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O impacto do comércio internacional no crescimento económico nos países da União Europeia

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Academic year: 2021

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O impacto do comércio internacional no crescimento económico nos países

da União Europeia

Eduarda Alves dos Reis

Dissertação

Mestrado em Economia e Gestão Internacional

Orientado por

Óscar Afonso

(2)

Agradecimentos

Após o longo percurso de elaboração da presente dissertação, cabe-me agradecer a todos os que, direta e indiretamente, contribuíram para que cumprisse com este objetivo que, apesar de ser um projeto pessoal, não seria concretizável sem o seu apoio.

Começo por agradecer à Faculdade de Economia do Porto, nomeadamente ao corpo docente do Mestrado em Economia e Gestão Internacional por alargar o meu leque de conhecimentos.

Ao Professor Óscar Afonso pela orientação, partilha de conhecimentos e disponibilidade demonstrada.

E claro, à minha família, amigos e colegas de trabalho pelo seu apoio incondicional!

Um especial obrigada às minhas companheiras académicas, Melissa Ferreira e Sara Baptista, por tornarem as intermináveis horas de estudo muito mais fáceis. Em especial a ti, Mel, pelo teu incontestável suporte nesta fase.

“Graduation is not the end, it’s the beginning”

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Resumo

A União Europeia (UE) é uma entidade supranacional que está bastante bem inserida no mercado internacional. São prova disso as elevadas exportações e importações que realiza. Porém, sendo o crescimento económico bastante importante para a prospeção das economias, qual o papel das exportações e importações no mesmo? Tendo a conta a relação ambígua entre as variáveis, o presente estudo utiliza 28 países da UE no período de 1996 até 2017 de forma a entender como o comércio internacional afeta o crescimento dos países pertencentes à UE. Recorrendo ao modelo PMG (Pooled Mean Group estimation) podemos concluir que, de facto, o grau de abertura destes países tem um impacto positivo e significativo no crescimento económico. Porém também outros fatores são extremamente relevantes para o crescimento do país, tais como, educação, desenvolvimento financeiro e qualidade institucional.

Palavras chave: Crescimento económico; comércio internacional; Grau de abertura; União

Europeia.

(4)

Abstract

The European Union (EU) is a supranational entity that is well inserted in the international market, as evidenced by its high export and import levels. However, since economic growth is very important for the prospecting of economies, what is the role of exports and imports in it? Given the ambiguous relationship between the variables, the present study uses data from the 28 EU countries, from 1996 to 2017, in order to understand how international trade affects the growth of these countries. Using the PMG model (Pooled Mean Group Estimation) we conclude that, in fact, the degree of openness of these countries has a positive and significant impact on economic growth, but it’s also needed to take in consideration that there are other factors extremely relevant to the country's growth, such as education, financial development and institutional quality.

Key words: Economic growth; International trade; openness; European Union. JEL Codes: F14; F15.

(5)

Índice

1. Introdução ... 1

2. Revisão de literatura existente ... 3

2.1. Teorias clássicas e neoclássica do comércio internacional ... 3

2.2. Crescimento clássico, neoclássico e endógeno ... 4

2.2.1. Teoria clássica e neoclássica ... 4

2.2.2. Crescimento endógeno ... 5

2.3. Estudos empíricos ... 6

3. Dados e definição de variáveis ... 13

3.1. Variáveis de crescimento e comércio internacional ... 14

3.2. Variáveis de controlo ... 16

3.3. Análise e fonte de dados ... 17

4. Metodologia ... 22

5. Discussão de resultados ... 27

6. Conclusões ... 34

(6)

Índice de Tabelas

Tabela 1- Sumário de estudos realizados para diferentes países e períodos temporais ... 7

Tabela 2- Descrição das variáveis recolhidas ... 13

Tabela 3- Sumário das estatísticas das variáveis ... 18

Tabela 4- Correlações entre variáveis ... 20

Tabela 5- Tipos de estimações com dados dinâmicos em painel ... 23

Tabela 6- Hipóteses do teste de Hausman ... 24

Tabela 7 - Resultados de curto e longo prazo do PMG ... 29

Tabela 8- Resultados de curto prazo por país do PMG ... 31

Tabela 9 -Análise descritiva por país ... 41

Tabela 10-Resultados do teste Im-Pesaran-Shin às raízes unitárias ... 45

(7)

Índice de Figuras

Figura 1- Taxa de crescimento do PIB por país da União europeia ... 15 Figura 2 - Evolução das exportações e importações nos países da União Europeia ... 15

(8)

Abreviaturas usadas

UE – União Europeia PMG - Pooled Mean Group PIB - Produto Interno Bruto R&D -Research and Development VAR - Vector Auto Regression FE- Fixed Effects

VECM - Vector Error Correction Model GMM- Generalized Method of Moment OLS- Ordinary Least Squares

DOLD- Dynamic Ordinary Least Squares GPM- Gallons Per Minute

IDE – Investimento Direto Estrangeiro

ISCED - International Standard Classification of Education FBCF – Formação Bruta de Capital Físico

ADF- Augmented Dickey-Fuller MG – Mean Group

(9)

1. Introdução

Nas últimas décadas, a relação entre o comércio internacional e o crescimento económico tem sido alvo de muitos estudos por parte de economistas que tentam desenvolver teorias e mostrar evidências que interligam as duas variáveis, considerando diferentes países, períodos temporais, modelos e variáveis.

Contudo, apesar do elevado número de trabalhos existentes, as conclusões não são consistentes no que toca a capturar o impacto e a causalidade do comércio no crescimento das economias (Sokolov-Mladenović, Milovančević, & Mladenović, 2017). A grande parte dos estudos feitos para os diferentes países evidenciou uma relação positiva (ver, por exemplo, (Arnold, Javorcik, & Mattoo, 2011; Bahmani-Oskooee & Economidou, 2009; Herzer, 2013; Wacziarg & Welch, 2008), porém existem outros que mostram uma relação insignificante ou até negativa (ver, por exemplo, Schularick & Solomou (2011)).

A razão por detrás destas conclusões contraditórias pode estar no facto de que estes estudos foram realizados para países com caraterísticas diferentes e que por isso, apesar da abertura do país facilitar a difusão tecnológica e as inovações, o benefício daqui retirado dependerá, sempre, da sua capacidade de absorção, a qual está diretamente correlacionada com outras variáveis como o capital humano disponível e a qualidade das instituições nacionais (Lucas, 1988). Além disso, a escolha da metodologia também acaba por ter grande peso na diversidade de resultados, já que nem todos os modelos aplicados são capazes de ultrapassar certas barreiras das bases de dados (Herzer, 2013).

Tendo em conta a complexa ligação entre diferentes países e a contínua globalização, é extremamente importante perceber a conjetura do comércio internacional atual (Zhang, Wang, Liu, & Wang, 2016). A relação entre estas duas variáveis, comércio internacional e crescimento económico, é algo que pesa severamente nas decisões políticas de todos os países, quer na aplicação de instrumentos que influenciam os seus ganhos e crescimento – tais como tarifas, subsídios – quer em potenciais perdas (Krugman, Obstfeld, & Melitz, 2012).

Neste sentido, a presente dissertação tem como objetivo principal avaliar e quantificar o impacto do comércio internacional no crescimento económico, percebendo assim se o comércio internacional influenciou de forma positiva, ou não, o crescimento económico, nos países da União Europeia (UE). Apesar de a relação entre as variáveis ser bastante debatida, até agora, esta relação não foi avaliada em todos os países da UE, sendo

(10)

este o contributo desta investigação. Para isso, recorre-se a dados anuais, desde 1996 até 2017, e ao modelo PMG de forma a perceber esta relação. São aplicados três modelos, já que além de serem utilizados dados do grau de abertura do país como proxy do comércio internacional, como alternativa, também se usou dados das exportações e importações em relação ao PIB.

