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Programa de enfermagem de reabilitação para a independência funcional dos idosos

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE SÃO JOÃO DE DEUS

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DR LOPES DIAS

PROGRAMA DE ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO PARA

A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL DOS IDOSOS

Luís Manuel Amador Ribeiro

Orientação: Professor Doutor Rogério Manuel Ferrinho Ferreira

Mestrado em Enfermagem

Área de Especialização: Enfermagem de Reabilitação

Relatório de Estágio

(2)

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE SÃO JOÃO DE DEUS

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DR LOPES DIAS

PROGRAMA DE ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO PARA

A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL DOS IDOSOS

Luís Manuel Amador Ribeiro

Orientação: Professor Doutor Rogério Manuel Ferrinho Ferreira

Mestrado em Enfermagem

Área de Especialização: Enfermagem de Reabilitação

Relatório de Estágio

(3)
(4)

“Tememos a velhice quase tanto como tememos não viver o suficiente para a atingir.”

(5)

RESUMO

O processo de envelhecimento é um processo natural e progressivo, influenciado por múltiplos fatores e ao qual deve ser dado particular relevância na qualidade de vida.

A reabilitação dos idosos deve ter especial incidência na limitação da funcionalidade e no restabelecimento de eventuais funções perdidas, responsáveis pela diminuição da aptidão funcional para o desempenho das atividades básicas de vida diária.

O Colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação definiu como prioritário a intervenção do Enfermeiro de Reabilitação na dependência, no autocuidado e na promoção do envelhecimento ativo.

O enfermeiro especialista em Enfermagem de Reabilitação tem intervenção ativa na capacitação da pessoa com limitação.

Este relatório de estágio propõe-se analisar criticamente a implementação de um programa de exercícios de aptidão funcional para a independência funcional de idosos, visando a aquisição e desenvolvimento de competências de especialista e de mestre.

(6)

ABSTRAT

Rehabilitation Nursing Program for the Functional Independence of the Elderly

The aging is a natural and progressive process, influenced by multiple factors and which should be given particular importance on quality of life.

The rehabilitation of the elderly should have a special impact on the limitation of functionality and on the restoration of eventual lost functions, responsible for reduction of functional fitness for the performance of basic activities of daily living.

The Specialty College of Rehabilitation Nursing, has set as a priority the Rehabilitation nurse intervention on dependency, in self-care and in promoting active aging.

The nurse specialist in Rehabilitation Nursing has active intervention in the training of the person with limitation.

This internship report proposes critically analyze the implementation of a functional fitness exercises program for the functional independence of the elderly, aiming the acquisition and development of specialist and master skills.

(7)

AGRADECIMENTOS

Expresso o meu sincero agradecimento.

Ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, EPE – Hospital de Faro, na pessoa da Senhora Enfermeira Diretora, pela oportunidade de realizar a Unidade Curricular Estágio Final e ganho de competências de Enfermeiro Especialista no Serviço de Medicina 3.

À Senhora Enfermeira Supervisora e Especialista em Enfermagem de Reabilitação Fernanda Henriques pela motivação, contributo e reconhecimento.

À Senhora Enfermeira em Funções de Chefia e Especialista em Enfermagem de Reabilitação Fernanda Guerreiro, pelo estímulo, contributo e reconhecimento.

Ao Senhor Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação Vasco Fernandes pela atenção, dedicação, tempo e empenho no desenvolvimento das atividades e competências de enfermeiro especialista.

À Senhora Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação Marta Afonso pelo seu contributo no desenvolvimento de competências de enfermeiro especialista.

À equipa de Enfermagem e multidisciplinar, pelo acolhimento, contribuição e amizade.

Ao Senhor Professor Doutor Rogério Ferreira, a disponibilidade, perseverança e tutoria da Unidade Curricular Estágio Final e presente relatório.

Ao Senhor Enfermeiro em Funções de Chefia da Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), EPE e Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica António Cavaco pelo tempo concedido à realização deste mestrado.

À equipa multidisciplinar da Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente da ULSBA, EPE pelas palavras de incentivo e preocupação.

Aos meus dois colegas e verdadeiros amigos, Susana e Paulo pela paciência, compreensão e articulação com que trabalhamos para o atingir de um objetivo comum.

(8)

À minha irmã e aos meus pais, pelo apoio, paciência, trabalho, partilha, orgulho e motivação.

(9)

ÍNDICE

Pág.

1. INTRODUÇÃO………..

14

2. APRECIAÇÃO DO CONTEXTO………..…………..

19

2.1. Caracterização do Centro Hospitalar Universitário do Algarve,

EPE………..

.

19

2.2. Caracterização do Serviço de Medicina 3………

20

2.2.1. Análise da produção de cuidados……… 21

2.2.2. Análise da população………...………. 24

3. PROJETO

DE

INTERVENÇÃO

PROFISSIONAL:

“PROGRAMA DE ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO

PARA

A

INDEPENDÊNCIA

FUNCIONAL

DOS

IDOSOS”.………...

26

3.1. Independência Funcional do Idoso e os Cuidados de

Enfermagem de Reabilitação………

26

3.1.1. Independência funcional do idoso……… 26

3.1.2. As alterações antropométricas associadas ao envelhecimento………... 31

3.1.3. A dimensão do envelhecimento ativo……… 33

3.1.4. Os cuidados de enfermagem de reabilitação……… 37

3.2. Objetivos……….

40

3.3. Metodologia……….

41

3.3.1. Amostra………..…………. 42

3.3.2. Instrumentos de colheita de dados……… 44

3.3.3. Organização dos cuidados de enfermagem de reabilitação……… 50

3.3.4. Procedimentos éticos e formais………. 55

3.4. Resultados………...

57

3.5. Discussão dos Resultados………..

70

(10)

ADQUIRIDAS………

4.1.

Competências

Comuns

do

Enfermeiro

Especialista……….…..

75

4.2.

Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em

Enfermagem de Reabilitação………..

80

4.3.

Competências de Mestre……….

83

5. ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE O PROCESSO DE

AVALIAÇÃO E CONTROLO………

86

6. CONCLUSÃO………

87

(11)

ÍNDICE DE ANEXOS

Pág.

Anexos………. CI

Anexo A – Escala de Coma de Glasgow ………...………. CII Anexo B – Functional Fitness Test for Older Adults ……… CIV Anexo C – Escala de Barthel – Norma n.º 054/2011 da Direção Geral da Saúde . CXII Anexo D – Escala de Coma de Glasgow – Folha de Registos ………... CXV Anexo E – Escala de Barthel – Folha de Registos ………. CVII Anexo F – Exercícios de Aptidão Funcional de Rikli e Jones – Folha de

Registos CXX

Anexo G – Consentimento Informado ………... CXXIII Anexo H - Pedido de Parecer à Comissão de Ética do Centro Hospitalar

Universitário do Algarve, E.P.E……….… CXXVI

Anexo I - Parecer da Comissão de Ética do Centro Hospitalar Universitário do

Algarve, E.P.E……….… CXXX

Anexo J - Pedido de Parecer à Comissão de Ética – Área da Saúde e do

Bem-Estar da Universidade de Évora……….…… CXXXII

Anexo K – Parecer à Comissão de Ética – Área da Saúde e do Bem-Estar da

(12)

ÍNDICE DE FIGURAS

Pág. Figura n.º1 – Levantar e Sentar na cadeira………..……... 51 Figura n.º2 – Flexão do Antebraço………. 52 Figura n.º3 – Sentado e Alcançar……… 52 Figura n.º4 Sentado, Caminhar 2,44 metros e Voltar a

Sentar………. 53 Figura n.º5 – Alcançar Atrás das Costas……… 54 Figura n.º6 – Andar 6 Minutos………... 54

(13)

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Pág.

