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Estratégias ambientais em grandes empresas com atividade galvânica no Rio Grande do Sul. - Portal Embrapa

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ESTRATÉGIAS AMBIENTAIS EM GRANDES EMPRESAS COM ATIVIDADE GA~VÂNICA NO RIO GRANDE DO SUL

Recebido em 14 de jnlho de 2004 Aceito em 25 de novembro rle 2001

RESUMO

t\lorta Rrgino /_ofll'.~ Tnrrhr'flo1 /.a/11"11 Chrn/1'( I'I'II'Í/11~ A ndréo t\Jou m Bf'ma rdf.'.\:1 Luis FPlifJe Machado Nascimento 1

As pressões sociais sinalizam que os custos para adequação da empresa às demandas do meio ambiente podem se transformar em conscientização, pois a sociedade não mais aceita a exacerbaÇto do lucro obtido às custas dos efeitos ambientais negativos. Assim, a protq·;-to ambiental deixou de ser uma função exclusiva da procluç;lo para ser uma função da empresa, fazendo parte ela estrutura organiz;1cional e elo planejamento estratégico. As em presas que possuem processos g;t h-ttl 1 i c os são consideradas de alto impacto ambiental, devido ao grande consumo de água, energia, geração ele emissões e resíduos sólidos perigosos. Conciliar a atividade produtiva com a sustentabilidade ambiental é 11111 desafio enfrentado pelas empresas. Este contexto determinou o proble

-ma da pesquisa: qual o tipo e o foco elas estratégias ambientais adotachs pelas grandes empresas do Rio Grande do Sul com atividade galvfmica para o controle dos impactos negativos? O objetivo do trabalho foi

identificar tipos de estratégias implantadas pelas empresas pesquisadas. Para a realização da pesquisa foi usado o método investigatiYo, a partir do estudo de caso em cinco grandes empresas. O estudo de caso permitiu identificar o potencial das empresas gaúchas para a implaritaç;lo de

1 Prora. da Uni1·ersidade Federal de Santa :-.r a ria (RS); nlarta@tocchettu.com 2 Pesquisador cb Embrapa i\leiu i\nliJientc (SP).

:• Profi1. da Uni,·ersidade Federal do Rio Grande do Sul. ' Prof'.da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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estratégias preventivas que possibilitam reduzir perdas e a poluiç~to ambiental.

Palavras-chave: sustentabilidadc, prevenção, impacto ambiental.

ABSTRACT

Environmental strategies in the large companies with galvanic

activity-Social pressures point out that the costs for the companies to fulfill the environmental clemands may result in awareness, because the society Gm not accept the exacerbation o f profit obtained at the ex penses ofnegative environmental eflects. Therefore the environmental protection no longe r plays onl)' tlte procluction role, but it is part ofthe organizat.ional structure anel strategic planning. The companies that have galvanic processes are considered being ofhigh environmental impact, dueto the

high consumption or water, energy, generation of emissions anel dangerous solid waste. Balancing the productive activ.ity with

environmental sustainability is a challenge facecl by the companies. This

conlext h as delennined the Slll~jcct of disc11ssion of the rescarch: ·what is the kind anel focus o

r

the environmental strategies, used by the large companies of Rio Grande do Sul witb galvanic activity, to contrai the negative impacts? The aim of the research was to identif)' the types of strategies from the environmental measures implemented. In order to

accomplish the research, the investigative method was used to study the case in five large companies. The case study has made it possible to iclentify the potential of Rio Grande do Sul companies to implement preventive strategies that allow the reduction ofwastcs anel environmental

pollution.

Keywords: sustainability, prevention, high environmental impact.