Em linha com os trabalhos desenvolvidos por Chang & Mendy (2012), Balaguer, Florica, & Ripolle (2015), Pradhan, Arvin, & Norman (2015) e Zahonogo (2017), foi possível concluir que o comércio internacional gera crescimento económico na UE neste período temporal, tanto no curto como no longo prazo. Contudo, existem outros fatores essenciais no crescimento que devem ser acompanhados com as políticas de abertura comercial, como é o caso da estabilidade política e financeira, capital humano e físico e desenvolvimento tecnológico, o mesmo foi revelado por outros autores (Anyanwu, 2014; Chirwa & Odhiambo, 2016; Daumal & Ozyurt, 2011; Kim, Lin, & Suen, 2016; Zahonogo, 2017).

O presente trabalho encontra-se estruturado em cinco secções: na secção 2 é feita uma revisão de literatura sobre o tema, onde são apresentadas as principais teorias que explicam o crescimento económico e o comércio internacional, assim como as principais conclusões de estudos empíricos realizados para outros países. Na seção 3, está a apresentação os dados recolhidos e a sua análise descritiva. Na secção 4, é descrita a metodologia usada. E por fim, na secção 5, são apresentadas as conclusões, limitações e sugestões de investigação futura.

(11)

2. Revisão de literatura existente

A relação entre comércio internacional e crescimento económico tem sido alvo de muitos debates, sendo que ao longo dos últimos dois séculos, procurou-se desenvolver argumentos lógicos para justificar as políticas de comércio e o crescimento económico. Contudo, a tendência dominante era estudar estes dois tópicos separadamente.

Mesmo seguindo caminhos paralelos, as primeiras teorias explicativas dos dois temas foram o suporte para outras, mais recentes, que os relacionam e que evidenciam uma ligação direta entre comércio internacional e crescimento económico, como é o caso da teoria do crescimento endógeno que emergiu nos anos 80 com Romer (1986) e Lucas (1988). Porém, nem os modelos teóricos existentes nem as análises empíricas, conseguiram obter resultados irrevogáveis.

2.1. Teorias clássicas e neoclássica do comércio internacional

As duas teorias primordiais foram propostas por Adam Smith e por David Ricardo, com a explicação das vantagens absolutas e comparativas, respetivamente.

Smith (1776) profere que um país deve especializar-se na produção de produtos para os quais tem vantagem absoluta e então exportá-los (importando os outros produtos). A maior limitação deste modelo é que se um dado país for ineficiente na produção de todos os bens não poderia entrar no comércio internacional, o mesmo aconteceria para um país que fosse mais eficiente.

Posteriormente, Ricardo (1891) veio sustentar que um país tem vantagem comparativa na produção do(s) bem(ns) se o custo de oportunidade de produção, em termos de outros, for menor do que em outros países. E assim, desde que a razão de troca internacional estivesse entre as razões de troca de autarcia, globalmente todos os países ganhariam, apesar da repartição dos ganhos poder ser não equitativa.

Já no início do século 20, surgiram as pesquisas de Heckscher (1949) e Ohlin (1935) que revelam que o trabalho não é o único fator de produção, tem-se desta forma a incorporação do fator capital na função de produção e, para além disto, tem-se também em conta o facto de ambos os fatores existirem com dotações diferentes em países distintos. Para os autores, os padrões de comércio são determinados por estas diferenças de dotação de fatores, ou seja, um país tem vantagem comparativa na produção de produtos que usam intensivamente fatores de produção/recursos que o país tem em abundância.

(12)

Em sequência deste trabalho, surgiram nomeadamente os teoremas de Samuelson (1948, 1949) – o comércio aproxima os preços dos fatores –, e de Rybczynski (1955)– que faz o vínculo entre o comércio internacional e o crescimento económico. Para este autor, o aumento da oferta de um fator conduz ao aumento mais que proporcional da produção do bem que o utiliza intensivamente, e à redução da produção do outro bem (Krugman et al., 2012).

2.2. Crescimento clássico, neoclássico e endógeno

2.2.1. Teoria clássica e neoclássica

Apesar de desatualizada, por considerar a terra como único fator de produção, a teoria Malthusiana deve também ser aqui mencionada já que foi a primeira a tentar explicar o crescimento económico. Muito simplificadamente, era uma doutrina de recursos naturais e não de tecnologia, na qual Malthus defendia que havia um limite máximo de crescimento, imposto pelos limites do fator produção terra, influenciando o crescimento populacional (Malthus, 1986).

Já em meados da década de 1950, a explicação do crescimento tornou-se cada vez mais dominada pelas teorias neoclássicas que combinavam a teoria da alocação de recursos com a teoria da economia em expansão (Dutt, 2017). Inicialmente, foi desenvolvida por Solow (1956), explicando como a poupança e o progresso tecnológico (exógeno) influenciam a taxa de crescimento do produto ao longo do tempo. Como pressupostos assume uma economia fechada e sem governo, onde a população e a poupança têm um crescimento exógeno e constante. Considera dois fatores de produção, capital e trabalho e não apenas a terra como Malthus.

Este modelo foi contruído com base em duas equações essenciais: uma função de produção, com rendimentos constantes à escala, e uma função de acumulação de capital. Dados estes pressupostos, o autor mostra que existe um ponto de equilíbrio de longo prazo da economia, o steady-state, que é atingido, independentemente das condições iniciais. Neste ponto, a economia está em equilíbrio entre stock de capital e crescimento da mão-de-obra e, a menos que aconteça algum choque exógeno, é estável.

Segundo o autor, quanto menor o nível inicial do PIB per capita, em relação à posição de longo prazo, mais rápida será a taxa de crescimento - convergência condicional. Também mostra que economias que têm menos capital por trabalhador (em relação ao seu

(13)

capital de longo prazo por trabalhador) tendem a ter taxas de rendimento e crescimento mais altas(Barro & Sala-i-Martin, 2004).

Mas, neste paradigma, o impacto do comércio na taxa de crescimento de longo prazo apenas pode ocorrer através do progresso tecnológico ou crescimento da força de trabalho, ambos considerados exógenos, visto que o autor não explora as suas determinantes.

2.2.2. Crescimento endógeno

Já no final dos anos 80, surgiram as teorias do crescimento endógeno, cuja principal diferença em relação à teoria neoclássica é a função/papel da tecnologia. Esta nova escola de pensamento explica o progresso tecnológico com base em várias vertentes, como o capital tangível, o capital humano e/ou os gastos em R&D. Sendo que “a principal implicação da teoria do crescimento endógeno é que as políticas que induzem o comércio internacional, a concorrência, a mudança e/ou a inovação promoverão o crescimento económico” (Belloumi, 2014 p.272).

Desta forma, há uma recuperação da tradição clássica, que tinha sido interrompida com a separação neoclássica entre essas duas áreas da teoria.

Aqui é essencial referir o trabalho de Lucas (1988), que adaptou o trabalho de Solow através da introdução do capital humano e do learning-by-doing, com o intuito de obter uma explicação teórica para diferenças entre países nos níveis de rendimento e nas taxas de crescimento. De forma sucinta, defende que o comércio internacional é um fator de crescimento, por possibilitar a integração de economias com diferentes níveis de capital humano e considera que o learning-by-doing é tão importante como a escolarização para a obtenção de capital humano.

Além do capital humano, Lucas (1988) também incorporou as vantagens comparativas. No seu modelo oferece a possibilidade de existirem diferentes rácios de crescimento entre países devido a diferenças que não estão relacionadas com níveis de rendimento. Aqui ao contrário do modelo anterior de Solow, o progresso tecnológico não é exógeno, mas sim explicado pela influência das vantagens comparativas dos diferentes países – mostrando que estes podem beneficiar com o comércio internacional.

Na perspetiva do autor, cada país produz bens para os quais a sua dotação de capital humano opera melhor, sendo que as suas capacidades acumulativas, por fazerem repetidamente dada tarefa, intensificam a sua vantagem comparativa. Assumindo que um país se encontra em autarcia, eventualmente conseguirá especializa-se num dado bem, que

(14)

o levaria a atingir vantagem comparativa em comércio livre. Contudo, como está fechado para o resto do mundo, não lhe servirá nenhum propósito. A abertura comercial permitir-lhe-ia obter mais proveitos.

