• Nenhum resultado encontrado

Um exemplo de trabalho fundado na participação das crianças

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Um exemplo de trabalho fundado na participação das crianças"

Copied!
160
0
0

Texto

(1)

I

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Escola de Ciências Humanas e Sociais

Departamento de Educação e Psicologia

Um Exemplo de Trabalho Fundado

na Participação das Crianças

Relatório Final de Estágio

MESTRADO EM EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

Ana Patrícia Queirós Magalhães

(2)

II

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Escola de Ciências Humanas e Sociais

Departamento de Educação e Psicologia

Um Exemplo de Trabalho Fundado

na Participação das Crianças

Relatório Final de Estágio

Ana Patrícia Queirós Magalhães

Trabalho realizado sob a orientação da

Professora Doutora Maria Gabriel Bulas Cruz

Relatório Final, correspondente ao Estágio de natureza

Profissional/Prática de ensino supervisionado, elaborado para

a obtenção do grau de Mestre em Educação Pré-Escolar, de

acordo com os Decretos – Lei Nº 74/2006, de 24 de Março e Nº

43/2007, de 22 de Fevereiro.

(3)

III

DEDICATÓRIA

Dedico a todos que me apoiaram durante o percurso académico, na prática pedagógica e na realização deste relatório.

(4)

IV

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por me tornarem tudo possível e pelo apoio incondicional. À minha irmã, pelo apoio, palavras de conforto e encorajamento nas horas mais difíceis e a toda a minha família.

À Marta e à Aline por tanto terem feito por mim, pelo apoio e por tudo o que ainda está para vir.

À Educadora Cooperante Virgínia Sousa e à Professora Doutora Maria Gabriel pelo apoio, pelas palavras sábias e de encorajamento que tanto me fizeram crescer este ano. A todas as pessoas auxiliares e professores que trabalhavam na sala onde realizei o estágio e claro aos encarregados de educação e ao grupo de crianças com que m trabalhei.

Por último, mas não menos importantes, a todos aqueles que me acompanharam nestes últimos quatro anos de vida. Aqui fica a minha eterna gratidão para todos.

(5)

V

RESUMO

A primeira infância é uma etapa fundamental para o desenvolvimento da criança. É nela que constrói as bases do seu futuro, os alicerces da sua personalidade e tem os primeiros contactos com o mundo exterior e com a sociedade. Assim, a Educação Pré-Escolar e o Educador de Infância podem ser muito relevantes para a educação da criança.

Desenvolve-se de forma complementar à acção educativa da família, trabalhando em cooperação com a mesma, com o objectivo de favorecer o desenvolvimento saudável da criança, tornando-a num ser da nossa sociedade autónomo, responsável e livre.

O presente relatório final de estágio, tem como objectivo dar a conhecer a minha prática pedagógica no contexto Pré-Escolar do Jardim de Infância das Árvores com um grupo de vinte crianças. Com este trabalho pretendi explicitar um conjunto de objectivos que iam no sentido de motivar as crianças para a aprendizagem, tendo em vista a

participação activa de todas e com isso o seu desenvolvimento integral, tornando possível desenvolver nelas sobretudo um conjunto de atitudes favorecedoras da sua formação pessoal e social.

ABSTRACT

Early childhood is a critical step in the development of the child. It is there that the child builds the foundation of his future, the foundations of his personality and has the first contact with the outside world and society. Thus, the Pre-School and kindergarten teacher are important for the child`s education. The Pre-School, the first step of teaching the child, must be complementary to the educational activities of the family and work cooperatively with the same, with aim of promoting the healthy development of children, making them autonomous, responsible and free.

This final report stage, aims to inform about my teaching practice in a Preschool context with a group of twenty children. This Pre-School work aims to achieve a set of

objectives that were to motivate children for learning, with a view to active participation of all and thus make it possible to develop in them a set of attitudes that favor thei r personal and social education.

(6)

VI

ÍNDICE

ÍNDICE DE GRÁFICOS...IX ÍNDICE DE IMAGENS... X ÍNDICE DE ABREVIATURAS ...XI

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO I... 2

ENQUADRAMENTO CONTEXTUAL ... 2

1. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ENVOLVENTE ... 2

2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ... 6

3. CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO DE CRIANÇAS ... 9

4. ESPAÇOS E MATERIAIS ... 14

CAPÍTULO II ... 23

ACTIVIDADE EDUCATIVA ... 23

1. ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR ... 23

1.1. ORIENTAÇÕES GLOBAIS PARA O EDUCADOR... 24

1.2. ABORDAGEM SISTÉMICA E ECOLÓGICA DO AMBIENTE EDUCATIVO ... 26

1.3. ORGANIZAÇÃO DO GRUPO, DO ESPAÇO E DO TEMPO ... 27

1.4. ORGANIZAÇÃO DO MEIO INSTITUCIONAL ... 33

1.5. RELAÇÃO COM OS PAIS E OUTROS PARCEIROS EDUCATICOS ... 34

1.6. ÁREAS DE CONTEÚDO ... 35

1.7. CONTINUIDADE EDUCATIVA ... 39

1.8. INTENCIONALIDADE EDUCATIVA ... 41

2. MODELO PEDAGÓGICO ADOPTADO ... 41

3. RELAÇÃO PEDAGÓGICA ... 45

4. PERFIL DO EDUCADOR ... 46

(7)

VII

CAPÍTULO III... 57

DESENVOLVIMENTO DA ACTIVIDADE EDUCATIVA ... 57

1. O QUE É PLANIFICAR E A SUA IMPORTÂNCIA ... 57

2. PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES LIVRES ... 61

2.1. JUSTIFICAÇÃO DA PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES DE LIVRE ESCOLHA ... 65

2.2. AVALIAÇÃO DA PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES DE LIVRE ESCOLHA ... 65

3. PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES DE ROTINA ... 67

3.1. JUSTIFICAÇÃO DA PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES DE ROTINA ... 78

3.2. AVALIAÇÃO DA PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES DE ROTINA ... 79

4. PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES ORIENT ADAS/PROJECTO ... 83

4.1. JUSTIFICAÇÃO DA PLANIFICAÇÃO Nº12 ... 91

4.2. PREVISÕES DA PLANIFICAÇÃO Nº 12... 94

4.3. AVALIAÇÃO DA PLANIFICAÇÃO Nº12 ... 100

4.4. PLANIFICAÇÃO Nº 14 – 09/05/2011 A 11/05/2011, 16/05/2011 A 18/05/2001 E 23/05/2011 A 25/05/2011 ... 103

4.5. ACTIVIDADES ORIENTADAS E DE PROJECTO ... 103

4.6.JUSTIFICAÇÃO DA PLANIFICAÇÃO Nº 14 ... 114 4.7.PREVISÕES DA PLANIFICAÇÃO Nº 14... 115 4.8.AVALIAÇÃO DA PLANIFICAÇÃO Nº 14 ... 125 CAPÍTULO IV ... 128 O PROCESSO AVALIATIVO ... 128 1. CONCEITO DE AVALIAÇÃO ... 128

2. FORMAS E ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO ... 131

3. AVALIAÇÃO DO PROJECTO CURRICULAR DE GRUPO ... 133

3.1. O ESPAÇO E OS MATERIAIS ... 133

3.2. AS ÁREAS ... 134

(8)

VIII 3.4. AS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 138 CONCLUSÃO ... 143 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 144 ANEXOS ... 147 ÍNDICE DE ANEXOS ... 148

(9)

IX

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição das Crianças por Género Gráfico 2 – Faixa Etária das Crianças

Gráfico 3 – Moradas das Crianças Gráfico 4 - Número de Irmãos

Gráfico 5 - Habilitações dos Pais (por género) Gráfico 6 - Profissões dos Pais

Gráfico 7 - Profissões das Mães

(10)

X

ÍNDICE DE IMAGENS

Ilustração I - Mapa das Freguesias Ilustração II – Barro de Bisalhães Ilustração III - Área dos Jogos de Mesa Ilustração IV - Área da Biblioteca Ilustração V – Área da Casinha

(11)

XI

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

APEI – Associação de Profissionais de Educação de Infância CAF – Componente de Apoio à Família

