DANIELA
DE
FÁTIMA
DA
SILVA
O
MEIO
AMBIENTE
E
DESENVOLVIMENTO
E
INDUSTRIAL
CATARINENSE
Florianópolis,
julho
de
2001
EM;EIo
AMBIENTE
E
DESENvoLvIMENTo
INDUSTRIAL
CATARINENSE
zSETDRES
CERÃMICD
E TEXTIL
Monografia
submetida aoDepartamento
de CiênciasEconômicas
paracumprimento da
disciplinaCNM
5420
~
Monografia.
Por: Daniela de Fátima da Silva ,z
P
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Montibeller Filho
Q
Área
de Pesquisa:Economia
Ambiental /NUDER
Palavras- Chaves: 1
~
Meio
Ambiente
2
-
Economia
Catarinense3
-
Desenvolvimento SustentávelUNIVERSIDADE
FEDERAL
DE SANTA cATAiuNA
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
c1ENc1As
EcoNÓM1cAs
A
Banca
Examinadora
resolveu atribuir a nota 9,0 (nove) a aluna Daniela deF
átimada
Silva
na
disciplinaCNM
5420
-
Monografia, pelo trabalho apresentado.Banca
Examinadora:Prof.
QL
Gilberto Montibeller FilhoProf.
Renato
Campos
Agradecimentos
Aos meus
pais emeus
irmãosque sempre
me
ajudaram durante toda aminha
vida esempre
me
apoiaramem
todas as decisões. -Ao
Professor Gilberto Montibeller Filho, por terme
orientado neste trabalho, pelaatenção e dedicação.
A
todos os Professoresdo Curso
de Ciências Econômicas,que ampliaram
meus
SUMÁRIO
LISTA
DE
TABELAS,
QUADROS
E
FIGURAS
... ..07RESUMO
... ..08CAPÍTULO
1 _ 1.INTRODUÇÃO
... ..09 1.1. J ustificativa ... _. l1 1.2. Objetivos ... ..15 1.2.1. Objetivo Geral ... ..l5 1.2.2. Objetivos Específicos ... .. 15 1.3. Metodologia ... .. 15CAPÍTULO
11 2.DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
:O
NOVO
PARADIGMA
... ._ 17 2.1. Conceitos e Princípios ... ..232.2. Leis e
Regulamentos
Ambientais ... ..252.2.1. Legislação Ambiental Catarinense ... ..32
2.3. Indução ao cuidado ambiental
ou
exigência pelo mercado; competitividade e concorrência ... ..332.3.1. Gestão
da
Qualidade e Gestão Ambiental ... ..362.4.
Meio
Ambiente
e crescimentoeconômico
... ..4OCAPÍTULO
111 _ 3.INDÚSTRIA
CATARINENSE
E
O PARADIGMA
DO
DESENVOLVIMENTO
ECONOMICO
... ..443.1.
O
PeríodoPós-Segunda
GuerraMundial
de 1945 a 1963: Desenvolvimento industrial e recursos abundantes ... ... ..463.2.
O
Período de 1963 a 1980:Modernização
tecnológica e exploração predatória ... ..493.3.0 Período de 1980 a 1990:
Aprofundamento do
desenvolvimento insustentável ... ..53CAPÍTULO
iv
4.
O
CASO DE EMPRESAS
CATARINENSES
NOS
SETORES
TÊXTIL
E
CERÂMICO
EM
RELAÇÃO
AO
MEIO
AMBIENTE
... ..634. 1 .Hering Têxtil S.A. ... ..63
4.1.1.
Breve
Histórico ... ..634.1.2.
A
Hering e 0meio
ambiente ... ..644.2. Eliane Revestimentos
Cerâmicos
... ..684.2.1.
Breve
Histórico ... ..684.2.2.
A
Eliane eo
meio
ambiente ... ..694.3.
Empresas
catarinenses e o desenvolvimento sustentável: anova
visão em.presarial....72CAPÍTULO
v
5. Conclusão ... ..745. l.Sugestões para trabalhos futuros ... ..77
LISTA
DE
TABELAS,
QUADROS
E FIGURAS
TABELAS
Tabela 1.
Normas
da
ISO
14000
... ._38
Tabela 2. Implantação de empresas
no segmento
industrial-
1940-
63 ... ..48
Tabela 3.
Empresas
certificadascom
aISO
14000
até0
mês
de fevereiro de 2001 ... ._60
QUADROS
Quadro
l. Três etapasna
formaçãodo
mercado
ambiental global ... ..22
Quadro
2.Modificações
após a lei ambiental ... .. 31Quadro
3.Mudança
deParadigma
de Gestão Ambiental ... _.39
FIGURAS
Figura 1.
As
cinco forças competitivasque
determinam
a competição na indústria ... .. 34RESUMO
O
meio
ambientetem
levadoalgumas
empresas a aderirem auma
nova
visãoadministrativa.
A
busca depermanecerem
competitivasede
expandirem os seus mercados,está fazendo
com
que as empresas seadaptem
as novas exigênciascomo
a implantação desistemas de gestões da qualidade e ambiental;
também
a existência deuma
LegislaçãoAmbiental mais rígida,
com
multas elevadas, fazendocom
que as empresaspassem
a seadequar as novas solicitações.
O
trabalho objetiva mostrarcomo
se desenvolveu a indústriaem
Santa Catarina, apartir
da Segunda
GuerraMundial
atéo ano
2000, enfocandocomo
as empresas e asociedade de maneira geral,
conviveram
durante todo este períodocom
omeio
ambiente.Para
melhor
entender o funcionamentodo
sistema de gestão ambiental, foiescolhido mostrar o caso de duas empresas catarinenses nos setores têxtil e cerâmico, a
Hering
Têxtil S.A. e a Eliane Revestimentos Cerâmicos.Ambas
as empresas para semanterem
competitivas eampliarem
os seusmercados
resolveram investirna adoção da
gestão ambiental, reconhecendo que algo deveria ser feito para beneficiar os ftmcionáriose
também
a sociedade de maneira geral, reduzindo a poluição de rios, mares, ruas, cidades eassim propiciar melhores condições de vida para a população
que
está crescendo e para as futuras gerações.Observando
estas empresas representativas, deduz-se acerca deum
comportamento
novo que
está sendo utilizado por alguns empresários catarinenses,que
verificaram que apreservação ambiental passou a ser mais
uma
estratégia adotada pelas empresas para semanterem
competitivas nestemercado
globalizado,com
facilidade de informação etambém
com
a presençado
empresário inovador.Palavras-chaves: 1-
Meio
Ambiente
2-
Economia
Catarinense 3-Desenvolvimento
SustentávelCAPÍTULO
11.
INTRODUÇÃO
A
partirda
Segunda
Guerra Mundial, a sociedade, principalmenteno
mundo
ocidental, passou a perceber que
não
haveria crescimentosem
desenvolvimento. Tinha-se aidéia que O crescimento dos países mais pobres iria beneficiar a sociedade carente,
mas
na
verdade, ao longo
do
tempo, verificou-seque
esta ligação estaria prejudicando oscampos
econômico, social e ambiental. Acreditava-se que os países ricos poderiam beneficiar os
subdesenvolvidos, nos aspectos dos recursos naturais, das tecnologias,
do
crescimentoeconômico.
