• Nenhum resultado encontrado

Centro Cultural de Belém: O valor estratégico para o turismo interno no âmbito dos eventos culturais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Centro Cultural de Belém: O valor estratégico para o turismo interno no âmbito dos eventos culturais"

Copied!
161
0
0

Texto

(1)

Mestrado em Turismo

Ramo de Gestão Estratégica de Eventos

Relatório de Estágio

Centro Cultural de Belém: O valor estratégico para o

Turismo Interno no âmbito dos eventos Culturais

Ana Filipa Pinela Tojeira

(2)

i

Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril

Mestrado em Turismo

Ramo de Gestão Estratégica de Eventos

Relatório de Estágio

Centro Cultural de Belém: O valor estratégico para o

Turismo Interno no âmbito dos eventos Culturais

Ana Filipa Pinela Tojeira

Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior de Hotelaria e

Turismo do Estoril, para obtenção do grau de Mestre em Turismo –

Especialização em Gestão Estratégica de Eventos, realizada sob a

orientação da Professora Doutora Maria José Pires (ESHTE)

(3)

ii

Agradecimentos

A realização deste relatório de estágio só foi possível devido ao interesse

demonstrado pela Diretora do Departamento de Comunicação e Marketing,

Dra. Madalena Reis, que me recebeu e que me ajudou a alterar o meu tema

inicial, para um em que pudesse vir a colaborar com o Centro Cultural de

Belém. Sem a sua preciosa ajuda e de outros membros do CCB teria sido

difícil a elaboração do meu estudo de caso.

Gostaria também de agradecer à minha orientadora, Professora Doutora

Maria José Pires, que durante todo este processo me ajudou e indicou

sempre o melhor caminho a prosseguir.

Por fim queria agradecer a familiares e amigos que me ajudaram e me

motivaram a concluir este objetivo que tinha perante a minha vida

académica. Dando especial ressalva para a minha amiga e colega Ana

Filipa Barnabé, companheira de muitas horas de estudo e de elaboração do

relatório de estágio.

(4)

iii

Índice

Agradecimentos ... ii

Índice de Gráficos ... v

Índice de Tabelas ... vi

Índice de Figuras ... vii

Resumo ... viii

Abstract ... ix

Lista de Abreviaturas ... x

Introdução ... 1

Capítulo I. Conceptualização do Estudo ... 3

1.1. A construção da Problemática e Metodologia de pesquisa ... 3

Capítulo II. Centro Cultural de Belém ... 5

2.1. História, serviços, estrutura ... 5

2.1.1. História ... 5

2.1.2. Serviços ... 7

2.1.3. Estrutura ... 9

2.2. Enquadramento Histórico e Turístico da zona de Belém da Ajuda ... 10

2.3. Estatísticas das visitas aos equipamentos de Belém da Ajuda ... 15

2.3.1. Ranking 2014 ... 17

2.4. Avaliação da procura ... 18

Capítulo III. Turismos ... 20

3.1. Introdução ao turismo ... 20

3.2. Turismo Cultural ... 21

3.3. Turismo de Eventos ... 27

3.4. Turismo Interno, Turismo Recetor e Mercados Emissores ... 32

3.5. Definição de Eventos ... 41

3.6. Classificação e tipologia dos Eventos ... 44

3.7. Eventos culturais ... 51

3.8. Os impactos e os contributos dos eventos ... 54

Capítulo IV. Estágio ... 61

4.1. Análise dos Inquéritos ... 61

(5)

iv

4.1.2. Equipamentos Culturais ... 62

4.2. Público CCB ... 66

4.2.1. Inquérito Público Geral CCB ... 66

4.2.2. Inquérito Dias da Música em Belém (DMB) ... 76

4.3. CCB e os seus Pacotes Turísticos ... 80

4.4. Plano Estratégico Cultural da Área de Belém ... 81

Conclusão ... 95 Referências Bibliográficas ... I Anexos ... VII

(6)

v

Índice de Gráficos

Gráfico 1: Nacionalidade do público do CCB ... 69

Gráfico 2: Faixa Etária do público do CCB ... 69

Gráfico 3: Género do público do CCB ... 70

Gráfico 4: Escolaridade do público CCB ... 70

Gráfico 5: Ocupação do público do CCB ... 70

Gráfico 6: Distribuição mediante área geográfica do público do CCB ... 71

Gráfico 7: Atividades que frequenta no CCB o seu público ... 72

Gráfico 8: Como toma conhecimento das atividades o público do CCB ... 72

Gráfico 9: Género dos participantes do Inquérito dos DMB ... 77

Gráfico 10: Faixa Etária dos participantes dos DMB ... 78

Gráfico 11: As três primeiras questões do Inquérito dos DMB ... 78

(7)

vi

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Estrutura organizacional CCB (órgãos sociais) ... 10

Tabela 2: Equipamentos Culturais de Belém Ajuda ... 12

Tabela 3 Número de visitantes dos equipamentos Culturais em Belém – Ajuda ... 16

Tabela 4: Ranking dos Equipamentos Culturais de Belém – Ajuda... 17

Tabela 5: Semelhanças e diferenças entre eventos e turismo ... 30

Tabela 6: Número de hóspedes do mercado interno e dos principais mercados emissores ... 37

Tabela 7: Número de dormidas do mercado interno e dos principais mercados emissores ... 37

Tabela 8: Tipologias de Eventos ... 48

Tabela 9: Impactos dos eventos ... 56

Tabela 10: Principais impactos dos eventos ... 57

(8)

vii

Índice de Figuras

Figura 1: Categorização dos eventos ... 45

Figura 2: Impactos dos eventos ... 58

Figura 3: Número de participantes no inquérito DMB ... 77

(9)

