,
Ano
VIII . n?8 .S
.E;.
M,
.A
NA' l
Jornal Laboratório- UFSC/CCE/COM-,.
Florianópolis,
21 a28_de
novembrode 1990.,... . � r�
Grupo
de
36
pessoas'
. _elege_
Hitler-_ . .»como
seu
líder
·NAZISTAS·
. 'se
reorganizam
Yem
Florianópolis
<,páginas
3ecentralEDITORIAL
Crescendo
em
tamanho e
tecnologia
Dentro de duassemanasesta rácirculandouma
edição
do Zero emformato standard. Isto
é,
do tamanho de O
Estado,
Jor nal de Santa CatarinaeA No tícia. Estavariação
atendeànecessidade de
proporcionarmos,
aos alunos de
Planejamento
Gráfico,
aoportunidade
de diagrsmsrpeginss
diferentes dostablóides de sempre. Jornal la
boretorio,
lembram-se?***
A modéstianãonos
impede
decomentaros
elogios
que oZero recebeu durante oCongresso
Nacional dos Jornalistas reali zadoem
Florianópolis.
Naturalmente,
ofato da meiorie dasescolas de
comunicação
tercarênciasgravesna área do
jornalis
mo
impresso,
contribuipara aboa
impressão
queoZerocausa.Maso
pioneirismo
daedição
semanal - ousadia
impensável
seror mantido oritmo de
reparti
ção
pública
quecontagia
algu
masescolas - ésuficientemente
tortepara
espantar
aqueles
que acham quea Universidadenão tem muita coisa a fazerporaqueles
que queremseprofissio
nelizsr:
:j: * *
O Laboratóriode Jornalismo
Gráfico colocou em funciona
mento,
esta semana, aimpres
soralaser,
completando
a estação
de trabalhoem"desktop
publishing".
Servirá aoensino,
àpesquisa
eprestará
serviços
àco-....
munidade,
dentrodoprograma deextensãodoDepartamento
deComunicação.
ZERO
***
Me/horPeça
Gráfica/,
/I e 1// Set Universitário Maio 88 Setembro 89 Setembro 90Jornal Laboratório do
Departa-mentode Comunicação do Centro de Comunicação e Expressão da universidadeFederaldeSanta Ca tarina. Editado sob a responsàbili
dade do Laboratório de Jornalismo Gráfico.
Supervisão:Jornalista Prof.Cesar Valente
(Reg.
706/SC)Colaboração: Jornalistas. Profes
soresRicardoBarreto,Luiz A.Scot
tode AlmeidaeGilkaGirardello.
Redação: CCEICOM/UFSC, Cam pus daTrindade, 88035- Florianó
polis:
SC - Brasil. Fone (0482)31-9215 e 31-9490. Fax (0482) 33-4069.
Coral sobrevive
apoiado
naarte
e nacriatividade
Sucesso
e
realização
no
I?
ENCOR
't.
KARIN
VÉRAS
Foi nofinal de1962,
quando
oentãoreitor daUniversidade Federal de
SF.11-taCatarina
participava
daorganização
do Encontro de Corais do Sul doPaís,
que
alguém
lembrouaeleque
aprópria
universidade não tinha um coral,
Às
pressas foi convidadoomaestrodauni
versidadedo
Paraná,
MárioGrau,
eforamreunidaspessoas entre
acadêmicos,
comunidade e coralistas de outros gru
pos. No
tempo
recorde de 13 dias umcoral foi
formado,
ensaiadoe seapresentou.Era
janeiro
de 1963quando
ocoraldesta universidade fazia
syà
primeira
apresentaçào,
commaestroemprestado
e em
função
de um evento. No dia 5de novembro deste ano, Dia Nacional
da
Cultura,
foia vezdeste mesmo.coralresponder
aodesafiode há 28anossendo.
ele
próprio
o anfitrião doprimeiro
Encontro de Corais
(ENCOR)
naUFSC."Estamos vivos e
precisamos
continuar"- encerrava
o discursodeaber
turaa
pró-reitora
deassuntosculturais da universidade.Confirmava,
assim,
seu
compromisso
com umauniversidadepública
egratuita.
No auditório da reitoria cheio não estavao
reitor,
nem opró-reitor,
nem os diretoresde centro.A
pró-reitora
lembrouqueaUFSCem'seus30anosaindanão
conquistou
seuespaço cultural. E desabafou: "Nosso , processo administrativo é um recriar
cultural constante." Sem
apoio
-econô micoeadministrativo,
sóaarteeacriatividade
permitiram
que ocanto coralsobrevivesse dentro e fora da univer
sidade. O númerode corais équarenta
vezes maior
do.
que era na década de60.O movimento coralsehorizontalizou e agora
precisa
serverticalizado:
ganhar em
qualidade
eprofundidade
-afirma omaestroJosé Acácio Santanaque é
regente
do coral da universidade desdeagosto
de 63 e coordenador daFundação
Pró-Canto.Afinal,
ocantocoral
hoje
alimenta muitas comunidadescatarinenses, Faz
'parte
do"pão
nossocultural de cada dia".
Logo
naentrada oscoralistas enche ram o auditório de cor e mais tardepreencheriam
o espaço restante com som. Seus familiares e convidados foramsuficientesparalotarolocal. Esta vamtodosuniformizadose as cores va
riadas destacavam sua
procedência.
Azulturquesa comamarelo foia corde
saudação
cantada feitapelo
coral da universidade:"Vocêéosorriso de Deusem nossomeio". O
primeiro
coroconvidado foia
Associação
CoralVilla-Lobosde
Itajaí.
Vestidos de vinho elescanta-, ram o
tempo
e o amor:"Tempo, diga
por
favor,
aondeseescondeu.."
Logo
emseguida
entrouocoral25 de Julho: "Em Blumenau cantamos as canções, e preservamos nossas
tradições".
Cantaramsua
região,
SantaCatarinae o Brasil:"SantaeBela
Catarina,
ésprincesa
entredois
príncipes".