Com
isso a sociedade de maneira geral, viu-se amarrada aum
desenvolvimentoque
não
apresentava sustentabilidade, propiciandoum
futurosem
qualidade de vida para aspróximas gerações.
A
preocupação estava relacionada apenas a resolução dos problemasda
época,
que
estavam acontecendono
momento.
O
desenvolvimento trouxe consigo niuitos problemas ambientais,que
atépraticamente os anos 80
não
eram
analisados; ocorreuum
crescimento desordenado, sendoque as cidades
não
estavam preparadas para suportar toda esta explosão. Muitas matasforam
queimadas paraconstmção
de fábrica; rios, lagos emares foram
poluídos pornão
existir
uma
legislaçãoque
proibisseo acúmulo
de materiais químicos e poluentes.Em
algumas
regiõescomo
no
caso de Santa Catarina, a principal fonte de renda era a exploraçãoda
madeira, as florestaseram
desmatadas, enão
havia a consciência dereflorestamento.
O
meio
ambiente passou a ser foco de estudos e debates a partirda
Conferência
Mundial
sobre a Biosferaem
1968, após este encontro outros eventosforam
organizados e sensibilizaram a sociedade
em
buscaruma
melhor
qualidade de vida, pode-se citar: os Relatórios
do
Clube deRoma,
em
1971, a Conferência de Estocolmo,em
1972,um
dos principais eventos e que teve grande repercussão, discutiu os limites para o desenvolvimentonum
mundo
que até Omomento
era dividido entre Leste e Oeste eganhou
conotação politica.“A
divisãopassou a
ser entre desenvolvidos e subdesenvolvidos, entreNações Unidas
-
ONU,
criou aComissão Mundial
parao
Meio
Ambiente,como
forma
de mostrar aos paises capitalistascomo
estão ocorrendo asmodificações no
meio
ambiente ecomo
o
terceiromundo
pode
se adequar ao desenvolvimento equilibrado.Tivemos
também
a idéia de Ecodesenvolvimento de Sachs,em
1982; a ResoluçãoCONAMA
n°l de 03/01/86,no
Brasil, a ConferênciaECO-92,
que ganhou
importânciapor conciliar desenvolvimento e ambiente, fazendo
com
que
nesta interação levasse anoção
de desenvolvimento sustentável.Em
1997,com
a Conferência 92+
5, realizadano Rio
de Janeiro, fez-seuma
avaliação dos 5 anos, passados a
ECO-92,
realizadana
mesma
cidade,com
0
intuitode
identificar as ações governamentais adotadas pelos paises participantes
do
encontro.Com
toda esta preocupação, novos tennosforam
surgindocomo
o desenvolvimentosustentável, ecodesenvolvimento, gestão ambiental, estes muitos usados e definidos
de
várias maneiras por diversos autores.
Segundo
Meneguetti (2000):Para Almeida (1998) o debate sobre o Desenvolvimento Sustentável está polarizado entre
duas linhas básicas.
De um
lado o conceito/idéia como sendo gestada dentro da esfera daeconomia e a partir dela é pensado o social. Incorpora-se a natureza a cadeia de
produção (a natureza passa a ser
um
bem capital), e de outro a idéia que tenta quebrarahegemonia do discurso econômico e a expansão da esfera econômica, indo além da visão
instrumental, restrita, que a economia impõe o conceito.
As
empresascom
base nestes conceitoscomo
de Almeida, passaram a incorporara
natureza
como
sendo de fundamental importânciano
seu processo de produção, contandocomo
custos para sua entidade, os malefícios causados a ela. Existem muitos autoresque
jádiscutiam
o
desenvolvimento sustentável,como
Sachs, considerandode
extremaimportância a união saudável
do
homem com
a natureza.A
Sachs (1998) analisa o desenvolvimento sustentável do ângulo do ecodesenvolvimento.
O
ecodesenvolvimento é a abordagem do desenvolvimento
numa
perqvectiva ampla, queconsidera a ecologia natural e a ecologia cultural.
É
sensível a diversidade de situações.Considera os aspectos econômicos sociais e ambientais. Ele está assentado sobre o
planejamento participativo, equilibrado entre o poder de mercado, o Estado e a sociedade civil ( Menegetti, 2000).
As
empresas atualmente,em
busca de semanterem
competitivas tantono mercado
nacional quanto internacional, estão implantando gestões ambientais, pois a sociedade já
Há
um
mercado
internacionalque
visa importar produtos ditos ecologicamentecorretos,
com
isso grandes grupos de empresas catarinenses nosramos
cerâmicos e têxteisvem
retomando
esta questão dentro das organizações.Não
somente o
mercado,mas
também
as regulamentações, certificações, precisam ser seguidas pelas organizações, por imposiçãodo
governo eda
sociedadeem
geral.1.1.
JUSTIFICATIVA
Pode-se identificar
o
desenvolvimento industrial de Santa Catarina,em
quatrograndes períodos entre os anos de 1945 e 2000.
O
primeiro período foi de 1945 a 1963,o
segundode
1963 a 1980, o terceiro de 1980 a 1990 eo
último a década de90
(Cunha,1992, p. 15).
'
Durante
o
periodo de 1945 a 1963, ocorreram grandes transformações,principalmente
na
evolução demográfica,que
foi a grande responsável pelodesenvolvimento e estruturação da
economia
do
Estado, sendoque o
aspectomais
importante, após 1950 foi a urbanização.
O
território estadual era praticamentecompreendido
entre a regiãodo
Litoral edo
Planalto.O
Litoral,formado
pelas localidades deSão
Francisco, Baciado
Itajaí,Florianópolis e Laguna. Esta região exibia índices de urbanização
próximos ou
superioresa
média do
Estado e era dependentedo
desenvolvimento industrial.A
regiãodo
Planalto,formada
pelos migrantes advindosdo Rio Grande do
Sul, eracomposta
pelos municípiosde Lages, Canoinhas, pela região Oeste e
Rio do
Peixe. Apresentava elevado graude
ruralização, sendo, a agropecuária
a
principal atividade, Lagestambém
explorava osrecursos Florestais
como
fonna
de buscar seu desenvolviriiento.Durante aquele período
o
Brasil estava passando porum
processode
industrialização, sendo beneficiado por novas tecnologias, infra-estrutura e novas fonnas
de
administração;mas
o Estado de Santa Catarina apresentava dificuldades devido-.a falta-de energia elétrica, de transportes e de crédito,
que
prejudicaramo
processode
industrialização.
A
energia foio
fator determinante,chegando
ao pontoem
que
asindústrias para se instalarem deveriam ter seus próprios geradores.
A
falta de estradasl
prejudicava o transporte de mercadorias produzidas.
