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O q-Integral de Jackson.

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(1)

O q-Integral de Jackson.

S´eries B´asicas de Fourier.

Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 2010

(2)

salientar e agradecer.

Ao Professor Doutor Jos´e Luis dos Santos Cardoso, orientador da tese, pelo apoio, a partilha do saber e as valiosas contribui¸c˜oes para o trabalho. Obrigado por me acompanhar nesta jornada, por estimular o meu interesse pelo conhecimento e sobretudo pela amizade e confian¸ca demonstradas.

`

A Professora Doutora ˆAngela Macedo,

pelo apoio inform´atico. `

A minha querida esposa Paula Pinho,

pelo apoio, esfor¸co e incentivo durante o desenvolvimento da tese, principalmente na fase final a coincidir com a gravidez e nascimento do nosso filho Andr´e.

Aos meus pais e irm˜as

pela motiva¸c˜ao, compreens˜ao e for¸ca, com que sempre me acompanharam.

Aos meus familiares e amigos

que foram perguntando pelo meu trabalho

(3)

aos meus pais e irm˜as, restante fam´ılia e amigos.

(4)
(5)

Resumo

O q-integral de Jackson Z b

a

f (t)dqt tem sido usado para definir, em alguns casos particulares,

rela¸c˜oes de ortogonalidade entre fun¸c˜oes hipergeom´etricas b´asicas. Alguns exemplos podem ser encontrados nas referˆencias bibliogr´aficas. Neste trabalho estabelecemos condi¸c˜oes gerais em a e b de modo a permitir obter um produto interno definido num espa¸co (vectorial) apropriado. Alarg´amos, tamb´em, as propriedades conhecidas das fun¸c˜oes trigonom´etricas b´asicas e, al´em de novas demonstra¸c˜oes de propriedades conhecidas dos zeros da Terceira Fun¸c˜ao q-Bessel de Jackson (ou Fun¸c˜ao q-Bessel de Hahn-Exton), estud´amos algumas propriedades duma fam´ılia particular de q-polin´omios que foram definidos a partir de algumas propriedades conhecidas das fun¸c˜oes trigonom´etricas b´asicas numa rede q-linear.

(6)
(7)

Abstract

The q-integral of Jackson Z b

a

f (t)dqt have been used to define, in some particular cases,

orthogo-nality relations among basic hypergeometric functions. Some examples can be found in the bibliographic references. Here we establish general conditions on a and b in order to enable one to obtain an inner-product defined in an appropriated (vectorial) space. We also enlarged the known properties of the basic trigonometric functions and, beyond new proofs on the known properties of the zeros of the Third Jackson q-Bessel Function (or the Hahn-Exton q-Bessel Function), we studied some properties of a particular family of q-polynomials that were defined from some properties of the basic trigonometric functions in a q-linear grid.

(8)
(9)

´Indice

Resumo v

Abstract vii

Introdu¸c˜ao Geral 1

1 q-An´alogos das Fun¸c˜oes Trigonom´etricas 3

1.1 Fun¸c˜ao Γ . . . 3

1.2 S´eries hipergeom´etricas b´asicas . . . 4

1.3 q-Integral de Jackson . . . . 8

1.4 q-Primitiva¸c˜ao . . . . 18

2 Fun¸c˜oes sinq(z) e cosq(z) numa Rede q-Linear 19 2.1 Introdu¸c˜ao . . . 19

2.2 Fun¸c˜oes sinq(z) e cosq(z) numa rede q-quadr´atica . . . . 20

2.3 Fun¸c˜oes sinq(z) , cosq(z) numa rede q-linear . . . . 22

2.3.1 Propriedades . . . 23

2.3.2 Rela¸c˜oes de ortogonalidade . . . 28

2.4 q-S´eries de Fourier . . . 34

2.4.1 Introdu¸c˜ao . . . 34

2.4.2 Rela¸c˜oes entre coeficientes de Fourier . . . 34

2.4.3 Exemplos . . . 36

3 S´eries b´asicas de Fourier-Bessel 41 3.1 Introdu¸c˜ao . . . 41

3.2 Propriedades dos zeros da fun¸c˜ao Jν(3)(z; q) . . . . 42

3.3 Expans˜oes em s´eries b´asicas de Fourier-Bessel . . . 53

4 Polin´omios Ortogonais. Algumas fam´ılias particulares 55 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 55 4.2 Propriedades . . . 56 4.3 Fam´ılia de q-polin´omios . . . . 60 4.3.1 q-Polin´omios m´onicos . . . . 61 4.3.2 Fun¸c˜ao geratriz . . . 63 Bibliografia 67 ix

(10)
(11)

Introdu¸c˜

ao Geral

A equa¸c˜ao diferencial

σ(x)y00+ τ (x)y0+ λy = 0 , (1)

onde σ e τ s˜ao polin´omios de graus n˜ao superiores a dois e um, respectivamente, e λ ´e uma constante, conhecida por equa¸c˜ao do tipo hipergeom´etrico, modeliza diversos fen´omenos, espe-cialmente os ligados `a ´area da f´ısica. Muitas das equa¸c˜oes que aparecem em F´ısica Matem´atica ou em Mecˆanica Quˆantica s˜ao casos particulares daquela. S˜ao exemplos de solu¸c˜oes de (1) as fam´ılias de polin´omios ortogonais cl´assicos e as fun¸c˜oes de Bessel, Hermite, hipergeom´etricas e hipergeom´etricas confluentes, todas conhecidas por fun¸c˜oes especiais da f´ısica matem´atica [NU1988], [NSU1991].

Paralelamente a estas fun¸c˜oes especiais, em ´areas como a mecˆanica quˆantica ou em teo-ria de probabilidades, numerosos problemas conduzem a equa¸c˜oes de diferen¸cas do tipo hiper-geom´etrico [NU1983], onde as respectivas solu¸c˜oes s˜ao determinadas num conjunto discreto de pontos. S˜ao exemplos dessas solu¸c˜oes os polin´omios conhecidos por ”polin´omios de vari´avel discreta”. Tais equa¸c˜oes de diferen¸cas podem obter-se a partir da equa¸c˜ao (1) considerando operadores de diferen¸cas no lugar de operadores diferenciais [NU1988], [NSU1991], [C2000]. Interessa-nos o caso mais geral em que a rede de pontos x = x(z) ´e n˜ao-uniforme, resultando a equa¸c˜ao diferencial (1), ap´os uma normaliza¸c˜ao do passo da vari´avel independente z, na equa¸c˜ao de diferen¸cas ˜ σ(z) ∇x1(z) · ∆y(z) ∆x(z) ¸ + ˜τ (z)∆y(z) ∆x(z) + λy(z) = 0 , (2)

onde y(z) = y(x(z)), ˜σ(z) = 1

2σ(x(z))∇x1(z), ˜σ(z) = σ(x(z)), xν(z) = x ³ z +ν 2 ´ (3) e os operadores ∆ e ∇ s˜ao os conhecidos operadores de ”avan¸co”e de ”recuo”, respectivamente,

∆f (z) = f (z + 1) − f (z) e

∇f (z) = f (z) − f (z − 1) .

As solu¸c˜oes y = y(z) da equa¸c˜ao diferencial (1) verificam uma propriedade fulcral: a respec-tiva derivada y0 = y0(z) continua a ser solu¸c˜ao duma equa¸c˜ao diferencial do mesmo tipo, isto ´e,

duma equa¸c˜ao do tipo hipergeom´etrico [NU1988]. No caso das equa¸c˜oes de diferen¸cas (2), uma propriedade an´aloga ser´a v´alida se trabalharmos com certo tipo de redes x = x(z): a classe mais geral desse tipo de redes x = x(z) ´e a definida pela fam´ılia de fun¸c˜oes

x = x(z) = C1qz+ C2q−z+ C3, (4)

(12)

onde C1, C2 e C3 s˜ao constantes arbitr´arias e q ´e um parˆametro arbitrariamente escolhido no

intervalo ]0, 1[ (em alguns problemas este parˆametro ´e mais abrangente sendo considerado no c´ırculo unit´ario |q| < 1 do plano complexo). Notemos que o conjunto deste tipo de redes cont´em o conjunto das redes consideradas lineares e quadr´aticas pois ´e poss´ıvel escolher as constantes

C1, C2 e C3, dependentes do parˆametro q, de tal modo que lim q→1 ¡ C1qz+ C2q−z+ C3 ¢ = C10z2+ C20z + C30, onde C0

1, C20 e C30 s˜ao constantes relativamente a q e a z.

Considerando, ent˜ao, a rede de pontos x = x(z) do tipo (4), constatamos que se y = y(z) =

y(x(z)) ´e uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao (2), ent˜ao a fun¸c˜ao v(z) = y(z+12)−y(z−12)

x(z+1 2)−x(z−

1 2)

, que pode ser interpretada como uma aproxima¸c˜ao da derivada y0 no ponto x = x(z), ´e solu¸c˜ao duma equa¸c˜ao

de diferen¸cas do mesmo tipo de (2), ver [S1989] ou [C2000].