Gráfico n.º1 – Programa de Enfermagem de Reabilitação ………...…... 58

Gráfico n.º2 – Grau de Independência Funcional da Amostra Inicial…………. 59

Gráfico n.º3 – Exercício de Sentar e Levantar da Cadeira……….. 61

Gráfico n.º4 – Exercício de Flexão do Antebraço……….. 62

Gráfico n.º5 – Exercício de Sentado e Alcançar………. 63

Gráfico n.º6 – Exercício de Alcançar Atrás das Costas……….. 64

Gráfico n.º7 – Exercício de Sentado, Caminhar 2,44 metros e Voltar a Sentar 65 Gráfico n.º8 – Exercício de Andar 6 minutos………. 66

Gráfico n.º9 – Ganho de Independência Funcional da Pessoa 1……… 67

(14)

ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela n.º1 – Caraterização da Amostra………...………. 43

Tabela n.º2 – Escala de Coma de Glasgow………. 45

Tabela n.º3 – Avaliação Padronizada: Escala de Barthel ……… 48

Tabela n.º4 – Scores da Escala de Barthel: grau de dependência ……… 49

Tabela n.º5 – Número de Sessões de Exercícios e Avaliação da Independência Funcional Realizadas ……… 58

Tabela n.º6 – Avaliação da Dependência Funcional (n=2)……… 60

Tabela n.º7 – Ganho de Independência Funcional por Atividade de Vida da Pessoa 1 ……… 67

Tabela n.º8 – Ganho de Independência Funcional por Atividade de Vida da Pessoa 2………..……… 69

Tabela n.º9 – Composição Corporal da Pessoa 1 ……… 69

(15)

LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS e SÍGLAS

APA – American Psychological Association

Cm - Centímetros

DGS – Direção Geral da Saúde

EPE - Entidade Pública Empresarial

EE – Enfermeiro Especialista

EEER – Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação

INE – Instituto Nacional de Estatística

Kg- Quilograma

Kg/m2 – Quilograma por metro quadrado

m - Metro

m2 – Metro Quadrado

OE – Ordem dos Enfermeiros

OMS – Organização Mundial da Saúde

SAPE – Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem

ULSBA – Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo

(16)

1. INTRODUÇÃO

No âmbito da unidade curricular de Relatório do Curso de Mestrado em Enfermagem em Associação – Ramo de Especialização em Enfermagem de Reabilitação, foi proposto a realização de um relatório sobre as competências comuns e específicas de enfermeiro especialista e de mestre adquiridas e desenvolvidas na unidade curricular de Estágio Final. Os períodos de prática clínica permitem ao estudante efetuar uma aprendizagem exclusiva e profissional, fortalecendo e expandindo novos saberes (Simões, Alarcão, & Costa, 2008).

O presente relatório pretende expor de forma detalhada o planeamento, implementação e avaliação do “Programa de Enfermagem de Reabilitação para a Independência Funcional dos Idosos”, enquadrado numa dinâmica de formação que possibilitou a aquisição e desenvolvimento de competências de enfermeiro especialista e de mestre.

O relatório é uma sistematização do desenvolvimento deste projeto de investigação (Ruivo et al., 2010) e que permite a interpretação da informação de modo sintetizado e o conhecimento (Schiefer et al., 2006).

De acordo com o Regulamento das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista (2011b) elaborado pela Ordem dos Enfermeiros [OE], o enfermeiro especialista centra o seu saber num domínio específico da enfermagem, objetivando as respostas humanas e os problemas de saúde ao longo do ciclo da vida das pessoas elaborando juízos clínicos e intervenções especializadas, manifestadas por um distinto grau de adaptação dos cuidados às necessidades de saúde das pessoas.

Por competências comuns do Enfermeiro Especialista (EE), define a OE (2011), as que são comuns e partilhadas por todos os enfermeiros especialistas, independentemente da sua área de especialização, manifestadas por uma distinta capacidade de realização, gestão e supervisão dos cuidados, bem como a educação dos indivíduos/família, de orientação, liderança e capacidade de formação e investigação.

Subdivide ainda as competências que são do domínio da responsabilidade profissional, ética e legal, no domínio da melhoria contínua da qualidade, no domínio da gestão de cuidados e no domínio das aprendizagens profissionais.

(17)

No que respeita às competências específicas do EE, a OE (2011) define que resultam das respostas humanas aos modos de vida e aos problemas de saúde e do domínio de intervenção definida para cada área de especialização.

Tomando por base os juízos clínicos e as intervenções especializadas, o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER), e face ao exposto no Regulamento das Competências Específicas do EEER da OE (2011b), o enfermeiro especialista tem competências para desenhar, implementar, monitorizar e avaliar um plano de cuidados diferenciado, tendo em conta os problemas reais e potenciais das pessoas. A sua formação e competências, permitem aos enfermeiros especialistas de reabilitação intervir num plano de cuidados na fase aguda da doença, mantendo-o em prática na fase crónica, quer no hospital quer no domicílio, englobando os familiares/cuidadores no processo de reaprendizagem e readaptação das capacidades do individuo.

Nesta linha de pensamento, o enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação desenvolve técnicas especificas e intervém na educação dos doentes e pessoas significativas, no planeamento da alta e continuidade dos cuidados, promovendo assim, a qualidade de vida.

A enfermagem de reabilitação produz ganhos de saúde em todos os domínios de intervenção quer os mesmos sejam produzidos no âmbito da prevenção ou restabelecimento de incapacidades, capacitando a pessoa a uma maior autonomia (Regulamento n.º 350/2015 de 22 de junho da Ordem dos Enfermeiros).

Hesbeen (2003) refere-se à reabilitação como uma missão multidisciplinar fundamentada numa prática baseada em evidências, garantindo à pessoa com incapacidade e à sua família recursos de forma a minimizar ou ultrapassar obstáculos geradores de desvantagem.

A saúde dos idosos é conforme diz Alencar et al. (2011), influenciada por fatores físicos, psicológicos, sociais e culturais, à qual deve ser efetuada uma abordagem multidisciplinar, procurando o enfoque na qualidade de vida, mantendo, prevenindo ou reabilitando a sua saúde. Os autores descrevem a reabilitação como um método constante e gradual de mudança em função dos objetivos estabelecidos com o individuo e sua família procurando a reintegração na família, comunidade e sociedade.

(18)

Relativamente, ao processo de reabilitação da pessoa idosa, Alencar et al. (2011), descreve que este processo visa a estabilização do problema principal, a prevenção de complicações, como a limitação da funcionalidade, o restabelecimento de funções perdidas que podem causar diminuição da aptidão funcional para o desempenho de atividades básicas de vida diária, a adaptação ao meio ambiente envolvente e do meio à pessoa e a promoção do ajuste familiar.

A aptidão funcional é descrita por Preto, Gomes, Novo, Mendes e Granero-Molina (2016), como fundamental para uma realização independente das atividades de vida diárias, na qual se inclui exercícios de flexibilidade, equilíbrio, força e treino aeróbico. Esta premissa foi descrita com base em Rikli e Jones (2008), que afirmava que a aptidão funcional permitia uma execução das atividades de vida diária, de forma segura, independente e sem gastos energéticos excessivos visando a funcionalidade e a qualidade de vida da pessoa. A realização de exercícios ativos e resistidos pelos idosos permite a melhoria da sua qualidade de vida e desempenho funcional.

