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Crise econômica e os impactos sobre jovens e adultos no mercado de trabalho brasileiro

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Academic year: 2021

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Título

Crise econômica e os impactos sobre jovens e adultos no mercado de trabalho brasileiro

Resumo

A recessão econômica que atingiu a economia brasileira nos anos 2015 e 2016 reverteram a trajetória de ampliação e estruturação do mercado de trabalho, especialmente do emprego formal, que se observava desde os anos 2000. Ainda que as consequências atinja a todos os segmentos dos trabalhadores, o impacto tende a ser diferenciado entre os diferentes grupos de trabalhadores. Utilizando-se de dados da PNAD Contínua e da RAIS – para o emprego formal – o presente estudo procura identificar quais as principais mudanças decorrentes da crise para os jovens (14 a 24 anos) e para os adultos (25 anos ou mais) nos diferentes espaços regionais. A partir de um conjunto de indicadores averigua-se como se têm alterado as condições de inserção no mercado de trabalho e no emprego assalariado, em termos da posição na ocupação, de remuneração e forma de contratação (no caso do emprego formal). A hipótese de trabalho é de que a crise interrompeu o movimento virtuoso de observado de ampliação do emprego formal que pode levar à desestruturação do mercado de trabalho, com implicações para as condições de vida e de trabalho da população, afetando mais fortemente jovens, e aqueles com menor escolaridade e qualificação.

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Introdução

O presente trabalho propõe-se a discutir as mudanças observadas no mercado de trabalho no período recente, marcado por crise econômica e política aguda. A despeito da crise internacional, as políticas econômicas contracionistas adotadas desde 2015, levou a economia a apresentar forte recessão em dois anos consecutivos (2015 e 2016), voltando a apresentar um crescimento pífio em 2017. Como consequência, a receita pública também apresentou queda, o que levou à ampliação do déficit público, agravando os problemas fiscais. Apesar do discurso e da introdução de alteração constitucional que estabeleceu um teto para os gastos públicos nos próximos 20 anos, o governo Temer tem ampliado o déficit, ao mesmo tempo que tem reduzido as políticas de proteção social, por meio de regras mais restritivas para seu acesso.

No plano do mercado de trabalho, o governo Temer promoveu uma reforma trabalhista que caminha na direção da precarização, i.e., ao retirar direitos conquistados ao longo do século XX, a reforma legaliza relações de trabalho cuja diretriz vai na contramão daquilo que preconiza o Trabalho Decente, conceito elaborado e promovido pela OIT (ABRAMO, 2015). Se os dados disponíveis são ainda muito recentes para se ter resultados mais consistentes a respeito das consequências dessa reforma sobre a dinâmica do mercado de trabalho e do emprego em particular, pode-se inferir que, pelo seu caráter, tende a acentuar e agravar as condições de precariedade de inserção dos trabalhadores dadas pela forte crise econômica.

Diante desse quadro econômico adverso é de se esperar uma reversão na trajetória de crescimento do emprego assalariado formal verificada ao longo dos anos 2000. Naquela década, o ritmo de crescimento do emprego formal foi superior ao ritmo de crescimento do produto, ainda que nem toda ampliação do emprego formal tenha decorrido da criação de novos postos de trabalho. Parte do aumento do emprego formal deveu-se a transformação do emprego assalariado sem carteira assinada, num emprego com registro em carteira. Essa formalização resultou do esforço de

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fiscalização realizado pelo governo, em parte como mecanismo para fortalecer a arrecadação fiscal – melhorando as contas governamentais – e, em parte, por maior ação e colaboração entre a fiscalização do Ministério do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho, que ampliou o reconhecimento do vínculo de trabalho em ações fiscais (Cardoso Jr, 2009; Baltar et al., 2010; Krein, Santos e Moretto, 2013).

Lembre-se que na década de 2000 o ritmo de crescimento da população ocupada, entre 2001 e 2011, foi superior ao da população ativa. Esse maior ritmo de crescimento dos ocupados em relação à PEA ocorreu tanto entre os homens como entre as mulheres, sendo o ritmo de aumento da população ocupada feminina superior ao da população ocupada masculina. Um aspecto importante em relação ao crescimento da população feminina ocupada é que seu crescimento já era superior na segunda metade dos anos 1990 e se manteve maior após 2011. Esses números mostram o crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho, buscando uma ocupação remunerada, contribuiu para o intenso crescimento da população ativa (LEONE e BALTAR, 2008).

Assim sendo, o objetivo do estudo é verificar como a crise impactou diferentes grupos ocupacionais no período recente e, em que medida, essas mudanças sinalizam uma tendência à desestruturação do mercado de trabalho, revertendo os avanços observados na década de 2000.

