• Nenhum resultado encontrado

O acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento e o Programa Jovem.com no contexto de ensinoaprendizagem do curso de Ciência da Computação

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento e o Programa Jovem.com no contexto de ensinoaprendizagem do curso de Ciência da Computação"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)O acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento e o Programa Jovem.com no contexto de ensinoaprendizagem do curso de Ciência da Computação Maristela Regina Weinfurter Mestre em Ciência da Computação - II - UFRGS Coord.e professora do curso de Ciência da Computação Faculdade Comunitária de Campinas - Unidade 4 maristela.weinfurter@unianhanguera.edu.br. Resumo. Abstract. O ensino em áreas tecnológicas vem mudando gradualmente. Apesar do curso de ciência da computação considerar conceitos abstratos e matemáticos como de suma importância, nota-se hoje a preocupação cada vez mais latente por assuntos e questões que envolvam a sociedade, políticas e cultura. Participar de programas de inclusão digital, no caso de acadêmicos e professores, traz para sala de aula, problemas concretos que precisam ser resolvidos através de conhecimentos que vão além de técnicas, ferramentas e teorias. Conhecimentos que envolvam questões sócio-econômicas, culturais e antropológicas. O futuro egresso de tal curso necessita compreender melhor a sociedade que o cerca. São analfabetos, analfabetos funcionais, deficientes, crianças, jovens, adultos e idosos que compõem o quadro social brasileiro. O programa Jovem.Com traz à Anhanguera Educacional a oportunidade de trabalhar conceitos e conteúdos vistos em sala de aula com uma sociedade excluída do acesso ao conhecimento e ao mercado de trabalho. Enquanto acadêmicos da Anhanguera auxiliam estes jovens, passam a compreender melhor os conteúdos da área de computação, trabalhando questões novas e necessárias ao desenvolvimento e pesquisa em tecnologias da informação. O desenvolvimento da atitude científica somada a questões sócio-econômicas fazem do futuro egresso uma mão-de-obra mais competitiva no mercado de trabalho.. Education in technological areas comes moving gradually. Although the course of computer science to consider abstract and mathematical concepts as of utmost importance, notices the concern today each more latent time for subjects and questions that involve the society, politics and culture. To participate of programs of digital inclusion, in the case of academics and professors, brings for concrete problem, classroom that they need to be decided through knowledge that go beyond techniques, tools and theories. Knowledge that involve partner-economic questions, cultural and antropológicas. The future egress of such course needs to better understand the society that the fence. They are illiterate, illiterate functionaries, deficient, aged children, young, adults and who compose the Brazilian social picture. The Jovem.Com program brings to the Educational Anhanguera the chance to work concepts and contents seen in classroom with an excluded society of the access to the knowledge and the market of work. While academics of the Anhanguera assist these young, start to understand better the contents of the computation area, being worked new and necessary questions to the development and he searches in technologies of the information. The development of the scientific attitude added the partnereconomic questions makes of the future egress a more competitive man power in the work market.. Palavras-chave: inclusão digital, desafios da computação, ensino-aprendizagem em áreas tecnológicas, extensão comunitária, perspectivas do ensino brasileiro.. 150. Key-words: digital inclusion, challenges in computer science, teach-learning of technological areas, extent community, Brazilian learning perspectives..

