• Nenhum resultado encontrado

Caracterização da carga de treino no andebol : estudo realizado em equipas masculinas da Liga Portuguesa de Andebol na época 2006-2007

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Caracterização da carga de treino no andebol : estudo realizado em equipas masculinas da Liga Portuguesa de Andebol na época 2006-2007"

Copied!
103
0
0

Texto

(1)Caracterização da treino no Andebol. carga. de. Estudo realizado em equipas masculinas da Liga Portuguesa de Andebol na época 2006/2007. Luís Filipe Martins Paiva da Silva. Porto, 2007.

(2)

(3) Caracterização da treino no Andebol. carga. de. Estudo realizado em equipas masculinas da Liga Portuguesa de Andebol na época 2006/2007. Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Alto Rendimento – Andebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Orientador: Prof. Doutor José Soares Luís Filipe Martins Paiva da Silva. Porto, 2007.

(4) Silva, L. (2007). Caracterização da carga de treino no Andebol. Estudo realizado em equipas masculinas da Liga Portuguesa de Andebol na época 2006/2007. Porto: L. Silva. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.. Palavras-chave: ANDEBOL, ALTO RENDIMENTO, CARGA DE TREINO, ANÁLISE DE TEMPO E MOVIMENTO..

(5) Agradecimentos. Toda a realização do presente estudo, estaria, desde logo, comprometida se não tivesse a ajuda e apoio de inúmeras pessoas que, de uma forma ou de outra, me ajudaram a tornar este último passo da minha vida estudantil possível. Posto isto, não poderia deixar de agradecer:. Ao Professor Doutor José Soares, o meu Orientador, pela presença e disponibilidade sempre demonstrada. Obrigado pela paciência, incentivo e por todas as indicações e correcções.. Ao Mestre Irineu Moreira, Professor de Seminário, pela colaboração em toda a realização deste trabalho e por toda a bibliografia disponibilizada.. Ao meu Pai por tudo o que representa para mim, um exemplo de sucesso como pessoa e como profissional. Obrigado por todas as correcções, dicas e ajudas.. Aos Jogadores e Equipas Técnicas dos três clubes colaboradores, por terem aberto as suas portas, sem complexos, à presença de um “estranho” no processo de treino.. Á minha Mãe pelo apoio e paciência demonstrado, por me “aturares” quando as minhas tarefas não tomavam o rumo pretendido… Aos meus Avós por todo o carinho que têm por mim.. À Inês também pela sua paciência e compreensão, pois este trabalho ocupou muito do tempo que até então tinha disponível…. III.

(6) Ao Diogo, João (Coelho) e Zé por serem os grandes amigos que ficam desta vida académica. Por muitos anos que passem, tenho a certeza que contarei com o vosso apoio para o que for necessário.. A todos os meus Colegas e Amigos que contribuíram para que este trabalho chegasse a bom porto.. OBRIGADO A TODOS!. IV.

(7) Índice Geral Agradecimentos .............................................................................................. III Índice Geral.......................................................................................................V Índice de Figuras............................................................................................VII Índice de Quadros ...........................................................................................IX Resumo ............................................................................................................XI Abstract..........................................................................................................XIII Résumé .......................................................................................................... XV Índice de Abreviaturas ................................................................................ XVII I.. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1. II.. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 5 1.. Caracterização do Jogo de Andebol ........................................................ 7. 2.. O Processo de treino em Andebol ......................................................... 10 2.1.. Exigências do Jogo e Perfil Fisiológico ......................................... 10. 2.2.. Metodologia de treino – diferentes perspectivas ........................... 11. 2.2.1. (a). Conceito e suas manifestações .................................................. 11. (b). Métodos de Treino ...................................................................... 16. 2.2.2.. 3.. Resistência.............................................................................. 11. Velocidade............................................................................... 18. (a). Conceito e suas manifestações .................................................. 18. (b). Métodos de Treino ...................................................................... 22. 2.3.. Planeamento do Microciclo ........................................................... 23. Modelação da Performance nos Jogos Desportivos Colectivos............. 27 3.1.. A evolução metodológica nos estudos de Análise de Tempo e. Movimento ............................................................................................... 29. III.. 3.1.1.. Distância percorrida ................................................................ 29. 3.1.2.. Categorização das Variáveis................................................... 32. METODOLOGIA ......................................................................................... 33. 1.. Caracterização da Amostra.................................................................... 35. 2.. Instrumentos utilizados........................................................................... 35. 3.. Definição das Variáveis.......................................................................... 36. V.

(8) 4.. Procedimentos Metodológicos ............................................................... 37. 5.. Procedimentos Estatísticos .................................................................... 38. IV. 1.. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................................... 41 Análise Descritiva................................................................................... 43 1.1.. 1.1.1.. Clube A ................................................................................... 43. 1.1.2.. Clube B ................................................................................... 44. 1.1.3.. Clube C ................................................................................... 45. 1.2. 2.. Análise Descritiva em função do Clube observado ....................... 43. Análise Descritiva dos dados totais da amostra ............................ 46. Análise Comparativa .............................................................................. 47 2.1.. Análise Comparativa em função dos treinos observados.............. 48. 2.2.. Análise Comparativa em função do Posto Específico ................... 49. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 51. V. 1.. Primeiro treino versus Segundo Treino .................................................. 56. 2.. Primeira linha versus Segunda Linha..................................................... 58. VI. 1.. CONCLUSÃO ............................................................................................ 59 Propostas para estudos futuros ............................................................. 62. VII.. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 63. VIII.. ANEXOS .................................................................................................. 71. VI.

(9) Índice de Figuras. Figura 1 Factores condicionantes do Jogo de Andebol (Adaptado de Domínguez Guerra, 2004).................................................................................. 9 Figura 2 Exemplos de Organização de Microciclos em função da intensidade de cada unidade de treino (adaptado de Bompa, 1999) .................................. 25 Figura 4 Valores obtidos nas diferentes categorias de deslocamento, pela globalidade da amostra (em percentagem). ..................................................... 47 Figura 5 Valores médios obtidos pela amostra nas diferentes categorias em cada um dos treinos (valores percentuais)....................................................... 48 Figura 6 Valores médios obtidos pela amostra nas diferentes categorias, segundo o posto específico que ocupam (em percentagem)........................... 49. VII.

(10)

(11) Índice de Quadros. Quadro 1 Formas de manifestação da Resistência (Adaptado de Seirul-lo Vargas, 1993)................................................................................................... 14 Quadro 2 Proposta do desenvolvimento das diferentes manifestações da Resistência, segundo Seirul-lo Vargas (1993). ................................................ 15 Quadro 3 Exemplos de Organização do Microciclo em função dos conteúdos a abordar (adaptado de Álvaro Alcalde, 1991). ................................................... 24 Quadro 4 Distância percorrida durante um jogo (em metros) e percentagens do deslocamento nas diferentes intensidades. ..................................................... 30 Quadro 5 Tempo da parte fundamental das sessões de treino, do Clube A. .. 43 Quadro 6 Valores percentuais dos Perfis de Deslocamento por treino e atleta, do Clube A........................................................................................................ 44 Quadro 7 Tempo da parte fundamental das sessões de treino, do Clube B. .. 44 Quadro 8 Valores percentuais dos Perfis de Deslocamento por treino e atleta, do Clube B........................................................................................................ 45 Quadro 9 Tempo da parte fundamental das sessões de treino, do Clube C. .. 45 Quadro 10 Valores percentuais dos Perfis de Deslocamento por treino e atleta, do Clube C. ...................................................................................................... 46 Quadro 11 Valores de prova das diferentes categorias, em função do treino observado......................................................................................................... 49 Quadro 12 Valores de prova das diferentes categorias, em função do posto específico. ........................................................................................................ 50 Quadro 13 Valores percentuais dos deslocamentos dos atletas em situação de jogo, a diferentes intensidades, em comparação com o presente estudo........ 53. IX.