IBIDEM – Do mesmo autor, da mesma obra em páginas diferentes IDEM – Do mesmo autor, da mesma obra e na mesma página. IP4 - Itinerário Principal

IPJ – Instituto Português da Juventude

IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social MEM – Movimento da Escola Moderna

NEE – Necessidades Educativas Especiais

OCEPE – Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar PAA – Plano Anual de Actividades

PCA – Projecto Curricular de Agrupamento PCG – Projecto Curricular de Grupo

PE – Projecto Educativo

PNA – Parque Natural do Alvão PNL – Plano Nacional de Leitura RI – Regulamento Interno

(12)

1

INTRODUÇÃO

O presente relatório é o resultado dos estágios I e II realizados no âmbito do Mestrado em Educação Pré-Escolar, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O trabalho foi realizado individualmente de Outubro de 2010 a Julho de 2011. Fora m realizadas inicialmente quatro semanas de observação. Gradualmente foi sendo assumida a responsabilização pelas actividades educativas a desenvolver com um grupo heterogéneo, relativamente à idade, de 20 crianças (uma delas com NEE) do pré-escolar do Jardim de Infância das Árvores, pertencente à Rede Pública e ao Agrupamento Vertical de Escolas Diogo Cão.

No relatório que apresento, procuro mostrar e reflectir sobre o trabalho desenvolvido ao longo dos estágios I e II. Todas as actividades desenvolvidas pretenderam responder às necessidades das crianças do grupo e contribuir para o seu desenvolvimento. O relatório é constituído por quatro capítulos. No primeiro falo do contexto que envolve a instituição, referindo-me ao meio, ao agrupamento e ao Jardim-de-Infância propriamente dito, ao grupo de crianças e aos espaços por ele mais utilizados. No segundo aborda-se a actividade educativa, chamando a atenção para a importância das Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE). Menciona-se o modelo pedagógico adoptado pela educadora cooperante, a relação pedagógica, o perfil do Educador e o currículo em Educação Pré-Escolar. O terceiro é constituído pela explanação daquilo que foi o desenvolvimento da actividade educativa. Começo por procurar esclarecer o que é planificar e a sua importância, passando depois a apresentar algumas planificações: das actividades livres, sua avaliação e justificação; das actividades de rotina, com a respectiva avaliação e justificação; das actividades orientadas e de projecto acompanhadas das previsões diárias, justificações e avaliações. O quarto capítulo aborda o processo avaliativo. Explicita-se o conceito de avaliação e referem-se as formas e estratégias de avaliação utilizadas. Apresenta-se também a avaliação do projecto curricular de grupo trabalhado com as crianças. Finalmente apresento a conclusão e as referências bibliográficas utilizadas.

(13)

2

CAPÍTULO I

ENQUADRAMENTO CONTEXTUAL

1. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ENVOLVENTE

O meio envolvente tem influência indirecta na educação das crianças. Por meio envolvente entenda-se “localidades de onde provêm as crianças que frequentam um determinado estabelecimento de educação pré-escolar” e a própria localização geográfica deste estabelecimento. (Orientações Curriculares, 1997: 33)

Segundo Lobo (1988: 19) o Jardim-de-Infância não existe num mundo à parte. É sim parte integrante da sociedade, o que implica por parte dos Educadores uma constante interpretação e interacção com o meio envolvente. O meio envolvente tem também um papel fundamental nas aquisições sensoriais e cognitivas das crianças (Barbosa e Horn, 2001:73). Assim, cabe ao Educador adaptar o processo educativo ao meio envolvente, aproveitando e explorando todas as possibilidades que este oferece para o desenvolvimento das crianças.

O Jardim de Infância das Árvores foi criado no ano lectivo de 1985 -86 e situa-se na rua da Fonte Nova – Almodena, freguesia de S. Dinis, concelho e distrito de Vila Real. Este jardim é o único estabelecimento Pré-Escolar da Rede Pública do Ministério da Educação que existe na freguesia de S. Dinis. Actualmente e por motivo de obras (construção do novo Centro Escolar) está a ocupar, bem como a escola do 1º Ciclo das Árvores, monoblocos pré-fabricados que se encontram localizados entre as antigas instalações e a Escola do Instituto Piaget.

O distrito de Vila Real pertence à antiga província de Trás-os-Montes e Alto Douro. O distrito faz fronteira a norte com Espanha, a leste com o distrito de Bragança, a sul com o distrito de Viseu e a oeste com os distritos do Porto e de Braga. Possui uma área de 4328 km² e uma população residente de 218 935 habitantes (dados de 2006). A capital do distrito é a cidade de Vila Real1.

1

(14)

3 A cidade de Vila Real é sede de um município com 378,8 km² de área e 50131 habitantes. O concelho é constituído por 30 freguesias: Abaças, Adoufe, Andrães, Arroios, Borbela, Campeã, Constantim, Ermida, Folhadela, Guiães, Justes, Lamares, Lamas de Ôlo, Lordelo, Mateus, Mondrões, Mouçós, Nogueira, Nossa Senhora da Conceição (freguesia urbana), Parada de Cunhos, São Miguel de Pena, Quintã, São Dinis (freguesia urbana), São Pedro (freguesia urbana), São Tomé do Castelo, Torgueda, Vale de Nogueiras, Vila Cova, Vila Marim e Vilarinho da Samardã (Ilustração I).

Ilustração I – Mapa das Freguesias

de Vila Real 2

Nascida na junção dos rios Corgo e Cabril, encaixa numa paisagem de extrema beleza, onde se encontram como pano de fundo, as Serras do Alvão e do Marão. Apesar de ser uma cidade, Vila Real mantém as suas características rurais salientes. As paisagens que caracterizam o concelho são a zona montanhosa do Alvão e do Marão e os vinhedos e m socalco da zona do Douro. O rio Corgo, que atravessa a cidade num pequeno mas profundo vale, confere ainda uma beleza especial à paisagem do concelho.

Hoje em dia, a cidade de Vila Real está a crescer, desenvolvendo-se nas áreas da indústria, do comércio e dos serviços para a saúde, ensino, do turismo, entre outras, apresentando-se assim como um local de eleição para os investimentos externos3. 2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Vila_Real 3 http://wapedia.mobi/pt/Vila_Real

(15)

4 São vários os locais de grande interesse que caracterizam a cidade, tais como a Vila Velha (parte mais antiga da cidade), a Avenida Carvalho Araújo, a Rua Direita e o percurso ao longo do rio Corgo.

O linho de Agarez, a tecelagem e o barro preto de bisalhães (Ilustração II) são produtos típicos de artesanato de Vila Real.

Ilustração II - Barro de Bisalhães 4

A Freguesia de S. Dinis, onde se situa o Jardim de Infância das Árvores, éa mais antiga do Concelho de Vila Real. Voltada para a Serra do Marão, fica situada na parte Sul do concelho. Tem como fronteiras as Freguesias de S. Pedro, Nossa Sr.ª da Conceição, Lordelo, Parada de Cunhos, da qual é separada pelo Rio Cabril, e Folhadela.

Na cidade existem vários monumentos dignos de registo, entre os quais temos as igrejas de S. Dinis, da Misericórdia e de S. Domingos (também conhecida por Sé de Vila Real), as capelas Nova, de S. Brás e da Senhora de Almodena, vários pelourinhos, a casa de Diogo Cão e algumas outras casas brasonadas. Para além destes ainda temos o utros motivos de interesse tais como: o Cruzeiro da Rua da Fonte Nova, a Fonte Nova na Rua da Fonte Nova, a Estátua de Carvalho Araújo, o Bairro de Almodena, os Paços do Concelho, o Museu da Vila Velha e o Barro de Bisalhães.

