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Avaliação da neofobia alimentar em gêmeos

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Academic year: 2021

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA

LUZIA ELIONAIDE ALBUQUERQUE MARTINS

AVALIAÇÃO DA NEOFOBIA ALIMENTAR EM GÊMEOS

Natal 2019

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LUZIA ELIONAIDE ALBUQUERQUE MARTINS

AVALIAÇÃO DA NEOFOBIA ALIMENTAR EM GÊMEOS

Dissertação de mestrado apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de mestre em Psicobiologia.

Orientadora: Profa. Dra. Fívia de Araújo Lopes.

Natal 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Martins, Luzia Elionaide Albuquerque.

Avaliação da neofobia alimentar em gêmeos / Luzia Elionaide Albuquerque Martins. - 2019.

64 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa de Pós-Graduação em

Psicobiologia, Natal, RN, 2019.

Orientadora: Profa. Dra. Fívia de Araújo Lopes.

1. Aversão alimentar - Dissertação. 2. Composição corporal - Dissertação. 3. Similaridade genética - Dissertação. 4.

Herdabilidade - Dissertação. I. Lopes, Fívia de Araújo. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 159.922.7

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Título: AVALIAÇÃO DA NEOFOBIA ALIMENTAR EM GÊMEOS

Autora: Luzia Elionaide Albuquerque Martins Data da defesa: 26 de março de 2019 – 14h 00min

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________ Fívia de Araújo Lopes

Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________ Sancha Helena de Lima Vale

Membro externo ao PPg

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________ Alexandre Coelho Serquiz

Membro externo ao PPg

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Dedico este trabalho ao meu amado esposo Klebio e aqueles que são parte de mim, meus filhos,

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela força, coragem e determinação que me impulsionaram a concluir essa árdua missão. O seu amor incondicional é o que me sustêm.

Obrigada professora Dra. Fívia de Araújo Lopes por dispor de sua contribuição intelectual na construção desse trabalho, por seu apoio, carinho, compreensão e paciência a mim dedicados.

Sou grata pelos amigos que conquistei ao longo dessa jornada, dentre eles destaco Camila e Gabriela que sempre estiveram dispostas a ajudar no que fosse necessário, pelas conversas regadas de alegria que me trouxeram alento em momentos difíceis. A Rodrigo e Emanuelle pelo apoio e contribuições acadêmicas. Sem a ajuda de vocês teria sido muito difícil.

Agradeço aos meus pais Maria de Lourdes e Francisco (seu Didi), por todo amor e cuidado a mim dispensados. Agradeço as minhas irmãs Ana, Elizamar e Fatima por serem minha inspiração, e a meus irmãos João e Ednaldo.

Em especial, agradeço ao meu esposo Klebio por ser meu porto seguro, incentivador, companheiro, amigo, sempre torcendo por meu sucesso com alegria. Seu apoio foi e é fundamental.

Obrigada a todos os professores do programa, em particular a equipe do Laboratório de Evolução do Comportamento Humano (LECH), pela troca de conhecimentos durante as reuniões da base. Agradeço em especial ao professor Felipe Nalon Castro por sua inestimável contribuição com minha formação e a sua amada esposa Diana, uma mulher forte e amiga, que sempre me apoiou, me conduzindo desde a graduação até aqui, muito obrigada mesmo!

A todos os voluntários/participantes da pesquisa que, tão prontamente, se dispuseram a contribuir com esse trabalho, dedicando um tempinho do seu dia para ajudar a ciência, o meu muito obrigada.

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Agradeço ao Departamento de Educação Física na pessoa do professor Paulo Moreira Silva Dantas pela confiança e disponibilização das instalações onde foram realizadas as coletas e, em especial a Michelle Vasconcelos de Oliveira pelo apoio e colaboração.

Obrigada a CAPES pelo apoio financeiro concedido durante o curso, e ao Programa de Pós-graduação em Psicobiologia pelas oportunidades oferecidas durante o mestrado.

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RESUMO

O comportamento alimentar diz respeito às atitudes relacionadas com as práticas alimentares do indivíduo e pode atuar promovendo o hábito alimentar. Existem algumas reações comportamentais que podem aumentar ou restringir o consumo alimentar. A neofobia alimentar é caracterizada pela resistência individual em experimentar um alimento novo podendo interferir no equilíbrio nutricional, impactando na composição corporal. A relação entre fatores genéticos e ambientais fornecem pistas importantes para contabilizar as diferenças individuais, sobretudo com relação ao processo de escolha alimentar e o estudo com gêmeos possibilita a observação desses fatores. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi investigar o papel do grau de proximidade genética sobre a semelhança na resposta neofóbica e sua possível correlação com a composição corporal e zigosidade. Essa pesquisa é composta por dois estudos descritivos de corte transversal. No Estudo 1 participaram 138 indivíduos adultos, ambos os sexos, que foram submetidos a aplicação da Escala de Neofobia Alimentar (ENA) e aferição de medidas antropométricas e de composição corporal. No Estudo 2 a amostra foi composta por 138 pessoas adultas, ambos os sexos, divididos em 3 grupos: gêmeos monozigóticos (MZ), gêmeos dizigóticos (DZ) e irmãos não gêmeos (NG) com diferença de idade de até três anos, que responderam a Escala de Neofobia Alimentar (ENA). Os resultados do Estudo 1 mostraram que a neofobia alimentar não se correlaciona com as medidas para composição corporal analisadas em nosso estudo, a saber, IMC, massa magra e massa gorda. No Estudo 2 os resultados mostraram uma tendência para diferenciação entre os grupos, porém estatisticamente não significativos. Os resultados apontaram para um índice de herdabilidade de 29% para a neofobia alimentar classificada como moderada leve. Esses achados se tornam relevantes para a compreensão da resposta de neofobia alimentar e abre caminhos importantes quanto ao seu impacto não somente na composição corporal, mas também na composição da dieta e no que se refere aos hábitos alimentares das pessoas, pois pode se refletir em várias decisões diante dos alimentos.

Palavras chave: Aversão alimentar. Composição corporal. Similaridade genética. Herdabilidade.

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ABSTRACT

The feeding behavior refers to the attitudes related to the dietary practices of the individual and can act to promote the alimentary habit. There are some behavioral reactions that can increase or restrict food consumption. Food neophobia is characterized by the individual resistance to try a new food that can interfere in the nutritional balance, impacting the body composition. The relationship between genetic and environmental factors provides important clues to accounting for individual differences, especially in relation to the food choice process and the study with twins makes it possible to observe these factors. Thus, the objective of this study was to investigate the role of the degree of genetic proximity on the similarity in the neophobic response and its possible correlation with the body composition and zygosity. This research is composed of two cross-sectional descriptive studies. In Study 1, 138 adult subjects, both sexes, were submitted to the application of the Food Neophobia Scale (FNS) and anthropometric measurements and body composition measurements. In Study 2 the sample consisted of 138 adult individuals, both sexes, divided into 3 groups: monozygotic twins (MZ), dizygotic twins (DZ) and non-twin siblings (NT) with age difference of up to three years, who answered the Food Neophobia Scale (FNS). The results of Study 1 showed that dietary neophobia does not correlate with the measures for body composition analyzed in our study, BMI, lean mass and fat mass. In Study 2 the results showed a tendency for differentiation between groups, but not statistically significant. The results pointed to a heritability index of 29% for food neophobia classified as moderate mild. These findings become relevant for the understanding of the response of food neophobia and open important ways for its impact not only on body composition, but also on diet composition and on people's eating habits, as it can be reflected in several food decisions.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES ... 11

