pode haver nesse sentido?

1. 2. Breve relatório de investigação

Por estarmos perante uma área de conhecimento que reflete o poderio científico e económico do país onde teve lugar, grande parte da bibliografia de TA encontra-se em inglês. No entanto, é importante referir que esta não é desconhecida em Portugal, visto que existem também algumas obras de importante referência em língua portuguesa, embora sejam pouco numerosas em comparação com a produção em língua inglesa. Referir-me-ei neste breve relatório de investigação apenas a publicações posteriores a 2000.

A expansão desta área da tradução nos últimos anos, impulsionada mais recentemente por elementos como a criação e desenvolvimento de dispositivos de tradução online, pelo uso cada vez mais frequente de ferramentas de tradução, entre outros, veio influenciar o estado da TA em Portugal e alargar os seus horizontes. Todos estes fatores vieram levantar importantes questões que vários investigadores e professores têm vindo a abordar e a desenvolver nos últimos anos. Ainda que a motivação principal deste trabalho seja contribuir para o enriquecimento da bibliografia em português na área da TA, é importante referir a existência de algumas publicações em língua portuguesa que mostram o desenvolvimento da área em Portugal. Este foi, de resto, o critério de seleção dos textos que irei referir, alguns dos quais foram inclusive consultados para a elaboração do presente projeto.

Entre muito do que existe nos dias de hoje escrito sobre TA em português, é possível encontrar não só livros, como sobretudo teses, artigos publicados para colóquios ou conferências e ainda glossários online, que têm vindo a ser desenvolvidos e atualizados permanentemente. Gostaria de começar por referir os livros que se

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encontram já publicados, cujo contributo para a área da TA no nosso país foi indispensável. Começo pelo livro de José Manuel Curado, publicado em 2000 e intitulado O mito da tradução automática. Este é essencialmente um ensaio que analisa, a nível cultural, os problemas mais recorrentes e mais complexos dos programas computacionais de tradução. Curado foca-se sobretudo nos problemas de contexto e relevância para questionar os problemas inevitáveis destes programas, desmistificando assim o ―mito da tradução automática‖, que prometia uma tradução automática com uma qualidade igual ou superior à humana. Curado desenvolve os seus argumentos com base em estudos de caso de traduções suas, analisando-os através das teorias de dois investigadores estrangeiros que se encontram em extremidades opostas no debate entre filosofia da mente e filosofia da inteligência artificial. É uma excelente introdução à área da TA, uma vez que fornece várias explicações e põe em evidência indagações pertinentes sobre a TA e o seu papel na área da tradução. Outra das publicações mais importantes de caráter introdutório que podemos encontrar é o Tratamento de Línguas

Por Computador: uma introdução à Linguística Computacional e suas aplicações, de

Elisabete Marques Ranchhod, 2001. Ranchhod, que é de resto uma das grandes especialistas na área da TA e da engenharia da linguagem, edita aquela que é uma obra pioneira no ―panorama editorial português‖(2001: 9), isto porque a obra se debruça cuidadosamente sobre o tratamento computacional da língua escrita e falada, em particular do português. Sob uma abordagem linguística, Ranchhod edita aquele que é um livro bastante completo e acessível sobre uma temática de difícil compreensão a um leitor não-especialista. O livro aborda questões como a resolução de ambiguidades recorrentes em qualquer língua natural, o uso de dicionários como um recurso linguístico, o PLN, entre outros fatores de extrema importância em TA.

No entanto, uma das obras mais recentes e relevantes é o livro Avaliação conjunta:

um novo paradigma no processamento computacional da língua portuguesa, de 2007,

da autora Diana Santos. Formada em engenharia eletrónica e especialista em TA, Santos tem-se destacado pela investigação e enorme contribuição que tem dado à área. Tem não só disponibilizado vários recursos para a fundação Linguateca – conhecido centro de recursos para o processamento computacional da língua portuguesa – como tem elaborado recentemente vários artigos e apresentações em colóquios e seminários, onde tem discutido a importância do computador no que diz respeito à prática da tradução ou às inovações que pretende trazer para o processamento computacional em português. Como o título da sua obra refere, esta reúne profissionais de várias áreas que têm como

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objetivo ―tornar os computadores fluentes na nossa língua‖ (2007: 2). Pretendendo que este seja um livro que possa ser lido e compreendido por um leitor que também não possua conhecimentos específicos do domínio, a obra pretende avaliar e facultar pequenas ajudas a qualquer tarefa que inclua a manipulação e tratamento da língua. Entre muitos dos profissionais que contribuíram na elaboração deste livro gostaria de destacar a contribuição da professora Belinda Maia, especialista em linguística computacional e um dos nomes incontornáveis da TA em Portugal. A professora tem inúmeras publicações sobre o tema, muitas das quais se encontram maioritariamente em inglês. No entanto, Maia tem tido colaborações recentes em língua portuguesa, entre as quais se destaca esta obra, para a qual o seu contributo foi, uma vez mais, inestimável.

No entanto, é importante salientar que a TA não trata apenas o processamento de línguas naturais. Engloba questões importantes como as ferramentas de tradução, recursos online e a importância cada vez maior da terminologia e da existência de uma base de dados fidedigna e atual. É por este motivo que gostava de chamar a atenção para o livro Introdução à Terminologia, teoria & prática, das professoras Maria Krieger e Maria José Finatto. Esta é uma publicação que pretende, precisamente, colmatar a lacuna que existe na produção bibliográfica sobre Terminologia em língua portuguesa (2001: 8). De caráter didático, o livro alerta o leitor para a importância da Terminologia, fornecendo definições básicas e fundamentos teóricos para uma designação que as autoras consideram ser muitas vezes invocada de forma errada. A segunda parte desta importante contribuição para a área da tradução dedica-se tanto às aplicações objetivas, como à redação, à tradução ou à elaboração e gestão informatizada de léxicos especializados.