O
sistema bancário, não funcionava deforma
eficiente,comparado
com
os Estadosdo Rio Grande do
Sul eSão
Paulo.Conforme
os dados fomecidos pela Secretariado Desenvolvimento Econômico,
em
1974, os setores tradicionais que
predominaram no
período de1949
a 1959,foram o
madeireiro, têxtil e produtos alimentares.
Cunha
(1992, p. 46) coloca que,sobressaíam-se desde logo as seguintes constatações: a primeira delas é quanto ao estágio
ainda incipiente da indústria estadual, típica de regiões menos desenvolvidas,
em
face dasustentação
em
matérias-primas agrícolas e na extração de recursos naturais; a segunda, relaciona-se aos padrões organizacionais e tecnológicos menos avançados e as escalas produtivas menores, vigente nessas atividades, principalmente na indústria alimentar e damadeira; e a terceira, como resultante da segunda, a flexibilidade de opções quanto ao
tamanho do empreendimento e o menor volume de recursos exigidos (ressalvando os
investimentos na indústria têxtil) e ao atendimento à demanda por mercados locais.
Pode-se verificar, a partir das constatações anteriores, que as indústrias catarinenses, tiveram seu crescimento
com
basena
exploração de recursos naturais,com
autilização
do
solo para as plantações agrícolas, favorecendo a indústria de alimentos; aextração de madeiras, pela abundância de recursos florestais e pela facilidades de obtenção
dos recursos necessários para o seu desenvolvimento, outro fator foi a utilização da
mão-
'de-obra qualificada,
como
no
casoda
indústria têxtil.Santa Catarina,
em
1945, exportava para omercado
internacional, cerca de34,3%
de madeira,
14,2%
de têxteis e6,9%
do
carvão (idzib, 1992, p.80). Observa-seque
ocorriaexportação
de
matérias-primasdo
setor primário, e a maior parte das importações erade
bens de capital e insumos.No
finalda
década de 50, o Estado apresentou êxitona
suaindustrialização, devido a exploração de recursos naturais,
como
a madeira e carvão e pelacapacidade
empreendedora
da
indústria têxtil e aos excedentes agrícolas dasagroindústrias.
No
período seguinteda
industrialização catarinense, que ocorreu de 1963 a 1980, a urbanizaçãotambém
foi fator de grande importância, sendo que passou de32,3%
em
1960
para quase50% em
1975 (Cunha, 1992, p. 85).Nesta fase, encerrou-se
no
Brasil o processo de substituições de importações einfra-estruturais e apenas a partir da
metade
dos anos70
existiauma
integração,quando
passou a ter
uma
rede de transportes e decomunicações
que satisfez as necessidades.A
criação de fontes de recursos institucionais,como
a implantaçãodo
BRDE
em
1961 e incentivos fiscais (o Fundesc e
o
Procape),em
1975com
o
BADESC
-
Banco
deDesenvolvimento
do
Estado de Santa Catarina, viabilizouum
grandenúmero
deinvestimentos.
A
partir de 1967 a indústria já exibia elevadas taxas deexpansão
e ossetores
mais
significativos nos anos 70,foram
osramos
de vestuário e calçados,metalúrgica, materiais não-metálicos e
mecânica
(Cunha, 1992, p.99).No
terceiro período de desenvolvimento catarinense, de 1980 a 1990, verifica-seuma
redução nos investimentos ena
modemização
dos setores alimentar, têxtil-vestuário,madeireiro e os setores de material elétrico,
comunicação
e transporte,ampliam
seusinvestimentos (Michels, 1998, p. 81).
Neste fase Santa Catarina apresenta
uma
crescente diversificação, evidenciandoo
esforço
do
Estadona
busca demercados
exportadores.Para analisar a eficiência empresarial da
economia
catarinense,Cunha
(1992, p.226), salienta
que o
desenvolvimentodo
Estadonão
esteve apenas ligado a disponibilidadede recursos naturais abundantes,
mas
sim
as condiçõesda
capacidadedo
parque produtivode assimilar os estímulos obtidos pelo crescimento
do
mercado
internacional e aosincentivos intemos à exportação.
Nos
anos 90,há
a modernização de grandesgrupos
econômicos, atingindo outrosEstados e até outros países, algumas empresas conseguiram alcançar competitividade
no
mercado
nacional e internacional,como
no
casoda
Hering Têxtil S.A.,do
setor têxtil quese expandiu para
Europa
(Michels, 1998, p. 82).Visando
alcançar melhores niveis de competitividadeno mercado
internacional, 'asindústrias catarinenses passaram a se submeter a novas regras e exigências de consumidores,
que possuem
uma
nova
visão mundial e dentro destasnormas
a questãoambiental está presente.
A
possibilidade deuma
vida melhor,com
menos
poluição nosrios, mares, florestas,
tem
sidodemanda
de grande parteda
população mundial,que
podem
ser atendidas através das novas gestões ambientais adotadas pelas empresas.
Pode-se identificar através
do que
foi exposto, a seguinte questão de pesquisa:Quais as oportunidades e restrições,
que
as empresas catarinenses apresentam, tendocomo
objetivo principalum
melhordesempenho
industrial, perante os seusAté
meados
dos anos 70,no
Estado de Santa Catarina,não
haviatambém
a preocupaçãono que
se refere aomeio
ambiente; após esta data, iniciou-se o controle e apreservação.
Um
dosmais
importantes setoresno
desenvolvimentodo
Estado, foi o setormadeireiro, que
não
se preocupavacom
osdesmatamentos
florestais e tinhacomo
objetivoas exportações de madeiras e viu-se bastante prejudicado pelo esgotamento das reservas
florestais nativas, acrescida
da
inexistência de capacidade empresarial.Somente
após 1970,com
o estabelecimento denormas
e leis, queregulamentam
omeio
ambiente, etambém
devido a Conferência de Estocolmo,em
1972, éque
asempresas passaram a se preocupar
com
a preservação ambiental (Silva, 1999, p. ll).Passou-se a verificar que para
um
melhor
desenvolvimento e crescimentoeconômico
era necessário adoção demedidas no
âmbito econômico, social e ambiental,sendo
o
Estado,0
agente capaz depromover
os avanços.Os
países desenvolvidos,acreditaram nesta concepção e colocaram
que
os beneficios dos países ricos, iria beneficiartambém
os paisesem
desenvolvimento, pormeio da
utilização de recursos naturais etecnologias. ~
A
partir de congressos e eventos,como
a Eco-92, a Conferênciado
Clima
realizadaem
Kyoto,no
Japão,Convenção
da Basiléia, tanto os governos,como
a iniciativa privada,estão elaborando ações voltadas a preservação
do meio
ambiente, visandoum
desenvolvimento sustentável.
Com
o
surgimento de normas,como
asda
sérieISO
9000,que
visa a qualidadetotal e a
ISO
14000, relacionada a gestão ambiental, várias empresasem
todomundo
estãoindo
em
busca de novas técnicas e métodos, objetivando fabricar produtos ditospoliticamente corretos e que
não
prejudiquem omeio
ambiente.Em
Santa Catarina, muitas indústrias dosramos
têxteis, cerâmicos,que
foram
importantes
no
desenvolvimento industrialdo
Estado, estão procurando investirem
tecnologias que
possam
favorecer obem
da
sociedade e assim semanterem
em
posição de1.2.