APRESENTAÇÃO ... 12

1 INTRODUÇÃO GERAL ... 13

1.1 COMPORTAMENTO ALIMENTAR ... 13

1.2 NEOFOBIA ALIMENTAR ... 14

1.3 COMPOSIÇÃO CORPORAL E NEOFOBIA ALIMENTAR ... 15

1.5 GENÉTICA COMPORTAMENTAL ... 17 2 OBJETIVOS... 20 2.1 OBJETIVO GERAL ... 20 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 20 3 HIPÓTESES E PREDIÇÕES... 21 4 MÉTODO GERAL ... 22 4.2 ESTUDO 1: ... 24

Neofobia alimentar e Composição corporal ... 24

4.2 ESTUDO 2: ... 36

A neofobia alimentar avaliada entre irmãos ... 36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 48

REFÊRENCIAS: ... 49

APÊNDICES: ... 53

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Estudo Empírico 1

Tabela 1. Distribuição dos participantes da pesquisa de acordo com as características

sociodemográficas ... 31

Tabela 2. Média, desvio padrão dos escores da ENA, do IMC, e da composição corporal em massa

gorda e massa magra dos participantes e o resultado para a correlação entre elas ... 32 Estudo Empírico 1

Tabela 1. Distribuição dos participantes da pesquisa, de acordo com as características

sociodemográficas por grupos ... 44

Tabela 2. Categorização dos participantes de acordo com o escore final da ENA conforme

distribuídos por grupos ... 45

Figura 1. Diferença dos escores da pontuação final da ENA dentro de cada um dos

grupos... 45

Figura 2. Diferença entre os escores da ENA para os grupos observados de acordo com o respectivo

grupo ... 46 Considerações finais

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APRESENTAÇÃO

A presente dissertação de mestrado está estruturada em seções, em concordância com as normas do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia (PPgPsicobiologia) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Apresentamos, incialmente, uma Introdução geral, que aborda os principais temas relacionados com o trabalho, seguida da seção de Objetivos, Hipóteses e predições e Método geral.

Apresentamos dois artigos empíricos. O primeiro, relaciona a neofobia alimentar à composição corporal. O segundo, investiga a expressão da neofobia alimentar de acordo com o parentesco.

Nas Considerações Finais apresentamos uma articulação entre os dois estudos.

Nas Referências estão listadas as referências utilizadas na Introdução geral.

Por fim, apresentaremos uma seção de Anexos e Apêndices com os instrumentos utilizados em nossa pesquisa bem como as autorizações para a realização da mesma.

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1 INTRODUÇÃO GERAL

1.1 COMPORTAMENTO ALIMENTAR

A alimentação é um dos fatores essenciais para o desenvolvimento e bom funcionamento orgânico dos seres vivos de diferentes espécies, sendo sua busca e aquisição elementos básicos para a sobrevivência (Lopes et al., 2018). O comer não se traduz apenas como uma necessidade biológica, mas sim como em um ato repleto de significados que são adicionados aos alimentos desde o preparo até o consumo. Muitas vezes, o ato de comer não acontece apenas de forma solitária, mas também como uma atividade social na qual há a interação com outras pessoas tanto na aquisição do alimento (obtenção, produção e preparo) quanto na própria comensalidade, compondo um intricado sistema envolvendo determinantes internos e externos aos indivíduos, podendo também ser influenciado por aspectos emocionais e culturais (Garcia et al., 2017; Santana et al., 2012).

Em termos nutricionais, a alimentação equilibrada tanto em variedade de itens como também em quantidade ingerida, tem importante papel na promoção da saúde do indivíduo contribuindo para uma melhor qualidade de vida e bem-estar, além de atuar na prevenção e no controle de agravos à saúde. A falta ou excesso de nutrientes, dependendo do tempo e do nível de alteração na quantidade, tende a acarretar agravos à saúde. Assim, entende-se como alimentação equilibrada aquela que supre as necessidades biológicas e energéticas em termos de macronutrientes como as proteínas, lipídios e carboidratos, e em micronutrientes como as vitaminas e minerais (Wijnkoop et al., 2013).

O comportamento alimentar diz respeito às atitudes relacionadas com as práticas alimentares, desde do ato de se alimentar até quanto ao alimento propriamente dito, considerando a associação de características socioculturais e aspectos subjetivos intrínsecos individualizados e comuns à coletividade (Carvalho et al., 2013). Já o hábito alimentar tem relação com a adoção de determinado tipo de práticas relacionadas a costumes estabelecidos de forma tradicional e que atravessam gerações, visando a obtenção dos alimentos, com uma socialização adquirida através do ambiente familiar e comunitário sendo atualizada por outras dimensões da vida social. Sendo assim, o comportamento alimentar pode atuar promovendo o hábito alimentar (Vaz & Bennemann, 2014).

O processo de aprendizado dos hábitos alimentares se inicia na infância e permanece por toda a vida, tendo a família e todo o contexto sociocultural um papel determinante no processo de formação desses hábitos. Esse processo, ao se repetir no cotidiano dos grupos sociais, permite contribuir para a formação das preferências alimentares, e estas podem também sofrer influências de exposições precoces e repetidas aos diferentes sabores, modulando o paladar e aumentando a variedade da dieta (Aparício et al., 2010; Silva & Telles, 2013).

Existem aspectos fundamentais na modulação da experiência individual em relação à aquisição e experimentação de um item alimentar, tais como as propriedades sensoriais intrínsecas do alimento, o estado fisiológico do indivíduo - fome ou saciedade - promovendo ou inibindo a busca pelo alimento, como também os fatores cognitivos e psicológicos (Fernandez et al., 2013;

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Rolls, 2012). O sistema sensorial gustativo exerce papel fundamental na alimentação. É através das informações transmitidas pelas células gustativas para o cérebro que são atribuídos sabores associados a diferentes grupos químicos presentes nos alimentos, o que ajuda a selecionar substâncias potencialmente benéficas para os indivíduos (Lent et al., 2013).

É possível, entre os humanos e outros mamíferos, a identificação de pelo menos cinco classes de sabores, que são eles: doce (açúcares), amargo (alcaloides e outras substâncias), umami (aminoácidos), salgado (sais) e azedo (ácidos). A percepção dos sabores pode atuar fornecendo pistas do teor nutricional dos alimentos, principalmente nos casos onde há pouco processamento dos mesmos, tendo sido de grande importância para a adequação da dieta dos nossos ancestrais. O sabor amargo pode ser sinalizador da existência de toxicidade no alimento enquanto que o sabor doce remete a presença de carboidratos e energia (Dongen et al., 2012; Lent et al., 2013; Weaver et al., 2014).