Nos últimos anos, contudo, os maiores contributos para a área da TA têm sido teses de mestrado e/ou doutoramento, que tentam colmatar a ausência ou insuficiência de determinados campos de conhecimento na área. Gostaria de salientar duas teses orientadas pela Doutora Palmira Marrafa, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e diretora científica do CLUL – Centro de Computação do Conhecimento Léxico-Gramatical. A primeira, intitulada Para uma tradução

automática baseada em conhecimento: especificação da modificação e predicação adjectiva, de Náheda Ibrahimo, utiliza o lapso que existe entre a adequação linguística e

a eficiência dos computadores para examinar o desempenho de ferramentas de TA na

internet e avaliar a qualidade dos outputs em expressões adjetivais em Português-Inglês.

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Systran e SDL Free Translation, esta tese vem pôr em evidência muitas das lacunas existentes no estabelecimento de especificações linguísticas nos sistemas, demonstrando como e porque é que ocorrem. Respondendo às próprias questões que lança, Ibrahimo afirma que a solução passa inevitavelmente pelo controlo da linguagem, de forma a reduzir a ambiguidade e a complexidade linguística. É nesta medida que a tese de Ana Lucrécia Madeira Gomes, Tradução Automática e Linguagens Controladas:

Contributos para um Português Controlado, ganha relevância, ao apresentar propostas

de uma linguagem controlada – que controla e restringe a língua utilizada – para o português europeu. Esta tese foi um contributo interessante e valioso para a área de TA, até então sem propostas do género. Relativamente recente e importante como contributo foi também a tese de Doutoramento de Ricardo Manuel Brandão Simões, orientada pelo Doutor José João Almeida, Extracção de Recursos de Tradução com base em

Dicionários Probabilísticos de Tradução, da Faculdade de Engenharia da Universidade

no Minho. O objetivo desta tese é encontrar e realizar uma álgebra que permita manusear os recursos bilingues (dicionários de tradução, terminologia bilingue, entre outros), de forma a responder à necessidade de adaptar estes recursos às situações onde se aplicam. Mas não só de teses surgem contributos pertinentes. É frequente nos dias de hoje encontrar artigos que foram apresentados em palestras ou colóquios, que no caso da TA se têm multiplicado pelo país. É caso da XATA, uma conferência nacional anual que tem como tema central XML: Aplicações e Tecnologias Associadas, e que tem lugar em várias faculdades. Na conferência de 2007 surgiu o artigo ―Processamento de Memórias de Tradução de Grandes Dimensões‖, de José João Almeida e Alberto Simões. Este artigo interessa na medida em que analisa a importância das ferramentas CAT (tradução assistida por computador) sob o formato TMX (Translation Memory Exchange) e XML. As ferramentas CAT são uma realidade cada vez mais constante do universo do tradutor. Em Fevereiro de 2007, a investigadora Diana Santos apresentou no Seminário de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, organizado pela União Latina, um artigo intitulado ―A tradução na sociedade do conhecimento ou Tradução: uma tecnologia humana de ponta ou Ciência e tradução‖. Este é um artigo de opinião, no qual Santos chama a atenção para a importância da tradução como ato construtivo, que age frequentemente como uma ponte entre duas línguas, tendo um objetivo direcional. A tradução, sublinha a autora, é uma tarefa exclusivamente humana que surgiu como resposta a uma necessidade que é compreendida em pleno apenas por humanos. No entanto, o desenvolvimento tecnológico adquiriu um lugar de destaque na

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tradução e trouxe com ele várias tecnologias que auxiliam o tradutor, libertando-o de tarefas repetitivas e morosas. Embora não possa substituir o tradutor, a tradução automática tem assumido um lugar de destaque através de inúmeros programas e ferramentas, como a tradução automática baseada em exemplos ou um sistema partilhado de memórias de tradução (Santos 2007: 4). O ponto de maior interesse do seu texto é, contudo, a diferença entre tradução científica e literária. Santos apoia-se em três argumentos importantes para refutar este antagonismo: a demonstração, através de Lackoff e Johnson (1980), de que a língua é essencialmente metafórica, a compreensão de que até algo como a ciência resulta dos cientistas e sua subjetividade, e de como a língua não possui compartimentos para linguagem técnica e geral (Santos 2007: 5). Depois de apresentar os seus argumentos, a autora realça ainda a dicotomia constante entre tradutor e criador, sublinhando a influência de uma língua noutra, e de como é uma tarefa extremamente complexa e árdua saber trabalhar ambas numa equivalência viável.

Além das publicações referidas é essencial complementar qualquer pesquisa tendo presente a importância, não só da terminologia como foi referido, mas também de glossários especializados. É, por conseguinte, necessário lembrar a existência do Léxico

Técnico Português: Ambiente, Banca, Comércio, Construção, Energia, Seguros, Turismo, Telecomunicações, Direito Comercial Internacional e Economia e Gestão de Empresas, um glossário disponibilizado online e elaborado por professores como a

Doutora Palmira Marrafa, R. Amaro, R. P. Chaves, S. Lourosa e S. Mendes e do glossário Visibilidade, do investigador Daniel Gomes, cujo doutoramento assenta na

web portuguesa. Gostaria de referir, ainda, o Laboratório de Engenharia da Linguagem,

a Linguateca e o Centro de Tradumática em Português, do Camões Portugal – Instituto da Cooperação e da Língua, como importantes referências para consultas e investigação na área.

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13 1. 3. Objetivos

Por possuir uma forte componente tecnológica, grande parte da bibliografia de TA encontra-se em inglês. É por este motivo que grande parte da terminologia que conhecemos e utilizamos se encontra nesta língua, uma vez que a sua universalidade contribui para a compreensão geral e utilização frequente dos termos criados, refletindo assim o poderio dos países de língua inglesa nesta e outras áreas de dimensão global. Citando Correia ―o contexto político e económico mundial, no quadro da globalização, é responsável pela transferência de inúmeros termos técnicos de línguas faladas em estados de maior poderio económico e, consequentemente, científico e tecnológico, para línguas de estados menos poderosos.‖ (Correia 2005: 2). Esta quantidade extraordinária de publicações em inglês veio pôr em evidência o reduzido número de publicações em português, o que no contexto académico como o meu, surge como uma desvantagem. Mesmo existindo um número crescente de publicações em português e um número cada vez maior de investigadores na área, como pudemos observar, um aluno que queira encontrar o máximo de informação possível em português encontra-se condicionado pelo número de textos disponível em língua portuguesa. Esta restrição pode reduzir não só o número de escolhas que um aluno tem, mas também a quantidade de informação que pretende obter de forma clara e objetiva.