(2) Introdução O desenvolvimento da atitude científica em alunos de cursos de ciência da computação deve ser uma das principais metas dentro do processo de ensinoaprendizagem para excelência da formação destes futuros profissionais. O aluno deve buscar soluções para problemas encontrados no cotidiano de organizações e de pessoas. (PEREIRA JR, 2004). Atitude científica não corresponde ao simples conhecimento sobre o método científico segundo Bordenave, mas sim ao despertar para experiências vividas pelos estudantes. E é neste ponto que encontrase o maior problema das metodologias de ensino atuais, pois não relatam modelos e idéias mais clarificados sobre como motivar alunos ao desenvolvimento de qualidades da curiosidade, objetividade, precisão, dúvida metódica e análise crítica. (BORDENAVE, 2005). O contexto de ensino-aprendizagem deve levar o aluno ao desejo de resolver problemas mediante a observação da realidade, com suas devidas problematizações, hipóteses originais sobre as causas dos fenômenos, busca de caminhos alternativos de solução e novos métodos de pesquisa que coloquem em questão as teorias e paradigmas da ciência estabelecida. Dentro da idéia de novos caminhos para ciência da computação encontra-se a área de Interação Humano-Computador (IHC), que tem se preocupado com a construção de sistemas acessíveis e universais e com a inclusão de um número cada vez maior de pessoas na era da virtualização de processos. Para que mais pessoas possam ser incluídas digitalmente, o profissional de ciência da computação deve se preocupar com a busca de conhecimento relacionado a aspectos de caráter social e humano. A visão equivocada de uma profissão puramente técnica, neutra e descontextualizada do ambiente social que a rodeia, tem refletido em profissionais despreparados para compreensão de suas responsabilidades com a sociedade. (BAZZO, 1998). Na busca pela melhoria do processo de ensinoaprendizagem aliado às novas tendências de IHC, foram promovidas oficinas com os alunos da ciência da computação, as quais vislumbram a idéia de inclusão digital de todo cidadão brasileiro. Como fonte de observação e problematização para solução de novas formas de interface com o cidadão brasileiro, foi utilizado o programa Jovem.Com. O programa Jovem.Com da Prefeitura Municipal de Campinas trouxe à Anhanguera Educacional –. Faculdade Comunitária de Campinas Unidade 4, a oportunidade não somente de um projeto de inclusão digital, mas a possibilidade de uma nova abordagem no processo de ensino-aprendizagem para o curso de ciência da computação. É de conhecimento popular que o ensino brasileiro tem passado por problemas sérios, trazendo para o ensino superior, alunos com dificuldades diversas. Dificuldades em disciplinas como matemática, português e entendimento sobre sua participação no processo de ensino-aprendizagem. Mas para que esta motivação ocorra, o aluno deve ser instigado a gostar de estudar e principalmente, aprender a aprender. É neste ponto que o programa Jovem.Com transcende uma parceria que inicialmente vinha com o intuito de utilização de laboratórios e instalações da unidade e passa a ser foco de experimentos e avaliações dos alunos desta instituição. O programa já trouxe três resultados concretos para que esta iniciativa se enraíze e faça uma diferença no perfil do egresso do curso de ciência da computação. O primeiro resultado foi obtido com a distribuição de bolsas para alunos do curso de computação auxiliarem no processo de inclusão digital da comunidade do Ouro Verde. O segundo resultado foi trabalhado em uma oficina sobre os grandes desafios da pesquisa em computação no Brasil até 2016. E finalmente, o terceiro resultado, foi a parceria criada com o Instituto de Computação da Unicamp, num projeto de inclusão digital do governo federal viabilizado pelo CPqD. Este artigo está organizado da seguinte maneira. A seção 2 fala sobre os grandes desafios da computação até 2016 e as novas perspectivas do ensino superior brasileiro. A parceria entre o programa Jovem.Com e a Anhanguera Educacional é discutida na seção 3. Como é o funcionamento da atividade multidisciplinar por meio de oficinas para discussão sobre o andamento do programa jovem.com atrelado aos grandes desafios da computação, é trabalhado na seção 4 e, por fim, as conclusões estão descritas na seção 5. Os grandes desafios da computação até 2016 e as novas perspectivas do ensino superior brasileiro No intuito de sustentar a pesquisa e o ensino em computação como o terceiro pilar da teoria e experimentação científica, a Sociedade Brasileira de Computação - SBC, idealizou um relatório que descreve de forma objetiva, perspectivas para os rumos da pesquisa e ensino da área de computação até o ano de 2016. 151.