Além de Lucas (1988), também Romer (1986) derrubou dois pressupostos centrais do modelo neoclássico: as alterações tecnológicas serem exógenas e que as mesmas oportunidades tecnológicas estão disponíveis em todos os países do mundo. O seu modelo assenta em três pilares essenciais: rendimentos crescentes na produção de bens, externalidades e retornos decrescentes na produção de novos conhecimentos.

Ao assumir rendimentos marginais crescentes, e não decrescentes como Solow, Romer (1986) mostra que, em equilíbrio, a produção per capita pode crescer sem limite, possivelmente a uma taxa que está a aumentar com o tempo. Assim, o nível de produção

per capita em diferentes países não precisa de convergir, o crescimento pode ser

persistentemente mais lento nos países menos desenvolvidos e pode até mesmo não ocorrer.

Aqui o investimento no conhecimento sugere uma externalidade natural, ou seja, “evoca que a criação de novos conhecimentos por uma empresa tenha um efeito externo positivo sobre as possibilidades de produção de outras empresas, porque o conhecimento não pode ser perfeitamente patenteado ou mantido em segredo” (Romer, 1986, pp. 1003). E a produção de bens de consumo em função do stock de conhecimento e de outros inputs apresenta rendimentos crescentes.

Também Grossman & Helpman (1990) desenvolveram um modelo dinâmico de comércio e crescimento com dois países, de forma a perceber o papel que o ambiente de comércio externo e as políticas comerciais desempenham na determinação das taxas de crescimento de longo prazo. Consideram que a inovação é a base do crescimento. Sublinham que o comércio externo favorece a difusão e que as economias abertas conseguem alcançar uma base mais amplificada de conhecimentos tecnológicos. E isto permite-lhes reduzir os custos de desenvolvimento de produtos e ainda introduzir mais rapidamente novas variedades de bens (Afonso, 1999).

2.3. Estudos empíricos

Os estudos empíricos existentes, usando técnicas econométricas, são maioritariamente pós anos 60 e acomodam sobretudo pontos de vista associados à teoria neoclássica e ao crescimento endógeno.

(15)

Como se pode constatar pela Tabela 1 abaixo, existe uma volumosa literatura que procurou abordar a relação empírica entre comércio internacional e crescimento das economias, cobrindo diversos aspetos dessa ligação em diferentes países (ou grupos de países). Sendo que a maioria dos estudos concentra-se em países em desenvolvimento (ver por exemplo, Chang & Mendy, 2012; Daumal & Ozyurt, 2011; Gries, Kraft, & Meierrieks, 2009; Tekin, 2012), mas existem também alguns trabalhos focados nos países industrializados (ver por exemplo, Balaguer, Florica, & Ripolle, 2015; Pistoresi & Rinaldi, 2012). Além dos países alvo destes estudos serem diversos, também são analisados diferentes períodos temporais e recorre-se a metodologias distintas.

Tabela 1- Sumário de estudos realizados para diferentes países e períodos temporais Categoria Estudo Países Período variáveis proxy usadas) Modelo (e

(1) Awokuse (2008) Argentina, Colômbia e

Peru 1988–2013

VAR

(PIB; exportações; importações)

(1)

Gries, Kraft, & Meierrieks

(2009)

16 países subsarianos 1964-2004

VAR

(PIB; soma das exportações com as importações sobre o PIB)

(1)

Jenkıns & Katırcıoglu

(2010)

Chipre 1960–2005 VECM

(PIB; importações e exportações)

(1) Daumal &

Ozyurt (2011) Brasil 1989-2002

GMM

(PIB; soma das exportações com as importações sobre o PIB)

(1)

Hassan, Sanchez, & Yu

(2011)

País de baixo, médio e alto rendimento classificados pelo World

Bank

1980–2007

VAR

(PIB; soma das exportações com as importações sobre o PIB)

(1) Tekin (2012) Países menos

desenvolvidos 1970-2009

VAR

(PIB; exportações; IDE)

(1) Shahbaz (2012) Paquistão 1971–2011

VECM

(PIB; exportações; importações; soma das exportações com as importações)

(1) Chang & Mendy

(2012) 36 países africanos 1980 -2012

FE

(PIB; IDE; exportações; importações)

(1)

Balaguer, Florica, & Ripolle (2015)

Espanha 1900–2012 (PIB; exportações e importações) VECM

(1) Pradhan, Arvin,

& Norman Índia

Era dos 1990

VECM

(16)

(2015) sobre o PIB; importações sobre o PIB; soma das exportações com as importações

sobre o PIB)

(1) Zahonogo

(2017) 42 países subsarianos 1980-2012.

PMG

(PIB; exportações sobre o PIB; importações sobre o PIB; soma das exportações com as importações sobre o

PIB)

(2) Pistoresi &

Rinaldi (2012) Itália 1863-2004

VECM

(PIB; exportações sobre o PIB; importações sobre o PIB; soma das exportações com as importações sobre o

PIB)

(2) Herzer (2013) Países de todo o mundo 1960–2008

DOLS

(PIB; soma das exportações com as importações sobre o PIB)

(2) Anyanwu (2014) Países de África 1980-2010

Pooled OLS; GMM (PIB; exportações sobre o PIB; importações sobre o PIB; soma das exportações com as importações sobre o

PIB)

(2) Belloumi (2014) Tunísia 1970-2008

Causalidade de Granger (PIB; IDE; soma das exportações com as

importações sobre o PIB )

(3) Adhikary (2011) Bangladesh 1986-2008

VECM

(soma das exportações com as importações sobre o PIB)

Fonte: Elaboração própria

Apesar de grande parte das análises usar valores do PIB (Produto Interno Bruto) para medir o crescimento económico, as variáveis utilizadas como proxy do comércio internacional variam de autor para autor. Há autores que consideram apenas as exportações (ver, por exemplo, Tekin, 2012), outros as exportações e importações separadamente (ver, por exemplo, Chang & Mendy (2012)) e outros a soma das exportações e importações em relação ao PIB (ver, por exemplo, Shahbaz, 2012; Pradhan, Arvin, & Norman, 2015).

Em muitas destas investigações também se procurou perceber a causalidade da relação entre ambas as variáveis, isto é, tenta-se testar se é o comércio internacional que conduz ao crescimento (Gries, Kraft, & Meierrieks, 2009; Pistoresi & Rinaldi, 2012), ou se é o crescimento económico que leva ao comércio internacional (Shahbaz, 2012), ou se ambos (Awokuse, 2008).

(17)

Embora exista uma ampla literatura empírica sobre a relação do comércio internacional e do crescimento económico, os resultados existentes variam e até por vezes estão em conflito. Podemos dividi-los em três categorias: (1) o comércio internacional tem uma influência positiva no crescimento económico, (2) o comércio internacional não tem influência no crescimento económico e (3) o comércio internacional tem uma influência negativa no crescimento económico.

(1) O comércio internacional afeta positivamente o crescimento económico

Grande parte dos estudos enquadram-se na categoria 1, pois evidenciam uma relação positiva entre ambas as vertentes.

Awokuse (2008) usou as importações e as exportações face ao PIB como indicador de abertura comercial da Argentina, da Colômbia e do Peru, utilizando dados de séries temporais e recorre ao modelo VAR (Vector Auto Regression). Segundo o autor, as exportações podem ser vistas como um condutor chave para o crescimento de três formas: • a procura externa gera mais produção interna o que leva a um aumento do emprego e

do rendimento do setor do bem exportado; por outro lado,

• permite uma alocação mais eficiente de recursos, melhor utilização da capacidade, economias de escala externas à empresa e à melhoria da tecnologia dada a maior competitividade; e

• as exportações podem aumentar as importações de bens intermédios, que aumentam a formação de capital e, assim, estimulam o crescimento da produção. Contudo, apesar de evidenciar que as exportações conduziram ao crescimento económico, mostra que a influência das importações é ainda mais forte nestes países. A principal razão é que as importações permitem obter os inputs para a produção e possibilitam o acesso ao R&D estrangeiro (Balaguer et al., 2015).

