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SISTEMAS AGRÁRIOS E REPRODUÇÃO FAMILIAR O CASO DOS LAVRADORES DO ALTO JEQUITINHONHA, MINAS GERAIS

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SISTEMAS AGRÁRIOS

E REPRODUÇÃO FAMILIAR

O CASO DOS LAVRADORES

DO ALTO JEQUITINHONHA, MINAS GERAIS

Eduardo Magalhães Ribeiro1 Flávia Maria Galizoni2

1 JEQUITINHONHA

A Região do Jequitinhonha localiza-se ao Nordeste do Estado de Minas Gerais, Sudeste brasileiro, e pode, grosso modo, ser dividida em duas zonas bem diferentes: alto e baixo Jequitinhonha. O baixo rio é marcado pela grande propriedade rural dedicada à pecuária bovina extensiva; o alto Jequitinhonha, situado acima da foz do rio Araçuaí, é caracterizado por extensões de terras planas – as chapadas,

apropriadas por empresas – contrastando com suas vertentes – as

grotas – marcadas pelos terrenos de agricultores familiares.

O vale do rio Jequitinhonha começou a ser povoado no começo do século XVIII, a partir das primeiras bandeiras que explo-ravam ouro de aluvião. Neste processo os colonos foram espalhando pequenas vilas ao longo dos rios, dependendo da ocorrência mais feliz de minério. Da cabeceira à barra do rio Araçuaí foram fundadas Minas Novas, Chapada do Norte, Berilo, Virgem da Lapa e Araçuaí, situadas à distância de aproximadamente 20 ou 25 quilômetros uma da outra. Estas cidades formam o centro do que comumente se entende por vale do Jequitinhonha: região de agricultura familiar, estagnação econô-mica histórica e forte migração.

As saídas de população desta região começaram com a decadência da mineração, mas não exclusivamente: elas foram moti-vadas também pelo esgotamento das terras para lavoura. No começo

1 Economista e historiador, Professor Adjunto do DAE da Universidade Federal de Lavras.

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do século XIX, Saint-Hilaire e Spix, Von Martius anotaram o declínio de fertilidade, que empurrava a população para a terra fértil da Mata Atlântica e a abundância das novas lavouras. Em meados do século XIX tornou-se intenso o movimento migratório do Jequitinhonha em direção à mata3.

No ano de 1893 o funcionário David Campista, então lotado na Secretaria de Agricultura do Governo de Minas Gerais, organizou uma pesquisa para investigar a situação do campo mineiro. Campista preparou um vasto roteiro de perguntas, norteado por uma concepção difundida na época: teria ocorrido um impacto forte da abolição da escravatura sobre as atividades rurais, que resultara em relativa estagnação da produção. Em parte, o esforço de Campista foi desperdiçado, pois muitos questionários não foram respondidos; par-cialmente, também, ele foi prejudicado pelas suas próprias hipóteses, as respostas revelaram um rural que vivia ao ritmo dos impulsos locais e autônomos, pouco vinculado aos grandes mercados. A “Enquete Campista” e suas respostas , porém, detectam a força e os motivos das migrações. Em Minas Novas, no final do século XIX, a resposta ao “Questionário” descrevia lavradores que exploravam capões esgota-dos, terras sem preço, liquidadas pelo uso constante. Boa parte deles estava também, diz a resposta à “Enquete Campista”, em trânsito para a “mata”, como então denominavam as lavouras de café de Teófilo Otoni; apenas parte da população continuaria naquela terra, porque outra parte migrava.

O tom das respostas que os vereadores de Minas Novas davam ao “Questionário” é revelador da dificuldade que foi permane-cer naquela terra: exibe um desânimo pela terra esgotada, obrigada a ser posta em pousio por anos e novamente queimada; era uma terra sem preço e sem negócios; as respostas retratam uma situação estável, ou, mais certamente, de perceptível declínio de produção, numa época que as primeiras secas já se faziam sentir e a escassez temporária de alimentos não era uma possibilidade muito remota:

“(..) o distrito hoje só tem campos e capoeiras, notando-se apenas uma ou outra restinga de mato virgem. O valor atual das terras é de 20$000 o alqueire, o mesmo de 20 anos

3 Esta observação está em Spix, Von Martius (1938). Comentários semelhantes foram feitos por Saint-Hilare (1975) e Renault (1903).

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atrás. Produzem abundantemente todos os cereais, algo-dão, cana, fumo e em toda essa cultura ocupam-se os seus pequenos lavradores”.4

Restavam apenas capoeiras, os capões de matas estavam destruídos pelo plantio sistemático; isto esmorecia a agricultura local e estabilizava o preço da terra; ao mesmo tempo, revelava que a terra já fora sucessivamente partilhada, pois a lavoura era feita por “peque-nos lavradores”.