Depois
ocoral João. Coraldauniversidade: 27anosde existência
Martins tambémcantouuma
Exaltação
aSanta Catarina: "ondeanaturezafezneve,solechuva'i.Estescoralistasvie ramde
Tubarão,
onderecebem
oapoio
de uma empresa. A
Associação
Coralde
Florianópolis
trouxe umrepertório
de música
popular
comacompanhamen
tode
at!baque
eviolão.
SuaregenteAuréliaHackenhaarrecebeuum
destaque
no
discurso de abertura como símboloda contracultura"ondeamulher sefaz
presente".
Terminaram cantando Tra vessia.Oúltimo
coroconvidadosópreci
souatravessara
ponte
paraparticipar
do encontroemostraroquese
pode
fazerquando
sepretende
descentralizaracultura.Foia
Associação
CoralSanta Cruzde São José.
Quando
foi a vezdos anfitriões fazererri ashonras dacasa,mos
traram uma apresentação inovadora:
quernos
gestos
queacompanhavam
asmúsicas,
quernamovimentação
cênicados coralistas, Uma das músicas mais
aplaudidas
duranteoconcertofOI justa
mente a última cantadapelo
coral da universidade. Chama-se "Nós somosDeuses
deumDeus Maior" eédeautoriadoregenteJosé AcácioSantana: "Vi da é pra vivere se
prende
... ecoração
éfeitopraamar.Por issoagoravoufalar
ao
coração,
ea formaque encontrei foi acanção"
.Noencerramentotodasas vozes se uniram formandoo
grande
corodos corais
participantes
e cantaramOPescador do
regente
Santana: "Pescadorse vai promar, tem esperançade vol tar".
- a
ponte
asseguracontinuidade- Nãoésemmotivos
quemuitas
músi-cas
apresentadas
noencontrotêmmotivação
religiosa.
Primeiro porqueomovimento coral esteve durante muito
tempo
vinculadoàIgreja,
O queservia,
na
opinião
domaestroJoséAcácio Santana,comouma
ponte
entreofazercul turaleoapreciador.
Poistantoopúblico
da
igreja
acabavaescutandoocoralcomo oscoralistassepreparavam parase
apresentar
aopúblico
daigreja.
Era umamotivação
queacabava dandoobje
tivoàatividade.
Hoje,
aopromoverumEncontro de Corais os
organizadores
pretendem
que elenãoseja
maiseven
tual,
senãooiníciodeposteriores
encontros que devem se
ampliar
com corosnacionais e até internacionais. Pois a
grande
metado ENCORé darobjetivo
aocantocoralno
estado,
aprofundando
suaatividade.Para isto contribuio centro cultural Pró-canto coordenado
pelo
maestro Santanae sediado naUniver
sidade. Ele faz
a.transferência'de
recursostécnicosagruposinteressados:cur
sos. treinamentos,
partituras.
O maestro fala da
importância
de incentivaroscoraiscatarinensesasaíremdesuas
sedeseiremcantarnarua.Lembraque nosúltimos2Natais mais de 6.000con
certo foram feitos ao ar livre. Destaca os
objetivos
fundamentais daatividadecoral. O
objetivo
artístico cultural que éofazer musical. Eoobjetivo
sócio-co munitário que promove asocialização
daspessoas. Diz queopovocatarinense
possui
uma"índolemusical"provenien
te das etnias que
participaram
de suaformação,
e que o canto coral foi umaresistência cultural destes povos imi
grados. Hoje propõe
umcongraçamento
destas culturas e a
mudança
deperfil
dos corais. Sabequeocoral do amanhã
tem que ser audiovisual para reciclar a simesmoe ao
público.
Noversodoprogramadistribuído ao
público
nodia 5 de novembroalgumas
palavras
domaestro alertavam paraarelação
entresociedadee aatividadecoral:
"Quanto
maisumacivilização
édo tada desensosocial,
maisnelasedesenvolveocantocoletivo".Os mais de1.140
corais catarinenses
agradecem
acitação
epedem
passagem.ZERO
3
Os
simpatizantes
de AdolfHitlerjá
têma
oportunidade
deingressar
numaagremia
ção
nazista emFlorianópolis.
Desde março-l-,._
qo
!no
passado
estáematividade umgrupo 1ue-il!)adeptos
do nazismoquesereúnepelo
menos uma vezpormês, num
apartamento
nocentroda
capital.
O grupo, queteme perseguições,
funcionaclandestinamente.A idéia de fundar esse grupo
partiu
de um rapaz de 20 anos, natural do Oeste doParaná,
queveio paraFlorianópolis
no iníciode 1989. Ele decidiu afastar-se da família
-os
pais
sãoprodutores
desoja
-para
poder
dedicar-se ao seumaiorobjetivo polí
tico: o nazismo. Nosprimeiros
meses, sustentava-secom
traduções
detextosalemãesparaaUniversidade FederaldeSanta Cata
rina(UFSC).
Ele,
que não quer que sepublique
o seu nome por motivos "de segurançapessoal",
começou a interessar-se
pela
ideologia
nazista desde os oito anos de
idade, quando
iniciouuma
coleção
depublicações
erecortesde
jornais
sobreomovimento nazistamundial.
Isso veiojunto
com a decisão de nãocomer carne (embora admita aceitar carne
branca,
ao contrário do radicalvegetaria
nismo deHitler). Nasuabibliotecade mais
ou menos900
publicações,
hálivrosalemãesda
época
do 3?Reich,
que herdou do avô,capitão
da Werhmacht (exércitoalemão)
presopelos
brasileirosemMontese.Apesar
detersidoprisioneiro
numcampode
"desnazificação"
americano,
oex-capitão
(falecido
há trêsanos),
aoemigrar
para oBrasil trouxe
consigo
publicações
nazistas,
que vierama seraleiturapredileta
do seunetonainfânciaenaadolescência.