Nesta linha de pensamentos é possível afirmar que apesar de certas infra-estruturas não estarem ao nosso alcance de forma pedonal, podem ser visitadas recorrendo à rede

4

(16)

5 urbana de transportes públicos – Corgobus – desta mesma cidade. As infra-estruturas acima referidas são as seguintes:

 Bombeiros Voluntários de Vila Real e Cruz Verde;

 Bombeiros Voluntários de Vila Real Salvação Pública Cruz Branca;  Correios;

 Jardim da Carreira;  Parque Florestal;  Tribunal;

 Biblioteca Municipal;  Hospital de Vila Real;

 Museu de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro;  Museu do Som e Imagem, sedeado no Teatro Municipal de Vila Real;  Piscinas Municipais;

 Shopping Dolce Vita Douro;  Teatro Municipal de Vila Real;  […]

Assim, é visível a grande riqueza cultural que esta cidade capital nos pode o ferecer tanto a nós como às nossas crianças.

De acordo com os censos realizados em 2001, esta Freguesia é constituída por cerca de 3000 habitações, às quais corresponde um agregado populacional de 7000 a 7500 habitantes.

Economicamente, não possui qualquer tipo de indústria e, por conseguinte, a maior parte da população activa dedica-se ao comércio ou são trabalhadores por conta própria ou de outrem.

Uma parte importante da população mais idosa dedica-se à agricultura, ao cultivo da batata, fruta e hortícolas, essencialmente para auto consumo, sendo uma pequena parte destinada à venda nos dias de mercado.

A população mais jovem estuda nos estabelecimentos de ensino da cidade de Vila Real, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ou frequenta universidades noutras cidades.

Existe neste momento uma vasta rede de autocarros que serve esta freguesia, permitindo uma fácil mobilidade para todo o espaço urbano. É ainda servida por duas centrais de camionagem (Auto-Viação do Tâmega e Rodonorte). A Freguesia de S. Dinis é

(17)

6 atravessada pelo IP4 e aqui existe uma das duas entradas e saídas que permitem o acesso da cidade a esta via. Por esta razão, o tráfego automóvel de ligeiros e pesados é bastante intenso5.

2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

O Jardim-de-Infância das Árvores é uma Instituição da Rede Pública e pertence ao Agrupamento Vertical de Escolas Diogo Cão.

O Agrupamento Vertical de Escolas Diogo Cão é constituído por 1 estabelecimento de ensino de 2º e 3º Ciclos, 25 estabelecimentos do 1ºCiclo e 23 Jardins-de-Infância. Estes são os Jardins-de-infância de Agarez, de Arrabães, das Árvores, de Borbela, do Bairro São Vicente de Paula nº 1, o Bairro São Vicente de Paula nº 2, de Ferreiros, de Fraga d’Almotolia, o da Granja, de Gravelos, de Lordelo, de Mondrões nº 1, de Mondrões nº2, de Parada de Cunhos, de Pomarelhos, de Pousada, de Samardã, de São Pedro, de Vendas de Cima, de Vila Marim, de Vila Seca, de Vilarinho da Samardã e o Jardim-de-infância da Timpeira.

Deste Agrupamento fazem parte os seguintes órgãos de direcção, gestão e administração: o Conselho Geral, o Director, o Conselho Pedagógico e o Conselho Administrativo.

O Conselho Geral é o órgão de direcção estratégica responsável pela definição das linhas orientadoras da actividade do Agrupamento, assegurando a participação e representação da comunidade educativa (ponto 1 do art. 11º do Decreto-Lei 75/2008 de 22 de Abril); é constituído por 21 elementos.

O Director é o órgão de administração e gestão do Agrupamento de escolas nas áreas pedagógica, cultural, administrativa, financeira e patrimonial. Este é eleito pelo Conselho Geral de acordo com as regras definidas pela portaria nº 604/2008 de 9 de Julho.

O Conselho Pedagógico é o órgão de coordenação e supervisão pedagógica e orientação educativa do Agrupamento de escolas nomeadamente nos domínios pedagógico-didácticos, da orientação e acompanhamento dos alunos e da formação inicial e

5

(18)

7 contínua do pessoal docente e não docente. Por último, o Conselho Administrativo é o órgão deliberativo em matéria administrativo-financeira do Agrupamento de escolas, nos termos da legislação em vigor.

Os Educadores de Infância deste Agrupamento fazem parte do Departamento da Educação Pré-Escolar e têm um representante no Conselho Pedagógico.6

O Plano Anual de Actividades, juntamente com o Projecto Educativo e com o Regulamento Interno, forma o conjunto de instrumentos de apoio à gestão escolar. Se o Projecto Educativo representa a orientação educativa do Agrupamento para um período de quatro anos, o Plano Anual de Actividades concretiza os objectivos e as metas do Projecto Educativo para cada ano, definindo objectivos, condições e meios. Pretende-se que o Plano Anual de Actividades seja um instrumento simples, prático e flexível de planificação das actividades escolares (lectivas e não lectivas) a desenvolver ao longo do ano lectivo. Não pode deixar de ter em conta os grandes objectivos do Sistema Educativo, a promoção das aprendizagens dos alunos e a preocupação com a sua formação e desenvolvimento pessoal e social.

Segundo o calendário escolar, o ano lectivo corrente teve início no dia 10 de Setembro de 2010 e termina no dia 5 de Julho de 2011. As interrupções são:

No Natal, do dia 27 de Dezembro de 2010 até ao dia 31 de Dezembro de 2010 (cinco dias úteis);

No Carnaval, do dia 7 de Março de 2011 até ao dia 9 de Março de 2011; Na Páscoa, do dia 15 de Abril de 2011 até ao dia 21 de Abril de 2011 (cinco dias úteis).

Neste ano lectivo o Jardim de Infância funciona das 9h às 18h, com interrupção de duas horas para almoço (das 12h00 às 14h00). O horário lectivo de funcionamento cumpre um total de cinco horas diárias, sendo três horas no período da manhã (das 09:00 horas às 12:00 horas), e duas horas no período da tarde (das 14:00 às 16:00 horas), tendo mais duas horas de prolongamento (das 16:00 às 18:00 horas). O horário de atendimento aos pais efectua-se às segundas-feiras entre as 16:00 e as 16:30 horas. Para garantir a ligação às famílias, a sala do Jardim de Infância conta com dois representantes de pais, eleitos para participar na vida do Agrupamento.

O funcionamento do Jardim-de-Infância é assegurado, por pessoal docente e não docente, distribuído do seguinte modo:

(19)

8 a) Pessoal docente:

Uma Educadora de Infância (Educadora Titular);

Uma Professora do 1º Ciclo, colocada em apoio à criança com NEE; b) Pessoal não docente:

Uma Auxiliar de Acção Educativa;

Uma Animadora Sócio-Cultural (para o prolongamento); Uma Tarefeira (cumprindo 4 horas de trabalho diárias).

HORÁRIOS

Horário da

Instituição

Horário da

Educadora

Horário da

Auxiliar de

Acção

Educativa

Horário da

Animadora

Sócio-Cultural

Manhã

07:45

09:00

12:00

08:30

12:15

11:45

14:15

Tarde

19:00

14:00

16:00

13:45

17:00

15:45

18:15

Horário da Tarefeira: 4 horas diárias, com horário variável (conforme as necessidades

de apoio às várias actividades da criança com NEE).

A Componente de Apoio à Família (CAF) é um serviço prestado pela Autarquia às crianças cujos Encarregados de Educação, por questões profissionais, necessitam que as mesmas fiquem para além do horário normal. Das 20 crianças que frequentam o Jardim

(20)

9 de Infância, 13 beneficiam do serviço de almoço (65 %) e 13 têm prolongamento da parte de tarde (65 %).

3. CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO DE CRIANÇAS

No Jardim-de-Infância o grupo influencia de forma significativa a interacção social e as relações entre adultos e crianças e entre crianças. “A relação individualizada que o educador estabelece com cada criança é facilitadora da sua inserção no grupo e das relações com as outras crianças.” (Orientações Curriculares, 1997: 35). São vários os factores que podem influenciar o funcionamento do grupo, tais como as características individuais de cada criança, a heterogeneidade quanto ao sexo e à idade e a dimensão do grupo. (Idem) A presente caracterização baseia-se nos dados recolhidos na ficha de inscrição das crianças, nas observações efectuadas durante o período de observação e nas informações fornecidas pela Educadora.