(12)

(13) Resumo O presente estudo tem como principal objectivo a caracterização da carga de treino em Andebol de alto rendimento em Portugal, ao nível da sua intensidade e volume. Para a sua concretização recorremos à Análise de Tempo e Movimento, tendo sido observada a parte fundamental de cada um dos treinos. Para concretizar esta observação foram estabelecidas as seguintes seis categorias: “Parado”, “A Passo”, “Corrida Lenta”, “Corrida Rápida”, “Sprints” e “Duelos”. A nossa amostra é composta por um total de 12 registos. Estes registos correspondem a dois treinos de cada um das três equipas analisadas, sendo que em cada sessão foram observados dois atletas. As equipas analisadas integraram a Liga Portuguesa de Andebol na época 2006-2007 e na escolha dos atletas foram tidos em conta dois parâmetros: (1) atletas que integram regularmente as convocatórias da Selecção Nacional e (2) atletas que, em situação de ataque, ocupam postos específicos de linhas ofensivas distintas. Como principais conclusões, podemos afirmar que: (1) a carga de treino a que os andebolistas estão sujeitos no período competitivo caracteriza-se pelo predomínio de exercícios realizados a intensidades muito baixas; (2) o tempo de treino dispendido em exercícios de intensidade elevada ou máxima é muito reduzido; (3) a grande preocupação dos treinadores relaciona-se, quase em exclusivo, com o trabalho dos aspectos da táctica colectiva; (4) no núcleo central do microciclo, de uma forma geral, as intensidades de trabalho são semelhantes; (5) as tarefas de treino são idênticas, tendo como resultado intensidades de treino semelhantes, independentemente do posto específico ocupados pelos atletas (à excepção do guarda-redes).. Palavras-chave: ANDEBOL, ALTO RENDIMENTO, CARGA DE TREINO, ANÁLISE DE TEMPO E MOVIMENTO.. XI.

(14)

(15) Abstract The main propose of this study is to characterize training load of high level Handball in Portugal, in terms of its intensity and volume. To achieve this goal, time-motion analysis was used and the main phase of each training session recorded. In order to make each observation we established the following six parameters: “Standing”, “Walking”, “Slow Running”, “Fast Running”, “Sprinting” and “Static Exertion”. Our sample consists in a total of twelve records. The three teams integrated in this study participated in the 2006-2007 Portuguese Handball League. Two training sessions of each team were recorded and, in each one, we analysed two players. To select these athletes, two parameters were taken into account: (1) players that are regularly called to Portugal National Team and (2) athletes that play in different offensive lines. The main results have shown that: (1) training load that handball players are subjected during competitive period assumes, predominantly, very low intensities; (2) time expended in high or maximum intensity exercises is very low; (3) coaches’ main concern sticks to, almost exclusively, team tactics’ aspects; (4) different training sessions in week planning have similar intensities; (5) training tasks are identical, which results in similar training intensities, regardless the athletes’ position (goalkeeper excluded).. Key-words: HANDBALL, HIGH PERGORMANCE, TRAINING LOAD, TIMEMOTION ANALYSIS.. XIII.

(16)

(17) Résumé L’objectif de l´étude qui suit est de caractériser la charge de l’entraîement au handball de haut rendement, du point de vue de son intensité et de son volume. Pour le concrétiser, nous avons analysé le Temps et le Mouvement, d’après l’observation de la partie fondamentale de chacune des séances d’entraînement. Pour réussir cette observation nous avons établi les six catégories suivantes: arrêté, au pas, course lente, course rapide, sprints et duels. Notre échantillon comprend douze enregistrements en tout. Ces engistrements se rapportent à deux séances d’entraînement de chacune des trois equipes analysées, deux joueurs ayant été observés, par séance. Les equipes analysées ont intégré la Ligue Portugaise de Handball à l’époque 2006-2007. En vue du choix des athlètes on a pris en considération intègrent deux repères: (1) athlètes qui intégrent régulièrement les convocations de la Sélection Nationale et (2) athlètes qui, en situation d’attaque, occupent des postes (ou places) spécifiques de différentes lignes offensives. Nos conclusions les plus importantes sont: (1) la charge d’entraînement supportée par les handballeurs en période compétitive est caractérisée par une prépondérance d’exercices de basse intensité; (2) le temps d’entraînement dépensé aux exercices d’intensité élevée ou maximale est très réduit; (3) les entraîneurs. portent. la. plupart. de. leur. attention. au. travail. (ou. au. perfectionnement) des aspects de la tactique collective; (4) d’une façon générale, au noyau central du microcycle les intensités de travail sont semblables; (5) les taches de l’entraînement étant identiques, il en resulte des intensités semblables d’entraînement, indépendamment du poste spécifique occupé par les athlètes (sauf le gardien de but).. Mots-clefs: HANDBALL, HAUT RENDEMENT, CHARGE D’ENTRAINEMENT, ANALYSE DE TEMPS ET DE MOUVEMENT.. XV.

(18)

(19) Índice de Abreviaturas ATM – Análise de Tempo e Movimento bpm – Batimentos cardíacos por minuto JDC – Jogos Desportivos Colectivos MI – Membros Inferiores MS – Membros Superiores VO2max – Volume de Oxigénio máximo. XVII.

(20)

(21) I. INTRODUÇÃO.

(22)

(23) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. Não é suficiente treinar muito, é fundamental trabalhar com qualidade. (Mesquita, 1997).. 1. Pertinência do problema. No Andebol, o rendimento desportivo caracteriza-se pela interacção complexa de vários factores, como a táctica, a condição física, a técnica, a preparação teórica e psicológica (Marques, 1990; Cerzwinski, 1991; Stein e Federhoff, 1995; García Cuesta, 1998). O conhecimento aprofundado dos vários indicadores responsáveis pelo rendimento desportivo, pode, directa ou indirectamente, auxiliar treinadores e investigadores construção. de. no desenvolvimento de capacidades específicas programas. de. treino. cada. vez. mais. e na. adequados. às. características da modalidade (Bangsbo, 1996; Garganta, 2001). Assim sendo, impõe-se o estudo da competição tendo em vista um esclarecimento acerca dos diversos constrangimentos que influenciam a prestação desportiva dos atletas e equipas. A determinação do Perfil do Deslocamento, através da Análise de Tempo e Movimento, tem sido uma das metodologias utilizadas para fornecer indicações relativamente à actividade dos atletas, e desta forma conhecer melhor as exigências do ponto de vista fisiológico. Os trabalhos realizados no Andebol acerca desta temática, têm fornecido indicações relativas às situações de jogo (Borges, 1996; Šibila et al., 2004), mas no entanto, não se conhecem quaisquer trabalhos realizados a partir da observação do processo de treino. Na sequência do que atrás foi exposto, urge avaliar o processo de treino do ponto de vista da actividade dos jogadores, no sentido de perceber se este se encontra, realmente adaptado às exigências actuais da modalidade. As informações obtidas poderão auxiliar os treinadores a optimizar o processo de treino, rentabilizando os recursos disponíveis, ou caso se justifique, a promover a introdução de métodos de trabalho alternativos.. 3. LUÍS FILIPE SILVA.

