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Mutações do trabalho e empreendedorismo de margem: o caso dos arrumadores de automóveis

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Academic year: 2021

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Ergologia, Trabalho, Desenvolvimentos 162

0XWDo}HVGRWUDEDOKRHHPSUHHQGHGRULVPRGHPDUJHPR caso dos arrumadores28de automóveis

Agostinho SILVESTRE (1) e Luís FERNANDES (2) (1)8QLYHUVLGDGH3RUWXFDOHQVH )DFXOGDGHGH3VLFRORJLDHGH&LrQFLDVGD(GXFDomR8QLYHUVLGDGHGR3RUWR agostinhosilvestre@sapo.pt (2)Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação 8QLYHUVLGDGHGR3RUWR MOOI#ISFHXSSW

2DUJXPHQWRTXHGHVHQYROYHUHPRVDRORQJRGDVSUy[LPDVSi ginas exige um esclarecimento prévio: Por que aproximamos dois REMHWRV TXH WrP VLGR FRQVWUXtGRV SRU FDPSRV GLVWLQWRV" 3RU TXH aproximamos desvio e marginalidade de trabalho, de precariedade e de desemprego?

As relações entre os dois campos são antigas: as práticas ins titucionais que apostavam no trabalho como forma de regeneração GDRFLRVLGDGHHGDYDJDEXQGDJHP²WRPDPRVDTXLRVWHUPRVGD OLQJXDJHPRLWRFHQWLVWD²UHPRQWDPDRSHUtRGRHPTXHRELQ{PLR LQGXVWULDOL]DomRXUEDQL]DomRIRLID]HQGRHPHUJLUDFLGDGHLQGXVWULDO PRGHUQD e EHP FRQKHFLGD D GLFRWRPLD FODVVHV ODERULRVDVFODVVHV perigosas, que se encarregava de mostrar como o desenquadramento da moral do trabalho redundava em desordem. Até mesmo as estra WpJLDVHGXFDWLYDVGLULJLGDVjLQIkQFLDHPSHULJRSHULJRVDWLQKDPQR WUDEDOKRDIRUPDSULYLOHJLDGDGHUHFRQGXomRPRUDOGDVFULDQoDVHMR vens – a casa de correção era, simultaneamente,escola e lugar de tra balho. A Casa Pia de Lisboa, exemplo maior desse tipo de estratégia GLVFLSOLQDUUHPRQWDjVXDIXQGDomRQRV¿QDLVGRVpFXOR;9,,,HR seu modelo correspondia àquilo que Goffman conceitualizou como instituição total (Martins, 2010).

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  Essa relação antiga se inscreveu de tal modo no nosso sistema VRFLDOTXHSRGHPRVLGHQWL¿FDUFRPIDFLOLGDGHMXt]RVGHVHQVRFR mum acerca do modo de controlar toxicodependentes e prostitutas de rua, delinquentes e mendigos: «Andam nessa vida porque não TXHUHPWUDEDOKDUª©6HIRVVHHXTXHPDQGDVVHSXQKDRVDWRGRVD WUDEDOKDUª4XHPQmRRXYLXDLQGDHVVDVIUDVHVHFRDGDVFRPRVHQ tenças de governação que, por qualquer razão incompreensível, os que têm responsabilidades políticas não poriam em prática? E quem não as viu ainda aplicadas a novas categorias como «os do rendi mento social de inserção» ou os «parasitas das prestações sociais»?

Além do rumor social, que condena o desvio e a marginali dade exatamente pelo afastamento que revelariam face ao poder disciplinador do trabalho, existe, de fato, algum tipo de relação SDUWLFXODUHQWUHDPERV"$VSURIXQGDVPXWDo}HVTXHRFRUUHPKRMH QR PHUFDGR GH WUDEDOKR WrP DOJXPD OLJDomR FRP WUDMHWyULDV TXH conduzem os indivíduos para zonas de vulnerabilidade à pobreza, à exclusão, ao desvio, à marginalidade? Eis as questões a que de dicaremos este texto.

$QWHVSRUpPFRPSOHWHPRVDDGYHUWrQFLDLQLFLDOGHVYLRPDU ginalidade e trabalho não são dois polos extremos, duas posições so FLDLVRSRVWDVHQWUHVL8PYHQGHGRUGHGURJDVLOHJDLVTXHWHPQHVVDDWL YLGDGHD~QLFDRFXSDomRHIRUPDGHVREUHYLYrQFLDHVWiWUDEDOKDQGR" 2 QRVVR RUGHQDPHQWR MXUtGLFR GL] TXH HVWi SUDWLFDQGR XP FULPH punível com prisão – mas, na sua lógica pessoal, está trabalhando, FRPRMiGHPRQVWUDPRVHPSHVTXLVDVDQWHULRUHV )HUQDQGHV  uma mulher que angaria clientes na rua e tem relações sexuais com eles numa pensão está trabalhando? Na linguagem do senso comum, WUDWDVH GXPD SURVWLWXWD RUD ROKDGD FRPR YtWLPD GH GHWHUPLQDGDV condições sociais, ora da exploração dum «cafetão», ora como al guém que talvez pudesse trabalhar, mas «prefere aquela vida». Na sua lógica pessoal, muitas dessas mulheres, ao contrário da visão do minante a seu respeito, consideram que realizam um trabalho, como mostram várias investigações, de que destacamos, para o contexto SRUWXJXrVDGH2OLYHLUD  

E um arrumador de automóveis? É um pedinte ou está tra balhando? E se, analisado no seu quotidiano, revelasse uma faceta de empreendedor? Em tempos de celebração do empreendedorismo,

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Ergologia, Trabalho, Desenvolvimentos 

existiria também um empreendedorismo de margem? Procuraremos resposta para essas questões a partir de dois elementos: a análise FUtWLFDGDOLWHUDWXUDTXHWHPSRUREMHWRDVPXWDo}HVHPFXUVRQDHV WUXWXUDHQDVIXQo}HVGRWUDEDOKRRVUHVXOWDGRVGXPDLQYHVWLJDomR HWQRJUi¿FDMXQWRGHDUUXPDGRUHVGHDXWRPyYHLVHP*XLPDUmHVFXMR WUDEDOKRGHFDPSRGHFRUUHXGXUDQWHXPDQRHQWUHH

