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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO. Sonia Pacheco de Lima Borcsik. AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE E DO ENFRENTAMENTO DE EXECUTIVOS EM SITUAÇÃO DE DESEMPREGO. São Bernardo do Campo 2006.

(2) Sonia Pacheco de Lima Borcsik. AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE E DO ENFRENTAMENTO DE EXECUTIVOS EM SITUAÇÃO DE DESEMPREGO. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação, Mestrado – em Psicologia da Saúde da Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade Metodista de São Paulo como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre.. Orientadora: Profa. Dra. Marília Martins Vizzotto. São Bernardo do Campo 2006.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA Borcsik, Sonia Pacheco de Lima. Avaliação da ansiedade e do enfrentamento de executivos em situação de desemprego. / Sonia Pacheco de Lima Borcsik. -- São Bernardo do Campo, 2006. 63p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Metodista de São Paulo. Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia, Curso de Pós Graduação em Psicologia da Saúde. Orientação: Marília Martins. Vizzotto. 1. Executivos - Desemprego 2. Enfrentamento - Estratégias 3. Desemprego I. Título. CDD 157.9.

(4) AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE E DO ENFRENTAMENTO DE EXECUTIVOS EM SITUAÇÃO DE DESEMPREGO. SONIA PACHECO DE LIMA BORCSIK. Banca Examinadora. Presidente: Profª Drª Marília Martins Vizzotto - UMESP. Titular: Profª Drª Eda Marconi Custódio - UMESP. Titular: Profª Drª Marisa Lúcia Fabrício Mauro - UNICAMP. São Bernardo do Campo 2006.

(5) Agradecimentos Gostaria de agradecer a Profª Drª Marilia Martins Vizzotto que aceitou o desafio de orientar esse projeto, de ser Mestre e Modelo na vida acadêmica e também como ser humano, capaz de compreender o outro e acolher as angústias que surgem ao longo deste período.. Ao meu marido Luiz Alberto Borcsik, grande companheiro, que esteve presente em todos os momentos e sempre me incentivou a continuar, trilhamos juntos esse caminho.. Ao meu diretor Gutemberg Brito de Macedo que propiciou que essa pesquisa fosse feita com os executivos da sua consultoria e que soube compreender minhas ausências.. A minha grande amiga Bia Brossi com quem compartilhei vários momentos, da vida pessoal, acadêmica e profissional. Obrigada por tudo.. A todos os executivos que se colocaram a disposição para participar dessa pesquisa e foram o principal motivo desse estudo, compartilhando parte de suas vidas..

(6) SUMÁRIO 1. – INTRODUÇÃO .............................................................................................. 01. 1.1 – Crise e desemprego .................................................................................. 02. 1.2 – Considerações sobre a ansiedade ............................................................. 10. 1.3 – Enfrentamento e suas estratégias .............................................................. 14. 1.4 – Consultoria de recolocação ...................................................................... 19. - Objetivo .......................................................................................................... 22. 2. – MÉTODO ...................................................................................................... 23. 2.1 – Sujeitos ..................................................................................................... 23. 2.2 – Ambiente .................................................................................................. 23. 2.3 – Instrumentos ............................................................................................. 24. 2.4 – Procedimento ............................................................................................ 26. 3. – RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 27. 3.1 – Dados gerais da amostra estudada ............................................................ 27. 3.2 – Quanto a ansiedade, traço e estado dos sujeitos........................................ 35. 3.3 – Quanto ao enfrentamento ......................................................................... 37. 3.4 – Quanto à ansiedade e estratégias de enfretamento ................................... 40. 3.5 – Quanto às estratégias de enfrentamento, ansiedade, idade e tempo de desemprego......................................................................................................... 4. – CONCLUSÃO ............................................................................................... 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 41. 47 50. ANEXOS .............................................................................................................. 54. Anexo A – EMEP – Escala Modos de Enfrentamento de Problemas ............... 55. Anexo B – Apresentação dos itens da EMEP segundo os fatores que a compõem ........................................................................................................... 61. Anexo C – Termo de consentimento ................................................................. 63.

(7) LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Descrição da faixa etária da amostra estudada ................................ 27. Tabela 2 – Sexo da amostra estudada ................................................................ 31. Tabela 3 - Grau de instrução da amostra ........................................................... 31. Tabela 4 – Cargos ocupados pelos sujeitos da amostra estudada ..................... 32. Tabela 5 – Presença de ansiedade, traço e estado ............................................. 35. Tabela 6 – Correlações entre fatores de enfrentamento .................................... 38. Tabela 7 – Correlações entre fatores de enfrentamento e ansiedade ................. 40. Tabela 8 – Correlações entre tempo de desemprego, ansiedade, enfrentamento e idade........................................................................................ 42.

(8) BORCSIK, S.P.L. Avaliação da ansiedade e do enfrentamento de executivos em situação de desemprego. Dissertação Mestrado – Universidade Metodista São Paulo, 2006. Resumo O presente estudo teve por objetivos, investigar a presença de ansiedade em executivos após a quebra de vínculo empregatício; identificar as principais estratégias de enfrentamento utilizadas por esses sujeitos; e relacionar a influência do nível de ansiedade no enfrentamento da situação de desemprego. Participaram 35 sujeitos, de 35 a 56 anos, sendo 27 homens e oito mulheres, desempregados há mais de um (1) mês e em processo de recolocação em uma consultoria em São Paulo. Utilizou-se o Inventário de Ansiedade Traço-Estado e a Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas – EMEP. Os dados foram submetidos ao Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 13.0 para Windows. Os resultados indicaram que o grau de ansiedade encontrava-se dentro da média esperada e houve correlação positiva significativa entre Ansiedade-Traço e Estado o que é esperado, pois quanto maior o traço ansioso maior será o estado, para essa população. Quanto ao enfrentamento e grau de ansiedade, houve correlação negativa entre “ansiedadeestado” e o uso de “estratégias de enfrentamento” focalizadas no problema, ou seja, quanto mais ansiedade, menos os sujeitos orientam-se para resolver problemas; sendo o contrário verdadeiro, pois existiu correlação positiva entre “ansiedade-estado” e estratégias focalizadas nas emoções desagradáveis, indicando que quanto maior o estado ansioso mais os sujeitos se utilizam estratégias que inibem ações habilidosas e adaptativas. Enfrentamentos baseados em práticas religiosas e pensamentos fantasiosos também estiveram correlacionados com estratégias focalizadas na emoção (sentimentos negativos) podendo sugerir caráter adaptativo menos eficaz. As correlações entre as estratégias de enfrentamento baseadas na emoção e idade mostraram-se negativas, principalmente para sujeitos mais velhos. Não foi encontrada correlação entre desemprego e ansiedade, porém quanto maior tempo de desemprego, menor a utilização de práticas religiosas ou pensamento fantasioso. A análise de confiabilidade do instrumento para esse estudo, através do Alpha de Cronbach foi 0,79; a análise de variância (Anova) entre os fatores de enfrentamento e sexo indicou uma diferença significativa para os fatores de enfrentamento focalizados na emoção e religiosidade/ pensamento fantasioso (p < 0,05). Concluiu-se que a variável ansiedade é presente quando relacionada ao enfrentamento focalizado na emoção e busca de práticas religiosas ou pensamento fantasioso entre sujeitos em situação de desemprego; fato que sugere dificuldades de equilíbrio adaptativo. Sugerem-se outros estudos com amostras maiores e que possam verificar com mais precisão a relação entre tempo de desemprego, sexo, faixa etária e dados do agrupamento familiar entre desempregados de cargos de gerência ou altos executivos. Palavras-chave: Desemprego; Ansiedade; Estratégias de Enfrentamento; desempregados executivos..