(3) Este documento discute cinco grandes desafios para os profissionais, docentes, pesquisadores e acadêmicos da computação. Este cinco desafios são: 1) gestão da informação em grandes volumes de dados multimídia distribuídos; 2) modelagem computacional de sistemas complexos artificiais, naturais e sócio-culturais e da interação homem-natureza; 3) impactos para a área de computação da transição do silício para novas tecnologias; 4) acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento e 5) desenvolvimento tecnológico de qualidade: sistemas disponíveis, corretos, seguros, escaláveis, persistentes e ubíquos. A computação deve repensar novas formas de interação entre as ciências que são mediadas pela Tecnologia da Informação. Especificamente neste artigo, o ponto importante destes desafios encontra-se no 4º. grande desafio: acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento. A tecnologia da informação revolucionou a comunicação entre pessoas e o trabalho. Com redes de computadores pode-se comunicar e compartilhar diversos recursos como hardware, dados e software, informação visual e sonora, independentes de localização ou presença física simultânea. Porém esta tecnologia toda construiu barreiras à sociedade já excluída de outras formas. Os impasses educacionais, culturais, sociais e econômicos são os grandes desafios da área de computação para os próximos anos. O acesso ao conhecimento através da tecnologia deverá ser universal e participativo, na medida em que o cidadão passa de usuário passivo para participante na geração do conhecimento. Este novo desafio da computação prevê que somente através da oportunidade de participação desta parcela da sociedade a área de computação terá condições de construir sistemas de informação, principalmente no que tange às interfaces, de uma forma mais abrangente e acessível. Quando fala-se em interfaces e convergência de mídias, não é previsto apenas um microcomputador com um sistema de informação ou uma simples aplicação, mas a Internet com e-mails, redes de relacionamentos, bancos de dados de empregos, entre outras aplicações para Web, bem como telefones celulares e a tão esperada TV-Digital. E o desafio torna-se cada vez maior quando 152. pensa-se então na enorme diferença sócio-econômica, cultural e regional para o acesso à tecnologia e ao conhecimento. Segundo dados do IBGE de 2003, 32,1 milhões são analfabetos funcionais, com idade superior a 15 anos e com menos de 4 anos de escolaridade. Outro grupo faz parte de pessoas com algum tipo de deficiência, o que está em torno de 24,5 milhões. Construir software com modelos participativos prevê a motivação à participação de usuários no processo de produção de conhecimento e decisões sobre o seu uso. Outros aspectos que se tornam importantes são inerentes à área jurídica, social e antropológica. A grande preocupação dos pesquisadores desta área encontra-se na dificuldade em se mapear tais questões à modelagem de sistemas com tratamento de competências multidisciplinares, pois a experiência com estas situações ainda é incipiente. O design de interfaces flexíveis e ajustáveis são alvo de pesquisa de ponta na área de IHC (Interação Humano-Computador). (Desafios, 2006). O governo federal tem beneficiado institutos de pesquisa e empresas ao projetar sistemas de governo eletrônico, sistemas para aprendizagem continuada, comunidades de práticas relacionadas ao trabalho e apoio a comunidades em rede em áreas carentes. “É crença geral que a má qualidade do ensino é um dos grandes obstáculos para o sonhado ingresso do Brasil no seleto grupo dos países beneficiados por um saudável processo de desenvolvimento sustentado.” (NISKIER, 2006). A nova realidade do ensino brasileiro é participar no esforço para o preparo da juventude brasileira diante de uma nova realidade de mercado de trabalho, na defesa da legalidade e legitimidade da formação integral dos futuros profissionais. O processo que une o aprendizado teórico à vivência prática por meio de estágio, no momento, é o caminho comprovado para a inclusão do estudante no mundo empresarial. O novo profissional, na visão de Niskier (2006), deverá possuir diferenciais além do seu diploma universitário. Este jovem necessitará, além dos conhecimentos de técnicas e dos fundamentos de sua área de atuação, ter domínio de outros saberes como informática, idiomas estrangeiros e gestão de pessoas. Deverá ser capaz de se comunicar com clareza, possuir habilidades de trabalho em equipe e exercitar sua liderança e criatividade para enfrentar os problemas, além de ter uma consciência de responsabilidade social na adesão aos valores e princípios da organização à qual pertence..