Mais ou menos na mesma época, Leopoldo Pereira, um misto de professor, escritor e político, escrevia sobre os mesmos capões de matas exauridos, fartura minguante, escassas vendas e impossibi-lidade, que também era apontada no documento de 1893, de reavivar as antigas farturas. Pereira descrevia seu município como uma zona parcialmente devastada; embora populosa e antiga, com a vantagem das relações sociais estáveis inexistentes nas áreas de fronteira agrí-cola e da vida fluir dentro das normas conhecidas; suas perspectivas de melhora eram muito remotas (Pereira, 1969).

Para quem permaneceu no Jequitinhonha desde fins do século XIX as condições de sobrevivência ficaram progressivamente mais difíceis, pois a terra definhava em fertilidade à medida que crescia a população, e mais tímida ficava a atividade mercantil com o declínio da produção. Ao mesmo tempo que parte da população saía, a terra ia sendo pulverizada entre os herdeiros, com o tamanho das explorações agrícolas reduzindo-se no correr do tempo5. As descrições encontradas nos diversos autores são de uma zona que parecia destinada a uma perpétua estabilidade, uma estabilidade pesada, difícil; uma anemia mercantil; uma condenação a roça de tocos de pousios sempre cada vez mais encurtados, era o presságio daqueles documentos.

No final do século XIX começaram as migrações sazonais, tanto em direção à “Mata do Mucuri”, quanto em direção à “Mata de Ponte Nova”, atual Zona da Mata mineira6. Eram viagens periódicas, com duração de 6 a 8 meses, feitas por grandes grupos de lavradores

4 Documento do Arquivo Público Mineiro, Minas Novas, “Questionário enviado aos municípios mineiros com respostas, 1893”.

5 Os viajantes europeus do começo do século XIX que assinalaram a decadência da agricultura foram principalmente Saint-Hilaire (1975), Spix, Von Martius (1938). 6 Sobre as migrações para a mata ver (Ribeiro, 1996; Frei Timmers, 1969).

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que iam para a colheita do café. Segundo alguns estudos, a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre na Zona da Mata mineira foi possível graças a essas migrações sazonais de trabalhadores rurais. No jornal “O Serro”, de toda a primeira metade da década de 1890, existem

repetidas queixas dos fazendeiros, em editoriais, contra os lavradores que migravam para a “mata” e deixavam suas famílias no desconforto e

abandono temporário. Segundo um autor do começo do século, a colheita de café da Região de Teófilo Otoni, no começo do século XX, era feita por trabalhadores saídos do vale do Jequitinhonha7.

Muitos lavradores idosos ainda contam a história da pri-meira viagem para a “mata”. Remoem triste lembrança: segundo

Olímpio Soares, de Chapada do Norte, o lavrador ia a pé colher café; lembra do muito sacrifício para pouca recompensa: os colhedores matavam a fome com laranjas. Depois dessa época, são também muitas as lembranças de outras frentes de trabalho: do Norte do Paraná, dos cafezais de São Paulo, de Goiás; são lembranças do trabalho em praticamente todas as regiões rurais do Brasil no século XX. Existem também lembranças das fronteiras urbanas: São Paulo nos anos 1960/1970 e o trabalho na construção civil. Esses mineiros trabalha-ram onde havia trabalho, viajatrabalha-ram, voltatrabalha-ram e continuatrabalha-ram fazendo suas festas, mantendo seus laços de amizade e parentesco8.

2 HISTÓRIA DA TERRA

O alto Jequitinhonha – principalmente o grande vale do Araçuaí e a calha do Jequitinhonha – ficou marcado pela pequena unidade agrícola familiar e migrações. A migração desses lavradores, sazonal ou definitiva, está relacionada à terra. Não tanto às condições de propriedade, porque o domínio da terra é incontestável na maior parte das comunidades rurais. Migração é associada, principalmente, às condições de produção agrícola, ao meio ambiente e à reprodução da população9.

7 O estudo transição do trabalho escravo para o livre na Zona da Mata mineira foi feito por Lanna (1986) e Ferreira (1934).

8 Depoimentos de lavradores migrantes, entre eles Olímpio Soares e Antônio Martelo, estão reproduzidos em Ribeiro (1996).