Além desta
contribuição,
DerFreund("oamigo",
em alemão)-comoprefere
ser chamado o líder dos nazistas de
Florianópolis
- recebeu influência da
própria
comunida deemquevivianoParaná,
cujos
habitantessão, na maioria, teuto- brasileiros ainda
simpatizantes
do nazismo.O líderresume sua
formação
nosseguin
tes
princípios:
"não aceitarpropina;
nãoservulgar; aprender
comquemsabe;
nãofazero
papel
deridículo;
não cometer erros; terautenticidade
pessoal;
enfim,
não seenvolvercomraçafraca". Esteúltimomandamen
to segue à
risca,
principalmente
emrelação
aos negros e mulatos. Prefere os
arianos,
mas sua
namorada,
de 27 anos, é descen dentedejaponeses.
"Ositalianoseosjapone
sesforamnossosaliadosna2�Guerra Mun
dial, justifica
ao serperguntado
sejaponês
Os fascistas
•
se
reorgamzam
em
Florianópolis
..
Nestafoto anteriorà 2�
Guerra,
um os núcleos nazistasdesenãoseriaraçainferior".
DerFreundestudouemdiversos
colégios.
particulares
deSanta CatarinaeSãoPaulo,
inclusivenuminternato. Foiumaluno
apli
cado noestudodeFilosofia,
principalmente
de
Nietzche,
que costumaleremlugares
si lenciososcomo ocemitério,
porexemplo,
nosfinais de semana. De
temperamento
introvertidoconversavamuitopoucocom oscole
gasde
aula,
dedicavaotempo
livreàleitura,
oque lhe rendeutrês
prêmios
deredação.
Nunca foi de ir a danceterias epraias
enão
simpatiza
com o"jeans",
queconsidera"produto
deumaculturadegradante".
Achaque
"ajuventude
brasileiraécorrompida
pe losEUA. Ela só tem papobanal".Neo.Nazismo
-Quando
não está ematividade
política
ourespondendo
às cartasde
correspondentes
damesmaideologia
emdezenas de
países
domundo,
Der Freundestálendoas suasrevistas nazistasultra-se
cretas. Uma delas tem o título no exótico
alfabeto rúnico - dos
vikings
-que os
nazistas
adaptam
para servir de.código
se-creto para que sóeles
entendam:
Eessealfabetoqueolíder dosnazistasde
Florianópolis
usa paraescrever, em
espanholou
alemão,
suascartas.
O neo-nazismoéumdosassuntos quemais
interessa esse
jovem
que lê sobre isso emitaliano,
francêseinglês. É amigo particular
de
Siegfried
E.Castan,
autor dopolêmico
livro"Holocausto,·
Judeu ou Alemão? NosBastidores da Mentirado
Século",
que acabou sendo
apreendido
no último dia 6 de novembro(veja
matérianapróxima
página)
Para auxiliarna suatarefa de
conseguir
seguidores,
Der Freundrecorre tambémàleitura de
psicologia
eparapsicologia,
paraele "ciênciasque ensinamcomo influenciar
pessoas".
Foi assimquechegou
adarpales
trassobretemas
teológicos
emigrejas
evangélicas, pensando
noseufuturopolítico.
Pre tendecandidatar-se
avereadorem1992,poralgum partido
de direita."Povo
ignorante
nãotemoquereclamar",
Um
grupo
de 36 pessoas reúne·se
periodicamente
nacapital
para formar
umpartido
.nazista
equer buscar
financiamento
estrangeiro
para isso
..
Os
fascistas
...�
diz ele
quando
fala dosbrasileirosque"não sabem votar".Despreza
ospolíticos profis
sionais. Foi por
isso,
segundo afirma,
que nãoaceitouapropostadeingressar
noPFL,
naépoca
emquefreqüentava
aAssembléiaLegislativa
de Santa Catarina. Paradoxalmente, Der Freund
garante'
que "eu lutopelo povo",
Judeus - Escolheu
morar em Florianó
polis,
entre outrosmotivos,
paraficarna regiào Sul,
onde vivem"raças
maisbrancas". Der Freund também militounaUnião daJuventude Socialista
(UJSl, organizada
pelo
Partido Comunista do Brasil(PCdoB).
Depois
decomparecerasetereuniõese umCongresso, desistiu: "eu não sentia
qualquer
atração
pelo
PCdoB. Sóqueria aprender
co moéa,organização
deumpartido.
Tambémqueria
conheceropapel
ridículo que os comunistas
representam".
Sua análise sobre a
"perestroika"
centrase numponto: aabertura do mercado sovié
ticoparaasempresasmultinacionais "semi
tas",
comoMcDonald'sePepsi,
está"entra vandoodesenvolvimento da URSS". Eleresponsabiliza
osjudeus,
a quem chama de"criadores do
capitalismo"
eaquemresponsabiliza
pelas
"crises econômicas domundo,
que provocaram paraseu
próprio
proveito".
E
completa:
"osjudeus
sãoumaculturasub versiva".Na
hipotética situação
dos nazistasa�umindoo
poder
noBrasil,
comoseriamtratados osarianos? Der Freund achaquetudo
vaiestarbem: "asraças não
precisam
temer,desde que não
façam
m..."
O Plano consiste
emdesenvolver economicamenteo
país.
Osconflitos sóocorreriam,numgovernonazis
ta,
quando
houvesse"crioulosnavadiagem".
Tais
"problemas"
seriamsolucionados,
'segundo ele,
com aadoção
de váriasmedidas,
entre elas a
deportação
dos"desajustados"
para outros
países,
"principalmente
paraaAfrica".
O Partido
-Apesar
de um governonazista no
país
parecer paraelesum sonho ainda muitodistante,
os36nazistas de Florianópolis
seorganizam.
Entreeles,
25têmde 16a19anos,os onzerestantestêm
profis
sõesdefinidas: háum
médico,
umadvogado,
um
dentistas,
umcomerciante,
um militaraposentado,
porexemplo,
Easreuniõesnão são maisfreqüentes
,por falta de um localmais
amplo.