INTRODUÇÃO

Novas situaçües do ambiente institucional passaram a induzir as

estratégias ambientais das empresas, tais como: investidores e acionistas, que estariam interessados em correlaçües positivas entre jJeJfonnances econômica c ambiental; bancos, que estariam associando fJeJfonnance

Tecno-lóg. Sanln Cruz do Sul, v.8, n.2, fi. 29-12, jul./dez. 200'1

.il

ambiental ruim à risco financeiro mais e]e,·aclo c, associaçõe comerciai'>. educacionais e religiosas, que passaram a institucionalizar determinada~

demandas ambientais. Os clikrentcssta/ie/w/ders'• têm percebido q11e estv

novo cen{trio tem contribuído para a melhoria de uma Yasta exrensão de impactos ambientais1

A implantação de estratégias ambientais nas empresas é clctenni

-nada por diversos f"atores. Lau e Ragothaman ( 1997) identificaram q11C os principais f~1torcs, em ordem de i 111 portftncia, s;l.o: regul;uncntaçüc~

ambientais, reputaçfto das organizações, iniciativas da alta administração

e a demanda dos consumidores~. Ainda, apontaram que a redução de

custos e o aumento de lucros são httores significativos para a implantaçiio

de estratégias ambientais. Outro estudo realizado por Neder ( 199~) verificou-se que as ações ambientais concentram-se na modernizaç;to

dos sistemas ele controle da poluiçfto e são fi·utos das crescentes exigên -cias regulatórias:1

No Brasil, o CNI!RNDES/SEBRAE, em 1998, realizaram 111m

pesquisa que buscou avaliar a gestfto ambiental na indústria brasileira1.

De acordo com os resultados, as exigências das legislações figuram enl JT

as principais razões para a adoção de práticas ambientais. Outros fatore~ como, redução ele custos e melhoria da imagem da empresa, também s:to significativos.

A complexidade entre o meio ambiente e o mundo dos negócios exige técnicas administrativas eficientes e habilidade organizacional

para que as empresas possam transformar suas estratégias ambientais enl

vantagens competitivas e financeiras.

Um estudo realizado por Karagozoglu e Lindell (2000) compro

-vou que h{t uma relação positiva entre inovalividade ambiental, vanta -gem competiviva e também entre peJ.fonnance ambiental financci1·a c competiliva das empresas". Estratégias ambientais proporcionam ;t melhoria da reputaçfto da empresa, evidenciada a partir ela di f"erenciaç;l.o

dos produtos e redução de custos, contribuindo também para a manu

-tençfto e/ou ampliação da posição no mercado. Aliar melhores pe1Jmnm1as ambientais e econômicas se convencionou chamar "ganha-ganha'··•. Est;1

é uma das hipóteses mais relevantes em gestão ambiental c que estimula

Stalll'holdrr.l s;ío grupos de consumidores, fi>rncccdores, empresas collcorrcllll'~. limcion;'trios, meios de comunicaç;to,judici;.írio.lcgisladores, público em geral, auto· ridadcs públicas c organizações 11ão govcrnament;tis (ONGs), \)Ue influenciam no gerenciamento das corporaçüesr'.

(3)

as açôes prô-ativas.

Graedel c Allcmby afirmam que as empresas da Europa têm sido, hisLoricamcnte, mais pró-ativas na prevenÇ1o ela poluição fJUe as empr e-sas dos EU,\, que confiam mais em medidas fim de tubo 1. Meredil11

sugeriu uma escala de evolução das atitudes em relação ao meio ambi

en-te'. Esta escala começa com a estratégia reativa, passa por 11111 estágio intcrmedi;írio, denominado estratégia ofensiva, e termina com a estrat é-gia i novativa.

Na estratégia reativa, as empresas concentram suas açôes no

atendimento mínimo c relutante da legislação ambiental e no gerenciamento mínimo de seus riscos. Não há evidências ele modifi

ca-ções nos processos e produtos, atendo-se apenas à incorporação ele

equipamentos de controle de poluição nas saídas elos seus efluentes para

o meio ambiente (fim de tubo). A percepção dessas empresas baseia-se na

proposição ele que não há oportunidade de mercado para compensar os

aumentos de custos, devido ao ingresso da dimensão ambiental.

i\ dimensão ambiental é vista como uma ameaça, não havendo,

portanto, integração entre o meio ambiente e as unidades estratégicas de negócio. As decisões, quanto às soluções dos problemas ambientais, só atingem o nível de estratégia funcional e são tomadas na base da

determinação. Este é o mais baixo estágio da classificação das estratégias

ambientais, onde a gestão ambiental das organizações é orientada à conformidade.

Na estratégia oknsiva, segundo estágio da classificação, os princí -pios IJ;ísicos adotados pelas empresas são: a prevenção da poluição, a

reduç;lü do uso ele recursos ambientais e o cumprimento além das leis.