(4) Tal quadro no âmbito da educação brasileira vem de encontro às necessidades de novos estudos e pesquisas na área de computação. É necessário que estudantes da área de computação experimentem uma convivência maior com a realidade sócio-econômica e cultural do país. A tecnologia pela tecnologia perdeu sua função. Foi o tempo em que o negócio era automatizar processos industriais. Hoje a idéia é fazer com que a população excluída, de alguma forma comece a exercer sua cidadania e sentir-se integrada à sociedade. Ou tomase o rumo de iniciativas de inclusão digital, ou então, a distância social e econômica será cada vez maior e mais catastrófica. O Programa Jovem.Com e a Anhanguera Educacional O programa de inclusão digital da Prefeitura Municipal de Campinas (Jovem.Com), tem por finalidade oferecer gratuitamente à população, acesso à Internet e a cursos de informática. Os jovens apoiadores recebem capacitação para atender à demanda nas várias unidades por meio de oficinas sócio-educativas. Este programa faz parte da Secretaria Municipal de Cidadania, Trabalho, Assistência e Inclusão Social (SMCTAIS) do Município de Campinas. Tal programa tenta estimular o jovem campineiro ao desenvolvimento de habilidades para reconstrução de vínculos que o reintegrem ou integrem ao mercado de trabalho. A proposta atende às famílias mais carentes do município. As unidades do programa Jovem.Com são construídas com base em parcerias entre escolas municipais, instituições de ensino superior e outras associações de bairros. A Anhanguera vem auxiliando o programa disponibilizando seus laboratórios de informática, bem como professores e alunos dos cursos de computação. Hoje a Faculdade Comunitária de Campinas Unidade 4 participa efetivamente do programa com um professor e 6 acadêmicos do curso de Ciência da Computação. Tais acadêmicos recebem para participar do projeto bolsas-salário para repassarem aos participantes do projeto, conhecimentos em linux, open-office entre outras ferramentas. Tal parceria proporciona ao programa Jovem.Com, cidadãos capacitados e com conhecimentos na área de computação, trazendo uma maior qualidade ao processo, bem como, possibilitando aos alunos da Unidade 4 o experimento de seus conhecimentos num. meio social que outrora fora marginalizado ao uso de tecnologias. Há uma conscientização grande por parte dos acadêmicos envolvidos e também dos demais, que indiretamente participam do processo através de oficinas desenvolvidas pela coordenação do curso de computação. Hoje o aluno participa como instrutor de alguma ferramenta, no entanto, começa a ter percepções e conceitos novos para o futuro desenvolvimento de interfaces capazes de atender ao perfil da população brasileira menos privilegiada. O Debate como Técnica de Ensino: Oficina sobre os Grandes Desafios da Computação, perspectivas de 2006 a 2016 Os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de voluntários e bolsistas do curso de computação da Unidade 4 são discutidos e trabalhados em oficinas que compartilham experiências de campo atreladas às propostas da SBC. A importância destas oficinas encontra-se justamente na retroalimentação ao processo de ensinoaprendizagem de disciplinas altamente técnicas e abstratas aos nossos acadêmicos. Estas oficinas motivam o acadêmico na coresponsabilidade dentro de tal processo, trazendo para sala de aula novas idéias e uma participação mais efetiva e ativa deste. A primeira oficina debatendo tais experiências foi proposta logo após o período de provas de segundo bimestre, não sendo algo obrigatório aos acadêmicos, porém a mesma contou com mais de 50% de participação de um total de 74 alunos. Este evento pode ser observado na figura 1. A técnica de ensino utilizada nesta oficina é o debate. Etimologicamente a palavra debater deriva do francês débattre, e do latim debattuere, significando disputar, alterar e brigar. (FELTRAN, 2006). O papel principal do debate no ensino é o de proporcionar recurso para que se confrontem diferentes pontos de vista. Quase que uma competição intelectual. Alunos já munidos de informações resultantes de estudos bibliográficos, de campo e de experiências vivenciadas, cotejam diferentes posições, teorias e pontos de vista. Enriquece em muito o trabalho intelectual, porque permite que a análise abarque vários pontos de vistas e não apenas um. (FELTRAN, 2006). É um tipo de técnica que promove liberdade intelectual, porém exige do professor a proposta de 153.