Mesmo
pequeno,
o grupo não éhomogê
neo: osmais
jovens
querem usaruniforme,
fazera
saudação
nazistaeandarpela
cidade embandos. O líder não aceita isso e consi-dera tais
propostas
como "infantilidades".Ele
também critica o Partido NacionalSocialista Brasileiro
(PNSB),
umaespécie
departido
oficial donazismo,
quetemsede noRiode Janeiro. Temequeafalta de critérios
para aceitar
filiações
acabe"queimando
omovimento
nazi",
se serepetirem episódios
"ridículos"como oprogramade
propaganda
política
grtuita
concedida ao PNSB: "umcrioulão nazistadizendonaTVque nego não
presta".
,Der Freund
viaja
em dezembro do anoque vem para a
Alemanha,
ondepretende
manter contatos
políticos
com os nazistaseuropeus. Aindaesteanoreúne-seemPorto
Alegre
comoutrosnazistasbrasileiros,
parainiciara
preparação
dapauta
desuaviagem.
O
principal objetivo,
noentanto,já
estádefinido-
conseguir
dinheiro para montar umpartido
nazista no Brasil. A única dúvidaque aindapareceexistir éseseráuma
sigla
independente
oucoligada
aalgum
outro partido: de direita.
Der Freundnão quer que
opartido
tenha,
nonome,a
palavra
"nazista"("onomeassusta",
acredita) ejustifica
dizendoque"oqueimporta
é aideologia".
As dificuldadesqueencontra para montaro
partido
são,segundo
ele, "culpa
dosjudeus",
que considera "osmestresdo
poder".
Setenta
anos
depois,
eles
insistem
A
apreensão
de 66 livros nazistas da Editora Revisão Editorialno último dia 6denovembro,
emduaslivrarias dePortoAlegre,
foi feita com base na Lei 8081sancionadaemsetembro
pelo
presidente
Collorde Mello. Esta lei anti-racismose
riao
cumprimento
deumapromessa deColloralíderes
judaicos
queoteriamprocurado em Nova
Iorque,
quando
esteveláem
janeiro,
paracoibiracrescente literatura neonazistanosul doBrasil.
Esta
preocupação
nãoeraà toa.O livro"Holocausto Judeuoualemão? Os Basti
\ dores da Mentira de Século" um entre
f"'-'os
diversospublicados
pela
editora"Revir
sãoEditorial",
depropriedade
dopróprio
I
autorSiegfried Ellwanger Castan,
estaI va,nofinal doano
passado,
na17?edição
I
e era-encontrado embancas de revistas eatravésde anúncios dejornais.
Apolê
micaemtornodessa obra estánadefesa
datesedequeos
judeus
enãoosnazistas,
seriamos
culpados
pela
2? guerra mundial. Isso foiosuficientepara queaEdito rafosse
impedida
de expornaBienal do livronoRio deJaneiroemagosto
de 1989. Alémdisso,
emjunho,
oprefeito
de Porto-Alegre,
Olívio Dutra(PT),
proibiu
a venda de suásticas.
Aomesmotempo,novas
acusações
contraosnazistas surgem. A revista Oeste
(n"
25,
pg9) ataca: "No continente sul-americano,
ondeatuamematividadesco mo otráfico dedrogas
earmase
noapoio
agrupoparamilitares
ligados
aditadurascomo ade
Pinochet,
noChile,
ede Stressner (a quem Castan
elogia
no seu livro"Holocausto")
noParaguai,
os gruposneonazistas
julgam
encontrarumterrenobastante fértil para a sua
expansão
nocontinente,
representando, portanto,
umverdadeiro
perigo
não apenas paraosju
deus,mas
toda ademocracia latino-ame ricana".ArmandoZanine
Júnior,
presidente
do Partido Nacional Socialista Brasileiro(PNSB)
- deideologia
hitlerista-em en
tre'.ista à revista Isto
E/Senhor,
em8/9/90,
estimava que estavam filiadas àsua
legenda
10 mil pessoas.Hoje,
osnazistas
já
calculam somar 15mil militantes. A
legenda
estáorganizada
em seteestados:
SP,
R,J, SE,BA, DF, RS,
eMS.o número de nazistas no Brasil não
se
restringe
a essacifra. Hápelos
menosoutros dez grupos de
inspiração
nazi,
principalmente
no sul do Brasil. Só os"esotéricos"- nazistas
que
preferem
ototal anonimatoeumadiscreta
admiração
ao Führer
-têm no mínimo um núcleo
de dez pessoas nas cidades mais
impor
tantes detodososestados
brasileiros,
revela.
Der Freund o líder dogrupo em
Florianópolis,
que édessatendênciaquenaotemuma
organização
central.Os
simpatizantes
do nazismopodem
até serautoridadespúblicas. É
ocasodoprefeito
da cidadepaulista
deAparecida
ao
Norte,
CláudioGalvão
deCastroi
que não esconde suaadmiração
a Hit er eMussolini e o seu
repúdio
aos "vadios":"Os
vagabundos
devemserexterminadospara que possam
aproveitar
pelo
menos suascórneas,
seuslitrosde sangue,seusrins Qaraquemquer trabalharenão po
de".
(lstoÉ,
8/11/89).