(24) INTRODUÇÃO. 2. Objectivos do trabalho. Atendendo aos pressupostos considerados e tendo em vista o conhecimento mais aprofundado acerca desta temática, estabelecemos como objectivo principal do presente trabalho: -. Caracterizar a carga de treino no andebol de alto rendimento, ao nível da sua intensidade e volume.. A partir do objectivo principal foram estabelecidos os seguintes objectivos específicos: -. Identificar e caracterizar as diferenças do trabalho desenvolvido pelos atletas, em função do seu posto específico;. -. Identificar e caracterizar as variações da intensidade e volume, consoante a sessão de treino do núcleo central do microciclo.. 3. Estrutura do trabalho. Procurando responder aos objectivos formulados, o presente estudo será constituído por oito Capítulos. No Capítulo I, Introdução, será definido o contexto a partir do qual surge a necessidade de realizar este estudo, bem como, apresentados o objectivo principal e os específicos. Na Revisão da Literatura, Capítulo II, será efectuada uma análise à bibliografia existente acerca desta temática e também apresentados os pressupostos básicos do planeamento a aplicar no treino. No Capítulo III, será apresentada a Metodologia utilizada, bem como, a caracterização da amostra estudada. O Capítulo IV destina-se à Apresentação dos Resultados obtidos a partir da análise dos registos provenientes das sessões de treino observadas. Posteriormente, será realizada a Discussão dos Resultados (Capítulo V). No Capítulo VI serão apresentadas as principais Conclusões do trabalho e também algumas sugestões para estudos futuros. Para finalizar, no Capítulo VII será elaborada a lista das Referências Bibliográficas e, no Capítulo VIII, figurarão os Anexos.. LUÍS FILIPE SILVA. 4.

(25) II. REVISÃO DA LITERATURA.

(26)

(27) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. 1. Caracterização do Jogo de Andebol. O Andebol, como JDC, possui não só várias características comuns a este tipo de desportos, mas também uma série de elementos que o diferenciam e influenciam o seu desenrolar (Sánchez Sánchez, 1991). Em seguida, são apresentados os diversos pontos propostos pelo autor. Em primeiro lugar, o terreno de jogo é um rectângulo com 800 m2 (40x20m) que, em termos de área útil de jogo, é reduzido em 159 m2. Esta redução é causada pela existência de duas áreas restritivas junto de cada uma das balizas, nas quais apenas o guarda-redes se pode movimentar. Este elemento é também o principal responsável pela defesa do alvo, uma baliza de 6 m2 (3x2m). A bola é de dimensões reduzidas, podendo ser manejada apenas com uma das mãos. Este facto, aliado às dimensões do terreno, permite que o jogo se desenrole a elevada velocidade, pois é possível, com apenas uma acção de passe, percorrer todo o comprimento do campo. Como em muitos outros desportos, o golo é o elemento de pontuação que decide o vencedor do encontro. Este apenas é válido quando a bola ultrapassa completamente os limites da baliza. Outro dos elementos importantes, prende-se com o número de jogadores que cada equipa apresenta. Cada um dos sete jogadores ocupa uma posição específica, quer no ataque quer na defesa, dependendo das características físicas, técnicas e tácticas. O treinador tem à sua disposição mais sete jogadores (num total de 14 jogadores) que podem ser substituídos sempre que este o entenda, não sendo necessária a autorização dos árbitros ou a paragem do tempo de jogo. Relativamente ao tempo de jogo, a nível regulamentar, o jogo de andebol tem uma duração de 60 minutos, sendo constituído por duas partes de 30 minutos, separadas por um intervalo de 10 minutos. O cronómetro pára apenas em situações excepcionais, como por exemplo, em caso de lesão.. 7. LUÍS FILIPE SILVA.

(28) REVISÃO DA LITERATURA. No que se refere à possibilidade de jogar a bola, o regulamento é muito restrito (em comparação com outras modalidades, como o Futebol ou o Rugby): -. A acção de drible é limitada (o jogador não pode voltar a driblar após ter agarrado a bola);. -. Apenas pode efectuar três passos com a bola na mão, sendo que esta acção (permanecer com a bola na mão) não pode ser superior a três segundos;. -. Não é permitido tirar a bola a um adversário quando este a tem controlada;. -. Não é permitido jogar a bola com qualquer parte do corpo abaixo do joelho.. Por fim, relativamente à conduta para com o adversário, no Andebol é permitido o contacto físico. Quando as acções do jogador ultrapassam o que é regulamentar, é aplicada ao atleta uma sanção disciplinar (advertência, exclusão, desqualificação ou expulsão). No entanto, é de salientar que, muitas vezes, é difícil distinguir o que é permitido do que não é, pois determinadas acções comportam uma decisão um pouco subjectiva da parte dos árbitros. Estas condicionantes implicam, segundo Barbosa (1999), que os andebolistas possuam uma rápida capacidade de decisão e um domínio dos principais elementos técnicos. Segundo Domínguez Guerra (2004), o Andebol é uma modalidade complexa que está dependente de inúmeros factores e condicionantes, representados na Figura 1. Este autor refere que a essência do jogo de Andebol baseia-se no facto de as alterações constantes do carácter do jogo estarem dependentes das interligações criadas pela cooperação com os companheiros e a oposição conjunta dos adversários. No entanto, este autor coloca a condição física como a base de todo o rendimento desportivo.. LUÍS FILIPE SILVA. 8.

(29) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. ANDEBOL Aspectos Individuais. Condição Física. Aspectos Colectivos Organização Colectiva (Sistemas de Jogo). Acções Coordenadas entre companheiros. Análise e decisão. Percepção. Execução. Táctica Individual. Táctica Colectiva. Técnica. Táctica. Figura 1 Factores condicionantes do Jogo de Andebol (Adaptado de Domínguez Guerra, 2004).. Assim, podemos concluir que, o Andebol, como desporto colectivo, está dependente de inúmeros factores que conferem a este tipo de modalidades uma grande imprevisibilidade e aleatoriedade. Alguns destes pontos são comuns aos outros desportos, como por exemplo, a sua estrutura formal e funcional, ao contrário de outros, que lhe conferem a sua originalidade e especificidade. A condição física assume um papel muito importante, uma vez que é considerada como condicionadora de todas as acções realizadas no âmbito do jogo de Andebol.. 9. LUÍS FILIPE SILVA.

(30) REVISÃO DA LITERATURA. 2. O Processo de treino em Andebol. 2.1. Exigências do Jogo e Perfil Fisiológico. O jogo de Andebol é, cada vez mais, um jogo mais rápido que exige ao atleta a realização de esforços de natureza claramente intermitente (Cardinale, 2002; Soares, 1988; Solé Fortó, 2005). Esta actividade é caracterizada pela existência de movimentos de elevada intensidade (com energia fornecida principalmente pela via anaeróbia) e de baixa intensidade (onde as vias aeróbias assumem especial importância na recuperação activa). A grande parte dos momentos decisivos do encontro caracterizam-se pela sua elevada intensidade e curta duração: remates, passes, fintas, mudanças de direcção, saltos, sprints. Estes momentos são considerados por García Cuesta (1991) como as Acções Relevantes do jogo de Andebol. Este facto poderia levar à conclusão de que seria o regime anaeróbio o mais importante. No entanto, um atleta não pode realizar estes elementos apenas uma vez durante o jogo a esta intensidade. As suas acções têm um carácter aleatório e repetido no tempo, são realizadas isoladamente ou em conjunto. Aos jogadores é exigido que realizem estas acções de uma forma segura, eficaz ao longo de todo encontro, isto é, durante os seus 60 minutos. Ao longo deste tempo, o atleta percorre distâncias entre os 2000 e os 6000 metros (Borges, 1996; Czerwinski, 1991; Czerwinski, 1993; García Cuesta, 1983; Jewstushenko, 1990; Konzak e Schacke, 1968; Santos, 1989; Šibila et al., 2004; Soares, 1988), a diferentes intensidades, o que pressupõe uma contribuição importante do regime aeróbio. Alguns autores afirmam que, ao alto nível, a resistência aeróbia assume um papel determinante (Bompa, 1999; Cardinale, 2002; Czerwinski, 1993; Domínguez Guerra, 2004; Soares e Rebelo, 1994; Solé Fortó, 2005), pois possibilita a manutenção de um nível elevado de jogo, uma vez que permite ao atleta executar as acções decisivas do jogo com a maior intensidade possível e, nas fases menos intensas, recuperar do esforço realizado (Rebelo, 1993).. LUÍS FILIPE SILVA. 10.

