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Inflação, exportação e crescimento econômico : as experiências do México e Brasil durante o regime de câmbio flutuante

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PIMES/PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA. INFLAÇÃO, EXPORTAÇÃO E CRESCIMENTO ECONÔMICO: AS EXPERIÊNCIAS DO MÉXICO E BRASIL DURANTE O REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE. RICARDO DE OLIVEIRA SOARES. ORIENTADORA: PROFA. DRA. TATIANE ALMEIDA DE MENEZES. Recife 2008.

(2) RICARDO DE OLIVEIRA SOARES. INFLAÇÃO, EXPORTAÇÃO E CRESCIMENTO ECONÔMICO: AS EXPERIÊNCIAS DO MÉXICO E BRASIL DURANTE O REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE. Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do grau de Mestre em Economia com concentração na área de Comércio Exterior. Orientadora: Profa. Dra. Tatiane Almeida de Menezes. Recife 2008.

(3) Soares, Ricardo de Oliveira Inflação, exportação e crescimento econômico : as experiências do México e Brasil durante o regime de câmbio flutuante / Ricardo de Oliveira Soares. – Recife : O Autor, 2008. 63 folhas : fig. e tabela. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Economia, 2008. Inclui bibliografia. 1. Cãmbio. 2. Capital (Economia) - Exportação. 3. Taxa cambial. 4. Brasil. 5. México. I. Título. 339.5 339. CDU (1997) CDD (22.ed.). UFPE CSA2009 - 014.

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(5) AGRADECIMENTOS. A Deus, por ter me concedido, através de sua bondade infinita, o potencial de concretizar mais uma conquista em minha vida e por colocar em meu caminho pessoas que me auxiliaram e apoiaram nesta jornada. À Profª Tatiane Menezes, meu agradecimento especial, por suas observações, empenho e dedicação com que me orientou, tornando possível a realização desta dissertação. Ao Prof. Écio Costa, pelo carinho com que me recebeu, sempre me incentivando a vencer as etapas, e, também, pelas suas observações acertadas, minha gratidão e admiração. Ao Prof. Álvaro Hidalgo pela confiança, leitura e encaminhamento, meus agradecimentos. À Secretária Patrícia Alves, que acreditou em mim e me encorajou, agradeço as palavras de apoio que sempre recebi. A todos professores do Departamento de Economia da UFPE, e às demais pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram na elaboração deste trabalho, meus agradecimentos..

(6) .. “Ao mesmo tempo que o capital tende, por um lado, necessariamente, e a destruir todas as barreiras espaciais opostas ao tráfego, isto é ao intercâmbio, e a conquistar a terra inteira como um mercado, ele tende, por outro lado, a anular o espaço por meio de tempo, isto é, reduzir a um mínimo de tempo tornado pelo movimento de um lugar a outro.” Karl Marx.

(7) RESUMO Dentro do contexto dos países desenvolvidos, existem muitos trabalhos que analisam o desempenho econômico sob taxas de câmbio flutuante porém, no âmbito dos países em desenvolvimento, existem poucos estudos sobre esse assunto. A finalidade deste trabalho é discutir os programas de estabilização e o regime de câmbio flutuante adotados no México e Brasil. Embora cada experiência apresente as suas peculiaridades, argumenta-se que as economias desses países têm apresentado algumas características importantes, combinando sucesso no combate à inflação com acentuada e persistente apreciação cambial, superávits no balanço de pagamentos e dependência de fluxos voláteis de capital internacional. Durante muitas décadas, o regime escolhido pelos países analisados foi o de âncora cambial deslizante. Mesmo assim, esse sistema parece não ser o mais adequado para os países analisados. Conclui-se que o regime de câmbio flexível parece representar a melhor alternativa, dada abertura da conta capital dos países em ênfase neste trabalho. Palavras chaves: Regime de câmbio fixo e flexível; taxa de câmbio flexível; Brasil; México; inflação; balanço de pagamentos; crescimento econômico..

(8) ABSTRACT. Within the context of developed countries, there are many works which analyze the economical performance under variable change rate, although there are only a few studies about this subject among the developing countries. The purpose of this work is to discuss the establishing programs and the variable change regime adopted in Mexico and Brazil. Although each experience shows its peculiarities, it is said that the economies of these countries has demonstrated some important characteristics, combining success fighting against inflation with high and persistent change appreciation, payment balance excesses and dependence of international money variable fluxes. Along many decades, the regime chosen by the analyzed countries was the flexible change anchor although this system doesn’t seem to be the most appropriate to the analyzed countries. It comes to a conclusion that the flexible change regime seems to represent the best alternative because of the openness of money accounting of the analyzed countries. Key words: flexible and fixed change regime; flexible change rate; Brazil; Mexico; inflation; payment balance ; economical growth..

(9) LISTA DE FIGURAS FIGURAS: 2.1. Impacto de uma retração da demanda mundial na presença de câmbio flutuante e perfeita mobilidade de capital 2.2 Impacto de uma retração da demanda mundial na presença de câmbio flutuante e perfeita mobilidade de capital 3.1 Evolução da taxa de câmbio (peso/dólar americano) 3.1.2 Balança Comercial do México (1980-2006) 3.1.3 Balanço de Pagamentos do México (1992-2006) 3..2.1 Investimento estrangeiro direto no México (1980-2005) 3.3.1 Variação do índice de preços do consumidor e taxa de juros média mensal do México 3.4.1 Evolução do crescimento PIB do México 4.1 Evolução da taxa de câmbio do Brasil (reais/dólar americano) 4.1.2 Balança comercial do Brasil (1990-2006) 4.1.3 Balanço de pagamentos do Brasil (1990-2006) 4..2.1 Investimento estrangeiro direto no Brasil (1980-2005) 4.3.1 Variações do índice de preços ao consumidor (taxas médias anuais e taxas de juros a.m) 4.4.1 Evolução do crescimento do PIB do Brasil. 30 31 36 38 40 41 43 44 48 50 51 53 54 55.

(10) LISTA DE TABELAS. Tabela 3.1.1 Balanço de Pagamentos do México. 37. Tabela 3.4.1 Variações do PIB do México, da America Latina e do Mundo. 45. Tabela 4.4.1 Balanço de Pagamentos do Brasil. 49. Tabela 4.4.1 Variações do PIB do Brasil, da America Latina e do Mundo. 56. Tabela 5.1. 59. Desempenho Econômico durante Regime de Câmbio Flutuante.

(11) SUMÁRIO INTRODUÇÃO. 10. CAPITULO 1: ACORDOS INTERNACIONAIS, FMI E BANCO MUNDIAL: REFORMAS E CRISES NA AMÉRICA LATINA. 15. 1.1. Bretton Woods: Acordo Internacional para taxas fixas. 16. 1.2. FMI e Banco Mundial: Reorganização do Sistema Financeiro Internacional. 18. 1.3. O Modelo Cambial de Bretton Woods. 19. 1.4 Reformas e Crises Cambias do México e Brasil. 22. CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 27. O Modelo Mundell-Fleming: Regime Cambial Flexível. 28. CAPÍTULO 3: A ECONOMIA MEXICANA SOB O REGIME DE CÂMBIO FLEXÍVEL. 35. 3.1. Análise do Balanço de Pagamentos do México. 37. 3.2. Níveis de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no México. 40. 3.3. Inflação no México. 41. 3.4. Crescimento do México. 44. CAPÍTULO 4. O BRASIL E A EXPERIÊNCIA DE TAXAS DE CÂMBIO FLUTUANTES. 47. 4.1. Análise do Balanço de Pagamentos do Brasil. 49. 4.2. Níveis de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil. 52. 4.3. Inflação no Brasil. 53. 4.4. Crescimento do Brasil. 55. 5. CONCLUSÃO. 59. REFERÊNCIAS. 61.