Uma correta avaliação da aptidão funcional permite compreender de forma eficaz a doença e as comorbilidades associadas, mas também avaliar a capacidade funcional para a realização das atividades de vida diária. A avaliação funcional faz parte dos cuidados de Enfermagem de Reabilitação, permitindo aos Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Reabilitação identificar, concretizar e avaliar as necessidades, em particular nas atividades de vida diárias, de cada individuo.

A dependência no autocuidado e a promoção do envelhecimento ativo são áreas de intervenção prioritárias para a Enfermagem de Reabilitação, conforme parecer emitido pela Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros (2015).

Conhecer o grau de dependência da pessoa, permite que os cuidados de enfermagem de reabilitação prestados contribuam para a sua autonomia e aperfeiçoamento dos cuidados, considerando as necessidades e intervenções que visem a obtenção de ganhos na autonomia nas suas atividades de vida diária.

(19)

Na obra de Hoeman (2011), a reabilitação centra-se em pressupostos teóricos e científicos, trabalha com a pessoa traçando objetivos para maximizar a independência funcional nas atividades de vida diárias, promovendo o autocuidado, prevenindo complicações e consequentes incapacidades. A reabilitação promove comportamentos de adaptação positiva, assegurando acessibilidade e continuidade de cuidados na procura incessante da melhoria da qualidade de vida.

O relatório sobre o projeto de intervenção profissional “Programa de Enfermagem de Reabilitação para a Independência Funcional da Pessoa Idosa” decorrido ao longo de 16 semanas no Serviço de Medicina 3 do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, EPE – Hospital de Faro, tem como objetivos:

- Organizar as reflexões realizadas ao longo da Unidade Curricular Ensino Clínico;

- Preparar o candidato a Mestre para o debate e discussão sobre o programa implementado, aprendizagens e competências adquiridas;

- Desenvolver competências de enfermeiro especialista;

- Adquirir competências específicas de enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação;

- Obter competências de mestre;

- Implementar um programa de Enfermagem de Reabilitação à pessoa idosa com dependência nas atividades básicas de vida diária;

- Identificar qual a atividade básica de vida diária com maior grau de dependência;

- Melhorar a aptidão funcional e qualidade de vida;

- Contribuir para a independência funcional dos idosos.

Após esta introdução, seguir-se-á uma análise do contexto, onde se aborda o envolvimento do local onde decorreu a implementação do projeto, a análise da produção de

(20)

cuidados, a análise da população e quais os seus problemas específicos. Consecutivamente será realizada uma análise da implementação e desenvolvimento do projeto de intervenção profissional, onde se efetua um enquadramento teórico da problemática em estudo, descrevem os cuidados de reabilitação executados, explanam os objetivos traçados e a metodologia utilizada. Neste capítulo será ainda exposto os resultados alcançados e será efetuada uma discussão sobre os mesmos à luz da literatura mais recente. Em seguida, será efetuada uma análise reflexiva sobre as competências adquiridas e desenvolvidas. Posteriormente será apresentada a análise reflexiva sobre o processo de avaliação e controlo do projeto de intervenção profissional. Finalizar-se-á este relatório com apresentação da conclusão, referências bibliográficas e anexos, os quais serão ordenados consoante a sua menção ao longo do trabalho.

A organização deste relatório respeita as orientações, contidas no Regulamento da Unidade Curricular Relatório Final. A formatação está conforme as indicações emanadas pela Universidade de Évora para a redação de relatórios de Mestrado, denotando que as referências bibliográficas serão efetuadas de acordo com a sexta edição da American Psychological

(21)

2. APRECIAÇÃO DO CONTEXTO

2.1

Centro Hospitalar Universitário do Algarve, EPE

O atual Centro Hospitalar Universitário do Algarve, EPE é resultado da união do antigo Centro Hospitalar do Algarve com as valências existentes no Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul. Criado pelo Decreto-Lei n.º 101/2017 de 23 de agosto, o Centro Hospitalar é responsável pela prestação de cuidados de reabilitação às populações dos distritos de Faro e Beja, através de um eficaz aproveitamento dos recursos, competências e profissionais (Centro Hospitalar Universitário do Algarve, EPE, 2017).

Como parte integrante do Serviço Nacional de Saúde, o Centro Hospitalar, composto por 3 unidades hospitalares - Faro, Portimão e Lagos, o Centro de Medicina e Reabilitação do Sul e os Serviços de Urgência Básica da região geográfica do Algarve, dispõe de autonomia administrativa, financeira e patrimonial (Centro Hospitalar Universitário do Algarve, EPE, 2017).

É responsável pela assistência e prestação de cuidados de saúde, sendo ainda uma unidade de apoio à formação de licenciaturas, estudos pós graduados e investigação na área da saúde.

De entre muitos dos profissionais que são parte integrante do Centro Hospitalar, os Enfermeiros, são a classe profissional da área da saúde mais representada, que prestam cuidados de acordo com os Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem (2001), Competências de Enfermeiros de Cuidados Gerais da Ordem dos Enfermeiros (2015) e Modelo Teórico de Enfermagem de Roper, Logan e Tierney (2001).

Este modelo teórico é baseado na necessidade de cuidados de enfermagem planeados, implementados e avaliados, que as pessoas necessitam na sua vida, objetivando a máxima independência em cada uma das 12 atividades de vida.

(22)

A Enfermagem, no âmbito da excelência na prestação e gestão de cuidados, desenvolve competências próprias que enaltecem a classe profissional e a sua imagem social.

2.2. Serviço de Medicina 3 – Hospital de Faro

O serviço de Medicina 3 fica localizado no piso 4 do edifício das Consultas Externas do Hospital de Faro, onde anteriormente funcionava uma unidade de cuidados continuados.

Denominado apenas de Medicina 3, no serviço de medicina interna, são prestados cuidados à pessoa em idade adulta com diversificados problemas clínicos, que não sejam específicos de uma área médica específica (Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, 2018).

Este serviço tem uma lotação de 35 camas, distribuídas por quartos duplos e individuais, com casa de banho individualizada. Em épocas de maior afluxo de doentes aos serviços de saúde, este serviço pode ainda aumentar a sua capacidade, consoante a necessidade de cuidados entre 5 a 8 camas.

À imagem de qualquer outra unidade de internamento dispõe de uma equipa multidisciplinar, de entre os quais se relevam os enfermeiros, médicos assistentes e em formação, assistentes operacionais e assistentes administrativas. Conta ainda com a colaboração de vários profissionais de outras áreas, como, fisioterapeuta, nutricionista, assistente social, médicos de outras especialidades médicas, com particular relevância a otorrinolaringologia.

A sua equipa de enfermagem é composta por um total de 32 enfermeiros, nos quais se inclui a senhora enfermeira em funções de chefia e enfermeira especialista em enfermagem de reabilitação e dois enfermeiros especialista em enfermagem de reabilitação que asseguram os cuidados de reabilitação necessários e prestados à pessoa internada no serviço, durante o período da manhã, ao longo dos dias da semana.

(23)

Dos recursos materiais existentes no serviço, importa salientar os que são de particular relevância para a prestação de cuidados de enfermagem de reabilitação, destacando-se os acessórios para reeducação funcional motora (pesos de areia, pesos, canadianas, pirâmides e andarilhos), para reeducação funcional respiratória (bastão, inspirómetro de incentivo, Peak

Flow ou pico de fluxo de tosse, ventiladores para ventilação não invasiva e equipamento de

tosse mecanicamente assistida ou Cough Assist).