O que motivou este trabalho foi, por isso, a verificação enquanto aluna do Mestrado em Tradução (Inglês-Português), de que existe alguma escassez de textos na nossa língua quando em confronto com a língua inglesa. Dado o crescimento gradual da área da TA em Portugal e a importância que tem vindo a assumir progressivamente a saber no ensino da tradução decidi, portanto, minimizar esta lacuna ao apresentar um projeto de uma antologia de textos sobre TA. Pretendo, deste modo, contribuir para o crescimento da bibliografia de TA em português ao disponibilizar uma pequena seleção de textos, e respetivas propostas de tradução, de dois dos nomes mais importantes da sua história. Ao tornar disponível este trabalho pretendo, também, contribuir para o enriquecimento do português como língua científica, uma vez que a seleção é composta por textos científicos e técnicos. Uma tal antologia terá importância académica para alunos que se sintam fascinados pelo tema e, no entanto, têm pouco textos acessíveis em língua portuguesa.

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14 1. 4. Metodologia (o modelo de análise textual de Christiane Nord)

Para que a análise apresentada neste projeto fosse rigorosa e solidamente fundamentada foi necessário encontrar uma metodologia de trabalho que se adequasse ao corpus e que permitisse pôr em evidência as características mais importantes dos textos escolhidos e, consequentemente, as dificuldades e problemas de tradução, bem como as propostas de solução. Um dos pontos mais importantes deste projeto é, por conseguinte, o modelo de análise a propor, que neste caso será o de Christiane Nord.

Em 1988, Nord propõe na sua obra Textanalyse und Übersetzen: theoretische

Grundlagen, Methode und Anwendung einer übersetzungsrelevanten Textanalyse3 um modelo de análise de tradução funcional, retomando as posições funcionalistas introduzidas por Vermeer e Reiss4. Ao estudar e analisar o ato tradutório e a tarefa do tradutor, Nord verificou que existiam vários elementos e parâmetros que não eram abordados pelos autores referidos ou que se encontravam, segundo a própria, mal categorizados. Era necessário um modelo que permitisse a interpretação correta do texto e explicasse as suas estruturas textuais e linguísticas, de acordo com o sistema e normas do texto de partida (Nord 2005: 1), permitindo assim analisar as diferentes funções, etapas e níveis de importância do processo tradutório para depois os aplicar a qualquer tipo de texto. Nas palavras da autora:

«What is needed is a model of source-text analysis which is applicable to all text types and text specimens, and which can be used in any translation task that may arise. Such a model should enable translators to understand the function of the elements or features observed in the content and structure of the source text. On the basis of this functional concept they can then choose the translation strategies suitable for the intended purpose of the particular translation they are working on. »

(Nord 2007: 1)

3 Para o presente trabalho utilizarei a versão inglesa Text Analysis in Translation. Theory, Methodology,

and Didactic Application of a Model for Translation-Oriented Text Analysis, de 2005

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Noção proposta em: Reiss, K. & Vermeer, H. J. (1984) Grundlagen einer allgemeinen

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É por este motivo que Nord formulou um modelo de análise textual que pudesse não só ser aplicável a todo o tipo de textos e suas particularidades, mas também que fosse específico o suficiente para ajudar a sistematizar o maior número de problemas gerais de tradução. Desta forma, o tradutor conseguiria avaliar de forma consciente todo o processo de tradução e todos os problemas e dificuldades envolvidas, conseguindo justificar de forma clara e ponderada as suas escolhas. É também por esta razão que, como a autora salienta, este é um modelo que tanto pode ser utilizado por um tradutor profissional, como por um estudante ou até por professores cuja função seja preparar e equipar de forma adequada os seus alunos na prática da tradução.

Como foi referido anteriormente, existem para Nord vários parâmetros e fases deste processo que se encontram mal definidos. É por esta razão que a autora sublinha que existe, entre muitos outros exemplos, uma importante diferença entre textualidade e texto, sendo que textualidade diz respeito à estrutura socio-comunicativa dos participantes do ato comunicativo, e texto é a realização concreta da ―textualidade‖ (Nord 2005: 41). Esta distinção feita por Nord reforça um dos critérios principais do seu modelo, no qual o texto é encarado como um ato comunicativo e, como tal, todas as dimensões da situação comunicativa e dos seus participantes são aspetos a ter em conta. Deste modo, todos os fatores que dizem respeito à utilização do texto de partida são de extrema importância para a sua análise, uma vez que determinam a sua função comunicativa (Nord 2005: 41). Nord denomina estes fatores de intratextuais e extratextuais, distinguindo-os para que o tradutor, independentemente do seu nível de experiência, consiga fazer a análise da função do TP e do TC, assinalando todas as dimensões do ato comunicativo sem os confundir ou agrupar sob a mesma categoria.

« From an action-oriented viewpoint, the text is regarded as an element of a communicative interaction which takes place in a situation. The communicative situation (including the participants in the communicative act) becomes then the centre of attention, while the linguistic structure of the text body, which can be analysed by textlinguistic methods, is of secondary importance. It is on the basis of an action-oriented concept of textuality that we may regard the translation of a text as an ―action‖ which makes it possible that a text fulfils certain functions for other participants in a new situation. »

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O modelo de Nord apresenta assim duas grandes divisões de análise: os fatores extratextuais (relativos ao emissor, à sua intenção e aos fatores que condicionam a produção do texto) e os fatores intratextuais (relativos ao léxico, estrutura das frases, elementos não-verbais, entre outros). Ambos são essenciais para as fases do processo de tradução, que a autora diz ser um ciclo repetitivo onde o tradutor pode repensar as suas escolhas, e eventualmente modificá-las.