A minha sala é frequentada por vinte crianças com idades compreendidas entre os três e os cinco anos e uma dessas crianças está sinalizada pela equipa do ensino especial em virtude de necessitar de apoio educativo. A grande maioria das crianças (18) frequenta este Jardim de Infância pela primeira vez, sendo que uma frequenta pelo 2º ano e outr a frequenta pelo 3º ano.

Até ao final do ano de 2010 temos seis crianças com cinco anos, a grande maioria com quatro anos (9 crianças) e cinco com três anos.

Relativamente à idade e ao sexo das crianças temos quatro rapazes de três, sete de quatro e dois de cinco anos, quanto às raparigas temos uma de três, duas de quatro e quatro de cinco anos. Das vinte crianças inscritas, sete são raparigas e treze são rapazes.

(21)

10 Trata-se de um grupo heterogéneo, cujas idades estão compreendidas entre os três, quatro e os cinco anos de idade, cinco crianças pertencem à faixa etária dos três anos, nove crianças pertencem à faixa etária dos quatro anos e seis crianças têm cinco anos de idade.

Gráfico 2

Gráfico 3

(22)

11 Da análise do (gráfico 3) ressalta o facto da maior parte das crianças (10, ou seja, 50 %) ser proveniente da Freguesia de S. Dinis, onde se situa o Jardim de Infância. Quatro das crianças são provenientes de Parada de Cunhos, duas de Lordelo e as restantes de S. Pedro, Mateus, N.ª Sr.ª da Conceição e Vila Marim.

Gráfico 4

As crianças vivem maioritariamente com os seus progenitores. As restantes vivem co m a mãe existindo quatro famílias monoparentais. Analisando o (gráfico 4), seis das crianças não têm irmãos (30 %), onze têm um irmão ou irmã (55 %), um tem dois irmãos (5 %) e duas têm três irmãos (10 %).

Gráfico 5

Relativamente às habilitações literárias dos Pais (Gráfico 5), a maior parte não completaram a Escolaridade Obrigatória (33,3 %), tendo 17,8 % completado a

(23)

12 Escolaridade Obrigatória e a mesma percentagem (17,8 %) frequentado ou completado o 3º Ciclo de Ensino. Uma apreciável percentagem de Pais é licenciada ou com frequência no Ensino Superior (30,8 %). Relativamente a este item, as Mães são as mais representadas dentro dos que não concluíram a Escolaridade Obrigatória mas são também as que se apresentam em maior número nos que concluíram o Ensino Superior. Da análise das fichas de identificação das crianças é possível concluir que a maior parte dos agregados familiares pertencem, de uma forma global, àquela que se convenciono u chamar classe média, existindo cinco agregados de um nível médio alto e sete de um nível socioeconómico baixo.

(24)

13

Gráfico 7

Nos Gráficos 6 e 7 estão enumeradas as profissões dos Pais das crianças. De salientar o elevado número de mães domésticas (33% das mães).

Gráfico 8

A estrutura etária dos Pais das crianças encontra-se patente no Gráfico 8.Verifica-se que cerca de 64% dos progenitores, independentemente do género, estão na casa dos 30-40 anos.7

(25)

14

4. ESPAÇOS E MATERIAIS

Espaço Exterior

O recreio é um elemento muito importante no desenvolvimento das crianças, uma vez que favorece as aprendizagens e a aquisição de determinadas competências. As crianças precisam de contactar com o exterior e com o ar livre. Neste ambiente aprendem a lidar com novas situações, a relacionar-se com pessoas externas ao seu grupo, a conviver e a resolver conflitos. A principal função do recreio é oferecer às crianças um espaço onde possam correr livremente e testar as suas capacidades motoras. No entanto é importante que seja usado para outros fins, como por exemplo para realizar jogos e experiências. Se o espaço for amplo deverá possuir várias áreas que permitam novas experiências às crianças tais como a área da areia, da casinha, dos aparelhos fixos e de circulação de triciclos e bicicletas. Se for pequeno nunca devemos perder de vista a sua função

principal e pensar noutra estratégia de movimentos e experiências ao ar livre (Bassedas, Huguet & Solé, 1999:109).

O espaço exterior (recreio) de qualquer estabelecimento de Educação Pré-escolar é igualmente um espaço educativo e merece a mesma atenção por parte do Educador que o espaço interior, visto que possui, também, oportunidades educativas e socioculturais. O espaço exterior deve ser organizado de forma a oferecer ambientes diversificados que permitam a realização de actividades lúdicas e educativas.

Os equipamentos do espaço exterior devem ser tão polivalentes quanto possível, para oferecer maior diversidade de actividades, não esquecendo a faixa etária das crianças. Neste momento o Jardim de Infância das Árvores não nos pode oferecer estas condições, uma vez que está em obras. Estamos num monobloco pré-fabricado, sendo o recreio demasiado pequeno, uma vez que também lá temos cinco salas dos colegas do 1º Ciclo. Não há nenhum tipo de aparelho fixo ou outras estruturas para as crianças utilizarem.

Quando as condições climatéricas não são as mais apropriadas, temos uma parte muito pequenina do recreio que é coberta, que fica em frente ao refeitório. Mas quando está muito frio ou chuva as crianças ficam a brincar dentro da sala e não vêm para o recreio, normalmente só o fazem quando está sol e bom tempo.

(26)

15

 Espaço Interior

Os espaços de um Jardim de Infância devem ser amplos, iluminados por luz natural (o máximo possível) e possuir condições de higiene. Devem ser decorados de forma estética, de modo a cuidar do ambiente do espaço físico. Para que a decoração seja apreciada por todos os elementos que frequentam a instituição é necessário incentivar e valorizar a sua participação de forma positiva. Assim, procura-se cuidar “ do efeito geral de sentir-se à vontade” em todos os espaços da instituição (Bassedas, Huguet & Solé).

A entrada do Jardim de Infância deve ser agradável e ampla. É um excelente espaço para expor as actividades realizadas pelas crianças, as saídas efectuadas, fotografias e ainda informar os pais acerca de reuniões, horários e normas de funcionamento (Idem). A organização da sala de actividades deve respeitar as necessidades de cada criança e estar de acordo com as várias actividades que se irão realizar. O importante não é o espaço disponível, mas sim as possibilidades e potencialidades que oferece, permitindo o desenvolvimento progressivo da autonomia das crianças. Para tal é necessário adequar o arranjo da sala aos meninos, e para o conseguir é importante que nos coloquemos no lugar deles, entendendo a funcionalidade da organização do seu ponto de vista. Sempre que necessário a sala pode ser alterada de modo a responder às suas necessidades (Ibidem).

A sala de actividades e os seus espaços não devem ser vistos como um pano de fundo mas sim como parte integrante da acção educativa. “O Educador deve proporcionar às crianças espaços variados, sugestivos, e aliciantes e na sua organização deverá existir harmonia e lógica de modo a possibilitar as trocas e os contactos entre elas.” (Lobo, 1988: 19). Para tal é necessário considerar o seu arranjo de acordo com o número de crianças presentes no grupo, as suas idades e as suas características. É ainda importante realçar que a sala de actividades não deve ser o espelho do trabalho do Educador mas sim das crianças. A sala poderá ser organizada com o grupo, ouvindo as suas sugestões e dando-lhes a devida importância. Os espaços, sempre que possível, estarão definidos com um tapete, plásticos, móveis, biombos, etc. A delimitação das áreas é fundamental uma vez que podem ser espaços semi-abertos, permitindo às crianças e ao Educador uma visão de toda a sala e das interacções sociais. Com este esquema podemos promover a identidade pessoal das crianças, o desenvolvimento de competências, a

(27)

16 construção de diferentes aprendizagens e oportunidades para o contacto social e a privacidade. (Barbosa & Horn, 2001:76)

Organizar a sala através de áreas tem sido uma tarefa “bem sucedida nesta organização em espaços semi-abertos e estruturantes” (Barbosa & Horn, 2001:77). Assim, sugerimos algumas, que devem ter em conta as idades das crianças: a área da biblioteca, da

casinha, da garagem, do disfarce, dos fantoches, dos jogos, da escrita, entre outras. Ao seleccionarem os materiais, os adultos têm em conta as diferentes culturas das crianças. “Os materiais devem reflectir a vida do seu dia-a-dia, logo, devem ter em conta os padrões e origens culturais. Se o programa incluir filhos de pescadores, é natural que os equipamentos de pesca sejam um dos materiais preferidos pelas crianças desse grupo. Uma forma de garantir que o meio físico espelha o ambiente cultural das crianças consiste em pedir aos pais que tragam materiais típicos das suas casas e dos seus empregos. Por exemplo, se houver crianças asiáticas, os pais poderão trazer tigelas e pauzinhos” (Rogers, 1996:154).