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No início do povoamento havia liberdade para uso da terra e pouca população: a exploração era dirigida para áreas mais férteis e que demandavam menor quantidade de trabalho na produção. A terra recém-aberta de bosques ou “capões”, rica em humus, “descansada”,

além de produzir muito, possuía outra vantagem: não ser ocupada pelas ervas, que disputam a fertilidade com a semente dos primeiros plantios. Por isto capões demandavam pouco trabalho na produção, praticamente não consumiam tratos culturais. Para manter a lavoura produzindo sempre a família lavradora precisava fazer constantemen-te a rotação dos constantemen-terrenos e deixar glebas “descansando” por alguns

anos. A rebrota do capão repõe a fertilidade natural, pela decomposi-ção de folhas e galhos, e elimina as ervas rasteiras que não competiam com os mantimentos na próxima derrubada, quando o ciclo de pousio estivesse completo. A lavoura era feita com derrubada de mata, queima dos troncos e plantio intercalado entre os tocos remanescen-tes; vem daí o nome de roça de tocos, ou roça de coivara, nome dado à

galhada da lenha embandeirada para queimar10.

A mudança periódica dos lavradores para terras “descan-sadas” é resultado do esgotamento da primeira fertilidade do solo.

Depois de consumida aquela fertilidade nova, os lavradores deixam a terra em repouso; ela é ocupada primeiro pelas ervas rasteiras, depois arbustos, capoeiras, e por fim matas. É um sistema de recomposição da vegetação que ocorre em prazos que variam de acordo com climas, vegetação e chuvas. Nos capões do Jequitinhonha um bom descanso é

15 a 20 anos; nos cerradões, 10 a 15 anos. Isso varia, porém, de acordo com a intensidade da abertura – o tamanho da área desmatada comparada ao total da vegetação original remanescente – e o tempo de uso agrícola da área. O processo funciona como adubação verde.

Mantendo porções da terra em pousio, cada família, obvia-mente, necessita para seu uso de uma área várias vezes maior que a sua lavoura anual. Quanto mais demorado for o período de pousio duma terra, maior terá que ser a área total disponível para plantio pelo agricultor; mas, também, menores serão seus esforços para pro-duzir. Terra, porém, utiliza-se muita: uma família que planta 1 hec-tare de lavouras temporárias por ano, usa a terra durante 2 anos, e faz um pousio de 20 anos, precisará de 10 hectares apenas para

10 Entre os autores que estudaram lavouras desse ponto de vista destacam-se Bloch (1978), Wolf (1976), Boserup (1987).

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lavouras, de forma que sempre que 1 hectare estiver plantado, 9 estarão “descansando”; este foi o sistema do alto Jequitinhonha.

Quanto mais longo puder ser o período de descanso da

terra, tanto melhor será sua produção. Quanto maior a área de terra de cultura, mais longo pode ser o período de pousio e mais equilibrado o sustento da família. Menor área de terra significa um uso mais intenso, menores conservação do solo e reposição de fertilidade: apuro certo para o lavrador. Como a população cresceu no correr dos anos, a terra foi partilhada e intensificado seu uso com a redução dos períodos de pousio: a fertilidade da terra declinou e a produção de mantimentos foi minguando11.

O lote familiar, sendo um domínio permanente de deter-minada área de terras, apresenta limitações muito evidentes para a reprodução desse sistema. Primeiro, por ser gleba pequena, restringe a agricultura de pousio: ao fim de poucos anos – dependendo do tamanho do terreno, ao cabo de uma geração – as terras teriam sido usadas várias vezes, manifestando quedas de produtividade e deman-dando aumento de trabalho. Como os lotes familiares reúnem-se em conjuntos de posses – grupos de vizinhança que vieram a se chamar mais tarde comunidades – a pressão das famílias crescia sobre o meio com a expansão demográfica, esgotando os recursos da lavoura, caça, pesca e extração. E havia a questão da herança: a qual dos filhos tocaria a terra e equipamentos que o trabalho de toda a família construíra? Adicionalmente havia outros aspectos: o ócio relativo da força de trabalho jovem, que na plenitude da sua disponibilidade e capacidade de uso ficava limitada a trabalhar na gleba familiar na estação seca, vazia de serviços; a dificuldade para conseguir renda monetária e quase nenhuma fonte de emprego regular.

Essas dificuldades do lote familiar foram em parte com-pensadas pela saída de filhos “excedentes” para as áreas de terras livres, enquanto elas existiram. Depois o domínio da terra foi ficando muito pulverizado no alto Jequitinhonha. No cenário desses sistemas agrários foi a migração, sazonal e definitiva, que firmou-se como opção; duplamente: como uma saída.

11 Informações sobre as técnicas de lavouras estão em Paternostro [s.d.], Pereira (1969), Castaldi (1957) e Frei Tetteroo (1922).

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3 TÉCNICAS

Foi o zelo pelos recursos naturais e o desenvolvimento de técnicas que permitiram sobrevivência e reprodução da população que permaneceu, mesmo ao custo da expulsão de excedentes e da perene viagem para o trabalho sazonal. As saídas – de filhos excedentes, de parentes, dos que não mais seriam vistos – foram a parte triste desta história. Mas ela teve uma contraparte: o fabuloso patrimônio técnico e os acordos com a natureza criados pela população que permaneceu no alto Jequitinhonha.