Zahonogo (2017) recolheu dados de países africanos no período 1980-2012, e usou três proxies de abertura comercial: importações, exportações, ambas relativamente ao PIB e a soma das importações e exportações relativamente ao PIB. Os seus resultados obtidos do modelo PMG apontam para a presença da Laffer Trade Curve (U-invertido), confirmando que a abertura comercial tem um impacto positivo e significante no crescimento destes países, todavia afirma que há um limite após o qual este efeito começa a diminuir. O que sugere, segundo o autor, que os efeitos não são automáticos e que diferem de acordo com

(18)

o nível de abertura. Aplicado também a países de África, com a mesma conclusão também existem os trabalhos de Gries, Kraft, & Meierrieks (2009) e de Chang & Mendy (2012).

Também há evidências de que a abertura comercial promove o crescimento económico no Paquistão entre 1971 e 2011 na análise de Shahbaz (2012), para a qual se utilizou o modelo VECM (Vector Error Correction Model), com o logaritmo do PIB per capita, as exportações e as importações em percentagem do PIB. Contudo, o autor refere que embora a abertura comercial no Paquistão tenha um impacto positivo no crescimento a longo prazo, para que o comércio tenha de facto um efeito positivo, o país deve focar-se no desenvolvimento financeiro e em formação de capital. Também com o modelo VECM e com as mesmas variáveis, o estudo de Pradhan, Arvin, & Norman (2015) para a Índia, nos anos 90, mostra que há uma relação positiva. Assim como o de Wacziarg & Welch (2008), aplicado a países dos diferentes continentes nos anos 90.

Daumal & Ozyurt (2011) exploraram a relação utilizando os dados de vinte e seis estados brasileiros. Concluíram que existe também um efeito positivo. Porém acrescentam que há um maior impacto nos estados mais industrializados, com mais capital humano.

Igualmente, Jenkıns & Katırcıoglu (2010), mas com dados do Chipre entre 1960 e 2005, mostram que existe uma relação positiva.

Este consenso nos resultados baseia-se no pressuposto de que o comércio cria incentivos económicos que impulsionam a produtividade através de duas dinâmicas: no curto prazo, o comércio reduz a má utilização de recursos; e a longo prazo, facilita a transferência do desenvolvimento tecnológico. Além disso, a liberalização do comércio também pode forçar os governos a reestruturar os seus programas sob a pressão da concorrência internacional, potenciando assim o crescimento (Belloumi, 2014; Rajan & Zingales, 2003). E possibilita ainda que o país se diversifique e fique mais resiliente a choques externos (Karam & Zaki, 2015).

Também conforme Karam & Zaki (2015), a restrição do comércio pode reduzir as oportunidades comerciais, aumentar o custo das matérias primas e limitar as oportunidades laborais. É também provável que limite as escolhas dos consumidores, tendo assim um efeito prejudicial no seu bem-estar.

(2) O comércio internacional não afeta o crescimento económico

Outros estudos evidenciam que a abertura comercial não teve um efeito positivo e significante no crescimento de certos países. Como é o caso dos resultados do modelo

(19)

aplicado por Anyanwu (2014), no período de 1996- 2010, nos países de África. O autor destaca a importância das instituições, das poupanças e investimentos domésticos e do investimento em inovação.

Pistoresi & Rinaldi (2012) evidenciaram em Itália, com o VECM, uma relação muito fraca, o que sugere que as exportações não foram o único ou o principal impulsionador do crescimento económico, como altas taxas de formação de capital e a expansão da procura interna. Também Herzer (2013), que conclui que o comércio tem um efeito estatisticamente significante, mas muito baixo, revelando também que existe heterogeneidade nos efeitos consoante os países, sendo que os efeitos do comércio tendem a ser superiores nos países com um nível de educação mais elevado, com instituições de maior qualidade e maiores níveis de desenvolvimento. Belloumi (2014) através do seu modelo mostra que não existe nenhuma relação de causalidade entre comércio internacional e crescimento na Tunísia de 1970 a 2008, reforçando a ideia de que o comercio internacional não é suficiente.

Particularmente para os países em desenvolvimento, a falta de investimento em capital humano e de um sistema financeiro que funcione bem pode dificultar o crescimento esperado da liberalização do comércio por meio da inovação tecnológica. Para esses países, Kim & Lin (2009) sugerem então uma proteção seletiva.

(3) o comércio internacional afeta negativamente o crescimento económico

Ao contrário dos estudos anteriores, Adhikary (2011) investigou a relação entre o crescimento económico e o comércio, incorporando também o IDE (investimento direto estrangeiro), para o Bangladesh de 1986 a 2008. Os seus resultados mostram a abertura comercial impede o crescimento económico, enquanto o IDE e a formação de capital têm impacto positivo sobre o crescimento económico.

A abertura ao comércio pode reduzir o crescimento de longo prazo se a economia se especializar em setores com desvantagem comparativa. Para essas economias, a proteção seletiva pode promover avanços tecnológicos mais rápidos (Redding, 1999). Também no caso dos países menos desenvolvidos isto pode acontecer já que, devido às restrições tecnológicas e/ou financeiras, estes não têm a capacidade exigida para concorrer com países mais desenvolvidos (Zahonogo, 2017).

Em suma, pode afirmar-se que a relação comércio internacional – crescimento económico é sem dúvida complexa. Apesar de existirem argumentos e conclusões tanto

(20)

favoráveis como contrárias, como vimos acima, a natureza das ligações entre o crescimento económico e comércio internacional ainda é uma área importante de pesquisa para as decisões políticas dos diferentes países (Bhattacharya & Bhattacharya, 2016).

É necessário ter em conta que, apesar de grande parte da literatura concordar que a abertura está, de facto, positivamente relacionada com crescimento, nem todas as reformas comerciais foram tão bem-sucedidas quanto o previsto porque os benefícios do comércio não são automáticos e dependem se a força da vantagem comparativa orienta os recursos da economia para atividades que geram crescimento de longo prazo ou se se afastam de tais atividades. Sendo que políticas, como as medidas destinadas a promover a estabilidade macroeconómica e um clima de investimento favorável, devem acompanhar a abertura comercial (Zahonogo, 2017).

Além disso, apesar de a abertura comercial facilitar a difusão da tecnologia, o R&D e as inovações, tudo depende da capacidade de absorção do país, que será determinada por vários fatores específicos a cada país, tais como o volume de capital humano, qualidade institucional e o desenvolvimento financeiro (ver, por exemplo, Anyanwu, 2014; Chirwa & Odhiambo, 2016; Daumal & Ozyurt, 2011; Kim, Lin, & Suen, 2016; Zahonogo, 2017).

(21)

3. Dados e definição de variáveis

De forma a analisar a relação entre o comércio internacional e o crescimento económico para os 28 países da UE foram recolhidos dados disponíveis nos sites do Eurostat, do World

Bank e do Pordata para um período compreendido entre 1996 e 2017, sendo que todas as

variáveis usadas têm periocidade anual, encontrando-se na Tabela 2 o sumário dos dados recolhidos.

Tabela 2- Descrição das variáveis recolhidas

Variável Fonte Descrição

Relação esperada com crescimento económico Crescimento económico World

Bank Taxa de crescimento do PIB

Exportações World

Bank Exportações em % do PIB (+)

Grau de abertura World

Bank

Rácio entre soma de exportações e importações em %

do PIB (+)

Importações World

Bank Importações em % do PIB (+)

Logaritmo do PIB (-1)

World

Bank Logaritmo do PIB no ano anterior (-)

Inflação World

Bank Inflação (preços do consumidor - % anual) (-)

Capital humano Pordata secundário (ISCED 3 ou mais) em % da população População que completou pelo menos o ensino

entre os 25 e os 64 anos (+)

Formação bruta de

capital fixo Pordata

Formação bruta de capital fixo (em % do PIB), inclui compra de máquinas e esquipamentos; e a construção

de estradas, ferrovias e afins, incluindo escolas, escritórios, hospitais, residências privadas e prédios

comerciais/ industriais

(+)

Desenvolvimento financeiro

World

Bank Poupança interna bruta (em % do PIB) (+)

Qualidade institucional

World Bank

Eficácia governamental que capta as perceções da qualidade dos serviços públicos, a qualidade do serviço

civil e o grau de sua independência das pressões políticas, a qualidade da formulação e implementação

de políticas e a credibilidade do compromisso do governo com tais políticas.