viii

Resumo

Este Relatório de estágio tem como objetivo aprofundar o impacto e a potencialidade dinamizadora que o Centro Cultural de Belém tem perante o Turismo Interno com a sua programação anual de eventos culturais. Assim sendo, foi enriquecedor observar como vários temas se tocam e como a sua interação com o turismo cultural e os eventos culturais pode potenciar o turismo interno. Posto isto, senti a necessidade de recolher informação junto dos equipamentos culturais de Belém, das operadoras turísticas e de realizar uma análise ao público do CCB. Estes são alguns dos estudos e análises que serão demonstrados ao longo do relatório. Quer o turismo cultural quer o de eventos são tipologias de turismo, logo, têm fatores semelhantes e outros que lhes conferenciam a sua identidade diferenciadora. O turismo cultural é uma das tipologias que tem a capacidade de atrair um volume de turistas bastante significativo, mas com a aliança aos eventos consegue ainda obter maior procura, devido à dinamização e potenciação que estes têm sobre a sua atratividade. Como tal, será essencial refletir sobre o facto de uma zona tão turística como Belém, se utilizasse e dinamizasse diferentes tipos de eventos, conseguiria assim atrair mais visitantes. Os eventos podem acrescentar valor e proporcionar a uma área, monumento, cidade e etc, estes podem também atrair turistas noutras épocas do ano, combatendo alguma questão de sazonalidade - fazer com que a sua vinda seja mais aprazível e que assim queiram voltar. A necessidade óbvia de uma gestão integrada dos bens culturais de Belém é real e finalmente foram feitos esforços para que haja uma nova oportunidade de Belém vir a tornar-se Distrito Cultural. Esta oportunidade foi dada ao Professor Lamas (Presidente da Fundação CCB), que este elaborasse um plano estratégico para este área, com o objetivo de revitalizá-la e unificá-la, tornando o CCB uma porta aberta para este novo distrito, dando-lhe a oportunidade de ajudar as outras entidades a programar eventos de interesse público, e que estes sejam feitos de forma harmoniosa e que continue a disponibilizar cultura. Pilar fundamental que está presente em quase todo o relatório, sem cultura, não havia turismo cultural e eventos culturais, não havendo assim a necessidade de enaltecer a sua relação e interceção que ambos podem provocar no meio ambiente, na população e nos turistas.

Palavras-chave: Centro Cultural de Belém, Turismo Interno, Turismo Cultural, Turismo de Eventos

(10)

ix

Abstract

The aim of this internship’s report is to study the impact and the potential dynamic of “Centro Cultural de Belém” in portuguese internal tourism with its annual agenda of cultural events. It was gratifying to observe how the several themes interacted with the cultural tourism and events and how these have the potential to incrise the internal tourism. Having this in mind, I collected data from CCB offices and from the tour operators, analysed to the type of visitors the Center welcomed; all of which are shown throughout this report. Even though both cultural tourism and event tourism are part of the tourism field, each has similar and specific factors that conferes upon them their own identity. Cultural tourism has the capability of attracting a significant amount of tourists. Nonetheless, when coupled with events, it is able to increase even further the tourist demand due to their dynamics and potential that makes them particularly attractive. Hence, it is crucial to consider the fact that if an area as touristic as Belém were to boost a wider variety of events, it would attract even more tourists. Events could also add value to an area, monument, and city, amongst others. These too can attract tourists at different periods of the year, fignting some of the issues of seasonality – oferring them a more appeling visit and makeing them wish to come return. There is a real need for a combined management of Belém’s cultural goods and efforts have finally been made. Belém has thus a new opportunity of becoming a Cultural Disctrict. This opportunity was given to Professor Lamas (President of CCB Foundation) to establish a strategic plan in this field with the aim of modernising and unifying it. By doing it so, CCB will become an open door to this new district, with the opportunity to help other institutions plan events of public interest and carry on contributing to culture. As a fundamental key element that is present throughout the report, it can be concluded that without culture there would be no cultural tourism and cultural events; and no need to enhance their interaction, as both combined can profit and provide for the environment, local population and tourists.

Key-words: Centro Cultural de Belém, Internal Tourism , Cultural Tourism, Events Tourism

(11)

x

Lista de Abreviaturas

OMT: Organização Mundial de Turismo

CCB: Centro Cultural de Belém

EMP: Exposição do Mundo Português

PENT: Programa Estratégico Nacional para o Turismo

UNESCO: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)

CEE: Comunidade Económica Europeia

NGO: nongovernment organizations

EUA: Estados Unidos da América

INE: Instituto Nacional de Estatísticas

ET: Estatísticas do Turismo

CESTUR: Centro de Estudos de Turismo

TIC: Tecnologias da Informação e Comunicação

NUTS II: Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos

OECD: Organisation for Economic Co-operation and Development

DGPC: Direção Geral do Património Cultural

EGAC: Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural

DMB: Dias da Música em Belém

ATL: Associação de Turismo de Lisboa

(12)

1

Introdução

No trabalho que irei desenvolver pretendo estudar a importância do Centro Cultural de Belém como dinamizador e promotor de eventos culturais em Belém para o Turismo interno. Como tal será pertinente separar por áreas, sendo a primeira grande área o Turismo Cultural, seguindo-se a área mais restrita que será a dos eventos culturais.

O turismo cultural é essencial para a dinamização das cidades, ajudando muito a promover o destino e a cativar turistas. Os eventos culturais são uma tipologia de eventos que interagem de forma ativa com o turismo, pois estes possibilitam uma melhor experiência para os turistas, sem deixar de lado a real importância que este tipo de eventos têm para a promoção do destino. Nos dias que correm, os eventos são um grande impulsionador do turismo interno e externo e o público está mais atento e anceia por novas experiências.

Não obstante disponibilizar uma grande diversidade de espetáculos na sua programação trimestral, oferece/contar com espaços de restauração e lojas, o CCB é um centro cultural que sente grande dificuldade em atrair turistas. A sua localização parece ser apelativa à procura dos turistas, mas a verdade é que acaba por ser o oposto, pois com a oferta que há, torna-se difícil gerir o que é mais desejado e o que é menos. Percecionar esta área será também um ponto de partida para entender a sua vasta procura para alguns dos bens culturais e a quase inexistência de procura para outros tornando-se muito competitivo entre equipamentos culturais uns com imensas filas, não conseguindo gerir o volume de procura e outros, com o problema contrário.

A forma mais correta para percecionar o que se passa nesta área é questionar os equipamentos culturais e as operadoras turísticas, pois alguns dos monumentos contêm o monopólio das visitas juntamente com as operadoras que direcionam os seus turistas para um número muito restrito de equipamentos.

Com uma gestão integrada de património poderia revitalizar-se e melhorar a experiência de quem procura esta área de Lisboa, pois ninguém vem a Lisboa e não visita Belém, faz parte de todos os roteiros turísticos da cidade, tendo na sua composição alguns monumentos classificados pela UNESCO. Este é o Projeto iniciado pelo Presidente do

(13)

2

CCB (Professor António Lamas), a quem o concelho de ministros ofereceu a oportunidade de o fazer, criando um Plano Estratégico Cultural da Área de Belém.

Neste sentido, o estudo da tipologia de visitantes que o CCB recebe ajudará a melhor relacionar todos assuntos atrás enunciados, pois a sua existência só é coerente com a sua total integração no turismo cultural, nos eventos que promove e na sua posição e importância para a dinamização da cidade de Lisboa.