(9) BORCSIK, S.P.L. Assessment of anxiety and coping strategies of executives experiencing unemployment. Dissertação Mestrado – Universidade Metodista São Paulo, 2006. Abstract The objectives of the present study were, investigate the presence of anxiety in executives after the rupture of a work bond; identify the main coping strategies used by these individuals; and relate the influence of the anxiety level in the coping with the unemployment situation. Participated in the study 35 subjects, 27 men and eight women, 35 to 56 years old, unemployed for over one month and in process of reinsertion in a consulting agency in the city of São Paulo. The Trace-State Anxiety Inventory (IDATE) and the Problem Coping Strategies Scale (EMEP) were used. The data was submitted to the Statistical Package for the Social Science (SPSS), version 13.0 for Windows. The results indicated that the degree of anxiety found corresponded to the expected average and there was significant positive correlation between Anxiety-Trace and Anxiety-State in the sample studied, which is expected, for the greater the trace, the greater the state will be. As to the coping strategies and level of anxiety, there was negative correlation between Anxiety-State and the use of coping strategies focused on the problem, that is, the greater the anxiety, the lesser oriented to solving problems the individuals were; also there was positive correlation between Anxiety-Trace and the coping strategies focused on the unpleasant emotions, indicating that the greater the anxious state, all the more the individuals used strategies that inhibited skilful and adaptive actions. Coping strategies based on religious practices and fantastical thoughts were also correlated with coping strategies focused on emotion (negative feelings) suggesting a less efficient adaptive character. The correlation between the coping strategies based on emotion and the age of the individuals was negative, especially for the older subjects. There was no positive correlation between unemployment and anxiety, however the longer the length of the unemployment period, the lesser frequent was the adoption of religious practices or fantastical thoughts. The reliability analysis of the instrument for this study, through the Alpha of Cronbach, was 0,79; the analysis of variance (Anova) between the coping factors and the gender indicated a significant difference for the coping factors focused on emotion and religiosity/fantastical thoughts (p < 0,05). It is concluded that the variable anxiety is present when related to the coping strategy focused on emotion and search for religious practices or fantastical thoughts among individuals in an unemployment situation; fact that suggests difficulties in the adaptive equilibrium. Other studies are suggested, with greater samples and which verify with higher precision the relation between length of the unemployment period, gender, age and family group data, among unemployed individuals of managing positions or high executives. Key words: Unemployment; Anxiety; Coping Strategies; unemployed executives..

(10) 1. INTRODUÇÃO O presente estudo parte da premissa que a perda do emprego pode causar uma crise e representar uma mudança de vida importante na vida do indivíduo trabalhador chamado "executivo" e que vai exigir do mesmo uma readaptação ao seu estilo de vida. O interesse pelo tema em questão surge, principalmente, de uma prática em consultoria organizacional em recolocação de pessoas no mercado de trabalho. Na cotidianidade desta nossa tarefa, prioritariamente exercida no atendimento e orientação psicológica às pessoas que ocuparam cargos de liderança como gerentes, diretores, e que perderam seus empregos e buscam uma recolocação, temos nos deparado com quadros de "crise" - acompanhados de alterações emocionais, transtornos somáticos, entre outros sintomas. Nestes atendimentos temos lidado com estas alterações emocionais num sentido de amparo e suporte psicológico, buscando direcionar o indivíduo no sentido de reorganização de muitas de suas condições vitais. Temos percebido empiricamente, que a presença de ansiedade neste período após o rompimento do vínculo tem sido um entreve no processo de reorganização do sujeito para sua recolocação no mercado. Assim surgem problemas importantes a serem investigados cientificamente, como: - em que medida a quebra do vínculo empregatício (demissão) causa ansiedade no indivíduo? E, ante a esta situação de desemprego e possível ansiedade gerada pela situação de crise, quais as principais estratégias de enfrentamento são utilizadas por esses sujeitos? É na tentativa de sistematização destes sintomas que acompanham o período crítico da crise causada pelo rompimento do vínculo do emprego que nos motivou realizar o.

(11) presente estudo. Compreender melhor esses sintomas, ou este quadro de crise em que o sujeito se encontra, pode talvez, oferecer subsídios para nossa prática em orientação psicológica. Deste modo, faz-se necessário, tecer considerações sobre essas variáveis – a crise e o desemprego, bem como sobre a ansiedade, o estresse – os quais estão interligadas, a fim de compreender, explicar e subsidiar o estudo a que nos propomos realizar.. 1.1. CRISE E DESEMPREGO O desemprego inclui diferentes categorias de pessoas. Segundo Oliveira (2004) as pessoas que perderam ou deixaram seus empregos e que procuram outro emprego, ou seja, os desempregados no sentido estrito, são aquelas afetadas por interrupções na sua vida de trabalho, causadas, entre outras razões, pela mudança tecnológica. Assim, entendemos com esse autor, que a população desempregada compreende os indivíduos que se encontram nessa situação involuntária de não trabalho, por falta de oportunidade de trabalho, ou que exercem um trabalho irregular com desejo de mudança. E é neste sentido que também estamos partindo do princípio que estas mesmas pessoas podem estar passando por um período de crise em suas vidas. Esta interrupção ou condição de vulnerabilidade representa um período de crise e possível mudança na vida destes indivíduos.. - SOBRE O CONCEITO DE CRISE.

(12) O conceito de crise tem sido bastante discutido na literatura psicológica como um momento de “quebra” “interrupção” e possibilidade de crescimento, elaboração, de acordo com o potencial com que o sujeito dispõe – tanto constitucionalmente quanto no ambiente que o cerca. É importante retomar que a palavra crise, segundo Blay-Levisky (2001) vem do grego “Krisis” e tem um significado de discriminação, decisão; portanto, “ estar em crise envolve o desenvolvimento de uma melhor discriminação , de se chegar a uma decisão, e não o significado de ameaça de extinção, de ruptura, como foi estabelecido ao longo da história” p. 241..Em psicanálise, continua esta mesma autora, diz-se que é a capacidade para re-significar os conteúdos novos. Esse processo não fácil e é sempre acompanhado de sentimentos de dor, e de ameaça, pelo desequilíbrio que o aparelho mental sofre. Assim vemos com essa autora, que crise tem um sentido de retomada, de decisão, mas ao longo da história a palavra é compreendida como ruptura e ameaça somente. Tanto que no dicionário Aurélio de língua portuguesa (FERREIRA, 1985) a definição de crise já aparece como patologia e é exposta como: “ alteração sobrevinda do curso de uma doença” Mas, no mesmo dicionário, a definição de crise para a sociologia apresenta a conotação de mudança e transição e sua definição é: “ situação social decorrente de mudança de padrões culturais , e que se resolve na elaboração de novos hábitos por parte do grupo; fase de transição em que, abaladas as tradições antigas, não foram elas substituídas por novas” p. 345 No campo da psicologia e da psiquiatria social, o conceito de crise mais aceito como um clássico da literatura na área é, sem dúvida, trazido nos anos sessenta por Gerald Caplan (CAPLAN, 1964). A crise é definida por esse autor como um estado de tensão exagerada que traz mudanças na homeostase do indivíduo, pode representar uma oportunidade de.