Verificam-se mudanças nos processos, produtos c serviços, seleção de

matérias primas, alterações na embalagem e estabelecimento de padrões industriais, antes fJHe os concorrentes o façam.

Na estratégia inovativa, as empresas se antecipam aos problemas

ambientais e pela sua capacidade de resolução dos problemas fortalecem a posição de mercado. As estratégias ambientais podem ser direcionadas

aos processos c aos produtos. O primeiro loco das estratégias, geralmen -te ocorre direcionado ao processo. Um processo considerado equilibra -do ambientalmente deve estar próximo dos seguintes o~jetivos:

- Poluição zero;

- Nenhuma produção de resíduo;

- Nenhum risco para os trabalhadores;

- Baixo consumo de energia;

Tewo-lóg. Snnla Cruz dn Sul, v.8, 11.2, fi. 29-42, jul./dn 200·1

- Eficiente uso de recursos.

Uma empresa ambientalmente amig:1vel é dclinida não sú pel<1s características elo processo, mas também pelos bens que f~tbrica. C )s

produ tos sftO obtidos a parti r de matérias primas t-cno\·áveis 011 recicl;'1\-cis.

que não agridem o meio ambiente e são obtidas com baixo consumo ck baixa ele energia. Sf1o empresas eng~jadas na causa ambiental.

As iniciativas ambientais dirigidas para processos \·is;1111 ;'1 minimização dos impactos ambientais elos processos e podem ocorrer de vários modos, seja usando açé>es de reciclagetn ou de h a ixo i 111 pau< i

ambiental, redesenhando o processo de produção e/ou sistemas de distribuiç<lo ou reduzindo os resíduos.

Brockhoff e Chakrabarti ( 1999) afirmam que estrategia' direcionadas ao processo buscam geralmente soluções fim ele tubo·~. i\s

ações ambientais não podem estar separadas das decisões dos pr oces-sos9. Já as iniciativas ambientais dirigidas ao produto podem ocorrer ele dois modos, pela criação de novos bens c serviços ;1111 bicnta lnH:nl c

saudáveis, ou pela redução elo impacto ambiental elos bens e produtos

existentes.

O potencial destas iniciativas na melhoria da reputaç<-1o é mais alt<J

do que as dirigidas para os processos, pois aumentam a visibilidade

pública da empresa, atingem um número maior de staheholrlers e penni -tem a demonstração de responsabilidade social empresarial. São medi -elas que se caracterizam, geralmente pela lucratividade. Os investidores, em geral, reagem mais ravoravelmente a iniciativas dirigidas para produ

-lOS, possivelmente pelo maior efeito sobre a reputaç<-1o, pois capacitam ;1s empresas a alGmçar estratégias de diferenciação ambientalmente sustent;Í\·cis.

Este contexto determinou o problema da pesquisa: qual o tipo e o foco das estratégias ambientais adotadas pelas grandes empresas elo Rio Grande do Sul com atividade galvfmica para o controle dos impactos negativos? Assim, estabeleceu-se como ol~jetivo para o trabalho, identi -ficar tipos de estratégias ambientais, a partir das medidas implantadas

nas empresas pesquisadas.

MATERIAL E MÉTODO

A metodologia escolhida para o trabalho foi a invesl igativa, a pari ir

de estudo ele caso. i\.s questões propostas para o estudo f(lram respondi -das, a partir de entrevistas in loco. Os entrevistados foram os gerentes do

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depa rla men to responsável pelas questôes ambientais c pcl;t uni ela de galvftnica. As entrevislas visaram identi[icar as medidas ambientais

i lll plaiJtadas para o controle dos i 111 pactos dos processos

d

e

recobrimento

metálico, a fim de identificar o tipo e o foco das estratégias ambie11tais

adotadas. O período de realização da pesquisa foi de abril a setembro de

do ano de 2003.

Grandes empresas demonstramte1· maior preocupaç~10 com me

di-elas ambientais e com a reputação, principalmente devido a maior intensidade de controle e ela liscalizaçáo das suas atividades. Estas

questôes direcionaram a escolha do porte das empresas para a pesquisa.