No domínio dos fatores extratextuais importa analisar quem é o autor ou emissor do texto (tendo sempre presente, como sublinha Nord, que existe uma diferença importante entre os dois), qual era a sua intenção quando o elaborou, o meio através do qual foi produzido, onde e quando. Depois de reunidas as respostas a estas perguntas conseguiremos obter aquela que é a resposta à pergunta mais importante da análise dos fatores extratextuais: por que razão foi o texto escrito? (Nord 2005: 42) Todos estes pontos de análise levam-nos a esta pergunta, que Nord diz ser decisiva para a análise da função do texto, uma vez que será a resposta que nos dirá qual o motivo da sua produção. Os fatores intratextuais, por outro lado, são todos os elementos que dizem respeito à constituição intrínseca do texto. Aqui a ênfase é colocada na importância que os elementos linguísticos e verbais assumem, avaliados de acordo com a função que têm no texto. É necessário analisar não só o texto como um todo, mas também os fatores textuais individuais e o seu ―ambiente‖, uma vez que são estes elementos que se encontram ligados à intenção, função e motivo (fatores extratextuais). O texto é, assim, analisado através da sua microestrutura, ou seja a estrutura formal ou semântica, e através da sua macroestrutura, isto é, as secções em o texto está organizado. Os fatores intratextuais são importantes na medida em que se referem à forma como a informação é apresentada ao recetor, e como é articulada.

A aplicação do modelo inclui três etapas obrigatórias: a análise do perfil do texto de partida, os seus elementos e características que são relevantes e, dentro deste grupo, quais são aquelas que realçam as dificuldades e problemas de tradução que obrigam o tradutor a pensar e repensar as suas escolhas. Nord dá destaque a este percurso para salientar que existe uma importante diferença entre dificuldades (que são subjetivas) e problemas (objetivos) de tradução. As dificuldades de um texto, diz a autora, estão relacionadas com as capacidades do próprio tradutor e as suas condições específicas de trabalho (Nord 2005: 167). Por outro lado, os problemas de tradução estão relacionados com as diferenças específicas de cada língua e cultura, isto porque cada uma denota

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hábitos, normas e convenções com respostas e soluções próprias. A distinção entre dificuldades e problemas é importante na medida em que ajudará à sistematização da análise textual, e ajudará o tradutor a justificar as suas escolhas, que resultam do cruzamento entre o vencer das dificuldades e a resolução dos problemas. A justificação das escolhas é, de resto, um dos principais objetivos deste modelo, como já foi referido.

Estamos perante um modelo de análise funcional que pode ser aplicado a qualquer tipo de texto, literário ou não, o que significa que pode ser aplicado com sucesso a um texto científico e/ou técnico, como é o caso do conjunto de textos escolhidos para este projeto. A divisão deste modelo entre os fatores extratextuais e intratextuais é fulcral para analisar o TP e todas as singularidades que o compõem.

« I have attributed great importance to the fact that the model is applicable to source texts of any language and any text type and to translations from and into any language and culture. »

(Nord 2005: 259) A aplicação do modelo aos textos selecionados terá por base o modelo de Christiane Nord, referido nesta secção, e todos os comentários dos textos-fonte encontrar-se-ão divididos entre fatores extratextuais e intratextuais.

1.5. Justificação do corpus

O projeto que está por detrás do presente trabalho é a organização de uma antologia em língua portuguesa sobre TA. No entanto, dadas as limitações deste trabalho, analisarei apenas dois textos, de entre os muitos que poderiam figurar num trabalho desta envergadura. Uma antologia ilustra, por definição, uma seleção cuidada de vários textos para determinado público, configurando ou manipulando a sua receção (Seruya 2013: 1).

« Beauty, selection, and re-arrangement are thus qualities and activities present in the genesis of the anthology form. » (Seruya 2013: 2).

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Esta seleção é baseada no valor, e envolve um rearranjo e uma reestruturação deliberada de um corpus. O objetivo principal de uma antologia é disponibilizar textos, que podem ser marginalizados ou desconhecidos, refletindo e moldando de forma inevitável o gosto literário contemporâneo (Seruya 2013: 3). No entanto, uma antologia pode ter também objetivos educacionais (que têm como função educar os seus leitores ou informá-los sobre determinado tema), de preservação (preservar determinado tipo de bibliografia, sendo a antologia o meio de preservar a memória cultural nacional), inovação (reavaliação de textos e do cânone), proteção (produção de obras literárias menores), estrutura (estruturando e abrindo caminho a um novo ramo na cultura) e acessibilidade (tornando disponível determinada seleção de textos a um vasto público) (Seruya 2013: 3). No caso presente e tendo em conta os objetivos em mãos, a antologia em causa cumpre objetivos educacionais e de acessibilidade.

Como é possível observar, a seleção de textos para uma antologia é uma tarefa que requer muito cuidado, pressupondo a representatividade dos objetos selecionados. Os critérios da sua seleção têm que ser, por isso, rigorosos, embora envolvam alguma subjetividade (Seruya 2013: 4). Contudo, a seleção pode e deve ser determinada pelos seus leitores-alvo, neste caso estudantes de tradução, que podem ter diferentes níveis de conhecimento sobre TA ou tecnologias aplicadas à Tradução.

Por se tratar apenas de um projeto para obtenção do grau de Mestre, o presente trabalho debruçar-se-á apenas sobre dois textos. No entanto, uma futura antologia poderia incluir a seguinte seleção:

i. Translation, Warren Weaver (1949)

ii. The Mechanical Determination of Meaning, Erwin Reifler (1955)

iii. The Present Status of Automatic Translation of Languages, Yehoshua Bar-Hillel

(1960)

iv. The Proper Place of Men and Machines in Language Translation, Martin Kay

(1980)

v. ALPAC: The (In)Famous Report, John Hutchins (1996)

vi. The Development and use of machine translation systems and computer-based translation tools, de John Hutchins

vii. Translation technologies and minority languages, Harold Somers (2003)

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O critério principal de ordenação das publicações acima referidas foi a progressão cronológica entre elas, embora as tenha tentado articular com uma certa progressão temática, desde a história da TA, ao desenvolvimento de sistemas e ferramentas e qual a importância que têm adquirido nos últimos anos. De forma a elucidar o leitor, referir-me-ei brevemente sobre os textos acima mencionados:

i. Translation, Warren Weaver (1949)