(12) 10. INTRODUÇÃO. O ano de 1982 ficará para sempre na memória do mercado financeiro e dos credores internacionais, como um período negro, pois foi o ano em que os países emergentes “quebraram”, e deram início aos atrasos de pagamento junto aos credores externos. O colapso financeiro de 1982 foi visto por muitos como sinais claros de esgotamento do modelo de substituição de importações e foi um dos principais fatores que impulsionaram as reformas nos anos 80 e 90. Nesse mesmo período, os economistas das Américas já olhavam para os países da Ásia, que abriram as suas economias para o mercado internacional na década de 70, como por exemplo, a Coréia do Sul, e que apresentavam um crescimento econômico expressivo e constante (NOLTE, 1997). O aumento dos preços do petróleo superior a 300% foi reflexo do conflito árabeisraelense de 1973 e ditou mudanças profundas no panorama econômico e financeiro mundial. Os países emergentes, ou, como se chamavam à época, países subdesenvolvidos, não eram auto-suficientes em petróleo, na maioria dos casos, tiveram crescentes problemas para o ajuste de sua balança comercial e, consequentemente, do seu balanço de pagamentos. Dessa forma, para os produtores e, principalmente, exportadores de petróleo, seguiu-se um tempo de abundância que resultou em fluxos exorbitantes de recursos principalmente para os membros da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Esses recursos, também conhecidos como petrodólares, ficaram concentrados em um grupo restrito de países, e não, necessariamente, foram revertidos em benefícios para as suas populações. Também visto que os países afetados por essa crise passaram a adotar medidas defensivas, principalmente, com vistas ao equilíbrio da balança comercial e da inflação interna provocada pelo aumento do preço do petróleo, que contribuiu, sobretudo, para o aumento dos custos de transporte, energia e produtos que têm o óleo negro como insumo..

(13) 11. Para reduzir déficits comerciais, os países procuraram reduzir, basicamente, suas importações de produtos em geral – uma vez que o consumo de petróleo era quase inelástico – e, ao mesmo tempo, trataram de estimular suas exportações. Isso, evidentemente, afetava os preços dos produtos, inclusive os das commodities exportados pelo Brasil, como café e soja, depauperando as relações de troca. Sendo assim, o peso dos preços do petróleo, dado a sua essencialidade na economia, provocava pressões inflacionárias. Para amenizar esses efeitos inflacionários, muitos países, inclusive os Estados Unidos, valeram-se das receitas do aumento da taxa de juros, levando suas economias a processos de recessão. A elevação do nível de preços também teve impactos diretos sobre a balança comercial, uma vez que provocou uma valorização da taxa real de câmbio, desestimulando a demanda de produtos nacionais e um aumento das importações. Em 1979, ocorreu o segundo choque do petróleo, um novo aumento dos preços do óleo. No mesmo ano o Brasil promovera uma maxidesvalorização de sua moeda, da ordem de 30%, com vista a auxiliar a exportação brasileira. O ano de 1982 foi o divisor de águas, especialmente no que se refere às crises na economia brasileira (GAROFALO, p.112, 2002). Uma sucessão de fatores negativos: os conflitos do Oriente Médio, a moratória polonesa, as dificuldades financeiras de grandes conglomeradas privados do primeiro mundo, a guerra argentino-britânica pelas ilhas Falkland, que nossos vizinhos tentaram tornar Malvinas, resultaram numa reunião para a criação de um fundo de emergência, o Fundo Monetário Internacional (FMI), em setembro de 1982, com, pelo menos, US$ 25 bilhões. Desde 1979, diversos países vinham pedindo “socorro” ao FMI e dessa reunião de setembro, esperava-se que viria uma “estabilização” da situação global. O México não agüentou esperar e, em agosto de 1982, viu-se obrigado a suspender os pagamentos internacionais. O Brasil passou por sérias crises para chegar vivo até à reunião do FMI, mas o FMI não atendeu às expectativas dessas nações..

(14) 12. Em 1993, o fluxo da entrada de capital estrangeiro retomou o crescimento na América Latina. Todavia, em 1994, quando o México sofreu um ataque especulativo e abandonou o câmbio em relação ao dólar, a crise contagiou outras economias emergentes e o chamado efeito “tequila” gerou euforia nesses mercados (GAROFALO, 2005). O programa de estabilização macroeconômica do México baseou-se numa âncora nominal, na taxa de câmbio fixa. Esse regime de câmbio foi abandonado em decorrência da crise cambial e um sistema de câmbio flexível foi implementado. Desde 1994, o México opera com sucesso sob esse regime. O Brasil e a Argentina são outros exemplos de países na América Latina que flexibilizam o seu regime cambial em decorrência de crises no balanço de pagamentos. De acordo com dados do FMI, noventa e sete por cento dos seus países membros praticavam câmbio fixo em 1970, percentual este que diminuiu para trinta e nove por cento em 1980 e atingiu onze por cento em 1999 (GAROFALO, 2005). Mesmo sendo “pura flutuação” uma experiência ainda restrita no âmbito mundial, comparações podem ser feitas com países que servem de benchmark, por exemplo, o caso do Japão, dos Estados Unidos e da Alemanha. A variação de reservas deveria ser zero em pura flutuação, entretanto, há outros fatores que influenciam a variação de reservas, tais como linhas de crédito que são abertas em períodos de pressão especulativa, transações de derivativos em que Bancos Centrais se envolvem, além de emissão de dívida em moeda estrangeira. A motivação deste trabalho é avaliar a experiência do Brasil com o regime flexível à luz da experiência mexicana. O México sofreu ataque especulativo antes do Brasil e Argentina e foi um dos primeiros países emergentes a transitar para o regime de câmbio como âncora nominal, sendo assim, passou a ser citado na literatura como exemplo de um regime flexível.

(15) 13. capaz, mesmo num país emergente, de insular a economia contra choque externos. Dentro dos argumentos acima citados justifica-se o tema. O trabalho de GOLFAJN E OLIVARES (2000) mostra diversos estudos em que a taxa de câmbio em países em desenvolvimento tem flexibilidade limitada. Esses estudos investigam a possibilidade de um país emergente, de economia aberta, utilizar efetivamente uma política de câmbio flexível. Eles analisam 46 países ao longo de 1990 a 1999, em busca de fatores que condicionam a utilização de uma taxa de câmbio flexível. O trabalho verifica que o fear of floating é uma importante explicação para a baixa volatilidade da taxa de câmbio e conclui que a viabilidade de uma política de câmbio flexível, em países emergentes de economia aberta, ocorre se o financiamento externo desses países não se baseia em um capital muito volátil. Entre os estudos que sustentam a idéia que os países emergentes de câmbio flutuante intervêm consideravelmente no mercado de câmbio, conta-se o de HAUSMANN, PANIZZA e STEIN (2000). De acordo com este trabalho, tais países não têm interesse em permitir grandes flutuações da taxa cambial por possuírem uma parcela expressiva de sua dívida em moeda estrangeira. ALESINA e WAGNER (2003) também comentam que países emergentes sem muita credibilidade na autoridade político-econômica tenderiam a suavizar grandes flutuações da taxa de câmbio, com o intuito de não sinalizarem uma instabilidade econômica interna. O presente trabalho tem por objetivo geral analisar o regime de câmbio flexível, baseado na política monetária de metas de inflação, adotado pelo México e Brasil, após a estabilização dos anos 1990. Para isso, analisar-se-á o impacto do regime de câmbio flexível sobre o crescimento econômico, inflação e a balanço de pagamentos, formulando uma exploração descritiva de dados à luz da teoria econômica. O trabalho está estruturado da seguinte forma: o primeiro capítulo apresentará um panorama histórico do sistema financeiro mundial; o.

(16) 14. segundo capítulo mostrará a teoria de desempenho econômico sob taxas de câmbio flexíveis (o modelo de Mundell-Fleming); o terceiro capítulo expõe o desempenho da economia mexicana sob o regime de câmbio flexível; o capítulo quatro analisará a evolução da economia brasileira depois da adoção do regime cambial flutuante e o capítulo quinto exporá as conclusões do trabalho..