Os registos de enfermagem são executados informaticamente no “S-Clínico”, originário do Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE), criado com referência na

International Classification for Nursing Pratice, o qual utiliza terminologia científica comum

baseada nos diagnósticos e intervenções de enfermagem.

Das patologias clínicas que mais frequentemente originam o internamento da pessoa, estão as infeções respiratórias (pneumonias), insuficiência respiratória (obstrutiva ou restritiva), insuficiência cardíaca descompensada, doenças cerebrovasculares com particular enfâse no Acidente Vascular Cerebral e patologia neoplásica, quando a mesma não é cuidada por nenhuma outra especialidade médica. Entre estes são ainda admitidos no Serviço de Medicina 3, a pessoa com alterações decorrentes do próprio processo de envelhecimento.

2.2.1. Análise da produção de cuidados

No exercício da excelência profissional, os enfermeiros do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, EPE, asseguram cuidados de enfermagem regidos pela Deontologia Profissional, pelos Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem (2001) e pelas Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais (2015) da Ordem dos Enfermeiros.

A organização e prestação de cuidados de enfermagem são efetuadas com a distribuição dos utentes em função de número de horas de cuidados de enfermagem necessários e utilizado o método de enfermeiro responsável. Os cuidados são prestados com o método de horário de roulement, distribuídos pelos 3 turnos diários, sendo que

(24)

maioritariamente prestam cuidados gerais seis enfermeiros de cuidados gerais no turno da manhã e um enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação, 4 enfermeiros de cuidados gerais no turno da tarde e 3 enfermeiros de cuidados gerais no turno da noite. Na ausência da senhora Enfermeira em Funções de Chefia assume a responsabilidade o enfermeiro especialista ou o elemento com maior tempo de exercício profissional.

No que respeita aos cuidados de enfermagem especializados em enfermagem de reabilitação, como anteriormente referido, estes são assegurados diariamente por um dos dois enfermeiros especialista em enfermagem de reabilitação, ainda que na ausência de enquadramento na carreira especial de enfermagem, a instituição assume serem fundamentais e indispensáveis ao bem-estar e saúde dos seus utentes.

Conforme descrito nos enunciados das Competências de Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros, os enfermeiros de reabilitação acrescentam valor aos cuidados de saúde ao gerar, colocar em prática, monitorizar e avaliar programas de Enfermagem de Reabilitação com base nas reais necessidades da pessoa, quer seja nos problemas existentes ou nos potencialmente existentes ao nível da função, reeducação, mantendo, melhorando ou minimizando as incapacidades instaladas (Ordem dos Enfermeiros, 2011b).

Sobre a prestação de cuidados especializados de enfermagem de reabilitação à pessoa com alteração da função respiratória, o enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação, procura atuar no que são as alterações fisiológicas, decorrentes de patologias agudas ou crónicas agudizadas ou má adesão/gestão do regime terapêutico prescrito, procurando envolver neste processo outros profissionais e os cuidadores e contribuindo para a melhoria da incapacidade gerada, na diminuição do período de internamento e redução de eventuais reinternamentos. A implementação de um eficaz programa de Reeducação Funcional Respiratória permite segundo Esquinas (2010) reduzir o tempo de internamento e a taxa de mortalidade.

As patologias respiratórias produzem grandes alterações na qualidade de vida da pessoa e família, com consequências sociais e económicas avultadas (Cordeiro & Menoita, 2012).

(25)

Para a prestação eficaz destes cuidados, contribuem os recursos existentes para avaliação da pessoa, como por exemplo a Escala de Borg Modificada e a Escala de Avaliação da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica e os dispositivos e equipamentos de reabilitação e monitorização. Após uma correta avaliação inicial, o desenho e implementação do programa de Reeducação Funcional Respiratória é ensinado e gerido com o doente e a família.

A Direção Geral da Saúde [DGS] reportando-se a dados de 2010 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, afirma que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre os países membros da União Europeia, entre as quais as doenças cerebrovasculares, representando cerca de 60% (DGS, 2017).

As supra mencionadas patologias são também de acordo com a Direção Geral da Saúde (2017) a causa de um aumento no número de internamentos e tenderá a crescer devido ao progressivo envelhecimento da população e em Portugal o principal fator que contribui para isso são os incorretos hábitos alimentares.

No Serviço de Medicina 3 do Hospital de Faro é frequente ter no seu internamento, pessoas com problemas de incapacidade, défice funcional ou dependência devido a esta situação.

De acordo com a Direção Geral da Saúde (2017), em Portugal devem ser constituídos planos de cuidados para a reabilitação cardíaca com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da pessoa, após um episódio desta natureza.

A enfermagem de reabilitação objetiva o ganho de capacidades que permitam a pessoa integrar-se socialmente. Assim, aquando da admissão de um doente com patologias cerebrovasculares, o enfermeiro de reabilitação, efetua uma avaliação do estado cognitivo e mental, focando-se na avaliação da comunicação, memória, no exame neurológico com avaliação dos pares cranianos, na motricidade (tónus e força muscular, coordenação motora, equilíbrio e marcha) e avaliação do comprometimento ou não da deglutição. Para esta eficaz avaliação, são utilizadas escalas, como por exemplo, a Escala de Coma de Glasgow ou a

Mini-Mental State, a National Institute of Health Stroke Scale, a Escala de Lower, Escala de Ashworth Modificada e o Índice de Tinneti.

(26)

O plano de intervenção estabelecido focaliza também a incapacidade da pessoa na realização das suas atividades de vida diária, estabelecendo um programa de treino, com o objetivo da máxima autonomia do doente.

2.2.2. Análise da população

O processo de envelhecimento provoca um processo de alterações psicossociais e físicas irreversíveis, que podem ser mais ou menos importantes consoantes o estilo de vida, o contexto social e ambiental em que se está inserido. É um processo natural e progressivo (Organização Mundial da Saúde [OMS], 2015).

O processo de envelhecimento é inerente a qualquer pessoa. No presente o tema da independência versus dependência está em debate, sendo o seu foco as estratégias sociais face à velhice e à dependência. Face a esta problemática, interroga-se se a solidariedade deverá partir da própria família, da sociedade ou se deverá ser um esforço integrado de ambas.

O Ministério do Trabalho e Solidariedade Social (2009) remetendo-se à recomendação da Comissão dos Ministros aos estados membros, define a dependência como a ausência de autonomia, quer seja física, psíquica ou intelectual, necessitando de auxílio para a realização das atividades de vida diária, sendo estas reveladoras da autonomia da pessoa quer seja para realizar os seus autocuidados, quer seja para exercer a sua cidadania em plenitude.

O grau de dependência é variável de pessoa para pessoa e é considerado que esta impede o individuo de realizar com autonomia atividades imprescindíveis à satisfação das suas necessidades básicas de vida, sejam estas relacionadas com a mobilidade, atividades domésticas ou cuidados de higiene.

A dependência é classificada de baixa, média ou elevada. (Ministério do Trabalho e Solidariedade Social (2009). Os autores mencionados referem que a baixa dependência é a aquela em que a pessoa necessita apenas de alguma supervisão, mas conservam alguma autonomia, sobretudo no que respeita à mobilidade e execução das atividades de vida diária.

(27)

No caso de dependência média, a pessoa idosa, requer apoio de uma terceira pessoa para a realização das suas atividades básicas. Contrariamente, os idosos que apresentam uma dependência elevada, necessitam de um intenso e grande apoio, uma vez que não apresentam aptidão para cumprir esse conjunto de atividades.