O memorando de Warren Weaver foi o primeiro documento escrito onde a TA foi abordada como uma ideia exequível. Depois de ter trabalhado com o conceito criptográfico, Weaver acreditava que um computador era capaz de efetuar uma tradução através do método criptográfico, sabendo de antemão, pelas limitações que o computador apresentava, que a tradução produzida precisaria sempre de revisão humana. O autor incluiu ainda algumas experiências que fez com colegas seus e possíveis ideias, defendendo sempre que independentemente do resultado obtido, era na TA que se encontrava o futuro da tradução.

ii. The Mechanical Determination of Meaning, Erwin Reifler (1955)

Publicado poucos anos depois, o texto de Reifler segue o raciocínio do memorando de Warren Weaver. O autor defendia que a TA era a melhor solução tradutória, dado que existiam demasiadas línguas e insuficientes tradutores competentes para conseguir a tradução exequível das mesmas. Pensar em TA, afirmava Reifler, significava contar com as dificuldades e limitações que podiam surgir a nível linguístico e de engenharia. É por este motivo que propôs um sistema de TA que possuísse um rigor semântico e um

output inteligente o suficiente para que não fosse necessário uma intervenção humana.

Para atingir este objetivo, Reifler desenvolveu um sistema que demonstrava a exequibilidade de uma possível mecanização de toda a revisão humana.

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20 iii. The Present Status of Automatic Translation of Languages, Yehoshua

Bar-Hillel (1960)

O artigo de Yehoshua Bar-Hillel é um texto extremamente completo, no qual o autor falou sobre a exequibilidade dos sistemas de tradução automática de qualidade elevada (Fully Automated High Quality Translation – FAHQT), discutindo as razões pelas quais considerava ser um objetivo irreal. A TA, dizia o autor, podia ter objetivos para traduções de baixa qualidade ou parcialmente automáticas. Se fosse esta a premissa, e se houvesse um grande investimento e uma rigorosa divisão de tarefas, seria possível ter, num espaço de 3 a 5 anos, centros de tradução que estivessem aptos a fazer uso da TA a preços competitivos. Bar-Hillel chegou ainda a afirmar que a investigação linguística até então conseguida foi de extrema importância, embora considerasse que não era um requisito fundamental ou particularmente útil, uma vez que não iria trazer a sofisticação pretendida para a TA de qualidade elevada. Grande parte do seu texto retratou ainda a pesquisa feita por vários grupos de investigação, de diferentes países ou dentro do mesmo país (E.U.A.). Grande parte do insucesso verificado resultava, segundo Bar-Hillel, da incompreensão de que era impossível a TA conseguir a sofisticação de uma tradução humana.

iv. The Proper Place of Men and Machines in Language Translation, Martin Kay (1980)

O texto de Martin Kay fala da importância da tradução e da necessidade de haver o maior número de textos traduzidos. No entanto, disponibilizar traduções competentes em várias línguas e de vários textos é algo que requer tempo e algum investimento. Este é um dos motivos pelos quais a TA foi pensada como uma possível solução, isto porque reduziria os custos que adviriam da contratação de vários tradutores humanos e, certamente, não seria tão morosa. No entanto, Kay salientava que embora tivesse havido uma evolução na ciência da computação, como a análise de algoritmos por exemplo, a TA continuava a ter limitações óbvias a nível linguístico. A solução para este problema, afirmava o autor, seria aproveitar a ideia da TA e os desenvolvimentos adquiridos, para conseguir sistemas de auxílio ao tradutor

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21 v. ALPAC: The (In)Famous Report, John Hutchins (1996)

Esta é, sem dúvida, uma das publicações mais importantes de Hutchins, uma vez que fala sobre um acontecimento marcante na história da TA: a criação, em 1964, do ALPAC – Automatic Language Processing Advisory Committee. Este foi fundamental para a criação e desenvolvimento da linguística computacional e inteligência artificial. No entanto, o relatório ALPAC, conduzido em 1966, concluiu que a TA era lenta, menos rigorosa do que um tradutor humano e, certamente, muito mais dispendiosa. As repercussões foram sentidas, não só a nível económico, uma vez que os Estados Unidos investiram bastante em investigação, mas essencialmente a nível de interesse e resposta. Isto porque os relatórios sobre as incongruências e o insucesso dos sistemas de TA começaram a repetir-se sucessivamente, sem que a raiz do problema fosse identificada. No entanto, como sublinha Hutchins, a existência polémica deste relatório foi essencial para mudar a história da TA, e as abordagens feitas até então.

vi. The Development and use of machine translation systems and computer-based translation tools, de John Hutchins (1999)

Outro dos importantes contributos para a história da TA foi a elaboração deste artigo de Hutchins sobre os sistemas que foram, desde a sua conceção até à data em que em que o texto foi publicado, mais relevantes e porquê. O autor discute como e em que países determinados sistemas se difundiram. Para além de dar ênfase à proliferação destes sistemas, Hutchins fala ainda da importância que as ferramentas de TA têm adquirido, bem como todas as tecnologias aplicadas à tradução. Esta importância, deve-se, em grande parte, graças ao aparecimento da internet e de como permitiu a expansão de vários serviços em rede.

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22 vii. Translation technologies and minority languages, Harold Somers (2003)

Harold Somers é outro dos nomes importantes na área da TA, e Computers and

Translation: a Translator’s Guide uma das publicações mais recentes e influentes. Translation tecnhnologies and minoriry languages é um dos capítulos integrantes da

obra referida, e dos poucos da autoria de Somers. O autor fala das ferramentas CAT, i.e. ferramentas de tradução assistida por computador, e de como não existe quase nenhum

software semelhante para auxiliar o tradutor quando este precisa de trabalhar com

línguas menores, como o Hindi ou o Urdu. Somers sugere neste capítulo, por conseguinte, algumas estratégias que ajudariam a minimizar a escassez de ferramentas para estas línguas.

viii. Going live on the internet, Jin Yang and Elke Lange (2003)

Este é outros dos capítulos que podemos encontrar em Computers and Translation:

a Translator’s Guide. Jin Yang e Elke Lange falam-nos, tal como Hutchins, da

importância da internet, e de como veio revolucionar a área da TA e da tecnologia. Os dois autores debruçaram-se, especialmente, sobre o aparecimento de vários sistemas de tradução online, que prometiam uma tradução rápida e de qualidade elevada. Muitos dos sistemas que conhecemos hoje, como o Babelfish ou o AltaVista, adquiriram a importância que lhes é reconhecida por conseguirem trabalhar os pares de línguas mais procurados. No entanto, os autores fizeram questão de sublinhar que a qualidade que prometiam era, na verdade, bastante inferior, fazendo pouco mais do que uma tradução à letra. Embora conseguisse uma tradução rápida, a qualidade ficava, segundo as empresas que os desenvolveram e os utilizadores, muito aquém do originalmente pretendido.