O modo como os recursos alimentares estão distribuídos no ambiente é um fator crítico para a ingestão adequada dos nutrientes essenciais à vida, fazendo com que o ato de se alimentar envolva uma série de decisões relacionadas a avaliação dos custos e benefícios na busca e obtenção dos mesmos (Yamamoto et al., 2011). Quanto à variação das fontes alimentares que irão compor a dieta dos diferentes animais, a espécie humana é classificada como onívora por apresentar uma alimentação composta por substâncias animais e vegetais (Storer et al., 2003; Smith & Smith, 2006). No entanto, diante da diversidade de itens alimentares apresentadas em um ambiente, a tarefa de decidir sobre o que comer parece ser nada fácil. Para lidar com as opções disponíveis, a espécie humana, apesar da considerável importância da variabilidade na disponibilidade de recursos alimentares, não apresenta uma tendência a consumir qualquer alimento não familiar encontrado. O desafio de decidir sobre o que comer foi denominada por Rozin (1996) como o ‘dilema do onívoro’ em que existe motivação no indivíduo tanto para aceitar alimentos desconhecidos como também para recusá-los. Existem reações comportamentais que podem restringir ou aumentar o uso de novos recursos alimentares por parte dos indivíduos. A neofilia alimentar é a tendência à exploração, necessidade de mudança, de novidade e de variedade enquanto a neofobia alimentar está relacionada à prudência, ao receio do desconhecido e à resistência à inovação, afetando a escolha alimentar (Fischler, 1990).

1.2 NEOFOBIA ALIMENTAR

A neofobia alimentar é caracterizada, portanto, pela resistência individual em experimentar, ou a evitação de novos alimentos (Birch & Fischer, 1998). Essa resposta atua como um mecanismo de defesa para os onívoros contra possíveis danos associados a alimentos ainda não reconhecidos como seguros, podendo, contudo, também o impedir de usufruir de todas as vantagens de uma dieta diversificada (Knaapila et al., 2011).

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No início da vida, as experiências sensoriais obtidas ainda no período intrauterino podem modular as preferências alimentares através dos alimentos consumidos pela mãe e transmitidos para o filho através do líquido amniótico e posteriormente pelo leite materno (Mennella, 2014). Existe uma ampla variação quanto a expressão da neofobia alimentar entre os indivíduos. Birch (1999) descreve uma relação curvilínea entre a idade e a neofobia alimentar: sendo mínima no período inicial após o nascimento - fase da amamentação e de provimento alimentar, aumentando por volta dos dois anos até atingir seu pico entre 2 e 4 anos, período em que a criança inicia a experimentação dos alimentos por conta própria, tendendo a diminuir com o crescimento, estabilizando no início da fase adulta onde existe uma maior familiaridade com os alimentos favorecendo sua aceitação, voltando a se elevar na pessoa idosa, provavelmente devido a menor habilidade de julgar alimentos estragados pela redução na capacidade sensorial (Meiselman et al., 2010; Moding & Stifter, 2016).

Diferentes mecanismos fisiológicos e psicológicos podem estar envolvidos na resposta neofóbica; entre eles podemos destacar as características sensoriais dos alimentos, tais como o sabor e o cheiro, bem como as pistas visuais que também são relevantes nesse processo pois, muitas vezes, o primeiro contato com o alimento novo se dá pela visão (Birch & Fischer, 1998). No estudo de Wadhera e Capaldi-Phillips (2014) sobre a importância das pistas visuais e aceitação de novos alimentos, foi observado que a coloração dos alimentos, formato e variedade da porção são atributos importantes na percepção e aceitação de alimentos. Lavin e Lawless (1998) observaram que a cor pode influenciar no julgamento de palatabilidade de determinados alimentos, como por exemplo, soluções com coloração vermelha são percebidas como mais doces do que aquelas verdes ou sem coloração.

Por outro lado, diversos fatores podem atuar com função facilitadora em humanos na aceitação de novos alimentos, tais como: a vida em grupo, a disponibilidade de alimentos não habituais e o consumo desses alimentos por seus parentes, familiaridade com um alimento e acesso à informação nutricional do alimento (Demattè et al., 2014; Ferreira et al., 2017; Knaapila et al., 2011; RoBbach et al., 2016; Tan & Holub, 2012).

1.3 COMPOSIÇÃO CORPORAL E NEOFOBIA ALIMENTAR

Composição corporal é um termo que se refere a distribuição e a quantidade dos componentes do peso total do indivíduo. Esses componentes consistem na concentração de nutrientes e de outras substâncias adquiridas do ambiente e retidas pelo corpo e que são normalmente expressas por porcentagem de gordura e de massa magra. Sua análise é utilizada para a quantificação desses componentes que são ossos, músculos e gordura. Diferenças na composição corporal acontecem naturalmente entre os diferentes sexos, sofrendo alterações ao longo da vida em decorrência de fatores diversos como a idade e o crescimento, status nutricional, nível de atividade física, entre outros (Heymsfield et al., 2005).

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A aplicação de métodos para determinação da composição corporal iniciou na década de quarenta, e foi se expandindo para uma variedade de métodos, sendo utilizada como indicador do estado de saúde, evolução de tratamentos e condições funcionais. Diminuir a quantidade de gordura e/ou aumentar a quantidade de massa muscular fazem parte das maiores inquietações de grande parte da população, no que se refere a aparência física. Esta inquietação deve ser considerada, não apenas no enfoque estético, mas também da qualidade de vida dos indivíduos, visto que o sobrepeso e obesidade estão relacionados a um grande número de doenças crônico degenerativas e desordens psicológicas (Navarro & Marchini, 2000).

Para estimar a composição corporal podem ser utilizadas técnicas tanto de laboratório quanto de campo que podem diferir em termos de complexidade, de custo e de exatidão (Thompson et al., 2010). Quanto aos procedimentos, eles podem ser divididos em determinação direta (ex. dissecação de cadáveres), determinação indireta, na qual as informações são obtidas através de variáveis de domínio físico e químico e pressupostos biológicos e, finalmente, por métodos para determinação duplamente indireto que são validados a partir de um método indireto tendo como mais utilizado a antropometria e bioimpedância. A antropometria é um método bastante utilizado devido a sua aplicabilidade tanto em laboratório como em campo, para fins clínicos e em estudos populacionais sendo de relativa simplicidade e baixo custo dos equipamentos. Uma das formas mais utilizadas da antropometria é a construção de índices que relacionam a massa corporal à estatura (IMC) (Lee et al., 2008; Navarro & Marchini, 2000; Nieman, 1999).