(13) crescimento psicológico e ou risco de uma deterioração psicológica. O indivíduo necessita de suprimentos físicos, estrutural, material e psicossocial para criar habilidades para resolução de problemas. Para esse mesmo autor, uma crise tem como fator essencial o desequilíbrio entre dificuldade e importância dada ao problema de um lado, e os recursos que o indivíduo possui para resolvê-lo imediatamente por outro lado. As crises que o indivíduo vive parecem estar associadas aos sentimentos subjetivos de desconforto, como angústia, o medo, a culpa ou vergonha, impotência, e ineficácia. Assim, a despeito dos conflitos individuais, como o desemprego, por exemplo, estes afetam o grupo em que este indivíduo está inserido. Sobre isso Caplan (1964) afirma que quando um membro da família enfrenta um problema, todo o grupo é afetado de uma forma ou de outra. Sendo a família a primeira rede social, esta tem funções importantes para o indivíduo lidar com a situação de crise. Estas funções são fundamentais para ajudar o indivíduo a suportar o estresse e fortalecer as cargas de tensão, mantendo o peso do problema dentro dos limites suportáveis, até a solução definitiva do mesmo. Diante dessas colocações, vemos que o processo de crise está associado a um período de mudança na vida de um indivíduo ou de um grupo e haverá, sem dúvida, possibilidade de elaboração e crescimento, porém, isso vai depender das condições e dos recursos a que esse indivíduo ou grupo dispõe, e que os diferentes autores denominam de estratégias de enfrentamento ou, na concepção psicanalítica os recursos defensivos. Sobre as estratégias de enfrentamento, bem como sobre a ansiedade, que é uma variável comumente associada ao período de crise, discorreremos mais adiante. Observamos com este autor, que a crise tem um significado de “parada” de choque diante da situação de conflito ou de stress – seja esta provocada por perda ou por ganho..

(14) - SOBRE O DESEMPREGO O presente estudo compartilha da concepção de que o indivíduo em situação de desemprego passa também por um período de crise. Assim, discorreremos sobre a questão do desemprego e as relações que vários autores estabelecem com as questões de saúde/doença. Entre esses autores, Arrazola e Mendes (1998) entendem que quanto maior a duração do desemprego maior a deterioração da saúde do indivíduo, pois este passa a possuir maior nível de ansiedade, de distorção motivacional e de transtornos de depressão. O desempregado apresenta sintomas depressivos como: pessimismo, transtorno do sono, irritabilidade e falta de satisfação, valor e pouca felicidade. Nesta mesma linha de raciocínio, e estabelecendo uma relação com o processo de saúde/doença com a crise e as possibilidades de crescimento, Chahad (2003) observa que o individuo desempregado está mais sujeito a doenças, pois o período de desemprego tende a durar em torno de 51 semanas, tempo este em que suas respostas às necessidades vitais já não o satisfazem de forma saudável. O período de crise e as mudanças que o indivíduo está sujeito podem trazer maior saúde e maturidade se este for um período de oportunidades, ou pode ser um período prejudicial, devido à redução de sua capacidade para enfrentar com eficácia os problemas da vida. Ainda abordando o desemprego como crise, Marin-Leon e Iguti (1999) apontam como a estrutura familiar fica afetada após a perda do emprego, pois representa a necessidade de convivência prolongada com uma pessoa habitualmente ausente durante a semana que está ainda em um estado emocional alterado, podendo estar agressiva, deprimida ou angustiada o que favorece o desequilíbrio das relações familiares. Com freqüência o patrimônio familiar é consumido e há perda do poder aquisitivo. Os filhos.

(15) sofrem todo o ambiente de tensão, de adaptação à padrões econômicos menos favoráveis e devem lidar com seus respectivos pares nesta condição desfavorecida, o que é especialmente difícil no mundo de consumo deste final de século, onde os valores materiais são os valores vigentes. Assim, esses autores também relacionam as questões da crise e da saúde/doença com o tempo de desemprego. Mas, para falar sobre tempo de desemprego, antes se faz necessário recorrermos à compreensão do próprio conceito, pois o desemprego é uma variável que oferece definição. No Brasil, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (DIEESE 2006) realizada nas regiões metropolitanas das principais capitais brasileiras como São Paulo, Porto Alegre, Salvador, entre outras, existem situações de desemprego e que são definidas da seguinte forma: o “desemprego aberto” , que refere-se às pessoas que procuram trabalho de maneira efetiva nos 30 dias anteriores ao da entrevista e não exercem nenhum trabalho nos últimos sete dias. O “desemprego oculto” – que refere-se ao trabalho precário, ou seja, pessoas que realizam algum trabalho remunerado eventual de auto – ocupação, ou realizam trabalho não remunerado em ajuda de negócios de parentes e que procuram mudar de trabalho nos 30 dias anteriores ao dia da entrevista da pesquisa ou mesmo aqueles que, não tendo procurado neste período, o fizeram sem êxito até 12 meses atrás. O “desemprego oculto pelo desalento” refere-se às pessoas que não possuem trabalho nem procuram emprego nos últimos 30 dias, por desestímulos do mercado de trabalho ou por circunstâncias fortuitas, mas apresentaram procura efetiva de trabalho nos últimos 12 meses. Este mesmo órgão DIEESE (2006) mede a taxa de desemprego indicando a proporção da PEA (População Economicamente Ativa) que se encontra na situação de.

(16) desemprego total (aberto mais oculto). A taxa de desemprego é específica de determinado segmento populacional, ou seja, homens, chefes de família, etc., que se encontra na situação de desemprego. Este mesmo órgão indica a seguinte fórmula para o calculo de desempregados:. Taxa de Desemprego = Número de Desempregados x 100 PEA Segundo este mesmo órgão, a taxa de participação indica a proporção da PIA (População em Idade Ativa ) incorporada ao mercado de trabalho como ocupada ou desempregada. A taxa de participação é também específica de determinado segmento populacional - homens, chefes de família,etc., que é a proporção da PIA desse segmento incorporada ao mercado de trabalho como ocupada ou desempregada. O Dieese indica a seguinte fórmula para o cálculo:. Taxa de Desemprego= PEA x 100 PIA Singer (2001) define o desemprego como estrutural, que é causado pela globalização e seus efeitos são semelhantes ao desemprego tecnológico. Este não aumenta necessariamente o número de pessoas sem trabalho, mas contribui para deteriorar o mercado de trabalho para quem o indivíduo vende sua capacidade de produzir. A ocupação não é sinônima de emprego; este último conceito implica em assalariamento – uma relação de emprego só existe quando alguém, em geral uma firma, dá um emprego a alguém. O emprego resulta de um contrato pelo qual o empregador compra a força de trabalho ou a capacidade de produzir do empregado. Ocupação compreende toda atividade que.

(17) proporciona sustento a quem a exerce. Emprego assalariado é um tipo de ocupação – nos países capitalistas é o mais freqüente, mas não é o único Outro conceito é dado por Kato (2002) que afirma que é o desemprego dito "conjuntural" que está diretamente ligado aos períodos de recessão da atividade produtiva. A década de 80, por exemplo, mostrou que a falta de investimento na indústria iniciou um desemprego duradouro que se agrava em cada período de crise política e econômica. Assim, esses autores parecem concordar com o fato de que o desemprego está relacionado à falta de um trabalho que implica numa remuneração – assalariamento, e que na sua falta implicará numa crise – ou pessoal e de saúde ou política e econômica, quando o desemprego toma um vulto populacional. Pochmann (2001) afirma que nas últimas décadas, o mercado de trabalho atuou de maneira extremamente desfavorável aos vendedores de força de trabalho, com sua desestruturação. Por desestruturação do mercado de trabalho pode-se entender a presença simultânea e combinada do desemprego aberto em larga escala, do desassalariamento (redução de empregos assalariados) e da geração de postos de trabalho precários. Em se tratando de pesquisa oficial, constata-se também que , até o final da década de 1980, o desemprego não era relativamente alto. Mas a partir de 1990, a quantidade de pessoas sem emprego e procurando um posto de trabalho ganhou forte relevância. Ainda segundo esse mesmo autor, além do expressivo montante de pessoas desempregadas, houve drástica alteração na composição do desemprego. Em outras palavras, o desemprego mudou de perfil deixando de ser um fenômeno que atingia segmentos específicos da sociedade para se generalizar por quase toda a população ativa. Por esse motivo parece não haver mais estratos sociais imunes ao desemprego no Brasil. Atualmente, afirma Pochmann (2001), o perfil do desempregado.