Ao organizar os espaços devemos considerar aspectos que podem condicionar as alterações que queremos efectuar. Segundo Forneiro (1998: 242) alguns podem condicionar a forma como os Educadores organizam as salas de actividades

(…) tanto no sentido de limitar as suas possíveis decisões (pólo negativo) como no de abrir-lhes novas possibilidades (pólo positivo). Condicionam-nos tanto se eles

estiverem conscientes da sua existência como se os ignorarem. O que ocorre é que, se eles conhecem a natureza de tais condicionantes, encontram-se em melhor situação para poder neutralizá-los (pólo negativo) ou para aproveitá-los e tirar deles o máximo proveito (pólo positivo).

Passamos agora a apresentar os elementos condicionantes segundo Forneiro (1998). Existem dois tipos de elementos que condicionam a organização dos espaços: os elementos contextuais e os elementos pessoais.

Dentro dos elementos contextuais podemos fazer referência ao macrocontexto (escola e ambiente) e ao microcontexto (sala de aula e espaços anexos). O ambiente, a sala de aula e os modelos pedagógicos pertencem aos elementos contextuais.

No tocante ao ambiente devemos considerar dois aspectos: as condições climáticas e os recursos do ambiente. As condições climáticas condicionam mui to a organização dos espaços, por exemplo num local com muito sol é necessário prever zonas exteriores com sombra e garantir o máximo possível a frescura. O ambiente pode fornecer espaços e

(28)

17 materiais (naturais ou artificiais). Espaços de cariz cultural como bibliotecas e museus proporcionam aprendizagens diferentes às crianças. O ambiente pode fornecer materiais para a realização de actividades, enriquecendo-as, e para a adequação dos espaços da sala de actividades.

A Escola por sua vez pode limitar-nos através da sua própria estrutura arquitectónica, espaços externos e adequação dos espaços comuns. A arquitectura pode influenciar uma vez que edifícios mais antigos não possuem todas as condições para as salas de

actividades terem um espaço higiénico e saudável. Os Jardins de Infância precisam de espaços amplos, com áreas de encontro e supressão de barreiras físicas. As salas devem ainda estar situadas, sempre que possível no rés-do-chão para não dificultar o acesso às mesmas.

A sala de actividades é por vezes limitante uma vez que possui espaços fixos, como a sua dimensão, a localização das janelas, a existência de armários embuti dos, entre outros. Estes irão limitar o comportamento de quem os frequenta e a forma como comunica com os outros. O tipo e a quantidade de mobiliário podem também

influenciar a organização da sala de actividades. Devemos estar sempre atentos à sua leveza (se é fácil de deslocar para o adequar aos espaços), à sua polivalência (se pode assumir várias funções) e à sua funcionalidade (se se adapta às necessidades e

características das crianças). Os modelos pedagógicos influenciam por sua vez a forma de gerir os espaços, uma vez que provocam no profissional de educação alterações na sua forma de pensar e ver o processo educativo. Os elementos pessoais que

condicionam a organização dos espaços numa sala de actividades são as crianças e os Educadores.

A idade que as crianças têm, o meio social em que estão inseridas e as necessidades que apresentam ditam muito a forma como os espaços serão organizados e apetrechados. Por exemplo se forem criança muito pequenas os móveis terão que ser baixos, se

morarem longe da praia faria todo o sentido pôr conchas do mar na sala de actividades. Os Educadores são sem dúvida uma das maiores influências. A formação profissional que tiveram, a experiência anterior, os seus valores e crenças, a sua originalidade e expressividade e os seus problemas pessoais são factores que irão influenciar a organização dos espaços. Por vezes os Educadores estão tão habituados a trabalhar da mesma maneira, a fazer sempre as mesmas coisas que deixam de estar receptivos (inconscientemente) a mudanças na sala de actividades. Todos os pontos acima

(29)

18 referidos devem ser considerados com calma e pensados para que possamos oferecer às crianças o melhor de nós e do meio que nos rodeia.

No Jardim de Infância das Árvorestemos duas salas, destinadas à Educação

Pré-Escolar, uma é a sala de actividades e a outra é a sala onde funciona o serviço de apoio à família (CAF), com almoços e prolongamento. Acede-se à sala de actividades pela primeira porta quando se entra o portão do lado esquerdo. No interior temos, logo na entrada do lado direito, os cabides das crianças identificados com os nomes e com um desenho para elas pendurarem os bibes e os casacos. Temos também um cesto onde põem as suas mochilas. A seguir está o ecoponto para as crianças fazerem a separação do lixo. Na parede temos um placar de corticite com alguns mapas, como o mapa do tempo, as ideias de trabalho, a data, o mapa de votação de chefe da semana, o mapa de avaliação do chefe da semana, o mapa de avaliação do tempo e algumas músicas. Provavelmente aqui irão ser colocados outros mapas como o mapa dos lanches e o das tarefas. Neste local as crianças também colocam os seus desenhos, tendo cada uma a sua janelinha com o nome para poder identificar. Na parede por cima temos o cartaz da exposição que fomos ver ao P.N.A “D. Sapos & Companhia” e o projecto que fizemos sobre os “Romanos”. Aqui vai ser colocado o projecto já realizado os “Sapos e as Rãs” e outros que possam vir a ser desenvolvidos. No chão por baixo do placar está a “caixa dos trabalhos acabados”, onde as crianças põem as produções que tiram do placar para colocar outras novas. Temos ainda outra mesa redonda destinada à pintura e onde as crianças fazem trabalhos em pequeno grupo; há também a mesa de trabalho e a cadeira da criança com NEE.

A seguir, na parede, temos o diário de grupo, dividido em três colunas: “GOSTAMOS”, “NÃO GOSTAMOS” e “NOTÍCIAS” onde escrevemos todos os dias; em baixo está o mapa de presenças onde cada criança diariamente, de manhã quando chega, e depois de vestir o bibe, vai marcar a sua presença com a ajuda de um adulto. Temos também aqui uma janela para dar luz natural.

A seguir, já na outra parede, temos a mesa com o telefone do jardim e uma outra de trabalho e de apoio à criança com NEE que a ajuda a manter em pé; logo a seguir encontra-se mais uma mesa redonda com alguns materiais, onde provavelmente serão feitos os trabalhos de natal e onde posteriormente se poderão montar as áreas da escrita, da matemática e das ciências; depois temos uma secretária da Educadora com alguns materiais e outra janela.

(30)

19 No mesmo correr temos ainda um armário com muitos jogos didácticos para as crianças brincarem; estes jogos estão todos arrumados em gavetas transparentes numeradas, identificados com o nome e de fácil acesso para as crianças.

Ilustração III – Área dos Jogos de Mesa

A seguir está a área da biblioteca. Esta apresenta uma grande diversidade de livros. Porém ainda existe uma grande variedade arrumados em caixas. Estes só não se encontram na biblioteca porque ela já está cheia e também devido ao pouco espaço que temos. Esta área é constituída por uma estante onde estão alguns dos livros, um armário pequeno também com livros e quatro sofás; também tem uma janela, fonte de luz natural, que facilita a “leitura” para as crianças. Esta estante da biblioteca do outro lado tem os materiais necessários para as crianças trabalharem, tais como as folhas, os lápis de cor, os lápis de cera, os marcadores, os lápis de grafite, as canetas, as tesouras, entre outros materiais.

(31)

20

Ilustração IV - Área da Biblioteca

A seguir temos a área da casinha (cozinha e quarto). É muito apreciada pelas crianças, tanto que sempre que ocorrem actividades livres a maioria quer ir para lá. Tem muitos materiais iguais aos que as crianças têm em casa, sendo até al guns destes trazidos pelas crianças (como por exemplo embalagens vazias), permitindo-lhes assim recriar experiências vivenciadas em casa. A área do quarto enco ntra-se junto à área da cozinha e aqui as crianças podem igualmente recriar experiências vivenciadas e desenvolver a imaginação.