A dependência é muitas vezes uma consequência do envelhecimento do ser humano, contudo o envelhecimento não deve ser considerado um regresso às dependências dos primeiros anos de vida.

Com base nos dados do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) (2012), do ano de 1950 para o ano de 2012 existiu um crescimento de pessoas com mais de 60 anos para cerca de 810 milhões, prevendo-se que cresça para mais de 1 bilião em menos de uma década e possa mesmo duplicar até 2050.

Em Portugal e de acordo com os dados estatísticos atualizados em março de 2017, o Instituto Nacional de Estatística [INE], prevê que o número de idosos, passe de 2,1 para 2,8 milhões de idosos, consecutivamente mais que duplicando o índice de envelhecimento, fazendo com que existam em 2080, cerca de 317 idosos por cada 100 jovens.

A dependência conduz a uma perda de autonomia, resultante ou agravada por uma doença, demência ou ausência de suporte familiar, induz incapacidade na realização das atividades básicas de vida diária. Assim, a intervenção da enfermagem de reabilitação, tem

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3. PROJETO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL

No presente, assiste-se a um aumento das incapacidades e do índice de dependência, sejam estas fruto do aumento da esperança média de vida ou decorrentes da gravidade de uma situação patológica derivadas de maus hábitos de vida. O Instituto Nacional de Estatística (2018) assegura um crescimento do índice de dependência de idosos de 24,4 no ano de 2001 para 32,1 em 2016. Face aos dados apresentados, cabe à sociedade em geral acompanhar estas mudanças e dotar-se de estruturas de apoio à pessoa idosa, minimizando os efeitos de uma sociedade cada vez mais individualista e solitária.

As alterações na independência funcional dos idosos assumem-se como uma problemática que os enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação desenvolvem projetos de intervenção profissional. Este capítulo fundamenta os conteúdos que servem de suporte a este projeto. Integra os seguintes temas:

A independência funcional do idoso, enquanto esfera de intervenção do enfermeiro e os cuidados de enfermagem de reabilitação, enquadrados com o programa de exercícios de aptidão funcional de Rikli e Jones (1999);

Os objetivos; A metodologia; Os resultados;

A discussão dos dados.

3.1. A Independência Funcional do Idoso e os Cuidados de Enfermagem de

Reabilitação

3.1.1. A Independência funcional do idoso

Ao longo do ciclo de vida, os conceitos de dependência e independência estão intrinsecamente interligados.

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Na Enfermagem várias tem sido os modelos que abordam o conceito de independência. O mais comummente utilizado tem sido o modelo de Roper, Logan e Thierne y (2001). Este modelo refere-se a doze atividades de vida, correlacionando o contínuo de dependência/ independência ao longo do ciclo de vida, ou seja está relacionado com aquilo que a pessoa é capaz de realizar no seu dia-a-dia.

Não existe uma independência total na satisfação das atividades de vida. Os conceitos de independência e dependência só produzem sentido quando interrelacionados entre si (Leal, 2001).

Existem indicadores que reportam para a capacidade de vida independente. Estes indicadores mostram a capacidade da pessoa manter funções de cuidados pessoais (higiene, cuidar de si e vestir-se) e atividades instrumentais (utilizar o telefone, fazer compras, gerir o seu dinheiro) que corroboram a manutenção dessas atividades de vida diária (Serra, 2006).

A capacidade demonstrada por uma pessoa na realização e satisfação das suas necessidades, sem a ajuda de terceiros, permite assegurar o grau de independência (Imaginário, 2008).

Nas pessoas com mais de 65 anos a qualidade de vida está diretamente relacionada com o seu estado funcional e a capacidade física que demonstram. Monteiro (2012) diz que existe uma forte relação entre um envelhecimento com qualidade e uma vida independente, referindo-se sobretudo à independência física.

O processo de envelhecimento tem como consequência a diminuição da aptidão física e da capacidade funcional, tornando os cuidados dependente de outra pessoa (Gonçalves et al., 2010). A dependência surge associada ao défice de funcionalidade e está frequentemente ligada a uma patologia ou acidente (Sequeira, 2010) e muitas vezes o défice gerado não é compensável na totalidade com o uso de ajudas técnicas, uma vez que pode gerar incapacidades parciais, totais temporárias ou permanentes (Paschoal, 2007).

A funcionalidade é descrita como a capacidade demonstrada pela pessoa para a realização de atividades ou funções em diversas áreas satisfazendo as suas interações sociais ou do quotidiano (Duarte, Andrade, & Lebrão, 2007).

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A capacidade funcional avalia as atividades básicas de vida diária, ou seja as que são relacionadas com o autocuidado e as atividades instrumentais de vida diária, que indicam a capacidade de independência da pessoa nas atividades da comunidade em que se insere.

O exercício das atividades básicas de vida e atividades instrumentais de vida diária permitem determinar o grau de autonomia e independência da pessoa (Paula, 2007), e estão associadas à sua sobrevivência e desempenho no quotidiano doméstico e cuidados de saúde (Ferreira, Maciel, Costa, Silva, & Moreira, 2012).

Compreender o grau de dependência da pessoa na realização das atividades básicas e instrumentais de vida diária é um aspeto importante para a manutenção da autonomia da pessoa, sendo necessário proceder a uma avaliação funcional adequada e a determinação de intervenções terapêuticas (Paula, 2007).

A avaliação da capacidade funcional e da aptidão física dos idosos permite delinear estratégias de intervenção na prevenção e limitação das dependências, tornando a pessoa o mais ativa possível (Gonçalves et al., 2010).

No que respeita à prestação de cuidados à pessoa idosa, a avaliação funcional é um importante indicador com capacidade preditiva em termos de institucionalização, deterioração da condição física, necessidade de recursos de saúde e até de mortalidade (Sequeira, 2010). A avaliação funcional permite ainda objetivar sobre o estado cognitivo do individuo, a sua capacidade para a gestão da medicação ou recursos económicos (Cabete, 2005).

A incapacidade funcional é descrita como o decréscimo na realização das atividades de autocuidado e um preditor da saúde da pessoa idosa (Marques-Vieira, Amaral & Pontífice-Sousa, 2016).

A perda ou diminuição da capacidade funcional tem sido revelada como um dos principais motivos de institucionalização de indivíduos idosos, contudo a sua recuperação funcional permite voltar ao seu contexto domiciliário (Araújo, Ribeiro, Oliveira , & Pinto, 2007).

A independência de um idoso na realização das suas atividades de vida diária é medida através da dependência, sendo a capacidade funcional para realizar as suas atividades de vida

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diárias medida pela capacidade demonstrada para a execução das mesmas sem ajuda (Monteiro, 2012).

As atividades básicas de vida diária são de carater funcional e reportam-se sobretudo às atividades de vida relacionadas com o quotidiano da pessoa no contributo para a satisfação das suas necessidades, relacionadas mais com o autocuidado. São transversais a todos os humanos, mas são desempenhadas de modo individual e dependem do período do ciclo de vida e do grau de dependência ou independência demonstrada pelo individuo. Hoeman (2000) reportando-se a Orem menciona que o autocuidado está relacionado com as atividades para manutenção da saúde, vida ou bem-estar desenvolvidas pelo próprio em seu benefício. O autor define autocuidado como um conjunto de competências adquiridas que permitem à pessoa e/ou família assumir responsabilidades no seu cuidado e agir eficazmente perante estas.

O processo de adaptação pode ocorrer de forma gradual ou então de modo repentino, procurando dar resposta aos papéis sociais esperados. Os idosos consideram que o processo de envelhecimento é inevitável à condição humana, representado pela diminuição da capacidade de resposta e por limitações (Reis & Bule, 2016).