AlemanhaDesdea
queda
do:r1IturodeBerlim,
velhos fantasmas estão à solta.Ataques
a cemitériosjudaicos
emdiver sospaíses
europeusemmaio,
o reaparecimento de movimentos
anti-semitas,
ofortalecimento de
partidos
de tendênciaracista (como a Frente
Nacionalista,
de LePen,
naFrança)
e,principalmente,
osmovimentos neo-nazistas envenenaram
osânimosna
Europa
em1990.Na ex-Ale manhaOriental,
queéfoco dasatenções,
omovimento neo-nazista vem se
expan
dindo consideravelmente. "Para os ale
mãesorientaisa
unificação
éapenasumaquestão
demelhoresapartamentos
e carros.Seissonãofuncionarcomoeles espe
rem,os
judeus podem
setornarnovamente
bodes-expiatórios",
dizSimomWiesen thaI. Famoso"caçador
de nazista".Folha deSP,
18/03/90.Não há estatisticas confiáveis sobre o
númerodenazistasnaAlemanhaOrien
tal,
mas opartido
diz ter80miladeptos
na Alemanha
Ocidental,
reunindoo segundo
maiorcontingente
desimpatizan
tesdessa
ideologia
nomundo. Oprimeiro
está
nosEstados Unidosquechega
a reurur, de acordo com a
Fundação
SimonWiesenthal,
150 milmilitantes.A facãodo Exército
Vermelho,
sucessordo
antigo
baader Meinhof(responsável
poratentadosterroristasnasdécadasde 60 e70),
em nome das"forças
progressistasdo
mundo,
emlutacontraoCimpe
rialismo",
entrouemguerra contraaAle-manhaunificada.Emcartaaberta à
im-prensa
mundial,
�organização
declara:
A Alemanha Ocidental e a nova elite
-Os
ai
d
de
poder
daAlemanhaOrientalestão per-vos
os
seguindo
os mesmosobjetivos
eplanos
imperiais
do nazi-faxismo. Destaveznão.
ataques
ainda
haverá milhões de mortos, masmilhões
depessoas
desabrigadas
eoprimidas".
E - •conclui: "Nosso dever naluta de classes
sao os
Judeus
internacional
énão
,permitir
queelesreahzemseus
objetivos
.(FolhadeSão Paulo - 1?/8/90.Adolescentes,
os
militantes
do
racismo
Um
simples
romance, como o "SétimoSentido",
deIrwing Wallace,
umaficção
emqueHitlernão estariamorto-pode
convencer
alguém
aentrar paraonazismor-Este foi ocasodeumamilitante de
apenas 17anosdo grupo de
simpatizantes
do Führerem
Florianópolis.
Ela,
que preferenãoseridentificada
"para
nãopreju
dicar o seu
futuro",
começou a se interessar
pelo
assuntoapós
a leitura desseromance
quando
ainda tinha 15anos.A
partir daí,
elafoilendo tudoqueencontrava
pela
frente sobre nazismoetornou-seuma
"expert"
em2�GuerraMun dial.Após
ter contato com as obras deS.E.
Castan, chegou
a vez de "MeinKampf'
(MinhaLuta,
aautobiografia
deHitler):
Foioaugedesuaconversão. "O nazismonão éumbicho-de-sete-cabeças",
afirma essa adolescente quenãoliga
paraeventuais"brincadeirinhas" deseus
colegas
de escola.Apesar
de não manterumaantipatia pelos
seuscompanheiros de sala de
aula,
elaprefere
osmais
íntimos,
principalmente
osdemesma
ideologia.
éo casodeseu
colega
de 17anos, também
simpatizante,
que elalevou
para ogrupode Der
Freund, após
terrecebidoo
endereço
deledeumestranhonabiblioteca
pública.
Ao contrário dacolega,
brancamasnão
ariana,
ele édescendentedeteutosdo interior deBlumenau.Oseu
interesse
pelo
movimento nazista temorigem
nofamiliar. O diário deseubisavô,
tinha inúmeroselogios
a Hitler: "o homemqueergueuaAlemanha".Este
simpatizante,
tal como acolega,
que mantém encontros
esporádicos
comDer Freundparadiscutir
política,
se revela tolerante
quanto
àquestão racial,
mas chama de
"calúnias",
osataques
aHitlerque, para
ele,
foiumdos "maioresestadistas de todos os
tempos
e o maisinjustiçado
deles:'.
Trecho do material de
propaganda
distribuídoem
Florianópolis,
ondeosnazistasdizem demonstrar "as reais intensões dos
judeus",
citandorecomendações
contidas no livro "Protocolo dos Sábios de
Sião":
.
i
-Corromper
a mocidadepelo
ensinosubversivo;
2- Destruiravida defamília;
3 - Dominar
aspessoas
pelos
seusvícios;
4- Envilecer
asartese
prostituir
aliteratura; 5 - Minar o
respeito
pela
religião,
desacreditando tanto quanto
possível
ospadres,
reverendosepastores,
espalhan
docontra eles estórias
escandalosas,
encorajar
aautocrítica,
a fim de corroer abase das
crianças
e de provocar cismase
disputas
noseio daigreja;
6-Propagar
oluxo
desenfreado,
asmodas fantásticase as
doenças loucas,
eliminandogradual
menteafaculdade degozarde coisas sim
ples
esãs;7- Distrairaatenção
dasmassas
pelas
diversõespopulares, jogos,
competições esportivas,
etc;enfim,
divertiropovo
para
impedi-lo
depensar;8- Envenenar os
espíritos
com teoriasnefastas,
arruinar o sistema nervoso com a barulheira incessantee
enfraquecer
oscorpospela
inoculação
dovírusde várias enfermidades;
9 - Criaro descontentamento universaleprovocaroódioedesconfiança
entreasclasses sociais.
A
história
mal contada do
nazismo
no
Sul
O 3? Reich
queria
anexar,com aajuda
da
população tento-brasileira,
o Sul doBrasile
países
fronteiriços?
Os nazistas tinhamcondições
de tomar opoder
noBrasil?
Oassuntofoi
objeto
deespeculações
naépoca.
O influentejornal
britânico Lon don Timesescreveu em 1937: "A maiorparte
dos descendentes de colonos alemãesnoBrasiltem sempre
pensado
e sentidoque é a
Alemanha,
e nãoaoBrasil,
que eles devem obediência". A revista
ThePublic
Opinion
Quartely,
durantea2�
Guerra, divulgou
que85Ckdapopula
ção
de um milhão de teutos no Sul doBrasil seriam
simpatizantes
do nazismoeque ali se encontrava a maior concen
traçãonazistafora da Alemanha. Num estudo sobre a
política
externado 3?Reichem
relação
aAméricadoSul,
Hermann
Rauschning,
afirmaem seulivro
"Gesprãche
mitHitler",
queoFührer tinhaplanos
concretos
de anexar o Suldo Brasil com a
ajuda
dapopulação
deorigem alemã,
daqual
esperavaum altograude fidelidade.