Corresponde a uma estimativa em unidades de uma distribuição normal padrão, variando de -2,5 a 2,5, em

que -2,5 representa baixa qualidade institucional e 2,5 alta qualidade.

(22)

3.1. Variáveis de crescimento e comércio internacional

Tendo por base a análise de estudos anteriores, pode-se concluir que as proxis mais recorrentes para o crescimento económico são o PIB per capita ou a sua taxa de crescimento e, para representar o comércio internacional, é usual o uso do grau de abertura comercial (como soma das exportações e importações dividida pelo PIB), das exportações e/ou das importações (Belloumi, 2014; Hassan, Sanchez, & Yu, 2011; Lee, 2010; Pradhan et al., 2015). De tal forma, nesta investigação adotou-se essas mesmas variáveis.

Numa fase inicial, optou-se por atentar a evolução ao longo do período em análise da taxa de crescimento do PIB dos 28 países da UE, assim como das exportações e importações, em percentagem do PIB.

É possível observar alguma divergência no que toca à taxa de crescimento do PIB entre os diferentes países, tal como evidenciado na Figura 1, sendo que para alguns manteve-se mais ou menos estável (como, por exemplo, na Áustria e na Bélgica) e para outros apresentou oscilações significativas (como, por exemplo, na Letónia e na Lituânia). Tal como dito anteriormente, isto dever-se-á ao facto de nem todos os países terem aderido à UE na mesma altura, os países de leste apenas aderiram em 2004 e, por isso, sofrerem do cath-up effect.

Relativamente à evolução das exportações e importações nestes países (Figura 2) verifica-se que ambas as variáveis apresentam uma evolução estável e conjunta ao longo do tempo, sem grandes oscilações, à exceção de Luxemburgo e de Malta, sendo que o primeiro é o país onde se verifica uma maior diferença entre as importações e as exportações, sendo estas últimas sempre superiores. De notar que existem países em que as exportações são superiores às importações (como é o caso da Irlanda, do Luxemburgo e da Holanda) e outros em que se verifica o contrário (por exemplo, Grécia, Hungria, Letónia, Portugal e Roménia).

Conferimos assim que, à primeira vista, apesar de muitas vezes a UE ser vista como um todo mais ou menos homogéneo, os países que a incorporam são bastante diferentes no comércio internacional e que crescem a taxas muito díspares. Observa-se que a taxa de crescimento do PIB decresce drasticamente em quase todos os países durante a crise global de 2008-2010, tal como seria de esperar. Apesar disso, é esperada uma relação de longo prazo positiva entre a taxa de crescimento do PIB e o logaritmo do grau de abertura, das exportações e das em importações, uma vez que grande parte dos estudos aponta nesta direção.

(23)

Figura 1- Taxa de crescimento do PIB por país da União europeia

Figura 2 - Evolução das exportações e importações nos países da União Europeia

Fonte: Elaboração própria com base nos dados recolhidos do World Bank (resultados obtidos a partir do STATA)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados recolhidos do World Bank (resultados obtidos a partir do STATA

(24)

Note-se que para a aplicação do modelo, usou-se logaritmo das variáveis representantes do comércio internacional, seguindo Zahonogo (2017).

3.2. Variáveis de controlo

Como já foi exposto, o comércio internacional por si só pode não ser suficiente para potenciar crescimento económico. Os seus efeitos na economia vão depender muito de fatores específicos de cada país, pelo que é imperativo completar esta investigação com variáveis de controlo, de forma a obter uma análise mais completa.

Como vimos na revisão de literatura, segundo a teoria clássica, a produtividade do trabalho é considerada um fator exógeno e o efeito benéfico de fatores como: a educação e a inovação (elementos do capital humano); o comércio internacional e a estabilidade política sobre o potencial crescimento da produtividade não é levado em consideração. Porém, mais tarde, percebeu-se que esta linha de pensamento não era completa e passaram a ser tidos em conta esses aspetos no crescimento económico de longo prazo (Pelinescu, 2015).

O capital humano foi definido por Schultz (1961) e Becker (1962) como o conjunto de conhecimentos e competências que são adquiridas ao longo do tempo por meio de educação e /ou experiência. Este é muitas vezes identificado como um determinante de crescimento económico, tendo um papel muito importante no progresso tecnológico dos países. A razão principal prende-se com o facto de que os indivíduos com níveis de educação mais altos são mais produtivos e inovadores e, por isso, levam à criação de novos e melhores produtos (Romer, 1994). De tal forma, a educação tem sido a proxy de capital humano mais frequentemente usada em estudos empíricos. Assim, seguindo a tendência da literatura, recolheram-se dados da percentagem da população com o ensino secundário entre os 25 e os 64 anos, esperando-se que esta variável tenha uma relação positiva com o PIB per capita, tal como se observa em outros trabalhos (Nowak & Dahal, 2016; Ogundari & Awokuse, 2018; Zahonogo, 2017).

Também foi referenciado em alguns testes empíricos que o desenvolvimento tecnológico pode ser um fator chave na justificação para que o comércio internacional não apresente impacto positivo no crescimento de certos países. Segundo alguns autores, os países menos desenvolvidos não têm a capacidade tecnológica exigida para concorrer com os desenvolvidos (Herzer, 2013; D. Kim & Lin, 2009; Zahonogo, 2017). De forma a representar esta ótica, foram recolhidos dados da formação bruta de capital fixo (em % do

(25)

PIB), inclui compra de máquinas e equipamentos; e a construção de estradas, ferrovias e afins, incluindo escolas, escritórios, hospitais, residências privadas e prédios comerciais/ industriais.

A qualidade das instituições desempenha, do mesmo modo, um papel muito relevante no fornecimento de informações importantes às empresas para as decisões de investimento, gerando relações de confiança com o país e, assim, contribuindo para o crescimento económico. Desta forma, esta vertente foi representada por uma estimativa em unidades de uma distribuição normal padrão, variando de -2,5 (baixa qualidade institucional) a 2,5 (alta qualidade institucional), que capta as perceções da qualidade dos serviços públicos, a qualidade do serviço civil e o grau de sua independência das pressões políticas, a qualidade da formulação e implementação de políticas e a credibilidade do compromisso do governo com tais políticas.

Além da qualidade das instituições, também o desenvolvimento financeiro de cada país é crucial na construção de relações de confiança dentro e fora do país e, como proxy para esta variável foram usados valores da poupança interna bruta em percentagem do PIB, seguindo a escolha de Hassan et al. (2011).

Igualmente é necessário ter em conta alguns aspetos macroeconómicos. Para isso recolheu-se dados da inflação, esperando-se que no longo prazo haja uma relação negativa, pois a inflação pode diminuir a competitividade internacional e, consequentemente, a exportação. No longo passo, isso pode afetar negativamente a dinâmica de uma dada economia. Contudo, no curto prazo, é difícil prever, já que esta tende a ser específica do país e depende das principais características dos processos inflacionários, como o nível de inflação, sua variabilidade ou a principais fontes de pressão inflacionária (Mihaela, Kornélia, Gabriela, Kamil, & P, 2017).

Como os países se encontram em steady states diferentes e, por isso, o crescimento económico nos países mais ricos é mais lento que nos mais pobres, de forma a controlar a convergência, optou-se por usar como variável explicativa o logaritmo do PIB relativo ao ano anterior, tal como fez Zahonogo (2017). É esperado um coeficiente com sinal negativo para esta variável.