A Mesa do Colégio da Especialidade em Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros (2011) define atividades de vida diária como o conjunto de atividades que a pessoa realiza no seu quotidiano.

Contudo, a execução das atividades básicas de vida diária, estão sujeitas a inúmeras alterações, sendo que as mais frequentes estão associadas a limitações da mobilidade ou alterações sensoriais (Hoeman, 2011).

Confrontados com a incapacidade para a realização das atividades de vida diária, existe a necessidade de desenvolver intervenções, que capacitem a pessoa e ou a família a atingir o maior grau de autonomia e independência na execução das suas atividades básicas de vida adequadas à sua nova condição, seja esta motora ou cognitiva.

A Mesa do Colégio da Especialidade em Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros (2011) designa que a intervenção do enfermeiro de reabilitação é centrada num

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diagnóstico precoce e no desenvolvimento de intervenções que permitam a conservação das competências funcionais das pessoas, de modo a prevenir eventuais complicações ou incapacidades, ou caso existam, atuar na melhoria das capacidades existentes, para manter ou retomar a independência, minimizando as consequências, habilitando-as para a execução do seu autocuidado. Existem seis atividades básicas de vida diária em que a intervenção do enfermeiro de reabilitação alcança benefícios, sendo elas a higiene pessoal, o controlo da eliminação vesical, intestinal e o uso do sanitário, o vestuário, a alimentação, a locomoção e as transferências (Mesa do Colégio da Especialidade em Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros, 2011)

Para atingir a independência ou o máximo grau de autonomia na execução das atividades de vida diária deve ser instituído um treino das habilidades restantes, recorrendo a técnicas e dispositivos auxiliares (Mesa do Colégio da Especialidade em Enfermagem de Reabilitação da Ordem dos Enfermeiros, 2011).

A avaliação da incapacidade funcional é efetuada com a utilização de vários instrumentos de medida, podendo ser utilizados individualmente ou em associação (Alves, Leite, & Machado, 2008), sendo que as mais utlizadas são a escala de Medida de Independência Funcional e a Escala de Barthel (Hoeman, 2011).

A principal vantagem da Escala de Barthel é a avaliação da incapacidade demonstrada pelo idoso em prestar cuidados a si próprio (Paschoal, 2007). A facilidade de aplicação e de interpretação permitem a avaliação do grau de dependência dos idosos em dez atividade básicas de vida desempenhadas no seu dia-a-dia (Sequeira, 2010).

Este instrumento de avaliação, procede à avaliação de atividades como comer, vestir e despir, higiene pessoal, tomar banho, fazer uso do sanitário, controlo de esfíncteres (vesical e intestinal), deambular, transferências (cama-cadeira e vice versa) e subir e descer escadas (Sequeira, 2010).

A versão original da Escala de Barthel utiliza uma pontuação para as atividades de vida diária em uma variação entre 0 e 100 pontos, com intervalos de 5 pontos, sendo que a máxima dependência apresentada pela pessoa corresponde o valor 0 e à máxima independência 100 pontos (Araújo et al., 2007).

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3.1.2. As alterações antropométricas associadas ao envelhecimento

Associado ao aumento da população idosa, tem vindo a observar-se um aumento da prevalência do sedentarismo e da obesidade neste grupo populacional, sendo esta última consequência da redução dos níveis de exercício físico (Rech, Cruz, Araújo, Kalinowski, & Dellagrana, 2010).

O processo natural de envelhecimento contribui para alterações morfológicas, sobretudo no que respeita a um aumento da massa adiposa e uma diminuição da massa corporal. A perda de mobilidade, o aumento da fragilidade e o aumento da dependência estão associados à diminuição da massa muscular (Lima, 2016).

Estudos desenvolvidos têm demonstrado uma associação entre o excesso de peso, a inatividade física e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, com repercussões na qualidade de vida dos idosos e consequentemente nos níveis de aptidão funcional (Rech et al., 2010).

Na atualidade, o sedentarismo está cada vez mais associado a um aumento do consumo dos serviços hospitalares (Batista et al., 2011).

Ao envelhecimento estão associadas alterações das dimensões corporais, sobretudo do peso, estatura e massa corporal. Estas modificações produzem efeitos no Índice de Massa Corporal, que é utilizado para predizer se o idoso se encontra no peso ideal ou se contrariamente está acima desses valores, aumentando o risco de mortalidade por determinadas patologias e a diminuição da capacidade física e funcional (Lucio, Bezerra, Sousa, & Miranda, 2011).

Estas alterações acontecem de forma diferenciada entre homens e mulheres e nas diferentes etapas do envelhecimento (Menezes, Brito, Araújo, Silva, Nolasco, & Fisher, 2013).

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Níveis elevados de índice de massa corporal têm sido associados a patologias cerebrovasculares, cardiovasculares e a diabetes mellitus, no entanto, também um índice de massa corporal baixo é fator de risco para doenças como, a tuberculose, doença pulmonar obstrutiva e alguns tipos de cancro (Menezes et al., 2013).

Considerados os riscos, é importante uma avaliação antropométrica e da composição corporal dos idosos, uma vez que é um bom método de apreciação do seu estado nutricional e do risco de desenvolvimento das patologias acima mencionadas.

Uma avaliação das medidas antropométricas dos idosos permite obter dados sobre a estatura, massa corporal, comprimentos ósseos, perímetros, diâmetros e pregas de adiposidade subcutânea (Leal, 2016).

Em Portugal, um estudo desenvolvido por Batista et al. (2011), demonstrou que o índice de massa corporal médio dos idosos é de cerca de 27,9 kg/m2, o que significa que se encontram em pré-obesidade e que as mulheres idosas apresentam um índice de massa corporal superior aos dos homens.

A atividade física induz benefícios na manutenção da capacidade de movimentos das articulações, no reforço muscular e ligamentar, na melhoria da capacidade ventilatória e circulação sanguínea e consequentemente na melhoria da qualidade de vida, que será melhor se a atividade física for exercida de forma adaptada e regular (Leal, 2016).

A população idosa praticante de qualquer tipo de atividade física melhora significativamente a sua aptidão funcional e consequentemente uma maior independência na realização das suas atividades de vida diária.

A manutenção de hábitos saudáveis possibilita prevenir eventuais problemas de saúde e contribuem para a manutenção saudável do organismo e uma melhoria da expectativa de vida. A prática de exercício físico é importante em qualquer idade, pois colabora na conservação do tónus e força muscular (Civinski, Montibeller, & Braz, 2011).

Cada individuo é responsável pelo seu próprio envelhecimento, entenda -se pelos seus atos e atitudes, sejam estas positivas ou negativas, com implicações no processo de

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envelhecimento, sendo que a população idosa é a que mais beneficia com a prática de exercício regular (Civinski et al., 2011).

Idosos com boa atividade física e funcional desempenham melhor e autonomamente as suas atividades básicas de vida diária, sem depender de outras pessoas.

3.1.3. A Dimensão do envelhecimento ativo

Para a Organização Mundial da Saúde (2005) o envelhecimento deve ser experimentado de maneira ativa, servido de bases estruturantes como a saúde, a segurança e a participação. Considera esta organização que a saúde se remete ao bem-estar físico, social e mental, declinando riscos que conduzam ao aparecimento de incapacidades ou doenças crónicas, sendo hábeis no seu autocuidado e consequentemente mantendo-se saudáveis (OMS, 2005).