(18) encontra-se mais inclinado para pessoas: com mais de oito anos de escolaridade; com idade mais avançada (mais de 49 anos); do sexo feminino; que são chefes de família; brancas; e que buscam o reemprego. De acordo com Chahad ( 2003) o conjunto dos ocupados em tarefas de direção, gerência e planejamento cresceu entre 1995 e 1998 e sua absorção declinou bastante desde então até 2002. Em contraposição, após uma estagnação até 1998, cresceu bastante o emprego de trabalhadores nas tarefas de execução, bem como o emprego daqueles em tarefas de apoio. Para esse autor, houve um aumento no tempo que o indivíduo procura por trabalho, pois passou para 51 semanas em 2002, tal como já apontado pelo DIEESE (2006), ou seja, um aumento de 150% no tempo necessário para obtenção de um novo emprego chamado “ Desemprego de longa duração “ Deste modo, ante os vários critérios para se definir ou conceituar desemprego, é fato que esta situação traz danos nos vários âmbitos ou seguimentos da vida. E sobre este aspecto, pode-se entender, tal como Marin – Leon e Iguti (1999) que o desemprego representa perdas em várias dimensões da vida: perda de uma posição garantida na força de trabalho, perda do sentimento de participação e identificação com um grupo específico, de seu status, perda do poder de ser o provedor de uma família, de uma posição social na comunidade em que o indivíduo está inserido. Ainda com relação às conseqüências, essas autoras asseguram que o medo do desemprego não se limita ao trabalhador, compromete também sua família. Contribui paras as desavenças conjugais, as ausências prolongadas do lar, através das jornadas de trabalho prolongadas e do estado de esgotamento do trabalhador, os conflitos entre os pais compromete o equilíbrio emocional dos filhos e constitui um importante elemento de desagregação familiar. O tempo destinado à convivência familiar inexiste e os pais.

(19) desconhecem os problemas de seus filhos tornando-se freqüente a possibilidade de fracasso escolar, drogadição e delinqüência. Assim, observamos que esta situação atinge os trabalhadores pouco qualificados e com baixa condição sócio econômica e também os que ocupam os mais altos níveis, entre esses são freqüentes os divórcios e afastamento dos filhos. Com a literatura citada, pode-se verificar que o desemprego parece ocasionar as consideradas crises. Neste processo percebe-se uma estreita relação das crises com a ansiedade. Alguns autores também vão se referir ao estresse e, na mediação desta situação estará, certamente o enfrentamento do sujeito face à situação de crise.. 1.2- CONSIDERAÇÕES SOBRE A ANSIEDADE. Nas definições de dicionário de língua portuguesa, Ferreira (2004) descreve o termo ansiedade significa estado emocional angustiante acompanhado de alterações somáticas e em que se prevêem situações desagradáveis, reais ou não. No campo psicológico os termos ansiedade, tensão e estresse são utilizados de diversas maneiras por diferentes autores; apresentando inclusive pouca distinção entre os termos. Weiten (2002) define estresse como quaisquer circunstâncias que ameaçam ou são percebidas como ameaçadoras do bem estar do indivíduo e que, portanto minam as capacidades de enfrentamento do indivíduo, para ele a experiência de sentir-se estressado depende de que situações o indivíduo observa e de como ele as avalia; para ele existem quatro principais tipos de estresse: frustração, conflito, mudança e pressão, sendo que: Frustração é uma emoção que se vivencia quando a busca de um objetivo fracassa. Conflito.

(20) é quando duas ou mais motivações ou impulsos comportamentais incompatíveis competem por expressão. Mudanças de vida implicam qualquer tipo de alteração nas circunstancias de vida de uma pessoa que exigem readaptação. Spielberg (1981) ao explicar o conceito de ansiedade, afirma que o termo tensor que é utilizado para descrever situações ou estímulos objetivamente caracterizados por algum grau de perigo físico ou psicológico (ameaça); assim o termo ameaça refere-se à percepção ou avaliação, por parte do indivíduo, de uma situação ou da percepção de estímulos como sendo potencialmente perigosos ou nocivos. Deste modo, pessoas que consideram uma situação tensa como sendo ameaçadora experimentarão uma reação de ansiedade. Para este autor o termo estado de ansiedade é utilizado para descrever reações emocionais que consistem em sentimentos subjetivos de tensionamento, apreensão, nervosismo e preocupação. De modo que o autor distingue a ansiedade como um estado emocional transitório (ansiedade como estado) e como característica de personalidade (ansiedade como traço). A ansiedade como traço refere-se às diferenças individuais realmente estáveis, isto é às diferenças na tendência de reagir a situações percebidas como ameaçadoras, tanto física como psicologicamente e a ansiedade estado é justamente aquela gerada por algum agente percebido como estressor, seja este interno ao organismo ou externo ao indivíduo. Com relação às respostas emocionais frente a determinadas situações, Weiten (2002) remonta o pensamento de Lazarus quando afirma que o estresse desperta mais emoções desagradáveis do que agradáveis e existem ligações estreitas entre reações cognitivas a estresse e emoções específicas, e que respostas emocionais mais comuns incluem: aborrecimento, raiva e fúria; apreensão, ansiedade e medo; desalento, tristeza e pesar..

(21) Com isso observamos a estreita relação entre o que se chama ansiedade como estado e o próprio stress. Assim, frente às chamadas situações estressantes, certamente estará o estado de ansiedade. Lazarus (1993) fez relação entre estresse e enfrentamento e traz a seguinte concepção: (a) os indivíduos diferem quanto às reações de estresse, (b) a reação de estresse é determinada pela percepção da situação estressante e (c) a extensão e as características da reação de estresse dependem em parte, dos recursos de enfrentamento da pessoa. Cabe lembrar, que o grande precursor dos estudos sobre stress ou estresse, foi H. Selye. A partir dele é que muitos estudiosos se dedicaram a entender mais este estado pelo qual passam sujeitos humanos e animais. Para Selye (1956) apud Lipp (2003) o estresse se desenvolve em 3 fases: alerta, resistência e exaustão; na primeira fase, a do alerta, o organismo prepara-se para a reação de luta ou fuga que é essencial para a preservação da vida. A fase de resistência inicia-se quando o estresse continua presente e o organismo tenta uma adaptação em função de o organismo procurar o equilíbrio interno, nessa fase as reações são de desgaste e cansaço; quando o estressor é contínuo e a pessoa não possui estratégias para lidar com o estresse, o organismo exaure sua reserva de energia adaptativa, a fase de exaustão se manifesta e nesse momento as doenças aparecem. Estudiosos mais modernos como Lipp (2003) entendem que o estresse é um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo, ou seja, uma reação psicofisiológica muito complexa, que tem, em sua gênese, a necessidade do organismo lidar com algo que ameaça sua homeostase ou equilíbrio interno. Segundo ela, trata-se de uma tentativa de vencer um desafio, de sobreviver a uma ameaça ou de lidar com uma adaptação necessária no momento, mesmo que seja algo desejado. Por tanto, o mesmo evento pode ou.