(5) tarefas operatórias que exercitem ao máximo o pensamento do aluno. É uma atitude pedagógica bastante distante do laissez faire ou do autoritarismo. Um dos desafios do professor encontra-se no saber muito bem a matéria e suas dificuldades. Entusiasmar-se com os alunos, fazer elogios sinceros, desenvolvendo sentimentos de êxito, auto-realização e auto-afirmação são também elementos importantíssimos. (FELTRAN, 2006). Outro benefício encontrado na técnica do debate é o exercício que os alunos fazem de liderança e independência intelectual. Alunos que debatem revelam professores líderes, alunos subordinados colocam o professor em posição de chefes e não de educadores. A chefia hipertrofiada conduz à subordinação emocional e intelectual. Um bom professor se empenha em estabelecer o exercício da independência do aluno, não se opondo à sua atividade. A educação para subordinação traz conseqüências muito sérias para o avanço social. No plano intelectual inibe o espírito científico. Já no plano social, conduz a comunidades imobilistas que não criam ou reestruturam fatos. No plano político, prepara para a ditadura. (FELTRAN, 2006). Tal técnica auxilia na abertura de perspectivas para que o aluno possa expor verdadeiras questões, permitindo-lhe progredir e avançar sozinho. Segundo Piaget, técnicas de trabalho são muito mais importantes para o futuro do aluno do que a aquisição de grande massa de conhecimentos particulares. 154. “É preciso ter clareza sobre isso para decidir que instrumentos usar e com que conteúdos apontar uma direção, fugindo dos dogmatismos. Para criar é preciso antes conhecer. A invenção é descoberta a partir daquilo que os outros já estabeleceram. Ninguém cria no vazio.” (FELTRAN, 2006). Educação para todos não pode ser formulada para poucos, mas deve ser capaz de promover a inserção profissional e social dos jovens. (NISKIER, 2006). Este projeto prevê a inserção profissional dos acadêmicos da Anhanguera bem como dos jovens carentes atendidos pelo programa. A sala de aula não pode ser um lugar de cerimônia com rituais quase religiosos, mas um ambiente agradável com eventos diferentes e motivadores, um lugar de relacionamento afetivo que gera dedicação, confiança mútua, maleabilidade e prazer compartilhado. (CORTELLA, 2004). Antes mesmo dos acadêmicos chegarem à fase de inserção no mercado de trabalho como cientistas da computação, muitos conceitos e aspectos importantes já foram trabalhados através desta iniciativa. Levar em conta a realidade dos acadêmicos, da comunidade e dos jovens do programa não significa aceitar sua realidade, mas dela partir para que se consiga um ponto de início para mudanças significativas. A educação clássica, na visão de Cury (2003), se esforça para transmitir o conhecimento em sala de aula, mas raramente comenta sobre a vida do produtor do conhecimento. Humanização do conhecimento é contar a história dos cientistas que produzem as idéias que os professores ensinam. Representa reconstruir o clima emocional que os cientistas vivem enquanto pesquisam. “A melhor maneira de produzir pessoas que não pensam é nutri-las com um conhecimento sem vida, despersonalizado.” (CURY, 2003). O alvo é que em 2016 o acadêmico da FAC 4 esteja à frente na visão e responsabilidade sobre a tecnologia da informação e do conhecimento difundido ao cidadão brasileiro. Com isto ele estará mais apto à construção de interfaces ajustáveis e flexíveis, capazes de interagir com uma população de analfabetos funcionais, letrados, analfabetos e deficientes. Ou seja, participar da sociedade com a tecnologia de forma universal e acessível ao cidadão brasileiro. Conhecendo de perto seus clientes desde os primeiros semestres da faculdade..