O IMC é, de acordo com Ministério da Saúde, um dos parâmetros indicadores do estado nutricional de indivíduos adultos. Seu resultado é obtido a partir do cálculo entre o valor total da massa corporal divido pelo quadrado da altura e devem ser analisados de acordo com a classificação definida pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 2006) que preconiza:

IMC Classificação

Abaixo de 18,5kg/m2 Abaixo do peso Entre 18,6kg/m2 e 24,9kg/m2 Peso normal Entre 25,0kg/m2 e 29,9kg/m2 Sobrepeso Entre 30,0kg/m2 e 34,9kg/m2 Obesidade grau I Entre 35,0kg/m2 e 39,9kg/m2 Obesidade grau II Acima de 40,0kg/m2 Obesidade grau III

Por sua vez, a Absorciometria por dupla energia de raios X – DXA é um dos métodos indiretos mais indicados e estudados. Originalmente a DXA foi desenvolvida para a medição da densidade mineral óssea, mas com o tempo, os softwares foram evoluindo e a DXA passou a ser recomendada como um recurso válido na determinação da composição corporal, uma vez que estima

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a gordura corporal e a massa livre de gordura diferenciando-a do tecido ósseo. Ela atua através da utilização de uma fonte de raio-X com um filtro que converte um feixe de raio-X em picos fotoelétricos de baixa e de alta energia que atravessam o corpo do indivíduo. Esta técnica tem o potencial para resultados muito precisos, seja qual for a idade, sexo, ou etnia do avaliado, sendo uma tecnologia reconhecida como método de referência nesse tipo de análise. O exame é realizado com o indivíduo deitado em decúbito dorsal, por meio de inúmeras varreduras transversais efetuadas desde a cabeça até o pé, obtendo-se assim, o rastreamento. Os resultados incluem dados de corpo inteiro e segmentos (tronco, braços, pernas, pelve e regiões andróide/ginóide). Por ser não-invasivo, é muito simples para o paciente, tem duração de 07-15 minutos e emite radiação extremamente baixa, ficando em torno de 2 a 5µSv por exame, comparada com a radiação solar diária a que estamos expostos, de 5 a 7µSv (Filho et al., 2016; Genton et al., 2002; Rech et al., 2007; Verduin et al., 2016).

Quando investigada a correlação entre a expressão do comportamento neofóbico e a composição corporal dos indivíduos, a maioria dos achados traz uma baixa correlação entre essas variáveis. A maior parte dos estudos que investigam essa associação é realizada com crianças em diferentes faixas etárias enquanto que com adultos é mínima a quantidade de estudos avaliando essa correlação. O que se pode observar é que, em um estudo proposto por Faith et al. (2013) com crianças de 4 a 7 anos de idade os resultados apresentaram uma correlação positiva entre a neofobia alimentar e o baixo aporte energético em relação as necessidades das crianças, porém não houve correlação significativa entre a neofobia e o IMC. Resultados semelhantes foram encontrados por Lumeng et al. (2008) e Perry et al. (2015) em estudos com crianças em que a correlação entre a neofobia e o IMC não foram significativas. Com relação a adultos, um estudo conduzido por Knaapila et al. (2010) com gêmeos adultos na faixa etária entre 20-25 anos apresentou coeficientes de correlação baixos.

1.5 GENÉTICA COMPORTAMENTAL

O estudo da relação entre fatores genéticos e ambientais na contabilização de diferenças individuais do comportamento é denominado como genética comportamental. Pesquisas envolvendo esses fatores demonstram a importante contribuição genética para as ciências comportamentais como também nos permite pensar sobre como o comportamento pode ser influenciado pelos genes quando genes e ambientes são fatores essenciais e interdependentes na expressão do comportamento (Plomim et al., 2013). Alguns conceitos se mostram importantes para compreensão dessa área de estudos.

Genes contêm segmentos únicos de DNA que fornecem, de maneira completa, instruções para fazer as muitas proteínas que são necessários para criar um indivíduo único, ou seja, são estruturas responsáveis pelas características herdadas. Meio ambiente pode ser definido, em termos

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ecológicos como sendo o mundo físico ou em termos genéticos como sendo todas as influências obtidas além dos fatores herdados que, em diferentes graus, podem afetar o comportamento como família e amigos, casa e local de trabalho e experiências únicas da vida cotidiana, sendo esses aspectos do mundo externo e social (Baker, 2004).

Os genes permitem que os organismos respondam e usem o que está ao seu redor em seus ambientes. Ao mesmo tempo, os ambientes influenciam as ações dos genes. A hereditariedade é a soma das qualidades e potencialidades geneticamente derivadas de seus ancestrais, ou a transmissão de tais qualidades (Baker, 2004). A herdabilidade é a proporção da variação fenotípica em uma população que é devido à variação genética. Alguns pesquisadores também usam a palavra ambientalidade para descrever a contrapartida da herdabilidade, isto é, a proporção de variação fenotípica em uma população que é devido à variação ambiental. Ou seja, uma mistura particular de efeitos genéticos e ambientais. Mais importante, a herdabilidade não implica em imutabilidade. Nenhum traço é cem por cento hereditário. Estimativas de herdabilidade substanciais são, normalmente entre trinta e cinquenta por cento, tornando essas estimativas longe dos cem por centos. Assim, tanto a genética quanto o ambiente contribuem substancialmente para as diferenças individuais nos traços comportamentais e psicológicos (Plomin et al., 2013).

Os gêmeos podem ser subdivididos em idênticos, também chamados monozigóticos ou univitelinos quando são originados por um único e os não idênticos também conhecidos como dizigóticos ou bivitelinos quando são originados da concepção de diferentes zigotos. Por terem origem biovular, os gêmeos dizigóticos podem ter o mesmo sexo ou mesmo serem discordantes quanto ao sexo (Beiguelman, 2008).

Estudos com gêmeos têm sido amplamente utilizados em diferentes áreas de pesquisa com a finalidade de observar fatores relacionados à variedade genotípica e ambiental bem como a possibilidade de controle dos fatores tanto genéticos, pois gêmeos monozigóticos (MZ) compartilham quase 100% do material genético enquanto que gêmeos dizigóticos (DZ) compartilham, em média cinquenta por cento. Em ambos os casos, no caso de terem sido criados juntos, os gêmeos compartilhariam, ainda, o mesmo ambiente familiar (Costa et al., 2016). A atribuição da zigosidade pode ser feita por intermédio da investigação da concordância entre os irmãos gêmeos para marcadores genéticos - Polimorfismos de DNA, ou por meio das impressões digito-palmares que permite, entre outras observações, a contagem do número total de linhas dermatoglíficas nos dez dedos (TRC – total ridge count) ou mesmo através de critérios subjetivos como questionários de autorrelatos com o intuito de avaliar o grau de semelhanças entre eles na infância por familiares e amigos (Beiguelman et al., 2008; Ooki et al., 2004).

A investigação da influência genética sobre a expressão do comportamento neofóbico apresenta resultados de estudos realizados com gêmeos cujos achados sugerem uma herdabilidade entre 72-78% para a neofobia alimentar no período que compreende a infância (Cooke et al., 2007;

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Faith et al., 2013). Estimativas similares foram relatadas em um estudo com gêmeos adultos finlandeses, que encontraram um percentual de herdabilidade de 69% na expressão desse comportamento (Knaapila et al., 2015).

Estudos envolvendo a investigação do grau de proximidade genética sobre a semelhança na resposta de neofobia alimentar em adultos, a correlação entre a neofobia com a composição corporal e zigosidade se tornam relevantes para obter uma melhor compreensão de como esses fatores se relacionam com vistas a facilitar a identificação de mecanismos que possam reverter a relutância em experimentar novos alimentos e promover uma ampliação na dieta dos indivíduos bem como analisar de modo geral como a neofobia pode influenciar na composição corporal.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Investigar o grau de proximidade genética na semelhança de resposta de neofobia alimentar.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Avaliar a expressão da neofobia alimentar por meio de dado explícito;

- Verificar a relação entre o nível de neofobia alimentar e a composição corporal dos participantes; - Relacionar a zigosidade com a resposta de neofobia alimentar.