(17) 15. CAPITULO 1: ACORDOS INTERNACIONAIS, FMI E BANCO MUNDIAL: REFORMAS E CRISES NA AMÉRICA LATINA Neste capítulo, serão analisados os antecedentes históricos e acordos internacionais dos regimes cambiais fixos, onde a abordagem histórica servirá para comparações posteriores, sobre a taxa de câmbio fixo vs. câmbio flutuante. Antes do estabelecimento do acordo de Bretton Woods, o sistema financeiro internacional estava baseado no padrão-ouro o qual vigorou até a Primeira Guerra Mundial. Através de um conjunto de convenções estabelecidas entre os países signatários, cada moeda nacional tinha um valor em ouro (totalmente conversíveis), consagrando um regime de taxas fixas de câmbio. Esse sistema estava voltado especialmente para viabilizar o comércio internacional, estimulando o desenvolvimento das economias mundiais. Para isso, havia um mecanismo automático de correção de possíveis desequilíbrios do balanço de pagamentos no qual qualquer déficit (excesso de demanda) levaria o governo a vender parte de suas reservas em ouro (que caracterizava uma política monetária contracionista), estimulando as exportações e inibindo as importações. O sistema do padrão-ouro não foi sustentado no período entre guerras (1914 -1945) o que resultou numa necessidade da criação de novas regras para o sistema financeiro internacional. Então, surgiu o sistema de Bretton Woods que definiu um regime de taxas de câmbio baseado no padrão dólar-ouro (fixo), mas permitia a flutuação da taxa do câmbio em relação ao dólar (única moeda que manteria a sua conversibilidade em ouro), porém esse ajuste deveria ser acordado entre os países quando algum desses estivesse com problemas no balanço de pagamentos. (GREMAUND et al., 2002) Com a expansão do comércio mundial depois da Segunda Guerra, a paridade dólarouro não estava mais sendo sustentável, pois a necessidade de uma maior liquidez em dólares deveria estar amparada em ativos em ouro dos EUA, o que não foi verificado. Assim, diante.

(18) 16. de um contexto marcado, sobretudo, por elevados déficits norte-americanos na década de sessenta e crises especulativas, em 1971, o sistema de Bretton Woods perdeu sua conversibilidade do dólar em relação ao ouro. Dessa forma, entrou em vigor um sistema de taxas de câmbio flutuantes. A moeda americana, então, sofreu uma forte desvalorização, diante de um cenário econômico marcado por instabilidades, especialmente por causa dos choques de petróleo em 1973 e 1979. Nesse último ano, o dólar voltou a se apreciar devido ao aumento da taxa de juros dos EUA que atraiu um grande fluxo de capitais internacional, comprometendo a liquidez do sistema financeiro mundial e contribuindo para a crise da dívida externa dos países em desenvolvimento (WALDMANN, 1997). Nas décadas subseqüentes, as principais economias do mundo foram permitindo que a sua taxa de câmbio flutuasse, porém esse fato ainda tem sido uma experiência bastante recente para os países em desenvolvimento. Nas décadas de 80 e 90, muitos países em desenvolvimento adotaram regimes de câmbio fixo com taxas de desvalorização predefinidas até anos mais recentes. Entretanto, algumas crises financeiras provocadas por tais políticas cambiais (por exemplo, a crise do México, em 1994) levaram aos questionamentos dos paradigmas da política econômica nesses países. Desde que os principais países industrializados adotaram taxas de câmbio flexíveis, em 1973, surgiu a questão da escolha da política cambial mais adequada aos países em desenvolvimento, diante de um novo cenário do sistema financeiro internacional que tem dado ênfase aos fluxos de capitais.. 1.1. Bretton Woods: Acordo Internacional para taxas fixas Ao final da Segunda Grande Guerra foi realizado um acordo internacional em que os países participantes concordaram em tentar manter o valor de suas moeda em uma faixa estreita em relação ao dólar e em uma taxa correspondente de ouro. O acordo previa taxas de câmbio fixas, ainda que passíveis de ajustes e ficou para a história como o “Acordo de Bretton.

(19) 17. Woods”. Durante três semanas de julho de 1944 (do dia 1o ao dia 22), 730 delegados de 45 países do mundo ainda em guerra reuniram-se no Hotel Mount Washington, em Bretton Woods, no estado de New Hampshire, nos Estados Unidos, para definir uma nova ordem econômica mundial que resultou nesse acordo. Foi anterior à própria ONU, só fundada em São Francisco no ano seguinte, em 1945, e tinha o objetivo especifico de tratar de questões financeiras e econômicas ao nível internacional (EDWARDS, 1995). Os países participantes do acordo de Bretton Woods concordaram também em não desvalorizar suas moedas para beneficiar seu comércio, e ajustes seriam admitidos, mas somente até um limite de 10%, em caso de desequilíbrio fundamental. Embora não tenham sido aprovadas as propostas do economista britânico Loord Keynes, que defendiam a instituição de uma moeda contábil de referência internacional (o bancor), houve um acordo quanto ao retorno a um regime de paridades fixas entre as moedas, ainda que ajustáveis, após a aprovação dos membros, tendo como base o dólar, ou seu equivalente em ouro, à razão de 34 dólares por onça de ouro. O governo dos Estados Unidos se comprometia a converter, por tempo indefinido, todos os ativos em dólares, detidos pelos demais membros, a essa taxa fixa (GAROFALO, 2005). A promessa poderia ser considerada irreal porque não levou em conta as variações no volume e no custo de produção de ouro, o crescimento das reservas em dólar dos países em relação aos ativos em ouro dos Estados Unidos ou os diferenciais de produtividade em relação a países mais dinâmicos, que reduziriam o poder de compra do dólar. Outro grande problema que não havia sido considerado estava relacionado aos níveis de inflação em todo o mundo. O Brasil também fez parte do Acordo de Bretton Woods. Ao adotar esse regime, em 1946, o país definiu a taxa de câmbio de 18 cruzeiros por dólar, que já vigorava desde 1939 e a manteve fixa, apesar da inflação, até 1953, quando optou por um regime cambial mais flexível, com taxas múltiplas, depois da experiência de leilões cambiais com ágio a partir de.

(20) 18. 1947. Na década de 1950, o volume crescente do comércio internacional causou movimentos substanciais de capitais gerados pela reconstrução do pós-guerra. Isso desestabilizou as taxas de câmbio estabelecidas pelo país em Bretton Woods (GAROFALO, 2005). O acordo de Bretton Woods foi, finalmente, abandonado 27 anos depois de assinado, em 15/8/1971. Os Estados Unidos (Governo Nixon) informaram ao FMI que cessava ali seu compromisso de comprar e vender ouro na paridade estabelecida no acordo, paridade que já sofrera um ajuste para US$ 38,00 por onça troy (GAROFALO, 2005). Algumas características principais do sistema de Bretton Woods deixaram de existir. Por volta de 1973, as moedas dos principais países industrializados passaram a flutuar mais livremente, controladas principalmente pelas forças da oferta e da demanda que atuavam no mercado de câmbio exterior e os preços flutuavam diariamente na década de 1970, dando origem a instrumentos financeiros novos, desregulamentação do mercado e liberalização do comércio.. 1.2. FMI e Banco Mundial: Reorganização do Sistema Financeiro Internacional Seguindo aquele mesmo objetivo de reorganizar as finanças internacionais, em documento firmado em 22 de julho de 1944, os países decidiram que haveria um fundo encarregado de dar estabilidade ao sistema financeiro internacional, bem como um banco responsável pelo financiamento da reconstrução dos países atingidos pela destruição e pela ocupação: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) ou, simplesmente, o Banco Mundial (EDWARDS 1995). Com os acordos de 1944, tentava-se evitar uma repetição dos erros cometidos após a Primeira Guerra Mundial, quando o sistema econômico internacional, deixado sem regras internacionais básicas, sofreu enorme turbulência com a sua permanente instabilidade decorrente de guerras civis, das ameaças revolucionárias, das ondas de greve, do desemprego.