1. O trabalho na modernidade avançada ou o princípio da inse-gurança do emprego e da normalidade do desemprego

4XDQGR VH FRPSDUD D WUDMHWyULD ODERUDO WtSLFD TXH YLJRURX na maior parte dos países desenvolvidos da Europa, no período que VHFRQYHQFLRQRXGHVLJQDU©WULQWDJORULRVRVª  FRPRV SHUFXUVRVODERUDLVGHXPQ~PHURFUHVFHQWHGRVQRVVRVFRQWHPSRUk neos, resultam importantes indicações sobre as profundas e perma QHQWHV WUDQVIRUPDo}HV UHJLVWUDGDV SHOR WUDEDOKR QRV ~OWLPRV WULQWD anos nas sociedades de capitalismo avançado. Esse é um processo, aliás, que talvez ainda só tenha começado. Ao emprego contínuo, de WHPSRLQWHJUDOHGHGXUDomRLQGH¿QLGDHPTXHDDQWLJXLGDGHQRSRV WRGHWUDEDOKRHUDLQFHQWLYDGDHSUHPLDGDMiGHVLJQDGRGH©HPSUHJR FOiVVLFRªHPXPFLFORGHYLGDODERUDOTXHVHLQLFLDYDFRPR¿PGD formação escolar e terminava com a reforma previamente programa GDHGHSRLVJDUDQWLGD $ORQVR VXFHGHSHORPHQRVFRPRWHQ GrQFLDRHPSUHJRLQWHUPLWHQWHSUHFDUL]DGRGHVFRQWtQXRQRWUDMHWR YLWDOHSUR¿VVLRQDOGRVXMHLWRGHGXUDomROLPLWDGDRXLQFHUWDHFRP EDL[DVUHPXQHUDo}HV2GHVHPSUHJRSHUVLVWHQWHHDSUHFDULHGDGHGR HPSUHJRVHFRQ¿JXUDPDVVLPVLPXOWDQHDPHQWHFRPRUHYHODGRUHV dessas transformações e como os seus efeitos mais visíveis.

Sabemos como são abundantemente debatidas as grandes limi tações dos dados estatísticos recolhidos e construídos com base na categoria desemprego. Esse problema não é exclusivo dessa condição, PDVpSDUWLFXODUPHQWHDJXGRQHODGDGRRVLJQL¿FDGRSROtWLFRTXHOKH pLPHGLDWDPHQWHDVVRFLDGR&RQFRUGDPRVFRP*DXWLp S  TXDQGRD¿UPDTXH© « QXPHURVRVHVWXGRVLQGLFDPTXHRGHVHP prego global, tal como é medido, não pode ser um bom indicador da realidade que ele supostamente representa». Existe, no entanto, con VHQVRHQWUHRVHVSHFLDOLVWDVHWHyULFRVVRFLDLV *RU]2IIH

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  &DVWHO0HGD%HFN%DXPDQ TXDQWRDRIDWR de estarmos assistindo, sobretudo a partir dos anos 80 e com importan WHVSURQXQFLDPHQWRVQDGpFDGDGHGR~OWLPRVpFXORDRDXPHQWRGR Q~PHURGHVLWXDo}HVHGHSHVVRDVVHPWUDEDOKRUHPXQHUDGR

No contexto português e europeu, são vários os estudos e indica dores que dão conta da persistência de taxas de desemprego elevadas. 6LUYDQRVGHH[HPSORRUHODWyULRGHVLVWHPDWL]DomRGRVGDGRVVREUH RPHUFDGRGHWUDEDOKRQD8QLmR(XURSHLDHHP3RUWXJDOQD~OWLPD GpFDGDHODERUDGRSHOR2EVHUYDWyULRGR(PSUHJRH)RUPDomR3UR¿V sional (2011). Esse relatório revela que, nesse período, a taxa média de desemprego em Portugal teve um crescimento quase sistemático, WHQGRSDVVDGRGHHPSDUDHP7DOYH]PDLVVLJ QL¿FDWLYRDLQGDVHMDRIDWRGHRGHVHPSUHJRGHORQJDGXUDomR FRP WHPSRPpGLRGHPHVHV WHUSDVVDGRGHHPSDUD HP6HJXQGRRPHVPRUHODWyULRQD8(WDPEpPVHUHJLVWURX no período em análise, um aumento da taxa média de desemprego, GHHPSDUDHP3RURXWURODGRRVFRQWUDWRV GHGXUDomROLPLWDGDWDPEpPUHJLVWUDUDPXPDVXELGDQRFRQMXQWRGRV SDtVHVGD8(VHQGRHPGHUHSUHVHQWDQGRHP GRHPSUHJRWRWDO(VVDVXELGDIRLSDUWLFXODUPHQWHSURQXQFLDGD HP3RUWXJDOWHQGRSDVVDGRGHHPSDUDHP 4XDQWRjSUHFDULHGDGHGRHPSUHJRHDLQGDTXHVHMDPWDPEpP PXLWDVDVFRQWURYpUVLDVWHyULFDVVREUHHVVHWHPD 2OLYHLUDet al., 2011), a grande maioria das fontes e investigações estatísticas revelam o au PHQWRGRVFRQWUDWRVGHWUDEDOKRGHGXUDomRGHWHUPLQDGDRWUDEDOKRGH WHPSRSDUFLDOLQYROXQWiULRRVGHVLJQDGRVIDOVRVWUDEDOKDGRUHVLQGH SHQGHQWHVHWDPEpPRHPSUHJRFODQGHVWLQR8PHVWXGRTXHDQDOLVRX DHYROXomRGDSUHFDUL]DomRGRHPSUHJRQXPFRQMXQWRGHSDtVHVGD 8QLmR(XURSHLDFRPEDVHQRVGDGRVIRUQHFLGRVSHOR(XURVWDW 2OL veira & Carvalho, 2008), refere que, em que pese algumas diferenças, ©R WUDEDOKR WHPSRUiULR VH WHP JHQHUDOL]DGR QRV ~OWLPRV YLQWH DQRV QRVSDtVHVPHPEURVGD(8ªHTXHRHPSUHJRSUHFiULR QHVVHHVWXGR medido apenas pelo trabalho temporário) se tem instalado «progressi YDHSHUVLVWHQWHPHQWHHPWRGDVDVJHUDo}HVªHPERUDVHMDDGRVPDLV MRYHQV©DPDLVDIHWDGDHPWRGRVRVSDtVHVHXURSHXVª

&RQFOXLVHGHIRUPDPDLVJHUDOTXH©RVPHUFDGRVGHWUDEDOKR na Europa mostram uma mudança estrutural no sentido de uma rede

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¿QLomRGDVUHODo}HVGHHPSUHJRª3DUDDVDXWRUDVLVVRLQGLFLDXPD nova relação salarial que, designam como neoconcorrencial, «na me dida em que todos os países avançam para uma maior liberalização GDVUHODo}HVGHHPSUHJRVHMDSHODOLEHUDOL]DomRGDVGHPLVV}HVLQGL YLGXDLVHRXFROHWLYDVVHMDSHODH[SDQVmRGRWUDEDOKRWHPSRUiULRRX SHODFRPELQDomRGHDPEDVª 2OLYHLUD &DUYDOKRS 