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3 HIPÓTESES E PREDIÇÕES Hipótese principal

A expressão da neofobia alimentar varia de acordo com a proximidade genética.

ESTUDO EMPÍRICO 1 Hipótese

Existe relação entre o grau da neofobia alimentar e a composição corporal.

Predição 1: Indivíduos com maiores índices de massa magra apresentam menores índices de

neofobia alimentar.

Predição 2: Indivíduos com índices de gordura mais elevadas apresentam maiores índices de

neofobia alimentar.

ESTUDO EMPÍRICO 2 Hipótese

A expressão do comportamento neofóbico difere de acordo com a diferença genética.

Predição 1: A semelhança nos níveis de neofobia é maior em gêmeos monozigóticos que em

gêmeos dizigóticos que em irmãos não gêmeos, respectivamente.

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4 MÉTODO GERAL

A presente dissertação é composta por dois estudos coletados em um único momento, cuja a execução foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAAE: 79098817.2.0000.5537, Parecer nº 2.401.159 - ANEXO 1). O Estudo 1 se refere a investigação da neofobia alimentar e sua influência na composição corporal em adultos. O Estudo 2 objetivou analisar se a expressão do comportamento neofóbico difere entre irmãos gêmeos monozigóticos, dizigóticos e irmãos não gêmeos respectivamente. O tamanho da amostra foi identificado com auxílio de cálculo de poder estatístico G*Power 3.1.9.2 (Faul et al., 2007), assumindo α = 0,05, Poder = 0,80 e medida de efeito (f) = 0,25, resultando em um mínimo de 159 participantes. Os critérios de exclusão adotados foram: presença de comorbidades que pudessem comprometer os resultados que foram avaliados nesse estudo, como transtornos psíquicos, ou mesmo deficiência física ou cognitiva e analfabetismo. Apesar disso, a amostra total da dissertação foi composta por 138 participantes, sendo 35 pares de irmãos gêmeos monozigóticos, 08 pares de irmãos gêmeos dizigóticos e 26 pares de irmãos não gêmeos.

Segue uma descrição suscinta do delineamento e instrumentos relativos a cada estudo. O detalhamento foi feito nos manuscritos presentes na seção Estudos Empíricos.

4.1 ESTUDO 1: Neofobia alimentar e composição corporal

Delineamento e Participantes

Foi realizada uma pesquisa descritiva do tipo transversal com indivíduos adultos, de ambos os sexos. Os dados foram coletados no Laboratório de Biodinâmica do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte, durante os meses de janeiro de 2018 a janeiro de 2019.

Instrumentos e Procedimentos

Os participantes que concordaram em participar do estudo após esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos da pesquisa assinaram as duas vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 1). Todos os participantes responderam um questionário abordando aspectos relativos aos dados sociodemográficos, como idade, sexo, cor da pele, estado civil, escolaridade e classificação econômica (ABEP, 2016). Os participantes responderam questões relacionadas aos hábitos de vida, como tabagismo, etilismo e nível de atividade física. A versão brasileira da Escala de Neofobia Alimentar (ENA), proposta por Pliner e Robden (1992), traduzida para o português abordando atitudes relacionadas à aceitação e consumo de alimentos desconhecidos, composta por 10 frases afirmativas avaliadas em escala Likert de sete pontos, variando de “discordo fortemente” (1) a “concordo fortemente” (7). O escore de neofobia alimentar foi obtido a partir da soma das respostas, após reverter os escores das questões 1, 4, 6, 9 e 10 com

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pontuação final variando entre 10 e 70 pontos seguindo os critérios descritos pelos autores da escala original e categorizados conforme proposto por Olabi et al. (2009): ≤ 30 pontos = neofílicos; entre 31 e 49 pontos = neutros; e escores ≥ 50 pontos = neofóbicos. Em seguida foram coletados os dados antropométricos referente a estatura e massa corporal e classificados conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde e, finalmente, os participantes realizaram o exame de quantificação da composição corporal através da Absorciometria por dupla energia de raios X (DXA).

4.2 ESTUDO 2: A neofobia alimentar entre irmãos

Delineamento e Participantes

Estudo descritivo do tipo transversal realizado com indivíduos adultos, de ambos os sexos, subdivididos, de acordo com o escore final do Questionário de Zigosidade, em três grupos: irmãos gêmeos monozigóticos (MZ), irmãos gêmeos dizigóticos (DZ) e irmãos não gêmeos com diferença de idade de até três anos entre eles (NG), integrantes do banco de dados do Grupo de Pesquisa Atividade Física e Saúde (AFISA). Os dados foram coletados no Laboratório de Biodinâmica do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte, durante os meses de janeiro de 2018 a janeiro de 2019.

Procedimentos

Após esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos da pesquisa, os indivíduos que concordaram em participar assinaram as duas vias do TCLE e responderam individualmente um questionário contendo questões sobre os dados sociodemográficos como idade, sexo, estado civil, escolaridade e classificação econômica, segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil (ABEP, 2016) (APÊNDICE 2). Ainda, no questionário, foi avaliada a neofobia alimentar através da Escala de Neofobia Alimentar ENA e, para os irmãos gêmeos, foi avaliada a zigosidade de acordo com o Questionário de Zigosidade proposto por Ooki et al, (2004).

Instrumentos

Para avaliar a neofobia alimentar foi utilizada a versão brasileira da Escala de Neofobia Alimentar (ENA) (APÊNDICE 3), proposta por Pliner e Robden (1992). Por sua vez, a determinação da zigosidade foi realizada com base no método indireto, através da técnica de similaridade, especificamente no período da infância, identificada por questionário validado por Ooki et al, (2004) (APÊNDICE 4), para adultos, ambos gêmeos. O escore final é obtido a partir do somatório individual das questões e, do somatório do par, podendo variar de 6 até 20. Um score entre 6 e 13 indica monozigose enquanto que scores entre 14 e 20 indicam dizigose

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4.2 ESTUDO 1:

Neofobia alimentar e Composição corporal

Food Neophobia and Body Composition

Autores:

Luzia Elionaide Albuquerque Martins1,2 Felipe Nalon Castro2,3

Fívia de Araújo Lopes2,3

1Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicobiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). elionaimartins.nutri@hotmail.com

2Laboratório de Evolução do Comportamento Humano (UFRN). Programa de Pós-graduação em Psicobiologia (UFRN).

3Departamento de Fisiologia e Comportamento, Centro de Biociências, (UFRN).