Desta breve lista foram selecionados para o presente projeto apenas dois textos. E são eles:

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 Translation, de Warren Weaver.

De uma importância fundamental na área da TA, o memorando de Warren Weaver foi o primeiro dos textos a ser selecionado para este trabalho e sem o qual esta proposta

de antologia estaria incompleta.

Conhecido matemático e cientista, Weaver publicou em 1949 aquela que viria a ser uma das publicações mais importantes da TA – senão a mais importante – uma vez que foi a primeira vez que alguém abordou diretamente a possibilidade de uma máquina conseguir fazer uma tradução (até então uma tarefa exclusiva do tradutor humano), com uma qualidade igual à deste. A importância da escolha deste texto recai na sua importância histórica, dado que foi a publicação pioneira desta área onde foram contempladas as primeiras ideias, estudos e experiências sobre o tema. Outros dos motivos relevantes para esta escolha foi a intemporalidade do memorando, uma vez que passados vários anos o ideal de TA continua a ser aquele que Warren Weaver projetou.

 The Development and use of machine translation systems and computer-based

translation tools, de John Hutchins.

Importante linguista inglês, John Hutchins é um dos nomes mais relevantes da cena atual da TA. A contribuição de Hutchins, tanto a nível de investigação, como a nível de obras escritas sobre o tema destaca-se e, como tal, era imperativa a inclusão de, pelo menos, uma das suas publicações no presente projeto.

Especialista no uso de computadores em tradução, Hutchins começou por interessar-se pelos sistemas que existiam, compilando-os em vários livros, sem deixar de dissertar sobre as funcionalidades de cada um e qual a sua difusão e feedback. As publicações do autor pautam-se sempre por um breve percurso histórico, de forma a tornar o leitor (erudito ou não) consciente da evolução dos sistemas mais relevantes da área. Achei, portanto, pertinente a inclusão desta publicação no corpus de trabalho, uma vez que completa a informação que o memorando de Weaver introduz, apresentando

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mais informação à história dos sistemas e referindo quais os desenvolvimentos e progressos que foram feitos em TA nos últimos anos.

1. 6. Estrutura do trabalho

O presente projeto apresenta, além da Introdução, Conclusão e Referências Bibliográficas, a aplicação do modelo de análise de Christiane Nord aos textos acima mencionados, de acordo com a metodologia proposta. É importante referir que tanto as publicações selecionadas, como as respetivas propostas de tradução se encontram em anexo (anexo 1 e 2 respetivamente) na parte final deste trabalho.

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2. Aplicação do modelo de análise textual ao texto Translation,

de Warren Weaver (1949)

2.1. Análise dos fatores extratextuais

Conhecido matemático e cientista, Warren Weaver (1894-1978) (AUTOR DO TEXTO e EMISSOR5)6 esteve, desde muito cedo, ligado às ciências aplicadas e à matemática. Embora planeasse uma carreira ligada à área da engenharia, a influência dos professores Max Mason e Charles Slichter (ambos com uma longa e prestigiada carreira como matemáticos) levou Weaver a interessar-se pela matemática ao ponto de mudar de licenciatura7. Depois de cumprir serviço militar na Força Aérea (1917-19), Weaver deu aulas como professor assistente de matemática no Instituto Politécnico de Throop, entre 1917 e 1918, antes de regressar à Universidade de Wisconsin e de se ter doutorado em 1921 na mesma área. Não só chegou a dar aulas como professor na mesma Universidade, como veio, inclusive, a tornar-se presidente do departamento de matemática entre 1928 e 1932. O profissionalismo e a boa relação que manteve com Max Mason, levou a que fosse convidado a ser diretor do departamento de Ciências Naturais na Fundação Rockefeller, depois de Mason se ter tornado presidente em 1929. Weaver foi convidado para se tornar responsável e incentivar vários projetos que tinham como finalidade o progresso tecnológico através do intercâmbio com outros campos de estudo, função que desempenhou com distinção e na qual se destacou8.

5 Embora este texto tenha sido reimpresso com a autorização do autor e publicado mais tarde em Locke, William N. & Booth, A. Donald (1955) Machine translation of languages: fourteen essays, Technology Press of the Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, Mass., and John Wiley & Sons, Inc., New York, o memorando de Weaver foi originalmente enviado pelo próprio autor a colegas seus. A verificação deste facto encontra-se na nota de editor, presente no final do texto. Este pode ser encontrado no anexo 1.

6 A utilização de parêntesis com maiúsculas respeita as convenções do modelo de análise textual de Nord, pelo que será aplicada, daqui para a frente, a ambos os textos selecionados.

7 Factos relativos à biografia do autor podem ser encontrados em: http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/Biographies/Weaver.html

8

Segundo os relatos de um colega. Em Reingold. N. & Warren Weaver, American National Biography, 22 (Oxford, 1999), 838-841. Acedido em http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/Biographies/Weaver.html

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____________Aplicação do modelo de análise textual ao texto Translation, de Warren Weaver

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Contudo, foi na Segunda Grande Guerra, ao ser destacado para o painel de Matemáticas Aplicadas do governo americano, que Warren Weaver se familiarizou com máquinas eletrónicas e o seu desenvolvimento. Isto permitiu que pudesse estudar e, principalmente, aplicar várias técnicas matemáticas e de estatística a estas máquinas para conseguir decifrar mensagens inimigas (MOTIVO). É exatamente esta a premissa do seu memorando, no qual Weaver, ao perceber que vários métodos científicos podiam ser aplicados a dispositivos eletrónicos e a descodificar mensagens simples como acabara de acontecer durante a Segunda Grande Guerra, se alicerça no conceito matemático da criptografia para fazer a analogia entre a tradução e a descodificação (INTENÇÃO).