Para classificar as "grandes empresas" baseou-se no critério adotado pela fundação Estadual de Proteç~10 Ambienlal Henrique Luis Roessler-

R

S

(Fcpam)10

• De acordo com este conceito o porte do empreendimento

relaciona-se com a área útil que signi!ica a área total construída, indepen

-dente de ser ou n~to área ele processo, ou seja, equivale a parcela do meio ambiente usada pelo empreendimento. Assim, para a presente pesquisa

considerou-se que grandes empresas sáo as que possuem área útil

superior a 10.000 m~.

O processo ele identificaç~10 elas indústrias participantes do estudo

deu-se a partir ela relação disponibilizada pela fepam, "Maiores Galvfmicas

do Rio Grande elo Sul"11

• A listagem foi composta por sessenta c uma

unidades industriais pertencentes ao setor metal-mecânico e que

reali-zavam tratamento de superfície, ele uma maneira geral. Portanto, a primeira etapa do trabalho foi a identificação dos empreendimentos que

realizavam atividade galv~mica e que possuíam área útil superior a 10.000

m~. Das quatorze empresas identificadas, três empresas responderam

positivamente ao convite para participar da pesquisa. Buscando obter

um número mais significativo para completar o grupo pesquisado, foram incluídas mais duas indústrias que enquadravam-se nus critérios estabelecidos. Estas pertenceram a outro segmento industrial, porém

realizavam processo de recobrimento metálico.

As exigências ambientais e legais dependem apenas elo impacto

ambiental ela atividade desenvolvida e do porte do empreendimento. O

grupo então foi composto por cinco grandes empresas que realizavam

atividade galvânica, CL~ja identificação apresenta-se pela seqüência de

letras 1\, B, C, D e E, Tabela I.

Tecno-lóg. Srmta Cmz do Sul. 11.8, 11.2, fJ. 29_/12, jul./dez.. 2004

·'·'

Tabela l - Elllpresas l'arl icipa111es elo Estudo ele C:a:--C>

Empresas Área Útil Processos Galvânicos Situaçúo do

(m2

) Realizados SGA

A 13.000,00 Zinco alcalino, cobre Implantado

B

c

D E I ~l.4~:~,00 28.810,00 51.331,00 54.360,00

alcalino e estanho ;kiclo.

Níquel clelrolílico, zinco ale a I i no, cobre a leal in o, zinco ácido, latão e

estanho ácido.

Níquel eletroquímico, cromo, cobre alcalino,

prata, cádmio, chum bo-estanho, níquel químico.

Zincagem ~~fogo.

Níquel cletrolítico, cobre

alcalino, cobre {tcido,

níquel químico, latão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

lntplanlaclo

Em implanlaç;-tu

Implanl;tdo

Os pri11cipais acabamentos realizados uas grandes clll]Jrcs;ts fú

-ram: niquelagem, cobrcagcm. 1.inctge11l c n otn;tgcnl CLthdt I). :\inda. (oram verificados outros processos de revestimento, como por exetnplo, ddmi?, prata, latáo, etc. A pesquisa também possibilitou identificar que

as mawres restnçôes, com relação a realização de processos com alio potencial ambiental levaram algumas empresas a terceirizarel!l ou clcsativarem algumas linhas de revestimento.

A terceirização é uma quest;io que merece rellex{to considerando

principalmente, as empresas que não possuem sistema de gesr:10

ambiental, pois h{t o risco bastante provável que estes processos passclll a ser executados por galv~tnicas de pequeno porte.

As pequenas galvânicas geralmente possuem um tratamento de eDuentes prec{trio, poucas condi<;ôes financeiras para investir em me lho-res tecnologias, apresentam uma menor inserç~to cb qucst;to ambic11tal

na sua estratégia de negúcios c aincb, sofrem un1 menor colllrolc c

fiscalização por parte do Órgão J\mbienlal. l ssc contexto denlOnstrou que pode haver um agravamento da quest~to da dcgradaç;to ambiental no

(5)

:H i

eslaclo do Rio Grande do Sul. A Tabela 2 apresenta os pnnc1pa1s

resultados obtidos nas empresas pesquisadas.

Observou-se que a realizaç;\o de processo de alto impacto ambiental

influenciou a estruturação elo sistema de gest;w ambiental. Os resultados

demonstraram que o tamanho ela galvfmica foi variável no grupo pesquisado, mesmo que todas as empresas sejam de grande porte. Por exelllplo, as galvânicas das empresas A e C eram menores que as demais.