No entanto, o historiador holandês Louis de
Jong,
baseado em documentosapreendidos
durante a guerra,chegou
aconclusão deque"não háumaúnica indi
cação
de queHitler, alguma
vez, tenhapensado
emplanos
concretos para umataque
militar àAméricadoSul,
muitomenos
chegou
a elaborá-los. Não há emqualquer arquivo alemão,
uma prova deque,naAmérica do Sulou
Central,
umaminoriaalemãtenha
preparado
umgol
pede Estadopor iniciativa
própria
ou comapoio
doTerceiro Reich. Provavelmente Hitler teria incentivado tais tentativas,se tivesse
conseguido
subjulgar
a URSS e aGrã-Bretanha".Com o
golpe
de Estado Novo de 10 de novembro de1937,
por GetúlioVargas,
foram dissolvidos os
partidos políticos.
entre
eles,
opartido
nazista.Antes dessedecreto,
o movimentonazi,
como mostram os documentos
policiais,
tinhamuma
significativa infiltração
emclubes,
escolas,
igrejas
ejornais
dascomunidadesalemãs do sul doBrasil.
No
prefácio
de "o Punhal NazistanoCoração
doBrasil",
livrode 1943 que documentaasatividadesdos nazistasemSC,
o então secretário deSegurança
Pública,
AntônioRatton,
escreve:"Anaçãobrasileira,
parahonraras suastradições'
emlegítima
defesa de suaso�erania,
nomemorialatode 10de
novembro,
deuumbastaà
infiltração
nazista".Mas não revela números de militates nazistaspresos
pela Delegacia
de Ordem Pública e Social. Analisando inúmerasfontes,
o autorde "O Fascismo no Suldo
Brasil",
RenéGertz, chega
àseguinte
conclusão:só
haviam,
deumapopulação
total de um milhão e meio de teutos no
fi
HQ
pós-moderna
CICERONE
A
explosão
das histórias emquadri
nhosnoBrasilvemtrazendogratassur
presasaos aficiconados de
primeira
ouúltima hom. A minissérie
"Opium"
(editoraAbril
Jovem,
trêsepisódios)
éumadestas surpresas que vem
preencher
umalacunanasQHs européias, já
que amaiorialançada
nopaís
é americana. O desenhistaespanhol
Daniel Torres éocriador dopersonagem que dá título
ao
gibi.
Nestaminissérie,
Torresapenasescreveu o argumento, o desenho é de
Incha e Ramón Marcos e o roteiro de
Pérez
Navarro,
discípulos
do desenhista.
Opium
é oanti-herói mistode Man drake e Fu-Manchu que sempre se dábem,
cérebro do trio formadopor
Vamp
e
Gulp,
ogigante.
O melhorde
"Opium"
éodesenhodatendência
"Ligne
claire" deTorres,
o autormaiscultuado deste estilo. A
"ligne
claire"surgiu
nofinaldosanos70,inspirado
no estilo dobelga Hergé
(1907-1983),
autorda série "Tintin". Asprincipais
caractersticasdo desenhosãooscontornos
definidos,
linhasfinas,
masprecisas,
aausênciadojogo
de luzes e aquaseausência deperspectiva.
Aspri
meiras histórias de
Opium
foramlança
dasnaEspanha
em1982quando
Torresjá
era ogrande
destaque
da revista "Cairo".
Na
minissérie,
aformaéogrande
des
taque
e oconteúdoédeixadoemsegundo
plano.eá
história não tem uma seqüência
e as"gags"
não sãomuito engraçadas.
Os cenários futuristas deMundópolis,
ametrópole
ondese desen-debar, cujas
vidassãomodificadasquando
umajovem
eatraente mulher (Michelle Pfeiffer) se
junta
aeles,
revitalizando suas carreiras.O filme recebeu 4
indicações
parao Oscar
90,
e o Globo de Ouro demelhor atrizparaPfeiffer. A
partir
do dia15,às21h30min. Cinema do
CIC.
SHOW
•
Nei Lisboa Dez Anos - Show
ei!r comemoração aos dez anos de
carreira do'músico
gaúcho.
NeiLis boagravouquatrodiscos,
marcadospela
identidadeúnica,
transcritasem suas
composições
recheadas decotidiano.Dia
20,
às21h,
teatrodo CIC.Ingressos antecipados
porCr$
800,00
enahoraporCr$
1.000,00,
abilheteria funciona das12 às20h,
de 2?a6�-feira.
André Christovam - André
canta músicas doseu novo
LP,
"ATouch of
Glass",
comletras eminglês.
Além decantarcom um instrumental mais elaborado que em
"Mandinga"
emaiordiversidadeno•
.JYdrtório
earranjos,
o novoLPtrazos vocais de André mais
espontâ
neos.Dia22 às
21h,
teatrodoCIC.Ingressos
aCr$ 800,00.
volve a
história, contrapõem-se
ao "design"
retrõ dos carros e às roupas dadécada de 50. O
herói,
ou quaseisso,
é o
teleapresentador
e multimídia Rubens Plata que
apresenta
um"progra
madiáriolíder de audiênciaeobediência da
TVK, poderosa
rede queemanaondas hertzianas ondequer
que
haja
civilização".
Os milhares detelespecta
doresfazem do tubo catódicoum guru,
incapazes
de resolverem seuspróprios
problemas
-os
teledependentes.
"Opium"
foge
dolugar-comum:
o maltambém
pode
vencer,comonarealidadeétudouma
questão
decompetência.
TEATRO
Suor
Sagrado
-Anova
montagem
do grupo Dromedário
Loquaz
ficaemcartaz noTAC dias
19,
20,
21,
24e25, sempre às21h.
Textoe
projeto
cênicode IsnardAzevedo,
com FabricioSbruzzi,
Gerson
Kayser,
Kika Zumblick ePio
Borges.