Relativamente à segurança, devem ser assegurados os direitos à proteção e dignidade dos idosos, apoiando-os quando os mesmos são incapazes de se proteger, seja física ou financeiramente (OMS, 2005).

O pilar da participação remete-nos para as políticas sociais e de saúde e de programas que promovam a participação dessas pessoas, no desempenho dos seus deveres e direitos enquanto cidadão participando em atividades (OMS, 2005).

A Organização Mundial da Saúde (2015) define que o envelhecimento ativo e saudável passa por um processo de melhoria das condições de saúde e melhoria da qualidade de vida ao longo do processo de envelhecimento, aperfeiçoamento da capacidade funcional, resultante das interações da pessoa com o meio, contribuindo para o bem-estar da pessoa idosa.

Parceiro da Estratégia e Plano de Ação Global para o Envelhecimento Saudável da Organização Mundial de Saúde, Portugal definiu em julho de 2017, a Estratégia Nacional

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para o Envelhecimento Ativo e Saudável com os objetivos de alertar para a importância do envelhecimento ativo e fomentar uma mudança em relação ao envelhecimento e pessoas idosas, contribuir para uma maior cooperação entre vários setores e a elaboração de políticas que melhorem a qualidade de vida dos idosos.

A saúde deve ser uma das bases do processo de envelhecimento. Assim, cuidados com a alimentação e redução do consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, são medidas preventivas e consideradas favoráveis à saúde (Ribeiro & Paúl, 2011).

A participação da família e dos amigos no meio social onde o idoso está inserido devem ser geradores de um envelhecimento bem-sucedido, conduzindo-os a uma participação ativa (Ribeiro & Paúl, 2011).

O envelhecimento ativo deve objetivar uma vida saudável e melhor qualidade de vida uma vez que é transversal a toda a comunidade (Ferreira, 2009).

A Organização Mundial da Saúde (2005) considera que o envelhecimento ativo está dependente de sete determinantes que englobam as pessoas, as famílias e os países. Estes determinantes são transversais, relacionados com os cuidados de saúde e sociais, comportamentais, relacionados com aspetos pessoais e do meio ambiente envolvente, sociais e económicos.

Como determinantes transversais são consideradas a cultura e o género. Os valores culturais e tradições influenciam o processo de envelhecimento e consecutivamente a procura de hábitos saudáveis, independentemente de serem homens ou mulheres, uma vez que existem sociedades que menorizam as mulheres (OMS, 2002).

Os determinantes relacionados com os cuidados de saúde e sociais incluem a promoção da saúde e prevenção de doenças, promovendo acesso equitativo a cuidados de qualidade e impulsionadores do envelhecimento ativo. Devem estar interligados e tratar igualitariamente todos os indivíduos com dignidade e respeito (OMS, 2005).

Os estilos de vida saudáveis e o cuidar da saúde como bem fundamental ao longo do ciclo de vida compreendem os determinantes comportamentais na prevenção da doença e qualidade de vida dos indivíduos (OMS, 2005). Deste, fazem parte a prática de atividade

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física regular e moderada com benefícios no surgimento da decadência funcional, contribuindo para a autonomia no desempenho das suas atividades de vida diária (OMS, 2002). Para além da atividade física, devem ser realizadas atividades de estimulação cognitiva, uma vez que contribui para o retardamento de incapacidades (Fonseca, 2006).

No que respeita aos determinantes relacionados com os aspetos pessoais, estes referem-se à biologia e genética individual, uma vez que o envelhecimento resulta de um processo de degeneração funcional gradual, levando a incapacidades e ao risco de doenças associadas aos idosos (OMS, 2002).

Dos fatores psicológicos fazem parte as capacidades cognitivas e a aprendizagem, que tendem a diminuir com o envelhecimento. Sendo que estes são reveladores do envelhecimento ativo e da longevidade das pessoas idosas (OMS, 2005).

Os fatores relacionados com o ambiente físico são preditores de independência ou dependência dos idosos. A presença de inúmeras barreiras arquitetónicas contribuem para os problemas relacionados com a mobilidade, que por sua vez contribuem para o isolamento social e diminuição da resistência física. Residir junto à família e o acesso aos transportes, são promotores de interação social (OMS, 2002). As quedas são geradoras de lesões incapacitantes nos idosos e uma das principais causas de morte acidental na população com idade superior a 65 anos. De acordo com os dados disponibilizados no sítio online do Serviço Nacional de Saúde (2017), em Portugal entre os anos de 2000 e 2013, 3 em cada 100 internamentos de uma pessoa com mais de 65 anos foi originado por uma queda, resultando em pelo menos 13 dias de internamento, salientando ainda que pelo menos 6 desses 100 culminou com morte do individuo.

O apoio social, a aprendizagem permanente, as oportunidades de educação, a paz e a proteção contra maus tratos ou violência compõem os determinantes sociais que contribuem para um envelhecimento saudável e ativo. A sua ausência contribui para o isolamento social ou mesmo a morte (OMS, 2002).

O estabelecimento de contato social e saudável é promotor de uma boa saúde física e mental. Assim, é imperativo que entidades governativas e não governativas e os próprios

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profissionais de saúde estabeleçam parcerias e redes sociais de monitorização, vigilância e programas de interação intergeracional (OMS, 2002).

Lamentavelmente a violência e os maus tratos aos idosos é cada vez mais frequente e frequentemente praticado por quem lhe é mais próximo. A Associação Portuguesa de Apoio à Vitima estima que em 2016 tenham ocorrido em Portugal em média cerca de 3 episódios diários de violência ou maus tratos a pessoas com mais de 65 anos, totalizando cerca de 1009. Estes atos, quer sejam físicos, psicológicos, sexuais ou económicos devem ser banidos da sociedade e para isso é importante o envolvimento das forças de segurança, dos profissionais dos serviços de saúde, sociais, religiosos e a comunidade em geral, consciencializando-os e conduzindo-os a uma alteração de comportamentos (OMS, 2002).

A educação permite às pessoas o desenvolvimento de competências e é geradora de confiança no processo de adaptação ao processo de envelhecimento, permitindo a sua independência. Na atualidade, é fulcral manter as pessoas idosas incluídas em atividades que as mantenham ocupadas, fazendo-as sentir úteis à sociedade (OMS,2002).

Os determinantes económicos abrangem o rendimento, a proteção social e o trabalho. Os baixos rendimentos são contributivos para a não realização de uma alimentação saudável ou para o insuficiente acesso aos cuidados de saúde, tornando os idosos vulneráveis a doenças. A proteção social por sua vez garante que as pessoas idosas tenham acesso aos cuidados (OMS, 2002).

O trabalho digno exercido ao longo da vida permite, chegado à velhice ter alguma fonte de rendimento e maior tranquilidade, contudo, a pessoa deverá manter-se ocupada, mesmo não sendo remunerado, para que este período da vida se processe de forma ativa (OMS, 2002).

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3.1.4. Os cuidados de enfermagem de reabilitação

O processo de reabilitação possibilita à pessoa a recuperação de uma função ou atividade previamente perdida devido a um evento adverso na sua saúde, geralmente causador de incapacidade ou disfunção, assente numa atuação precoce, em menor dependência, tempos de internamento mais reduzidos, ganhos de saúde e de qualidade de vida e consequentemente em ganhos no dispêndio de recursos financeiros e pessoais (Freitas, 2017).

É um processo dinâmico, progressivo e contínuo em que se procura dar resposta a uma restruturação funcional da pessoa, a sua reintegração na família, comunidade e sociedade (Diogo, 2000).