À medida que os recursos naturais minguavam, foram sendo objeto de escrupuloso cuidado e delicado estudo. Os agricultores dos capões sistematizaram o conhecimento do meio, regularam a vida pelo que o ambiente fornecia, transformaram escassez em normas de convívio respeitadas pelas comunidades, ajustaram suas lavouras aos tempos naturais, aprenderam o quê, como, quando e quanto aquelas terras extenuadas podiam produzir. Também normatizaram o uso dos bosques ralos dos capões, dos carrascos e do que se podia tirar das grotas mais esconsas; passaram a natureza por um crivo rigoroso e descobriram como extrair, regular e constantemente, aquele pouco que a natureza mais avara do cerrado podia oferecer. Foi por isso que as zonas camponesas do alto Jequitinhonha conheceram plantas e matos, conseguiram viver com falta de chuva, sazonalidade do traba-lho agrícola, com as saídas definitivas e temporárias. Este foi o preço da herança da terra.

É dentro dessas circunstâncias ambientais e históricas que podemos situar as técnicas de lavouras de mantimentos do alto Jequi-tinhonha. Elas variam de acordo com o cultivo feito, cada mantimento carecendo de uma terra onde melhor se adapta: terras de feijões e de cana, terras de mandioca ou de arroz; cada qual exige conhecimento e manejo específico. Cada lavoura demandava – embora o mais correto seja dizer: demanda, porque é sistema vivo – roçada e fogo diferentes. Esses lavradores do alto Jequitinhonha transformaram seu conhecimento de terra, semente, plantio e fogo numa técnica. O tipo de fogo, por exemplo, é um conhecimento especializado: nunca se põe qualquer fogo numa roça e sim o fogo que ela precisa, que pode ser de muitos e variados tipos: fogo de roça e fogo de pasto, fogo de capoeira e fogo de mata, fogo de limpa e fogo de adubação, fogo para

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feijoal e fogo para mandiocal, fogo da seca e fogo de Santana, cada qual com sua serventia. A intensidade e duração são determinadas pelo modo como o lavrador derruba a madeira, pelo tipo de madeira existente – capão, capoeira ou carrasco -, pelo encoivaramento, pelo instrumento – foice ou machado -, estação e horário que é posto o fogo. A combinação de todas as variáveis ajusta terra e planta para formar esse produto cultural que é a roça. Examinada com o cuidado e respeito que merece vê-se que ela não é ignorância; é um conhecimento, uma técnica, um produto negociado com o meio: uma arte12.

O plantio de feijão, por exemplo, exige um tempo curto para secagem dos troncos derrubados, pois na ramagem ainda meio verde o fogo é rápido: deixa menor quantidade e mais fraca cinza – a “decoada” -; fica o feijão mais sadio, pois ele não tolera decoadas fortes. Cana e pastagens, pelo contrário, pedem um fogo mais profundo, demorado, liquidador, definitivo, porque a cinza forte que ele produz beneficia a planta em vez de prejudicá-la, e também porque deixa completamente limpa a terra, que então não precisa de tratos por muito tempo e reduz os serviços nos cultivos perenes.

Nesta zona de recursos naturais ralos e desiguais a terra não sofreu apropriação contínua, pois a serventia mais imediata, sua utilidade para os lavradores, estava somente nos capões e parte dos carrascos, áreas boas para lavoura. Estas foram privatizadas. Já os campos propriamente ditos, utilizados para criação de animais e pouca extração; foram, portanto, áreas de apropriação coletiva e livre, sub-metidos a um código de domínio diferente, um controle mais diluído, complemento territorial pouco mais que formal para o domínio pleno que se exigia dos capões e carrascos.

Mas aquela população que não permaneceu no Jequitinho-nha teve que sobreviver noutras condições. Uma delas, que vigorou durante o tempo que existiu a “velha” fazenda de gado, foi o regime de agregação. Ele permitiu aos agricultores familiares liberarem sem-pre uma parte de seus filhos, que eram absorvidos sem dificuldades

12 Deve-se a descrição das técnicas de lavoura a José Luís Costa Santos, de Araçuaí, Durval Barbosa, pioneiro do Pavão, no Mucuri, a José do Socorro, da Canabrava em Turmalina, a Jair Alves e seu pai, José Ribeiro, da Comunidade de Mandacarú em Berilo, a José Antônio Andrade da Comunidade de Degredo em Turmalina, a José Raimundo Barroso, da Comunidade de Posses em Minas Novas. Sobre técnicas podem ser consultados também Antonil (1982) e Castro (1912).