Ingressos: Cr$ 500,00.
TeatroAlvaro
deCarvalho, Pça.
Pc....eiraOliveira,
sin? , fone24-3422.
.
Inúmeras
manifestações
de vidae organização
de comunidadesemovimentosnegros brasileiros foram
registrados
durante 11 anos,naÁfrica
Ocidental eno
Brasil,
efazemparte
do filme "Ori".O filme é
dirigido
porRaquel
Gerber,
quedizqueeleé"umpanorama
poético
da
transmigração
dacivilização
africanaparaoBrasil.
A
exibição
éno cinemadoele de 21 a24,
sempreàs 19h30min. "Ori" fazpar te doevento "SouNegro"
(veja
aolado)emcomemoraçãoaoDia da Consciência
Negra.
Semana
de cultura
negra
A Bruxinhaquenão sabia bru
xar
-Peça
infantil doGrupo
Tua thaiDAC. Sábados edomingos,
às18h,
até dia 25. Teatro daUFSC,
Pça.
SantosDumont,
s/n�,
Trindade. Sou
Negro
- A
Fundação
Cultural Pro metheus Libertuspromove de 19 a 24destemêsoeventoem
comemoração
aoDia Nacional de Consciência
Negra
(20/11)
eaonascimento de CruzeSousa(24/11). Aprogramaçãoéa
seguinte:
Dia 19- "Leitura Plástica éuma
expo
sição
de artistacontemporâneoscatarinenses. Museu Cruz e
Sousa,
Pça
XVde Novembro. Noite de
autógrafos
do livro "Reencontro CruzeSousa" coordenadoporUelinton F. AlvesnaGaleria
Espaço
deArte,
RuaD. JaimeCâmara,
55.
Dia 20 - Show de música ao ar livre
naUFSCcomNenem MaravilhaeBan
da e Carvalhinho e
Banda,
às 12h30min.
Danças
decapoeira,
candomblé eafro,
palestras
evídeos,
às 19h30min naSociedadeCopa
Lord.Dia 21
-Exposição
de fotos do filme "Ori" retratandoonegroeapresentaçãodo
Grupo
deJazz-Afro,
no hall doCIC,
às 18 horas.
Dia22- Painel revivendo CruzeSousa
erecitaldo
poeta,
noAuditório doMin.da
Educação,
19horas.Dia23 - Show de
Orocongo
epandeiro
e recital de Cruz eSousa,
no Box32,
Mercado
Público,
às 17h30min. Exibi-;ção
do filme"Catumbi",
cinemadoere,
às19 horas. Noite de
Jazz,
blueeMPBcom o grupo Voodoo e recital de Cruz
e Sousa. Sax
Bar,
PraiaMole, após
às23 horas.
Dia24- Painel "Movimento
Negro
emSC" e recital no Auditório do
CIC,
às9 horas Coletiva de artistas negros e
sobre a
negritude,
tarde deautógrafos
do livro
"Catumbi",
cantoeviolãocaribenho. Tudo na Galeria de Arte da
UFSC,
às 12h30min.Às
16horaspales
tra sobre o filme "Ori"com a diretora
Raquel
Gerber,
noAuditório doCIC.Às
18
horas,
capoeira
com ogrupoPalmarsdo SulnohalldoCIC.
Dança
do Cacumbicom ogrupo
Capitão Amaro,
às 18h30min tambémnohall do CIC.
Às
23 horas,noitede
Baião,
forró,
seresta,sambae
pagode
noClubeIpiranga,
Saco dosLimões. Dia 26
-Édipo,
Fausto e anegritude
no"Coração Satânico",
de AlanParker,
no auditório doMin.,
daEducação,
às19 horas.
CINEMA
Powaqaatsi (Godfrey Reggio,
87).
Filme inédito nacapital,
quereto ma a temática deKoyaanisqatsi",
do .oesmo
diretor,
sob a ótica doterceiro mundo. Foram seis meses
de
filmagem,
87 horas depelícula
rodada,
tratando dacontinuação
doprimeiro filme,
istoé, oque oprogresso,a
indústria,
asgrandes
cidadestrouxeramde malefícioparaas
civilizações
primitivas
do mundo inteiro. Ausência de comentáriossobre as
imagens,
acompanhadas
apenas
pela
música minimalista dePhilip
Glass."Powaqqatsi"
verndoidioma
hoppi
esignifica
um feiticeiro maléfico
(powaqa)
evida(qat
si). Cinema do
CIC,
entre 15e18,
às 19h30min.
SI.! "iee osBaker
Boys
(SteveKloves,89).Comédiaque contaahistó
riade doisirmãos,
ambos pianistas
EXPOSiÇÕES'
Fotogragafe
uma Fortaleza eMemóriada UFSe- Duas
exposi
ções
fotográficas
no Hall da Reitoria. A
primeira
mostraasfotospremiadaseselecionadasnoconcurso,
demesmonome no ano
passado,
sobre as fortalezas da Ilha de Santa
Catarina. A
segunda exposição
serve como umaadvertênciapara que
a Universidadenão percasuame
móriaem27 anosde
instituição.
Lua Luar Luz no Ar! - Estru
turas em metal das artistas pau
listas Emília MonteiroeCremilda
Santinie
pintura
deSoniadeBridaZanette. Galeria de Arte da
UFSC,
Centro de
Convivência,
de 6 a 25ZERO
7
'Carlos
Lyra
comoalternativa de
música
nailha
A
Bossa
Nova.
mostra
sua cara
MARLI
HENICKA
E
VLADIMIR
BRANDÃO
Showdo Carlos
Lyra? Quem
éesse cara?