(22) não desencadear uma reação de estresse em pessoas diferentes, dependendo da interpretação que cada um dá ao evento. Aprofundando suas pesquisas, Lipp (2003) desenvolveu um modelo quadrifásico do estresse, que é um desenvolvimento do modelo trifásico de Selye, para ela o processo do estresse, se desenvolve da seguinte forma: fase de alerta, a pessoa necessita de produzir mais força e energia a fim de poder atender ao que se está exigindo dela, ou seja, um esforço maior; o processo autoregulatório se inicia com um desafio ou ameaça percebida, sempre haverá uma quebra na homeostase, pois o esforço não visa à manutenção do equilíbrio interior e sim ao enfrentamento da situação desafiadora. Fase de resistência, nesse estágio ocorre um aumento na capacidade de resistência acima do normal, pois há sempre uma busca pelo reequilibrio; o que pode gerar uma sensação de desgaste generalizado, dessa forma quanto maior o esforço que a pessoa faz para se adaptar e restabelecer a harmonia interior maior será o desgaste do organismo. Fase de quase exaustão: nessa fase as defesas do organismo começam a ceder e ele já não consegue resistir às tensões e restabelecer a homeostase interior, é comum ocorrer oscilações entre momentos de bem estar e momentos de desconforto, cansaço e ansiedade. Fase de exaustão: nesse estágio há uma quebra total da resistência e ocorre uma exaustão psicológica em forma de depressão e exaustão física na forma de doenças. Para Lipp (2003) o estresse excessivo produz cansaço mental, dificulta a concentração, perda de memória imediata, apatia e indiferença emocional, a produtividade e criatividade ficam prejudicadas e a qualidade de vida sofre um dano bastante evidente, a pessoa estressada lida mal com as mudanças, pois sua habilidade de adaptação está envolvida inteiramente no combate ao estresse. Assim entendemos com as contribuições desses autores que as pessoas respondem ao estresse de várias formas, buscando, evitando,.

(23) fugindo, enfrentando, convivendo e adaptando-se as situações geradoras do estresse.Como cada individuo tem sua própria história de vida, seus sucessos e fracassos e sua forma típica e única de lidar com o estresse, ou seja, sua estratégia de enfrentamento; interessa-nos especialmente investigar que esforços uma pessoa utiliza dentro de uma situação específica ou não para lidar as demandas geradas pelo estresse.. 1.3 - ENFRENTAMENTO E SUAS ESTRATÉGIAS. O conceito de enfrentamento tem despertado interesse entre os psicólogos desde há muito. Em português Coping, vem sendo traduzido como enfrentamento; o conceito centraliza-se nos acontecimentos que sucedem ao longo da vida das pessoas e refere-se às perdas, dificuldades, tragédias ou fatores inesperados, que os indivíduos precisam enfrentar. As pessoas respondem ao estresse de várias formas e as respostas comportamentais nos interessam especialmente, pois elas envolvem as estratégias de enfrentamento, ou seja, aos esforços para dominar, reduzir ou tolerar as demandas criadas pelo estresse. Lazarus e Folkman (1980) definem Enfrentamento (Coping) como sendo um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais, utilizado pelo indivíduo com o objetivo de lidar com demandas específicas, internas ou externas que surgem em situações de Estresse. Isso explica que as estratégias de Enfrentamento (Coping) são ações deliberadas, que podem ser aprendidas, usadas e descartadas. Para Weiten (2002) existem pessoas que são capazes de suportar melhor os males do estresse e isso explica o fato de que existem variáveis moderadoras que podem diminuir o impacto do estresse sobre a saúde física e mental. São três as variáveis moderadoras:.

(24) apoio social, otimismo e consciência. Apoio social refere-se a vários tipos de auxílio fornecidos por membros de uma rede social da pessoa.Otimismo é a forma como a pessoa espera resultados positivos.Consciência é um traço de personalidade que se caracteriza com ético, confiável, produtivo e determinado.Crise é também um aspecto a ser investigado nesse estudo.Assim , na linha de raciocínio de Lazarus e seus colaboradores, entende-se que o enfrentamento refere-se aos modos como o sujeito lida com situações difíceis ou estressantes e que requerem, de certo modo um esforço adaptativo.. 1.3.1- O ENFRENTAMENTO ANTE O IMPACTO DA DOENÇA A literatura tem apontado para estudos sobre o enfrentamento nos períodos de doença (SEIDL, 2001; CASARINI, 2004; SEIDL, 2005b). Seidl ( 2001) em seu trabalho sobre relações de enfrentamento, suporte e qualidade de vida em pessoas com HIV, grande parte dos pesquisadores nessa linha , trabalham com o conceito de enfrentamento como “ estratégia “ diferindo-se dos clássicos conceitos de Lazarus que pressupõe fatores de enfrentamento associados a características de personalidade, ou seja, características internas. Numa linha de raciocínio que pressupõe o enfrentamento como capacidade interna do indivíduo, podemos encontrar um equivalente em Simon (1989). Este autor, seguindo uma abordagem psicanalítica, não fala especificamente em enfrentamento, mas sim sobre recursos internos ou recursos defensivos utilizados pelo sujeito ante à crise e que o acomodam numa certa adaptação – que pode ser eficaz ou ineficaz. Esta capacidade adaptativa irá ser determinada pela qualidade das respostas emitidas pelo sujeito na situação de crise. Estas respostas serão como define o autor, respostas adequadas, pouco adequadas e pouquíssimo adequadas..

(25) A emissão destas respostas, para o autor, dependerão de todo um aparato interno que o indivíduo já possui, e que foi construído ao longo de seu desenvolvimento; portanto fazem parte de seu mundo interno. É nesse raciocínio psicanalítico que o autor cria uma escala, EDAO- Escala Diagnóstico Adaptativa Operacionalizada - para medida da eficácia adaptativa de indivíduos. Este instrumento pode ser utilizado tanto para detectar a situação de crise ou não, bem como para avaliar a qualidade das respostas do sujeito e por conseguinte sua capacidade adaptativa. Esta compreensão psicanalítica e este instrumental têm sido bastante utilizadas pelos pesquisadores nos casos de doenças agudas e crônicas, bem como em relações de trabalho (ZAGO, 2004). Também numa linha de raciocínio dinâmico em Psicologia, porém mais específico da abordagem humanista, Kubler-Ross (1969) discorre sobre fatores ou fases do indivíduo acometido por doença grave e com expectativas de morte. Aponta que a doença traz além de perdas concretas, como a morte e a mutilação, perdas de diferentes significados, como a interrupção prematura de atividades, sonhos e projetos financeiros. Ao tomar conhecimento da malignidade da doença o paciente passa por estágios que, nada mais são do que mecanismos psicológicos de enfrentamento e adaptação: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação. Essa negação é o primeiro dos cinco estágios que pacientes próximos ou diante da possibilidade da morte passam a sentir, a negação é o estágio que vem diante do diagnóstico, depois virão sucessivamente à tona a raiva, quando o diagnóstico for assimilado, a barganha para tentar negociar a morte, neste estágio aceitase o fato mas procura-se adiá-lo, depois será a depressão com a revisão da vida e enfim a aceitação, onde a pessoa passa a deixar fluir o curso natural de sua doença..

(26) A visão desta autora também pode ser equiparada a um tipo de enfrentamento ou de capacidade adaptativa do sujeito frente à morte ou situação de conflito, ou crise. Observamos que, diante da rica literatura psicológica sobre as maneiras de lidar com a crise ou o sofrimento, existem diferentes correntes de pensamento. A corrente psicanalítica partirá da compreensão do objeto de estudo por um determinismo psíquico; as correntes humanista e existencialista partirão da compreensão do estado em que o sujeito se encontra. E a corrente cognitivista, aqui adotada, compreende o objeto a partir de características internas e de experiências externas (ambientais) em que o indivíduo se encontra e que o conduzirão às formas de enfrentamento que este irá colocar em ação. As medidas de enfrentamento (instrumentos) criadas a partir do referencial cognitivista preferem nomear o enfrentamento como estratégia. Nesse raciocínio a EMEP (Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas) foi construída por Vitaliano; Russo; Carr; Maiuro;Becker, (1985) apud Seidl, (2001) e adaptada para a população brasileira por Gimenes e Queiroz (1997) apud Seidl (2001), mediante os procedimentos de análise semântica e traduções reversas, seguidas de testes para adequação e clareza de linguagem, sem que a estrutura fatorial da escala tivesse sido investigada. Assim optou-se pela realização da análise da estrutura fatorial desse instrumento em amostra brasileira composta por pessoas da população em geral e com pessoas acometidas por enfermidades crônicas. Em sua estrutura esses autores. (SEIDL, TROCCOLI; ZANNON, 2001).indicaram a. existência de 4 fatores: enfrentamento focalizado no problema (estratégias cognitivas e comportamentais que representam condutas de aproximação ao estressor voltadas para seu manejo ou solução) ;. enfrentamento focalizado na emoção (estratégias cognitivas e. comportamentais que representam comportamentos de esquiva ou negação, expressão de emoção negativas, irrealistas voltadas para a solução mágica do problema, auto-culpa e ou.