OBJETIVOS
1.2; l. Geral
Analisar a questão ambiental
no
desenvolvimento industrial de Santa Catarina,a partir
da
2” Guerra Mundial, exibindo as oportunidades e restriçõesapresentadas às empresas
em
relação ao seu crescimento.1.2.2. Específicos
I Apresentar -as principais
normas
e leis ambientaisque
estãomodificando
osparadigmas empresariais;
' Analisar
como
ocorreuo
processo de desenvolvimento industrial'em
SantaCatarina
a
partirda
2” Guerra Mundial, identificando a sua relaçãocom
o
meio
ambiente; “
H Identificar as oportunidades e restrições
que
empresas catarinenses estãoapresentando
em
relação a questão ambiental, observandocomo
ocorreo
processo de adaptação às transfonnações geradas pelomeio
ambiente,especificamente nos setores cerâmicos e têxteis.
1.3.
METODOLOGIA
Através das etapas de fundamentação teórica, levantamento ,bibliográfico
de
fontessecundárias e de dados
no
campo
(fontes primárias), buscar-se-á respondero
problema da
pesquisa, qual seja: as oportunidades e restrições
que
as empresas catarinensesapresentaram a partir
de 1980
quando
se consolida a postura ambientalno
mundo
Para alcançar os objetivos propostos, a pesquisa será realizada através
do método
dedurivo, analisando-se
o
desenvolvimento industrial de Santa Catarinaem
relação aquestão ambiental, de maneira geral e identificando de
fonna
particular determinadossetores
da economia
catarinense.Com
base nos levantamentos de dados, feitos nos sindicatos, federações,instituições e demais órgãos relacionados ao
meio
ambiente, serão analisadas quais asoportunidades e restrições ambientais
que
as empresas dos setores cerâmicos e têxtildo
Estado de Santa Catarina apresentaram
buscando
competirno
mercado
intemacional.Serão apresentados, a partir
do
levantamento bibliográfico, as principaisnormas
eleis ambientais relacionadas à atividades produtivas, identificando suas características,
também
será conceituadoo
desenvolvimento sustentável,paradigma que
as principaiseconomias
domundo
estãobuscando
alcançar.Na
fundamentação utilizar-se-á autorescomo
Michael
Porter, Ignacy Sachs.Autores
como
Idaulo JoséCunha,
serão utilizados para identificarcomo
se processou o desenvolvimento industrial de Santa Catarina, relatandocomo
foi a evolução econômica, odesempenho da
indústria,dando
ênfase a questão ambiental dentro deste desenvolvimento.CAPÍTULO
112.
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
:O NOVO
PARADIGMA
O
modelo
de desenvolvimento a partir daSegunda
Guerra Mundial, que foi adotadopelos países periféricos, e difundido
no
mundo
ocidental, tinhacomo
objetivoo
crescimento econômico,
mas
ao longodo
tempo
foi se notando a insustentabilidadedo
sistema tanto nos
campos
econômico, social ecomo
ambiental.A
visão de desenvolvimento, enfatizavaque
se as naçõesmais
pobres conseguissemcrescer, toda a sua população seria beneficiada.
Mas
esta concepção de desenvolvimentoassociada ao crescimento
não
obteve êxitoem
nenhum
país pobredo mundo.
Os
problemassociais, de concentração de renda, falta de oportunidades de trabalho e degradação
ambiental
foram
cada vez mais notados.Ao
invés de melhorar as condições de vidada
sociedade,
foram
impostasmudanças
nos hábitos, costumes e necessidades da população.\
O
que
se acreditava, era que a receita dos países ricos para alcançar o desenvolvimento seria utilizada nos países Subdesenvolvidos,com
investimentosem
tecnologias, recursos naturais,
enfim,
investimentos necessarios para que o crescimentofosse alcançado. Foi considerado apenas
o
crescimento econômico, que foi insuficientepara responder as transformações ocorridas.
Diversos autores colocam, que este tipo de desenvolvimento estimula a concentração de renda nos países ricos e
também
nos pobres.A
população carente ficasem
satisfazer suas necessidades básicas, enquanto a minoriade
ricos chega a ser responsávelpor
mais
de80%
do
consumo
de recursos naturaisdo mundo.
~
A
partir da crise
do
desenvolvimento vigente,nascem
movimentos, conceitos eo
paradigma
como
o de desenvolvimento sustentável.H
A
preocupaçãocom
as questões relacionadas aomeio
ambiente, tornaram-seimportantes para debates
em
meados
da década de 60,quando
começa
a revoluçãoambiental Norte-Americana,
comandada
pela populaçãona
buscada
preservação dosrecursos naturais. Até então,
o
assunto era discutido apenas pelos ambientalistas, nos anosEm
1972,com
a realizaçãoda
Conferência deEstocolmo
sobreo
meio
ambiente,viu-se que a crise ambiental afetava todo
o
mundo,
abre-seum
novo
espaço públicointernacional para tratar dos problemas que ocorriam. Vários agentes
foram
envolvidoscomo:
organismosdo
sistema multilateral dasNações
Unidas; governos e instituiçõesdo
sistema diplomático de governos, grupos, segmentos e pessoas das organizações não-
governamentais sócio-ambientalistas de muitos lugares
do mundo,
atémesmo
a IgrejaCatólica participou
da
campanha
(Neder, 1995, p. 120).A
organização dasNações
Unidas,com
base na Conferência realizada entre os dias5 a 16 de junho de 1972,
em
Estocolmo
estabeleceu 23 princípios, objetivando orientara
humanidade, para preservação e melhoriado
meio
ambiente, entre alguns destes estão:0
O
homem
tem direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfiaite decondições de vida adequadas,
em
um
meio ambiente de qualidade tal qual lhepermita levar -uma vida digna e gozar de bem-estar, e é portador solene
da
obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações
presentes e futuras.
A
esse respeito, as políticas quepromovem
ou peipetuam o 'apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras
formas de opressão e de dominação estrangeira
permanecem
condenadas edevem ser eliminadas.
0
Os
recursos naturais da Terra, incluídos o ar, a água, o solo, a flora e a fauna e, especialmente, parcelas representativas dos ecossistemas naturais, devemser preservados
em
benefício das gerações atuais e fiituras, medianteum
cuidadoso planejamento ou administração adequados.