(21) 19. e da fome. Além disso, economias importantes haviam sido forçadas a um quase congelamento, condenadas à estagnação. Essa situação foi vivenciada pela Alemanha, punida pelas cláusulas do Tratado de Versalhes de 1919 e pela União Soviética, que se fechou para o mundo, afastada de todos pelo chamado “cordão sanitário”, uma política liderada pela França, nos anos 1920, com o objetivo de confinar o chamado “regime bolchevique”, isolado-o do resto da Europa e pela política isolacionista de “socialismo em um só país” de Stalin, que buscava, dessa forma, fortalecer internamente o poder da burocracia estatal soviética. Depois de 1930, o ambiente internacional foi dominado por duas posições: a hegemonia econômica da Inglaterra e sua poderosa moeda, a libra esterlina e as políticas de “autarquia econômica” adotadas pelos regimes nazi-fascistas e comunistas. E para complicar a situação, em 1929, o mundo teve a sensação de que “todo o sistema capitalista havia quebrado”, com o Big Crash, como ficou conhecida a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em outubro daquele ano. Em todo o mundo ocorreram fenômenos como depressão econômica, inflação, falências e desemprego em massa. Como nessa ocasião não havia instituições financeiras e econômicas internacionais, nem regras universais de organização, cada país tratou de encontrar um caminho próprio para se salvar da crise. Desse contexto surgiu o ambiente favorável à ocorrência da Segunda Grande Guerra Mundial.. 1.3. O Modelo Cambial de Bretton Woods Pelo modelo aprovado em 1944 em Bretton Woods, como se mencionou, anteriormente, foram estabelecidas: • Paridades fixas (ou taxas de câmbio fixas) entre as diversas moedas e o dólar dos Estados Unidos, porém quando houvesse déficit no balanço de pagamentos o governo poderia adotar política monetária1;. 1. De acordo com Garofalo Filho (2005, p.98).

(22) 20. • Os Estados Unidos aceitavam garantir a conversibilidade do dólar a ouro, à razão de US$ 34,00 por onça troy (quando o sistema faliu, a cotação já fora alterada para US$ 38,00 por onça troy)1;. • Portanto, estava estabelecido um padrão fixo em ouro, ainda que com passagem pelo dólar, isto é, cada país não precisaria garantir sua própria emissão de moeda nacional em ouro1. No entanto, desde logo, ficou claro que, eventualmente, alguns países precisariam promover ajustes cambiais. Dessa forma, foi acertado que isso poderia ocorrer, desde que aprovado pelos demais membros, ou seja, pelo FMI. Esse modelo de ajuste ficou conhecido como ajustable peg, depois substituído por crawlig peg.. a) Adjustable Peg e Crawling Peg Pelo mecanismo do adjustable peg, um país, a despeito de ter sua moeda fixada em relação ao dólar dos Estados Unidos, poderia ajustá-la, em prazos não definidos, consoante com necessidades do balanço de pagamentos. Mas, esse modelo se esgotou nos anos de 1960, ante o enfraquecimento das duas principais moedas de referência, o dólar e a libra. O limite de 10% para um peg começava a ficar pequeno, porém ajustes maiores causavam reflexos na política monetária dos diversos países, pelo que se optou por um modelo de ajuste escalonado da taxa de câmbio: o crawling peg2. Assim, a substituição do modelo adjustable peg pelo. 1. 2. De acordo com Garofalo Filho (2005, p.98). Crawling Peg – Conhecida também como Minidesvalorização. O câmbio e alterado sem aviso prévio em intervalo de tempo indeterminado e de modo irregular (dias, semanas, mês, etc.) com vistas a compensar pressões de preços que possam afetar o equilíbrio do Balanço de Pagamentos..

(23) 21. crawling peg foi uma tentativa de organizar o processo de desvalorização (crawling peg descendente) ou de valorização (crawling peg ascendente) de determinada moeda, de forma gradual (GAROFALO FILHO, 2005). No crawling peg, a idéia básica é a de que, havendo uma meta de desvalorização definida, seriam estabelecidos degraus preferencialmente iguais de variação. O modelo leva em conta que um ajuste de taxa de câmbio requer ajuste de taxas de juros e que, nesse sistema, ambos podem ser graduais. Mas, na verdade, a conciliação dessas duas taxas (juros e câmbio) constitui a maior dificuldade para o administrador público até os dias atuais.. b) Defasagem Cambial Sempre que alguém principalmente do setor exportador vem a público reclamar de eventual inadequação da taxa de câmbio, qualquer que seja o modelo cambial adotado, costuma dizer que “há defasagem cambial”. Na verdade, a origem da expressão está no fato de se tentar, no período das minidesvalorizações diárias, “adivinhar” a inflação do mês, dentro do índice previamente escolhido (IPC, INPC, IGP etc) e distribuí-la pelos dias úteis do período, realizando, assim um crawling peg. A tendência era, ao menos na primeira parte do mês, a de se subestimar a taxa do período, uma vez que o mercado utilizava o próprio percentual de desvalorização para prever a inflação do mês. Nos últimos dias do mês, quando os institutos encarregados de medir a inflação já dispunham de avaliação mais precisa do número final, acelerava-se o processo, nem sempre se conseguindo levar a desvalorização a andar ao par. Esse deslocamento que, às vezes, se acumulava ao longo do tempo era chamado defasagem cambial (BANDEIRA, 2000). Observa-se que existe um “vício” do exportador ou especulador, de “pedir câmbio”, isto é, desvalorização. Devido a uma determinada empresa ou setor específico não conseguirem exportar, ou pelo fato de os números da balança comercial (exportações –.

(24) 22. importações) serem deficitários (foi de costume pensar que superávit comercial é bom e que déficit é ruim, herança do longo período em que o Brasil esteve desvencilhado de capitais externos, compondo suas reservas basicamente com superávit comercial). Esse “vício” decorre de uma tentativa constante de não se corrigirem os problemas que possam comprometer a competitividade de uma empresa ou de um setor exportador, sejam por problemas endógenos ou problemas relativos àquilo que se convencionou chamar de “custos-país”, derivado de aspectos tributários, trabalhistas, de infra-estrutura, etc. Porém, freqüentemente, se procura “corrigir” tais problemas via aumento da taxa de câmbio. Essa situação foi adotada algumas vezes pelo Governo com o objetivo de estimular o crescimento das exportações para equilibrar suas reservas e o próprio Balanço de Pagamentos.. 1.4. Reformas e Crises Cambias do México e Brasil A utilização da taxa de câmbio como uma âncora nominal foi observada em diversos países em desenvolvimento. México (1998), Argentina (1991) e Brasil (1994) implementaram programas que seguem um modelo geral de estabilização e integração internacional. Segundo GAROFALO (2000) o modelo geral foi constituído dos seguintes elementos centrais: 1) Uso da taxa de câmbio como instrumentos de combate à inflação; 2) Abertura da economia às importações por meio da drástica redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias; 3) Abertura financeira externa, com adoção de políticas de estímulo à entrada de capitais externos a curto prazo; 4) Medidas de desindexação da economia; 5) Ajuste fiscal e austeridade monetária; 6) Vendas de empresas públicas (visando reduzir o déficit público)..

(25) 23. O interesse principal na discussão seguinte é a articulação desses elementos entre si. Observa-se primeiramente a importante conexão entre a âncora cambial e abertura comercial. Uma economia de inflação alta enfrenta uma queda abrupta na taxa de inflação com a adoção de uma âncora cambial. A desaceleração do processo inflacionário estimula uma expansão expressiva da demanda interna. Esse surto de demanda interna explica-se pela transferência de recursos para classes mais pobres que têm uma alta de propensão marginal de consumo.3 A âncora nominal, combinada com a abertura do mercado interno às importações é um instrumento de controle do nível de preços, pois os produtores dos bens comercializáveis passam a enfrentar a concorrência internacional (BATISTA, 1996).4 Porém, uma vez solucionado o problema de aumento de oferta para o suprimento da demanda interna, que resulta na estabilidade dos preços, a atenção é direcionada aos gastos públicos, pois o aumento da demanda por parte do governo pode gerar desequilíbrios no balanço de pagamentos do país. Dessa forma, a política fiscal tem um papel fundamental nesse contexto. A contração dos gastos do setor público deve compensar parte do aumento da demanda privada. A política fiscal é utilizada no contexto de estabilização e integração internacional primordialmente para impedir que déficits fiscais, financiados com créditos a curto prazo, tornem o programa mais vulnerável a ataques especulativos. Da combinação da âncora cambial com a abertura comercial decorre uma sobrevalorização da taxa de câmbio que conduz a uma perda de competitividade. O resultado da perda de competitividade é um desequilíbrio na conta corrente do balanço de pagamentos. O México registrou entre 1988 e 1994, um déficit, em conta corrente de US$ 109,8 bilhões (BATISTA, 1996).5. 3. A redistribuição de renda ocorre porque as classes mais pobres não dispõem de instrumentos financeiros que as protejam do imposto inflacionário. Com a estabilização, o governo deixa de cobrar grande parte do imposto inflacionário. 4 De acordo com Batista (1996, p.131) 5 De acordo com Batista (1996, p.131).