(27) culpabilização dos outros); busca de suporte social (envolve a busca de apoio instrumental, emocional ou de caráter informativo); e busca de religiosidade / pensamento fantasioso (comportamentos que podem auxiliar no enfrentamento do problema por meio da manutenção da fé e da esperança). Segundo Seidl ( 2001) e Seidl et.al (2001) quanto ao enfrentamento focalizado na emoção os conteúdos dos itens da EMEP que mensuram essa modalidade de enfrentamento, expressam sentimentos de culpa em relação a si próprio e ao outro, emoções negativas, esquiva e pensamento fantasioso, o que leva a supor que escores mais elevados nessa estratégia seriam sugestivos de dificuldades psicológicas relevantes. Ainda para estes autores, outro achado que merece comentário refere-se ao uso mais freqüente do enfrentamento focalizado na emoção por pessoas com menor escolaridade e por mulheres. Quanto à religiosidade , (Seidl e et.al. 2001) observou que as mulheres e pessoas com menor nível de escolaridade utilizavam mais religiosidade ou busca de práticas religiosas como estratégias de enfrentamento para lidar com estressores. Alguns estudos têm demonstrado a relação entre enfrentamento e doenças (SEIDL, 2001; CASARINI, 2004; SEIDL, 2005 A; SEIDL,2005 b ). Na descrição da variabilidade das estratégias de enfrentamento de pessoas portadoras de HIV, Seidl (2005 a.) aponta que nestes pacientes havia predomínio de enfrentamento focalizado no problema. Houve diferença entre homens e mulheres, uma vez que nestas últimas, com nível de escolaridade baixo, predominaram o enfrentamento focalizado na emoção e busca de práticas religiosas. Assim, estamos compartilhando no presente estudo, com base na literatura, que esse conjunto de esforços cognitivos e comportamentais que o indivíduo utiliza – são os tipos ou estratégias de enfrentamento, e esses esforços têm com o objetivo de lidar com as.

(28) demandas específicas, internas ou externas que surgem em situações de crise, - no caso o desemprego - que por sua vez pode apresentar sintomas de ansiedade.. 1.4. CONSULTORIA DE RECOLOCAÇÃO A consultoria é uma empresa especializada em preparar o indivíduo desempregado para retornar ao mercado de trabalho (Recolocação). Esse preparo consiste em elaborar o currículo, treinamentos, palestras, aconselhamento de carreira e acompanhamento individual com feedback sobre seu desempenho durante os processos seletivos e também suporte emocional e psicológico sempre que houver necessidade. É comum no Brasil que apenas uma determinada população seja contemplada com o processo de recolocação no momento da demissão, estamos falando do nível gerencial, que é uma população de formação acadêmica diferenciada, com exposição internacional e domínio de vários idiomas, na maioria das vezes. A população que vamos trabalhar são profissionais denominados executivo ou gerente que segundo o dicionário Aurélio é “ aquele que ocupa cargo de direção ou chefia de alto nível, encarregado de executar as leis, que gere negócios, bens e serviços “ (FERREIRA, 2004, 309, e 354p.). A palavra executive ou manager, segundo o dicionário Longman Dictionary of Contemporary English significa “ alguém que tem um importante trabalho como administração de uma companhia ou negócio e alguém cujo trabalho é dirigir ou controlar parte ou o todo de uma organização e de pessoas que nela trabalham” (1995, .475, 870 p ). Num processo de aconselhamento em consultoria de recolocação, um dos aspectos abordados com os executivos desempregados é a importância da rede de relacionamentos. Estas redes de relacionamentos são estudadas por psicólogos que as denominam de redes.

(29) sociais ou redes de apoio social (COHEN e WILLS, 1985; BOWLING, 1994; AZEVEDO et. al. 1998). As primeiras análises das redes sociais foram desenvolvidas por antropólogos e sociólogos. Para estes últimos , as redes têm um poder explicativo sobre a conduta social dos membros, é o conjunto de pessoas com quem se mantém contato e tem algum tipo de laço social. ( BOWLING,1994). O apoio social amortiza, em situações de crise, o stress, as doenças, e auxilia as pessoas a entenderem melhor o período de vivencia da crise, abre oportunidades para falarem sobre seus medos, insegurança, e também se revela como uma possibilidade para a obtenção de mais informações e recursos (COHEN ; WILLS, 1985). Quando o indivíduo recebe apoio social, sua percepção de pertença a um grupo que (COBB, 1976) pode ser evidenciado pôr três aspectos: a) a informação que leva a pessoa a acreditar que ela é cuidada e amada; b) a informação que leva a pessoa a acreditar que ela é estimada e valorizada, e c) a informação que leva a pessoa a acreditar que pertence a uma rede e que ambos possuem obrigação e direitos. No caso dos desempregados, aqueles que dispõem de um bom suporte ou apoio vindo destas redes (ARRAZOLA; MENDÉZ, 1998) parecem mais felizes, têm melhor saúde física e mental, as relações sociais parecem ser fontes de felicidade; há ainda indicativos de que este apoio reduz o impacto psicológico do desemprego, provê recursos instrumental e emocional capazes de provocar respostas apropriadas para enfrentar este período, bem como apresenta maior abertura para fazer mudança e o indivíduo tem melhor percepção de si mesmo. As redes sociais além de influir sobre o estado de saúde das pessoas têm um papel relevante na vida do desempregado, pois para se conseguir um emprego é mais fácil quando.

(30) se pertence a uma rede. São os contatos com amigos, ex-colegas de trabalho, pessoas que também estão em busca do emprego e podem fornecer informações personalizadas que facilitam o reemprego. (AZEVEDO et. al. 1998). Segundo Vieira Filho e Nóbrega (2004) participar de redes em que se possa receber um atendimento, entendido como o ato de acolher, de dar atenção, cuidado, de oferecer uma escuta atenta à pessoa humana e oferecer um suporte para lidar com a problemática sócio existencial, podem ser uma alternativa saudável para lidar com a crise do desemprego e minimizar as conseqüências deste na saúde do indivíduo. Diante da literatura apresentada, estamos compreendendo, no presente trabalho, que o desemprego pode representar uma situação de crise na vida do indivíduo. Esta situação de desemprego pode então ser imbuída de ansiedade. Mas, caberá distinguir, nestes indivíduos, a ansiedade estado (que poderá ter sido advinda desta situação de desempregocrise) e a ansiedade traço (já que pode esta ser uma característica dos sujeitos). Isto nos leva à questão do enfrentamento, ou seja, que tipo de enfrentamento é feito por esses sujeitos e que os colocam em determinado tipo de situação..

(31) Deste modo, os Objetivos do presente estudo são:. a) Investigar a presença de ansiedade em executivos em situação de desemprego. b) Identificar as principais estratégias de enfrentamento utilizadas por esses sujeitos . c) Correlacionar o nível de ansiedade com as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos sujeitos e tempo de desemprego..