Esta área só pode ser frequentada por cinco crianças de cada vez de forma a garantir o seu bom funcionamento e as aprendizagens.

(32)

21

Ilustração V - Área da Casinha

No outro lado na parede temos outro placar, ta mbém em corticite, onde as crianças tê m a sua janelinha identificada com o nome e põem as colagens e as estampagens, entre outros trabalhos. Por cima do placar temos as pinturas e também na parede ao pé da casinha temos uma grande roda dos alimentos e trabalhos relacionados com a alimentação feitos pelas crianças. Aqui também há uma mesa redonda onde fazem as colagens e outro tipo de trabalhos manuais, onde há cola, pincéis, revistas, entre outro tipo de materiais.

A seguir, no canto, temos arrumado muito material de desperdício para trabalhos e também algumas produções feitas por meninos de anos anteriores.

Encontra-mos depois a área da garagem, com dois armários em forma de estante para arrumar os carros, um tapete, duas pistas e ainda jogos de construção (legos). Esta é mais frequentada pelos meninos do que pelas meninas e só comporta quatro elementos

(33)

22 Adiante temos três armários e uma estante onde estão arrumados alguns materiais, nomeadamente materiais de culinária, documentos e registos de anos anteriores e outros. No armário que está do lado esquerdo da porta de entrada temos afixadas na porta as placas dos nomes das crianças para elas copiarem. Temos também aqui mais uma mesa redonda para trabalho.

No centro da sala agrupam-se várias mesas rectangulares seguidas de duas em forma de “meia-lua” nas pontas e várias cadeiras; aqui fazemos todos os dias as reuniões e actividades em grande grupo. No tecto da sala temos a bandeira que ganhámos do projecto Eco-Escolas.

A nossa sala de actividades tem cerca de 50m² o que se torna muito pouco se considerarmos o mobiliário e material disponível; temos que ter tudo muito apertado e algum material guardado devido à falta de espaço.

A sala de prolongamento também tem cerca de 50m²,mas aqui o espaço já se torna mais amplo uma vez que está menos ocupado; te m os cabides das crianças, um banco grande, algumas mesas e cadeiras, uma televisão e um vídeo e vários tipos de jogos.

Logo a seguir à sala de prolongamento te mos um monobloco com as casas de banho, equipadas com lavatórios e três pequenas divisórias cada uma com uma sanita; temos também um chuveiro e um fraldário. A casa de banho não tem acesso directo à sala de actividades, o que dificulta imenso o trabalho diário, uma vez que todas as crianças têm necessidade de ir acompanhadas à casa de banho.

(34)

23

CAPÍTULO II

ACTIVIDADE EDUCATIVA

1. ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO

PRÉ-ESCOLAR

Os princípios gerais da Educação Pré-Escolar são:

a) O direito que qualquer cidadão português tem à educação e à cultura;

b) A não confessionalidade do ensino público português (o ensino é para todos); c) A possibilidade de utilizar diferentes modelos pedagógicos/metodologias de

ensino;

d) A preservação da identidade e cultura portuguesa;

e) A promoção do sucesso escolar através de uma educação pré-escolar de

qualidade;

f) O direito dos pais a participarem na educação dos seus filhos em estreita

colaboração com os Educadores de infância.

Estes objectivos estão presentes nas Orientações Curriculares, que surgiram para definir as bases do que se deve trabalhar num Jardim-de-Infância. Assim, são um guia para o Educador, dando-lhe pistas quanto ao que deve ser trabalhado, de acordo com as necessidades do grupo de crianças.

Foram construídas de acordo com os seguintes princípios:

A aprendizagem e o desenvolvimento não estão separados, antes são as duas faces de um mesmo processo, interligando-se permanentemente;

Devem ser trabalhadas de forma conjunta as áreas de formação pessoal e social, expressão/comunicação e conhecimento do mundo, denominadas áreas de conteúdo;

O tipo de metodologia a usar num Jardim-de-Infância deve basear-se numa pedagogia diferenciada, ou seja, se a criança tem necessidades e interesses que lhe são próprios, o tipo de actividades que faz tem de ser diferente das outras crianças;

(35)

24 A criança é o sujeito da educação pré-escolar, ou seja, ela deve participar na planificação do que se faz no Jardim e na realização das actividades, partindo-se dos seus conhecimentos prévios.

1.1.ORIENTAÇÕES GLOBAIS PARA O EDUCADOR

De acordo com as OCEPE (1997:25) “a intencionalidade do processo educativo que caracteriza a intervenção profissional do Educador passa por diferentes etapas” (observar, planear, agir, avaliar, comunicar e articular) que estão interligadas e se vão completando e aprofundando.

Devemos observar cada criança em particular e o grupo em geral para ficarmos a conhecer as suas capacidades, os seus interesses e dificuldades e também para recolhermos as informações possíveis em relação ao meio em que vive e ao seu contexto familiar. Todos estes dados serão úteis para compreender melhor as características das crianças e adequar o processo educativo às suas necessidades. A observação permite-nos perceber o que podemos ou não trabalhar com um determinado grupo e também fazer uma avaliação que irá servir de suporte à intencionalidade do processo educativo.

“Planear implica que o Educador reflicta sobre as suas intenções educativas e as formas de as adequar ao grupo, prevendo situações de experiências e aprendizagem e organizando os recursos humanos e materiais necessários à sua realização”. (OCEPE, 1997:26) Planear o processo educativo de acordo com o que o Educador sabe do grupo e de cada criança, relativamente ao seu contexto familiar e social, é condição para que a Educação Pré-Escolar proporcione um ambiente estimulante de desenvolvimento e promova aprendizagens significativas e diversificadas que contribuam para uma maior igualdade de oportunidades. O Educador deve planear situações de aprendizagem que sejam suficientemente desafiadoras, de modo a estimular e interessar cada criança, procurando

“Concretizar na acção as suas intenções educativas, adaptando-as às propostas das crianças e tirando partido das situações e oportunidades imprevistas. A participação de outros adultos, auxiliar de acção educativa, pais, outros membros da comunidade na realização de oportunidades educativas planeadas pelo educador é uma forma de

(36)

25 alargar as interacções das crianças e de enriquecer o processo educativo”. (OCEPE, 1997:27)

A avaliação que é feita com as crianças é uma actividade educativa constituindo também uma base de avaliação para o Educador. A reflexão, a partir do que vai observando, possibilita-lhe estabelecer a progressão das aprendizagens a desenvolver com as crianças. Assim, ao avaliarmos o processo e os efeitos estamos a tomar consciência da acção para adequar o processo educativo às necessidades do grupo e de cada criança e à sua evolução.

O Educador adquire quotidianamente conhecimentos acerca das crianças e do modo como evoluem. Estes são enriquecidos através da comunicação com auxiliares da acção educativa, colegas e com os pais das próprias crianças.

“Cabe ao Educador promover a continuidade educativa num processo marcado pela entrada para a educação pré-escolar e a transição para a escolaridade obrigatória. É função do Educador proporcionar as condições necessárias para que cada criança tenha uma aprendizagem com sucesso na fase seguinte competindo-lhe, em colaboração com os pais e articulação com os colegas do 1º ciclo, facilitar a transição da criança para a escolaridade obrigatória. (OCEPE, 1997:28)

Relativamente à organização do ambiente educativo deve proporcionar o desenvolvimento e aprendizagem das crianças e oportunidades de formação aos adultos que aí exercem funções.

Há que ter em conta as condições de interacção entre todos os intervenientes, ou seja, entre crianças e entre estas e adultos, quer sejam Educadores, auxiliares da acção educativa ou outros. Não podemos esquecer que a organização do ambiente educativo constitui o suporte do trabalho curricular do Educador.

(37)

26

1.2. ABORDAGEM SISTÉMICA E ECOLÓGICA DO AMBIENTE

EDUCATIVO

Para se encontrarem respostas mais adequadas à população que frequenta a Educação Pré-Escolar, a organização do ambiente educativo terá em conta diferentes níveis em interacção, o que aponta para uma abordagem sistémica e ecológica da educação pré -escolar.