(14)

3

Capítulo I. Conceptualização do Estudo

1.1. A construção da Problemática e Metodologia de pesquisa

O modelo que irei utilizar para a realização do meu estudo é o de Kyvi, pois este defende que uma das melhores formas de estruturamos o nosso trabalho é em sete etapas e que todas estas estão interligadas e só assim o trabalho consegue ter uma linha orientadora Como tal Quivy (1995) defende que existem estas sete etapas: 1ª: A pergunta de partida; 2ª: Exploração: as leituras; as entrevistas exploratórias; 3ª: A problemática; 4ª: A construção do modelo de análise; 5ª: A observação; 6ª: Análise das informações; 7ª: Conclusão.

O título deste relatório de estágio é: Centro Cultural de Belém: O valor estratégico para o Turismo Interno no âmbito dos eventos Culturais

A vontade de seguir esta linha de pesquisa veio da boa colocação em que Lisboa tem vindo a ficar nos últimos ranking internacionais de turismo e também como a cidade tem crescido e se tem desenvolvido para melhor acolher os seus turistas. Adicionando a estes fatores a minha curiosidade e especial gosto pelos eventos culturais, o CCB atraiu-me completaatraiu-mente, pois localiza-se num polo único, com iatraiu-mensa procura turística, museus, monumentos, igrejas, jardins, rio e outros tantos recantos únicos. Pareceu-me pertinente descortinar se realmente impulsiona e promove o turismo interno.

Será no turismo interno, que tem bastante expressão no nosso país e na cidade de Lisboa em particular, que irei focar a minha atenção, sendo que até aos dias de hoje ainda pouco foi feito sobre o mesmo no CCB. Deste modo, será uma mais-valia tentar assim validar este espaço único pela sua proximidade e que até agora pouco tem trabalhado com o turista nacional, almejando assim mais sucesso. Será necessário, neste contexto observar a forma como o CCB se comunica, a partir de que canais e para que públicos.

Qual o impacto dos eventos culturais realizados no CCB, para o turismo interno em Belém?

Em função da minha pergunta de partida e com o objetivo de lhe dar resposta irei focar as minhas leituras em temas como o turismo cultural, os eventos, eventos culturais e o

(15)

4

turismo interno. A nível de entrevistas exploratórias que poderão encaminhar da melhor forma a minha pesquisa serão colocadas às operadoras turísticas que realizam excursões na área de Belém, aos equipamentos culturais e a um membro do CCB. Precisarei de analisar dados a partir das variáveis quantitativas, como o número de turistas que visita os museus do polo Belém-Ajuda1, quanto ao número de turistas que a cidade de Lisboa recebe, quanto ao número total de participantes que o CCB recebe ao longo de um ano na sua atividade cultural. As variáveis qualitativas serão utilizadas para estudar a tipologia de pessoas que visitam o CCB.

No desenrolar da pesquisa o turismo de cultura terá uma enorme importância, pois está normalmente ligado aos eventos culturais, como os que o CCB desenvolve. A meu ver são sempre impulsionadores do destino quer para a população nacional quer internacional. Estando muito bem situado, perto de um polo atrativo da cidade de Lisboa, onde quem procura turismo cultural na cidade tem sem dúvida alguma que ir.

1 Não se restringe unicamente aos equipamentos culturais de Belém, pois o Palácio

Nacional da Ajuda e o Jardim Botânico da Ajuda, são monumentos emblemáticos muito próximos de Belém, e estes também constam da lista apresentado na resolução de conselho de ministro n.º 44/2015.

(16)

5

Capítulo II.

Centro Cultural de Belém

2.1. História, serviços, estrutura

2.1.1. História

Tudo começou com o desejo de ter a primeira presidência da União Europeia em Portugal, o local escolhido foi Belém, a sua construção foi decidida no início de 1988, embora o processo tenha sido o seguinte:

Lançado o concurso internacional pelo Instituto Português do Património Cultural, recolheram-se 57 projetos, dos quais seis foram convidados a desenvolver o anteprojeto. A proposta selecionada foi a do consórcio do Arquiteto Vittorio Gregotti (Itália) e do Arquiteto Manuel Salgado (Portugal) que previa a construção de cinco módulos: Centro de Reuniões, Centro de Espetáculos, Centro de Exposições, Zona Hoteleira e Equipamento Complementar. Estão edificados os três primeiros módulos, respetivamente o Centro de Reuniões, o Centro de Espetáculos e o Centro de Exposições (atualmente Fundação de Arte Moderna e Contemporânea Museu Coleção Berardo), estando a decorrer os procedimentos para a conclusão dos restantes módulos.

CCB (s.d.)

O Centro Cultural de Belém, é um edifício emblemático da cidade de Lisboa, que já conta com vinte e dois anos de atividade cultural. Fez no passado dia 21 de Março de 2013 vinte anos de atividade, pois o seu primeiro ano foi reservado para acolher a presidência portuguesa da União Europeia. Segundo Tadeu (2014), “Os lisboetas que quiserem podem conhecer hoje o exterior do Centro Cultural de Belém, que estará aberto ao público apenas por um dia.” Esta notícia remonta ao dia 1 de janeiro de 1992, dia no qual se iniciava a presidência da CEE, no CCB.

Este magnânimo edifício foi sendo concluído e aberto às suas funções. O primeiro foi o módulo 1, feito para acolher a presidência da CEE área onde hoje em dia se encontra o centro de Reuniões. Este foi inaugurado no dia 1 de janeiro de 1992 e, a obra prosseguiu

(17)

6

até 1993, onde mais dois módulos foram concluídos, o centro de espetáculos e o centro de exposições; outros dois módulos foram deixados por construir. Segundo a Lusa/Sol (2013),“passados 20 anos da inauguração dos três dos cinco módulos - centro de reuniões, centro de exposições e centro de espetáculos - continuam por construir os outros dois do projeto original, para um hotel com capacidade para 350 quartos e o outro, para uma biblioteca, uma escola de artes ou um novo auditório.”. A inauguração popular do CCB foi dia 21 de março, mas oficialmente só ocorreu no dia 10 de junho, seguindo a rotina Portuguesa a conclusão da obra só se deu em setembro.

Como todos os grandes projetos, este não pode deixar de passar por percalços e por não ser bem aceite pela população e alguns governantes. Primeiramente porque teria um enorme impacto visual numa área já protegida e premium da cidade, “desde a sua localização, ao projeto” Lusa/Sol (2013), para os muitos críticos era um “atentado aos Jerónimos”, seu vizinho, ou um “mamarracho do cavaquistão” Tadeu (2014), em segundo lugar devido ao valor inicialmente calculado e ao que fora realmente gasto na edificação do mesmo. Problemática ainda maior seria devido aos fundos provenientes também do estado, o “investimento público na construção – que, dos seis milhões iniciais viria a custar 27 milhões” (Lusa/Sol, 2013), tendo sido este o valor que o estado dispensou. Porem quanto ao custo total, segundo Tadeu (2014), “Escandalizaram os 200 mil contos (um milhão de euros) orçamentados em 1988 para a construção de cinco módulos, que acabaram por ser três. O custo final seria de uns incríveis 40 milhões de contos (200 milhões de euros) ”.