Um dos objectivos deste trabalho ´e estudar propriedades dos q-an´alogos sq(x) = sq(x; q) e

cq(x) = cq(x; q) das fun¸c˜oes trigonom´etricas cl´assicas sinx e cosx, apresentadas em [AS1992]

e estudados em diversas publica¸c˜oes, nomeadamente quanto a quest˜oes relacionadas com ex-pans˜oes em s´erie de Fourier, entre as quais se destacam [E1983], [C2000] e [C2005]. Nesta sequˆencia, e uma vez que as fun¸c˜oes sq(x) e cq(x) acima referidas podem escrever-se por

in-term´edio da fun¸c˜ao q-Bessel de Hahn-Exton ou Terceira Fun¸c˜ao q-Bessel de Jackson, Jν(3)(x; q),

estudaremos, tamb´em, algumas propriedades destas ´ultimas fun¸c˜oes. Daremos, tamb´em, ˆenfase ao q-integral introduzido por Jackson, ao qual est´a associada a ortogonalidade das fun¸c˜oes acima referidas, ponto de partida indispens´avel para estabelecer desenvolvimentos em s´erie de Fourier. O presente trabalho est´a organizado por cap´ıtulos. No primeiro deles s˜ao introduzidos os conceitos de partida assim como algumas propriedades. Entre eles, o q-integral de Jackson ´e um dos mais importantes. No segundo cap´ıtulo s˜ao estudados os q-an´alogos das fun¸c˜oes seno e coseno numa rede q-linear relativamente a certas propriedades, das quais se destacam algumas rela¸c˜oes de recorrˆencia e expans˜oes em s´eries b´asicas de Fourier. O cap´ıtulo trˆes centra-se na Terceira Fun¸c˜ao de q-Bessel de Jackson ou Fun¸c˜ao q-Bessel de Hahn-Exton, com especial relevo para alguns resultados envolvendo os respectivos zeros. Finalmente, o quarto cap´ıtulo procura identificar a fam´ılia de q-polin´omios definidos por interm´edio das rela¸c˜oes (2.37), (2.38), (2.43) e (2.44), assim como algumas suas propriedades.

Presumem-se como originais, lema 1.6, corol´arios 1.7 e 1.8, teoremas 1.3, 1.4, 1.9, 1.10, 1.11, 1.12 e 1.13, lema 2.2, corol´arios 2.3 e 2.4, lema 2.9, corol´ario 2.10, as rela¸c˜oes (2.76), (2.79) e (2.80). As demonstra¸c˜oes dos teoremas 1.5 e 2.12 s˜ao originais e, al´em disso, embora sejam j´a conhecidas as propriedades dos zeros da Terceira Fun¸c˜ao de q-Bessel, procur´amos demonstrar os teoremas 3.1, 3.2, 3.3 e 3.4 de uma forma original. Tamb´em acreditamos que as provas dos teoremas 3.7 e 3.8 s˜ao originais, assim como (3.23) e (3.24) relativamente ao uso da f´ormula de Kvitsinsky para calcular a soma dos quadrados dos inversos dos zeros positivos das fun¸c˜oes sq(x)

e cq(x). Por fim, tamb´em s˜ao originais as proposi¸c˜oes 4.7 e 4.8 bem como as fun¸c˜oes geratrizes

(13)

q-An´

alogos das Fun¸c˜

oes

Trigonom´

etricas

1.1

Fun¸c˜

ao Γ

Uma das maneiras de definir a fun¸c˜ao Gama, representada por Γ, ´e atrav´es do integral impr´oprio de Euler

Γ(z) := Z +∞

0

xz−1e−xdx , (1.1)

o qual ´e convergente quando Re(z) > 0. Integrando por partes obtemos

Z +∞ 0 xze−xdx = [−xze−x]+∞0 + z Z +∞ 0 xz−1e−xdx , donde Γ(z + 1) = zΓ(z) . (1.2)

Esta importante propriedade permite concluir que a fun¸c˜ao Γ ´e uma generaliza¸c˜ao ao campo complexo da fun¸c˜ao factorial, definida indutivamente por 0! = 1 e n! = n(n − 1)! , n ∈ N .

Em alternativa, tamb´em ´e poss´ıvel definir a fun¸c˜ao Γ por interm´edio da teoria dos produtos infinitos, atrav´es do conhecido produto de Weierstrass

1 Γ(z) := ze γz +∞Y n=1 h³ 1 +z n ´ e−nz i ,

onde γ, conhecida por constante de Euler ou de Mascheroni, ´e definida por

γ := lim n→+∞ Ã n X k=1 1 k− ln n ! .

Relativamente a produtos infinitos, propriedades da fun¸c˜ao Γ e sobre a equivalˆencia entre as duas defini¸c˜oes, uma boa referˆencia ´e [R1960].

(14)

1.2

eries hipergeom´

etricas b´

asicas

Em 1812 , Gauss apresentou a s´erie

1 +ab c z + a(a + 1)b(b + 1) 2! c(c + 1) z 2+ a(a + 1)(a + 2)b(b + 1)(b + 2) 3! c(c + 1)(c + 2) z 3+ · · · , (1.3)

como fun¸c˜ao de a, b, c e z , sendo assumido que c 6= 0, −1, −2, . . . . Ele provou que a s´erie de cima converge absolutamente quando |z| < 1 ou, no caso de <(c − a − b) > 0 , quando |z| = 1 . Para representar abreviadamente a s´erie (1.3) usou a nota¸c˜ao F (a, b, c, z) , embora hoje seja mais comum usar uma das nota¸c˜oes

2F1(a, b; c; z) , 2F1   a , b ; z c .

Uma vez que quando a = 1 e b = c resulta a s´erie geom´etrica 1 + z + z2+ z3+ · · · ,

a s´erie (1.3) ´e conhecida por s´erie hipergeom´etrica ou s´erie (fun¸c˜ao) hipergeom´etrica de Gauss. Numerosas fun¸c˜oes nossas conhecidas podem exprimir-se por interm´edio das s´eries de Gauss como, por exemplo:

za = F¡− a, b; b; 1 − z¢, log z = (z − 1)F¡1, 1; 2; 1 − z¢, ez = lim a→∞F ¡ a, b; b; z/a¢,

onde, nos dois primeiros casos, |z−1| < 1 . Tamb´em os polin´omios ortogonais cl´assicos podem ser representados atrav´es da nota¸c˜ao das fun¸c˜oes hipergeom´etricas: entre eles, para n = 0, 1, 2, . . . ,

Tn(x) = F¡− n, n;1 2;1−x2

¢

, Pol. de Tchebichef de 1o esp´ecie

Un(x) = (n + 1) F

¡

− n, n + 2;32;1−x2 ¢, Pol. de Tchebichef de 2o esp´ecie Pn(α,β)(x) = (α+1)n! nF

¡

− n, n + α + β + 1; α + 1;1−x2 ¢, Pol. de Jacobi ,

onde o s´ımbolo de Pochhammer (a)n ´e definido por

(a)n:=

(

1 se n = 0

a(a + 1)(a + 2) · · · (a + n − 1) se n = 1, 2, . . . . (1.4) Com esta ´ultima nota¸c˜ao podemos escrever

2F1(a, b; c; z) = +∞ X n=0 (a)n(b)n (c)n zn n! .

Notar que se utilizarmos a fun¸c˜ao Gama Γ, definida na sec¸c˜ao 1.1, podemos escrever (a)n= Γ(a + n)Γ(a) .

(15)

Por sua vez, em 1846, Heine introduziu a s´erie 1 +(1 − qa)(1 − qb)

(1 − q)(1 − qc) z +

(1 − qa)(1 − qa+1)(1 − qb)(1 − qb+1)

(1 − q)(1 − q2)(1 − qc)(1 − qc+1) z2+ · · · . (1.5)

Uma vez que

lim

q→1

1 − qa

1 − q = a , (1.6)

cada uma das parcelas da s´erie (1.5) tende para a parcela correspondente da s´erie (1.3) quando

q → 1, podendo, deste modo, (1.5) ser considerada como uma generaliza¸c˜ao da s´erie (1.3). A

s´erie (1.5) ficou, ent˜ao, conhecida por s´erie de Heine ou, em alternativa, s´erie hipergeom´etrica b´asica ou s´erie q-hipergeom´etrica. A frac¸c˜ao 1−q1−qa diz-se o n´umero b´asico de a e q a base.