Métodos

O estudo utiliza como fonte de informação a base de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE e os dados dos registros administrativos da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, do Ministério do Trabalho. Destaque-se que enquanto a PNADC é uma pesquisa domiciliar amostral, as informações da RAIS resultam dos registros administrativos que os estabelecimentos da atividade econômica têm a obrigação de informar a cada ano ao Ministério do Trabalho. Esses registros, portanto, refletem as informações sobre os vínculos de emprego dos estabelecimento formais e, assim sendo, a informação

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obtida é sobre o emprego formal. Por outro lado, os dados da PNADC referem-se às informações dadas pelos indivíduos dos domicílios pesquisados e, dessa forma, os dados obtidos dizem respeito às ocupações da população, tanto aquelas realizadas em estabelecimentos da atividade econômica – formais e informais – como as ocupações por conta própria. Esses dados, portanto, permitem uma visão ampla do conjunto do mercado de trabalho, enquanto os dados da RAIS auxiliam na observação do quadro do emprego formal.

A análise será realizada, dessa maneira, em duas etapas. Na primeira, a partir das informações da PNADC, o foco se concentra na mudança da estrutura do mercado de trabalho. Como a PNADC substituiu a PNAD a partir de 2012, o período de análise compreenderá os dados entre esse ano e o período mais recente, 2017 ou 1º trimestre de 2018. Na segunda etapa, o foco da análise será o mercado formal de trabalho, para o qual serão utilizados os dados da RAIS. Estes informam o estoque de emprego existente em cada estabelecimento da atividade econômica em 31 de dezembro de cada ano. Neste caso, há possibilidade de se obter dados para um período mais longo, antes da crise de 2008, o que permite um panorama de mais longo prazo do comportamento do emprego formal.

Em cada etapa, a análise foca dois grandes grupos etários: jovens (14 a 24 anos) e adultos (25 anos ou mais). A partir desses grupos é que se busca analisar as mudanças no mercado de trabalho e no emprego formal, i.e, como a crise econômica a partir de 2015 afetou cada um dos grupos nos diferentes espaços regionais. Além de se analisar alguns indicadores como taxa de participação, taxa de desocupação entre outros, procura-se verificar o que ocorreu com a remuneração e o tipo de vínculo, para aqueles empregados assalariados formais.

Resultados

Resultados preliminares mostram um sensível aumento da taxa de desocupação, retornando a patamares próximos do início dos anos 2000. A desocupação continua atingindo mais os jovens do que os trabalhadores adultos, porém o aumento da desocupação entre os jovens foi pouco superior ao dos adultos. Esse

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comportamento reflete a redução do número de ocupados jovens em ritmo maior do que o verificado entre os ocupados adultos. Por outro lado, entre os ocupados verifica-se uma redução do emprego assalariado ao mesmo tempo em que se amplia a ocupação por conta própria. Em relação ao rendimento médio real habitualmente recebido pelos ocupados, tomando-se como base o ano de 2012, verifica-se que este apresentou queda entre os jovens enquanto o rendimento dos adultos ampliou-se em torno de 3%, sendo que o rendimento dos ocupados adultos é o dobro do rendimento médio dos ocupados do grupo jovem.

Referências Bibliográficas

ABRAMO, L. Uma década de promoção do trabalho decente no Brasil: uma estratégia de ação baseada no diálogo social. Genebra: OIT, 2015. disponível em:

http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_467352.pdf.

BALTAR, P. Crescimento da economia e mercado de trabalho no Brasil. Texto para Discussão nº 2036, Brasília: IPEA, fev/2015.

BALTAR, P. E. de A. et al. Moving towards decent work. Labour in the Lula government: reflections on recent Brazilian experience. Global Labour University Working Papers, Berlin: Global Labour University, v.9, 2010.

CARDOSO Jr, J. C. Determinantes da recuperação do emprego formal no Brasil: evidencias para o período 2001/2005 e hipóteses para uma agenda de pesquisa. Revista de Economia Política, vol. 29, no 4 (116), pp. 357-376, outubro-dezembro/2009.

KREIN, J. D.; SANTOS, A. L.; MORETTO, A. Trabalho no Brasil: evolução recente e desafios. Revista Paranaense de Desenvolvimento, v.34, n.124, p.27-53, jan./jun. 2013.

LEONE, E. T.; BALTAR, P. A mulher na recuperação recente do mercado de trabalho brasileiro. R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 25, n. 2, p. 233-249, jul./dez. 2008.

Referências

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