(31) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. 2.2. Metodologia de treino – diferentes perspectivas. Como vimos anteriormente, alguns autores entendem que a condição física constitui a base do rendimento desportivo. O desenvolvimento e melhoria da performance do atleta permitem, a este, o desempenho das várias acções de jogo de uma forma mais rápida e eficiente. A Resistência, a Velocidade e a Força assumem um papel muito importante, no Andebol. Devido ao elevado ritmo de jogo, contacto físico permanente e execução rápida e explosiva de muitos gestos técnicos, podemos afirmar que estas três capacidades constituem o núcleo central da condição física nesta modalidade. O foco do nosso estudo centrar-se-á na análise dos movimentos realizados pelo atleta ao longo do treino e nas intensidades a que estes são efectuados. Desta forma, apenas iremos abordar, de uma forma mais pormenorizada, a Resistência e a Velocidade.. 2.2.1.. Resistência. (a). Conceito e suas manifestações. No contexto desportivo, a resistência dispõe de um amplo fundamento científico devido ao elevado número de estudos desenvolvidos pelas diversas ciências que estudam o desporto. No entanto, o seu conceito não é universal. Solé Fortó (2005) apresenta-nos algumas das definições atribuídas à resistência como qualidade física ao longo dos tempos: -. Bompa (1983): o limite de tempo sobre o qual se pode realizar um trabalho a uma intensidade determinada;. -. Harre (1987): capacidade do desportista para resistir à fadiga;. -. Manno (1991): capacidade de resistir à fadiga em trabalhos de duração prolongada;. -. Weineck (1992): capacidade física e psíquica para resistir à fadiga;. 11. LUÍS FILIPE SILVA.

(32) REVISÃO DA LITERATURA. -. Martín et al. (2001): capacidade de manter um determinado rendimento durante o maior período de tempo possível;. -. Platonov (2001): capacidade para realizar um exercício de forma eficaz, superando a fadiga produzida;. -. Bompa (2003): tempo durante o qual o sujeito pode efectuar um trabalho a uma certa intensidade.. Os factores comuns a estes conceitos são a associação da resistência à capacidade para suportar a fadiga e a realização de um exercício de elevada duração. No entanto, esta visão não se aplica na sua plenitude ao Andebol e demais JDC. Tal facto pode ser explicado devido a serem modalidades em que os esforços são predominantemente intermitentes, de intensidade elevada, curta duração, tempos de recuperação indefinidos e em que as decisões tácticas estão sempre presentes. Como referem Cardinale e Manzi (2006), a um jogador de andebol não lhe é pedido que corra os 1000 m mais rápido que qualquer pessoa. O bom jogador tem que ser capaz de jogar de uma forma rápida (no ataque e na defesa) e ser capaz de tomar as decisões mais correctas rapidamente, a nível táctico e durante todo o jogo. Assim, entendemos como mais adequada a definição de Massafret et al. (1999) citado por Solé Fortó (2005), que define resistência como: a capacidade para poder suportar as exigências físicas, psicológicas e tácticas estabelecidas por um determinado sistema de jogo durante todo o encontro e ao longo da competição. Segundo o mesmo autor, os principais objectivos do treino da resistência são: -. Suportar o cansaço, tanto físico como psíquico, durante uma acção de jogo, um encontro e ao longo da temporada;. -. Acelerar o processo de recuperação entre as reduções de ritmo, micropausas e macropausas de jogo, e entre as unidades de treino e os diferentes jogos;. -. Manter o nível óptimo de rendimento do jogador na execução do gesto técnico e na tomada de decisão.. LUÍS FILIPE SILVA. 12.

(33) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. Dentro do contexto da teoria do treino, a Resistência é analisada segundo várias perspectivas, de forma a conseguirmos um conhecimento mais aprofundado. Por exemplo, alguns autores classificam esta capacidade tendo em conta o nível de especificidade com a modalidade praticada (Massafret et al., 1999 cit. por Sole Fórto, 2005; Sole Fortó, 2005). Para estes autores, a resistência apresenta duas grandes formas de manifestação, Genérica e Específica. A Resistência Genérica manifesta-se nas actividades que apresentam pouca ligação com os gestos técnicos e tomadas de decisão inerentes à modalidade. Relativamente à estrutura condicional, a capacidade aeróbia é a mais solicitada, havendo apenas uma pequena percentagem de utilização da potência aeróbia. A Resistência Específica, por sua vez, relaciona-se com os elementos técnicos e conceitos tácticos próprios de cada desporto, trabalhados quer nas primeiras etapas de formação como nas etapas mais avançadas da formação e alto. rendimento.. Dentro. desta. taxionomia,. estabelecem-se. diferentes. categorias da resistência específica. -. Resistência. Geral. (ou. Resistência. na. técnica):. engloba. actividades de resistência com elementos técnicos básicos de jogo (muitas vezes já automatizados) com tomadas de decisão não específicas. Apresenta como principal objectivo treinar a técnica em diferentes estados de fadiga. A estrutura condicional caracteriza-se por potenciar e insistir nas manifestações desta capacidade mais próprias da modalidade em concreto (onde os desportos de campo pequeno apresentam intensidades superiores aos de campo grande); -. Resistência Dirigida (ou Resistência com tomada de decisão): utiliza elementos técnicos e tomada de decisão específicos do modelo de jogo da equipa. A estrutura condicional cinge-se às características físicas do próprio modelo de jogo, combinando-as de forma interactiva com os diferentes sistemas energéticos;. 13. LUÍS FILIPE SILVA.

(34) REVISÃO DA LITERATURA. Resistência Específica (ou Resistência de jogo): exercícios de. -. jogo, real e/ou reduzido.. Por outro lado, Soares (2005) divide esta capacidade do ponto de vista fisiológico, sendo que considera a resistência como Capacidade ou Potência. A Capacidade Aeróbia refere-se à aptidão de manter uma elevada produção de energia durante um tempo prolongado, utilizando como via preferencial a via oxidativa. A Potência Aeróbia é considerada como sendo a capacidade de conseguir produzir a maior taxa de energia a partir do sistema oxidativo. Surge também na literatura a referência à expressão performance aeróbia (Santos, 1995, cit. por Póvoas, 1997). Para este autor, a performance aeróbia é determinada tanto pela potência (cujo indicador é o consumo máximo de oxigénio – VO2 max), como pela capacidade aeróbia (traduzida pelo limiar aeróbio). Por sua vez, Seirul-lo Vargas (1993), apresenta uma outra divisão da Resistência em Capacidade e Potência, bem como as suas formas de manifestação (Quadro 1). Quadro 1 Formas de manifestação da Resistência (Adaptado de Seirul-lo Vargas, 1993). Condições de Potência Capacidade Manifestação De 0’’ a 7’’-8’’. Anaeróbia Aláctica. 7’’x nº de vezes ou De 7’’ a 15’’ Entre 15’’ e 45’’. Anaeróbia Aláctica Anaeróbia Láctica. 25’’-30’’ ou De 40’’ a 2’ De 2’ a 3’. Anaeróbia Láctica Aeróbia. 3’x nº de vezes ou + de 15’. Aeróbia. Este autor defende que o primeiro e o último grupo definidos não têm grande manifestação no Andebol, pelo que, não deverão ser o foco principal do. LUÍS FILIPE SILVA. 14.