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por um sistema de plantio e reprodução muito semelhante: a oferta de lavradores para as fazendas, na primeira metade do século XX, foi a contraface da agricultura familiar.

4 TERRENO FAMILIAR E AGREGO

Na ocupação com povoamento sistemático das terras do Jequitinhonha, não houve grande diferença entre posseante e agrega-do, até por volta de meados do século XX. Existem poucos registros históricos do lavrador autônomo até os anos 1960; até então ele aparecia diluído naquele vasto mundo dos “fracos”, quando havia referência aos moradores da terra. Numa escala cultural que media o mundo pela fazenda, o terreno familiar e o agrego eram quase indife-renciáveis do ponto de vista das técnicas e dinâmicas. Lavrador autô-nomo em sua terra só veio a aparecer como personagem independente já no muito avançado do século XX, exatamente quando apareceram, e se tornaram definitivamente claras, as diferenças entre os dois personagens, e cada qual começou a tomar seu rumo. Não era apenas uma confusão nos documentos históricos e nas lembranças: era uma mistura das próprias categorias.

Num regime de apropriação de terras que admitia a agre-gação com liberalidade, onde houve terra de fronteira para livre apropriação durante bastante tempo, era muito possível que essas situações não só se confundissem, mas também que se alternassem. Isto ocorria por conta do regime instituído para exploração da terra.

O terreno, como domínio permanente de determinada área de terras, apresentava uma série de limitações muito evidentes. Pri-meiro, por ser uma gleba reduzida, restringia agricultura de pousio: ao fim de poucos anos – dependendo do solo, ao cabo de uma geração – todas as terras do terreno já haviam sido usadas várias vezes, manifestando então quedas de rendimento e aumento de trabalho. Também, como terrenos se aglutinavam em conjuntos de posses e grupos de vizinhança, crescia a pressão sobre o meio feita por aquele conjunto de famílias, esgotando rapidamente os recursos da caça, da pesca e da extração. Somava-se ainda o complicador adicional da herança e suas implicações culturais e econômicas.

Num sistema de rotação florestal ou arbustiva, o terreno familiar limitava a produção, aumentava o trabalho, perdia em

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ferti-lidade, extração e sofria muito mais com o peso da exploração, se a reprodução familiar ficasse reduzida a seus limites, se não encontrasse o apoio da parceria – que nem sempre era uma relação negativa – para permitir o pousio no terreno explorado pela família.

Essas dificuldades da autonomia do lavrador familiar eram em grande parte compensadas pelo agrego. A agregação nas fazendas permitia ao trabalhador rotacionar a sua lavoura à vontade, pois a fazenda oferecia possibilidades e variedades de terras extensas aos seus agregados. A fazenda ofertava uma fartura aparentemente cons-tante e uma facilidade de aumentar e alocar na mesma terra, conve-nientemente, os seus descendentes. O agrego também não oferecia qualquer obstáculo para um deslocamento conjunto de toda uma família extensa, em caso de redução de fertilidade, ou incompatibili-dade com o fazendeiro ou com o meio. Por último, e com alguma importância em muitas situações, a fazenda permitia uma renda monetária – frágil, mesquinha, misturada com outros negócios – mas sempre eram dinheiro e ocupação quase certas para quem trabalhasse fora das estações de plantio de seca e neblina.

Antônio Bispo de Portugal – entrevistado nesta pesquisa – cuja família saíra de um terreno familiar na Bahia para o agrego em Almenara, dizia que esta era a vantagem e o conforto da fazenda. Na agregação da fazenda as possibilidades de rotação de terrenos são maiores, menos rígidos os códigos de uso da natureza, menos compe-titivo o espaço de extração. Mesmo a reprodução ampliada foi uma possibilidade bastante concreta dentro de certas condições. Depen-dendo da área, da terra e das relações instituídas, a posição de agregado era mais confortável que a de agricultor independente e posseante, ao contrário do que leva a pensar a identificação feita a posteriori do agricultor independente com o contemporâneo “pequeno proprietário”, o agregado com o empregado rural dos anos 1990, e o posseante com o posseiro.

A grande e significativa diferença entre estes personagens estava exatamente na sujeição. Lavradores independentes mantive-ram sua autonomia respeitada, porque a base dos seus frágeis direitos sobre as terras, no fundo, eram as mesmas de fazendeiros. Mas, eles não possuíam, em contrapartida, aquela proteção que desfrutavam os agregados, que poderiam receber da fazenda trato e apoio, embora em troca fossem sujeitados.