(32) 2. MÉTODO. 2.1. SUJEITOS Os sujeitos dessa pesquisa foram 35 (trinta e cinco) pessoas, sendo 8 mulheres e 27 homens, desempregados, e que exerciam anteriormente cargos classificados como executivos em empresas de grande porte. Todos os sujeitos eram casados, com formação superior completa e a faixa etária estava acima de 35 anos. Destaca-se que estes sujeitos se encontravam em situação de desemprego em períodos diferentes : de um mês (4 semanas) até dez meses (40 semanas). Estes sujeitos estavam em processo de aconselhamento de carreira em uma consultoria especializada em recolocação profissional, e eram atendidos pela psicóloga responsável. A amostra foi escolhida por critério de conveniência, conforme explicam Rea e Parker(2000) por ser aquela em que se trabalha com os sujeitos que se dispõem a participar. Embora tivéssemos a intenção de estudar sujeitos que estivessem em fase inicial de desemprego e sujeitos que estivessem há mais de 6 meses desempregados, não estabelecemos esse como critério rígido em nossa seleção. De modo que tanto os casos de 4 meses quanto aqueles com até dez meses de tempo de desemprego foram casos resultantes de nossa solicitação ou convite na participação desse estudo. De modo que consideramos essa como uma “amostra por conveniência e não por sorteio aleatório. 2.2. AMBIENTE A pesquisa foi realizada numa consultoria – Gutemberg Consultores, local em que estes sujeitos já eram atendidos com a finalidade de serem recolocados no mercado de trabalho. A consultoria conta com salas específicas para atendimento psicológico( apoio ou suporte), de modo que o trabalho foi desenvolvido num ambiente neutro e em condições adequadas para aplicação dos instrumentos..

(33) 2.3. INSTRUMENTOS Foram utilizados os seguintes instrumentos: a) Inventário de Ansiedade Traço-Estado1 –, IDATE elaborado por Spielberger (1979) para avaliação do nível de ansiedade destes sujeitos.Este inventário de ansiedade consta de 2 (duas) escalas, cada uma com 20 (vinte) afirmações, uma delas avalia a ansiedade como estado e a outra o "traço de ansiedade". A primeira solicita que o indivíduo descreva como se sente em um determinado momento, enquanto que a descrição de como geralmente se sente é tarefa da segunda. A avaliação de traço e estado de forma separada permite que o psicólogo investigue se o grau de ansiedade é dado pelo momento em que o indivíduo vive (estado) ou se o indivíduo já possui uma condição de ansiedade com traço de personalidade. b) Escala de Modos de Enfrentamento de Problemas – EMEP (anexo 1) na versão adaptada para a população brasileira por Gimenes e Queiroz (1997) apud Seidl (2001). A escala é composta por 45 itens e englobando pensamentos e ações apresentados diante de um evento estressor específico, distribuídos em quatro fatores (SEIDEL; TROCCOLI; ZANNON,2001). Os quatro fatores são: Enfrentamento Focalizado no problema (18 itens): estratégias cognitivas e comportamentais que representam condutas de aproximação ao estressor voltadas para seu manejo ou solução.. 7272727230/11/2006 1. O inventário IDATE não pode ser reproduzido sendo que os direitos autorais pertencem ao CEPA, portanto este instrumento, não consta em anexo..

(34) Enfrentamento. Focalizado. na. emoção. (15. itens):. estratégias. cognitivas. e. comportamentais que representam comportamentos de esquiva ou negação, expressão de emoção negativas, irrealistas voltadas para a solução mágica do problema, auto-culpa e ou culpabilização dos outros. Religiosidade e Pensamento Fantasioso (7 itens): Composto por pensamento e comportamentos que representam o enfrentamento do problema por meio da manutenção da fé e da esperança; ou de pensamentos fantasiosos. Busca de Suporte Social (5 itens): Envolve a busca de apoio instrumental, emocional ou de caráter informativo. As instruções foram adaptadas para a situação de desemprego, como segue: “ As pessoas reagem de diferentes maneiras a situações difíceis ou estressantes “. Para responder a este questionário pense sobre como você está lidando com a situação de ter perdido o emprego. Concentre-se nas coisas que você faz, pensa ou sente para enfrentar esta condição no momento atual. As respostas atribuídas pelos sujeitos foram dadas em uma escala do tipo Likert de cinco pontos, contendo os seguintes intervalos: 1- Eu nunca faço isso; 2- Eu faço isso um pouco; 3- Eu faço isso às vezes; 4- Eu faço isso muito; 5- Eu faço isso sempre. A pontuação da escala se baseia em escores construídos para cada um dos fatores que representam as diferentes estratégias de enfrentamento sendo que maiores escores indicam maior utilização daquela estratégia de enfrentamento (SEIDL,. 2001). A escala e a. descrição dos fatores que a compõe estão no anexo 1 e anexo 2, respectivamente. Esses instrumentos foram utilizados após o esclarecimento, pelo pesquisador, e assinatura do sujeito do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, garantindo a confidencialidade das informações..

(35) 2.4. PROCEDIMENTO Os sujeitos foram selecionados por conveniência, ou seja na medida em que aceitavam participar deste estudo. Estes eram sujeitos que estavam em processo de aconselhamento numa consultoria de São Paulo.Representavam aqueles indivíduos que ao serem demitidos, a própria empresa demissionária os encaminhava para recolocação nesta consultoria e, ao passarem pelo processo de recolocação no mercado de trabalho, eram atendidos pelos psicólogos em trabalhos de orientação e aconselhamento. Ao aceitarem participar deste estudo,estes assinaram o "termo de consentimento livre e esclarecido" conforme exigência do Ministério da Saúde do Brasil (anexo 3). Os instrumentos IDATE e a escala EMEP foram aplicados em uma única sessão, uma vez que são instrumentos auto-aplicáveis e os sujeitos da pesquisas são pessoas de bom nível intelectual, ou seja, todos possuíam escolaridade superior. As sessões de aplicação tiveram duração aproximadamente de 1 a 2 horas e forma feitas individualmente. A Análise de Dados obtidos na pesquisa foram e analisados através de técnicas estatísticas descritivas e do software estatístico SPSS - Statistical Package for the Social Sciense, versão 13.0 para Windows..

(36) 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO. Os resultados são apresentados e discutidos, a seguir, buscando-se primeiramente a descrição dos dados da amostra numa análise estatística descritiva simples. Julgamos necessária esta apresentação nesta seção dos resultados e não restringir a uma descrição breve no método, dado a riqueza dos dados encontrados. Ou seja, os dados da amostra como faixa etária, sexo, escolaridade, cargo ocupado são variáveis que isoladamente têm sido importantes na compreensão de sujeitos desempregados, inclusive relacionadas pelo próprio DIEESE (2006). Após esta descrição de dados são apresentados os resultados relativos à ansiedade, enfrentamento e suas correlações com tempo de desemprego.. 3.1. DADOS GERAIS DA AMOSTRA ESTUDADA Tabela 1 – descrição da faixa etária da amostra estudada Freqüência n 2. Percentual % 5,7. 36. 1. 2,9. 39. 3. 8,6. 40. 6. 17,1. 41. 4. 11,4. 42. 2. 5,7. 44. 3. 8,6. 45. 4. 11,4. 46. 2. 5,7. 47. 2. 5,7. 48. 2. 5,7. 49. 2. 5,7. 50 > 51. 1. 2,9. Faixa Etária 35. 56. 1. 2,9. Total. 35. 100. Percentual Acumulado Por faixa 17,2. 42,8. 34,2. 5,8.