2. 1.1. Translation

O texto de Warren Weaver, intitulado simplesmente de Translation [Tradução], é um memorando que o próprio autor elaborou em Julho de 1949 (TEMPO da produção do texto), e enviou a cerca de 200 colegas seus, cientistas e matemáticos (PÚBLICO). Esta é uma publicação breve que aborda essencialmente quatro propostas de temas inovadores dentro do campo da tradução (INTENÇÃO). Warren Weaver começa por apresentar-nos aquele que acredita ser o conceito-chave da sua problematização: a criptografia. A introdução deste tema surge através da experiência pessoal de um colega matemático com a língua turca e a dificuldade que este tinha em compreendê-la. Tal como Weaver, este seu colega partilhava o mesmo interesse pela criptografia (MOTIVAÇÃO) e começou a decifrar mensagens simples, de forma a poder compreender finalmente a língua e, por conseguinte, a exequibilidade de uma possível descodificação. De forma a dar pertinência a este conceito e ao seu uso, Weaver utiliza a sua própria experiência com o conceito criptográfico (CONTEÚDO) durante a Segunda Grande Guerra para justificar a sua utilização dentro da área da tradução. Esta introdução através de encontros pessoais, conversas ou troca de correspondência é, de resto, uma das particularidades mais marcantes do texto, e da própria escrita de Weaver, sempre que fala de um assunto inovador. (COMPOSIÇÃO).

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____________Aplicação do modelo de análise textual ao texto Translation, de Warren Weaver

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Outro dos temas que o autor aborda prende-se com a discussão da capacidade dos computadores em conseguir uma mecanização do discurso bem-sucedida, lidando e resolvendo simultaneamente problemas de polissemia, semântica, entre outros, até então resolvidos com sucesso apenas por tradutores humanos. Este tema é mais uma vez introduzido através de uma experiência do próprio, nomeadamente uma troca de correspondência entre Weaver e o professor Robert Wiener, famoso matemático e preconizador da cibernética. Depois de alguma reflexão Weaver decide enviar-lhe uma carta na tentativa de interessar o professor, tão devoto a desenvolver as teorias de robótica, automatização, entre outras, a resolver o problema da tradução automática. Contudo, Wiener recusa-se a acreditar que uma máquina como um computador conseguisse solucionar os problemas de barreiras linguísticas que advêm das singularidades de cada língua. É aqui que Warren Weaver descobre que o seu ideal de tradução automática já tinha sido abordado antes pelo professor Andrew Booth, da Universidade de Londres. Decidido a partilhar e aprofundar ainda mais este tema, Weaver decide encontrar-se com Booth e ainda Richard H. Richens, director-assistente da Agência de Multiplicação de Plantas e Genética e também ele fascinado pelo problema de tradução, para juntos testarem a exequibilidade dos seus ideais automáticos. A inclusão deste encontro no seu memorando é de extrema importância, dado que é através desta pequena reunião que Weaver consegue partilhar todo o conhecimento que possui (e que adquirira também durante a Segunda Grande Guerra) e que, juntamente com Richens e Booth, explora a nível prático. Os três propõem uma tradução ―rascunho‖ à letra, na qual a máquina procurava encontrar determinada palavra e caso esta não constasse da memória da máquina, descartava a última letra e tentava de novo.

Um dos grandes erros desta proposta conjunta é ter-se limitado à funcionalidade da máquina, sem considerar os possíveis problemas que normalmente advêm de qualquer acto tradutório: problemas como o da ambiguidade, por exemplo. Como Weaver sublinha, a preocupação na altura fora única e exclusivamente o processo de mecanização do dicionário, que obviamente não fora suficiente para colmatar as falhas que advieram. Contudo, os autores puderam concluir a partir desta experiência aquilo que todos estes anos de história e progresso dos sistemas de tradução automática nos permitem facilmente concluir nos dias de hoje: que uma tradução automática jamais pode trabalhar com traduções literárias, uma vez que os problemas que podem advir são

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mais frequentes, complexos e passam por soluções que só um tradutor humano tem capacidade para resolver. As traduções técnicas, por sua vez, já possuem problemas de ambiguidade mais simples de resolver, podendo dar concretização aos ideais de descodificação que propõem.

É por esta razão que Warren Weaver salienta os seus dois últimos tópicos. Sabendo que o conceito de criptografia é de cariz matemático, Weaver apoia-se na ―teoria da informação‖ (CONTEÚDO, MOTIVAÇÃO) – conceito desenvolvido por Claude Shannon – para reforçar um dos fatores mais importantes a ter em conta: a linguagem tem um carácter estatístico e os problemas que dela advêm podem ser resolvidos como se de um teorema ou probabilidade se tratasse. Debruçando-se um pouco mais sobre o contexto e significado de determinado conteúdo, Weaver relembra que a linguagem dentro do sistema tem propriedades estatísticas e quaisquer que sejam os problemas que a tradução encontre, pode resolvê-los da mesma forma que conseguiu efectuar a tradução: através de fórmulas e propriedades estatísticas (INTENÇÃO, MOTIVAÇÃO). O autor dá o exemplo do problema da ambiguidade, lembrando que quanto maior for o leque de traduções possíveis, maior a lentidão da máquina em resolver o problema. Esta probabilidade pode aumentar ou ser reduzida consoante a análise do computador.

É por a linguagem conter elementos ―ilógicos‖ que a criptografia surge como a melhor ferramenta da tradução, uma vez que não garantindo uma tradução perfeita garante, pelo menos, uma tradução com uma margem de erro limitada. Por último, Weaver faz a ponte entre a utilidade deste conceito e os vindouros (e utópicos) resultados. Embora a tradição mítica reporte a origem da tradução à Torre de Babel, Weaver propõe através da sua abordagem criptográfica uma espécie de torre ―anti-Babel‖. Esta abordagem facilitaria, segundo ele, a comunicação, facultando estruturas comuns e permitindo aos seus intervenientes escolherem o caminho que lhes aprouvesse (INTENÇÃO) – sem que para isso tivessem de ―gritar‖ de cada uma das suas ―torres‖.