3.3. Análise e fonte de dados

Previamente, começou-se por fazer uma breve análise descritiva de todos os dados recolhidos através do STATA, sumariada na Tabela 3 abaixo (a análise por país encontra-se

(26)

na Tabela 9 em anexos), sendo que estes se encontram num painel fortemente equilibrado (strongly balanced), segundo este software. É de realçar que algumas variáveis apresentam menos observações pois não existem dados para os primeiros anos da amostra em determinados países analisados.

Tabela 3- Sumário das estatísticas das variáveis

Média Desvio padrão Mínimo Máximo Observações

CRESPIB 2.655 3.477 -14.814 25.117 N=616 T=22 LOGPIB (-1) 11.282 0.699 9.784 12.595 N=616 T=22 LNGA 4.588 0.478 3.624 6.032 N=644 T=22 LNEXP 3.888 0.512 2.659 5.415 N=644 T=22 LNIMP 3.896 0.456 2.956 5.255 N=644 T=22 FBCF 22.292 4.084 4.500 37.300 N=616 T=22 EDU 71.904 16.696 17.800 94.800 N=578 T=21 GOV 1.141 0.633 -0.569 2.354 N=616 T=22 INFLA 5.362 43.490 -4.478 1058.374 N=532 T=19 DFIN 24.124 7.856 8.331 55.975 N=616 T=22

Fonte: Elaboração própria com base nos dados recolhidos

Verifica-se que a taxa de crescimento do PIB (CRESPIB) nos países em análise oscilou entre cerca de -15% e 25%, apresentando uma taxa de crescimento média positiva de 2,7%. Isto torna-se o reflexo do período temporal utilizado, visto que no início do período temporal considerado para esta investigação alguns países ainda não pertenciam à UE, apenas aderiram mais tarde. O logaritmo do PIB relativo ao ano anterior (LOGPIB(-1)) apresenta um desvio padrão baixo e uma média de 11%. No que toca à média do logaritmo das exportações (LNEXP) e importações (LNIMP), esta é muito semelhante e ronda os 4%. Sendo esta superior no logaritmo do grau da abertura (LNGA), que tem em conta as duas anteriores, 4,6%.

(27)

A inflação (INFLA) é a variável que apresenta um desvio padrão superior, com valores máximos a rondar os 1058%, na Bulgária em 1997. Contudo, o seu valor médio é de 5%. Mais uma vez é importante ter em consideração o período temporal utilizado e, o facto de nem todos os países serem aderentes da União Monetária, o que influencia o valor médio desta variável, visto que o target para o Banco Central Europeu é de 2%. Além da inflação, a educação (EDU) também exibe um desvio padrão elevado, já que existe um grande contraste: há países em que grande parte da população completou pelo menos o ensino secundário, principalmente nos últimos anos da análise; contudo, existem períodos em alguns países em que apenas cerca de 20% da população completou o secundário. Ao longo dos 23 anos em análise os três países que apresentam uma média mais elevada da percentagem da população que frequentou pelo menos o secundário são a Suécia (80%), a Alemanha (80%) e a Dinamarca (79%), enquanto que a Malta (25%), Portugal (30%) e Espanha (47%) têm os valores mais baixos, sendo que os valores mais elevados são referentes aos anos mais recentes, como seria de esperar.

A formação bruta de capital fixo (FBCF) apresenta um valor médio entre os 28 países de 22%, cujo máximo é de 37%, em 2008 na Roménia, e o mínimo é de 5%, em 1996 na Bulgária. Ao longo dos 23 anos os três países com maior média são a Republica Checa (28%), a Estónia (28%) e a Eslováquia (26%). Os valores médios mais baixos pertencem à Grécia (20%), a Itália (20%) e ao Reino Unido (17%).

Estes dados permitem pressupor que existe uma grande discrepância entre os países da UE no que toca ao investimento de vias de comunicação, edifícios públicos, como escolas e hospitais, e até incentivo de desenvolvimento de indústrias. Isto poderá trazer consequências a nível do crescimento económico, visto que não existem infraestruturas capazes de proporcionar as condições adequadas à população para enredar em atividades de inovação e condições de trabalho adequadas. Contudo, note-se que, esta divergência tem vindo a diminuir ao longo dos anos em análise.

Para representar o desenvolvimento financeiro (DFIN), a variável escolhida foi a poupança interna bruta em relação ao PIB, que tem como valor máximo 55% (na Irlanda em 2017) e mínimo 8% (em 2011 na Grécia), mais uma vez podemos verificar que também aqui existe uma grande disparidade entre membros.

No que toca à eficácia governamental (GOV), que tem em conta a implementação de políticas e credibilidade do governo, verifica-se que alguns países apresentam valores de estimativa negativos, como é o caso da Bulgária e da Roménia, sendo que a última

(28)

apresenta valores negativos em todo o período em análise. Todos os outros países apresentam sempre valores positivos. Esta variável tem bastante importância, pois tal como referido no capítulo 2 a qualidade das instituições têm um grande impacto no crescimento económico.

De seguida, estudou-se a correlação entre as demais variáveis (Tabela 4). Como seria se esperar o logaritmo do grau de abertura, das exportações e das importações apresentam uma correlação positiva com o crescimento do PIB, sendo um indício da relação positiva das 3 variáveis com o crescimento económico. O mesmo acontece com a formação bruta de capital fixo e com o desenvolvimento financeiro, pois mais investimento ajuda os países na sua capacidade produtiva e capacidade de competitividade externa. Por outro lado, a inflação expõe uma relação negativa com o crescimento, o que também não gera surpresas.

Tabela 4- Correlações entre variáveis

C RE SP IB LO G PI B (-1) LN G A LN EX P LN IM P FBCF ED U GO V IN F L A DF IN CRESPIB 1 LOGPIB(-1) -0.190 1 LNGA 0.186 -0.604 1 LNEXP 0.162 -0.536 0.991 1 LNIMP 0.206 -0.664 0.990 0.962 1 FBCF 0.258 -0.163 -0.030 -0.082 0.024 1 EDU -0.030 -0.038 0.076 0.095 0.056 0.122 1 GOV -0.128 0.444 -0.031 0.051 -0.117 -0.149 0.006 1 INFLA -0.028 -0.105 -0.112 -0.142 -0.079 0.101 -0.075 -0.314 1 DFIN 0.067 0.081 0.390 0.451 0.317 0.187 0.148 0.466 -0.146 1

Fonte: Cálculo próprio a partir do STATA com base nos dados recolhidos

Contudo, no caso da relação da educação com o crescimento do PIB, era espectável que esta fosse positiva, já que quanto maior o nível de escolaridade for, melhores serão as condições que terá o país para conseguir inovar e, consequentemente, conseguir crescer a nível económico. Outro aspeto curioso é a correlação da formação bruta de capital fixo com o comércio internacional, pois verificamos que é negativa com o grau de abertura. Sendo apenas positiva com as importações. Ou seja, parece que quanto mais um país investe em equipamentos, em vias de comunicação, edifícios para as mais variadas

(29)

funcionalidades como escolas, hospitais e/ou comércio, menos necessita de recorrer ao mercado externo, apenas necessita de inputs (importações) para atingir este fim.

(30)

4. Metodologia

Em análises com vários países e para um longo período temporal a não-estacionariedade é uma preocupação, pelo que de forma a quantificar o impacto do comércio internacional no crescimento económico dos países da União Europeia, primeiramente foi necessário testar as raízes unitárias, ou seja, verificar se as variáveis flutuam em torno de um nível. Para tal optou-se por recorrer ao teste de Im-pesaran-Shin com as suas duas vertentes - trend que inclui a tendência temporal e demean que assume que a série tem uma média zero para todo o painel. Este teste é baseado no Augmented Dickey-Fuller test (ADF). Porém, é utilizado em dados em painel, visto que combina informações temporais com dimensões cross section, de modo a que seja possível o teste possuir poder explicativo mesmo com poucas observações temporais (Im, Pesaran, & Shin, 2003). O teste Im-pesaran-Shin tem como hipótese nula a presença de raízes unitárias.