Informações sobre o periódico que o manuscrito será submetido: - Periódico: Ciência & Saúde Coletiva (Online)

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RESUMO

A composição corporal é a correlação entre os distintos componentes corporais e a massa corporal total, normalmente expressa por porcentagem de gordura e de massa magra analisadas através de sua quantificação. A determinação da composição corporal fornece informações importantes relacionadas à saúde e doença levando à maior compreensão do crescimento, envelhecimento, desnutrição e obesidade. Existem comportamentos que podem afetar a qualidade da dieta e consequentemente a composição corporal dos indivíduos. A neofobia alimentar pode ser um desses comportamentos sendo definida como uma resistência individual em experimentar ou mesmo a evitação de alimentos não familiares. Sendo assim, o presente artigo objetivou verificar a relação entre o nível de neofobia alimentar e a composição corporal em adultos. Participaram da pesquisa 138 indivíduos adultos, sendo 87 do sexo feminino, com idade média 26,5±6,0 anos. Os dados foram coletados no Laboratório de Biodinâmica do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), durante os meses de janeiro de 2018 a janeiro de 2019. Foi feita a avaliação antropométrica para obtenção do Índice de Massa Corporal (IMC), a análise da composição corporal para quantificação da massa e massa gorda, além do preenchimento do questionário socioeconômico e a Escala de Neofobia Alimentar (ENA). Os dados foram analisados através de estatística não paramétrica em uma correlação de Spearman. De acordo com a classificação do IMC, a maioria dos participantes apontaram estar com peso ideal (54,7%). Quanto à correlação entre as variáveis analisadas no estudo, os resultados não mostraram valores estatisticamente significativos entre elas, o que pode sugerir que, a neofobia alimentar não tem relação com a composição corporal, embora a compreensão da resposta de neofobia alimentar ainda não se apresente de forma completa na literatura atual e sua compreensão pode abrir caminhos importantes quanto ao seu impacto na composição da dieta sendo necessários mais estudos que avaliem as consequências desse comportamento na fase adulta com o intuito de minimizar possíveis efeitos deletérios ao organismo humano.

Palavras-chave: Aversão alimentar. Antropometria. Método indireto. Massa magra. Massa gorda. Dxa.

INTRODUÇÃO

Incorporar novos itens alimentares a dieta é um importante fator na estratégia alimentar. Considerando as constantes mudanças que o ambiente natural sofre, a aptidão para inovação e aceitação contribuem para a diversidade de alimentos inseridos na rotina alimentar, favorecendo a sobrevivência do indivíduo, pois essa flexibilidade de comportamento facilita a interação com as mudanças ambientais (Visalberghi & Adessi, 2006). No entanto, consumir um alimento

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desconhecido pode acarretar riscos à saúde como o envenenamento. Para os humanos, decidir sobre o que comer não é tarefa fácil. Rozin (1996) descreveu como o dilema do onívoro a relação entre otimização da aquisição do alimento e a redução dos possíveis riscos a ele associados.

Existem reações comportamentais que podem restringir ou aumentar o uso de novos recursos alimentares por parte dos indivíduos. Essas reações para a resposta a alimentos novos podem ser classificadas como (1) neofilia alimentar que é a tendência à exploração, necessidade de mudança, de novidade e de variedade ou (2) neofobia alimentar que está relacionada à prudência, ao receio do desconhecido e à resistência à inovação, afetando a sua escolha alimentar. Para Birch e Fischer (1998) a neofobia alimentar corresponde a resistência individual em experimentar ou mesmo a evitação de alimentos não familiares, com base em pistas visuais e olfativas. A expressão desse comportamento entre os indivíduos tem função evolutiva importante relacionada ao efeito protetivo, agindo como um mecanismo de defesa na evitação de possíveis danos associados com a ingestão de alimentos venenosos, no entanto o mesmo pode impedir o indivíduo de usufruir de todas as vantagens de uma dieta diversificada (Knaapila et al., 2011).

Outro fator importante relacionado a qualidade da dieta e a neofobia seria o desenvolvimento de preferências alimentares ainda na infância. Diversos estudos trazem a expressão desse comportamento relacionado ao baixo consumo de frutas, vegetais e carnes reduzindo a variedade dietética podendo levar a deficiências a nível nutricional (Birch, 1999; Cook et al., 2006; Cook et al., 2007; Russel & Worsley, 2008; Viana et al., 2008).

A predisposição para o surgimento da neofobia alimentar aparece no período da transição do aleitamento materno para os alimentos sólidos. Para Birch, 1999 a resposta neofóbica sofre variações durante o desenvolvimento, iniciando por volta dos dois anos até os quatros (período onde se dá o pico), tendendo a diminuir com o crescimento, se estabilizando na fase adulta. Outros autores sugerem um aumento com o avanço da idade (fase sênior) (Meiselman et al., 2010; Moding & Stifter, 2016).

A expressão desse comportamento pode ser influenciada por mecanismos fisiológicos e psicológicos. As características sensoriais como a textura, consistência, sabor e cheiro podem agir como facilitadores na aceitação do alimento novo. As pistas obtidas pela visão também podem ser relevantes nesse processo pois, normalmente, o primeiro contato com o alimento novo acontece através da visão. Wadhera e Capaldi-Phillips (2014) propuseram um estudo sobre a importância das pistas visuais na aceitação de novos alimentos e concluíram que a coloração dos alimentos, o formato apresentado e a variedade são atributos importantes para a percepção e aceitação de alimentos não familiares.

Os fatores ambientais exercem importante papel na modulação desse comportamento, tais como: contato com diferentes sabores a partir do útero, as informações sobre as características nutricionais dos alimentos contidas em rótulos por exemplo, a influência dos pais ou cuidadores

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como uma espécie de “modelagem” no comportamento favorável a experimentação de novos alimentos, a exposição precoce a diferentes sabores, a facilitação social atuando na motivação frente ao novo alimento e a experiência individual. Esses fatores podem agir como facilitador no processo de aprendizado alimentar (Demattè et al., 2014; Ferreira et al., 2017; Knaapila et al., 2011; RoBbach et al., 2016; Tan & Holub, 2012). Em 1992, Plinner e Hobden elaboraram um questionário intitulado "Food Neophobia Scale" (FNS) com o intuito de quantificar, de forma sistemática, a neofobia alimentar em humanos.

A neofobia alimentar, de acordo com Brown et al., (2016) se mostra como uma provável barreira para a variedade alimentar, restringindo o consumo de alimentos como frutas e verduras e, por outro lado, a monotonia alimentar pode trazer hábitos alimentares pouco saudáveis com o consumo de alimentos obesogênicos ricos em açúcares e gorduras, o que pode resultar em baixo peso ou sobrepeso, respectivamente.

Por sua vez, a composição corporal é a correlação entre os distintos componentes corporais e a massa corporal total, normalmente expressa por porcentagem de gordura e de massa magra analisadas através de sua quantificação. A determinação da composição corporal fornece informações importantes relacionadas à saúde e doença levando à maior compreensão do crescimento, envelhecimento, desnutrição e obesidade, sendo relevante na evolução de tratamentos e condições funcionais bem como sendo uma importante ferramenta tanto para diagnósticos como para intervenções de saúde, para clínicos, pacientes, pesquisadores e o público em geral (Lee et al., 2008).

Podem ser utilizadas técnicas tanto de laboratório quanto de campo para estimar a composição corporal e, as mesmas, podem diferir em termos de complexidade, de custo e de exatidão (Thompson et al., 2010). Os procedimentos utilizados na determinação podem ser divididos em: (1) direto – dissecação de cadáveres, (2) indireto, cujas as informações são obtidas através de variáveis de domínio físico e químico - Absorciometria por dupla energia de raios X – DXA e a Excreção de Creatinina urinária e, (3) duplamente indireto que são validados a partir de um método indireto - antropometria e bioimpedância. A antropometria é um método bastante utilizado por ser de fácil aplicabilidade e baixo custo dos equipamentos sendo comumente utilizada com base na construção de índices que relacionam a massa corporal à estatura (IMC) (Lee et al., 2008; Navarro & Marchini, 2000).