0
Os
países deverão adotar todas as medidas possíveis a poluição dos marespor
substâncias que
possam
pôrem
perigo a saúde do homem, prejudicar os recursos vivos e a vida marinha, causar danos às possibilidades recreativas ouinterferir
com
outros usos legítimos do mar.¢
O
desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurarao
homem
um
ambiente de vida e trabalho favorável e criar, na Terra, as condições necessáriasà
melhoriada
qualidade de vida.As
deficiências do meio ambiente decorrentes das condições desubdesenvolvimento e de desastres naturais ocasionam graves problemas;
a
melhor maneira de atenuar suas conseqüências é promover o desenvolvimento
acelerado, mediante a transferência maciça de recursos consideráveis de
assistência financeira e tecnológica que complementem os esforços internos
dos países
em
desenvolvimento e a ajuda oportuna, quando necessária.Deveriam ser destinados recursos à preservação e melhoramento do meio
ambiente, tendo
em
conta as circunstâncias e as necessidades especiais dospaíses
em
desenvolvimento e quaisquer custos quepossam
emanar, para esses países, a inclusão de medidas de conservação do meio ambiente,em
seusplanos de desenvolvimento, assim
como
a necessidade de lhes serem prestadas,quando solicitada, maior assistência técnica e financeira internacional
para
esse
fim.
Nas
regiõesem
que exista o risco de quea
taxa de crescimento demográfico ouas concentrações' excessivas de população prejudiquem o meio ambiente ou o
desenvolvimento, ou
em
que a baixa densidade de população possa impedir o melhoramento do me-to ambiente e obstar o desenvolvimento, deveriam ser aplicadas políticas demográficas que representassem os direitoshumanos
fundamentais e contassem
com a
aprovação dos governos interessados.Deve ser confiada, às instituições nacionais competentes, a tarefii de
planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos ambientais dos
Estados,
com
ofim
de melhorara
qualidade do meio ambiente.Os
Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direitointernacional, no que se refere à responsabilidade e à indenização das vítimas
da poluição e outros danos ambientais, que as atividades realizadas dentro
da
jurisdição ou sob controle de tais Estados, causem às zonas situadas fora de sua jurisdição.
A
Conferência deEstocolmo
conseguiu ser omarco
inicialna
preocupação dasquestões amb1entais,
como
de proteção da natureza, conservação dos recursos naturais eNesta década de 70, os países industrializados
como
os EstadosUnidos da América
largaram na frente e criaram aAgência de
Proteção Ambiental (EPA), enquantona
Europa
Ocidental
começaram
surgir as primeiras manifestações. iPaíses
como
osda
América
Latina,foram
muito prejudicadoscom
esta exploraçãotanto ambiental,
como
social, feita pelos paises industrializados,que
até hojecontinuam
usando osmesmos
métodos
e conseguindo controlar a política destes países, apesarde
sedizer
que o
mundo
está globalizado e as fronteiras comerciaisnão
existem.O
Brasil,na
década de 70, criou agências ambientais nos Estados e adotou asseguintes políticas governamentais:
I Política de controle da poluição e
zoneamento
industrial: aconteceuna
fasedo
O
milagre
econômico
de69
a 79, tendouma
rápida e concentrada industrialização,gerando
as primeiras deseconomiasde
escalapara
a população
das grandes cidades brasileiras. Ocorreuum
aumento
das periferias, das desigualdadessociais, miséria, crescimento da poluição industrial, ausência de esgotamento
sanitário e abastecimento
de água
paraa
população pobre. Foi criada aSecretaria Especial
de
Meio
Ambiente,em
1973, subordinada a Presidênciada
República, para auxiliar nos problemas ambientais (Neder, 1995, p. 122); W
I Três anos após a criação
da
Secretaria Especialdo
Meio
Ambiente,com
o
IlPlano Nacional de Desenvolvimento
(PND), foram
definidas prioridades para ocontrole da poluição industrial, através de
normas
e políticas de localizaçãoindustrial.
V
Em
1983, iniciaram-se os trabalhosda
Comissão
Brundtland, e após4
anos ficoupromo,
um
relatóriodenominado
0
Nosso
F
uturoComum,
publicadoem
1987.A
propostado
relatório era identificar as fragilidadesque
ocorriam tantono
âmbito econômico, sociale ecológico; mostrar a importância das interrelações entre processo de desenvolvimento,
pobreza e
meio
ambiente. Outro aspecto era atender .as aspiraçõeshumanas
dascamadas
mais
pobres dos paísesem
desenvolvimento e a tecnologia utilizada incapaz deproporcionar melhores condições de vida para as futuras gerações.
Os
anos 80,foram marcados
por urna grave crise ambiental, devido as modificaçõesdesenvolveu
uma
militância ecológica.No
Brasil, a Constituição de 1988,impôs que
todos os municípioscom
20
mil habitantesfossem
obrigados a realizarzoneamento
territorialsob a
fonna
de Plano Diretor.A
preocupação ambiental nesta década, foi disseminadaem
vários setores,tornando-se nacional,
com
exceçãode
alguns setores estatais e específicos.As
instituiçõesnão
buscavam
apenas denunciar as irregularidades,mas
sim
achar alternativas parasolucionar os problemas
que
ocorriam.O
final dos anos 80 eo ano
de 1990,foram
marcantes, pois todos os relatórios, congressos, discussões
que
eram
feitos,mostraram
que
a proteção ambiental deveria estar ligada ao desenvolvimento.
A
década de 90, foimarcada
pela participação ativa das empresas, na valorizaçãoambiental, tendo
em
vistaque
um
novo mercado
estava emergindo, omercado
verde.Existiu a participação de várias instituições ligadas a
economia
e a politica internacional,como
organismos financeiros, governos eONG's.
Muitas empresas tiveramque
semodernizar e fazer investimentos para
que
se adequasse as novas exigências ambientais.Na
cidadedo Rio
de Janeiro,em
1992, foi realizada a Conferência Rio-92organizada pela Conferência das
Nações Unidas
sobreo
Meio
Ambiente
e Desenvolvimento.Marcou
uma
nova
fase, colocandoque
seria impossível discutir asquestões ambientais
sem
relacionar as decisões e critériosque
auxiliam os investimentoseconômicos
dos agentes privados, governos e organismos multilaterais.O
tema
principal, discutido, foio
desenvolvimento sustentável.Com
baseno Quadro
1, pode-se teruma
noção
sintetizada das etapasna formação
do
mercado
ambiental global, das décadas de 70, 80 e 90.Quadro
l-
Três etapasna
formaçãodo
mercado
ambiental globalDécada Idéias Conflitos
dominantes Institucionalidade Internacional Governos Empresa Crescimento econômico frente ao cuidado
com
o ambiente Setenta ' Determinismo Í tecnológico; Limites ao crescimento Organismos de proteção ambiental; Geração de normasQuem
contamina ç Paga, Internacionalização por motivos ambientais Contaminaçao transfronteiriça; . i Ecologia politica * frentea V modernização - ambiental OitentaA
crise ambientalé global i
Relatório de
Brundtland; Força
moral; Ciência ambiental como ator
político; Politicas públicas ante a crise ambiental Reconversão tecnológica- organizacional
Noventa Sustentabilidade; Ambiente contra
Globalização e livre mercado competitividade;
O
ambiente como fator econômico Consolidaçao dos novos atores ambientais globais (Banco Mundial,ONG,
ISO) Paísesem
desenvolvimento se integram as políticas ambientais Reconversao ambiental e competitividadeFonte: I-l]LGE1\/BERG, Emerson Martins, BACI-IA, Carlos José Caetano. As pressões ambientais e as
alterações na demanda e oferta mundial de celulose. Pesquisa
&
Debate, São Paulo, n.2 (18), p.69,2000.