O próximo passo consistiu em escolher o número ótimo de lags para cada variável. O teste aos lags é de extrema importância nesta análise, uma vez que avalia o impacto de eventos passados na situação atual. Para determinar a ordem máxima de desfasamento existem vários métodos, todos eles baseados na fixação de um valor máximo inicial. O método utilizado foi escolher o número de lags mais comum nos 28 países para cada variável, sendo 2 o número máximo escolhido, por serem dados anuais e tentar perder o mínimo número possível de observações.

Grande parte dos trabalhos que estudam a relação entre estas duas vertentes, opta por analisar a causalidade entre ambas, ou seja, utilizam métodos de interdependência, cuja função é capturar a interdependência linear entre séries temporais, não havendo necessidade de identificar variáveis explicadas e explicativas, pelo facto de estarem todas autocorrelacionadas. Este tipo de estudos utiliza assim modelos como o VAR (Vector Auto

Regression) ou VECM (Vector Error Correction Model ) (ver, por exemplo, Hassan et al., 2011;

Lean & Tan, 2011; Pradhan et al., 2015; Shahbaz, 2012; Tekin, 2012).

Contudo, nos últimos anos, a disponibilidade de dados com períodos mais alargados permitiu o surgimento de novas técnicas de análise de dados em painel dinâmicos, já que é possível obter um grande número de observações transversais (N) e de observações de séries temporais (T), permitindo até que cada país possa ser estimado separadamente, tal como se irá proceder.

Quando numa análise o T é pequeno, geralmente recorre-se a estimadores de efeitos fixos (FE), onde é assumida a homogeneidade dos parâmetros, o que pode produzir

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resultados erróneos. Já em análises com vários países e para um longo período temporal, como o caso desta, (Pesaran, Shin, & Smith, 1999) oferecem duas novas técnicas para estimar painéis dinâmicos não estacionários em que os parâmetros são heterogêneos entre os grupos: MG (Mean Group) e PMG (Pooled Mean Group). O estimador de MG baseia-se na estimação de regressões de séries temporais N e na média dos coeficientes, enquanto o estimador PMG baseia-se em uma combinação de agrupamento e média de coeficientes (Pesaran et al., 1999).

Tabela 5- Tipos de estimações com dados dinâmicos em painel

Estimações com dados dinâmicos em painel

FE MG PMG N grande T é pequeno N grande T grande N grande T grande Homogeneidade dos parâmetros Heterogeneidade dos parâmetros

entre grupos

Heterogeneidade dos parâmetros entre grupos

Os dados de séries temporais de cada grupo são agrupados e apenas as constantes podem

variar entre os grupos.

O modelo é ajustado separadamente para cada grupo, e uma média aritmética simples dos coeficientes é calculada. Com este

estimador, as constantes, os coeficientes de declive e as variâncias de erro podem variar

entre os grupos.

Combina o agrupamento e a média: permite que a constante, os coeficientes de curto prazo e

as variâncias de erro sejam diferentes entre os grupos (como

seria o estimador de MG), mas restringe os coeficientes de longo

prazo a serem iguais entre os grupos (como faria o estimador

FE) Se os coeficientes de declive não

são, de fato, idênticos, então a abordagem FE produz resultados

inconsistentes e potencialmente enganosos.

Apesar dos estimadores de longo prazo serem consistentes, não são eficientes se há homogeneidade

entre coeficientes

Providencia estimadores de longo prazo eficientes e consistentes, mesmo com homogeneidade de

parâmetros Fonte: Elaboração própria

Tendo em conta o descrito, o modelo FE não é favorável e o PMG parece ser o mais acertado, já que providencia estimadores de longo prazo eficientes e consistentes, mesmo que haja homogeneidade de parâmetros (Zahonogo, 2017). Contudo, foi realizado o teste de Hausman para perceber qual seria o mais conveniente, MG ou PMG. De acordo com Hausman (1978) este teste pode ser usado quando na hipótese nula (H0) um dos modelos

comparados tem coeficientes consistentes e eficientes e o outro modelo coeficientes consistentes mas não eficientes. E com hipótese alternativa (H1) o primeiro modelo tem de

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Tabela 6- Hipóteses do teste de Hausman

Coeficiente A Coeficiente B

H0 Consistente e eficiente Consistente

H1 Inconsistente Consistente

Fonte: Adaptação de Aït-sahalia & Xiu (2019)

Assim, definem-se as hipótese dos teste como segue:

• H0 : O melhor modelo é o MG. Não existe correlação entre o termo de perturbação

e as variáveis independentes dos dados em painel; e

• H1 : O melhor modelo é o PMG. A correlação entre o termo de perturbação e as

variáveis independentes dos dados em painel é estatisticamente significante. A estatística do teste é calculada da seguinte forma:

! = ($%& − $(%&)′ − [,-.($%&) − ,-.($(%&)]01($%& − $(%&)

Em que $%& e $(%& são os vetores dos coeficientes estimados do MG e PMG, respetivamente. Segue uma distribuição 23(4), em que os graus de liberdade k são iguais ao número de fatores. Sendo que se rejeita a hipótese nula se a estatística do teste Hausman obtida for superior ao valor crítico (5%), ou seja, PMG seria o melhor modelo nesse caso.

Note-se que dado que a literatura utilizou como proxy ao comércio internacional não só a soma das exportações com a importações sobre o PIB, como também as exportações e importações em relação ao PIB, decidiu-se então também usar as três variáveis, mas em três modelos diferentes, de forma a evitar possíveis problemas de multicolineariedade devido a existir uma relação linear entre as importações e exportações e entre a abertura comercial.

Assim, através do teste de Hausman, e para um intervalo de confiança de 5% concluímos que o PMG é, efetivamente, o modelo mais adequado tendo em conta três modelos (t-statistic 0.990, 0.996 e 0.989, para o modelo 1, 2 e 3, respetivamente).

Serão então analisados 28 grupos e 22 períodos através do modelo ARDL (autoregressive distributed lag), de tal forma que ARDL (p, q, q, q, q, q, q, q, q, q). Após a escolha do número ótimo de lags podemos definir o modelo ARDL da seguinte forma:

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567 = 8 96,70;<6,70;+ 8 >6;? @ 6,70;+ A ;BC D ;B1 E6+ F67

onde 567 representa o crescimento do PIB; X representa o vetor de variáveis explicativas,

sendo estas o grau de abertura, as exportações e as importações em relação ao PIB, o logaritmo do PIB relativo ao ano anterior, a formação bruta de capital fixo, a educação, a inflação, a qualidade institucional e o desenvolvimento financeiro; E é a representação dos efeitos fixos e F é o termo de perturbação.

De forma a ter em conta as 3 variáveis usadas como proxy na literatura para o comércio internacional teremos 3 modelos em que o vetor X contém apenas uma das três variáveis em causa, tal que:

1. Comércio internacional definido como Grau de abertura ARDL (1, 2, 2, 1, 0, 1, 1, 0)

2. Comércio internacional definido como Exportações (% do PIB) ARDL (1, 2, 2, 1, 0, 1, 1, 0)

3. Comércio internacional definido como Importações (% do PIB) ARDL (1, 2, 2, 1, 0, 1, 1, 0)

Efetuando a reparametrização do modelo em error-correction form do modelo PMG ficamos com: ∆567 = H6I56,701− J6?@ 67K + 8 96;∗ ∆56,701+ 8 >6;?∗ A01 ;BC D01 ;B1 ∆@6,70;+ E6 + M67

em que H6 é a velocidade de ajustamento. Caso este parâmetro seja igual a zero, poder-se-á dizer que não há evidencia de relação de longo prazo. Espera-se, assim, que este parâmetro seja significativo e negativo, devido ao pressuposto de que as variáveis mostram um retorno ao equilíbrio de longo prazo. Para além disto, o vetor J6? contém a relação de longo prazo entre as variáveis.

Apenas após a análise de raízes estacionárias e número ótimo de lags é que foi possível realizar a estimação PMG. Assim, obtiveram-se resultados relativos ao impacto do comércio internacional no crescimento económico no longo prazo e no curto prazo, sendo que no longo os coeficientes serão comuns para todos os países, enquanto que no curto é possível fazer a análise país a país.