(35) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. treinador quando efectua o seu planeamento. Num jogo de Andebol, não ocorre nenhuma situação em que o jogador realiza uma acção a uma intensidade máxima durante oito segundos e que tenha depois um período de recuperação completo e, por outro lado, também não há registo de situações em que o atleta trabalhe a uma intensidade média durante mais de 15 minutos, ou em repetições de três minutos. Relativamente ao trabalho a desenvolver, o mesmo autor propõe diversas formas de trabalho, tendo em conta a intensidade do exercício, duração do esforço, repetições e tempos de recuperação (Quadro 2). Quadro 2 Proposta do desenvolvimento das diferentes manifestações da Resistência, segundo Seirul-lo Vargas (1993). Manifestação Tempo de Intensidade Repetições Recuperação Observações da Resistência execução 8’’ - 10’’. Em função do período da época e posto específico. 1’ – 1’30’’. Máxima. 20’’ – 35’’. 4-8. 4’ – 5’ (activa). Alta. 1’ – 2’. 2-6. Mais de 6’. Durante o Período Preparatório. Submáxima. 30’’ – 45’’. 3-7. Menos de 3’ e reduzindo gradualmente. Durante o Período Competitivo. Variável. 2’ – 3’. De acordo com o tempo de jogo. 30’’ – 1’. Capacidade Anaeróbia Aláctica. Máxima. Potência Anaeróbia Láctica. Capacidade Anaeróbia Láctica. Potência Aeróbia. Como podemos observar, as intensidades de trabalho propostas são, quase sempre, elevadas. Apenas a Potência Aeróbia não apresenta uma velocidade definida, pois, segundo Seirul-lo Vargas (1993), esta capacidade é desenvolvida através de exercícios mais específicos e semelhantes ao jogo, sendo que as trajectórias dos deslocamentos e as acções do jogador estarão muito dependentes da posição específica onde actua e, consequentemente, as suas intensidades.. 15. LUÍS FILIPE SILVA.

(36) REVISÃO DA LITERATURA. (b). Métodos de Treino. A resistência pode ser trabalhada e desenvolvida através da utilização de diversos Métodos, entre eles, o Método Contínuo, Método Fraccionado e o Método de Controlo (Solé Fortó, 2005). O Método Contínuo apresenta-se na forma de uma única série sem paragens. Este pode assumir duas vertentes: Armónico, em que o exercício se realiza a uma intensidade constante ou Variável, em que o esforço assume intensidades distintas. Dentro deste último, existem dois tipos: -. Variável Progressivo, onde as alterações de intensidade são definidas previamente e com ritmo progressivo (Ex: 10’ a 150 batimentos cardíacos por minuto – bpm – 10’ a 160 bpm e 10’ a 150 bpm);. -. Fartlek, onde as mudanças de ritmo não estão programadas e são sujeitas às características do meio ambiente (Ex: disníveis).. O Método Fraccionado tem sido o método mais utilizado, nos JDC. Ao utilizar exercícios intermitentes de alta intensidade, este método assemelha-se mais às exigências deste tipo de modalidade. Este método caracteriza-se por dividir o esforço em séries e introduzir um descanso entre as mesmas. Se essa pausa permitir uma recuperação completa, esta variante denomina-se como Método de Repetições. Se, pelo contrário, a recuperação for incompleta estamos perante o Método Intervalado. No primeiro existem três possibilidades de treino: -. Método de Repetições Curto, para esforços entre os 10 e os 20 segundos;. -. Método de Repetições Médio, para repetições entre os 30 segundos e 1 minuto;. -. LUÍS FILIPE SILVA. Método de Repetições Longo, para esforços entre 1 e 2 minutos.. 16.

(37) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. O segundo apresenta as seguintes quatro vertentes: -. Método Intervalado Longo, para esforços superiores a 5 minutos;. -. Método Intervalado Médio, para repetições entre 1 e 5 minutos;. -. Método Intervalado Curto, com durações compreendidas entre 30 segundos e 1 minuto;. -. Método Intervalado Muito Curto, para esforços entre 10 e 30 segundos.. Tanto o Método Contínuo como o Método Fraccionado podem ser complementados com o adjectivo “intensivo” ou “extensivo”. No primeiro caso, existe uma supremacia da intensidade sobre o volume, invertendo-se esta tendência no segundo caso. A excepção a esta nomenclatura prende-se com o Método Fraccionado de Repetições que apenas poderá ser acompanhado pelo termo “intensivo”. Na literatura consultada encontramos, também, uma variante do Método Intervalado, o Método Intermitente, idealizado por Gacon em 1994 (Solé Fortó, 2005). Este método diferencia-se do treino Intervalado na medida em que as pausas utilizadas são mais curtas e as cargas atingem o Volume de Oxigénio Máximo (VO2max). Os tempos de esforço situam-se à volta dos 30 segundos, assumindo a recuperação igual valor. Ainda dentro do Método Fraccionado, Solé Fortó (2005) propõe outra variante (o Método Interactivo) pensada exclusivamente para os desportos colectivos.. Esta. vertente. procura. simular. a. grande. aleatoriedade. e. imprevisibilidade dos estímulos no JDC. A sua principal característica consiste em apresentar as várias componentes que compõem o Método Fraccionado (duração do exercício, intensidade, tempo de pausa, etc.) de uma forma variável. Este autor defende que, como em situação de jogo, os esforços e as pausas tanto podem assumir durações de 5, 10 ou 30 segundos, o trabalho realizado no treino deve assumir as mesmas características. Por fim, temos o Método de Competição que procura reproduzir as características da própria competição e que apresenta como principal objectivo trabalhar de forma integrada todas as manifestações da Resistência que a. 17. LUÍS FILIPE SILVA.

(38) REVISÃO DA LITERATURA. modalidade requer. Deste método fazem parte os jogos-treino e jogos ou situações de treino com modificações dos factores de jogo, nomeadamente: -. Introdução do marcador e valorização da eficácia das acções;. -. Introdução de situações de jogo condicionadas (últimos minutos de. jogo,. resultados. equilibrados,. situações. de. vantagem/desvantagem, etc.).. 2.2.2.. Velocidade. (a). Conceito e suas manifestações. A trabalho da Velocidade nos JDC teve a sua génese nos estudos realizados nos Desportos Individuais, da mesma forma que o desenvolvimento da Resistência. Com a evolução própria da Teoria e Metodologia do Treino, este processo foi sofrendo sucessivas adaptações, sendo que, no entanto, algumas características ainda se encontram presentes. Jorge Vizuete (2004) apresenta-nos diferentes propostas que o conceito de velocidade assumiu ao longo dos tempos, onde se encontram duas vertentes principais. Por um lado, encontramos uma vertente mais conotada com o aspecto condicional: -. Frey (1977): capacidade que permite realizar acções motrizes num lapso. de. tempo. situado. abaixo. das. condições. mínimas. disponíveis; -. Godik e Popov (1983): capacidade para executar um movimento num espaço de tempo mínimo e com a resistência activa de um rival;. -. Martín. Acero. (1994):. característica. que. permite. mover. rapidamente, livre de sobrecarga, um ou mais elementos do corpo.. LUÍS FILIPE SILVA. 18.

(39) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. Por outro, encontramos autores que entendem a velocidade como uma capacidade cognito-motora do desportista: -. Benedek e Palfaí (1980): capacidade múltipla, não só composta pela velocidade de reacção, das corridas rápidas, da velocidade gestual, mas também determinada pelo rápido conhecimento e valorização da situação de jogo;. -. Harre (1987): capacidade psicofísica que se manifesta por completo nas acções motrizes, quando o cansaço não limita a sua expressão máxima;. -. Weineck (1994): capacidade psicocognitiva que permite uma acção rápida em determinada situação de jogo;. -. Martín Acero (2000): agrupamento de factores que permite realizar acções motrizes nas condições dadas, no menor tempo possível e que permitem garantir antecipação, precisão e/ou aplicação óptima da força (possibilitando o rendimento desportivo ambicionado).. Tais definições parecem-nos insuficientes. No primeiro caso, esta capacidade é apenas analisada como sendo apenas dependente de aspectos condicionais próprios do atleta. O segundo grupo de autores, apresenta uma visão mais relacionada com os JDC, referindo que esta capacidade deve ser enquadrada com a situação de jogo e em função da análise dos estímulos externos. No entanto, um ponto comum destas opiniões, é no que se refere ao factor tempo. Todas elas indicam que determinada acção deve ser efectuada no mínimo tempo possível. Mas será mesmo este o tempo desejado, nos JDC? Jorge Vizuete (2004) apresenta-nos um novo conceito. Para ele, a velocidade é uma capacidade complexa, derivada de um conjunto de propriedades funcionais (força e coordenação) que possibilita regular, em função dos parâmetros temporais existentes, a activação dos processos cognitivos e funcionais do desportista, para provocar uma resposta motora óptima. É uma capacidade complexa pois, para produzir uma acção motora a determinada velocidade, é necessária a intervenção de diferentes processos,. 19. LUÍS FILIPE SILVA.