(6) Considerações Finais A idéia deste trabalho, que aproxima Universidade e comunidade, supõe não somente a melhoria do ensinoaprendizagem aos acadêmicos da Anhanguera, como também os desafia a perceber a sociedade sob outro ângulo. Participar de projetos e programas sociais, trazem benefícios não mensuráveis a curto prazo, mas sim a longo prazo. Estes futuros profissionais da área da computação, poderão participar de mudanças significativas numa sociedade de pessoas marginalizadas, excluídas e desencantadas com o país. Um aspecto bastante importante está no fato de que muitos acadêmicos iniciantes, ao se depararem com as dificuldades da matemática, tendem a pensar em desistir do curso. É importante notar que com este projeto, houve a reavaliação por parte de vários acadêmicos na sua decisão por continuar o curso. Fazer parte desde o início da graduação de tais desafios, cria no acadêmico reflexões sobre o motivo de sua escolha por uma área que exige tanto de si. Uma área tão abstrata, matemática, sistemática e exata. Tão exata e ao mesmo tempo, que depende de pessoas. Cada vez mais, é necessário incutir no estudante de computação, que todos seus estudos, projetos e pesquisas, dependem e são orientados a pessoas. E que pessoas não idealizam seus pensamentos como máquinas ou profissionais de áreas tecnológicas. Pensar a área de informática como área meio e não como uma área com um fim em si própria. A interdependência de outras áreas de conhecimento é mais que necessária, é uma questão de sobrevivência.. FELTRAN, Antônio, et al. Técnicas de ensino: por que não? Campinas: Papiros, 2006. NISKIER, Arnaldo e NATHANAEL, Paulo. Educação, estágio & trabalho. São Paulo: Integrare Editora, 2006. PEREIRA JR., José Carlos Rocha, RAPKJEWICZ, Clevi Elena. O processo de ensino-aprendizagem de fundamentos de programação: uma visão crítica da pesquisa no Brasil. WEI RJ/ES - Anais do Workshop sobre Educação em Informática da Região RJ/ES, 2004. RELATÓRIO TÉCNICO SOBRE OS GRANDES DESAFIOS DA PESQUISA EM COMPUTAÇÃO NO BRASIL - 2006 - 2016. Seminário realizado em 8 e 9 de maio de 2006. Disponível em http://www.sbc.org.br/ SOARES, Michel dos Santos. Uma experiência de ensino de engenharia de software orientada a trabalhos práticos. WEI RJ/ES - Anais do Workshop sobre Educação em Informática da Região RJ/ES, 2004.. Recebido em 30 de junho de 2007 e aprovado em 08 de agosto de 2007.. Referências Bibliográficas APPEL, Ana Paula, TRAINA JR., Caetano. iDFQL Uma ferramenta de apoio ao processo de ensinoaprendizagem da álgebra relacional baseado no construcionismo. WEI RJ/ES - Anais do Workshop sobre Educação em Informática da Região RJ/ES, 2004. BAZZO, Walter Antônio. Ciência, tecnologia e socieade e o contexto da educação tecnológica. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998. Disponível em: http://www.oei.es/ salactsi/walter01.htm. BORDENAVE, Juan Díaz, PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de ensino-aprendizagem. Petrópolis : Editora Vozes, 2005. CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos espistemológicos e políticos. São Paulo:Cortez : Instituto Paulo Freire, 2004. CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. 155.

(7)

Referências

Documentos relacionados

Art. O currículo nas Escolas Municipais em Tempo Integral, respeitadas as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Política de Ensino da Rede, compreenderá

Além desta verificação, via SIAPE, o servidor assina Termo de Responsabilidade e Compromisso (anexo do formulário de requerimento) constando que não é custeado

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Muito embora, no que diz respeito à visão global da evasão do sistema de ensino superior, o reingresso dos evadidos do BACH em graduações, dentro e fora da

na Albânia], Shtepia Botuse 55, Tiranë 2007, 265-271.. 163 ser clérigo era uma profissão como as restantes, que a fé era apenas uma política e nada mais do que isso e deitou

However, we found two questionnaires that seemed interesting from the point of view of gathering information about students' perspective on the use of

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

As rimas, aliterações e assonâncias associadas ao discurso indirecto livre, às frases curtas e simples, ao diálogo engastado na narração, às interjeições, às