A nota¸c˜ao usada por Heine foi inspirada na de Gauss, usando φ(a, b; c; q, z) para representar a sua s´erie. Hoje em dia, por ser mais conveniente, ´e mais frequente a nota¸c˜ao

2φ1(a, b; c; q; z) = 2φ1   a , b ; q , z c   = X+∞ n=0 (a; q)n(b; q)n (q; q)n(c; q)nz n, com c 6= 0, −1, −2, . . . , onde (a; q)n:= ( 1 se n = 0 (1 − a)(1 − aq) · · · (1 − aqn−1) se n = 1, 2, . . . (1.7) e (a; q)∞:= Y k=0 ³ 1 − aqk ´ , (1.8)

s˜ao os chamados q-factoriais. Tamb´em se definem os q-multifactoriais para abreviar o produto de v´arios q-factoriais

(a1, a2, . . . , am; q)n:= (a1; q)n(a2; q)n· · · (am; q)n, (1.9)

onde q , por raz˜oes de convergˆencia dos produtos infinitos, ´e um parˆametro tal que |q| < 1 . No nosso caso, salvo dito o contr´ario, limitar-nos-emos ao campo real e ao caso em que 0 < q < 1 . O caso em que |q| > 1 , quando a s´erie ´e convergente, pode reduzir-se ao precedente atrav´es da mudan¸ca de vari´avel p = 1/q . Para ´ındices negativos define-se

(a; q)−n= 1

(aq−n; q) n

, n ∈ N.

S´eries hipergeom´etricas generalizadas

As s´eries que se seguem, conhecidas por s´eries hipergeom´etricas generalizadas, s˜ao uma generaliza¸c˜ao natural das s´eries hipergeom´etricas ou s´eries de Gauss:

rFs(a1, a2, . . . , ar; b1, b2, . . . , bs; z) rFs   a1, a2, . . . , ar ; z b1, b2, . . . , bs   := +∞ X n=0 (a1)n(a2)n. . . (ar)n (b1)n(b2)n. . . (bs)n zn n! . (1.10)

(16)

Admite-se que os parˆametros b1, b2, . . . , bss˜ao tais que os factores dos denominadores nunca

se anulam, isto ´e, admite-se que b1, b2, . . . , bs s˜ao inteiros n˜ao-negativos. Tomando como exemplo as fun¸c˜oes exponencial e trigonom´etricas, tem-se

ez=0F0(z) , sinz =0F1   ; −z4 4 3 2   ,

ou, para a fun¸c˜ao de Bessel [NU1988] de ordem ν,

Jν(z) = Γ(ν + 1)1 ³ z2 ´ν 0F1   ; −z42 ν + 1 .

Tamb´em o teorema binomial, ver [GR1997], pode ser representado na nota¸c˜ao hipergeom´etrica generalizada pois 1 (1 − z)a = +∞ X n=0 (a)n n! z n= 1F0(a; z) .

Representando por un o termo geral da s´erie (1.10) tem-se un+1

un =

(a1+ n)(a2+ n) · · · (ar+ n)

(1 + n)(b1+ n)(b2+ n) · · · (bs+ n)z .

Notemos que ´e uma fun¸c˜ao racional de n e que o crit´erio D’Alembert permite concluir que a s´erie (1.10) converge absolutamente nos casos

• r ≤ s para todo z ; • r = s + 1 para |z| < 1 .

Se r > s + 1 e z 6= 0, ou, r > s + 1 e |z| > 1 a s´erie diverge, excepto no caso de a soma ser constitu´ıda por um n´umero finito de parcelas. Tal acontece se um dos parˆametros ai do numerador, ´e um inteiro negativo para algum i = 1, . . . , r .

Se r = s + 1 e |z| = 1 ent˜ao, [AAR1999, p´ag. 62], a s´erie geom´etrica (1.10)

• converge absolutamente se Re à s X i=1 bi− s X i=1 ai ! > 0 ; • converge simplesmente se z 6= 1 e −1 < Re à s X i=1 bi s X i=1 ai ! ≤ 0 ; • diverge se Re à s X i=1 bi− s X i=1 ai ! ≤ −1 .

(17)

S´eries hipergeom´etricas b´asicas

Por sua vez, uma generaliza¸c˜ao da s´erie de Heine ´e dada pela s´erie hipergeom´etrica b´asica

(generalizada) ou s´erie q-hipergeom´etrica rφs, definida por

rφs(a1, a2, . . . , ar; b1, b2, . . . , bs; q, z) rφs   a1, a2, . . . , ar ; q , z b1, b2, . . . , bs   := +∞ X n=0 (a1, a2, . . . , ar; q)n (q, b1, b2, . . . , bs; q)n h (−1)nq(n2) i1+s−r zn. (1.11) Tamb´em em (1.11) se admite que os parˆametros dos denominadores s˜ao tais que os factores dos mesmos nunca se anulam, o que equivale a dizer que cada bi, i = 1, 2, . . . , s , n˜ao pode escrever-se

na forma q−n, n = 0, 1, 2, . . . .

Quanto `a convergˆencia da s´erie hipergeom´etrica b´asica (1.11), se 0 < |q| < 1 , podemos dizer que a s´erie converge absolutamente nos casos:

• r ≤ s para todo z ; • r = s + 1 para |z| < 1 ; • r > s + 1 para z = 0 .

Diverge se r > s + 1 e z 6= 0, ou, r = s + 1 e |z| > 1 .

Quando |q| > 1 , ela converge absolutamente se |z| < |b1b2. . . bs| |a1a2. . . ar|

e diverge se |z| > |b1b2. . . bs| |a1a2. . . ar| .

Alguns autores n˜ao consideram na defini¸c˜ao derφso factor

h

(−1)nq(n2) i1+s−r

. Contudo a grande maioria dos autores opta pela presente defini¸c˜ao, porque se substituirmos z por z

ar e tomarmos

o limite ar → +∞ ent˜ao a s´erie resultante a partir de (1.11) ´e uma s´erie do mesmo tipo com r − 1 no lugar de r. Sobre estes ´ultimos conceitos e sobre as condi¸c˜oes gerais de convergˆencia duma s´erie hipergeom´etrica b´asica consultar, por exemplo, [GR1997].

Proposi¸c˜ao 1.1 Tem-se, para n = 0, 1, 2, . . . , lim q→1 ¡ qa; q¢ n (1 − q)n = (a)n.

Dem. De facto, tem-se sucessivamente, por interm´edio de (1.6), lim q→1 ¡ qa; q¢n (1 − q)n = limq→1 ¡

1 − qa)(1 − qa+1)(1 − qa+2) · · · (1 − qa+n−1)

(1 − q)(1 − q)(1 − q) · · · (1 − q) = a(a + 1)(a + 2) · · · (a + n − 1)

= (a)n.

¤ Corol´ario 1.2 Tem-se, para n = 0, 1, 2, . . . ,

lim q→1 ¡ qa; q¢ n ¡ q; q¢n = (a)n n! .

(18)

Dem. Notar que se tomarmos a = 1 na proposi¸c˜ao 1.1 resulta lim q→1 ¡ q; q¢n (1 − q)n = n! (1.12)

pois, da defini¸c˜ao (1.4), (1)n= n!. Tamb´em podemos obter este ´ultimo resultado usando (1.6).

O corol´ario segue-se ent˜ao a partir da proposi¸c˜ao 1.1.

¤

1.3

q-Integral de Jackson

Defini¸c˜ao O conceito de q-integral de f em [0, 1] , Z 1 0 f (x)dqx = (1 − q) +∞ X n=0 f (qn)qn, (1.13)

foi introduzido por Thomae em finais do s´ec.XIX em [T1869] e [T1870]. Posteriormente, no in´ıcio do s´ec.XX, Jackson [J1910] extendeu aquele conceito a

Z b a f (x)dqx = Z b 0 f (x)dqx − Z a 0 f (x)dqx , (1.14) onde Z a 0 f (x)dqx = a(1 − q) +∞ X n=0 f (aqn)qn. (1.15)

Uma fun¸c˜ao f diz-se q-integr´avel em [a, b] se −∞ < Z b a f (x)dqx < +∞. Atendendo a (1.14) e a (1.15), Z b a f (x)dqx = b(1 − q) +∞ X n=0 f (bqn)qn− a(1 − q) +∞ X n=0 f (aqn)qn = (1 − q) +∞ X n=0 h bf (bqn) − af (aqn) i qn. (1.16)

Esta no¸c˜ao de q-integral teve, curiosamente, as suas mais remotas origens mesmo antes de Leibniz e Newton, na segunda metade do s´ec.XVII, terem desenvolvido de forma sistem´atica o c´alculo diferencial. Na verdade, muitos matem´aticos que os precederam, tentavam determinar

o valor do integral Z

a

0

xαdx .

A t´ıtulo de exemplo, Arquimedes calculou, de duas maneiras diferentes, o caso α = 2 . Numa delas usou o valor da soma 12 + 22+ . . . + n2, que j´a era conhecida desde os babil´onios em

1700 a.C., enquanto na outra usou a soma de um n´umero finito de termos de uma progress˜ao geom´etrica. No in´ıcio do s´ec.XVII, aquele integral tinha sido calculado, ao que se julga, at´e ao

(19)

caso α = 9 . O problema residia em lidar com a soma 1k+ 2k+ . . . + nk de uma maneira geral.