Verificou-se que a percepçüo do impacto ambiental11as unidades

menores relacionou-se mais com a quantidade de efluentes e de resíduo gerado, do que com a natureza tóxica dos mesmos. Vê-se que a substitui -e/to de tecnologias foi direcionada, preferencialmente para a redução de Cr1

i·t c CN· nos banhos de recobrimento. A mesma preocupação n;lO foi

verificada nos processos de pré-tratamento ou ele acabamento. Tanto

que nos processos ele limpeza das peças, ainda utilizavam solventes orgânicos e desengraxa11tes com cianeto.

A implantação de tecnologias para a recuperação de metais como

Ni, Cu, Ccl e Zn !oi motivada, principalmente pelas dificuldades de cumprimento da legislação. O estudo de caso mostrou que as empresas A e E, após terem implantado tecnologias com este objetivo, deixaram de enfrentar problemas como, o descumprimento dos padrões ele lança

-mento ele ef1uentes lí(]uidos. Vê-se também que estas empresas foram as

que apresentaram a menor geração lodo galvfmico e a maior economia de ;'tgua. Situação oposta foi identificada na empresa B, onde o consumo de

água na galvânica, o volume de ef1uenles líquidos e de lodo foram

bastante elevados (Tabela 2).

Analisando estes dados observou-se que os grandes volumes de

enuentes líquidos e de lodo relacionaram-se com a ausência ele estrat é-gias preventivas e também com o tipo de tratamento implantado na estaç;to de enuentcs. A própria igualdade no consumo de água c no volume de efluente a ser tratado na ETE, veriJicacla nas empresas A e B,

demonstrou que o controle de vazões é realizado com dificuldades. J\s

empresas que demonstraram dificuldades para o cumprimento de

legislação foram as que implantaram exclusivamente tratamento físi co-químico dos cnuentes (Tabela 2). Foi o caso ela empresa B, et~ja dificul

-dade relacionou-se com o cumprimento dos padrões de níquel; a empresa D, com os padrões de zinco e a empresa C, com os padrões de onmo. Neste grupo de empresas obse1vou-se, t.:1.mbém que as estratégias imp

lan-tadas foram cltrecionadas preferencialmente para IJ<ltamentos fim de tubo.

A implantação de estratégias preventivas relacionou-se com uma

Tcwo-lóg. Sa11/a l.mz do Sul, i•.8, 11.2. fi. 29-/12, jul.!dez.. 20G-I

melhor percepc.Jto ambiental nas empresas, com uma a\'ali<tç<-to m;1i\

precisa dos impactos ambientais significativos e com o uso de indicado

rcs ele desempenho ambiental que representem a real interferênci;1 cLI

atividade produtiva no meio ambiente. Observou-se que uma comprce11·

são parcial dos impactos ambientais da atividade galvfmica interferiu 110

processo decisório para implantaç<"'io das medidas ambientais <:' lHl '

próprios indicadores para monitorar o processo c n sistema de gest;-Jo.

A Üllta de inlormaçües precisas, no que se relere aos insu111m

usados, aos resíduos gerados, aos produtos e aos sen·iços executado'

aumenta, ainda mais, o grau de sul~jctiviclacle e a complexidade dcsl<~ tarefa, vindo a renetir-se na adoção de medidas pontuais, que llClll sempre resulta em melhoria do desempenho ambiental, como ident.ili·· cou-se nas empresas 13, C e D.

Os resultados, ainda sugeriram haver uma correlação entre os custos financeiros elo tratamento decorrente ela exigência da legislaç<-to

e a extensão da percepção ambiental, caracterizando estratégia do tipo "ganha-ganha". Vê-se que as medidas ambientais implantadas nas em -presas foram preferencialmente dirigidas ao controle elos elluentc~

líquidos (Tabela 2).

No Estado do Rio Grande do Sul a legislação para o lançamento de e!luentes líquidos nos corpos receptores é mais rigorosa que para o<.

demais resíduos. Tanto que estratégias dirigidas its cmissües gasosas nãll

foram identificadas. A implantação de medidas ambientais. dirccion;HI:t<.

ao lodo galvfmico, relacionaram-se com os crescentes custos cLt

terceirização da disposição em aterros ele resíduos perigosos. Acnxlit< J-se ser este o motivo pelo qual o co-processamento mostrou-se como <t alternativa preferencial entre as empresas pesquisaclas.