Durante a década de 70,
conforme
apresentadono
quadro 1, as idéias dominantesforam do
desenvolvimento tecnológico,sem
existir a preocupação ambiental, criandoconflitos
na
sociedade; surgiram organismosde
proteção ambiental, para quenormas
fossem
criadas privando as empresas de degradaro meio
ambiente, gerando nelasuma
nova
postura perante a sociedade.A
década de 80, foimarcada
pela crise ambiental global,com
conflitos entreecologia política e a modernização, foram criados Relatórios
como
o de Brundtland paratentar mobilizar os governos a fun de adotarem politicas públicas para a preservação
ambiental.
As
empresas modificararn os seus investimentos destinados a tecnologia.Os
anos90 foram marcados
pelas idéias de sustentabilidade, globalização ecompetitividade, tendo
como
conflito principalo
ambiente e o livre mercado.Os
paísesem
desenvolvimento aderiram à
nova
visão de crescimento e se integraram as politicasambientais.
As
empresas estão presentesem
um
mundo
de competitividade e aplicação denovas tecnologias para a preservação ambiental.
u
Como
foi descrito anteriormente, a consciência ambiental tornou-seuma
preocupação para a sociedade
em
geral,no próximo
item será apresentado o conceito de desenvolvimento sustentável, tão utilizadoem
todo 0mundo
eque
todos os paísesbuscam
alcançar.
2.1.
coN‹:E1Tos
E Pnmcírios
.
Í,
_
Com
os problemas de desenvolvimentoque
estavam ocorrendoem
praticamente todo omundo,
surgeum
novo
conceito, omodelo
de desenvolvimento sustentável,preocupado
com
os sistemas econômicos, sociais e ambientais. ,Antes de surgir a expressão desenvolvimento sustentável, utilizava-se
o
termo ecodesenvolvimento. Este termo, ecodesenvolvimento, foi introduzido porMaurice
Strang,em
1972,na
Conferência deEstocolmo
e logo depois,em
1974
foi largamente espalhadopor Ignacy Sachs.
C _
'
Para Sachs,
o
ecodesenvolvimento,tem abordagem
ampla, considerando a ecologianatural e ecologia cultural.
Tem
suas basesno
planejamento participativo, equilibradoentre poder de mercado,
o
Estado e a sociedade civil.O
ecodesenvolvimento se assenta sobre três pilares: o primeiro é a autonomia dedecisões e busca de
um
modelo endógeno de desenvolvimento, próprio para cadacultura, para cada contexto histórico e cada meio, o segundo pilar e' a consideração
das necessidades materiais e ímateriais, através do sentido da existência, traduzidas
num
projeto, e o terceiro pilar e' a prudência ecológica.É
a busca do desenvolvimentoem
sintonia com a natureza (Menegetti, 2000, p. 1 1).De
acordocom
Sachs, deve-se levarem
consideração,que
a sociedade precisasatisfazer suas necessidades
conforme
sua cultura, tradições etambém
pensarque
existiráuma
geração futura que objetiva teruma
melhor
qualidade de vida,com
outras visõessobre
o
meio
ambiente.Com
isso, ele apresenta cinco dimensõesparaa
sustentabilidade:. I Sustentabilidade social:
o
desenvolvimento está relacionado auma
distribuiçãode
bens e rendas mais igualitária entre ricos e pobres;I Sustentabilidade econômica: deve existir
uma
melhor
alocação dos recursospúblicos e privados.
A
eficiênciaeconômica
deve ser avaliadaem
termosmacrossociais e
não
somente através demn
caráter microeconômico;I Sustentabilidade ecológica:
Deve
existirum
equilíbriona
utilização dosrecursos naturais entre ricos e pobres, as tecnologias
devem
estar adaptadas asexigências
do mercado
sendomenos
poluidoras,com
baixo custo e eficiente,que visem
a preservaçãodo
meio
ambiente;' Sustentabilidade espacial:
A
população deveria estarmelhor
distribuídaterritonalmente, tendo
um
equilíbrio entre cidade-campo;I Sustentabilidade cultural: implantação de processos
que
busquem
mudanças
dentro
da
continuidade cultural eque
traduzam o conceito normativo deecodesenvolvimento, para o ecossistema, cultura e área. ›
O
termo desenvolvimento sustentável, difundiu-se a partirda
década de 80.Na
Conferência
Mundial
sobre a Conservação e o Desenvolvimento,da
IUCN,
no
Canadá, foiapresentado
um
novo paradigma
para o desenvolvimento sustentável, tendocomo
princípios: integrar conservação
da
natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidadeshumanas
fundamentais; perseguir a equidade e justiça social e respeitar a diversidadecultural; manter a integridade ecológica (Montibeller Filho, 1999, p.29).
Em
1987, aComissão
Mundial
sobreMeio
Ambiente
e Desenvolvimento,apresentou
no
Relatório Brundtland o seguinte conceito de desenvolvimento sustentável:desenvolvimento
que
responde às necessidadesdo
presentesem
comprometer
aspossibilidades das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades. Este
conceito envolve as relações
humanas,
a cultura, a. preocupaçãocom
o
meio
ambiente,em
busca de
um
desenvolvimentoque
proporcione melhores condições de vida a populaçãoque
está crescendo e aque
está por vir. _Alguns
autores estabelecem diferenças entreo
ecodesenvolvimento eo
desenvolvimento sustentável,como
DáliaMamon.
Para ela o ecodesenvolvimento, atendeas necessidades básicas
da
população eadequa
as tecnologias a cada ambiente, e partedo
princípio que se deve seguir
do mais
simples para o mais complexo; e o desenvolvimentosustentável está ligado a política ambiental, aos problemas globais e as futuras gerações.
_ Pode-se notar
que
tanto para o ecodesenvolvimento, muito divulgado por Sachs,como
para todos os outros autoresque zelam
o desenvolvimento sustentável, apreocupação central é o
meio
ambiente, a preservação dos recursos naturais, aconscientização da sociedade
em
geral, a buscade
melhores condições de vida para a2.2.
LEIS
E
REGULAMENTOS
AMBIENTAIS
A
questão ambiental, intensificada a partirda
Conferênciade
Estocolmo,em
1972,deixou
de
ser assunto apenas de militantes ecológicos.Muitos
ambientalistas, governistas e industriais, passaram a discutir os problemas ambientais. Isto quer dizerque
atéo
momento
não
existiauma
institucionalização deum
sistema nacional que mostrasse a preocupaçãoem
nível governamentalcom
o
meio
ambiente.A
legislação ambiental brasileira, écomposta
por várias leis esparsas, sendoque
algumas
foram
criadashá
décadas e outras são mais recentes.As
leismais
recentes, estãorelacionadas
a normas
que disciplinam o uso de bens ambientais e atividadesque
podem
interferir
com
estes bens,como
as atividades industriais, geração de energia, aurbanização;
normas que
criam defesado
meio
ambiente eque
criam unidadesde
conservação.