Em 1950, Fermat e Pascal, entre outros, resolveram o problema tendo Fermat descoberto uma maneira mais f´acil atrav´es duma s´erie geom´etrica. Decompondo o intervalo [0, a] atrav´es dos pontos xn = aqn, n = 0, 1, 2, . . ., onde 0 < q < 1, uma aproxima¸c˜ao do integral considerado

seria dada por

+∞ X n=0 n(xn− xn+1) = +∞ X n=0 (aqn)α(aqn− aqn+1) = a(1 − q) +∞ X n=0 (aqn)αqn

ou seja, por interm´edio de (1.15), Z a 0 xαdx ≈ Z a 0 xαdqx .

Fermat conseguiu um valor aproximado do integral para o caso em que α ´e racional. Para uma nota hist´orica um pouco mais profunda consultar [AAR1999, p´ag. 485].

Exemplos

Em seguida, vamos calcular alguns exemplos de q-integrais. Tem-se, sucessivamente, Z 2 1 3x2dqx = 3 Z 2 1 x2dqx = 3 "+∞ X n=0 £ 2(2qn)2− (qn)2¤qn(1 − q) # = 3 +∞ X n=0 (8q2n− q2n)qn(1 − q) = 21(1 − q) +∞ X n=0 q3n = 21 q2+ q + 1.

Por sua vez,

Z b a xndqx = +∞ X k=0 h b(bqk)n− a(aqk)n i qk(1 − q) = (1 − q)(bn+1− an+1) +∞ X k=0 (qn+1)k = (bn+1− an+1) 1 − q 1 − qn+1 = bn+1− an+1 qn+ · · · + q + 1 = bn+ bn−1a + · · · + ban−1+ an qn+ · · · + q + 1 (b − a).

(20)

Notar que Z b a xndx ≤ Z b a xndqx ≤ (n + 1) Z b a xndx

Jackson tamb´em considerou Z +∞ 0 f (x)dqx = (1 − q) +∞ X n=−∞ f (qn)qn (1.17) e Z +∞ −∞ f (x)dqx = (1 − q) +∞ X n=−∞ [f (qn) + f (−qn)]qn. (1.18) Como ´e sabido, uma fun¸c˜ao g(x, q) diz-se um q-an´alogo da fun¸c˜ao f quando existe uma constante c independente de x tal que lim

q→1g(cx, q) = f (x).

De real¸car que se f ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua em [0, a] , ent˜ao lim q→1 Z a 0 f (x)dqx = Z a 0 f (x)dx (1.19)

e de modo similar para os restantes q-integrais. Assim, as defini¸c˜oes dos q-integrais (1.13)-(1.18) podem ser interpretadas como q-an´alogos dos integrais de Riemann correspondentes.

Teorema 1.3 Sejam a ∈ IR+ e f e g duas fun¸c˜oes q-integr´aveis em [0, a] tais que f (t) ≤ g(t) para todo o t ∈ [0, a]. Ent˜ao, Z

a 0 f (t)dqt ≤ Z a 0 g(t)dqt .

Dem. Tem-se, a partir de (1.16), Z a 0 f (t)dqt = (1 − q) +∞ X n=0 af (aqn)qn.

Da hip´otese de f (t) ≤ g(t) sempre que t ∈ [0, a] resulta

af (aqn) ≤ ag(aqn), donde Z a 0 f (t)dqt ≤ Z a 0 g(t)dqt . ¤ Teorema 1.4 Sejam a, b ∈ IR, com a < b, e f e g duas fun¸c˜oes q-integr´aveis em [a, b] tais que

f (t) ≤ g(t) sempre que t ∈ [a, b]. Se a < 0 < b ent˜ao Z b a f (t)dqt ≤ Z b a g(t)dqt .

(21)

Dem. Da hip´otese de f (t) ≤ g(t) quando t ∈ [a, b] resulta

f (bqn) ≤ g(bqn) e f (aqn) ≤ g(aqn) , donde, por um lado, como b > 0,

bf (bqn) ≤ bg(bqn), (1.20)

e por outro, como a < 0,

af (aqn) ≥ ag(aqn) , e portanto,

−af (aqn) ≤ −ag(aqn). (1.21)

De (1.20) e (1.21) resulta a desigualdade

bf (bqn) − af (aqn) ≤ bg(bqn) − ag(aqn) , a qual mostra, a partir de (1.16), que

Z b a f (t)dqt ≤ Z b a g(t)dqt . ¤ Representemos o conjunto das fun¸c˜oes de quadrado q-integr´avel em [a, b] por L2

q ¡ [a, b]¢, isto ´e, seja L2q¡[a, b]¢= ½ f : Z b a f2(t)dqt < +∞ ¾ .

Notemos que se se pretendesse considerar fun¸c˜oes complexas ter´ıamos

L2q¡[a, b]¢= ½ f : Z b a |f (t)|2dqt < +∞ ¾ . Definindo em L2 q ¡

[a, b]¢a rela¸c˜ao ”≡”atrav´es de

f ≡ g ⇔

(

f (aqn) = g(aqn) , n = 0, 1, 2, . . . f (bqn) = g(bqn) , n = 0, 1, 2, . . .

´e trivial mostrar que se trata duma rela¸c˜ao de equivalˆencia. Representemos por L2

q

¡

[a, b]¢ o conjunto quociente constitu´ıdo pelas classes de equivalˆencia definidas atrav´es da rela¸c˜ao ”≡”, isto ´e, L2q¡[a, b]¢= ½ f ∈ L2q¡[a, b]¢±≡ : Z b a f2(t)dqt < +∞ ¾ . (1.22)

Teorema 1.5 Se a = 0 < b ou a < 0 < b ent˜ao o conjunto L2

q

¡

[a, b]¢, munido das opera¸c˜oes usuais de adi¸c˜ao de fun¸c˜oes e multiplica¸c˜ao escalar, define um espa¸co vectorial.

(22)

Dem. Mostremos que ´e um subespa¸co vectorial do espa¸co das fun¸c˜oes reais de vari´avel real. ´

E ´obvio que qualquer fun¸c˜ao constante pertence a L2

q ¡ [a, b]¢logo L2 q ¡ [a, b]¢6= Ø .

Tamb´em ´e trivial constatar que se f ∈ L2

q

¡

[a, b]¢ent˜ao λf ∈ L2

q

¡

[a, b]¢para todo o escalar λ . Resta mostrar que ´e fechado para a adi¸c˜ao: sejam f e g duas fun¸c˜oes de quadrado q-integr´avel. Da desigualdade triangular

0 ≤ |x + y| ≤ |x| + |y| conclui-se que

|x + y|2≤ (|x| + |y|)2 ,

donde, uma vez que

2|x||y| ≤ |x|2+ |y|2,

resulta

|x + y|2≤ 2¡|x|2+ |y|.

Assim, pelo teorema 1.3 ou pelo teorema 1.4, consoante a = 0 < b ou a < 0 < b, respectivamente, Z b a |f (t) + g(t)|2dqt ≤ 2 µZ b a |f (t)|2dqt + Z b a |g(t)|2dqt,

o que mostra que

f + g ∈ L2q¡[a, b]¢ sempre que f, g ∈ L2q¡[a, b]¢.

¤

q-deriva¸c˜ao

Seja f uma fun¸c˜ao real definida em IR e consideremos o q-operador de diferen¸cas sim´etrico

δqf (x) = f (q1/2x) − f (q−1/2x) . (1.23)

Daqui resulta o q-operador de deriva¸c˜ao

δqf (x) δqx =      f (q12x) − f (q−12x) (q12 − q− 1 2)x se x 6= 0 , f0(0) se x = 0 e existe f0(0) .

Da defini¸c˜ao de δq e das propriedades das fun¸c˜oes trigonom´etricas podemos escrever as seguintes

igualdades: δqsinx δqx = sin ³ q12x ´ − sin ³ q−12x ´ q12x − q− 1 2x = 2sin µ q12x−q− 12x 2 ¶ cos µ q12x+q− 12x 2 ¶ q12x − q−12x = sin µ q12x−q− 12x 2 ¶ q12x−q− 12x 2 cos à q12x + q−12x 2 ! .

(23)

Notar que

lim

q→1

δqsinx

δqx = cosx .

Por sua vez,

δqln x δqx = ln ³ q12x ´ − ln ³ q−12x ´ q12x − q− 1 2x = ln q q−12x(q − 1) = q12 ln q−1 1 − q 1 x. Neste caso lim q→1 δqln x δqx = 1 x.

Para o caso da fun¸c˜ao exponencial tem-se

δqex δqx = eq12x− e−q12x q12x − q−12x = eq− 12xe(q 1 2−q− 12)x− 1 ³ q12 − q−12 ´ x , donde, lim q→1 δqex δqx = e x.