(26) 24. A função das privatizações só pode ser entendida no contexto macroeconômico já delineado. Essa medida é capaz de gerar um impacto considerável sobre as contas do governo. As empresas governamentais produzem, em muitos casos, lucros negativos. A venda dessas empresas melhoram o orçamento do governo e a entrada de recursos internacionais permitiu o financiamento do déficit em conta corrente, porque melhora a conta de capital do balanço de pagamentos. Um argumento a favor das privatizações é o ganho de eficiência pela gestão privada. Esse ganho de produtividade deve conter, pelo menos em parte, a sobrevalorização da taxa de câmbio. Trata-se de um argumento controverso, quando se examina o impacto sobre a taxa de câmbio. México e Brasil empregaram a abertura financeira externa e mostraram a disposição de adotar políticas monetárias, tributárias e cambiais compatíveis com a atração de capitais de curto prazo. O intuito era atrair capital externo de maior estabilidade e em condições mais favoráveis de curto prazo e custo. Isso depende, em grande medida, do restabelecimento da confiança e da credibilidade internacional do país. O problema inerente a essa estratégia é que a credibilidade vai sendo conquistada aos poucos e os desequilíbrios externos em conta corrente aparecem com grande rapidez, a dependência com relação a capitais de curto prazo e médio prazos instala-se quase inevitavelmente.6 BATISTA (1996) cita dois países da América Latina que adotaram outras políticas. Chile e Colômbia, por exemplo, adotaram, nos últimos anos, políticas bastante distintas das que prevalecem no México e no Brasil, em especial no que se refere à política cambial, à abertura financeira externa e à dependência de capitais de curto prazo. No Chile e na Colômbia, assunto que não será discutido neste trabalho, as políticas cambiais foram mais flexíveis, voltadas em geral para a defesa da competitividade externa. Além disso, em diversos períodos, foram adotadas fortes restrições à entrada de capitais externos de curto. 6. De acordo com Batista (1996, p. 132).

(27) 25. prazo. Por isso mesmo, esses dois países não sofreram os efeitos adversos da instabilidade desencadeada pelo colapso do peso mexicano em fins de 1994 (BATISTA, 1996). Não há dúvida de que a grande dependência de capitais de curto prazo, junto com grandes déficits em conta corrente, foram as principais causas das crises financeiras dos anos noventa. As reformas baseadas no Consenso de Washington previram uma redefinição do papel do Estado na economia e definiram um papel importante para o mercado. A estabilização macroeconômica,. em. particular,. a. redução. da. inflação,. que. tinha. aumentado. significativamente após 1982, fizeram parte do amplo pacote de reformas na América Latina. A política cambial ocupou uma posição destacada entre as medidas empregadas. A âncora cambial e a liberalização da conta de capital tiveram um papel fundamental no ajuste macroeconômico. A moeda doméstica foi atrelada ao dólar norte-americano para guiar a inflação aos níveis internacionais. México em 1988, Argentina em 1991 e Brasil em 1994 usaram a âncora cambial para combater o processo inflacionário. A forte dependência de capitais de curto prazo, as crises em outros países e o déficit crescente em conta corrente resultaram em ataques especulativos que são caracterizados por fugas de capitais. O regime cambial fixo adotado pela Argentina, entre 1991-2002, estabeleceu uma relação entre o peso e o dólar americano, regime de conversão. A Lei de Conversibilidade definiu o dólar como uma moeda de curso legal e a política monetária ficou integrada ao Banco Central que estabeleceu limites para dívidas governamentais de curto prazo em dólares e medidas com a finalidade de garantir liquidez através dos depósitos bancários em reservas líquidas internacionais (GRANDES e REISEN, 2005). Esse modelo cambial que controlava a taxa de câmbio argentina diferiu dos regimes de câmbio fixo utilizados pelo México e Brasil. O regime cambial mexicano, antes da adoção do câmbio flexível em 1995, controlava a taxa de câmbio, porém estabelecia uma banda de flutuação com um limite inferior fixo e um limite superior que deslizava gradualmente em função da cotação máxima. (CLAVIJO e.

(28) 26. VALDIVIESO, 2000). Já o modelo cambial fixo do Brasil vigente no período anterior à flexibilização, entre 1990 e 1994, objetivava manter constante o câmbio real. A partir de junho de 94, adotou-se o sistema de câmbio oficialmente controlado por mini-bandas, que estava atrelado ao desempenho da taxa de câmbio real, esse regime perdurou até 1999 (CYSNE, 2000). O México, em 1994, e o Brasil, em 1999, foram direcionados a abandonar a âncora cambial e a adotar regimes de câmbio mais flexíveis, que são mais compatíveis com a alta volatilidade internacional dos fluxos de capitais. A experiência desses planos de estabilização fornece evidências de que um regime de câmbio fixo e ajustável não é combatível com uma conta corrente de capital aberta em países emergentes. Além disso, déficit em conta corrente ilustra as duas opções que os países emergentes enfrentaram na política cambial: a taxa de câmbio como âncora nominal, ou a taxa de câmbio como instrumento para garantir a competitividade da economia. Esse capítulo mostrou que a escolha da política cambial não é neutra em relação ao desempenho econômico do país no curto e longo prazo, demonstrando, assim, a importância do presente estudo..

(29) 27. CAPITULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A priori não é possível estabelecer uma relação exata entre o regime cambial vigente em um determinado país e seu desempenho econômico. Os estudiosos geralmente observam o comportamento de algumas variáveis econômicas, entre elas, variações do PIB, abertura comercial, níveis de inflação, investimentos diretos de estrangeiros, entre outras, para verificar a performance da economia sob determinado regime. Os economistas costumam basear as discussões sobre os efeitos das políticas econômicas sob os diferentes regimes cambiais no modelo Mundell-Fleming (extensão do modelo IS-LM para a economia aberta)7, que mostra as vantagens e desvantagens dos diversos regimes de câmbio segundo diferentes graus de mobilidade de capital. Um ambiente caracterizado pela existência de perfeita mobilidade de capital é aquele que considera os ativos financeiros domésticos como substitutos perfeitos dos títulos internacionais, não havendo restrições para o alcance da paridade entre a taxa de juros doméstica e a internacional através do movimento de fluxo de capitais que resulta de diferenças entre as taxas de juros interna e externa (Blanchard, 2004). Dentre as vantagens da adoção de um regime cambial flexível em um ambiente de livre mobilidade de capital destacam-se, especialmente, uma maior independência em relação às políticas econômicas adotadas e um melhor desempenho em relação a choques externos. Atualmente, quase todos os países adotam o regime cambial flutuante e este tem se revelado como um instrumento adequado para o alcance de um desempenho econômico favorável.. 7. Modelo IS-LM- É a principal interpretação da teoria de Keynes. O objetivo do modelo é mostrar o que determina a renda nacional a qualquer nível de preço dado. Podemos considerar que o modelo IS-LM mostra o que faz a renda mudar no curto, quando o nível de preço é fixo. As duas visões do modelo são equivalentes: mostra no curto prazo, quando o nível de preço fixo, os deslocamentos da curva de demanda agregada levam a mudanças da renda nacional..