Na promoção da saúde da comunidade, o enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação, demonstra ainda mais a sua importância, quando associado ao problema individual da pessoa, envolve a família como um todo, que mais que a soma dos seus membros, a engloba como uma unidade primária, como parte integrante da sociedade (Hanson, 2005).

A enfermagem de reabilitação objetiva a prevenção de incapacidades e/ou na maximização das aptidões da pessoa (Freitas, 2017).

A atuação do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação junto da pessoa idosa tem o seu foco na educação para a saúde, prestando cuidados centrados no conhecimento da senescência e na recuperação da competência funcional para a realização das suas atividades (Diogo, 2000).

As intervenções do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação procuram a promoção do diagnóstico precoce, assegurando a manutenção das capacidades funcionais das pessoas, a prevenção de complicações, a melhoria das suas funções residuais, de modo a manter ou recuperar a independência nas atividades de vida, minimizando o impacto das incapacidades existentes, sejam estas a nível da função motora, neurológica ou cardiorrespiratória (Regulamento n.º 125/2011 de 18 de fevereiro da Ordem dos Enfermeiros).

Baseado nestes prossupostos das competências do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação, a enfermagem de reabilitação é uma área de intervenção que

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procura responder às necessidades reais da pessoa, no meio em que se insere, e às novas exigências dos cuidados, contribuindo para a obtenção de ganhos em saúde. Assim, é de especial relevância a monitorização desses ganhos e a elaboração de indicadores sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação (Regulamento n.º 350/2015 de 22 de junho da Ordem dos Enfermeiros).

Na pessoa idosa, a capacidade funcional para a manutenção da independência na execução das atividades de vida diária poderá ser mais importante que o diagnóstico de doença.

A avaliação funcional da pessoa idosa é parte integrante dos cuidados de enfermagem de reabilitação. Os seus cuidados são orientados por uma avaliação, centrada nas atividades de vida diária, nas quais identifica problemas, que serviram de base ao plano de cuidados delineado, o qual será alvo de uma monitorização para avaliação dos ganhos em saúde. A avaliação de cada uma das atividades de vida diária deve ser realizada em termos da função e da ação, procurando conhecer as rotinas anteriores, a sua execução atual e potenciais problemas dos idosos, traçando objetivos a serem alcançados após a intervenção do enfermeiro de reabilitação.

A promoção da independência funcional em atividades de vida como a higiene pessoal, o banho, o vestir e despir, o uso do sanitário e a mobilidade, são reveladoras da importância dos cuidados desenvolvidos pelo enfermeiro de reabilitação (Long, Kneafsey, Ryan, & Berry, 2002) e devem ser instituídos o mais precocemente possível, com o objetivo de reduzir o grau de dependência (Teixeira-Samela, Carvalho e Silva, Lima, Augusto, Souza, & Goulart, 2003).

Um estudo desenvolvido por Petronilho (2007) demonstrou a importância do enfermeiro de reabilitação na independência funcional em indivíduos hospitalizados, comparando os seus níveis de independência funcional no momento da alta com os obtidos um mês após a mesma, utilizando como instrumento de avaliação a escala de Barthel.

Para o desenvolvimento do presente projeto e para a prestação de cuidados enfermagem de reabilitação, recorreu-se à aplicação da bateria de testes de aptidão funcional do Funcional Fitness Test de Rikli e Jones (1999). Os exercícios descritos pelas autoras

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permitem a avaliação da força dos membros superiores e inferiores, a flexibilidade, a resistência aeróbia e a velocidade, agilidade e equilíbrio.

Para avaliação da força dos membros superiores o Functional Fitness Test utiliza o exercício de flexão do antebraço que consiste no número de flexões realizadas pelo individuo durante o período de 30 segundos, e para os membros inferiores, recorre ao exercício de levantar e sentar na cadeira, correspondendo igualmente ao número de repetições que o individuo consegue executar no período de 30 segundos.

A avaliação da flexibilidade da metade superior do tronco é efetuada com o exercício de alcançar as mãos atrás das costas, sendo medida a distância entre as duas mãos, e a flexibilidade da metade inferior do tronco, com o teste de sentar na cadeira e alcançar os pés, medindo-se a distância para atingir os mesmos ou superada.

A resistência aeróbica é medida com o teste de andar 6 minutos, em que se registam o número de metros percorrido pelo individuo naquele período de tempo e a velocidade, a agilidade e o equilíbrio dinâmico são avaliados com o teste de sentado, o individuo levantar -se e caminhar 2,44 metros e voltar a -sentar--se.

O exercício de sentado, levantar e caminhar e voltar a sentar é particularmente relevante para a intervenção do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação por permitir identificar os idosos com maior risco de quedas.

Em suma, e considerando as competências e as características acima mencionadas, os cuidados de enfermagem de reabilitação permitem ajudar a pessoa a obter uma qualidade de vida aceitável, com dignidade e independência, cabendo ao enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação ajudar na reavaliação das suas capacidades funcionais.

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3.2. Objetivos

A intervenção da prática dos cuidados de enfermagem de reabilitação como forma de ajuste das estratégias e para obtenção de resultados deve ser guia de objetivos passíveis de medir. Procurando dar resposta aos domínios emanados pelos Regulamentos n.º 125/2011 e 122/2011 de 18 de fevereiro de 2011 da Ordem dos Enfermeiros foram traçados os objetivos de desenvolver competências de enfermeiro especialista e competências de enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação. Mais, sendo um mestrado definiu-se também como objetivo a aquisição de competências de mestre definida pelo Decreto-Lei n.º 74/2006 de 24 de março, revogado pelo Decreto-Lei n.º63/2016 de 13 de setembro.

O exercício da prática profissional do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação deve objetivar a melhoria da função, a promoção da independência e a máxima satisfação da pessoa. Estes cuidados são desenvolvidos em todos os contextos da prática profissional, respeitando as pessoas com necessidades especiais, capacitando as pessoas com deficiência ou limitação da sua atividade ou participação, reinserindo-as socialmente ao longo do seu ciclo vital. Objetivou-se também o desenvolvimento de um programa de treino de atividades de vida diária e a recomendação de ajudas técnicas, a gestão dos cuidados e a articulação da equipa multidisciplinar na resposta aos mesmos e a produção de cuidados de enfermagem de reabilitação passiveis de resultados (Regulamento n.º 125/2011 de 18 de fevereiro da Ordem dos Enfermeiros).

Com o objetivo de adquirir e desenvolver competências comuns de enfermeiro especialista, competências específicas de enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação e competências de mestre no decurso da Unidade Curricular Estágio Final do Curso de Mestrado em Enfermagem em Associação, foram prestados cuidados de enfermagem especializada em reabilitação a todas as pessoas admitidas no contexto da prática de cuidados e elaborou-se um projeto de intervenção profissional incidindo sobre a independência funcional dos idosos.

No projeto de intervenção profissional definimos como objetivo geral implementar de um programa de enfermagem de reabilitação a indivíduos com dependência nas atividades básicas de vida diária e como objetivos específicos identificar a (s) atividade (s) básica (s) de vida diária com maior grau de dependência; melhorar a aptidão funcional e qualidade de vida

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Figura n.º1 – Levantar e Sentar na cadeira………………………………..……...  51  Figura n.º2 – Flexão do Antebraço………………………………………………
Tabela n.º2: Escala de Coma de Glasgow
Tabela n.º 3 Avaliação Padronizada: Escala de Barthel
Figura n.º 1 – Levantar e Sentar na Cadeira
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