2TXHHVVHVGDGRVVXJHUHPpTXHPHVPRTXHVHDSUHVHQWHP com contornos e dimensões diferenciadas, o desemprego e a preca rização do emprego são problemas persistentes em todas as socieda GHVHXURSHLDV3DUHFHPFRQ¿JXUDUVHDOLiVFRPRHOHPHQWRVHVWUX turais do mercado de trabalho não apenas da Europa, mas também da maioria das sociedades de capitalismo avançado. Estaremos, assim, perante uma situação relativamente nova na história recente do tra balho: DSyVWHUVLGRRSULQFLSDODWUDWRUHFRQ¿JXUDGRUGDYLGDLQGL vidual e coletiva, no que registrou um forte impulso nos anos que se VHJXLUDPj,,*UDQGH*XHUUDDVVLVWLPRVjVXDUDUHIDomR(VWDUHPRV DFDPLQKRGHFRQ¿UPDUDSURIHFLDGHXPDVRFLHGDGHGHWUDEDOKDGR UHVVHPWUDEDOKR $UHQGW "

6HMDSRUUD]}HVGHRUGHPWHFQROyJLFDPLFURRXPDFURHFR Q{PLFDSROtWLFDRXVRFLRFXOWXUDOVHMDFRPRUHVXOWDGRGDVXDFRQ MXJDomR DV VRFLHGDGHV FRQWHPSRUkQHDV GH FDSLWDOLVPR DYDQoDGR parecem dispensar, cada vez mais, o trabalho humano no processo GHSURGXomRGHEHQVHGHVHUYLoRV2TXHDOpPGHRXWUDVFRQVH TXrQFLDVVLJQL¿FDTXHRFUHVFLPHQWRHFRQ{PLFRSRGHMiQmRVHU KRMHDFRQGLomRVX¿FLHQWHSDUDDGLPLQXLomRGRGHVHPSUHJR&RPR VDOLHQWD$ORQVR S ©QRSHUtRGRGR.H\QHVLDQLVPRWULXQ IDQWHFRQKHFHPRVRFUHVFLPHQWRSUy[LPRGRSOHQRHPSUHJRGH pois, nos anos da crise, de desemprego sem crescimento e, desde o início dos anos noventa, conhecemos um período de crescimento sem emprego».

 2OKDQGRRVGDGRVHVWDWtVWLFRVVREUHDWD[DGHYDULDomRGR3,%QD(8HDVXDUHODomR FRPDYDULDomRGRGHVHPSUHJRFRQVWDWDVHTXHSHORPHQRVQRSHUtRGRGHD VHPSUHTXHDWD[DGHFUHVFLPHQWRGR3,%GLPLQXLXFUHVFHXDWD[DGHGHVHPSUHJRPDV R FUHVFLPHQWR GD WD[D UHDO GR 3,% QmR VH WUDGX]LX LPHGLDWDPHQWH QR GHFUpVFLPR GR desemprego. Para que isso possa acontecer, é necessário que o crescimento do produto VHVLWXHDFLPDGRV $OYHV 2PHVPRVHYHUL¿FRXHP3RUWXJDOTXHUHJLVWURX XPDUHFXSHUDomRHFRQ{PLFDQRSHUtRGRGHDWHQGRQRHQWDQWRPDQWLGR nesse período, a tendência de subida da taxa de desemprego.

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  Num contexto econômico e social em que é possível produzir mais com menos trabalho humano, ganha alguma consistência a SHUVSHFWLYDGHQmRKDYHUWUDEDOKRSDUDWRGRV *RU] 2IIH%HFN SHORPHQRVQDIRUPDFRPRRVVHXVWHP pos se encontram socialmente repartidos. No entanto, seria redutor considerar o aumento do desemprego e a tendência para a genera lização da incerteza do emprego como consequência do desenvol vimento das novas tecnologias ou mesmo da crescente racionali ]DomRGDRUJDQL]DomRGRWUDEDOKR2GHVHPSUHJRHDSUHFDULHGDGH não são apenas o resultado dos efeitos colaterais do funcionamento da economia.

Essas e outras características dos mercados de trabalho nas VRFLHGDGHV RFLGHQWDLV FRQWHPSRUkQHDV FRPR D VXD VHJPHQWDomR ou a fragmentação do estatuto do trabalhador (Berger & Piore, 6LOYHVWUH VXUJHPWDPEpPFRPRHVWUDWpJLDGHJHVWmR macroeconômica do trabalho no quadro da globalização neolibe ral. Dito de outro modo, o desemprego poderá constituir um fator QDRUJDQL]DomRHQDJRYHUQDomRGDVSROtWLFDVGHÀH[LELOL]DomRGRV PHUFDGRVODERUDLVHGHFRQWHQomRVDODULDO2UDHVVDVTXHVW}HVMR gam um papel importante nas estratégias de estabilização dos pre ços, necessárias ao cumprimento do imperativo da competitivida de que orienta as economias de capitalismo avançado no contexto dessa forma de globalização.

É possível, portanto, admitir a tese de um «desemprego mí QLPRQHFHVViULRª &RQWHU 1HVVDSHUVSHFWLYDRGHVHPSUH JRQmRVLJQL¿FDDSHQDVDSULYDomRGHHPSUHJRPDVWDPEpPXPD forma de pressão sobre as condições de realização do trabalho com efeitos na desestabilização e precarização dos percursos la borais de muitos trabalhadores, alguns dos quais são relegados à condição de não empregáveis. E, igualmente, todos aqueles que por idade, incapacidade econômica, razões familiares, ausência GHIRUPDomREiVLFDGL¿FXOGDGHVFRJQLWLYDVHWFQmRFRQVHJXHP DFHGHUjRXPDQWHUVHQDIRUPDomRSUR¿VVLRQDOFRQWtQXDRXDFH der ao estatuto de empreendedor (ser empresário de si próprio, na H[SUHVVmRGH%HFN ²DQmRVHUTXHGHFLGDPHPSUHHQGHU nas margens.