2.1.2. Reflexo dos fatores extratextuais no texto

Uma das particularidades deste texto é o facto de o autor (AUTOR DO TEXTO e EMISSOR) se referir a si próprio na terceira pessoa, algo comum em textos mais científicos, como que uma estratégia de redução de subjetividade.

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____________Aplicação do modelo de análise textual ao texto Translation, de Warren Weaver

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―(...) it was very natural for W. W. to think, several years ago, of the possibility (…)‖ (Weaver 1949: 14).

Embora existam casos pontuais em que o autor se exprime na primeira pessoa.

“This may be, for all I know, a famous theorem of philology” (Weaver 1949: 13).

Por ser um texto de cariz mais científico, o texto é marcado por uma linguagem maioritariamente formal, uma vez que existem expressões de distinção social (―Professor‖, ―Dr.‖, entre outros) e de elucidação face às funções e especialidades das pessoas descritas. Exemplos como o indicado abaixo ditam o tom do texto e são, também, normalmente típicas deste tipo de texto:

―On May 25, 1948, W. W. visited Dr. Booth in his computer laboratory at

Welwyn, London, and learned that Dr. Richens, Assistant Director of the Bureau of Plant Breeding and Genetics (…)‖ (Weaver 1949: 15)

No entanto, a linguagem utilizada nem sempre é formal e existem alguns casos em que o autor se aproxima do leitor em pequenas observações ou comentários, em tom coloquial e próprio da oralidade:

―The suggestions of this memorandum will surely be incomplete and naïve, and may well be patently silly to an expert in the field (…).‖ (Weaver 1949: 13).

―(…) one naturally wonders if the problem of translation could conceivably be treated as a problem in cryptography.‖ (Weaver 1949: 14)

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―First, let‟s us think of a way in which the problem of multiple meaning can, in

principle at least, be solved.‖ (Weaver 1949: 15)

Sendo que o estilo de um texto é a forma pela qual o pensamento é expresso, o memorando de Weaver é caracterizado por elaborações intelectuais e científicas – das propostas apresentadas e desenvolvidas (FUNÇÃO DO TEXTO). Dado que a sua publicação tem como finalidade a divulgação de conceitos e propostas, nas quais Weaver acredita residir o futuro da tradução, o texto é maioritariamente descritivo/expositivo. Esta função informativa existe para que o leitor possa perceber não só qual a intenção, mas em que é que se baseia e que fundamentos têm as suas ideias (relação entre EMISSOR e RECETOR). Faço aqui um pequeno aparte para referir que ambos os textos selecionados têm muitas características em comum. No entanto, é importante salientar que um dos textos é de cariz mais científico que o outro, nomeadamente o texto agora em análise.

Consideram-se próprias de um texto mais científico as seguintes características: a) Termos técnicos: mathematical theory of communication, mechanization of

speech, statistical semantic, entre outros (LÉXICO)

b) Uso do presente como tempo verbal nos comentários sobre os desenvolvimentos, ideias e encontros que teve:

―There is no need to do more than mention the obvious fact that a multiplicity of languages impedes (…)‖ (Weaver 1949: 13)

―(…) there is a great deal of evidence for this general viewpoint.‖ (Weaver 1949: 14) (ESTRUTURA DAS FRASES)

c) Dimensão retórica e argumentativa:

 ―Also knowing nothing official about, but having guessed and inferred considerable about, powerful new mechanized methods in cryptography—methods which I believe succeed even when one does not know what language has been coded (…)‖ (Weaver 1949: 13) (COMPOSIÇÃO, FUNÇÃO DO TEXTO)

d) Nomes de pessoas e/ou entidades e fontes: UNESCO, Bureau of Plant Breeding

and Genetics, Michael Shannon, Professor Wiener, Bell Telephone Laboratories, entre outros (CONTEÚDO)

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____________Aplicação do modelo de análise textual ao texto Translation, de Warren Weaver

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e) Citações diretas e indiretas como:

 ―Reichenbach remarked, ‗‗I was amazed to discover that, for (apparently) widely varying languages, the basic logical structures have important common features.‘‘ (Weaver 1949: 14) (CONTEÚDO e COMPOSIÇÃO)

A apresentação do conteúdo é devidamente estruturada em subdivisões que estão interligadas de forma lógica demonstrando, por conseguinte, a articulação dos temas propostos com o conceito de tradução (COMPOSIÇÃO e CONTEÚDO). Esta estrutura permite a progressão textual do raciocínio que Weaver apresenta, e que pretende ser considerado uma opção científica viável.

2. 2. Análise dos fatores intratextuais

a) Assunto

De acordo com as convenções do que constitui um texto científico e técnico, o título do texto e os subtítulos que possui indicam, frequentemente, qual o(s) tema(s) principal(ais) do texto. Porém, o memorando de Warren Weaver possui, ao contrário do que se espera deste tipo de texto, um título bastante genérico. Intitulado simplesmente de Translation, o cabeçalho do texto de Weaver está longe de demonstrar as ideias e propostas que as suas subdivisões apresentam. É a minha opinião pessoal que a escolha de um título tão abrangente como

Translation foi a tentativa de Weaver em conseguir alguma atenção por parte

dos seus leitores. Sabendo que propunha ideias pioneiras e vanguardistas na área da tradução, e sabendo que haveria à partida quem as rejeitasse (como é o caso do Professor Wiener, cuja opinião é inclusive incluída no memorando), penso que Weaver terá decidido apostar num título que não fosse polémico e que não levasse à possível rejeição da sua leitura. Ao utilizar um título tão genérico como Translation, Weaver garante que ninguém vai declinar a priori as suas ideias, e consegue suscitar uma certa curiosidade no leitor, levando-o a querer saber que assunto(s) relacionado(s) com tradução vai abordar ao certo. A

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