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Desse modo, durante todo este tempo até o meio do século XX terreno familiar, posse e agrego eram quase indistinguíveis. As situações não eram apenas indiferenciadas, eram também intercam-biáveis. Agregados tornavam-se posseantes e depois lavradores inde-pendentes, para virem a ser depois novamente agregados; agricultores independentes tornavam-se posseantes, e depois agregados; ou pos-seantes, tornavam-se agregados, e depois pospos-seantes, e depois lavra-dores independentes, ou novamente agregados. Durante estes 200 anos de história de povoamento colonizador do Jequitinhonha, e por extensão, do Mucuri, estas situações foram misturadas, dependendo das ofertas de fartura, das possibilidades que em diversos momentos as terras, as fazendas e as fronteiras agrícolas ofereciam. Muitos lavradores independentes no Sudoeste da Bahia foram excluídos da terra pelo regime de herança: foram para o agrego em Minas, e depois podiam tornar-se novamente posseiros nas fronteiras do Sul da Ba-hia13.

Tal é o caso de Geraldão Figueiredo, que reporta sua vida desde o longínquo Comercinho do Bruno até o agrego em Itaobim, onde foi assaltado, nos anos 1940, pelo desejo de ir a São Paulo ou à mata da Bahia: foi a Bahia, para possear, depois ficou por lá, porque deu conta de segurar sua posse no Chumbo. Na família de Serafim Cardoso, o avô viera da Bahia, posseando no Jequitinhonha: seu pai, herdeiro do terreno, trocara este terreno por um agrego numa farta fazenda, onde havia café na meia e escola14.

Eram situações mutantes, porque muitas delas eram op-ções, simples movimentos em busca de abundância; outros movimen-tos era marcados pela tensão, trabalhadores que fugiam de um agrego imprestável ou que perdiam uma posse. As situações variavam no tempo, envolveram conflito ou resignação, foram condicionadas pela fronteira ainda aberta, pela idade daquele que fora atingido e a situação de seu grupo. O fato é que a medida que fertilidade, fartura, e matas livres ficaram mais escassas, a tensão sobre a terra se tornou mais patente, e fez com que a questão fundiária emergisse aí por volta de meados do século XX. Este escasseamento de terras e oportunidades

13 Frei Tetteroo (1919) registrou na sua memória a presença de pequenos lavradores às beiras de córregos; mas, a não ser pela localização, é difícil diferenciar em seu texto, o que seria o sitiante e o posseante.

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é que deu origem a uma brutal transformação nas relações que uniam todos esses personagens, e foi no bojo desse conflito que o agricultor familiar surgiu como personagem estável, autônomo, e, por fim, como sujeito político.

O estatuto do lavrador livre familiar independente só destacou-se quando ganhou dimensão política, nos Sindicatos; econô-mica, nos PDRIs; histórica, na literatura; quando tornou-se distinto do agregado, quando a fazenda enclausurou-se num movimento de ruptura dos direitos de uso da terra. O terreno familiar então se distinguiu como o lugar , o único lugar, do trabalho autônomo familiar, e foi por isso mesmo contraposto à fazenda, obscurecendo a própria campesinidade da fazenda, construindo uma antítese que até meados do século XX inexistia. O agricultor familiar, independente em seu terreno, ganhou identidade por diferença; daí ganhou o mundo, o trabalho e o sindicato.

5 OS QUE FICAM, OS QUE VIAJAM

Nos anos 1990 os migrantes temporários do vale do Jequi-tinhonha são principalmente lavradores, jovens do sexo masculino. Pelo final da adolescência, às vezes antes, eles começam a ir para São Paulo cortar cana, ao Sul de Minas Gerais colher café, ou trabalhar na safra em outras regiões. Suas primeiras viagens têm, ainda, um caráter exploratório: vão conhecer o mundo e escolher, se vão de vez, se retornam ao Jequitinhonha e ficam no terreno da família. Têm o final da adolescência e começo da idade adulta para resolver o que querem e podem fazer. O desenvolvimento de algumas tramas – da terra, herança, casamento, trabalho, família, resolvidas pelo tempo e circunstâncias – leva o rapaz a uma decisão: mudar-se ou permanecer no Jequitinhonha.

Os filhos que decidem ir, vão de vez, nalguma altura da vida. Aparecem nas conversas da família de forma enviesada: – “Meus filhos estão espalhados ...” – “Os filhos mais velhos foram de muda para São Paulo.” Esses, deixam de ir e vir, deixam de ser lavradores,

mas não rompem os laços com a família. Como eles não fazem mais trânsito anual – adquirem casa, casam-se ou vão com suas mulheres – deixam também de ser migrantes. Passam a fazer parte de outras categorias: trabalhadores volantes, operários urbanos,

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subemprega-dos. Eles população rural que “sobra”, que não pode ficar na terra. Resultam dos terrenos familiares que não podem mais ser repartidos, é a escolha da família por um ou dois filhos para herdar que cria o diarista que fica em São Paulo. Ainda é e será sempre herdeiro formal do terreno. Mas sabe-se que é um herdeiro impossível: é um fazendeiro do ar. É só por produzirem diaristas para São Paulo que essas comu-nidades continuam a reproduzir agricultores familiares.