(30) 28. O Modelo Mundell-Fleming sob Regime Cambial Flexível O modelo Mundell–Fleming está descrito nos principais manuais de macroeconomia8. No presente capítulo serão apenas expostas algumas equações básicas do modelo, de modo a facilitar a exposição das políticas econômicas adotadas pelos países. O mercado de bens e serviço, representado pela curva IS, incorporando as exportações líquidas é representado pela seguinte expressão: Y= C(Y-T) + I (r*, Y) + G + NX (Y, Y*, e ). (1). Na equação acima, a renda agregada da economia (Y) depende do consumo (C), dos investimentos (I), dos gastos autônomos do governo (G) e das exportações líquidas (NX= exportações (EX) – importações (IM)). As exportações são positivamente relacionadas com a taxa de câmbio e com a renda externa, e as importações têm relações positivas com a renda doméstica e negativa com variações cambiais. O consumo apresenta uma relação direta com a renda disponível, os investimentos são negativamente relacionados com a taxa de juros reais (r*) e positivamente com a renda, os gastos do governo são autônomos e as exportações líquidas têm uma relação positiva com a renda externa (Y*) e com a taxa real de câmbio (e) e negativa com a renda interna (Y). A utilização de variáveis reais pode ser substituída por variáveis nominais, se o nível de preço for considerado constante no curto prazo. Desta forma, para facilitar a análise, a taxa de juros interna e a taxa de câmbio consideradas passariam a ser nominais. Vale ressaltar que a taxa real de câmbio (e) que mede a competitividade do país no comércio internacional é equivalente à expressão EP*/P, em que E é a taxa de câmbio nominal (quantidade de moeda doméstica por unidade de moeda estrangeira –R$/US$), P* é o nível de preços externos e P é o nível de preços internos. As variações que ocorrem na taxa real de câmbio são diretamente. 8. Ver Blanchard (2004) e Mankiw (2004).

(31) 29. proporcionais às variações do câmbio nominal e do nível de preços externos e, inversamente às variações dos preços domésticos. O equilíbrio no mercado financeiro, a curva LM, é representado pela seguinte equação: M/P= L(r*, Y). (2). A equação 2 mostra o equilíbrio entre o estoque real de moeda (M/P) e a demanda por moeda, que é negativamente relacionada com a taxa de juros reais (r*) e positivamente com a renda interna (Y). Considerou-se neste modelo que a taxa de juros do país não é fixada pelos mercados financeiros internacionais, desta forma, ficou estabelecida uma relação entre a taxa de juros e o fluxo de capital externo. Ou seja, o fluxo líquido de saída de capitais do país (volume de recursos que os investidores internos emprestam no interior menos o montante que os investidores externos emprestam ao país) depende da diferença entre a taxa de juros doméstica e estrangeira, apresentando uma relação inversa com o a taxa de juros interna. Num modelo de economia aberta, a balança comercial (NX) é igual ao fluxo líquido de saída de capital (CF) que depende da taxa de juros interna. Uma taxa de juros interna mais baixa, por exemplo, corresponde a um aumento no fluxo líquido de saída de capital e aumenta as exportações líquidas, pois haverá uma depreciação cambial. A relação que define as variações cambiais como resultado de alterações das taxas de juros domésticas e internacionais é conseqüência da condição de paridade entre as taxas de juros na economia mundial. Assim, a taxa nominal de câmbio atual equivale à seguinte expressão: Et = E et+1/(1+ it –it*). (3). Onde Et é taxa de câmbio nominal no período atual (t), E et+1 é o valor esperado da taxa de câmbio, it é a taxa de juros doméstica e it* e taxa de juros estrangeira..

(32) 30. As mudanças que ocorrem na taxa de câmbio estão explícitas na curva IS. Assim, por exemplo, de acordo com a equação 3, taxas de juros domésticas menores correspondem a taxas de câmbio nominais (E) mais elevadas. Como o nível de preços é fixado exogenamente uma vez que o modelo é usado para examinar o curto prazo (P). Isto implica que a taxa de câmbio nominal é proporcional à taxa de câmbio real, então a depreciação cambial corresponde a um nível de renda mais elevado devido ao aumento das exportações líquidas. O modelo IS-LM em economia aberta com perfeita mobilidade de capitais assegura que diferenciais entre taxas de juros interna e externa serão compensadas por movimentos de capitais entre os países. Dessa forma, o balanço de pagamento (BP) do país estará sempre em equilíbrio, ou seja, BP = 0 (a curva do BP é horizontal). A perfeita mobilidade de capitais em um regime de câmbio flexível proporciona efeitos distintos de políticas fiscais e monetárias na economia que ocorre no caso da utilização do câmbio fixo, assim como diferentes impactos diante um “choque externo” No caso de uma retração da demanda mundial na presença de câmbio flutuante os impactos são menos adversos em comparação ao regime cambial fixo. Diante de uma retração da demanda mundial, aumenta a demanda por ativos estrangeiros. Dessa forma, para uma dada taxa de juros interna, o câmbio se torna mais depreciado, impulsionando o aumento das exportações (superávit na balança comercial) que compensará o déficit na conta de capital. A figura 2.1., a seguir, mostra o desempenho da economia diante de uma retração da demanda mundial, na presença de câmbio flutuante e perfeita mobilidade de capital. Figura 2.1. Impacto de uma retração da demanda mundial na presença de câmbio flutuante e perfeita mobilidade de capital taxa de juros. LM E i. L(Y, i) E1. Ee (i*). E0. Ee (i*). M/P i. taxa de juros.

(33) 31. Segundo a figura 2.1., a redução da taxa de juros mundial não terá nenhum efeito de curto prazo sobre o lado real da economia, apenas a taxa de juros câmbio nominal se eleva. Para o caso de uma economia com regime cambial fixo e perfeita mobilidade de capital, uma queda da demanda externa aumenta a demanda por moeda estrangeira mais forte, reduzindo o estoque de moeda interno. Esse movimento pressiona o câmbio para se depreciar, entretanto, como essa taxa é fixa, os juros terão que aumentar para assegurem o valor do câmbio. Nesse caso, a renda de equilíbrio de curto prazo se reduz. Figura 2.2. Impacto de uma retração da demanda mundial na presença de câmbio fixo e perfeita mobilidade de capital LM 1. taxa de juros. E. LM 0. i −. L(Y, i). E. Ee (i*) Ee (i*). M/P i. taxa de juros. Na presença de perfeita mobilidade de capital, a política de câmbio fixo deixa a economia muito mais vulnerável aos choques externos do que no caso do regime flutuante.. •. Política Fiscal. Equilíbrio no Mercado de Bens e Serviços: Curva IS Ete+1 Y = C (Y − T ) + I (i, Y ) + G + NX (Y , Y *, E ) + NX (Y , Y *, Et = ) E +i −i* 1. Derivada da renda em relação aos gastos do governo: dY dY dY di dy di = CY + IY + Ii + 1 + NXY + NXi dG dG dG dG dG dG onde, CY =. ∂C ∂I ∂I ∂NX ∂NX φ 0 ; IY = φ 0 ; Ii = π 0 ; NXY = π 0 ; NXi = π0 ∂Y ∂Y ∂i ∂Y ∂i.

(34) 32. Equilíbrio no Mercado Financeiro: Curva LM M = L(Y , i ) P 2. Derivada da LM em relação aos gastos do governo: 0 = LY. dY di + Li dG dG. di LY dY =− dG Li dG onde, LY =. ∂L ∂L φ 0 ; Li = π 0; ∂i ∂Y. No Equilíbrio: IS-LM dY = dG. 1. (5). LY 1 − CY − IY − NXY + ( Ii + NXi ) Li. 1 − CY − IY − NXY φ 0 e. LY ( Ii + NXi ) φ 0 Li. É fácil perceber, portanto, que em um modelo de câmbio flexível o multiplicador dos gastos do governo é menor do que ocorre em uma economia de câmbio fixo. Sob regime cambial fixo, o impacto de uma política fiscal é dado da seguinte maneira:. dY 1 = dG 1 − CY − IY − NXY. (6). As taxas de juros não podem variar, portanto, a política fiscal sob câmbio fixo torna-se mais eficiente.. •. Política Monetária. O impacto de uma política monetária na economia é obtido através da derivada do modelo IS-LM em relação às variações no estoque de moeda que é uma variável exógena controlada pelas autoridades monetárias.. A curva IS Y = C (Y − T ) + I (i, Y ) + G + NX (Y , Y *, E ) + NX (Y , Y *, Et =. Ete+1 ) E +i −i*.