(37) A faixa etária da amostra (tab. 1), indica uma variação entre os executivos em relação à idade atual e em que se encontravam desempregados.Num extremo encontram-se os sujeitos da amostra com 35 anos e noutro 56 anos. Entretanto, pode-se observar um maior percentual nas faixas de 40 a 44 anos e 45 a 49 anos. Agrupadas as faixas pode-se verificar que o maior freqüência de desempregados executivos desta amostra está na faixa etária entre os 40 até 50 anos. Estes dados são interessantes de serem discutidos à luz do que Pockman (2003) examina sobre o perfil do desempregado, pois o autor indica em sua análise sobre desempregados, que a idade acima de 49 anos é um fator marcante no perfil do desempregado atualmente no nosso país.Embora este autor se refira a uma população geral, nossos dados são coincidentes no marco de 49/50 anos; porém ressalta-se que a faixa etária marcante em nossa amostra é ainda mais jovem. Também examinado a faixa etária e desemprego, Alves (2002) indica faixa etária de adultos, chefes de família e com experiência. Este aspecto, que também dá indicativos coincidentes com o presente estudo, mostra que este perfil de pessoas está perdendo espaço no mercado formal de trabalho, tendo indicativos de que são substituidos por jovens, com menores salários. A faixa etária entre desempregados é uma variável de interessante discussão, pois parece haver diferenças entre faixa etária e tipo de trabalho ou cargo anteriormente ocupados por esses sujeitos. Ferreira (2005) ao estudar desemprego, indicadores de saúde e suporte social, com uma amostra de 500 desempregados de setores produtivos operacionais,. com menor especialização, e de classe sócio-econômico-cultural menos. favorecida, encontrou maior incidência de desempregados nas faixas etárias de 21 a 30 anos (42%) e de 31 a 40 anos (32%). Os dados dessa autora indicaram portanto desempregados.

(38) de baixa qualificação mais jovem do que a que a amostra de executivos aqui estudada. Isto poderia indicar que os executivos defrontam-se com o desemprego mais tardiamente do que pessoas de baixa qualificação, porém esses desempregados menos qualificados poderiam passar pelo desemprego em mais de uma ocasião; fato que poderia ser objeto de estudos futuros. Todavia, estes dados sobre faixa etária também nos levam a pensar em duas hipóteses: uma é a de que os sujeitos com mais de 40 anos. são aqueles que, pela. experiência e amadurecimento profissional, ocupam cargos de gerência nas empresas, portanto os executivos desempregados não poderiam pertencer a faixas etárias mais jovens, os quais ainda estariam iniciando a carreira profissional. Uma segunda hipótese é de que os sujeitos com mais de 40 anos têm tido mais dificuldades de recolocação no mercado de trabalho justamente pela idade – tendo, portanto, uma rejeição das empresas em admitirem em seu quadro pessoas nesta faixa de idade. Ambas hipóteses mereceriam ser melhor investigadas em estudos posteriores com amostras maiores e estratificadas. Estes dados sobre faixa etária, também dão margem para uma discussão mais ampliada sobre conseqüências no seio familiar. Embora no presente estudo não levantamos os dados sobre vida sócio-econômico-cultural e constituição familiar (apenas dados sobre estado civil – casados), pode-se pensar nas relações entre esse desemprego e a faixa etária destes sujeitos casados. Ou seja, nesta faixa etária, esses sujeitos possivelmente faziam parte de um grupo familiar já estabilizado e já habituado num determinado padrão econômico-cultural. Um dado que também é apontado por Pockman (2001) neste mesmo perfil do desempregado, o qual encontra-se mais inclinado para pessoas com mais de oito anos de escolaridade que são chefes de família..

(39) De modo que o desemprego (ruptura do vínculo de trabalho assalariado) implicará numa possível mudança deste e afetará toda família. É o que já apontaram Marin-Leon e Iguti (1999), ou seja, que. o desemprego produz perda do patrimônio familiar, do poder. aquisitivo, devendo a família sofrer uma re-organização em suas finanças; e isso implicará também numa modificação das relações familiares. Essas modificações e reorganizações poderão ser uma oportunidade de crescimento e amadurecimento e aprendizado, como também poderá oportunizar a deterioração na saúde psíquica desta família. Entende-se que aqui também se inserem as contribuições da literatura sobre crise. Tal como aborda Oliveira (2004) pessoas que perderam seus empregos são afetadas por interrupções em suas vidas (crise). Na crise (CAPLAN, 1964) quando um membro da família enfrenta problema, todo grupo é afetado. É a família a primeira rede social em que o indivíduo está inserido e se relaciona; de modo que, estando o grupo familiar afetado – este irá funcionar como apoio ou também entrará em colapso junto ao membro afetado. No presente estudo, repetimos, não temos dados sobre o funcionamento familiar, porém, como todos os sujeitos dessa amostra são casados e possuem família, certamente esta rede encontra-se afetada por essa situação de conflito gerada pelo desemprego. Acrescenta-se que nesse processo de crise / desemprego,o tipo de enfrentamento que o sujeito desempregado fará e também os membros deste grupo familiar é que auxiliarão o sujeito ao crescimento ou indicarão mais conflitos. Sobre esse enfrentamento, discutiremos mais adiante..

(40) Tabela 2 – sexo da amostra estudada. Freqüência n Sujeitos masculino 27 feminino 8 Total. Percentual % 77,1. 35. 22,9 100,0. Observa-se em nossa amostra (tab. 2) que trabalhamos com um número maior de homens (77,1%) e um número menor de mulheres (22,9%). Sobre sexo ou gênero dos desempregados, Pockman (2003) dá indicadores diferentes deste de nossa amostra, pois esse autor mostra que as pessoas desempregadas são chefes de família, mas aponta um perfil feminino de desempregados e não masculino. Porém, podemos pensar que o autor citado refere-se ao âmbito geral de desempregados no Brasil , enquanto que a especificidade da amostra por nós estudada já seja esperado que estas funções de liderança sejam assumidas por homens.. Tabela 3 – grau de instrução da amostra Freqüência. Percentual. Percentual. Escolaridade. N. %. Acumulado. superior. 28. 80. 80,0. pós graduação. 7. 20. 100,0. Total. 35. 100,0. Em relação ao grau de escolaridade (tab. 3), todos os executivos possuem escolaridade superior, sendo que dos 35 sujeitos (80 %), possuem curso superior completo.

(41) e (20%) possuem pós graduação, o que indica que os cargos de gerência necessitam de formação acadêmica diferenciada. Sobre o grau de escolaridade, também Pockmann (2001) aponta para um perfil de desempregado com escolaridade acima de 8 anos, na média geral da população. A escolaridade parece ser um dado importante de ser discutido e sua relação com saúde/doença. Ferreira (2005) encontra em seu estudo sobre desempregados, que quanto maior o grau de instrução, menor também era o comprometimento da saúde do indivíduo. Aponta ainda essa mesma autora, que a variável grau de instrução, quando associada ao suporte social, apresentou correlação significativa, indicando que essas pessoas percebem melhor e, acrescentamos, procuram mais apoio e ajuda.. Tabela 4 – cargos ocupados pelos sujeitos da amostra estudada Cargos Ocupados gerente. Freqüência N. Percentual %. Percentual Acumulado. 33. 94,3. 94,3. diretor. 2. 5,7. 100,0. Total. 35. 100,0. Em relação ao cargo (tab. 4), dos 35 sujeitos, (94,3%) ocupam cargo gerencial e (5,7%) ocupam cargo diretivo isso se deve ao fato da consultoria onde esses sujeitos foram recrutados para a presente investigação trabalhar somente com recolocação de indivíduos que ocuparam cargos de posição executiva (de cargo gerencial). Lembramos então Ferreira (2004) que essas ocupações referem-se àquelas que gerem negócios, bens e serviços, e de posição hierárquica de liderança em uma organização. Estes dados gerais da amostra estudada, tais como faixa etária, sexo, grau de instrução e cargo mostram que de maneira conjunta temos uma amostra de pessoas de.

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