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3URFHVVRVGHPDUJLQDOL]DomRDYDQoDGDDH[FOXVmRODERUDO no jogo de múltiplas relegações

Num mercado de trabalho cada vez mais desregulado, pro dutor de incerteza e multiplicador de riscos sociais (Beck, 2002), o desemprego e a precariedade do emprego apresentam, ao mesmo tempo, indícios de forte diferenciação. E, de modo particular, em IXQomRGRJrQHURGRQtYHOGHHVFRODULGDGHHGRJUXSRVRFLRSUR¿V sional. Ainda que se apresente como geral e massivo, o desemprego pWDPEpPGHVLJXDOHVHOHWLYR 0DUXDQL'XEHW 

$VYiULDVDQiOLVHVGHFDUiWHUFLHQWt¿FRRXLQVWLWXFLRQDOVREUH R GHVHPSUHJR QRV SDtVHV GD 8QLmR (XURSHLD UHYHODP TXH HPER ra com algumas oscilações, as taxas de desemprego das mulheres apresentam valores superiores às dos homens. Em Portugal, segundo RUHODWyULRGRREVHUYDWyULRGRHPSUHJRHGDIRUPDomRSUR¿VVLRQDO  QDGpFDGDGHDWD[DGHGHVHPSUHJRFUHVFHX SDUDRVKRPHQVHSDUDDVPXOKHUHV'HPDLVDPDLVQRSHUtRGR em análise, foram os desempregados com um nível de escolarida de inferior ou igual ao terceiro ciclo do ensino básico que registra ram o maior crescimento nas respetivas taxas de desemprego, tendo DXPHQWDGR FHUFD GH  1R ¿QDO GH   GR WRWDO GDV pessoas desempregadas registradas nos centros de emprego tinham DSHQDVRžFLFORGRHQVLQREiVLFR

À luz desses dados, não surpreende que, segundo o relatório TXHHVWDPRVFLWDQGRVHMDQRVJUXSRVSUR¿VVLRQDLVGRVRSHUiULRVDU Wt¿FHVHWUDEDOKDGRUHVVLPLODUHVVHMDQRGRVWUDEDOKDGRUHVQmRTXDOL ¿FDGRVYHUL¿FRXVHRPDLRUDXPHQWRGRQ~PHURGHGHVHPSUHJDGRV QD~OWLPDGpFDGD6HVmRHVVHVRVJUXSRVVRFLRSUR¿VVLRQDLVTXHUH gistram maior incidência de desemprego, são também eles que, por PDLVWHPSRDtSHUPDQHFHP'HIDWRHPGRVGHVHP SUHJDGRVHQFRQWUDYDPVHjSURFXUDGHHPSUHJRKiPDLVGHXPDQR GRVTXDLV PLOSHVVRDV KiPHVHVRXPDLV$SHUFHQ tagem de mulheres em situação de desemprego de longa duração era VXSHULRUjGRVKRPHQVHGHVVHVGHVHPSUHJDGRVSRVVXtDPDWpR terceiro ciclo do ensino básico.

(VWDUHPRV SRLV QXP FRQWH[WR HFRQ{PLFRVRFLDO HP TXH R mercado de trabalho é cada vez mais o centro de produção, repro dução e ampliação de velhas e novas desigualdades. Nessa lógica,

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  VmR GLVSHQVDGRV JUDQGH SDUWH GDTXHOHV WUDEDOKDGRUHV TXH QmR UH~ nem condições, designadamente de capital escolar, para responder às permanentes inovações tecnológicas e à crescente racionalização GDRUJDQL]DomRGRWUDEDOKR&RPRUHIHUH$ORQVR S ©DV novas exigências do mundo laboral transformam muitos produto UHVHPGL¿FLOPHQWHHPSUHJiYHLVª'LWRGHRXWUDIRUPDKRMHPXLWRV WUDEDOKDGRUHVVmRFRQVLGHUDGRVVXSpUÀXRVFRPSRXFDRXQHQKXPD SRVVLELOLGDGH GH UHJUHVVR DR PHUFDGR GH WUDEDOKR 2 TXH UHIRUoD aliás, a condição e aumenta a severidade da pobreza em que muitos GHOHVMiVHHQFRQWUDYDPPHVPRWUDEDOKDQGR

$VPXWDo}HVUHJLVWUDGDVSHORWUDEDOKRQRV~OWLPRVDQRVYLHUDP contribuir para aquilo que Wacquant (2001) designa como «margina lidade avançada». A expressão é simétrica à do «capitalismo avança do», e com ela o autor recobre a série de desinserções e marginalida des que proliferam como consequência dos mecanismos estruturais dessa nova fase do capitalismo. A marginalidade avançada seria tam bém a expressão de uma nova forma de existência da pobreza. No SHUtRGRHQWUHD,,*UDQGH*XHUUDHPHDGRVGRVDQRVVHWHQWDGR~OWLPR VpFXORHODHVWDYD¿[DGDPDMRULWDULDPHQWHHPFRPXQLGDGHVGDFODVVH WUDEDOKDGRUDDFUHGLWDQGRVHSRGHUVHUUHGX]LGDFRPDH[SDQVmRGR PHUFDGRQDVVRFLHGDGHVDWXDLVHODWHQGHDVHUGHORQJDGXUDomR$ primeira razão para o fato é a sua dissociação em relação aos ciclos HFRQ{PLFRV(VVDPDUJLQDOL]DomRHVWiDOpPGLVVRFRQ¿QDGDDEDLUURV UHOHJDGRVQRVTXDLVRLVRODPHQWRHRDF~PXORGHSUREOHPDVVRFLDLVVH alimentam e se reforçam mutuamente. Como refere Dubet,

«o declínio da sociedade salarial acarretou um desloca-PHQWRGDTXHVWmRVRFLDOTXHVHDVVHPHOKDHPYiULRVSRQWRV ao da época da entrada na sociedade industrial, na medida em que o núcleo dos problemas se desloca das fábricas para a cidade, para as periferias ou centros de cidade degradados, onde se concentram os grupos mais frágeis, mais pobres, mais HVWLJPDWL]DGRVª 'XEHWS

$GHPDLVGDVGL¿FXOGDGHVTXHGHFRUUHPGRIXQFLRQDPHQWRGRV mercados de trabalho, o fato de se viver nesses territórios aumenta as GL¿FXOGDGHVGHFRQVHJXLUHPSUHJR /¶+RUW\et al:DFTXDQW  (TXDQGRVHFRQVHJXHWUDWDVHGHWUDEDOKRVSRXFRTXDOL¿

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Ergologia, Trabalho, Desenvolvimentos 

cados e exercidos em condições muito desfavoráveis, além do mais SRUYLDGDGLVFULPLQDomRVDODULDOGHTXHVREUHWXGRRVMRYHQVVmRDOYR (Couppié et al., 2010).

2V WUDEDOKRV TXH HVWXGDP HVSHFLILFDPHQWH DV FRQILJXUD ções do desemprego e da precariedade do emprego nesse tipo de territórios em Portugal são relativamente escassos. Contudo, a simples observação de quem, como um de nós, trabalha há muito tempo com habitantes de bairros de habitação social no Porto, permite admitir que o desemprego é aí superior ao regis trado no país e mesmo na cidade. Além disso, a precariedade GRHPSUHJRDGTXLUHGLPHQV}HVHGLQkPLFDVPXLWRSDUWLFXODUHV as modalidades do trabalho por peça e por dia são cada vez PDLVIUHTXHQWHVQmRDSHQDVSDUDMRYHQVPDVWDPEpPSDUDSHV soas com mais de cinquenta anos, sobretudo mulheres. Não só o trabalho informal, bem como as ocupações ligadas à economia VXEWHUUkQHD DGTXLUHP LPSRUWDQWH H[SUHVVmR R TXH WHP OHYDGR alguns desses bairros a ser apelidados de «bairros das drogas» pela comunicação social.