V
Algumas
normas
eram
existentes,
mas
de forma
restrita,como
o
art.584 do Código
Civil Brasileiro
de
1916,que
proibia as construções capazes de poluirou
inutilizar para0
uso ordinário a
agua de poço
ou
fonte alheia. _A
partirde
1934,começaram
a surgirnormas
específicas,como
oCódigo
deÁguas,
instituído pelo Decreto N.° 24.643,de
10 de julho de 1934;o Código
Florestal,instituído pela Lei N.°. 4771, de 15
de
setembro de 1965;o Código de
Proteção à Fauna, regulamentado pela Lei N.°. 5197,de 03
de janeirode 1967
eo Código
de Pesca, dispostono
Decreto-Lei N.° 221, de28
de fevereiro de1967
(Díehl, 1994, p.26).As
leis anterioresa 1967,
eram
praticamente setoriais,não
tinhamuma
abrangênciaem
todoo
país.H
Em
1967, foi estabelecidauma
legislação federal sistemática,no
Decreto-Lei N.°248,
de 28
de fevereiro,onde
foi instituída a Politica Nacionalde Saneamento
Básico,preocupada
com
o
abastecimento de água, poluição dos rios ecom
o
saneamento básico.Somente
seis anos após a criaçãoda
Politica Nacionalde Saneamento
Básico, éque
foi
retomada
a preocupação ambientalem
termos governamentais.Em
1973, foi criada aSecretaria Especial
do
Meio
Ambiente
-
SEMA,
supervisionada pelo Ministériodo
Interior.
Seu
único objetivo era cumprir exigências de alguns organismos internacionais,que exigiam a existência formal desse tipo de órgão para elaboração
de
relatóriosde
impacto ambiental, para a aprovação de empréstimos destinados a grandes obras públicas
A
partirde
1975, passa a se formaruma
base legal especifica parao
meio
ambiente.
O
Decreto LeiN°
1413/75, determinavaque
as indústrias para se instalaremem
território nacional
eram
obrigadas a adotar asmedidas
necessárias demodo
apromover
ou
corrigir os inconvenientes
da
poluição.E
o Poder
Executivo Federal, apresentava poderes para fechar qualquer indústriaque
causasse riscos para a sociedade,como
as indústriasde
material bélico, siderurgia, etc.
H
De
acordocom
o
Decreto Nf* 76.389, de03
de outubro de 1975, a poluiçãoindustrial passa ser considerada a partir
do
momento
que
exista prejuízosa
saúde,a
segurança eo
bem-estarda
população; criar condições adversas às atividades sociais eeconômicas; ocasionar danos relevantes a flora, fauna c a outros recursos naturais (Diehl,
1994)
Os
anosde
1980,foram marcados
pela consciência ambiental mundial, ascampanhas
de preservação se intensificaram, a população passou a exigir novas visões de produção dos industriais, a mídia abriu mais espaço para as questõesque
estavam sendodiscutidas.
A
globalização já estava surgindo pela infonnatização dos sistemasde
comunicação, e haviauma
conscientização internacional pela preservação dos recursosnaturais. -
No
Brasil, a consciência ecológica eo
nascimentoda
politica verde, passou ainfluenciar
na
formaçãoda
legislação ambiental brasileira e, a primeira lei ambientalcriada
no
Brasil, foi a de n.° 6.938de
31 de agosto de l98l,com
21 artigos, estabelecerama Politica Nacional
do
Meio
Ambiente, buscando abranger todos os aspectos legais paraapreservação ambiental,
conforme
lê-seno
artigo 2°A
Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria erecuperação da qualidade ambiental propicia à vida, visando assegurar no país,
condições ao desenvolvimento sócio-economico, aos interesses da segurança nacionale
à proteção do solo, da água, do ar, ƒiscalizar o uso dos recursos ambientais, recuperar
áreas degradadas, implantar a educação ambiental em todos os níveis de ensino,
desenvolver pesquisas e tecnologias para utilização racional do meio ambiente.
O
que
mais significouna
Politica Nacionaldo
Meio
Ambiente,foram
osinstrumentos de
comando
e controle,que
intervieramna
preservação ambiental, contraComo
forma
de instrumentos para este controleforam
criadas licenças ambientais,só cedidas para as empresas, mediante estudos e relatórios
de
impactos ambientais,que
sãoEIA/RIMAS
e a criação de area de preservação.A
licença ambiental é aplicada pelo princípio constitucional que cabe ao Estadodisciplinar as obras e atividades
econômicas
de acordocom
a defesado meio
ambiente.Existem
três licenças exigidas para a defesado meio
ambiente, que estão condicionadas arealização de
EIA/RIMA:
ia) Licença Prévia: é a fase de planejamento de
um
empreendimento,onde
sei
solicita a realização
do
Estudo de Impacto Ambiental-
EIA
e o Relatório de Impacto sobre oMeio
Ambiente
- RIMA.
Verifica-se a viabilidadedo
projetoe/ou localização de
equipamento
ou
atividade, quanto aos aspectosde
impacto ediretrizes
do
usodo
solo. Estatem
validade de até 02 anos;b) Licença de Instalação: após a aquisição
da
licença prévia, pode-se iniciar aconstrução
do
empreendimento, seguindo asnormas
e exigências pré-estabelecidas,
com
validade de até03
anos;c) Licença
de
Operação: após ser feita a vistoriada
obra e todas» as exigênciastiverem sido cumpridas, pode-se iniciar o funcionamento
da
atividade, possuiPrazo de validade de até
08
anos.O
EIA,
Estudos de Impactos Ambiental, são estudos obrigatórios para oslicenciamentos das construções, com- análises feitas por especialistas, para identificar se as
obras
.podem
danificar omeio
ambiente. Possui duas funções essenciais: prevermodzficações
ambientais- relacionadasa
atividades ecorzâmicas; estimar seus custospara
0meio
ambiente e-para a
sociedade (Neves, Tostes, 1992, p. 44).Os
Estudos de Impactos . Ambientaisdevem
conteruma
descriçãodo
empreendimento
e a situação do-meio
ambientena
área que está sob sua influência;mostrar as conseqüências negativas e positivas,
quem
irá se beneficiarou
ser atingido e oscustos
da
obra; informar qualo
impacto dos efeitos ambientais, se e necessário oempreendimento ou
não, e se vale implanta-lo.Caso
seja aceitoo Poder
Público estipulamedidas que
devem
ser seguidas pelo empreendedor.O
Relatórios de Impacto sobreo
Meio
Ambiente
sintetizao que
foirelatorio. Tanto os estudos realizados
como
os relatórios, são cnsteados pelo empreendedor,mas
estesdocumentos não
ficam apenasem
suas posses, são divulgados para todosque
tiverem interesse.Órgãos que
controlamo
ambiente, tantoem
nível federalou
estadualcomo
o
IBAMA
(Instituto Brasileiro de Recursos Renováveis) e aFATMA
(Fundaçäo
Estadual de Tecnologia eMeio
Ambiente)
quepodem
exigirque
seja aplicado osEIA-RIMA.