(35) 33. 1. Derivada da renda em relação à oferta de moeda da economia: dY dY dY di dy di = CY + IY + Ii + 1 + NXY + NXi dM dM dM dM dM dM onde, CY =. ∂C ∂I ∂I ∂NX ∂NX φ 0 ; IY = φ 0 ; Ii = π 0 ; NXY = π 0 ; NXi = π0 ∂Y ∂Y ∂i ∂Y ∂i. Equilíbrio no Mercado Financeiro: Curva LM M = L(Y , i ) P. 2. Derivada da LM em relação ao estoque de moeda: 1 dY di = LY + Li P dM dM di 1 LY dY = − dM PLi Li dM onde, LY =. ∂L ∂L φ 0 ; Li = π 0; ∂i ∂Y. No Equilíbrio: IS-LM. dY = dG. 1 ( Ii + NXi ) PLi φ0 LY 1 − CY − IY − NXY + ( Ii + NXi ) Li. (7). Dessa forma, a política monetária tem efeito positivo sob uma economia de câmbio flexível. Já em um regime onde a taxa de câmbio não pode flutuar, a taxa de juros tem que estar equiparada com os juros internacionais e a oferta de moeda torna-se uma variável endógena.. •. Choques Externos. Equilíbrio no Mercado de Bens e Serviços: Curva IS. Y = C (Y − T ) + I (i, Y ) + G + NX (Y , Y *, E ) + NX (Y , Y *, Et =. Ete+1 ) E +i −i*. 1. derivada da renda em relação a variações na renda externa:.

(36) 34. dY dY dY di dy di = CY + IY + Ii * + 1 + NXY + NXY * + NXi * * * * * dY dY dY dY dY dY ∂C φ 0; ∂Y. onde,. CY =. NXi =. ∂NX π0 ∂i. IY =. ∂I φ 0; ∂Y. Ii =. ∂I π 0; ∂i. NXY =. ∂NX π 0; ∂Y. NXY * φ 0 ;. Equilíbrio no Mercado Financeiro: Curva LM M = L(Y , i ) P. 2. derivada da LM em relação aos gastos do governo: 0 = LY. dY di + Li * * dY dY. di LY dY =− * Li dY * dY onde, LY =. ∂L ∂L φ 0 ; Li = π 0; ∂i ∂Y. No Equilíbrio: IS-LM. dY = dY *. NXY * LY 1 − CY − IY − NXY + ( Ii + NXi ) Li. φ0. (8). O impacto de variações na renda externa tem efeito positivo sobre a economia de cambio flexível. È importante ressaltar também que “choques externos” têm menos influência numa economia onde são permitidas variações cambiais. Em um país que funciona sob regime de câmbio fixo, o impacto de variações na renda externa pode ser expresso da seguinte forma:. dY NXY * = φ0 dY * 1 − CY − IY − NXY. (9). Percebe-se, então, que o impacto de uma queda da renda externa é maior no país de câmbio fixo do que numa economia de regime cambial flutuante..

(37) 35. CAPÍTULO 3: A ECONOMIA MEXICANA SOB O REGIME DE CÂMBIO FLEXÍVEL A flexibilização da taxa de câmbio tem sido uma experiência recente, principalmente para os países em desenvolvimento como México e Brasil. Como foi discutido na sessão anterior, existem alguns benefícios em adotar um regime cambial flexível na presença de perfeita mobilidade de capital. Nesse caso, a economia consegue amortizar melhor os choques externos do que se estivesse sob um regime de câmbio fixo. Além disso, a política monetária pode ser utilizada, sobretudo, no controle da inflação. Por fim, taxas de câmbio flutuantes estão em consonância com o sistema monetário internacional vigente, caracterizado por um maior fluxo de capitais. Após um processo hiperinflacionário, a estabilização monetária exige a utilização de uma âncora nominal que, na maioria dos casos, é a taxa de câmbio. Entretanto, como descrito anteriormente, um sistema de câmbio fixo com grandes fluxos de capitais gera uma alta vulnerabilidade externa, como a observada no México no início da década de 1990 e no Brasil após 1994. Depois de implementar a abertura econômica, no início da década de 90, a economia mexicana passou a ter uma apreciação contínua de sua moeda e, consequentemente, uma elevação das importações associada a uma taxa de crescimento baixa. A abertura prematura da conta financeira do país gerou vulnerabilidade externa, principalmente no que se referiu à conta corrente e reservas. Assim, no final de 1994, o México encontrava-se com déficit no balanço de pagamentos de 18 bilhões de dólares. Nesse momento houve a desvalorização do peso e a economia mexicana passou a adotar um regime cambial flexível, devido à maior adequação desse modelo a períodos de crises externas. Primeiro, o México adotou o regime de bandas cambiais para impedir flutuações abruptas na taxa de câmbio vigente. Nesse regime, a flutuação da taxa de juros e o nível de reservas garantem a existência de pequenas.

(38) 36. variações das taxas cambiais. A figura 3.1., a seguir, mostra as variações do câmbio do México (peso mexicano/dólar).. Figura 3.1. – Evolução da taxa de câmbio do México (pesos/dólar americano) 140000. Pesos mexicanos/dólar. 120000. 100000. 80000. 60000. 40000. 20000. jan/07. jan/06. jan/05. jan/04. jan/03. jan/02. jan/01. jan/00. jan/99. jan/98. jan/97. jan/96. jan/95. jan/94. jan/93. jan/92. jan/91. jan/90. 0. Fonte: Elaboração própria, dados do Banco de México.. De acordo com o gráfico acima, pode-se perceber a mudança definitiva do regime cambial fixo para o flexível, em 1995. Depois da adoção de taxas de câmbio flutuantes, houve uma forte desvalorização da moeda do México, que vem apresentando uma leve tendência de crescimento. Porém, vale ressaltar a perda de valor do dólar nos dois últimos anos. A utilização de metas de inflação por parte do governo mexicano é um instrumento voltado para o controle da variação do preço da moeda e para a conquista de um ambiente econômico mais estável..