Para o mon´omio xn tem-se δqxn δqx = ³ q12x ´n ³ q−12x ´n q12x − q− 1 2x = q n 2(1 − qn) q12(1 − q) xn−1 = qn−12 1 − q n 1 − q x n−1, e portanto lim q→1 δqxn δqx = nx n−1.

Finalmente, se f ´e deriv´avel num conjunto aberto contendo x tem-se

lim q→1 δqf (x) δqx = lim q→1 f (q12x) − f (q− 1 2x) q12x − q−12x = 1 q12 − q− 1 2 " lim q→1 f (q12x) − f (x) x − limq→1 f (q−12x) − f (x) x # = 1 q12 − q−12 " (q12 − 1) lim q→1 f (q12x) − f (x) q12x − x − (q−12 − 1) lim q→1 f (q−12x) − f (x) q−12x − x # = 1 q12 − q− 1 2 h (q12 − 1)f0(x) − (q− 1 2 − 1)f0(x) i = f0(x) ,

(24)

donde δq ³ 1 f (x) ´ δqx = 1 f (q12x) 1 f (q− 12x) q12x − q−12x = −f (q 1 2x) − f (q− 1 2x) q12x − q−12x 1 f (q12x)f (q−12x) = − δq(f (x)) δqx f (q12x)f (q− 1 2x) , da qual resulta lim q→1 δq ³ 1 f (x) ´ δqx = −f0(x) f2(x).

q-integra¸c˜ao por partes

O pr´oximo lema generaliza a rela¸c˜ao (1.30) de [C2000] enquanto o teorema 1.9 generaliza a rela¸c˜ao (1.32) do mesmo trabalho.

Lema 1.6 Tem-se, para a, b ∈ IR , Z b a δqf (x) δqx dqx = q 1 2 ½h f (bq−12) − f (aq−12) i · lim n→+∞f (bq 1 2+n) − lim n→+∞f (aq 1 2+n) ¸¾ , desde que os limites envolvidos existam.

Dem. Das defini¸c˜oes (1.14) e (1.23) resulta, sucessivamente, Z b a δqf (x) δqx dqx = Z b a f (q12x) − f (q− 1 2x) (q12 − q−12)x dqx = − Z a 0 f (q12x) − f (q− 1 2x) (q12 − q−12)x dqx + Z b 0 f (q12x) − f (q− 1 2x) (q12 − q−12)x dqx donde, da defini¸c˜ao (1.15), Z b a δqf (x) δqx dqx = −(1 − q) " a +∞ X n=0 f (aq12+n) − f (aq− 1 2+n) a(q12 − q−12) − b +∞ X n=0 f (bq12+n) − f (bq− 1 2+n) b(q12 − q−12) # = q12 (+∞ X n=0 h f (aq12+n) − f (aq− 1 2+n) i +∞ X n=0 h f (bq12+n) − f (bq− 1 2+n) i) . Considerando Sk= k X n=0 h f ³ aq12+n ´ − f ³ aq−12+n ´i

(25)

e Tk= k X n=0 h f ³ bq12+n ´ − f ³ bq−12+n ´i tem-se Sk= f ³ aq12+k ´ − f ³ aq−12 ´ e Tk = f ³ bq12+k ´ − f ³ bq−12 ´ , e portanto, Z b a δqf (x) δqx dqx = q 1 2 ½h f (bq−12) − f (aq−12) i · lim k→+∞f (bq 1 2+k) − lim k→+∞f (aq 1 2+k) ¸¾ . ¤ Como consequˆencia deste ´ultimo lema temos os pr´oximos dois corol´arios.

Corol´ario 1.7 Se a , b ∈ IR e existem os limites lim

x→0+f (x) = f (0 +) , lim x→0−f (x) = f (0 ) ent˜ao Z b a δqf (x) δqx dqx = q 1 2 nh f (bq−12) − f (aq− 1 2) i − l(a, b) o onde l(a, b) =                      0 se ab > 0 , f (0+) − f (0) se a < 0 < b , f (0+) − f (0) se a = 0 < b , f (0) − f (0−) se a < 0 = b , f (0−) − f (0+) se b < 0 < a .

Corol´ario 1.8 Se a , b ∈ IR e f ´e cont´ınua em x = 0 ent˜ao Z b a δqf (x) δqx dqx = q12 h f (bq−12) − f (aq− 1 2) i .

O pr´oximo teorema cont´em um q-an´alogo da f´ormula de integra¸c˜ao por partes. Ser´a de crucial importˆancia na sec¸c˜ao 2.3.

Teorema 1.9 Se a , b ∈ IR tem-se Z b a g(q±12x)δqf (x) δqx dqx = − Z b a f (q∓12x)δqg(x) δqx dqx + q12 ½h (f g)(bq−12) − (f g)(aq− 1 2) i · lim n→+∞(f g)(bq 1 2+n) − lim n→+∞(f g)(aq 1 2+n) ¸¾ , (1.24)

desde que os limites envolvidos existam.

Dem. Da defini¸c˜ao do operador δq dada em (1.23) resulta

δq[f (x)g(x)] = f (q∓

1

2x)δqg(x) + g(q± 1

(26)

donde g(q±12x)δqf (x) δqx = −f (q 1 2x)δqg(x) δqx + δq[f (x)g(x)] δqx .

Usando, agora, nesta ´ultima identidade, o lema 1.6, obt´em-se imediatamente (1.24).

¤ Teorema 1.10 Se existem os limites

lim x→+∞f (x) = f (+∞) , limx→−∞f (x) = f (−∞) , limx→0+f (x) = f (0 +) e lim x→0−f (x) = f (0 ) ent˜ao Z +∞ −∞ δqf (x) δqx dqx = q 1 2 n f (+∞) − f (−∞) −¡f (0+) − f (0−)¢o. (1.26) Dem. Das defini¸c˜oes (1.23) e (1.18) resulta

Z +∞ −∞ δqf (x) δqx dqx = Z +∞ −∞ f (q12x) − f (q−12x) (q12 − q− 1 2)x dqx = (1 − q) +∞ X n=−∞ " f (q12+n) − f (q−12+n) q12+n− q− 1 2+n +f (−q 1 2+n) − f (−q−12+n) −q12+n+ q− 1 2+n # qn = 1 − q q−12(q − 1) +∞ X n=−∞ h f (qn+12) − f (qn− 1 2) − f (−qn+ 1 2) + f (−qn− 1 2) i = −q12 +∞ X n=−∞ h f (qn+12) − f (qn− 1 2) − f (−qn+ 1 2) + f (−qn− 1 2) i . Considerando Sk= k X n=0 h f (qn+12) − f (qn− 1 2) − ³ f (−qn+12) − f (−qn− 1 2) ´i e Tm= −m X n=−1 h f (qn+12) − f (qn−12) − ³ f (−qn+12) − f (−qn−12) ´i resulta Sk = f (−q−12) − f (q− 1 2) − ³ f (−q12+k) − f (q 1 2+k) ´ e Tm= f (q− 1 2) − f (−q−12) − ³ f (q−12−m) − f (−q−12−m) ´ , donde, Z +∞ −∞ δqf (x) δqx dqx = −q 1 2 µ lim k→+∞Sk+ limm→+∞Tm= −q12 ½ lim n→−∞ h f (−qn−12) − f (qn− 1 2) i + lim n→+∞ h f (qn+12) − f (−qn+ 1 2) i¾ ,

o que prova o pretendido.

(27)

Teorema 1.11 Se existem os limites lim x→+∞f (x) = f (+∞) e limx→0+f (x) = f (0 +) ent˜ao Z +∞ 0 δqf (x) δqx dqx = q 1 2 £ f (+∞) − f (0+)¤. (1.27)

Dem. Das defini¸c˜oes (1.23) e (1.17) obt´em-se Z +∞ 0 δqf (x) δqx dqx = Z +∞ 0 f (q12x) − f (q−12x) (q12 − q−12)x dqx = (1 − q) +∞ X n=−∞ " f (q12+n) − f (q− 1 2+n) q12+n− q−12+n # qn = −q12 +∞ X n=−∞ h f (qn+12) − f (qn− 1 2) i . Considerando Sk= k X n=0 h f (qn+12) − f (qn− 1 2) i e Tm= −m X n=−1 h f (qn+12) − f (qn−12) i resulta Sk= f (qk+ 1 2) − f (q− 1 2) e Tm = f (q− 1 2) − f (q−m− 1 2) donde, Z +∞ 0 δqf (x) δqx dqx = −q 1 2 µ lim k→+∞Sk+ limm→+∞Tm= −q12 · lim n→+∞f (q n+1 2) − lim n→−∞f (q n−1 2) ¸ ,

o que prova o pretendido.

¤ De modo an´alogo se prova o seguinte resultado.