Alem
de criar os licenciamentos, la Política Nacionaldo
Meio
Ambiente, propôsinstrumentos para
que
seja mantida a conservaçãoda
natureza (Dielil, 1994, p. 55):I estabelecimento de
padrões
de qualidade ambiental;I
zoneamento
ambiental;I
a
avaliação dos impactos ambientais;I 0 licenciamento e
a
revisãode
atividades efetiva e potencialmente pol uidora;I os incentivos
à produção
e instalaçãode
equipamentos ea
criaçãoou absorção
de
tecnologia voltadospara
a
melhoriada
qualidade ambiental;I criação
de
estações ecológicas e áreasde
proteção ambiental;I sistema nacional de informações sobre
0
meio
ambiente;I Cadastro Técnico Federal das Atividades e Instrumentos
de
Defesas Ambiental; I Penalidades disciplinaresou
compensatóriasao não cumprimento
dasmedidas
necessárias
à
preservaçãoou
correçãoda degradação
ambiental.Em
1981,também
foi criada a Lei n.° 6638, objetivandouma
maior integração ecoordenação
da
política ambientalem
nível nacional ea
compatibilizaçãoda
atuaçãofederal, estadual e municipal.
Coin
esta lei foi criadoo
Sistema Nacionaldo
Meio
Ambiente
~
SISNAMA
, eo
Conselho Nacionaldo
Meio
Ambiente
-
CONAMA,
destinado a discussões de Políticas Ambientais,
com
a participação de órgãos federais,estaduais, empresários e trabalhadores, de entidades de sociedade civil,
buscando
definirnormas
e padrões parao meio
ambiente.Mas
sua principal função é orientar a Presidênciada
Repúblicana
formulação de diretrizesda
Política Nacionaldo
Meio
Ambiente.A
Constituição Federalde
1988, inseriu otema
Meio
Ambiente, deforma
intensa,estabelecendo o exercício
do
direito aomeio
ambiente ecologicamente equilibrado ecolocou
normas de
condutas dos poderes públicos,em
especial a previsãodo
crimePolítica Nacional
do
Meio
Ambiente, estipulando preceitos e diretrizes básicasda
mesma
maneira por governantes egovemados.
Com
a Constituição de 1988, obteve-se avanços significativos à proteçãodo
meio
ambiente. Antes,
o
tema
era objeto denormas
infraconstitucionais, sujeitas a modificaçõese após a Constituição tornou-se disciplinado, preciso e atualizado, trazendo
uma
estruturaminima
de dispositivos relativos à proteção ambiental.Em
1992, foi realizadano Rio
de Janeiro,a
Conferência dasNações Unidas
sobreMeio
Ambiente
e Desenvolvimento, intensiñcando cada vezmais
a preocupação ambientale foi ponto culminante de
um
processo iniciadoem
Estocolmo
em
1972 etambém
a colocaçãoem
práticado
RelatórioNosso
FuturoComum,
publicadoem
1987, apóso
Relatório de Bnmdtland.
Com
o
iniciodo Governo
Collorna
Presidência da República, constatou-seque
haviaum
cresci-mentoda
devastação ecológica, difusãoda
consciência ambiental ea
inexistência de aparato legal, via~se a necessidade de sua implantação efetiva e
havendo
também
a cobrançada comunidade
internacional quanto a política ambiental brasileira.Collor,
assume
uma
posturade
transparência frente àcomunidade
internacional ecria a Secretaria Nacional de
Meio
Ambiente,que
tem
como
base parao
desenvolvimentosustentado
o
Relatório de Brundtland,de 1987
.Passados alguns anos, observou-se
a
necessidadede
intensificar as leis ambientaisbrasileiras. Durante
o
Governo do
PresidenteFernando
HenriqueCardoso
foi implantada aLei n.° 9605,
que
tratade
crimes ambientais. Esta Lei n.° 9605, foi decretadano
dia 12de
fevereiro de 1998, estabelece
uma
política de proteçãodo meio
ambiente eficiente erigorosa, corno
um
sistemaeficaz
paraa
defesa dos recursos naturais, criandoa figura da
responsabilidade penal
da
pessoa jurídica.Muitas criticas
eram
feitas a Legislação Ambiental Brasileira, existiauma
leidiferente para cada assunto, criando muitas confusões.
A
legislaçãode
1981, traçavaa
política nacional preservacionista, outras tratavam
da
mineração, agrotóxicos, florestas,faunas,
em
função disto, percebeu-se a necessidadede
fazeruma
só.A
Lei n.° 9605, possui 82 artigos, divididosem
duas partes.A
primeira estabelecequais as sanções, as penas aplicáveis e
quem
pode
ser punido.A
segunda está relacionada aproteção da fauna, flora, poluição industrial,
ordenamento
urbano, definindo crimes e penas correspondentes.De
acordocom
a Constituição de 1988,não
existia a possibilidade de processarcriminalmente as empresas por terem causados danos ambientais.
A
partir da implantaçãoda
lei de crimes ambientais, será punida qualquerempresa
que degradaro
meio
ambiente, sendo responsável criminalmente o diretor, o administrador, o gerente e a própria empresa, cadaum
recebendo penas separadamente.Uma
das conseqüênciasmais
gravesda
empresa
processada criminalmente, é a rejeição dos produtos, tanto para os consumidores locais,como
os de fora, entãoa empresa
É prejudicadana
concorrência diticultando os seus negócios.A
Lei deCrimes
Ambientais, segundo a Federação das Indústrias deSão
Paulo -FIESP,
apresenta pontos positivosque
devem
ser considerados,como
a
utilizaçãode
penas alternativas, as punições dos crimes contra a flora eo
patrimônio, confisco de madeira, animais e outros 'produtosdo
crime ecológico, 'puniçãoa
crimes urbanos e às empresas, fechamento de empresas que praticam os crimes ambientais, punições a funcionáriospúblicos corruptos. '
A
utilização de penas alternativas paraserem
aplicadasem
empresas e pessoascondenadas
por crime ecológicopodem
ser perdoadas se os errosforem
reparados.Podem
ser aplicadas penas,
como
pagamento de
indenizaçõesou
prestação de serviços àcomunidade, para crimes
com
penas de até quatro anos.A
pena pode
ser reduzidade
acordocom
o baixo grau de instruçãoou
escolaridadedo
agente e acomunicação
préviado
perigo.
A
retirada de madeira ilegalmente, captura de animais silvestres e outros produtosdo
crime ecológico, serão apreendidos e doadosou
reintegrados ao seu habitat.Serão confiscadas as
máquinas
e equipamentos utilizadosna
práticado
crimeecológico e estes poderão ser vendidos, garantida
a
sua descaracterização pormeio
da
reciclagem.
Não
somente
as empresas serão punidas,como
as pessoasque
ajudaram efacilitaram os crimes ecológicos, aresponsabilidade é de todos que participaram.