(40) REVISÃO DA LITERATURA. isto é, esta acção será determinada pelo nível de actuação dos sistemas bioenergéticos e do controlo sobre os mesmos. A velocidade não é considerada como uma capacidade motora básica, mas sim derivada destas. Esta capacidade não tem um sistema fisiológico específico, ao contrário do que acontece com a resistência (sistema energético), força (sistema muscular) e coordenação (sistema neurológico). A velocidade é o resultado da interacção destes processos. Permite regular na medida em que permite determinar os níveis temporais de actuação dos sistemas que produzem a resposta motora (ex. antecipação). Por fim, existe a referência a uma resposta motora óptima, que não pressupõe que a acção seja realizada forçosamente à velocidade máxima. Por exemplo, numa intercepção de um passe o jogador deve adequar a sua velocidade relativamente às informações que capta do exterior (velocidade da bola, posição dos colegas/adversários, etc.). Nos JDC a velocidade, como capacidade complexa, apresenta várias manifestações, umas referentes ao momento anterior ao início da acção (velocidade discriminativa e velocidade de tomada de decisão) e outras relativas ao início e durante a acção propriamente dita (velocidade inicial e velocidade de deslocamento). A primeira, velocidade discriminativa, define a capacidade do atleta de analisar os estímulos exteriores e está intimamente relacionada com o sistema nervoso central. Esta análise é muito importante pois funciona como um “filtro” de informação. O jogo de Andebol apresenta inúmeros estímulos, os quais necessitam de ser considerados como relevantes ou não-relevantes para a nossa acção. Em seguida, surge-nos a velocidade de tomada de decisão, que se relaciona com a selecção da acção a realizar. Nesta manifestação é determinante a disponibilidade coordenativa do atleta e a sua experiência motora. No momento e durante a realização da acção temos, num primeiro momento, a manifestação da velocidade inicial (ou velocidade de aceleração). Esta resposta está profundamente relacionada com a força explosiva. Por fim,. LUÍS FILIPE SILVA. 20.

(41) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. surge-nos a velocidade de deslocamento, que se refere à capacidade de o atleta. realizar. uma. trajectória/acção,. seja. ela. cíclica/acíclica. ou. global/específica, num tempo óptimo (Jorge Vizuete, 2004). Opinião semelhante apresenta Álvaro Alcalde (1991), que divide esta capacidade em velocidade de reacção discriminativa e velocidade de deslocamento. De uma forma geral, podemos distinguir dois tipos de treino desta capacidade: (1) o da velocidade propriamente dita e (2) o da resistência de velocidade. O primeiro refere-se à capacidade de promover acções motoras o mais rapidamente possível e o segundo em manter essa rapidez de execução durante longos períodos de tempo (Soares, 2005). Segundo Garganta (1999), o treino desta capacidade apresenta os seguintes objectivos: -. Aumentar a capacidade do jogador para decidir rápida e eficazmente as acções motoras que deve produzir em resposta aos estímulos específicos do jogo;. -. Aumentar a capacidade para executar rapidamente habilidades técnicas específicas em contextos que reproduzam a estrutura do modelo de jogo que se pretende ensinar;. -. Desenvolver a capacidade para gerar uma potência elevada nas acções ou sequências de acções de elevada intensidade: saltos, sprints, mudanças de direcção, remates, etc.;. -. Aumentar a capacidade de produzir, de forma contínua, potência e energia, no que se refere principalmente à resistência de velocidade, e incrementar a capacidade de recuperação depois de um exercício de elevada intensidade.. No entanto, sendo esta uma capacidade derivada, o seu trabalho está intimamente ligado ao trabalho de outras capacidades, nomeadamente a força explosiva, isto é, ao desenvolvermos e melhorarmos esta vertente da força, estamos também a realizar um transfer positivo para o trabalho de velocidade (Álvaro Alcalde, 1991; Jorge Vizuete, 2004).. 21. LUÍS FILIPE SILVA.

(42) REVISÃO DA LITERATURA. Como verificamos anteriormente no momento em que abordamos a Resistência, o treino da Velocidade pode também ser distinguido pelos níveis de aproximação que apresenta com a modalidade abordada: Geral, Dirigido, Especial e Competitivo (Jorge Vizuete, 2004). Assim, no primeiro (Nível Geral), o trabalho centra-se no aspecto condicional e técnico de habilidades básicas (saltar, correr, rematar), sendo a base de qualquer modalidade. No Nível Dirigido, pretendemos melhorar e relacionar a velocidade com os aspectos coordenativos e cognitivos (tomada de decisão) referentes à própria modalidade. Em seguida, surge o Nível Especial que implica um trabalho com todos os elementos específicos do Andebol, sendo que são desenvolvidos todos os tipos de velocidade requeridos conjugados com os elementos técnicos, coordenativos e cognitivos necessários. Por fim, no Nível Competitivo trabalha-se a competição, isto é, o método de treino é a competição ou situações simuladas desta, que devem ser modificadas segundo os nossos interesses.. (b). Métodos de Treino. No desenvolvimento da velocidade são utilizados, predominantemente, dois métodos: o Método das Repetições e o Método Intervalado (Jorge Vizuete, 2004). O Método das Repetições é considerado como o método de excelência da velocidade, já que garante uma recuperação óptima desta capacidade no final do exercício (Jorge Vizuete, 2004). Como exemplo de exercício, apresenta-nos sessões de oito repetições de acções de três a cinco segundos (cerca de 20-30 metros), com recuperações de um minuto e meio. O Método Intervalado é mais indicado para o trabalho resistência de velocidade e o que mais se aproxima das necessidades do Andebol. Neste tipo de trabalho, devemos utilizar períodos de recuperação incompletos e variáveis, de forma a trabalharmos com mais especificidade.. LUÍS FILIPE SILVA. 22.

(43) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. 2.3. Planeamento do Microciclo. A planificação é um processo metodológico de estruturação da dinâmica das cargas de treino, que procura o rendimento óptimo do desportista (Álvaro Alcalde, 1991). Álvaro Alcalde (1991) divide o planeamento anual (Macrociclo) em três grandes blocos: Período Preparatório, Período Competitivo e Período Transitório. Os objectivos do desenvolvimento da condição física no período competitivo são os seguintes: -. Participação na competição semanal no melhor estado de forma possível;. -. Manutenção de bom nível competitivo tanto físico, psíquico e técnico;. -. Manutenção dos níveis de exigência físicos característicos do Andebol;. -. Atingir momentos óptimos em função do nível de dificuldade da competição.. O microciclo pode assumir durações diversas, variando entre os três ou quatro dias até um máximo de duas semanas. No entanto, a duração mais frequente é de sete dias, pois, este período de tempo adapta-se com mais facilidade ao ritmo geral da vida dos atletas (Castelo et al., 1998). Segundo os mesmos autores, os microciclos podem ser classificados como Graduais, de Choque, de Aproximação, de Recuperação ou de Competição. Apenas o último será abordado neste trabalho, uma vez que é sobre este que vai recair a nossa atenção. Em termos de organização do trabalho ao longo do microciclo, a bibliografia disponível é escassa. Outra dificuldade prende-se com o facto de, grande parte da restante literatura, organizar o trabalho em duas os mais sessões diárias. No entanto, poucas são as equipas, no nosso país, que têm disponibilidade para trabalhar duas vezes por dia ao longo de toda a semana.. 23. LUÍS FILIPE SILVA.