Mas aquando do fim da presidência o CCB, torna-se num forte polo dinamizador de cultura em todas as vertentes, pois “o CCB começou a apresentar uma programação cultural dirigida a vários públicos, com espetáculos que passaram pela música erudita, o jazz, o pop e o rock, a dança e o teatro, abriu uma sala de leitura com ciclos dedicados à literatura, acrescentando ainda as atividades pedagógicas para os mais novos.” (Lusa/Sol, 2013)

Iniciando assim o percurso que nos leva aos dias de hoje, podendo assegurar que é um local de cultura, de todos para todos, está na sua génese dedicar importância a todas a áreas culturais, desde as letras, à música, dança, teatro e claro, preocupação acrescida de oferecer/facultar cultura aos mais novos.

(18)

7 2.1.2. Serviços

O CCB dispõem de três módulos que refletem três tipos de serviços que prestam à população em geral. No primeiro módulo, como anteriormente foi referido localiza-se o centro de reuniões que “foi pensado para acolher, de forma privilegiada, congressos e reuniões de qualquer natureza ou dimensão, através de equipamentos e acabamentos de qualidade.” CCB (s.d). Para além das salas de reuniões, disponibiliza também uma sala de leitura, em que há uma área para estudo, outra com computadores e é também nesta que se realizam alguns dos ciclos de Leitura. Existem ainda um restaurante e duas cafetarias, e como não poderia deixar de ser, dispõe também de duas garagens de acesso público. Já no caminho pedonal que dá acesso quer às bilheteiras, quer aos auditórios e à praça CCB, existem diversas lojas.

No segundo módulo situa-se o centro de Espetáculos, como o próprio nome indica é onde estão presentes os espaços adequados para a apresentação e realização de diversos eventos culturais. “É o epicentro da produção e apresentação de caráter artístico e cultural do CCB. São três salas de diferentes dimensões equipadas para acolher diversos tipos de espetáculos, desde o cinema à ópera, do bailado ao teatro ou qualquer género musical.” CCB (s.d.). Segundo o CCB (s.d.) os três espaços disponíveis são o Grande Auditório que tem capacidade para 1429 lugares, o Pequeno Auditório com capacidade de 348 lugares e ainda a Sala de Ensaio que tem capacidade para 72 lugares. É ainda neste módulo que se encontram as salas de apoio à produção e preparação dos espetáculos.

Para melhor servir os seus artistas e o seu público existem três bares, um específico para os artistas e os outros dois para o público. O Funcionamento do bar dos artistas é permanente enquanto, o dos auditórios só funciona em dias de espetáculo.

Por último, o terceiro módulo, onde se situa o centro de exposições, que nos dias de hoje está entregue ao Museu Coleção Berardo “Desde junho de 2007, o Centro de Exposições alberga a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea” (CCB, s.d.). A infraestrutura foi totalmente pensada para criar um espaço de excelência para receber exposições de variadíssimos estilos, como tal “é composto por um conjunto qualificado de áreas expositivas distribuídas por quatro galerias que apresenta e produz exposições

(19)

8

de artes plásticas, arquitetura, design, instalações, fotografia.” (CCB, s.d.). Mantendo-nos na área relevante para as exposições existe “um espaço destinado ao tratamento e armazenamento de peças de arte.” (CCB, s.d.).

Ainda neste módulo, para tornar o centro de exposições mais interessante existem lojas, um restaurante com esplanada para o Jardim das Oliveiras, onde também há a entrada para a Garagem Sul e para a Fábrica das Artes, do lado oposto ao Jardim das Oliveiras onde existe o jardim da Água que também faz acesso ao Museu Coleção Berardo.

A fábrica das Artes tem a sua entrada a partir do Jardim das Oliveiras e tem programação própria, para um público-alvo que normalmente é infantojuvenil, famílias e profissionais de educação. Segundo CCB (s.d) esta centra-se nas artes performativas e na pesquisa de como as artes podem interagir com outras áreas do conhecimento para melhor se entender esta dualidade existem sempre espetáculos e oficinas.

Há sempre a preocupação de criar uma programação muito diversificada, inovadora e que traga uma lufada de ar fresco para aqueles que participam nas suas atividades. “O impulso dado à criação artística é um dos nossos elementos identitários.” CCB (s.d.) A combinação que é gerada entre a equipa CCB e os artistas, cria experiências únicas, atuais e muitas vezes com o intuito de ser um trabalho contínuo. “Os artistas, a programadora e a equipa da Fábrica das Artes mobilizam referências artísticas, culturais e educativas para, em conjunto, refletirem sobre a criação e a sua receção por estes públicos.” CCB (s.d.)

Não sendo a menos importante, mas sim uma das mais recentes aquisições e transformações no CCB, a criação da Garagem Sul deveu-se à perda do centro de exposições para o museu Coleção Berardo. Antes de este ser cedido, muitas exposições de arquitetura eram ali realizadas; como tal, após esta perda, houve a necessidade de criar uma área expositiva onde se pudessem realizar exposições de arquitetura. O que era para ser inicialmente uma garagem, que acabou por ser ao longo de 20 anos um armazém, tornou-se por necessidade no que é desde 7 de dezembro de 2012 uma galeria de exposição. Segundo o CCB (s.d.) ela dispõe de uma área de 2.125 m2, o seu acesso é feito através do Jardim das Oliveiras e tem condições expositivas ideais para a arquitetura. É um local muito simples, muito dinâmico e com uma área bastante

(20)

9

agradável. A transformação que se deu nesta garagem foi uma obra de “readaptação simples e de baixo custo, viabilizada através do envolvimento de apoios mecenáticos e realizada maioritariamente pela equipa interna”, CCB (s.d.)

Tornando-se assim mais um polo cultural e diferenciador no CCB, que mais uma vez luta para criar sinergias entre os artistas e o público, segundo o CCB (s.d.) assume caraterísticas muito próprias, diferenciando-se assim das habituais galerias de exposição de museus e equipamentos idênticos. Houve audácia em criar um espaço que é visivelmente vocacionado para exposições temporárias, de qualidade incontestável, não sendo exceção à regra a grande parte das exposições que aqui se realiza é suportada por mecenas e patrocinadores.