De todas as tramas que enredam um lavrador, certamente a mais importante é a herança. A escolha de um ou poucos herdeiros influi no destino dos jovens.

Em muitas comunidades da margem do Jequitinhonha a questão da herança é parcialmente resolvida com a exclusão das filhas: nelas, mulher geralmente não herda a terra. Ou as filhas se casam com alguém que é herdeiro, ou vão embora do lugar, procurar casamento ou serviço fora. Nesses casos, a herança paterna vai para os irmãos, e mesmo quando a herdeira é filha única seu direito costuma ser

posseado pelos tios, que suprimem também os direitos do terreno de viúva, em caso de morte do pai e marido, incorporando-as em sua família.

Um ou poucos filhos homens sempre herdam. Mas, em geral, no alto Jequitinhonha, são apenas aqueles que “tem jeito para lavoura”, ou “que não deram certo em outros lugares”. Esses que

permanecem no Jequitinhonha, quando se casam, recebem um terre-no. Em geral, não poupam muito os ganhos das viagens que fizeram ao sul quando eram solteiros, tudo é aplicado em consumo suntuário: roupas, moto, armas, som, telefone. Por isso, nos dois ou três primeiros anos de casados ainda vão ao sul buscar dinheiro para estabelecer-se em seu terreno. Buscam recursos para comprar gado, construir fari-nheira, colocar diarista para fazer roças mais avantajadas, ou comprar um lotezinho para acrescentar ao que está herdando. Vão a São Paulo aumentar o patrimônio da família, e para poder ficar, pelo menos enquanto for possível, sem sair de perto de casa.

Desde os anos 1950 existem pesquisas mostrando a fre-qüência de fazer patrimônio familiar pela migração sazonal. Castaldi notava que esta migração era a forma de formar poupança. Bosco e Jordão Neto, pesquisando em começo dos anos 1960, repararam que os migrantes não se desfaziam de sua terra, porque iam a São Paulo

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observava que raramente a migração relaciona-se com fenômenos conjunturais; suas motivações são estruturais, como falta de empregos e preços, e o retorno acontece quando o migrante consegue amealhar um certo recurso15.

Na terra que herda o lavrador do Jequitinhonha vai orga-nizando seu sistema de produção, até consolidar um terreno completo, com casa, roça, pastagens, farinheira, engenho, reserva de floresta e um direito de solta de gado nas chapadas ou nas grotas. Para alcançar

isso, é preciso uma vida inteira de trabalhos. A terra é avara, porque as culturas – terras baixas e boas para lavoura – são poucas, e fora

delas não é possível plantar; as chapadas só servem para as soltas de

gado e extração. Montar um terreno, então, é serviço demorado: formar

o pomar, a casa, amansar para lavoura os tabuleiros. Os lavradores

contam para isso com o trabalho familiar. Da infância à adolescência os filhos acrescentam ao patrimônio da família, e quanto maior o número de filhos maior será o trabalho excedente disponível até o começo da idade adulta. Esse também já é um caminho para resolver de quem será a terra no futuro, ou entre quantos será dividida a terra que a família acumula. Além do número de filhos, influi a organização do trabalho, os bons negócios, as boas lavouras, o tamanho da criação de animais. Mas sempre, a base de tudo é a lavoura de mantimentos explorada por todos da família que dão conta de aguentar a enxada. Os lavradores plantam cana, mandioca, milho, muitos tipos de carirus,

feijão de arranque, de corda, andu, fava.

O agricultor que não dispõe de terrenos para fazer rotação e pousio é obrigado a consegui-lo fora, nas terras de vizinho. Fazem meia ou terça – parceria com a cessão da metade ou de terça parte da produção para o dono da terra. Aí, como as terras de cultura são escassas na região, as condições de parceria não são favoráveis ao cultivador. No caso mais comum – a terça – um terço do produto é convertido em renda da terra; em alguns casos o arrendamento da terra chega a atingir 40% da produção bruta.

Mas a relação de parceria não desorganiza a produção familiar, sim complementa; é por meio dela que os lavradores com terras mais esgotadas conseguem dar-lhes “descanso” para continuar

produzindo. Tamanha é a pressão de demanda, que nas terras de

15 Ver sobre este assunto: Castaldi (1957), Bosco, Jordão Netto (1967) e Durhan (1973).

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grota, quase sem preço de mercado, há cobrança de uma renda muito elevada. Essa situação é explicada pelo sistema de rotação e repartição das terras.