(44) REVISÃO DA LITERATURA. Assim, são apresentadas as vertentes que se podem aproximar mais da realidade do Andebol português. Álvaro Alcalde (1991) indica-nos duas formas possíveis de organizar o trabalho das capacidades condicionais e técnico-tácticas ao longo da semana, uma que contempla sete sessões de treino e um jogo e outra que apresenta quatro unidades de treino e um jogo (Quadro 3).. Manhã. Quadro 3 Exemplos de Organização do Microciclo em função dos conteúdos a abordar (adaptado de Álvaro Alcalde, 1991). Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo F. Explosiva ou F. Mista. F. Específica Técnica VelMultisaltos. Tarde. Tarde. Descanso. Res. Aeróbia. Força Técnica Força Mista. Res. Anaeróbia Res. Específica. Velocidade Res. Específica. Preparação para a Competição. Jogo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Domingo. Velocidade. Preparação para a Competição. Jogo. Descanso. F. Explosiva F. Técnica Res. Aeróbia. F. Técnica Res. Mista 3x3, 4x4, 6x6. Descanso Res. Mista. Bompa (1999) e Castelo et. al (1998) propõem uma distribuição da carga em função da intensidade global do treino (Figura 2). Os autores distinguem os microciclos pelo número de unidades de treino de elevada intensidade que este possuí (uma, duas ou três). Além dos microciclos aqui apresentados, os autores apresentam outras formas de organização. A opção de não as representar prende-se com o facto de as mesmas não se enquadrarem com o tema deste trabalho, uma vez que, por exemplo, não apresentam uma competição semanal.. LUÍS FILIPE SILVA. 24.

(45) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. Figura 2 Exemplos de Organização de Microciclos em função da intensidade de cada unidade de treino (adaptado de Bompa, 1999) Intensidade (%) 90-100. Alta. 80-90. Média. 50-80. Baixa. 0. Descanso. Dias. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Domingo. Segunda. Terça. Quarta. Quinta. Sexta. Sábado. Domingo. Intensidade (%) 90-100. Alta. 80-90. Média. 50-80. Baixa. 0. Descanso. Dias. Intensidade (%) 90-100. Alta. 80-90. Média. 50-80. Baixa. 0. Descanso. Dias. Intensidade (%) 90-100. Alta. 80-90. Média. 50-80. Baixa. 0. Descanso. Dias. 25. LUÍS FILIPE SILVA.

(46) REVISÃO DA LITERATURA. Como podemos verificar, existem diversas formas de conceber e planear um microciclo. As três primeiras opções referem-se a um microciclo com dois picos semanais (correspondendo um jogo ao pico do fim-de-semana), ao contrário da última, que apresenta três picos. O jogo oficial corresponderá a um dos picos do fim-de-semana (no primeiro, segundo e quarto realizado ao sábado e, no segundo, realizado ao domingo). De referir, também, que o terceiro microciclo corresponde a dois jogos consecutivos (sexta e sábado).. Concluindo, ao longo deste capítulo, procuramos perceber quais as exigências que esta modalidade impõe aos seus praticantes, pois só assim conseguiremos conceber e planear todo o processo de treino de uma forma eficaz e objectiva e respeitar um dos principais objectivos do treino que é o da sua Especificidade. Em seguida, analisamos os conceitos de Resistência e Velocidade, bem como as suas distintas manifestações e métodos de trabalho. Pela análise da bibliografia consultada, percebemos que o método mais indicado para o treino de Andebol é o Método Fraccionado e que, no desenvolvimento destas capacidades, o treinador deve privilegiar os exercícios de intensidade elevada.. LUÍS FILIPE SILVA. 26.

(47) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. 3. Modelação da Performance nos Jogos Desportivos Colectivos. Uma grande parte dos estudos realizados no âmbito dos JDC centra-se na modelação da performance. Ao analisar este aspecto, os investigadores procuram perceber a influência relativa dos diferentes factores no rendimento dos jogadores e sua interacção (Garganta, 1997). Com o recurso a diversos meios e métodos, os treinadores e investigadores recorrem à análise de jogo para dela retirarem informação que permita aumentar o conhecimento acerca do jogo e melhorar a qualidade da prestação desportiva dos jogadores e das equipas (Garganta, 2001). O mesmo autor refere que, ao longo dos tempos, a análise da performance desportiva tem possibilitado: -. Configurar modelos de actividade dos jogadores e das equipas;. -. Identificar traços da actividade cuja presença/ausência se correlaciona com a eficácia de processos e a obtenção de resultados positivos;. -. Promover o desenvolvimento de métodos de treino que garantam uma maior especificidade e, portanto, superior transferibilidade;. -. Indiciar. tendências. evolutivas. das. diferentes. modalidades. desportivas.. No entanto, a Performance é um constructo complexo, uma vez que são inúmeros os mecanismos que a influenciam, quer de ordem física, como psicológica ou técnico-táctica. Assim, Ouellet (1987, cit. por Silva, 2000), refere que a compreensão do jogo nunca será possível de conseguir através da utilização de um só modelo de análise, visto que a informação recolhida será sempre selectiva, existindo uma valorização de determinadas variáveis em detrimento de outras. Prudente (2006) classificou os estudos de acordo com a respectiva área de estudo, delimitando seis âmbitos: Psicologia da Desporto, Pedagogia do Desporto, Fisiologia do Esforço, Teoria e Metodologia do Treino Desportivo, Cineantropometria e Biomecânica. De referir que o autor definiu outras áreas que conjugam duas das áreas acima referidas.. 27. LUÍS FILIPE SILVA.

(48) REVISÃO DA LITERATURA. Por outro lado, Silva (2000) propõe a seguinte divisão dos estudos realizados no Andebol, consoante o seu foco de preocupação. Segundo o autor, existem dois grandes grupos distintos: Estudos Analíticos, em que os factores. condicionantes. são. analisados. fora. da. situação. de. jogo. (caracterização dos atletas com recurso a testes laboratoriais e/ou de terreno); e os Estudos a partir da análise de jogo e treino, que se dedicam à observação contextualizada dos factores que contribuem para a performance desportiva. Dentro deste grupo, foram distinguidos os seguintes subgrupos: -. Estudos centrados na análise técnica;. -. Estudos de caracterização da actividade física dos jogadores em situação de jogo e treino;. -. Estudos baseados na análise táctica;. -. Estudos baseados na análise dos indicadores de jogo.. A Análise de Tempo e Movimento (ATM) situa-se no segundo ponto e como será este aspecto que iremos analisar, debruçar-nos-emos sobre este tema com mais atenção.. LUÍS FILIPE SILVA. 28.

(49) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. 3.1. A evolução metodológica nos estudos de Análise de Tempo e Movimento. Os estudos realizados com recurso a este modelo de observação têm sofrido uma grande evolução nos últimos anos. Na sua fase inicial, estes estudos eram efectuados no decurso do próprio jogo, após o qual era realizada uma interpretação de forma subjectiva e impressionista do resultado da observação (Janeira, 1994). Actualmente, este género de estudos é realizado através da utilização de câmaras de filmar e computadores com softwares idealizados especificamente para este tipo de análise. Assim, conseguimos monitorizar e avaliar o deslocamento do desportista de uma forma mais rigorosa e fidedigna.. 3.1.1.. Distância percorrida. A ATM tem sido utilizada fundamentalmente nos JDC para a determinação da distância total percorrida pelos jogadores ao longo de um jogo, bem como para a avaliação da distância total percorrida a diferentes intensidades (Borges, 1996). Nesta área, o número de estudos realizados no Andebol é escasso (Quadro 4). De referir que todos os autores consultados apresentam como objecto de estudo a ATM em situação de competição. A ATM em situação de treino é também um ponto importante, uma vez que permitirá perceber se o trabalho desenvolvido se assemelha e prepara o atleta para as exigências próprias do jogo.. 29. LUÍS FILIPE SILVA.