Em suma, o CCB, para além da sua polivalência, dos seus muitos recantos, na sua imensa dimensão, consegue cativar os que desacreditavam da sua finalidade. Quem o pensou e desenhou sabia do impacto e da importância que ele viria a ter, como tal “ocupa hoje uma área de construção de 97 mil metros quadrados, distribuída por seis hectares separados por duas ruas internas e unidos pelo caminho José Saramago que cria uma continuidade com a Praça do Império, negando a tradicional separação entre o interior e o exterior. É uma pequena cidade, com jardins, lagos, pontes, rampas, ruas, praças, cantos, onde se destaca, pela sua nobreza, a Praça CCB.” CCB (s.d.)

“O Centro Cultural de Belém é classificado desde 2002 como monumento de interesse público, através do Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 de Fevereiro de 2002, incluído na Zona Especial de Proteção do Mosteiro de Santa Maria de Belém.”

2.1.3. Estrutura

Quanto à Fundação Centro Cultural de Belém, está organizada da seguinte forma: 1. O Presidente

2. O Conselho de Administração 3. O Conselho Diretivo

(21)

10

Segundo CCB (s.d.), o Presidente é um órgão unipessoal, sendo assim Presidente do Conselho Diretivo e do Conselho de Administração. O seu mandato tem uma duração de três anos, podendo este ser renovado. O Presidente da Fundação é nomeado por despacho do titular da pasta da Cultura.

O Conselho de Administração tem na sua constituição três membros, sendo os vogais nomeados por despacho do titular da pasta da Cultura, e os seus membros têm um mandato com duração de três anos.

O Conselho Diretivo é constituído por sete membros, dos quais cinco vogais são nomeados pelo titular da pasta da Cultura e um pelo Ministro das Finanças, por um período de três anos. O Conselho Diretivo nomeará, entre os seus membros, um vice-presidente.

Finalmente o Conselho Fiscal tem a composição e as funções próprias deste órgão nos termos dos estatutos da Fundação.

Fonte: CCB (s.d.)

2.2. Enquadramento Histórico e Turístico da zona de Belém da Ajuda

A zona de Belém, que, nos dias que correm, é um local de grande atratividade turística, nem sempre o foi. A sua evolução e pertença à cidade de Lisboa é mais recente do que

Tabela 1 – Estrutura organizacional CCB (órgãos sociais)

(22)

11

muitos de nós acreditamos ser possível. Belém já foi local de partida para os nossos marinheiros que se aventuravam pelo mar fora em descoberta de novas terras, novos sabores, novos conhecimentos, local de praia e de veraneio real, local onde a família real estava no dia do terramoto de 1755, local fabril; por isso, pode-se afirmar que Belém é local de tudo e de todos. Parece que pouco não se terá passado e que não se venha ainda a passar. Hoje em dia reconhecida como uma área da cidade de Lisboa, rica em património e com forte ligação ao rio, deixa os que por cá passam apaixonados e perdidos pelas maravilhas aqui edificadas. Não podendo esquecer-nos da Ajuda, onde segundo (Palácio da Ajuda, s.d.) foi edificado “O Real Paço de Nossa Senhora da Ajuda foi mandado erguer por D. José I (1714-1777) no alto da colina da Ajuda. Este edifício, construído em madeira para melhor resistir a abalos sísmicos, ficou conhecido por Paço de Madeira ou Real Barraca. Substituía o sumptuoso Paço da Ribeira que fora destruído no Terramoto que arrasou Lisboa em Novembro de 1755.” Com a mudança da corte para a Ajuda, outras construções viriam a ser feitas, para que estes melhor aproveitassem essa área. Segundo (Ramalho, s.d.) Belém foi:

Batizado com o nome da estrela guia, o lugar de Belém foi, através dos séculos, um pouco de tudo. Aldeia rural na Idade Média, porto de mar dos Descobrimentos, lugar de quintas aristocráticas, sede do governo após o terramoto de 1755, zona industrial no século XIX, praia de banhos com a moda do veraneio, palco da Exposição do Mundo Português, em 1940, cenário da adesão de Portugal à CEE e, finalmente, um dos mais importantes polos turísticos de Lisboa, onde, a par da proximidade do rio o visitante pode encontrar museus, monumentos e jardins históricos.

É um local carregado de passado, presente e com vislumbres de um futuro próximo com uma diversidade de equipamentos culturais inigualável. Para que seja mais fácil a leitura de quantos são e quantas tipologias estão representados, irei apresentar em forma de tabela.

(23)

12

Tabela 2: Equipamentos Culturais de Belém Ajuda

Fonte: Tojeira, A.

Como é possível constatar, Belém e a Ajuda têm uma variedade e riqueza museológica incrível. E todos estes constam numa área urbana que pertencem à Junta de Freguesia de Belém e da Junta de Freguesia da Ajuda. Segundo a Junta de Freguesia de Belém (s.d.) é constituída por uma área de 10,43 Km2 e pertence ao segundo Bairro Administrativo

da capital. O número de habitantes é de 16528 e tem uma densidade de 1584,7 hab/Km2. A Junta de Freguesia da Ajuda segundo wiki (s.d.) é constituída por uma área

de 2,88 km2, tem 15 617 habitantes e tem uma densidade 5 422,6 hab/km2. Tornara-se,

assim, uma área muito competitiva, com muito que ver, e que facilmente abrange todos os gostos dos que a procuram.

Museus Monumentos Equipamentos Culturais Jardins Museu Nacional de Arqueologia Mosteiro dos Jerónimos Centro Cultural de Belém Jardim Botânico Tropical Museu Nacional

de Etnologia Torre de belém

Planetário Calouste Gulbenkian Jardim Botânico da Ajuda Museu Nacional dos Coches Ermida de São

Jerónimo Cordoaria Nacional Praça do Império

Picadeiro Real Gare Marítima de Alcântara Picadeiro Henrique Calado Jardim da Torre de Belém Museu de

Marinha Igreja da Memória

Jardim Vasco da Gama

Museu da Eletricidade

Palácio dos Condes da Calheta

Jardim Afonso de Albuquerque Museu de Arte

Popular Palácio de Belém Museu da Presidência da República Palácio Nacional da Ajuda Museu Coleção Berardo Monumento a 1ª travessia Aérea do Atlântico Sul Museu do Combatente Monumento aos Combatentes do Ultramar Padrão dos Descobrimentos Padrão do Chão Salgado

(24)

13

Como já foi referido, esta área foi sendo moldada e ao longo dos séculos passou por várias fases. Mas houve um acontecimento muito específico que veio revitalizar esta zona e potenciá-la para a área do turismo como até à história não tinha sido feito. E foi a exposição do Mundo Português em 1940, que ocorreu entre 23 de junho a 2 de dezembro. Obviamente os trabalhos começaram um pouco antes, pois foi um projeto muito ambicioso, que levou a grandes alterações urbanísticas. Segundo Abreu (2013) esta exposição ocorreu para enaltecer a comemoração dos 800 anos da Fundação da Nacionalidade e dos 400 anos da Restauração, e é possível afirmar que terá também sido um dos eventos culturais mais significativos de Portugal no século XX.