O co-processamento do lodo é t·ealizado em fornos de cimento no estado do Paran~t, pois este procedimento é proibido no Rio Grande elo

Sul. Observou-se que este foi um dos principais motivos apresentados

pelas empresas, parajustificar a ausência de maiores investimentos n;1

{trea ambiental. Esta visão, mesmo estando em transformação, demon

s-trou ainda existir certa resistência, por parte elas empresas em investir

voluntariamente em meio ambiente. A ausência da contabilizaçio dos

ganhos financeiros com a implantação de medidas ambientais se coiiS

-tituiu em um [ttor de desestímulo para novos investimentos e para u surgimento de soluções inovadoras, conlórme observa-se na Tabela 2.

(6)

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Tabela 2 - Resultados do Estudo de Caso.

ITENS PESQUISADOS A B N" de funcionários 1.028 1.000 na empresa N" de funcionários 18 120 na ~?;alvànica

Revestimento Técnico Decorativo

Linha galvânica Semi automática e Semi

manual automática

Decapa,~?;cm Ácida Ácida

Desengraxe Alcalino e Alcalino

percloroetileno

Volume de lodo 5 40 (secador)

(m'1

/mês) (!iltro-pi·ensa)

Destinação do lodo Co-processamento ARIP

(terceirazado) ETE (entrada) 200 28.800 m'1/mês Consumo de água 200 28.800 (galvànica) m'1 /mês Fechamento de ciclo 84 -de água -Economia (%)

Tratamento de Troca Iônica e Fisico- Físico-químico

efluentes líquidos químico

Recuperação de - Evaporador a

metais vácuo

... continuação ITENS

PESQUISADOS A B

Redução de uso de -Ajuste de pH com · Passivação

substàncias tóxicas

co2

com CrH

-Banhos com baixo -Banho de Zn

CN· ácido -CFC corno gás -Ativação com reti·igerante I-!202 -Banho de Cu ale. sem CN· Recluçáo do - -consumo ele água

Resíduos Sólidos -Coleta seletiva -Coleta seletiva

-Galhos da iqjetora -Serragem

-Embalagens combustível retornáveis para o secador

Impacto dos - Incentivo ao

produtos consumo de

produtos mais

limpos

Investimentos li I 50

ambientais (anual)

(R$ l .000)

Retorno econômico 15 Sem Liaclos

(R$ 1.000)

EMPRESAS

c

D E

2.174 !.700 15.000

17 75 97

Técnico Técnico Decorar in)

Semi automática Semi automática r\utomática

Ácida Acicla

-Trircloroetileno e Alcalino

-CN·

17 (filtro-prensa) 17 (fiitro-prensa) 6 (filtro-prensa)

Co-processamento Armazenamento ARIP (próprio) temporário

90 100 5-10

Sem dados 50 150

- - 83)

Físico-químico Físico-químico Troca Iônica e

Físico-químico - . -Eletrodi<ílise -Evaporador a vácuo conunua ... EMPRESAS

c

D E

Tinta base água - -Troca de

processo (plástico)

-Conservantc c.lc

madeira

( Pen tacloror e no I)

-

--Coleta seletiva -Coleta seletiva -Coleta seletiva

-Borra de tinta -Borra de tinta -Venda p;1ra

para fabricação c.lc para f~Ibricação terceiros

tinta inh::1·ior c.le tinta inf'erio1· -Cal h os cLt

it~ctora

-EV :\ por in j e(;-Io

- Óleo para Novo produto

aglorneraç;,o ele com l OO'lc

poci1·a resíduo

1.000 :I. 000 2.000

(7)

!()

Est~ vis;w, mesmo estando em transf(lrmação, demonstrou ainda

cxislir cerLL resistência, po1-p<~rte das empresas em investir voluntaria

-mente ern meio ambiente. A ausência ela contabilização elos ganhos

financeiros com a implantação ele medidas ambientais se constituiu em

um b tor de desestímulo para o investimento em novas medidas e para

~ impbntaç;1o ele soluçf)es inovadoras, conforme observa-se na Tabel~ 2.