A DXA é um método que faz análise de três compartimentos corporais: massa óssea, massa magra (livre de gordura) e massa gorda. Por possuir grande eficácia, boa precisão e reprodutibilidade, vem sendo uma técnica reconhecida como de referência nesse tipo de análise. É um exame não-invasivo, realizado com o indivíduo deitado e posicionado de acordo com as dimensões da máquina, indolor, sendo muito simples para o paciente, com duração de 07-15min.

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Emite radiação extremamente baixa, ficando em torno de 2 a 5µSv por exame (Genton et al., 2002; Shepherd et al., 2017).

Estudos que avaliam a relação entre a neofobia alimentar e a composição corporal entre indivíduos de diferentes faixas etárias mostram, na maioria dos achados, uma baixa associação entre essas variáveis. Ressaltando que a maior parte dos estudos investigam essa correlação é com crianças, enquanto que com adultos é mínima essa quantidade. O estudo proposto por Faith et al., (2013) com crianças de 4 a 7 anos de idade, apresentou resultados negativos para a associação entre a neofobia alimentar e o IMC, porém o mesmo estudo mostrou uma associação positiva entre a neofobia alimentar e o baixo aporte energético em relação as necessidades das crianças. Resultados semelhantes foram encontrados por Perry et al., (2015) e Lumeng et al., (2008) em estudos com crianças em que a associação entre a neofobia e o IMC não foram significativas. Em adultos, um estudo conduzido por Knaapila et al., (2010) com gêmeos, na faixa etária entre 20-25 anos apresentou coeficientes de correlação baixos para essa associação. O que indica a importância em realizar estudos envolvendo adultos a fim de compreender melhor como a neofobia alimentar pode interferir na composição corporal ao longo da vida.

Dessa forma, o presente artigo objetivou verificar a relação entre o nível de neofobia alimentar e a composição corporal em adultos. A hipótese principal deste estudo é que existe relação entre o nível de neofobia alimentar e a composição corporal. A perspectiva é que indivíduos com maiores índices de massa magra apresentam menores níveis de neofobia alimentar e indivíduos com índices de gordura mais elevadas apresentam maiores níveis de neofobia alimentar.

MÉTODO

Aspectos éticos

O protocolo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAAE: 79098817.2.0000.5537, Parecer nº 2.401.159). Os indivíduos foram selecionados a partir de um banco de dados do Grupo de Pesquisa Atividade Física e Saúde (AFISA) da UFRN e através das Redes Sociais. Após serem esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos do estudo, aqueles que concordaram em participar assinaram as duas vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Delineamento e Participantes

A pesquisa é descritiva do tipo transversal com indivíduos adultos, de ambos os sexos, com idade variando entre 18 e 40 anos. Os dados foram coletados no Laboratório de Biodinâmica do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, durante os meses de janeiro de 2018 a janeiro de 2019. Os critérios de

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exclusão adotados foram: presença de comorbidades que pudessem comprometer os resultados que foram avaliados nesse estudo, transtornos psíquicos, deficiência física ou cognitiva e analfabetismo.

Instrumentos e procedimentos

Após informar dados sociodemográficos como idade, sexo, estado civil, escolaridade e classificação econômica, segundo o Critério de Classificação Econômica Brasil (ABEP, 2016), os participantes responderam uma versão brasileira da Escala de Neofobia Alimentar (ENA), proposta por Pliner e Robden (1992). Essa escala aborda atitudes relacionadas a aceitação e consumo de alimentos desconhecidos e é composta por 10 afirmações avaliadas em escala Likert de sete pontos, variando de “discordo fortemente” (1) a “concordo fortemente” (7). O cálculo para determinação do

escore de neofobia alimentar foi realizado conforme descrito pelos autores da escala original sendo

obtido a partir da soma das respostas, após reverter os escores das questões 1, 4, 6, 9 e 10 com pontuação final variando entre 10 e 70 pontos. O escore da neofobia alimentar foi categorizado segundo a recomendação de Olabi et al. (2009), utilizando a média e o desvio padrão do escore de neofobia alimentar da amostra estudada, categorizando da seguinte forma: ≤ 30 pontos = neofílicos; entre 31 e 49 pontos = neutros; e escores ≥ 50 pontos = neofóbicos.

Em seguida, os pesquisadores realizaram a avaliação antropométrica dos participantes, com base no Índice de Massa Corporal (IMC, em kg/m2), obtido a partir da razão entre o peso, aferido em balança digital (Micheletti®, com capacidade para 500 Kg, modelo MIC 500 ), e o quadrado da estatura, aferida com o auxílio de régua antropométrica (Welmy®, com capacidade para 1,90m, modelo W-110H). Para classificar o estado nutricional dos participantes, segundo o IMC, foram utilizados os critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 2006) que preconiza: até de 18,50kg/m2 indica abaixo do peso, maior ou igual a 18,6kg/m2 é classificado como peso normal, igual ou maior que 25,0kg/m2 como sobrepeso, igual ou maior que 30,0kg/m2 indica obesidade grau I, maior ou igual a 35,0kg/m2 é classificado com obesidade grau II e acima 40,0kg/m2 como obesidade grau III.

Finalmente, na composição corporal foi avaliada a quantificação do peso da massa magra e da massa gorda. Considerando que o peso gordo se refere ao peso total da gordura corporal, e o peso magro compreende os demais tecidos isentos de gordura. Foi utilizando o método de quantificação dos componentes corporais através da Absorciometria por dupla energia de raios X – DXA (Lunar Prodigy Advance da General Electric Company®).

Análise dos dados

Inicialmente os dados foram organizados a partir de estatística descritiva para fins de caracterização da amostra, de acordo com os dados sociodemográficos e auxílio do Programa SPSS 25. Em seguida os pressupostos de normalidade da distribuição das amostras e da homogeneidade

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das variâncias para as médias dos indivíduos comparados foram avaliados através do método de Kolmogorov-Smirnov e Levene, respectivamente, não tendo sido observada uma distribuição normal para os dados. Assim, para observar a associação entre pontuação da ENA, IMC, massa gorda (g), massa magra (g) foi utilizado o Teste de Correlação de Spearman. O nível de significância adotado nas análises foi de 5%.

RESULTADOS

Caracterização da amostra

A amostra foi composta por 138 participantes, com idade média de 26,5 ± 6,0 anos. Quanto ao IMC, a maior parte dos indivíduos foram classificados com peso normal (54,7%). As características sociodemográficas dos participantes da pesquisa estão apresentadas na Tabela 1. De forma geral, obtivemos uma amostra com maioria dos participantes sendo do sexo feminino, solteiros, autodeclarados brancos, na faixa etária entre 25 e 30 anos e com classificação econômica pertencentes à classe B2 também considerada classe média.

Tabela 1

Distribuição dos participantes da pesquisa, de acordo com as características sociodemográficas.