Esta perspectiva pressupõe que o desenvolvimento humano constitui um processo dinâmico, ou seja, tem a ver com o meio em que o indivíduo está inserido, mas não só como também o meio em que vive.

Então, para se compreender a complexidade do meio é importante considerá-lo constituído por diferentes sistemas que desempenham funções específicas. Contudo, a perspectiva sistémica e ecológica considera que o indivíduo em desenvolvimento interage com diferentes sistemas, que estão eles próprios em evolução.

Aqui, importa distinguir os sistemas restritos e os sistemas imediatos, co m características físicas e materiais particulares. Assim, as relações que se estabelecem entre estes e outros sistemas restritos formam um outro tipo de sistema com características e finalidades próprias. Estes sistemas restritos e os sistemas de relação são englobados por sistemas sociais mais vastos, ou seja, contextos sociais mais alargados.

“A abordagem sistémica e ecológica constitui, assim, uma perspectiva de compreensão da realidade que permite adequar, de forma dinâmica o contexto educativo institucional às características e necessidades das crianças e adultos. Constitui ainda um instrumento de análise para que o educador possa adaptar a sua intervenção às crianças e ao meio social em que trabalha.” (Orientações Curriculares 1997: 33)

Sucintamente poder-se-á dizer que esta perspectiva permite:

Agir mais eficazmente junto de cada criança, ao ter conhecimento dos sistemas que enformam o seu crescimento e desenvolvimento, respeitando as suas

(38)

27 características e saberes e apoiando a sua maneira de se relacionar com os outros e com o que a rodeia;

Melhorar o desempenho da educação pré-escolar na sua relação com outros sistemas que actuam na educação das crianças e formação dos adultos, para responder mais cabalmente aos desafios que se lhe colocam;

Considerar o processo educativo de forma integrada, tendo em conta que a criança constrói o seu desenvolvimento e aprendizagem articuladamente, e m diálogo com o meio físico e social;

Possibilitar o uso e gestão dos recursos, quer do estabelecimento quer do meio físico e social, de forma integrada;

Salientar a relevância das interacções entre os sistemas que influenciam a educação das crianças, rentabilizando os seus aspectos positivos e ultrapassando as suas limitações, para aumentar e diversificar as oportunidades educativas das crianças e apoiar o trabalho dos adultos. (Orientações Curriculares 1997: 33)

1.3. ORGANIZAÇÃO DO GRUPO, DO ESPAÇO E DO TEMPO

Segundo Maria João Cardona (1992:8) “no Jardim-de-Infância, as salas são geralmente organizadas de forma a permitir às crianças a escolha de diferentes tipos de actividades. O trabalho é desenvolvido privilegiando como principal estratégia de aprendizagem o proporcionar diferentes tipos de interacção com determinada organização dos recursos (materiais e humanos).”

Esta autora refere-nos também que a organização do trabalho da sala implica sempre a escolha do que pode ter lugar num espaço e num tempo determinado, nada pode acontecer fora de uma dada estrutura espácio-temporal.

Assim, a organização do espaço e do tempo na sala de actividades surge como uma componente fundamental do projecto de trabalho, sendo condicionada pelos objectivos definidos pelo Educador. No entanto, há linhas gerais a que esta organização obedece sobre as quais devemos reflectir.

Na literatura pedagógica surgem diferentes propostas em relação à forma como o trabalho deve ser organizado dentro da sala de actividades do Jardim-de-Infância. Estas referências são frequentemente inspiradas nas teorias da Psicologia do Desenvolvimento, ou partem de uma reflexão sobre diferentes práticas de trabalho.

(39)

28 Segundo as teorias da Psicologia Genética, a criança aprende através da acção/experimentação, é importante proporcionar-lhe um ambiente rico e estimulante e existir uma organização espácio-temporal bem definida, que lhe permita situar-se e funcionar autonomamente dentro da sala.

Temos também muitas referências sobre o tipo de equipamento que deve ser utilizado e algumas propostas em relação à sua organização dentro do espaço da sala. É necessário um espaço bem definido, que os materiais estejam organizados de uma forma lógica, devidamente identificados, para que as crianças os consigam encontrar facilmente, se m ser preciso recorrer à ajuda do adulto, possibilitando assim a autonomia.

Em relação à gestão do tempo, as referências são muito menos frequentes, limitando-se sobretudo a salientar a necessidade de variar os diferentes tipos de actividades durante a sequência do dia.

Os diferentes momentos da jornada devem ser planeados de acordo com os interesses e ritmos das crianças, fazendo alternância entre as actividades de movimento e as actividades mais calmas assim como entre os momentos de trabalho em grande grupo, pequeno grupo e individual.

É também importante explicar à criança a sequência diária, para que saiba o desenrolar do dia e não esteja sempre a recorrer ao adulto para saber o que vai fazer a seguir. Tendo em conta a forma como a organização espaço-tempo é definida são possíveis determinados tipos de actividades. Segundo Lurçat (76) as actividades do Jardim-de-Infância podem ser classificadas segundo o grau de iniciativa que proporcionam às crianças.

Temos então dois tipos de actividades, que são as livres e as dirigidas ou orientadas. Segundo Maria da Assunção Folque (1989:17) “respeitar a criança como um todo, pessoa de pleno direito, contribuir para o seu caminho em constante desenvolvimento, reconhecendo a especificidade de cada momento e entendê-la no seu contexto sociocultural específico é tarefa a que nós educadores no Jardim-de-Infância nos propomos.”

“Às Ciências Humanas vamos buscar leis e algumas certezas, à Filosofia princípios e fundamentos éticos, à Pedagogia formas de encontrar novas dinâmicas e, com o nosso

(40)

29 próprio ser, procuramos estar lado a lado com as crianças vivendo isto, traçando caminhos, construindo projectos no longo dia a dia do jardim-de-infância.”

Assim, tendo em conta estes princípios dinâmicos e individualizados, a organização no Jardim-de-Infância é feita segundo um esquema pré-estabelecido e que não parece apresentar diferenças consideráveis de instituição para instituição.

O dia de uma criança no Jardim-de-Infância desenrola-se através de uma sequência de situações que se intercalam e que são, ora as actividades pedagógicas do e Educador com o seu grupo ora as situações a que na gíria chamamos «rotina».

Maria da Assunção Folque diz que as actividades pedagógicas são aquelas que são planeadas pelos Educadores, que assentam em bases teóricas sólidas, respondem aos interesses e necessidades das crianças, e ocupam um lugar privilegiado, bem como um estatuto de grande importância no dia-a-dia do Jardim-de-Infância. Enquanto as rotinas são as entradas, a higiene, as refeições, o repouso, o recreio e as saídas.

Esta Educadora afirma ainda que estas rotinas “ (…) estão muitas vezes reduzidas à mera execução de tarefas esvaziadas de objectivos educativos, (…) são verdadeiros compassos de espera e não estão integrados num plano pedagógico global. São, pois, desvalorizados como espaço-tempo, não existindo neste momento o mesmo investimento da parte dos educadores, que mesmo quando presentes não se assenhoram da situação.”

Segundo um grupo de Educadoras (1988: 18) “refere-se normalmente o Jardim-de-Infância como um espaço/tempo para o desenvolvimento da criança. A organização do espaço tem sido mais reflectida e cuidada do que a gestão do tempo, porque o que se pretende é mesmo gerir um tempo em função do desenvolvimento e não de o ocupar ou perder.”

Em relação a esta questão, eu estou completamente de acordo que os Educadores devem gerir o tempo em função do desenvolvimento/aprendizagem da criança, ou seja, se a criança consegue realizar uma actividade no tempo que a Educadora tinha estipulado óptimo, mas caso não consiga a Educadora deve dar mais tempo e ajudar a criança e não “deixá-la para trás” ou passar a outra actividade, porque assim a criança não aprende e fica desmotivada. Cada uma tem o seu próprio ritmo de trabalho e isso deve ser

(41)

30 respeitado pelo Educador, claro que se a criança estiver na brincadeira deve ser chamada à atenção.