Num estudo recentemente realizado num dos bairros dos arredores de Lisboa (Silva & Machado, 2010), além de se con firmar que a taxa de desemprego era «cerca de três vezes maior GRTXHDQtYHOQDFLRQDOª S HGHTXH©KiQREDLUURPDLV precariedade laboral do que no país», comparando a situação la ERUDOGRVMRYHQVGHVVHEDLUURFRPDGHRXWURVMRYHQVFRQFOXLVH que «são proporcionalmente muitos mais nas categorias profis sionais mais desqualificadas e muito poucos nas mais qualifica das» (p.201).

(PVtQWHVHQXPDVLWXDomRGH©SHQ~ULDªGHHPSUHJRRIDWRGH se viver num «bairro social degradado» pode condicionar ainda mais QHJDWLYDPHQWHRSHUFXUVRSUR¿VVLRQDOGRVTXHOiKDELWDP9LYHUQHV VHVWHUULWyULRVVLJQL¿FDDOLiVHVWDUIUHTXHQWHPHQWHHPVLWXDomRGH P~OWLSOD UHOHJDomR DWp SRUTXH ©XPD UHOHJDomR UDUDPHQWH YHP Vy fato que lhe confere um caráter especialmente violento» (Fernandes 1HYHVS 2GHVSUH]RSRUHVVDVSRSXODo}HVQmRpFRP efeito, apenas por parte dos empregadores, mas também da polícia, dos tribunais, dos serviços de apoio social (Wacquant, 2001) e dos próprios vizinhos (Dubet, 2001). Como se torna difícil a tarefa de

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  FRQVHJXLUHPSUHJR HPXLWRPDLVFRPSOLFDGRDLQGDPDQWrOR SHOR menos no mercado formal, a saída para muitos dos seus habitantes poderá ser a informalidade do trabalho, ou o trabalho clandestino, de que releva a venda de drogas ilegais.

$QDOLVDUHPRVDVHJXLUXPD¿JXUDTXHHPHUJHSUHFLVDPHQWH em consequência da problemática que desenvolvemos ao longo des ta secção: o arrumador de automóveis. Sendo em si mesmo um ator do trabalho informal,ele tem a particularidade de ser, também, um assíduo cliente dum outro ator do trabalho informal, pois canaliza a maior parte dos seus ganhos para comprar do vendedor de rua do PHUFDGRGHYDUHMRGHGURJDVLOHJDLVRSURGXWRGHTXHQHFHVVLWDSDUD fazer face à sua dependência.

2. Arrumadores de automóveis e trabalho informal

$¿JXUDGRDUUXPDGRUGHDXWRPyYHLVIH]DVXDDSDULomRQDV ruas e praças das grandes cidades portuguesas há cerca de 20 anos. $VXDYLVLELOLGDGHIRLFUHVFHQGRDRORQJRGRVDQRVGDWDQGRGR ¿QDOGHVVDGpFDGDDVSULPHLUDVPHGLGDVPXQLFLSDLVSDUDWHQWDUFRQ trolar a sua proliferação.

2DUUXPDGRUQmRWDUGDULDDDSDUHFHUWDPEpPQDVFLGDGHVPp dias – e foi numa delas que desenvolvemos um trabalho de campo HWQRJUi¿FRGRTXDOH[WUDLUHPRVRVGDGRVTXHQRVOHYDUDPDROKDU SDUDRDUUXPDGRUGHDXWRPyYHLVFRPRXPD¿JXUDGRWUDEDOKRLQIRU mal e para a sua iniciativa de angariar meios de sobrevivência como empreendedorismo de margem.

 1R3RUWRFULRXVHXPDUHVSRVWDVyFLRVDQLWiULDGLULJLGDDRVDUUXPDGRUHVGHDXWRPy YHLVRSURJUDPD+i3RUWR&RQWLJRQR¿QDOGRVDQRV(PDHQWmRUHFpPHOHLWD FROLJDomRGHFHQWURGLUHLWDD¿UPDKDYHUQDFLGDGHFHUFDGHDUUXPDGRUHVHGHFODUD a vontade política da sua «erradicação» (termo utilizado pelo executivo camarário), a bem da restauração da ordem e do combate ao sentimento de insegurança, nascendo o programa Porto Feliz.

 )HUQDQGHVH$UD~MR  $YLGDGR$QGDPHQWRSDUDDGHVFULomRGHWDOKDGDGRVREMH tivos, da metodologia e dos principais resultados dessa investigação, levada a cabo no FHQWURGH*XLPDUmHVQXPHVWXGRVROLFLWDGRH¿QDQFLDGRSHOR'HSDUWDPHQWRGH$omR 6RFLDOGD&kPDUD0XQLFLSDOGH*XLPDUmHVKWWSZZZFPJXLPDUDHVSW¿OHVGRFX PHQWRVSGI

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Ergologia, Trabalho, Desenvolvimentos 

$VGH¿QLo}HVGHVHQVRFRPXPHPWRUQRGRDUUXPDGRUFRQV truídas nas interações diárias nos espaços onde a sua presença era usual, diziam que se tratava dum toxicodependente de rua que lan çava mão de um novo expediente para angariar o dinheiro de que QHFHVVLWDYDSDUDRVHXFRQVXPR2DUUXPDGRUDSDUHFLDSRLVFRPR uma nova modalidade do «agarrado», termo que se foi vulgarizando para designar o adicto às drogas duras, irrompendo num cenário que faria dele o promotor da interface entre toxicodependente e cidadão comum: as ruas da baixa, as zonas comerciais, as imediações de atra WRUHV DXWRPRELOtVWLFRV FRPR KRVSLWDLV WULEXQDLV RX ORMDV GR FLGD dão, eram os espaços que iam sendo apropriados pelos arrumadores, que criavam assim os «parques» – termo com o qual designavam o território que consideravam sob a sua alçada.

A sua presença continuada criaria rapidamente um estereótipo TXHRDVVRFLDYDjVGURJDVHjH[FOXVmRVRFLDO(QFRQWUDPRVQD¿JXUD abaixo uma caricatura desse estereótipo:

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  2 DUUXPDGRU GH DXWRPyYHLV p SRUWDQWR XP QRYR DWRU GD UXDXWLOL]DDFRPROXJDUGHVREUHYLYrQFLDDSURSULDVHGHFHUWDV ]RQDVGRHVSDoRS~EOLFRPRQWDQGRDtDVXDDWLYLGDGH6HWRPDU PRVDUXDQRVHQWLGRTXHOKHGi'HOJDGR SiJ RGH «um cenário predileto para a teatralização de diferentes segmen WRVLGHQWLWiULRVTXHFRPS}HPXPDVRFLHGDGH « XPDHQWLGDGH GLQkPLFDHLQVWiYHOHODERUDGDHUHHODERUDGDFRQVWDQWHPHQWHSHOD prática dos seus utilizadores», podemos dizer que o arrumador de automóveis é também seu criador – porque as margens também criam centro.