Talvez muita
gente
não saibaquem
é CarlosLyra,
tão poucooque éBossa Nova,masaspessoasquecompareceramao
ginásio
do SESC naterça-feira,
dia06,
saíram de lá satisfeitas com o
som
querevolucionou a
MPB,
na 'voz de um dosseus
principais
autores.PoriniciativadoSESC,
através doprojeto Brasileirinho,
Lyra
estápercorrendo
todooBrasil,
com oobjetivo
dedivulgar
aBossaNova,
temado
projeto
paraesteano.Há mais de 30anos, em
plena
eferves cênciadoRock'n'roll,
osambadesceudiscretamentedomorropara
ganhar
a zona-sul doRiode Janeiro. Comumritmo sim
plificado
e umsussurrointimista,
recheadapordissonantesharmonias
jazzísticas
nesceu aBossa
Nova,
estilomusicalconsagrado
internacionalmente eque evocaoBrasilem
qualquer
partedo mundo.Carlos
Lyra,
carioca,
hoje
com57anosestava
lá,
'ao lado de nomes como JoãoGilberto,
Tom JobimeViníciusde Moraisparticipando
ativamente do-movimentoe imortalizando canções como "Minha Namorada"quefezem
parceria
comVinícius e
"Aruanda",
em.parceria
comGe-MULHERES
NEGRAS
•
servem
pra
ISSO
NALDO
BRASIL
JR.
Não havia
equívoco
nenhum no outdooremfrenteaoCIC dias atrás - lia-se
"Os Mulheres
Negras".
Os menosavisadosnãosabiam se o erro era
gramatical
ou racial. Arecepcionista
do CICligou
paraabilheteriadoteatroafim de saber
opreço do
ingresso
doshow, desligou
ofonee me disse: "o
ingresso
custa setescentoscruzeiros,masnão são
mulheres,
são dois homens. Acho que eles são bi chas". A confusãoestavaformadaeéissoquea"terceiramenor
big
banddo
mundo"quer.
André
Abujamra (guitarra)
eMaurícioPereira (sax) disseram que o nome era
parachocare
confundir,
istonoinícioda carreiraem85,
hoje
virou"instituição".
A
definição
deles quanto a sua música équeela é pop, masinfluênciascomo
jazz,
sertanejo, samba,
lambada edance music
comprometem
todasascanções.
Asalada musical sortida do
primeiro
disco,
"MusicaeCiência", é
poucomais criativaetão
original
quanto
em"MúsicaServeraldo Vandré. "A Bossa Novaéumamú
sica
típica
de classemédia,
ela tem umcerto
refinamento,
requerinstrução".
Mas
Lyra
aendereça
aqualquer
umquetenha bom
gosto
e se diz realizado comeste
projeto, pois
paraele "oimportante
é ir ondeopovoestá,
plantar
a melodia"período
áureo do movimento e duranteesta
época
eleteveváriosparceiros
musi cais:Bôscoli, Vandré,
GianfrancescoGuarnieri,
Dolores Duran eoutros. Maso
principal,
semdúvida,
foi Vinícius deMoraes,
muitolembrado duranteoshow,
tanto corrio poeta
quanto
como pessoa..
Das canções que
compôs
comele,
Lyra
interpretou
asquefazempartedacomédia musical "Pobre Menina
Rica",
quevi-• rou filme com
Djavam
numdOflrpapéi,.;
principais.
_A
partir
de1964,
comaditadura,
o movimento se dividiu em duas
facções:
a"comprometida"
e a "alienada". CarlosLyra
ficounaprimeira
emareousualutapolítica
com cançõescomo "Carcará" deJoãodo
Vale,
queinterpretou
aolado deNara
Leão,
ealém dissoohino da UNE.Mais tarde eleseafastariado
país,
viven donosEstadosUnidose noMéxico,onde conheceu sua mulher KateLyra,
retornado em definitivo com a abertura.
Atualmenteseu
parceiro
decomposições
éPauloCésar
Pinheiro,
outrogrande
nomedaMPB.
Com
relação
aomomentopolítico
atual,Lyra
usa umúnicoadjetivo
para defini-lo:"medíocre", principalmente
noquese relaciona à
cultura.
Ecompleta:
o Collorpuxouotapeteda Culturacomo setivesse
comendo cocadinha".
Comedores decocadinhaàparte,aBos saNova continua
aí,
pois
de "Bim Bom"(João
Gilberto,
1955)a"FazPartedo MeuShow"
(Cazuza,
1989)elaencantaatodos.Prova disso foi o tímido comentárioque
ouviude uma nova fã
depois
doespetá
culo: "eusótenho 18anos,masadoro bossa
nova",
confessouLarissa,
que sequerhavia nascido
quando Lyra
perguntava
"se você querserminhanamorada..."
André
Abujamra
eMaurícioPereira
quem estava
assistindo.Os indefectíveis
chapeuzinhos
depalha
ecapas dechuva d'Os Mulheres
Negras
ficaram colados na
memória,
bem comoo som
pós-pop
marcadopela
ótima incongruência
de ritmos e estilos no melhor dopastiche
musical. O "microssarnbacançãoElza" fechou comchave d'oro es
petáculo
edeixouumgostinho
dequeromais. "Elza / me deixa em paz /
Quado
sair/apagaaluz Ie
liga
ogás".
No
show, Lyra
selimitouainterpretar
composições
. suas,criadasentre 58e63,
.Pra
Isso",
segundo
LPque estãolançando
com uma turnê
pelo
país
e que incluiuFloripa
noroteiro..Os dois showsnaIlha foram marcados
pelo
calorentre bandaepúblico.
No bar-Maré Brasil,
Lagoa
daConceição,
Mau rício misturou-se àplatéia
queaprovei
tou paragastarumapartedoseus15 mi nutosde
famaimprovisando
umkaraokê. No teatro do CIC todos tiveram que secomportar
eficarsentados,
masissonãotirou o ânimo da
dupla
queimprovisou
entãouma
dança
paraserdançada
sentado. O show foi uma
quase-performance
no melhor estilo Laurie Anderson em"Home of the Brave". Da
guitarra
de An dré ouvia-se invariavelmenteumabateria eletrônica ou uma sineta telefônica.
Maurício
apelava
paraàmicrofoniapassando o sax em frente a caixas de som, ou então mexiam os