Teorema 1.12 Se existem os limites lim x→−∞f (x) = f (−∞) e limx→0−f (x) = f (0 ) ent˜ao Z 0 −∞ δqf (x) δqx dqx = q 1 2 £ f (0−) − f (−∞)¤. (1.28)

(28)

1.4

q-Primitiva¸c˜

ao

Defini¸c˜ao 1.1 Dada uma fun¸c˜ao f , diremos que F (x, q) ´e uma q-primitiva de f se

δqF (x; q)

δqx = f (x) .

Teorema 1.13 Se f ´e uma fun¸c˜ao limitada ou cont´ınua na origem ent˜ao a fun¸c˜ao

F (x; q) = q−12 Z q1

2x

a

f (t)dqt ´e uma q-primitiva de f .

Dem. Consideremos a fun¸c˜ao G(x; q) = Z x a f (t)dqt . De (1.23) e (1.16) resulta, sucessivamente, δqG(x; q) δqx = G ³ q12x; q ´ − G ³ q−12x; q´ q12x − q−12x = − q 1 2 (1 − q)x Z q1 2x q− 12x f (t)dqt = − q 1 2 (1 − q)x " q12x(1 − q) +∞ X n=0 f ³ q12xqn ´ qn− q−12x(1 − q) +∞ X n=0 f ³ q−12xqn ´ qn # = −q12 · lim n→+∞q 1 2+nf ³ q12+nx ´ − q−12f ³ q−12x ´¸ = f ³ q−12x ´ − lim n→+∞q 1+nf³q1 2+nx ´ . (1.29) Assim, no caso de f ser limitada ou cont´ınua na origem tem-se

δqG(x; q) δqx = f ³ q−12x ´ .

Deste modo, por interm´edio de (1.29), podemos concluir, que para F (x; q) = q−12 Z q1 2x a f (t)dqt , δqF (x; q) δqx = f (x) . ¤

(29)

Fun¸c˜

oes sin

q

(z) e cos

q

(z) numa Rede

q-Linear

2.1

Introdu¸c˜

ao

Consideremos a equa¸c˜ao diferencial de segunda ordem

σy00+ λy = 0 , (2.1)

caso particular da equa¸c˜ao (1), correspondente a σ(z) = σ e τ (z) = 0 .

Uma das solu¸c˜oes da equa¸c˜ao diferencial linear de segunda ordem de cima ´e a fun¸c˜ao

expo-nencial y(z) = eαz, com λ/σ = −α2.

Em alternativa, a fun¸c˜ao exponencial f (z) = ez, definida no campo complexo ou apenas no

real, pode ser definida como a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial de primeira ordem

f0(z) = f (z) , sujeita `a condi¸c˜ao inicial f (0) = 1 .

Esta importante fun¸c˜ao, cuja primeira abordagem no campo real ´e feita no Ensino Se-cund´ario, satisfaz o teorema da adi¸c˜ao

ea+b = ea· eb, a, b ∈ C . (2.2)

Como consequˆencia da f´ormula de cima tem-se a identidade

ez· e−z= 1 , z ∈ C , a qual mostra que a fun¸c˜ao exponencial nunca se anula.

Por sua vez, se considerarmos o desenvolvimento em s´erie de Taylor, ou, particularmente, em s´erie de Maclaurin, ez= +∞ X n=0 zn n! , z ∈ C, (2.3)

constatamos, por interm´edio do teste D’Alembert, que a s´erie (2.3) ´e absolutamente convergente em cada ponto do plano complexo C e converge uniformemente em cada conjunto limitado, em particular em cada compacto do plano complexo pois

(30)

lim n→+∞ |z|n+1 (n + 1)! n! |z|n = limn→+∞ |z| n + 1 = 0 . (2.4)

Tamb´em o teste de Cauchy permite concluir sobre a convergˆencia pontual ou convergˆencia uniforme, pois de (2.4) resulta, sob as mesmas condi¸c˜oes,

lim n→+∞ n r |z|n n! = 0 A identidade de Euler,

eix= cos x + i sin x , x ∈ IR, (2.5)

´e uma consequˆencia directa de (2.3), representando cosx e sinx a parte real e a parte imagin´aria do complexo eix, respectivamente.

Do teorema da adi¸c˜ao (2.2), resulta imediatamente a seguinte ortogonalidade na circun-ferˆencia unit´aria 1 Z 0 eimx.e−inxdx = δm,n, onde δm,n = ( 1 se m = n 0 se m 6= n . (2.6)

O facto de f0(z) = ez para todo o z ∈ C permite-nos concluir que f (z) = ez ´e uma fun¸c˜ao anal´ıtica (ou holomorfa) em C, ou seja, ´e uma fun¸c˜ao inteira.

Conforme ´e referido em [C2000], os primeiros q-an´alogos da fun¸c˜ao exponencial foram intro-duzidos por F.H. Jackson. Mais recentemente, N.M. Atakishiyev e S.K. Suslov, por um lado, e M.E.H. Ismail e R. Zhang, por outro, apresentaram novos q-an´alogos.

2.2

Fun¸c˜

oes sin

q

(z) e cos

q

(z) numa rede q-quadr´

atica

Pelo que se expˆos na introdu¸c˜ao geral, sabemos que um q-an´alogo da equa¸c˜ao (2.1), numa determinada rede x(z) = C1q−z+ C

2qz n˜ao uniforme, ´e dado pela equa¸c˜ao

σ∇x1(z) µ ∇u(z) ∇x(z)+ λu(z) = 0 , (2.7)

onde, por (3), x1(z) = x(z + 12) . Considerando o operador δ das diferen¸cas sim´etrico

δf (z) := f µ z +1 2 ¶ − f µ z −1 2 ¶ = ∆f µ z −1 2 ¶ = ∇f µ z +1 2 ¶ , (2.8)

(2.7) pode escrever-se do seguinte modo

δ δx(z) µ δu(z) δx(z)+ µu(z) = 0 , (2.9) onde µ = λσ.

(31)

Em [C2000] mostra-se que um q-an´alogo da fun¸c˜ao exponencial, solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de diferen¸cas (2.9), ´e dado por

ε(z; iω) = ¡ −q−1/2C1C2ω2; q2 ¢ ¡ −q1/2C1C2ω2; q   2φ1    −C2 C1q 1+2z , −C1 C2q 1−2z ; q2, −C 1C2 ω 2 q1/2 q    + i1−qω x(z)2φ1    −C2 C1q 2+2z, −C1 C2q 2−2z ; q2, −C 1C2 ω 2 q1/2 q3       , (2.10) onde ρ ≡ ρ(z) = iω com ρ2 = −λ

σ(1 − q)

2. Assim, os correspondentes q-an´alogos das fun¸c˜oes

trigonom´etricas, por analogia com (2.5), na rede x(z) = C1q−z+ C2qz, s˜ao definidos por

cosq(z; ω) = ¡ −q−1/2C 1C2ω2; q2 ¢ ¡ −q1/2C1C2ω2; q 2φ1    −C2 C1q 1+2z, −C1 C2q 1−2z ; q2, −C 1C2 ω 2 q1/2. q    (2.11) e sinq(z; ω) = ¡ −q−1/2C 1C2ω2; q2 ¢ ¡ −q1/2C1C2ω2; q ωx(z) 1 − q 2φ1    −C2 C1q 2+2z, −C1 C2q 2−2z ; q2, −C 1C2 ω 2 q1/2 q3    . (2.12) Quando conveniente, tomaremos as nota¸c˜oes cosq(x; ω) e sinq(x; ω) nos lugares de,

respecti-vamente, cosq(z; ω) e sinq(z; ω) .

Da aplica¸c˜ao directa do operador δ , definido em (2.8), resulta, ver [C2000] ou [S1997],

δcosq(x; ω) δx(z) = − ω 1 − qsinq(x; ω) (2.13) e δsinq(x; ω) δx(z) = ω 1 − q cosq(x; ω) . (2.14)

Tal como referimos anteriormente, representaremos indistintamente u(x(z)) por u(z) ou por

u(x) . Assim, o operador δ , definido em (2.8), e o operador de diferen¸cas sim´etrico δq, definido

em (1.23), s˜ao equivalentes quando x = x(z) ´e uma rede linear do tipo x(z) = Cqz pois, nesse

caso, δu(z) = δqu(x) . Notar que se x(z) = Cq−z ent˜ao δu(z) = −δqu(x) .

Assim, no caso duma rede x(z) = Cqz, pode escrever-se δqcosq(x; ω) δqx(z) = δcosq(x; ω) δx(z) = − ω 1 − qsinq(x; ω) (2.15) e δqsinq(x; ω) δqx(z) = δsinq(x; ω) δx(z) = ω 1 − q cosq(x; ω) . (2.16)

(32)

2.3

Fun¸c˜

oes sin

q

(z) , cos

q

(z) numa rede q-linear

Vamos considerar q-an´alogos das fun¸c˜oes trigonom´etricas, correspondentes a uma rede q-linear, que podem encontrar-se em [AS1992], em [S1997] ou em [C2000], sendo estes equivalentes aos introduzidos por H. Exton em [E1983].