2.1 Trajetória

A seguir, vamos nos reportar aos dados do trabalho de cam SRHWQRJUi¿FRQDEDL[DHQRFHQWURKLVWyULFRGH*XLPDUmHVTXH vieram corroborar, no seu essencial, os dum estudo exploratório DQWHULRU UHDOL]DGR QR 3RUWR 0DWLDV H )HUQDQGHV   $ WUD MHWyULD WtSLFD GRV LQGLYtGXRV TXH HQFRQWUDPRV QD UXD FXLGDQGR de automóveis, todos do sexo masculino e na sua maioria entre RV  H RV  DQRV LQFOXL HQWUH DV FDUDFWHUtVWLFDV FHQWUDLV XPD relação longa com drogas (mais de 10 anos em todos eles, em alguns casos mais de 20) e uma relação instável com o trabalho formal: pertencendo ao segmento secundário do mercado laboral, têm entrada às vezes precoce nele, por vezes mesmo antes da ida de legal, consequência do abandono precoce da escola. A baixa escolarização lhe determina um percurso laboral marcado pela execução de tarefas pouco diferenciadas e pela descontinuidade, oscilando entre a desocupação e o trabalho itinerante e precário. 7RPHVHFRPRH[HPSORDSDVVDJHPGDFRQVWUXomRFLYLODXPD WLQWXUDULD GHVWD D XPD WLSRJUD¿D RX GH DoRXJXHLUR D RSHUiULR fabril, da fábrica para a construção civil.

É também comum, entre quase todos, uma situação familiar, tanto da família de origem como da que formaram, marcada por FRQÀLWRVHUXSWXUDV$FRQYHUJrQFLDHQWUHHVVDVFLUFXQVWkQFLDVHD degradação da situação face ao trabalho acaba por ter um desfecho também frequente entre os arrumadores com quem contactamos: a VDtGDGHFDVDVXMHLWDQGRVHjLWLQHUkQFLDGRDORMDPHQWRRVFLODQGR

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entre quartos de pensão, passagem temporária por casas de familia res e, não raramente, a situação de sem abrigo.

À medida que escala na sua dependência química, complica a WUDMHWyULDODERUDOTXHVHWRUQDDLQGDPDLVPDUFDGDSHODVH[SHULrQ cias de curta duração e pela precariedade. Até que o trabalho aparece quase como uma impossibilidade, difícil de se vincular com a rea lidade da síndrome de abstinência e da vida de rua. A abstinência, conhecida como ressaca na gíria de rua, é temida pelo adicto, que tendencialmente organiza todo o seu quotidiano para poder escapar dela. Ser um «ressacado», ou simplesmente um «ressaca», é estar numa espécie de estado identitário que representa um dos graus mais baixos a que chega um «agarrado». A ressaca é, pois, um verdadei ro princípio de ação, marcando a temporalidade e determinando o TXRWLGLDQRGRUHVVDFDGRWRGRHOHRUJDQL]DGRHPIXQomRGHHYLWiOD Para isso, tem de consumir heroína ou base de coca (depende de TXDOVHMDDGURJDQXFOHDUGDVXDGHSHQGrQFLD SDUDFRQVXPLUWHP de comprar, para comprar tem de ter dinheiro. É, nesse ponto, que alguns exibem então o seu lado empreendedor.

2.2 Um empreendedorismo de margem

2WHUPRHPSUHHQGHGRULVPRWHPVHLQVWDODGRQRGLVFXUVRVR cial, constituindo atualmente um daqueles refrões com que se com põem frases nos debates mediáticos e na retórica política. No entan to, ele não é novo. Parece ter surgido no ambiente intelectual francês QRVVpFXORV;9,,H;9,,,GH¿QLQGRVHRHPSUHHQGHGRUFRPRXPD pessoa ousada e atrevida que procurava a exploração de novos meios

 A relativa novidade do arrumador é provavelmente o fator responsável pela quase ine [LVWrQFLDGHLQYHVWLJDomRDVHXUHVSHLWR8PDGDVSRXFDVFDUDFWHUL]Do}HVTXHHQFRQWUD PRVUHDOL]DGDDSDUWLUGRVDUUXPDGRUHVLGHQWL¿FDGRVSHORSURMHWR3RUWR)HOL]GD&kPD UD0XQLFLSDOGR3RUWRHUHODWLYDDpFRQYHUJHQWHFRPRVQRVVRVGDGRV©FHUFDGH pGRVH[RPDVFXOLQRGHVHPSUHJDGDWR[LFRGHSHQGHQWHPpGLDGH LGDGHVVLWXDGDQRVDQRVHFRPRžDQRGHHVFRODULGDGH3DUDFHUFDGHRµDU UXPDUFDUURV¶FRQVLVWHQDSULQFLSDOIRQWHGHUHQGLPHQWRDSUHVHQWDPVHLQIHFWDGRV SHOD+HSDWLWH&HVmRLQIHFWDGRVSHOR9,+ RX+,9 $SUR[LPDGDPHQWHPHWDGHGD DPRVWUDHUD6HPDEULJR  HFHUFDGHD¿UPDQmRID]HUTXDOTXHUUHIHLomR TXHQWHSRUGLDª )RQVHFDLQ&RVWD 

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  econômicos com vista ao progresso social (Gaspar, 2006). No início GRVpFXOR;,;5LFKDUG&DQWLOORQGLVWLQJXHHQWUHRFDSLWDOLVWDTXH é aquele que fornece dinheiro para a atividade econômica, e o em preendedor, que é aquele que é responsável por gerir o investimento do capital (Gaspar, 2006).