As empresas 1\ c E que possuem informaçôes, quanto ao retorno elos

investimentos, comprovaram que estes dados auxiliaram a vencer as

resistências e contribuíram para maior eco-eficiência elas empresas.

A estruturaç;'io do sistema ele gestão refletiu as diferentes faces

percebidas pelas em presas das ameaças regulatórias e elas oportunidades

ele mercado. Percebeu-se que a implantação de medidas ambientais foi

fortemente induzida por contingências externas, como a legislação

ambiental e os custos de tratamento e disposição. Decisôes voluntárias,

como a certificação ambiental, ainda foram pouco evidentes no grupo

investigado, tendo sido verificada apenas na empresa E. Identificou-se

que um maior rigor na legislação levou as empresas a um melhor

desempenho e da própria melhoria ela qualidade ambiental no estado do

Rio Grande elo SuL

A pesquisa também mostrou que há uma tendência à acomodação

a novos investimentos ambientais, caso não h~a uma crescente pressão

externa, principalmente da legislação. Os benefícios iclenti!icaclos com a

implantação de medidas de gestão foram: melhoria da imagem, aumento

ela produtividade; conquista de novos mercados, gestão ambiental

sistematizada, integração ela qualidade ambiental ~~gestão elos negócios

ela empresa, conscientização ambiental dos funcionários, melhor relaci

-onamento com a comunidade, maior set,>Ltrança legal e elas informaçôes,

minimização dos acidentes, elos passivos ambientais e dos riscos dos

processos e elos produtos.

Apesar ela evidência da alternância ele postura entre as empresas,

ora reativa e ora pró-ativa, verificou-se que a questão ambiental, gra

du-almente ocupa maior importância na estratégia dos negócios_ Vê-se o

caso de estratégias que foram direcionadas aos produtos como, nas

empresas B, D e E, conforme mostra a Tabela 2_ Identificou-se as

seguintes estratégias: incentivo ao uso de produtos limpos (empresa B),

desenvolvimento de um óleo aglornerante ele poeira (empresa D) c

produto cuja matéria-prima é J 00% resíduo (empresa E). Os resultados

demonstraram que, ;'t medida que o controle ela atividade galvânica

Tecuo-lóg. Santa Cmz do Sul. i'. S. n.2, fi. 29-12. ju/Jdez_ 2001

tornou-se mais eficiente, as empresas aumentaram a percepç;ío sobre~~

i m portftncia ela i m p la 11 taç;-Jo de medidas pre\'(:11 tivas ele g<·sl ;-to ;1m bicn tal.

CONCLUSÕES

A partir dos resultados f'oi possível f~tzer as scgui1ttcs collCitlsc->e·s:

• A percepção elas empresas baseada na suposição de que as

oportunidades de mercado não compensam os aumentos de custos

decorrentes elo ingresso na dimensão ambiental, est{t sendo substituída.

Gradualmente a dimensão ambiental é vista como uma oportunidade,

portanto, integrando meio ambiente e as unidades estratégicas de

negócio. O estudo de caso permitiu identificar que as empresas alternam

a adoção ele estratégias ambientais reativas e pró-ativas, demonstrando

que esta mudança de visão está relacionada como o aumento da perc

ep-ção ambiental nas empresas.

• À medida que o controle da atividade se torna mais eficiente, as

empresas passam a considerar rnais importante a implantaç<1o de

estra-tégias pró-ativas, através de um sistema ele gestão ambiental que dentre

outras vantagens, proporciona segurança ao cumprimento das regula

-mentações legais, redução ele custos e melhoria da qualidade de

produ-tos e serviços. A partir deste momento, estratégias preventivas passam a

ser implantadas.

• A implantação de um sistema de gestão é de grande importância

para as empresas de alto impacto, pois além ele proporcionar condic;(>es

para o atendimento da legislação ambiental, promove a redução dos

custos ambientais. A necessidade de reduzir custos e ter maior segurança

no cumprimento legal induz à mudança de postura ambiental e do

comportamento reativo.

• Os resultados revelaram que há um grande potencial para a

implantação de estratégias preventivas em empresas com atividade de

alto impacto ambiental, como as que desenvolvem processos galv{l!licos,

possibilitando equilibrar o crescimento econômico e a proteção do meio

ambiente.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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