Consideremos a rede x(z) = C1q−z+C2qz e tomemos C1 → 0 e C2= 1 . Como consequˆencia,

a rede transforma-se em x(z) = qz e (2.10) em ²(z; ω) = 1φ1   0 ; q2, ω2q1/2x2(z) q + i ω 1−qx(z)1φ1   0 ; q2, ω2q3/2x2(z) q3   . (2.17) De salientar que se poderia considerar C2 como uma constante arbitr´aria. Tomar C2 = 1 corresponde a uma simples mudan¸ca de vari´avel linear.

Tomando C1→ 0 e C2 = 1 em (2.11) e (2.12), ou directamente da equa¸c˜ao (2.17), podemos

considerar os seguintes q-an´alogos das fun¸c˜oes trigonom´etricas

cosq(z; ω) = 1φ1   0 ; q2, ω2q12+2z q   e sinq(z; ω) = 1 − qω qz1φ1   0 ; q2, ω2q32+2z q3   . Alternativamente, tamb´em podemos escrever

cosq(x; ω) = 1φ1   0 ; q2, q1/2(ωx)2 q   (2.18) e sinq(x; ω) = 1 − qω x1φ1   0 ; q2, q3/2(ωx)2 q3   , (2.19)

com x ≡ x(z) = qz, ou, simplesmente,

cq(x) ≡ cosq(x) = 1φ1   0 ; q2, q1/2x2 q   (2.20) e sq(x) ≡ sinq(x) = 1 − qx 1φ1   0 ; q2, q3/2x2 q3   . (2.21)

De (2.20), (2.21) e (1.12) resultam as seguintes rela¸c˜oes entre as fun¸c˜oes trigonom´etricas cl´assicas

coseno e seno e os respectivos q-an´alogos (2.20) e (2.21):

lim

q→1cq[(1 − q)x] = cos x (2.22)

e

lim

(33)

δ-diferencia¸c˜ao

Considerando C1→ 0 e C2= 1 nas f´ormulas (2.13) e (2.14) resulta          δ δxcq(x; ω) = − ω 1−qsq(x; ω) δ δxsq(x; ω) = ω 1−qcq(x; ω) . (2.24)

Os mesmos resultados podem ser obtidos por aplica¸c˜ao directa do operador δ

δx aos q-an´alogos (2.18) e (2.19). Por exemplo, δ δxsq(x; ω) = δ δx ωx 1 − q +∞ X k=0 (−1)k¡q2¢(k2) (q2, q3; q2) k ³ ω2q3/2x2 ´k  = ω 1 − q +∞ X k=0 (−1)kqk(k−1) (q2, q3; q2) k ³ ω2q3/2 ´kδx2k+1 δx = ω 1 − q +∞ X k=1 (−1)kqk(k−1) (q2, q; q2) k (1 − q)qk 1 − q2k+1 ³ ω2q1/2 ´kq2k+1 2 − q− 2k+1 2 q12 − q−12 x2k, e portanto, δ δxsq(x; ω) = ω 1 − q +∞ X k=0 (−1)k¡q2¢(k2) (q2, q; q2) k ³ ω2q1/2x2 ´k ou seja, δsq(x; ω) δx = ω 1 − qcq(x; ω) . ¤ 2.3.1 Propriedades

Considerando x = 1 nas identidades (2.24), estas podem tomar a forma seguinte:

cq(q12ω) − cq(q− 1 2ω) = q− 1 2ω sq(ω) (2.25) e sq(q12ω) − sq(q− 1 2ω) = −q− 1 2ω cq(ω) . (2.26)

Estas ´ultimas rela¸c˜oes permitem obter uma vasta gama de outras rela¸c˜oes.

Observa¸c˜ao. ´E conhecido, ver por exemplo [C2000], que o conjunto dos zeros da fun¸c˜ao

sq(z) ´e um subconjunto numer´avel de R. Assim, para destacar este facto, denotaremos os zeros

positivos daquela fun¸c˜ao por ωk, k = 1, 2, 3, . . . , ordenados por ordem crescente de grandeza.

A pr´oxima proposi¸c˜ao ´e uma consequˆencia directa de (2.25) e (2.26). Pode ser encontrada em [C2000].

(34)

Proposi¸c˜ao 2.1 Se ωk ´e um dado zero da fun¸c˜ao sq(ω) ent˜ao cq(q 1 2ωk) = cq(q− 1 2ωk) , (2.27) sq(qωk) = −ωkcq(q12ωk) (2.28) e sq(qωk) = −qsq µ ωk q. (2.29)

Doravante, ser´a adoptada a conven¸c˜ao usual sobre uma soma, na sua forma abreviada, ou

somat´orio: quando o respectivo ´ındice superior for menor que o ´ındice inferior considera-se que

a correspondente soma ´e zero. Lema 2.2 Para n = 0, 1, 2, . . . , cq ³ q12+nω ´ = q12ω n−1 X i=0 qisq ¡ q1+iω¢+ cq ³ q12ω ´ . (2.30)

Dem. Faremos uso do m´etodo de indu¸c˜ao sobre n . Para n = 0 obtemos a identidade

cq ³ q12ω ´ = q12ω · 0 + cq ³ q12ω ´ ,

a qual ´e uma proposi¸c˜ao verdadeira. Para n = 1 tem-se,

cq ³ q12+1ω ´ = q12ωsq(qω) + cq ³ q12ω ´ ,

tamb´em verdadeira por (2.25).

Como hip´otese indutiva, admitamos que (2.30) ´e uma proposi¸c˜ao verdadeira para um na-tural n qualquer fixo. Mostremos que continua ainda v´alida para o nana-tural seguinte: de facto, novamente por (2.25), cq ³ q12+(n+1)ω ´ = cq ³ q12+nω ´ + q12+nωsq¡qn+1ω¢, (2.31) e portanto, pela hip´otese indutiva,

cq ³ q12+(n+1)ω ´ = q12ω n−1 X i=0 qisq ¡ q1+iω¢+ cq ³ q12ω ´ + q12+nωsq ¡ qn+1ω¢ = q12ω n X i=0 qisq ¡ q1+iω¢+ cq ³ q12ω ´ , (2.32)

o que prova a nossa tese. Assim, al´em da identidade (2.30) ser v´alida quando n = 0, o princ´ıpio de indu¸c˜ao matem´atica garante-nos que ela ´e universal em N.

¤ Corol´ario 2.3 Se sqk) = 0 ent˜ao, para n = 0, 1, 2, . . . ,

ωkcq ³ q12+nωk ´ = q12ωk2 n−1 X i=0 qisq¡q1+iωk¢− sq(qωk) . (2.33)

(35)

Dem. ´E consequˆencia directa do lema anterior e de (2.28).

¤ Corol´ario 2.4 Para n = 0, 1, 2, . . . ,

sq ¡ q1+nω¢= sq(qnω) − q 1 2+nω2 n−1X i=0 qisq ¡ q1+iω¢− qnωcq ³ q12ω ´ . (2.34) Dem. De (2.26) resulta sq ¡ q1+nω¢= sq(qnω) − qnωcq ³ q12+nω ´ , (2.35)

e portanto, resta usar (2.30).

¤ Corol´ario 2.5 Se sqk) = 0 ent˜ao, para n = 0, 1, 2, . . . ,

sq(q1+nωk) = sq(qnωk) − q 1 2+nω2 k n−1 X i=0 qisq(q1+iωk) + qnsq(qωk) . (2.36)

Dem. Este corol´ario coincide com o lema 2.8 de [C2000]. Para o provar basta combinar o corol´ario anterior com (2.28).

¤ Os dois pr´oximos resultados foram apresentados e demonstrados em [C2000]. Na respectiva demonstra¸c˜ao foi usado o m´etodo de indu¸c˜ao matem´atica.

Proposi¸c˜ao 2.6 Se sq(ωk) = 0 ent˜ao

sq(q1+nωk) = sq(qωk)Pnk2) , n = 0, 1, 2, . . . , (2.37)

onde Pn(ω2k) ´e um polin´omio de grau n em ωk2.

A express˜ao expl´ıcita encontrada para os polin´omios Pn(ωk2) , n = 0, 1, 2, . . . , ´e dada por Pn(ωk2) = n X j=0 (−1)jqj(j+12) ¡ q1+n−j; q¢2j+1 (q; q)2j+1 ¡ ω2k¢j . (2.38)

Teorema 2.7 Sendo m e j inteiros n˜ao-negativos tais que 0 ≤ m ≤ j tem-se

n−1 X i=0 qi−m¡q1+i−m; q¢j = (q n−m; q) j+1 1 − qj+1 , n = 0, 1, 2, . . . . (2.39)

Observa¸c˜ao: Refira-se, como curiosidade not´avel, que se tomarmos j = 0 = m no teorema 2.7, obtemos a bem conhecida f´ormula para traduzir a soma de n termos duma progress˜ao geom´etica cujo primeiro termo ´e 1 e cuja raz˜ao ´e q :

n−1 X i=0 qi = 1 − q n 1 − q .