É interessante notar como essa distinção entre quem dá e quem JHUH R GLQKHLUR HVWi DLQGD SUHVHQWH QD IRUPD FRPR R ,QVWLWXWR GR (PSUHJRH)RUPDomR3UR¿VVLRQDOFRQFHLWXDDWXDOPHQWHRHPSUHHQ GHGRULVPRDEDQFD DWUDYpVGRVSULQFLSDLVJUXSRV¿QDQFHLURVDSD rece, nos Programas de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego (PAECPE), como mediadora da atividade do empreendedor. Só que agora o empreendedor é procurado entre os DWLQJLGRVSHORFUHVFLPHQWRGRGHVHPSUHJRHQWUHRVMRYHQVVHPIRU mação universitária à procura do primeiro emprego, entre os traba OKDGRUHV LQGHSHQGHQWHV FXMR UHQGLPHQWR PpGLR PHQVDO QR ~OWLPR DQRGHDWLYLGDGHVHMDLQIHULRUjUHWULEXLomRPtQLPDPHQVDOJDUDQWL GD2XVHMDR(VWDGRDFLRQDPHFDQLVPRVSDUDSURPRYHURHPSUHHQ dedorismo para grupos em situação de vulnerabilidade, que é uma ]RQDSHULJRVDPHQWHYL]LQKDGDSREUH]D²VHDQWHVVHDVVRFLDYDR empreendedorismo ao lado expansivo do capitalismo, ele aparece KRMHDVVRFLDGRDRVHXODGRUHWUDWLYR

Se o termo não tem nada de novo, a sua recuperação como categoria central para o atual discurso sociopolítico releva daquilo a TXHMiVHFRQYHQFLRQRXFKDPDULQGLYLGXDOLVPRFRQWHPSRUkQHR1mR pDTXLROXJDUSDUDH[SORUDUDVVXDVYiULDVIDFHWDVGHVGHRGH¿QKD PHQWRGDVOyJLFDVFROHWLYDVHVROLGiULDVjPHGLGDTXHVHD¿UPDRSD SHOGRVXMHLWRFRPRSULQFLSDODXWRUGDVXDWUDMHWyULDDWpDVHFXQGDUL zação das condições estruturais que constrangem os atores em favor GDD¿UPDomRGRVHX GHV PpULWRLQGLYLGXDO1DiUHDGRWUDEDOKRLVVR HTXLYDOHDUHVSRQVDELOL]iORVWDQWRSHODREWHQomRGRHPSUHJRFRPR pelo seu desempenho nele, tanto pela sua perda como pelo tempo que permanecem na situação de desempregados.

 No site R¿FLDO GR ,QVWLWXWR GR (PSUHJR H )RUPDomR 3UR¿VVLRQDO KWWSZZZLHISSW DSRLRVFDQGLGDWRV&ULDFDR(PSUHJR(PSUHVD3DJLQDV$SRLRVB&ULDFDRB(PSUHVDVDVS[  1(³EDQFD´HP3RUWXJDOUHIHUHVHDR&RQMXQWRGH%DQFRVH,QVWLWXLo}HV)LQDQFHLUDV

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Ergologia, Trabalho, Desenvolvimentos 

Em suma, se a consequência mais notada da desregulação é o poder desestruturador que essa desregulação exerce sobre a vida individual e coletiva, ela é também espaço de emergência de outras formas de expressão e organização do trabalho, incentivadas por uma nova vaga de matriz ideológica para a sua revalorização em torno da QRomRGHHPSUHHQGHGRULVPR,QFRUSRUDGDQRGLVFXUVRSROtWLFRFRQ VLGHUiODXPDYLUWXGHDVHUSURPRYLGDRXXPPDODVHUFRPEDWLGRp apenas questão da posição de cada um no espectro ideológico.

Mas, independentemente da ideologia, empreendedorismo VLJQL¿FD LGHQWL¿FDU RSRUWXQLGDGHV H WUDQVIRUPiODV HP QHJyFLR LGHQWL¿FDUQRYRVPpWRGRVHRXPHUFDGRVeRTXHID]RDUUXPDGRU FRP D RULJLQDOLGDGH GH R ID]HU D SDUWLU GXP GHVHQJDMDPHQWR GR trabalho formal e duma posição social desvalorizada e relegada ao ostracismo – um empreendedorismo a partir da margem, portanto. eFRPRVHHOHYLHVVHDGDUFRQWLQXLGDGHjGHVTXDOL¿FDomRGRHP preendedorismo na escala social: começando por ser distintivo de certos empresários e gestores, passa a ser comportamento a que se YHHPFRDJLGRVRVTXHVHHQFRQWUDPQDV¿OHLUDVGRGHVHPSUHJRH acaba nas ruas, como característica daqueles que têm de sobreviver nas margens.

A presença do arrumador de automóveis nos centros ur banos é, pois, marcada pela ambiguidade: está apenas cuidando de carros, interage amigavelmente com o motorista, que chega, TXDQGRDUHODomRpMiGHFRQ¿DQoDDHQWUHJDUOKHDFKDYHGRFDU ro ou a acreditar que vigia o carro. Mas gera também inquietação, FRQWULEXLQGRSDUDDOLPHQWDUDLQWHQVL¿FDomRGRVHQWLPHQWRGHLQ VHJXUDQoDVHMDSHODDVVRFLDomRTXHVHID]FRPDGURJDVHMDSHOR receio das retaliações que exerce sobre o automóvel quando não UHFHEHGLQKHLUR 0DWLDVH)HUQDQGHV   'rVHFRPRH[HPSORR3URMHWRGH5HVROXomR3ROtWLFDDSUHVHQWDGRHP$VVHPEOHLDGD 5HS~EOLFDSHODEDQFDGDGR36'HPPDUoRGHTXH©UHFRPHQGDDR*RYHUQRDSUR PRomRGHLQFHQWLYRVDRHPSUHHQGHGRULVPRMRYHP « FRQVLGHUDQGRTXHRHPSUHHQ GHGRULVPRVHMDQRPRPHQWRSUHVHQWHXPDDODYDQFDXPPHLRHXP¿PSDUDDWLQJLURV REMHWLYRVSUHWHQGLGRVSHORVMRYHQVTXHHQIUHQWDPHVWHTXHpRPDLRUÀDJHORGDDWXDOL GDGHRGHVHPSUHJRª SiJ (VVHSURMHWRGH/HLIRLDSURYDGRSHODPDLRULD36'&'6 FRP DEVWHQomR GR 36 H YRWRV FRQWUD GR 3&3 H GR %( ,Q KWWSZZZSDUODPHQWRSW $FWLYLGDGH3DUODPHQWDU3DJLQDV'HWDOKH,QLFLDWLYDDVS["%,' 

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  eMXVWDPHQWHQRUHFRQKHFLPHQWRGHTXHVHWUDWDGXPD¿JXUD GDGHVRUGHPTXHHPR'HF/HLHVWLSXODTXHRH[HU FtFLRGDDWLYLGDGHGHDUUXPDGRUGHDXWRPyYHLVGHYHUiVHUREMHWRGH regulação municipal, estabelecendo as condições para o respectivo exercício da atividade.