Como já foi exposto, vários autores não medem apenas o impacto do comércio internacional no crescimento como também estudam a causalidade de ambas as variáveis.

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Assim, após quantificar o impacto do comércio internacional no crescimento económico também se recorreu ao teste de causalidade de Granger para verificar se também na UE a relação tem duplo sentido.

Granger (1969) desenvolveu então um teste que permite analisar as relações causais entre as séries temporais. Ou seja, considerando xt e yt, este consegue testar se os valores

anteriores de x preveem significativamente do valor atual de y. O mesmo pode ser testado para x. como segue:

<7 = N + 8 OP570P Q PB1 + 8 $PR70P Q PB1 + F7

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5. Discussão de resultados

Como descrito anteriormente na seção da metodologia, começou-se por realizar o teste às raízes unitárias e de seguida à obtenção do número ótimo de lags.

O teste de Im-pesaran-Shin (Tabela 10 em anexos) mostra que a taxa de crescimento do PIB, o logaritmo do grau de abertura, das exportações em relação ao PIB, das importações em relação ao PIB são variáveis estacionarias, assim como a formação bruta de capital fixo em relação ao PIB, a educação e a inflação. Contudo, para o logaritmo do PIB do ano anterior, a eficácia governamental e o desenvolvimento financeiro foi necessário recorrer às primeiras diferenças para eliminar as raízes unitárias. Após a sua eliminação, com nível de significância de 5%, rejeita-se a hipótese nula, ou seja, conclui-se pela estacionariedade dos dados em análise, o que configura viabilidade para prosseguir com o teste.

Após este passo, obteve-se então o número de termos de lags ótimo para cada variável (Tabela 11 em anexos), sendo que para o crescimento do PIB, a formação bruta de capital fixo em relação ao PIB, a eficácia governamental e a inflação, foi considerado 1 lag e 2 para o logaritmo das exportações, importações, grau de abertura e o logaritmo do ano anterior.

Após estas averiguações, procedeu-se então a estimação dos três modelos, através do modelo PMG, obtendo-se resultados acerca do efeito das variáveis no crescimento económico para o agregado de países, tanto no longo prazo como também no curto prazo. Os resultados encontram-se na Tabela 7. Salienta-se o facto de que os demais artigos referidos ao longo da presente dissertação apenas avaliaram os resultados de longo prazo.

Verifica-se que o termo de correção de curto prazo é significativo e negativo para todos os modelos, o que confirma a relação de cointegração entre as variáveis e que a ligação entre crescimento económico e as variáveis explicativas é caracterizada por alta previsibilidade e que o movimento de propagação está a reverter-se (Zahonogo, 2017).

Os resultados são consistentes nos três modelos - as variáveis de abertura comercial têm um efeito positivo e significativo no crescimento económico na EU, no longo prazo, como é sustentado por Chang & Mendy (2012), Balaguer, Florica, & Ripolle (2015), Pradhan, Arvin, & Norman (2015) e Zahonogo (2017) e contrariamente ao que referem Adhikary (2011), Pistoresi & Rinaldi (2012) e Anyanwu (2014) . No curto prazo, os resultados evidenciam efeito positivo também.

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Analisando os coeficientes de longo prazo, no modelo 1, verifica-se que um aumento de 1% no grau de abertura leva a um aumento da taxa de crescimento do PIB em 2,39%. Nos modelos 2 e 3 os coeficientes são muito semelhantes: 2,36% e 2,76%, respetivamente. Estes efeitos são superiores no curto prazo em todos os modelos (5,61%, 4,20% e 6,24%). O modelo 3, com o logaritmo das importações em relação ao PIB é o que apresenta coeficientes superiores nas variáveis de comércio. Estes resultados vão de encontro a Awokuse (2008) que conclui que as importações eram mais significativas e a razão por detrás destes resultados pode dever-se à importação de inputs que melhoram produção, geram mais eficiência e, por essa via, levam a crescimento, e além disso consegue-se estrategicamente assim aceder ao R&D estrangeiro (Balaguer et al., 2015).

Verifica-se também, como esperado, que a educação, a eficácia governamental e o desenvolvimento financeiro são relevantes para o crescimento económico, uma vez que todas são significativas e apresentam uma relação positiva com este, não só no longo prazo -o que vai de encontro o que defende Anyanwu, (2014), Chirwa & Odhiambo (2016), Daumal & Ozyurt (2011), Kim, Lin, & Suen (2016) e Zahonogo (2017) -, como também no curto prazo. A educação é exceção, já que apenas é significativa no longo prazo. O facto desta não apresentar relação positiva e significativa com o crescimento económico no curto prazo não surpreende, pois, a política de curto prazo da educação tenta abordar as metas sociais e económicas de curto prazo do país por meio de programas de conscientização sobre, por exemplo, segurança, saúde e meio ambiente. Mas, no caso do longo prazo, está sim diretamente relacionada com desenvolvimento do capital humano, a produtividade, o crescimento económico e o desenvolvimento socioeconómico do país (Nowak & Dahal, 2016). Além disso, é necessário ter em consideração que estes resultados podem estar relacionados com o facto de apenas ser considerado o número de pessoas que completaram o ensino secundário e que apesar de ainda existirem muitos que não o possuem detêm o learning-by-doing necessário para impulsionar o crescimento económico (Lucas, 1988), que não está aqui quantificado devido à sua dificuldade de representação.

No caso da inflação, como proxy do rácio de variação de preços, existe uma relação significativa com o crescimento económico. Contudo, tal como expectável, os sinais desta relação são diferentes no curto e no longo prazo - no curto é positiva. Isto porque, a inflação, especialmente no curto e médio prazo, tende a ser específica para o país e, por isso, depende muito dos seus processos inflacionários: nível de inflação, variabilidade ou a principais fontes de pressão inflacionária (Mihaela et al., 2017).

(37)

Tabela 7 - Resultados de curto e longo prazo do PMG

Notas: Entre parênteses encontra-se o desvio padrão. Com *, ** e *** a indicar significativo a 1%, 5% e 10%, respetivamente. Fonte: Cálculo próprio a partir do STATA com base nos dados recolhidos

MODELO 1 MODELO 2 MODELO 3

LONGO PRAZO CURTO PRAZO LONGO PRAZO CURTO PRAZO LONGO PRAZO CURTO PRAZO

ec -0,8116 (0.0365) (0.0327)* -0,7546 (0.0371)* -0.7878 LNGA (0.6141)* 2.3879 (1.2901)* 5.6127 LNEXP (0.6259)* 2.3588 (1.7623)** 4.2011 LNIMP (0.5978)* 2.7571 (1.4088)* 6.2376 LOGPIBt-1 -18.0503 (1.5006)* (6.6204)* 44.9504 -18.6398 (1.5706)* (7.5521)* 46.1421 -18.8304 (1.5317)* (6.4418)* 43.5529 FBCF (0.0283)* 0.2588 (0.1569)* 0.7111 (0.0331)* 0.3077 (0.1322)* 0.7356 (0.0272)* 0.2399 (0.1618)* 0.6369* EDU (0.0034)* 0.0132 -0.0483 (0,0982) (0.0035)* 0.0158 -0.0621 (0.0982) (0.0034)* 0.0126 -0.0296 (0.0977) GOV (0.2797)* 0.8611 (1.0555)** 2.2153 (0.3044)* 0.7604 (0.9656)*** 1.7247 (0.2831)* 0.8862 (1.0555)** 2.2153 INFLA (0.0351)* -0.1498 (0.0568)* 0.1860 (0.0380)* -0.1328 (0.0612)* 0.2213 -0.16849 (0.0370*) (0.0611)* 0.1860 DFIN (0.0230)* 0.1346 (0.1544)* 0.7028 (0.0229)* 0.1065 (0.1558)* 0.7390 (0.0232)* 0.1525 (0.1442)* 0.7395 cons 149.3639 (7.1791) 144,8986 (6.7600)* 152,1092 (7,1791)*

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