(50) REVISÃO DA LITERATURA. Quadro 4 Distância percorrida durante um jogo (em metros) e percentagens do deslocamento nas diferentes intensidades (adaptado de Borges, 1996). Distância Autores Posição Passo Lento Médio Rápido Total Konzak e Schacke (1968). Média. 4152. 19%. 76%. 9%. Média P. Esq. P. Direito L. Esq. L. Dir. Pivot. 3498 3557 4083 3464 2857 3531. 80%. 14%. 6%. Soares (1988). G.R.. 2070. Santos (1989). Média. 4365. Jewstushenko (1990). Média. 6000. Czerwinski (1991). Central Laterais. 5433 4695. Czerwinski (1993). Central Extremos. 5531 4850. Borges (1996). Média Pivot P. Esq. P. Dir. Central L. Esq. L. Dir.. 4499 4054 4801 4716 4454 4301 4670. 23% 22% 24% 23% 23% 23% 24%. 10% 10% 13% 13% 7% 9% 9%. Šibila et al. (2004). 1ª Linha Pontas Pivot G.R.. 3432 3855 3234 1753. 25% 23% 25% 11%. 17% 18% 12% 2,5%. García Cuesta (1983). 34% 34% 35% 33% 35% 37% 32%. 32% 34% 28% 31% 34% 31% 34% 57% 58% 62% 86%. (1). Como podemos observar no Quadro anterior, a distância total percorrida apresenta valores muitos díspares (valores entre 2070 e 6000m). Tal facto pode ser justificado devido a não ter sido utilizada a mesma metodologia nos diversos estudos. Aliás, apenas no estudo de Borges (1996), Šibila et al. (2004) e Soares (1988) todos os passos do trabalho estão definidos (metodologia, amostra e instrumento de observação). No que se refere às diferentes intensidades de deslocamento, os dados disponíveis ainda são em menor número. O estudo de Konzak e Schalke (1). Este autor propõe a divisão dos variáveis em deslocamentos Lentos, Médios, Rápidos e Sprints, pelo que as duas. últimas foram agrupadas numa só, para uma melhor compreensão do Quadro.. LUÍS FILIPE SILVA. 30.

(51) CARACTERIZAÇÃO DA CARGA DE TREINO NO ANDEBOL. (1968), apenas delimita três categorias, sendo que obtiveram os seguintes resultados: 15% do deslocamento a passo, 76% a uma intensidade média e 9% com intensidade elevada. Os dados de Borges (1996) estão em consonância com os de García Cuesta (1983), onde podemos constatar um valor muito superior nos deslocamentos a baixa intensidade, passo (34%) e corrida lenta (32%), em detrimento dos deslocamentos de média e alta intensidade, com valores de 23% e 10%, respectivamente. Apesar da sua similaridade podemos observar que estes movimentos tiveram uma percentagem superior no estudo de Borges (1996), 33% face aos 20% do estudo de García Cuesta (1983). Como podemos verificar, o estudo de Šibila et al. (2004), apresenta valores particularmente diferentes. Com a evolução natural do jogo e a alteração de algumas regras no passado recente, nomeadamente a possibilidade de se realizar uma acção de “Contra-golo”. (2). , o jogo tem. tendência a aumentar de intensidade. Apesar de os valores dos movimentos a baixa intensidade assumirem ainda valores superiores, podemos observar que tem existido uma progressiva redução da diferença destes para os de elevada intensidade. Relativamente às diferenças entre postos específicos, Borges (1996, p. 58), refere que “os resultados apontam para uma invariância na distância dos percursos realizados a diferentes intensidades pelos jogadores das diferentes posições específicas, bem como para a totalidade da distância percorrida.” Por outro lado, Šibila et al. (2004), defende que os padrões de deslocamento são efectivamente diferentes consoante a posição específica que o jogador ocupa. Estes dados vão de encontro ao sugerido por Czerwinski (1991), que registou diferenças de cerca de 800m entre os jogadores que actuam na zona central face aos que actuam nas zonas laterais (5433 e 4695m, respectivamente).. (2). Acção Individual ou colectiva através da qual a equipa tenta marcar golo rapidamente, após um golo do adversário (Gutiérrez Delgado, 2004 ). 31. LUÍS FILIPE SILVA.

(52) REVISÃO DA LITERATURA. 3.1.2.. Categorização das Variáveis. No estudo de Borges (1996), a categorização das variáveis foi efectuada em função da intensidade do deslocamento, de acordo com a definição de Janeira (1994). Assim, foram delimitadas quatro categorias: a passo (para deslocamentos até 1m/s), lento (de 1 a 3 m/s), médio (de 3 a 5 m/s) e rápido (para velocidades superiores a 5 m/s). Em estudos fora do âmbito do Andebol, outras foram as categorias utilizadas. Spencer et al. (2004), no seu estudo sobre Hóquei em Campo, procuraram caracterizar o perfil do jogador e recorreram a cinco variáveis: parado, a passo, corrida lenta, corrida rápida e sprint. Segundo estes autores, esta diferenciação era estabelecida pela observação da acção e amplitude dos movimentos realizados pelos atletas a nível dos Membros Superiores (MS) e Membros Inferiores (MI). Por outro lado, Duthie, Pyne e Hooper (2005) realizaram um estudo no Rugby e estabeleceram as seguintes categorias no que se refere ao movimento do jogador: parado, a passo, corrida lenta, corrida rápida, sprint e Static exertion. A distinção das variáveis foi realizada de modo semelhante ao estudo de Spencer et al. (2004), isto é, tendo especial atenção à amplitude de movimentos dos membros do atleta. Esta categorização parece-nos ser mais adequada, pois, não só engloba todos os movimentos que o atleta realiza no decorrer da sua actividade, como também diferencia as acções que este possa realizar a intensidade máxima, apesar de não podermos observar qualquer movimento. À semelhança do que ocorre no Rugby, no Andebol, também são inúmeras as situações de um contra um, em que o atleta realiza uma acção de intensidade máxima, podendo, no entanto, não efectuar qualquer deslocamento. Estes momentos ocorrem quer esteja em acção defensiva (por exemplo, controlo defensivo) quer em acções ofensivas (por exemplo, bloqueio). Assim, parece-nos importante que esta categoria seja incluída na metodologia a utilizar.. LUÍS FILIPE SILVA. 32.

Imagem

Figura  1  Factores  condicionantes  do  Jogo  de  Andebol  (Adaptado  de  Domínguez  Guerra,  2004)
Figura 2 Exemplos de Organização de Microciclos em função da intensidade de cada unidade  de treino (adaptado de Bompa, 1999)
Figura 3 Valores obtidos nas diferentes categorias de deslocamento, pela  globalidade da amostra (em percentagem)
Figura  4  Valores  médios  obtidos  pela  amostra  nas  diferentes  categorias  em  cada  um  dos  treinos (valores percentuais)
+2

Referências

Documentos relacionados

Este artigo apresenta um conjunto de técnicas de segmentação utilizadas para atenuar um problema comum em qualquer tipo de rede de computadores, que é a perda gradual de

Os resultados alcançados diferem da pesquisa supracitada, pois foi percebido que todos os fatores relacionados aos aspectos financeiros foram considerados de muito

Os sistemas de veiculação de fármacos, nomeadamente os coloidais (e.g. nanopartículas, lipossomas) têm dado um grande contributo neste sentido, uma vez que

Após a apresentação formal, em 14 de Julho de 2008, tendo como oponentes equipas seniores masculinas de Futsal e de Andebol de Leiria, seguiram-se já mais de 20 acções de

No contexto em que a Arte é trabalhada como recurso didático-pedagógico na Educação Matemática (ZALESKI FILHO, 2013), pode-se conceber Performance matemática (PM) como

A postura assertiva é uma virtude, pois mantém-se no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, um por excesso (agressão), outro por falta (submissão). Seja

En combinant le moment fléchissant (repris par les hourdis) et l’effort tranchant (repris par les âmes), il a aussi observé une très faible interaction. En 2008,

Partindo-se da premissa de que os gastos fixos devem ser cobertos pela margem de contribuição não teria sentido calcular-se o ponto de equilíbrio por seguimento quando não se conhece