Variáveis N % MédiaDP Sexo Feminino 87 63,0 Masculino 51 37,0 Idade 26,516 Cor da pele Parda Amarela 57 01 41,3 0,7 Branca 68 49,3 Preta 12 8,7 Estado civil Solteiro 111 80,4 Casado 20 14,5 Outros 07 5,1 Escolaridade Fundamental I completo 02 1,4 Fundamental II completo 03 2,2

Ensino médio completo 51 37,0

Superior completo 82 59,4 Poder econômico Classe A 37 26,8 Classe B1 29 21,0 Classe B2 43 31,2 Classe C1 22 15,9 Classe C2 06 4,3 Classe D/E 01 0,7

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Para classificar a amostra com base na pontuação final da escala de neofobia, foi realizada uma análise descritiva e os participantes foram categorizados de acordo como proposto por Olabi et al. (2009). Os resultados apontam para uma amostra de maioria pertencente a categoria neutra (55,07%), seguindo com 34,78% de neofílicos e 10,15% como neofóbicos.

Neofobia alimentar, antropometria e composição corporal

A pontuação média da ENA de todos os participantes foi de 34,41 ± 12,00 (neutros). Na Tabela 2 são indicados a média, o desvio padrão e correlação entre a pontuação obtida através da ENA e a composição corporal dos indivíduos obtidos com base na massa gorda e massa magra (gerados pelo DXA) e o IMC. Não foram observadas correlações significativas entre a ENA, IMC, massa gorda e massa magra (p > 0,05).

Tabela 2

Média, Desvio Padrão dos escores da ENA, do IMC e da composição corporal em massa gorda e massa magra dos participantes e o resultado para a correlação entre elas.

Média DP rs P Participantes (n = 138) 1. ENA 34,41 12 2. IMC 26,52 20,86 3. Massa Gorda (g) 22.975,42 10.746 4. Massa magra (g) 43.501,42 10.869 Correlações ENA x IMC -0,094 0,271

ENA x Massa gorda (g) -0,076 0,374

ENA x Massa magra (g) -0,110 0,199

DISCUSSÃO

Nossa proposta, com esse estudo, foi investigar possíveis relações entre a neofobia alimentar e a composição corporal, uma vez que os resultados descritos na literatura são bastante inconclusivos. Os resultados mostraram que a resposta de neofobia alimentar não se correlaciona com as medidas para composição corporal analisadas em nosso estudo, a saber, IMC, massa magra (g) e massa gorda (g). Resultados semelhantes foram encontrados por Proserpio et al., (2016) que não observaram relação entre o IMC e o nível de neofobia alimentar em adultos. Porém, foi verificado por esses mesmos autores que indivíduos obesos apresentaram maiores níveis de neofobia alimentar, quando comparados aos participantes eutróficos. Outro estudo, conduzido por Knaapila et al., (2011) em adultos também não encontraram correlação entre a neofobia e o IMC, no entanto,

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nesse mesmo estudo, a qualidade da dieta foi avaliada em pessoas neofóbicas, tendo sido constatada uma redução da variedade alimentar com baixo consumo de frutas, vegetais e peixes, o que sugere um possível déficit nutricional, devido à monotonia da dieta, podendo comprometer a ingestão adequada de nutrientes como vitaminas e minerais. A partir desses resultados, poderíamos deduzir um provável desequilíbrio da composição corporal com índices de massa corpórea abaixo do esperado.

Resultados diferentes aos do presente estudo foram encontrados em estudo conduzido por Knaapila et al., (2015) que, ao analisar a associação da neofobia alimentar com o IMC em indivíduos adultos, observaram um aumento no IMC das pessoas mais neofóbicas quando comparados aos neofílicos. Com relação a qualidade da dieta e sua possível associação com a neofobia, Capiola e Raudenbush (2012) mostraram o baixo consumo de nutrientes importantes como proteínas, gorduras monoinsaturadas, selênio, magnésio e cálcio por indivíduos neofóbicos, corroborando com os achados no estudo de Knaapila et al., (2015), que mostra correlação positiva entre a neofobia e baixa qualidade da dieta com baixo consumo de vegetais, sugerindo que a neofobia dificultaria a adaptação dos indivíduos às recomendações dietéticas e poderia predispor o excesso de peso.

No que se refere à composição corporal e sua relação com a neofobia alimentar, os estudos encontrados apresentam seus resultados para a composição de gordura corporal apenas com base na porcentagens obtidas através de equações baseadas na aferição das dobras cutâneas, diferente do critério analisado em nosso estudo que foi a partir do seu peso em gramas, por se tratar de uma medida obtida através dos relatórios da DXA que se assemelha ao da massa magra que também é expressa em gramas e não em porcentagens.

Outro ponto observado nessa temática envolvendo a neofobia seria o grande interesse dos pesquisadores em estudar a neofobia alimentar em crianças (Cook et al., 2007; Faith et al., 2013; Perry et al., 2015), o que possivelmente ocorreria devido a boa parte dos hábitos alimentares se originarem nessa fase da vida. No entanto, se faz necessário avaliar as consequências desse comportamento na fase adulta com o intuito de minimizar possíveis efeitos deletérios ao organismo humano.

Diante da inexistência de associação significativa entre as variáveis analisadas no presente estudo, mais pesquisas envolvendo a investigação da provável relação entre a neofobia alimentar e a composição corporal se tornam necessárias, visto ter a neofobia, grande valor evolutivo protegendo os indivíduos de possíveis intoxicações enquanto que a mesma, pode restringir a dieta e dificultar a ingestão adequada de nutrientes.

Nosso trabalho se propõe a iniciar tal discussão. A despeito de termos trabalhado com uma amostra pequena em relação à população em geral, acreditamos que a neofobia alimentar deve ser considerada no aconselhamento nutricional como uma possível barreira para uma dieta variada e

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equilibrada, uma vez que, para além do impacto na composição corporal, precisamos cercar melhor todas as variáveis que possam afetar uma ingestão adequada de importantes nutrientes, essenciais para o bom funcionamento do nosso organismo.

Na realidade, tal compreensão pode abrir caminhos importantes quanto ao seu impacto não somente na composição da dieta, mas também no que se refere aos hábitos alimentares das pessoas, pois pode se refletir em várias decisões diante dos alimentos.

COLABORADORES

L. E. A. Martins foi a idealizadora do projeto de pesquisa juntamente com F.A. Lopes, coordenando-a, participando da coleta, análise e discussão dos resultados, bem como da redação do manuscrito. F. N. Castro colaborou com a análise estatística dos dados, interpretação e discussão dos resultados.

REFERÊNCIAS

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(36)

4.2 ESTUDO 2:

A neofobia alimentar avaliada entre irmãos

Food neophobia evaluated among siblings

Autores:

Luzia Elionaide Albuquerque Martins1,2 Felipe Nalon Castro2,3

Fívia de Araújo Lopes2,3

1Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicobiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). elionaimartins.nutri@hotmail.com

2Laboratório de Evolução do Comportamento Humano (UFRN). Programa de Pós-graduação em Psicobiologia (UFRN).

3Departamento de Fisiologia e Comportamento, Centro de Biociências, (UFRN).

Informações sobre o periódico que o manuscrito será submetido: - Periódico: Twin Research and Human Genetics

- Classificação: B1 - Fator de Impacto: 1,669

Referências

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