Mas também essa regulamentação legal gera ambiguidade: HPERUDSUHWHQGDOLYUDUDVFLGDGHVGXPD¿JXUDGHHUUkQFLDGHUXD reconhece, simultaneamente, que o exercício da atividade de “arru PDGRU´GHDXWRPyYHLVpXPDSUR¿VVmRFRPRGHFRUUHGDDOtQHDGR DUWLJRžGR'HF/HLTXHGHWHUPLQDTXHHVVHH[HUFtFLR sem licença ou fora do local – zona –, indicado na regulamentação, pSXQLGRFRPPXOWDGHDHXURV«

2DUUXPDGRUGHDXWRPyYHLVFRPR¿JXUDGRWUDEDOKR informal

Cuidar de carros é, então, um trabalho ou simplesmente uma es tratégia para pedir dinheiro na rua? Nas cidades que regulamentaram SRULQLFLDWLYDDXWiUTXLFDRGHFUHWROHLHOHpVLPXOWDQHDPHQWH trabalhador formal e ilegal: formal para os poucos que conseguem a licença de arrumador, ilegal para os muitos que continuam nessa prática nascida espontaneamente nas ruas.

$ UHJXODPHQWDomR OHJDO YHP D¿QDO IRUPDOL]DU FRPR WDQWDV vezes acontece na área do direito, uma situação que se pressentia MiFRPRUHOHYDQGRGRWUDEDOKR$WHQWHPRVQDUHSRUWDJHPTXHRMRU nal $3iJLQDGD(GXFDomRSXEOLFRXQR¿QDOGRVDQRVGRVpFXOR passado com o título Arrumadores de automóveis: histórias de um

esquema paralelo de vida:

‘Arrumar carros é só um desenrasque. Se eu pudesse DUUDQMDURXWURWUDEDOKRGHL[DYDHVWDYLGD¶8QVYrHPDVVLP DVFRLVDV2XWURVDFKDPTXHDUUXPDUFDUURVpµXPDSUR¿VVmR FRPRRXWUDTXDOTXHU¶HTXHQmRJRVWDYDPGHID]HURXWUDFRLVD

 A

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Ergologia, Trabalho, Desenvolvimentos 

$¿QDOFRPRH[SOLFRXR3DXOR&pVDUDQRVFRPOXJDUFD-tivo fronte ao hospital de Santo António, ‘às vezes chega-se DRVFRQWRVSRUPrV¶([DJHURRXQmRRIDWRpTXHXPDV seis horas diárias de trabalho podem render a um arrumador GHDXWRPyYHLVQmRPHQRVGRTXHFRQWRVPHQVDLV&RP XP SRXFR PDLV GH WUDEDOKR FKHJDVH DRV   FRQWRV 8PDYHUGDGHLUDSUR¿VVmRGHµVXFHVVR¶DTXLUHWUDWDGDHPWUrV breves histórias.

Conseguir angariar o mínimo para as necessidades diárias através dum empreendedorismo de margem correspondeu, no caso dos arrumadores, a uma reentrada no circuito da cidade. E é prova velmente por isso que se torna importante, olhado a partir do seu próprio ponto de vista, considerar que se está realizando algo pa recido com um trabalho. Foi o que mostrou a pesquisa de terreno, quando analisamos, em pormenor, aquilo que fazem e como o fazem dia após dia, no seu «parque».

2VGDGRVHPStULFRVPRVWUDPTXHDVXDDWLYLGDGHVHFRQ¿JXUD como um trabalho essencialmente por quatro ordens de razões:

ƒ UD]mRHFRQ{PLFDSRUTXHHODUHPXQHUDDVQHFHVVLGDGHVPtQL mas, permitindo o reestabelecimento duma certa normalidade GRTXRWLGLDQRGHLQGLYtGXRVFXMDVWUDMHWyULDVHVWDYDPHPGH VRUJDQL]DomRDYDQoDGD

ƒ UD]mRH[LVWHQFLDOSRUTXHHODHVWUXWXUDDMRUQDGDGLiULDRUJD nizando o tempo e conferindo assim um sentido à ação. ƒ UD]mRVXEMHWLYDSRUTXHRLQGLYtGXRVHSHUFHEHFRPRWUDED

lhador, mostrando, em muitos casos, responsabilidade pela tarefa e pelo compromisso com o «cliente» e ocupando como que um posto que tem de defender da concorrência.

ƒ UD]mRSUiWLFDSRUTXHQmRUDURRLQGLYtGXRSUHVWDGHIDWRXP VHUYLoRHPERUDGHYDORUGLVFXWtYHO²QRTXHQmRpGLIHUHQWH aliás, de muitos outros trabalhos.

 Para a caracterização das rotinas diárias do trabalho num «parque» remete mos para A vida do Andamento KWWSZZZFPJXLPDUDHVSW¿OHVGR'XPHQ WRVSGI

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Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos  9ROWHPRVSDUD¿QDOL]DUjTXHVWmRFRPTXHDEULPRVHVWDVH ção: cuidar de carros é, então, um trabalho ou simplesmente uma HVWUDWpJLD SDUD SHGLU GLQKHLUR QD UXD" 7DOYH] VHMD DOJR TXH RVFLOD entre ambas as atividades. Mas é, sobretudo, o movimento contrário daquele que mais facilmente reconhecemos, que é o do trabalhador que, por uma série de vicissitudes, entra numa espiral de degradação do vínculo social que acaba no isolamento. Se, em muitos casos, a WUDMHWyULDGXP©UHVVDFDGRªRFRQGX]DWpDXPTXDOTXHUOXJDUXUEDQR onde arruma automóveis, persistir nessa estratégia pode levar a uma «carreira» de arrumador que revela algum poder de readmissão, ain da que não valorizada socialmente, nas atividades diárias duma urbe.

5HIHUrQFLDV%LEOLRJUi¿FDV

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(19)

Ergologia, Trabalho, Desenvolvimentos 180

stratégie européenne pour l´emploi, entre utopie et pragmatisme.

Po-litique européenne, 1, &RVWD(  3RGHU/RFDOH([FOXVmR6RFLDOR3URMHFWR Porto Feliz7HVHGH0HVWUDGR8QLYHUVLGDGHGH$YHLUR$YHLUR &RXSSLp7HWDO  /LHXGHUpVLGHQFHHWGLVFULPLQDWLRQ VDODULDOHOHFDVGHVMHXQHVKDELWDQWVGDQVXQH]RQHXUEDLQHVHQVLEOH eFRQRPLHHWVWDWLVWLTXH 'HOJDGR0  'LVWLQFLyQ\HVWLJPD/RVMyYHQHV\HO HVSDFLRS~EOLFRXUEDQR,Q-7ULOOD-&DVDO&)HL[D0)LJXHUDV $3ODQDV25RPDQL-6DXUDH36ROOHU HGV Jóvenes y espacio

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(20)

Renato Di Ruzza | Marianne Lacomblez | Marta Santos 181 0DUXDQL0  $FWLYLWp3UpFDULWp&K{PDJH7RXMRXUV Plus? 5HYXHGH/2)&(

 0DUWLQV &  $ FDVD SLD GH /LVERD FRPR ,QVWLWXLomR Total e o Governo do Aluno Surdo. (GXFDomR6RFLHGDGHH&XOWXUDV,



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Referências

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