Na sua perspetiva Abreu (2013, p.52) refere que “A preparação da Exposição do Mundo Português teve início nos finais dos anos 30, com o reordenamento das zonas ribeirinha e da área defronte do Mosteiro dos Jerónimos. Para esse fim foram desalojados habitantes e demolidos quarteirões, ruas, largos, jardins, o Mercado de Belém, fábricas, pequenas lojas, etc.”

O desalojamento foi necessário para abrir a possibilidade da imensa construção que aquela área veio a sofrer. De todos os edifícios feitos, ficaram alguns para a posterioridade, como é o caso da Praça do Império e a sua fonte luminosa, do Padrão dos Descobrimentos, do lago do Espelho de Água, do Museu de Arte Popular, de alguns elementos do então Jardim Colonial de Belém (hoje Jardim Botânico Tropical) e a estação Fluvial de Belém. Todos os outros edifícios foram sendo desmantelados, uns logo após o fim da exposição e outros ao longo dos anos.

Poderá dizer-se que foi o arranque turístico para esta zona, pois nos anos que se seguiram alguns foram reabilitados, como o caso do Museu de Arte Popular, que voltou a reabrir ao público em 1948. Na década de 1960 outros dois pontos turísticos como o Museu de Marinha (1962) e o Planetário Calouste Gulbenkian (1965), foram adicionados aos já existentes. Em 1960 foi feita a devida recuperação do Padrão dos Descobrimentos, que tinha sido feito para a Exposição do Mundos Português, mas desta vez com o objetivo de torná-lo eterno teve de sofrer obras. A sua reconstrução foi feita na data em que se celebrava os 500 anos da morte do Infante D. Henrique. (Padrão dos Descobrimentos, s.d.). Ainda no início dos anos 40 mais precisamente em 1944, foi finalmente a Torre de Belém devolvida ao povo, pois até então teve escondida pela

(25)

14

Fábrica de Gaz, que era exatamente onde hoje temos o maravilhoso jardim da Torre de Belém. Outras fábricas existiram nesta área, como a cordoaria Nacional e a Central Tejo, hoje em dia intitulada Museu da Eletricidade.

Outro acontecimento muito típico que teve lugar no terreiro das missas desde os anos trinta até 1968, foi a bênção dos Bacalhoeiros. Mais um marco histórico na zona de Belém, local que hoje em dia não valorizamos, não passa de uma larga área com calçada portuguesa virada para o Tejo perto da estação Fluvial de Belém. Porém, este local tem muito que contar, era daqui que saiam os bacalhoeiros para a Terra Nova. Segundo Partido da Terra (2015 p.1) “O Terreiro das Missas está localizado junto à Estação Fluvial de Belém, dispõe de uma extensa área em calçada portuguesa e foi, no decorrer do século XX, local de bênção aos navios bacalhoeiros que dali partiram para a Terra Nova”

Passados alguns anos, em 1983, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém foram consagrados pela UNESCO Património Mundial da Humanidade. A UNESCO (s.d.) apresenta as normas para a sua seleção. Os bens culturais para poderem ser considerados Património Mundial da Humanidade devem representar uma obra-prima do espírito criativo humano, apresentar um testemunho exclusivo ou excecional de uma tradição cultural ou de uma civilização ainda viva ou que tenha desaparecido, ser um tipo de edifício ou de conjunto arquitetónico ou tecnológico notável, de paisagem que ilustre uma ou várias etapas significativas da história da humanidade. Acredito que para o turismo nacional seja muito importante, pois ter monumentos pertencentes a esta lista, indica que são únicos e que devem ser preservados para as gerações futuras.

No início dos anos noventa volta a ser palco de grandes transformações, com a construção do CCB, como já foi referido anteriormente a propósito da sua história, irei unicamente referir que foi construído onde na Exposição do Mundo Português se localizava o Pavilhão Portugueses no Mundo e das Aldeias Portuguesas. Segundo Abreu (2013) após cinquenta anos EMP, este veio assim completar o arranjo da Praça do Império, epicentro da zona de Belém. No início do século XXI deu-se a abertura no centro de exposições do CCB em Museu Coleção Berardo (2007), com o intuito de ajudar a reforçar e modernizar o cariz cultural desta zona histórica da cidade. Em 2004

(26)

15

deu-se também em Belém a abertura ao público do Museu da Presidência da República e reabriu o Museu de Arte Popular (em dezembro de 2010).

No passado dia 23 de maio de 2015 o novo Museu Nacional dos Coches foi inaugurado, num edifício modernista, bastante contrastante com o antigo, onde ainda hoje é possível vermos parte da exposição.

Por fim, a última grande inauguração foi o Picadeiro Henrique Calado dia 16 de junho de 2015. Este está inserido num complexo de edifícios pertencentes ao Regimento de Lanceiros n.º 2 do Exército Português que se situa na Calçada da Ajuda.

2.3. Estatísticas das visitas aos equipamentos de Belém da Ajuda

É importante ter noção do número de visitantes que os museus das área de Belém-Ajuda recebem, pois assim é mais uma ferramenta que ajuda a entender como este polo é importante e um dos mais visitados do País.

Não constam todos os equipamentos, pois alguns destes não disponibilizam o número de visitantes que recebem, e também acabei por me cingir aos que estão presentes no Plano Estratégico Cultural da Área de Belém do Professor António Lamas, a qual irei abordar mais a frente.

À exceção do CCB, em que o número de pessoas significa o número que assistem a espetáculos, eventos comercias, exposições realizadas no centro de reuniões e na garagem sul, não se quantificam as que entram diariamente para visitar as instalações ou para simplesmente utilizarem os nossos serviços de restauração entre outros. Esforços têm sido feitos para que este consiga atrair mais turistas, e com o devido empenho que já vem sido feito e com a sua devida continuação, creio que talvez comece a ter maior procura turística do que até à data.

Segue uma listagem simples dos equipamentos e do devido número de visitantes, só estando disponíveis os últimos três anos não contabilizando 2015, pois este ainda não findou. Será ainda apresentado um ranking dos mesmos e por fim nos que existem valores referentes aos três anos farei uma avaliação de procura.