Como também nos refere este texto, o tempo deve ser gerido e não ocupado, ou seja, gerir o tempo implica uma intenção ou finalidade “é viver, é saborear, é dar tempo ao tempo”, enquanto que ocupar é encher, preencher, ou seja, como diz o ditado «passar o tempo por passar».

Por exemplo, as rotinas no Jardim-de-Infância, são elementos securizantes e estruturantes no quotidiano, mas devem se vividas com qualidade. Também nas actividades livres muitas das vezes as crianças ficam como que”abandonadas” com o mesmo material e o mesmo espaço durante horas. Para as crianças isso não é bom, porque se sentem sozinhas e tristes. Seguir rigidamente um horário, fazendo sempre as mesmas coisas, às mesmas horas exactas, a demorar exactamente o mesmo tempo também não é bom, porque acaba por se tornar muito “maçudo “ para as crianças e elas também começam a ficar cansadas e desmotivadas.

Com isto, devemos gerir o dia no Jardim-de-Infância também ao gosto das crianças, procurando saber aquilo que elas gostam de fazer/saber mais, entre outras coisas; claro está que não se podem também deixar para trás os objectivos que a Educadora pretende desenvolver e quando possível fazer sempre um dia diferente do outro para que não se torne numa monotonia e desperte os interesses das crianças.

Segundo Miquelina Saraiva Lobo (1988: 19) “ o Jardim-de-Infância não é um mundo à parte, mas uma parte integrante da aldeia, da vila, ou da cidade em que está situado, com tudo o que isso implica de interpretação e interacção com o meio que o rodeia. O espaço é fundamental para a aprendizagem activa. A criança precisa de espaço para se movimentar, construir, criar, experimentar, expressar-se, brincar, jogar e levar a cabo os seus empreendimentos.

O Educador deve proporcionar às crianças espaços variados e sugestivos e na sua organização deve existir harmonia e lógica de modo a possibilitar as trocas e os contactos entre elas. A sala de actividades deve criar um ambiente de vida, ou seja, deve ser um lugar agradável, confortável e adaptado ao grupo de crianças que o frequenta. A sala deve ainda estar organizada em áreas bem definidas e delimitadas no espaço, assim será mais fácil para as crianças. Tanto o número de áreas como o seu arranjo na sala não

(42)

31 deve ser fixo, mas sim deve oferecer diversas possibilidades de organização. Para isto, é necessário que a sala seja alterada ou modificada algumas vezes durante o ano.

Já é do nosso conhecimento que numa sala de Jardim-de-Infância devem existir várias áreas que são fundamentais, tais como a zona de agrupamento colectivo, a de «faz de conta» e dramatizações, a da biblioteca, a de ateliê de expressão plástica, entre outras. Para além das áreas do interior também temos a do exterior que é o recreio.

Em relação a este espaço exterior Helena Cardoso de Menezes (1998: 35) diz-nos que “em função do espaço e da faixa etária dos seus utilizadores, deverá ser feito um zonamento do espaço, tomando em consideração as seguintes áreas:

Corredores de circulação (tendo em conta os acessos ao edifício e aos vários pontos do espaço);

Zonas de estadia, com sombreamento adequado, nas quais as crianças possam sentar-se a conversar ou a fazer jogos calmos, sem serem “abalroadas” pelos que passam a correr ou fazem uso de outras zonas;

Zonas da actividades pré-definidas – caixas de areia, equipamentos para trepar, escorregar, … contando sempre com as respectivas áreas de segurança

Zonas de actividades livres ou jogos de equipa (bola, correr…).”

Para além de todas estas áreas temos ainda a de segurança que é uma zona livre de obstáculos necessária à utilização segura do equipamento, tendo em conta a amplitude de movimentos previsíveis e todas as possibilidades de queda durante a utilização. Esta área deve possuir uma superfície com propriedades de amortecimento de impacto e não pode intersectar os corredores de circulação ou áreas de segurança de outros equipamentos.

Todas estas zonas devem estar devidamente organizadas durante todo o ano e claro que também podem surgir novas áreas do interesse das crianças.

Barbosa e Horn afirmam que é importante que o Educador observe quais os materiais que as crianças escolhem para brincar, como estas brincadeiras se desenvolvem, o que gostam mais de fazer, quais os espaços que preferem para brincar, o que lhes chama mais atenção, em que momentos do dia estão mais tranquilos ou mais agitados, entre outras coisas.

(43)

32 Todo este conhecimento é fundamental para que a estruturação espácio-temporal tenha significado. Para além disto, também é importante considerar o contexto sociocultural no qual se insere e a proposta pedagógica da instituição, que deverá dar-lhe suporte. Tudo isto vai contribuir para que as actividades realizadas na sala de Jardim-de-Infância não se transformem numa sequência monótona, mas sim divertida e apelativa para as crianças.

É de referir também que devemos organizar as actividades de acordo com o grupo de crianças com o qual estamos a trabalhar, de acordo com a sua idade, o seu desenvolvimento e também com o meio em que estão inseridas.

Assim, a ideia central é que as actividades planeadas diariamente devem contar com a participação activa das crianças, garantindo às mesmas a construção das noções de tempo e de espaço, possibilitando-lhes a compreensão do modo como as situações sociais são organizadas, sobretudo, permitindo-lhes ricas e variadas interacções sociais. Lina Iglesias Forneiro (1998: 230) diz-nos que “o termo “espaço” tem diversas concepções. Na sua concepção mais comum, o termo espaço significa: «Extensão indefinida, meio sem limites, que contém todas as extensões finitas. Parte dessa

extensão que ocupa cada corpo.»8

Tal definição dá-nos uma ideia do espaço como algo”físico”, ligado aos objectos que são os elementos que ocupam o espaço.

Segundo Enrico Battini, da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Turim, estamos acostumados a considerar o espaço como um volume, uma caixa que poderíamos até encher. No entanto, o mesmo autor diz que «é necessário entender o espaço como um espaço de vida, no qual a vida acontece e se desenvolve: é um conjunto completo».”

Lina Forneiro diz-nos que em relação ao espaço na sala de actividades e de aprendizagem temos dois termos que costumam ser utilizados de maneira equivalente que são o espaço e o ambiente. No entanto, podemos estabelecer uma diferença entre eles, apesar que precisamos considerar que estão intimamente relacionados.

(44)

33 O termo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos locais para a actividade caracterizados pelos objectos, pelos materiais didácticos, pelo mobiliário e pela decoração.

Já o termo ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico e às relações que se estabelecem no mesmo (os afectos, as relações interpessoais entre as crianças, entre as crianças e adultos e a sociedade no seu conjunto).

1.4. ORGANIZAÇÃO DO MEIO INSTITUCIONAL

“Cada modalidade de educação pré-escolar tem características organizacionais próprias e uma especificidade que decorre da sua dimensão e dos recursos materiais e humanos de que dispõe.

As diferentes modalidades de educação pré-escolar podem agrupar-se entre si ou integrar-se em estabelecimentos próximos de outros níveis de ensino. Esta inserção num estabelecimento ou num território educativo constitui uma modalidade organizacional que permite tirar proveito de recursos humanos e materiais, facilitando ainda a continuidade educativa.” (Orientações Curriculares 1997: 41)

Qualquer que seja a modalidade organizacional, trata-se de um contexto que permite o trabalho em equipa dos adultos que trabalham nestas instituições. Quando falamos no trabalho em equipa estamos a referir-nos às reuniões entre educadores, entre educadores e professores e entre educadores e auxiliares da acção educativa; estas são um meio importante de formação profissional com efeitos na educação das crianças.

O trabalho em equipa torna-se fundamental para reflectir sobre a melhor forma de organizar o tempo e os recursos humanos, no sentido de uma acção articulada e concertada que responda às necessidades das crianças e dos pais.

As formas de conseguir um bom trabalho em equipa cabem aos Educadores e ao director pedagógico de cada estabelecimento.

Imagem

Ilustração I – Mapa das Freguesias  de Vila Real  2
Ilustração II - Barro de Bisalhães  4
Gráfico 1
Gráfico 3
+7

Referências

Outline

Documentos relacionados