(39) 37. 3.1. Análise do Balanço de Pagamentos do México A análise do balanço de pagamentos do México sob a ótica das mudanças dos regimes cambiais adotados no país, entre 1980 e 2006, é uma tentativa de verificar se o atual regime de câmbio flexível implantado no país desde 1995 tem contribuído para um melhor desempenho da economia mexicana. Na maior parte da década de 80, o México adotou regimes de câmbio fixo ou controlado (crowling peg), com o intuito, especialmente, de manter a taxa de câmbio real estável. Porém, no período de 1991 a 1994, o país adotou uma política com a utilização de bandas cambiais. Em 1995, o país aderiu ao sistema de câmbio livre. A tabela, a seguir, mostra os principais componentes do balanço de pagamentos do México.. Tabela 3.1.1. – Balanço de Pagamentos do México (US$milhões) Ano. 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006. C. Corrente. -10.434,1 -16.240,6 -5.890,1 5.859,6 4.183,4 799,5 -1.373,5 4.239,0 -23.756,0 -5.821,2 -74.510,0 -14.646,7 -24.438,5 -23.399,2 -29.662,0 -1.576,7 -2.507,6 -7.665,0 -15.992,7 -13.949,3 -18.683,3 -17.682,9 -14.108,6 -8.820,5 -6.690,7 -4.908,4 -1852,9. EX. 18.031,0 23.307,3 24.055,2 25.953,1 29.100,4 26.757,3 21.803,6 27.599,5 30.691,5 35.171,0 40.710,9 42.687,5 46.195,6 51.886,0 60.882,2 79.541,6 95.999,7 110.431,4 117.539,3 136.361,8 166.120,7 158.779,7 161.046,0 164.766,4 187.998,5 214.233,0 249997,2. IM. 21.089,4 27.184,2 17.010,6 11.848,3 15.916,2 15.916,2 16.783,9 18.812,4 28.082,0 34.766,0 41.593,3 49.966,6 62.129,4 65.366,5 79.345,9 72.453,1 89.468,8 109.807,8 125.373,1 141.974,8 174.457,8 168.396,5 168.678,9 170.545,8 196.809,6 221.819,5 256130,4. NX. -3.058,4 -3.876,9 7.044,6 14.104,8 13.184,2 10.841,1 5.019,7 8.787,1 2.609,5 405,0 -882,4 -7.279,1 -15.933,8 -13.480,5 -18.463,7 7.088,5 6.530,9 623,6 -7.833,8 -5.613,0 -8.337,1 -9.616,8 -7.632,9 -5.779,4 -8.811,1 -7.586,5 -6.133,2. C. Capital. 11.377,0 26.597,2 9.995,7 339,3 1.305,8 -316,4 2.715,5 -1.241,9 -443,9 20.747,0 8.114,6 24.785,9 26.485,8 32.341,3 14.975,6 15.331,6 4.327,2 16.638,7 19.055,1 14.559,0 19.738,3 28.041,1 22.731,4 19.591,2 12.477,2 14.878,6 -1.939,2. Nota: C.Corrente = Conta Corrente; EX= Exportações; IM= Importações; NX= Balança Comercial; C.Capital= Conta de Capital; BP= Saldo no Balanço de Pagamentos. Fonte: INEGI (Instituto Nacional de estatística, Geografia e Informática) – México.. BP. 1.018.6 1.012,2 -3.184,7 3.100,9 3.200,9 -2.328,4 985,0 6.924,4 -7.127,0 271,5 3.547,9 7.378,3 1.007,60 5.983,30 -18.389,30 9.592,80 1.768,20 10.493,7 2.136,9 593,6 2.821,5 7.325,0 7.104,1 9.450,9 4.061,4 7.172,6 -989,2.

(40) 38. É possível perceber, a partir da tabela 3.1.1 que a conta corrente do México, antes da adoção do câmbio flexível, apresentou saldos negativos para quase todos os anos. Todavia, no início da década de 90, os déficits em conta corrente se acentuaram com a abertura comercial do país e com a introdução de algumas reformas para a estabilização da economia. A liberalização financeira vivenciada pelo México, nessa época, contribuiu para um maior endividamento da economia mexicana, prejudicando as contas externas do país. A partir de 1995, quando foi introduzido o regime de câmbio flutuante na economia, o México continuou a apresentar saldos deficitários em conta corrente decorrentes, em boa parte, pela recuperação da economia mexicana e, conseqüentemente, aumento das importações, além da entrada de capitais estrangeiros. Porém, o balanço de pagamentos ficou positivo em virtude da entrada de capital estrangeiro para investimento no país. A evolução da balança comercial revela que, antes da introdução do sistema de câmbio flexível, o país apresentou, em alguns momentos, saldos positivos das exportações líquidas, exclusivamente na década de 80. A figura 3.1.2., a seguir, mostra a evolução da balança comercial mexicana no período 1980-2006.. Figura 3.1.2. - Balança Comercial do México, 1980-2006. Fonte: INEGI (Instituto Nacional de estatística, Geografia e Informática) – México..

(41) 39. Os anos 80 foram marcados por crises financeiras e isso justificou a queda das importações nesse período e um aumento das exportações com o objetivo de aumentar o volume de divisas. A partir da década de 90, o México tem apresentado saldos negativos na balança comercial, com exceção do período de 1994-1996, quando ocorreu uma desvalorização forte do peso mexicano. É importante perceber o aumento do comércio internacional na economia do México a partir da década de 90 e, especialmente, depois da adoção do câmbio flutuante. Esse aumento do comércio exterior foi reflexo de uma maior abertura econômica do país, com a participação do México no NAFTA9 e na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Durante o período de 1990 e 2006, as exportações mexicanas cresceram 514%, enquanto que as importações cresceram um pouco mais, 516%. No período de câmbio flexível, a partir de 1995, a taxa de crescimento das exportações foi, aproximadamente, 11%, e das importações, 12%. Esses números refletem um comércio equilibrado, levando em consideração a proximidade do México em relação aos Estados Unidos e sua participação no NAFTA, facilitando as importações dos produtos americanos e canadenses, tendo como conseqüência números negativos na balança comercial do país, durante a maior parte desse período, o nível desse déficit manteve constante, até os últimos anos apresentados. Entre 1990 e 1994, ainda sob regime cambial controlado, o México apresentou um coeficiente de abertura comercial de 30,6% do PIB. No período de 1995-2006, esse coeficiente teve um aumento expressivo, atingindo uma média percentual de 55,6% do PIB. Nos regimes cambiais fixos, as reservas são uma forma de segurar a taxa de câmbio no valor desejado pelo governo. Então, de fato, existem indícios de que a adoção de um regime cambial flexível, a partir de 1995, foi um dos fatores que contribuíram para os. 9. NAFTA (North American Free Trade Agreement) – Acordo de livre comércio firmado entre os EUA, México e Canadá, em 1992..

(42) 40. superávits nas reservas internacionais. O gráfico, a seguir, mostra a evolução do balanço de pagamentos mexicano. (Figura 3.1.3.) Figura 3.1.3. –Balanço de pagamentos do México 1992-2006. 15.000,0. 10.000,0. 06 20. 04 20. 02 20. 00 20. 98 19. 96 19. 94 19. 92 19. 90 19. 88 19. 86 19. 84 19. 82 19. 80. 0,0 19. m ilhões de US$. 5.000,0. -5.000,0. -10.000,0. -15.000,0. -20.000,0. Fonte: Elaboração própria, dados do INEGI (Instituto Nacional de estatística, Geografia e Informática) – México.. De acordo como gráfico do balanço de pagamento do México, notou-se que não ocorreram mais saldos negativos nessa conta desde que foi adotada a política de flutuação livre da taxa de câmbio. As variações anuais médias das reservas entre os anos de 1995 e 2006 foram US$5.127,63 milhões.. 3.2. Níveis de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no México Uma variável importante para ser comparada durante o período de regime cambial flutuante no México é a variação do nível de investimentos diretos que vem ocorrendo durante esse período. Esse fluxo de capitais externos é um dos fatores que contribuem para o crescimento econômico do país, pois além de transferir novas tecnologias, incrementa o nível de poupança interna. Notou-se que o crescimento dos investimentos diretos no México.

(43) 41. cresceu consideravelmente depois do início da década de 90, quando esse país fez algumas reformas e abriu sua economia. O gráfico, a seguir, mostra a tendência do IED no México durante o período de 1980-2005. (Figura 3.2.1). Figura 3.2.1 – Investimento Estrangeiro Direto no México, 1980-2005 25000. milhões de US$. 20000. 15000. 10000. 5000. 2005. 2004. 2003. 2002. 2001. 2000. 1999. 1998. 1997. 1996. 1995. 1994. 1993. 1992. 1991. 1990. 1989. 1988. 1987. 1986. 1985. 1984. 1983. 1982. 1981. 1980. 0. Fonte: Elaboração própria, dados do Anuário Estatístico 2006 da CEPAL. A economia mexicana vem apresentando uma tendência positiva de crescimento dos investimentos diretos, desde o início dos anos noventa. Entre 90 e 94, esses recursos tiveram um crescimento de 330% , devido à abertura econômica do país, e apresentou um valor anual médio de US$5.409,1 milhões. No período sob regime cambial flutuante, os investimentos diretos estrangeiros cresceram 30%, contudo o nível médio de investimento anual ficou próximo a US$ 14.658 milhões.. 3.3. Inflação no México A inflação é uma medida de elevação contínua do nível geral de preços. Na economia, uma taxa de inflação elevada provoca diversas distorções no mercado, pois nem todos os preços sobem a uma mesma taxa, e isso faz com que preços relativos do mercado sejam.

Referências

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