(27)

16

Tabela 3 Número de visitantes dos Equipamentos Culturais em Belém – Ajuda

Monumento Ano Nº pessoas

Jardim Botânico Tropical (1)

2012 ** 2013 60000 2014 74447 Museu da Eletricidade (2) 2012 199771 2013 192480 2014 246088

Palácio Nacional da Ajuda (3)

2012 50065

2013 253658

2014 53534

Mosteiros dos Jerónimos (3)

2012 694156 2013 722758 2014 807845 Torre de Belém (3) 2012 520061 2013 537855 2014 530903

Museu Nacional de Arqueologia (3)

2012 79210

2013 80139

2014 103068

Museu Nacional de Etnologia (3)

2012 6285

2013 12051

2014 12802

Museu Nacional dos Coches (3)

2012 184105

2013 189015

2014 206887

Padrão dos Descobrimentos (4)

2012 225478

2013 231150

2014 292562

Museu Coleção Berardo (5)

2012 580 814

2013 562 614

2014 572 355

Planetário Calouste Gulbenkian (5)

2012 ** 2013 ** 2014 72657 Museu de Marinha (5) 2012 ** 2013 ** 2014 135977

Jardim Botânico da Ajuda (1)

2012 **

2013 **

2014 67300

Museu da Presidência da República (5)

2012 58617

2013 31244

(28)

17

Museu de Arte Popular (3)

2012 21082

2013 14667

2014 18120

Centro Cultural de Belém (1)

2012 ** 2013 134557 2014 155831 Museu do Combatente 2012 ** 2013 ** 2014 ** Fonte: Tojeira, A. 2 2.3.1. Ranking 2014

Tabela 4: Ranking dos Equipamentos Culturais de Belém – Ajuda

1º Mosteiro dos Jerónimos 2º Museu Coleção Berardo

3º Torre de Belém

4º Padrão dos Descobrimentos 5º Museu da Eletricidade 6º Museu Nacional dos Coches 7º Centro Cultural de Belém

8º Museu de Marinha

9º Museu Nacional de Arqueologia 10º Jardim Botânico Tropical 11º Planetário Calouste Gulbenkian 12º Jardim Botânico da Ajuda 13º Palácio Nacional da Ajuda 14º Museu de Arte Popular 15º Museu Nacional de Etnologia

Fonte: Tojeira, A.

(1) 2 Plano Estratégico Cultural da Área de Belém António Lamas

(2) Relatório de contas 2014 (3) DGPC

(4) EGAC

(5) Contacto direto com o Museu2

*Valor até 31 de julho 2014 **Informação não disponível

(29)

18 2.4. Avaliação da procura

Neste parâmetro só irei destacar alguns casos, pois aqueles que têm uma procura normal, e que tende a aumentar, que é o esperado, não irei isolar e falar de cada um.

Irei falar de casos pontuais como o Palácio Nacional da Ajuda, que teve um aumento de procura exponencial em 2013, devido à exposição da Artista Joana Vasconcelos, em que os números obtidos foram muito altos comparativamente aos anos de 2012 e 2014, sendo estes o valores normais, com uma crescente procura comparativamente de 2012 a 2014. Este número crescente da procura vem fundamentar como um evento pode ajudar a promover um espaço cultural, como é o caso do Palácio, onde existem têm exposições permanentes, mas com esta exposição diferente e de uma artista Portuguesa importante, fez com que o número de visitas aumentasse cinco vezes mais do que o ano anterior.

No caso do Museu de Arte Popular, os valores que atinge não são maus, mas tem vindo a decrescer o número de visitantes, e acredito que este ano 2015 ainda seja menore, pois de momento o museu está sem exposições, logo pouco resta para o visitar. Este museu é uma boa amostra de como a competição nesta área geográfica dificulta a existência e manutenção de alguns museus.

A Torre de Belém também teve uma redução do número de visitantes, não sendo uma redução drástica, ainda assim foram quase sete mil visitantes a menos. Não existem dados que ajudem a entender o motivo desta descida, mas creio, e segundo fui informada, a Torre já este ano reduziu no horário de verão, normalmente a ultima entrada era feita até às 18h30, passou a ser feita às 17h00. Possivelmente com esta medida talvez os números voltem a descer. E segundo foi informada via telefónica, esta medida foi tomada para evitar que haja tantas pessoas a entrar na Torre, pois quer a nível de segurança, quer para a devida manutenção do Património assim tem que ser.

Um exemplo sobre o qual considero interessante debruçarmo-nos é exatamente o Museu Coleção Berardo, em que o número de visitantes é muito elevado, para a tipologia de exposição que apresenta e segundo entrevistas escritas e telefónicas que realizei a operadoras poucas eram as que sugeriam o Museu, alegando que a maioria dos turistas não está normalmente interessado em arte moderna, pois são raros os países de onde

(30)

19

proveem em que não tenham um e provavelmente com arte exposta mais conceituada. Com esta informação seria de esperar uma baixa procura, até que chegamos à questão do custo por visita e este é dos poucos em que não se paga para visitar. Para além deste só o museu da eletricidade. Mas comparativamente este está melhor situado, mais próximo da área forte turística de Belém. Numa área em que todos, ou quase todos, os monumentos são pagos, como já afirmei, haver um em que não existe custo é muito bom, faz com que a procura aumente. São estas as elações que tiro da tão grande procura que o museu tem.

O Museu da Presidência da República também apresenta uma descida da procura, e no ano de 2014, os dados fornecidos são só referentes até 31 de julho. O número de visitantes tem reduzido bastante e mediante o número atingido até 31 de julho de 2014, não creio que tenham conseguido atingir o valor do ano anterior. Acredito que seja um museu com maior interesse nacional do que internacional.

Todos os restantes equipamentos em que temos dados de dois ou dos três anos indicam a contínua procura e evolução do número de visitantes. Uns conseguem atrair maior número de visitantes do que outros, mas isso é expectável numa zona como esta. E também devido ao monopólio das operadoras turísticas em que restringem o tempo e os locais a serem visitados. Sendo benéfico para uns e negativo para outros, criam-se enchentes em alguns museus, não dando a oportunidade dos visitantes poderem usufruir do monumento como era suposto e poderem sair com uma má experiência.

(31)

20

Capítulo III.

Turismos

3.1.