O pr´oximo resultado ´e um corol´ario do teorema 2.7. De facto, por interm´edio da proposi¸c˜ao 1.1, pode ser obtido tomando o limite quando q → 1 em (2.39). Tamb´em pode ser provado directamente, conforme veremos, usando o princ´ıpio de indu¸c˜ao matem´atica.

(36)

Corol´ario 2.8 Sendo m e j inteiros n˜ao-negativos tais que 0 ≤ m ≤ j tem-se n X k=1 (k − m)j = (n − m)j+1 j + 1 , n = 0, 1, 2, . . . . (2.40)

Dem. Usaremos indu¸c˜ao sobre n .

Para n = 0 , (2.40) transforma-se numa proposi¸c˜ao verdadeira.

Admitamos que a condi¸c˜ao que figura em (2.40) se transforma numa proposi¸c˜ao verdadeira para o inteiro n = r − 1 e provemos que ´e tamb´em verdadeira para o inteiro seguinte: tem-se, sucessivamente, r X k=1 (k − m)j = r−1 X k=1 (k − m)j+ (r − m)j = (r − 1 − m)j+1 j + 1 + (r − m)j = (r − m)j £ (r − 1 − m) + (j + 1)¤ j + 1 = (r − m)j(r + j − m) j + 1 = (r − m)j+1 j + 1 .

O princ´ıpio de indu¸c˜ao matem´atica mostra-nos que (2.40) ´e uma proposi¸c˜ao verdadeira. ¤ Observa¸c˜ao: De modo an´alogo ao feito acima, podemos obter uma f´ormula de c´alculo cl´assica, relativa `a soma de n termos duma progress˜ao aritm´etica. Para esse efeito tomemos

j = 1 e m = 0 em (2.40). Resulta, n X k=1 k = n(n + 1) 2 .

Vamos, agora, apresentar resultados similares ao corol´ario 2.5 e proposi¸c˜ao 2.6 para o caso da fun¸c˜ao cq(x) . Para esse efeito, necessitamos do pr´oximo lema.

Lema 2.9 Se sq(ωk) = 0 tem-se, para n = 0, 1, 2, . . . ,

sq(qnωk) = −ωk n−1X i=0 qicq(q 1 2+iωk) . (2.41)

Dem. A demonstra¸c˜ao ´e feita por indu¸c˜ao sobre a vari´avel natural n .

Para n = 0 a condi¸c˜ao (2.41) transforma-se numa proposi¸c˜ao verdadeira. Tamb´em podemos notar que, devido a (2.28), o mesmo se passa quando n = 1 .

Admitamos que a referida condi¸c˜ao ´e uma proposi¸c˜ao verdadeira para um dado natural n e, mediante essa hip´otese, provemos que a mesma continua v´alida para o natural seguinte: tem-se, por (2.26),

sq(qn+1ωk) = sq(qnωk) − qnωkcq(q

1

(37)

e portanto, pela hip´otese indutiva, sq(qn+1ωk) = −ωk n−1 X i=0 qicq(q 1 2+iωk) − qnωkcq(q 1 2+nωk) = −ωk n X i=0 qicq(q 1 2+iωk) o que prova o pretendido.

¤ Tem-se, ent˜ao, o resultado seguinte:

Corol´ario 2.10 Se sq(ωk) = 0 tem-se, para n = 0, 1, 2, . . . , cq(q 1 2+nωk) = cq(q 1 2+(n−1)ωk) − q 1 2+(n−1)ω2 k n−1 X i=0 qicq(q 1 2+iωk) . (2.42) Dem. De (2.25) resulta cq(q12+nωk) = cq(q 1 2+(n−1)ωk) + q 1 2+(n−1)ωksq(qnωk) , donde, o resultado segue-se imediatamente do lema anterior.

¤ Lema 2.11 Se sq(ωk) = 0 ent˜ao, para n = 0, 1, 2, . . . ,

cq(q12+nωk) = cq(q 1

2ωk)Qn2k) , (2.43)

onde Qn(ω2k) ´e um polin´omio de grau n em ωk2.

A express˜ao expl´ıcita dos polin´omios Qn(ω2k) , n = 0, 1, 2, . . . , ´e dada por Qn2k) = n X j=0 (−1)jqj(j−12) ¡ q1+n−j; q¢ 2j (q; q)2j ¡ ω2k¢j . (2.44)

Dem. A demonstra¸c˜ao de (2.44) foi feita em [C2000] pelo que apresentamos apenas a prova de (2.43).

Para n = 0 a igualdade ´e trivial.

Suponhamos, como hip´otese indutiva, que

cq(q

1

2+iωk) = cq(q 1

2ωk)Qik2) , 0 ≤ i ≤ n − 1 ,

onde Qi(x) representa um polin´omio de grau i em x. Usando (2.42) e a hip´otese indutiva resulta

sucessivamente cq(q 1 2+nωk) = cq(q 1 2+(n−1)ωk) − q12+(n−1)ω2 k n−1 X i=0 qicq(q 1 2+iωk) = cq(q12ωk)Qn−12k) − q 1 2+(n−1)ωk2 n−1 X i=0 qicq(q12ωk)Qik2) = cq(q 1 2ωk) " Qn−1(ωk2) − q 1 2+(n−1)ω2 k n−1 X i=0 qiQi(ωk2) # ,

(38)

onde a express˜ao dentro de parˆentesis rectos ´e um polin´omio de grau n em ω2

k, o que mostra,

invocando o princ´ıpio de indu¸c˜ao matem´atica, que a proposi¸c˜ao do enunciado ´e verdadeira para todo o inteiro n˜ao negativo n .

¤

2.3.2 Rela¸c˜oes de ortogonalidade

Condi¸c˜oes de Fronteira

Tomemos duas solu¸c˜oes u1(x) e u2(x) da equa¸c˜ao (2.9), relativas aos valores pr´oprios −λ1

e −λ2 , respectivamente. Prossigamos, agora, atrav´es da t´ecnica de Sturm-Liouville, isto ´e,

multipliquemos cada uma das equa¸c˜oes correspondentes pela solu¸c˜ao da outra e fa¸camos a diferen¸ca entre as equa¸c˜oes da´ı resultantes:

1− λ2)u1(x)u2(x) = u1(x)δδq qx µ δqu2(x) δqx− u2(x)δδq qx µ δqu1(x) δqx. (2.45)

Definindo o q-Wronskiano das diferen¸cas por

W (u1(x), u2(x)) = u1(q 1 2x) δq δqx[u2(x)] − u2(q 1 2x) δq δqx[u1(x)] , (2.46) podemos escrever 1− λ2)u1(x)u2(x) = δδq qx(W (u1(x), u2(x))) . (2.47)

A defini¸c˜ao do q-integral da sec¸c˜ao 1.3 permite-nos escrever a igualdade 1− λ2) Z b a u1(x)u2(x)dqx = Z b a δq δqx £ W (u1(x), u2(x)) ¤ dqx , (2.48)

a qual pelo lema (1.6), resulta em 1− λ2) Z b a u1(x)u2(x)dqx = q 1 2 h W ³ u1(bq−1/2), u2(bq−1/2) ´ − W ³ u1(aq−1/2), u2(aq−1/2) ´i q12 · lim n→+∞W ³ u1(bq1/2+n), u2(bq1/2+n) ´ − lim n→+∞W ³ u1(aq1/2+n), u2(aq1/2+n) ´¸ . (2.49) Procuremos, agora, condi¸c˜oes de fronteira que permitam determinar rela¸c˜oes de ortogonali-dade entre as fun¸c˜oes sq(ωx) e cq(ωx) .

Tomemos no segundo membro da equa¸c˜ao (2.49), u1(x) = cq(q1/2ω

1x) e u2(x) = cq(q1/2ω2x) .

Pelo que observ´amos acima e por (2.13) e (2.14) resulta, ent˜ao, da continuidade da fun¸c˜ao wrons-quiano (2.46) associada a u1 e u2, q12 h cq(bq1/2ω1)−q 1/2ω 2 1−q sq(bω2) − cq(bq1/2ω2)−q 1/2ω 1 1−q sq(bω1) i q12 h cq(aq1/2ω1)−q 1/2ω 2 1−q sq(aω2) − cq(aq1/2ω2)−q 1/2ω 1 1−q sq(aω1) i , ou seja, q 1−q © ω1 £ sq(bω1)cq(bq1/2ω2) − sq(aω1)cq(aq1/2ω2) ¤ ω2 £ sq(bω2)cq(bq1/2ω1) − sq(aω2)cq(aq1/2ω1) ¤ª .

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