Este, em geral, é o caso das zonas onde o consumo dos recursos naturais foi mais dosado, onde foi possível conservar família e terra dentro de um equilíbrio razoável, e a expansão da natalidade não conflitou definitivamante com o pousio das terras de grotas.

Noutras áreas – em que a população ultrapassou a capaci-dade da terra suportar exploração e não manteve os pousios necessá-rios – a terra sucumbiu à pressão da família e ao esgotamento pelo pousio mínimo, a fertilidade exauriu-se em definitivo. Nesses casos o terreno é uma morada sazonal de lavradores que vão para o São Paulo nas safras, como a saída de um círculo vicioso. A migração, em algumas áreas, torna-se um recurso para o sustento permanente, e a família raramente faz lavouras de mantimentos.

Por isto certas zonas são de definitiva migração sazonal, com poucas lavouras, embora não deixem de ser morada, vizinhança, parentela, cultura e conforto. Ocorre numas zonas mais que noutras: nas beiras do Araçuaí, de povoamento mais velho, muito mais que nas beiras do Rio Preto; no Gravatá, muito mais que na calha do Jequiti-nhonha; e neste, muito mais que no Itacambiruçu. As saídas sazonais, motivadas pela pressão populacional sobre a terra, nos anos 1990, são forçadas por situações diversas, que fazem com que a própria sazona-lidade da migração – tão fatal, regular e corriqueira – expresse moti-vações variadas.

6 CULTURA E TÉCNICA

As comunidades do alto Jequitinhonha possuem notável estoque de conhecimentos. Sua memória coletiva, nos fins do século XX, entra em contato com as histórias da ocupação da terra do Jequitinhonha: uma antiguidade que encosta no “cativeiro” – a

escra-vidão – às vezes toca no tempo dos “revoltosos” – a Coluna Prestes –

que passaram ali “pertinho”, e inclui, sempre, as grandes e periódicas

fomes que atingiram todo o Norte e Nordeste de Minas Gerais. Mas principal, e contraditoriamente ao que se supõe, têm uma aguda lembrança de todas as frentes de trabalho de todo o Sudeste brasileiro,

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desde a “mata de Ponte Nova”, a “mata de Teófilo Otoni”, Paraná, São

Paulo na construção civil dos anos 1970 e todas as modernas fronteiras agrícolas.

Essa memória coletiva espacialmente ampla possui um contraponto: o conhecimento particularizado daquela natureza em que vivem. Apesar de toda memória de trabalho fora, esses lavradores possuem um profundo conhecimento de seu meio e lavouras. Mesmo depois de viverem, coletiva e familiarmente, toda experiência da viagem e do trabalho no Sudeste, conservaram estreitos laços com o meio.

Foi conhecendo seu meio que esses agricultores instituí-ram seus regimes agrários de herança, estabeleceinstituí-ram acordos de uso ambiental extremamente delicados, definiram sistemas, negociados comunitariamente, de uso de chapadas, capões, águas e até recursos minerais. Tudo isto foi construído para que a técnica da lavoura de coivara continuasse a ser empregada, com pousios cada vez mais curtos.

A imagem associada a lavradores sempre inclui estabilida-de, constância, localismo e tradicionalismo. Mas, se esta é a imagem rígida que se apreende no curto prazo, ela é enganadora quando se trata de prazos mais longos. No correr do tempo, sempre é possível ver que essas comunidades ocultaram uma mobilidade: em direção à fronteira, em direção à fazenda, e em direção aos diversos mercados regulares de trabalho, rurais e urbanos, que existiram no Brasil. Vendo em prazos mais dilatados, um dos movimentos mais freqüentes das unidades e comunidades é a expulsão regular de excedentes jovens de força de trabalho, que vão suprir outros mercados. A característica desta expulsão, porém, não é só a sua regularidade nas gerações, mas também a sua premência, constância e diversidade, que empurra jovens para direções diversas.

Quem ficou na terra teve que construir em conjunto com os outros herdeiros normas de uso ambiental muito rigorosas. As áreas em pousio são calibradas sempre com cuidado, a criação de gado é regulamentada e às vezes proibida, porque atrapalha tanto as lavouras quanto os terrenos de pousio. Algumas comunidades regulam o acesso às matas comunais, e mesmo às águas, garimpagem e terra comum estabeleceram acesso restrito. Afinal de contas, para manterem-se produtivas estas comunidades de agricultores tiveram de insistir,

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trabalhar, mudar, conhecer; porque, finalmente, normatizar, raciona-lizar e conhecer foram invenções necessárias para ficar nessas grotas. A cultura popular – música, estórias e artesanato – produzida pelos agricultores familiares do alto Jequitinhonha é gêmea da cultura que eles souberam construir nos domínios da terra e da lavoura.

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Referências

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