Introdução ao turismo

O turismo é agrupado por afinidades, por características que fazem com que as pessoas se desloquem a um dado local para presenciar, vivenciar e experimentar uma variedade de situações. OMT (citada por Cunha, 2003, p.30) o turismo é “ o conjunto das atividades desenvolvidas por pessoas durante as viagens e estadas em locais situados fora do seu ambiente habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, por motivos de lazer, de negócio e outros”. Segundo Cunha (2003) existem fatores muito importantes no turismo, como os recursos naturais, histórico-culturais e as manifestações de caráter lúdico e cultural. Estes não existem nem foram criados com o intuito de atrair e satisfazer ninguém, mas em verdade são fortes pontos de atração de um destino. Devem ser reunidos em grupos de atividades ou bens turísticos, por exemplo o Mosteiro dos Jerónimos não foi construído com a intenção de promover o turismo cultural da cidade de Lisboa, foi construído para marcar uma época tão importante para Portugal, o mesmo acontece com as cataratas do Niágara, não foram criadas com a intenção de satisfazer as necessidades das pessoas que hoje em dia se deslocam para as visitarem, mas sem eles não existiria turismo local, por isso o turismo precisa destes bens, para criar maior atratividade.

Podemos assim dizer segundo Barreto () que as tipologias do turismo estão dependentes das motivações que levam as pessoas a procurá-las, por exemplo se uma pessoa se desloca para conhecer outros povos, como na Amazónia e em África onde ainda nos dias de hoje os povos indígenas vivem de formas únicas e totalmente deslocadas do nosso dia-a-dia refere-se ao turismo étnico, ou se prefere deslocar-se a locais que tiveram grandes civilizações do passado (turismo cultural), como os Egípcios ou os Maias, podendo ainda deslocar-se para assistir a um grande espetáculo musical, como o festival de Salzburg e Edimburgo (turismo de eventos). Segundo Cunha (2007 p. 47) “Ora as pessoas que viajam por qualquer um destes motivos têm em comum uma razão cultural, e, portanto, podemos dizer que todas elas viajam por razões culturais.”

De forma muito idêntica isto acontece com as tipologias do turismo, pois como no caso do turismo de saúde, as pessoas procuram as estâncias termais para obterem cuidados de

(32)

21

saúde e ao mesmo tempo usufruírem de um serviço de qualidade, e no turismo religioso, predomina a deslocação por motivos de fé a locais de culto e assim sucessivamente. Cada tipo de turismo está ligado a uma motivação, interesse e necessidade de satisfação. Podemos inclusivamente dizer que “os tipos de turismo são definidos pela relação entre as motivações dos turistas e as emoções, de preferência as mais agradáveis proporcionadas pelas características dos recursos turísticos.” Vieira (2015, p.86) É ainda possível dividir as motivações das pessoas em dois grupos que originam diferentes tipologias de turismo segundo Vieira (2015, p. 87) “ definimos um tipo de turismo, normalmente indicamos a sua designação a motivação do turista (turismo de aventura, cultural, etc.) ou o recurso que tem características que mais o atraem (turismo de montanha, de sol e mar, de natureza, etc)” Na realidade, todos somos atraídos e levados a procurar um ou vários tipos de turismo, faz parte do ser humano ter curiosidade e vontade de experimentar e conhecer coisas novas.

No universo das tipologias de turismo há a possibilidade destas existirem em comum, pois um mesmo destino tem a capacidade de oferecer diversos tipos de turismo. Segundo Cunha (2007 p.47) “ Há assim uma relação direta entre os motivos que levam as pessoas a viajar e as características dos diversos destinos podendo, estes, dar resposta a motivações muito diversificadas. Com efeito, um destino pode, simultaneamente, pelas suas características e pela diversidade de atrativos que oferece, corresponder a motivações culturais, profissionais, desportivas e outros.”

3.2. Turismo Cultural

Tal como já foi mencionado existem diversos tipos de turismo, sendo o turismo cultural uma tipologia, irei agora explorá-la e explicitar quais as suas principais características.

Mas antes abrirei o leque do que realmente constitui este tipo de turismo. Segundo a ICOMOS (1991), existe a definição de património, que ajuda a entendermos a sua importância e o que é a sua génese, pois ele é o detentor dos bens quer naturais quer culturais que permitem a existência do turismo cultural como o conhecemos.

O património é um conceito vasto que abrange, quer o meio ambiente natural, quer o cultural. Engloba as noções de paisagem, de conjuntos históricos, de

(33)

22

sítios naturais e construídos, bem como as noções de biodiversidade, de acervos culturais, de práticas culturais, tradicionais ou actuais e de conhecimento.

ICOMOS (1999, p. 1)

Pode assim dizer-se que este tipo de turismo está intimamente ligado a nós, como povo, civilização, o que construímos e o que fomos abonados pela natureza. Somos evolutivos, mas mantendo o passado vivo, porque é deste que originamos. A nossa história, os nossos hábitos e os locais onde vivemos fazem de nós o que somos, e com a preocupação atual de manter vivas as memórias do passado, para as gerações futuras, a preservação e proteção deste vasto património é fundamental. Ainda segundo ICOMOS (1999, p.1):

O património é um conceito vasto que abrange, quer o meio ambiente natural, quer o cultural. Engloba as noções de paisagem, de conjuntos históricos, de sítios naturais e construídos, bem como as noções de biodiversidade, de acervos culturais, de práticas culturais, tradicionais ou actuais e de conhecimento. Recorda e expressa a longa caminhada do desenvolvimento histórico que constitui a essência das diversas identidades nacionais, regionais, autóctones e locais, e faz parte integrante da vida moderna. Constitui uma referência dinâmica e um instrumento positivo do desenvolvimento e da cooperação. O património específico e a memória colectiva de cada comunidade e de cada local, são insubstituíveis e representam uma base essencial para um desenvolvimento, simultaneamente respeitador do passado e virado ao futuro. Nesta época de globalização crescente, a protecção, a conservação, a interpretação e a divulgação do património e da diversidade cultural de cada lugar ou de cada região, constituem um importante desafio para todos os povos e para todas as nações.

E Pode assim dizer-se que o Turismo Cultural tem na sua essência todos os pontos acima referidos. Sem passado não poderia existir um futuro, sem património histórico edificado, não haveria forma de entendermos as correntes artistas e os motivos pelos quais existem, sem comida, pouco intenderíamos, muito especificamente no nosso caso povos do sul/mediterrâneo a essência da nossa alimentação e dificilmente o passaríamos para os que nos visitam. Somos povos de hábitos e que gostamos de conhecer a cultura

(34)

23

dos outros, dando assim a devida oportunidade dos outros também poderem contactar com a nossa.

Cultura, história, gastronomia, como já foi referido, são fatores diferenciadores, marcas de cada país, local, região, e como tal também há quem defenda que o tipo de turismo que abrange estas áreas é o turismo Cultural, mas não só.

Segundo alguns autores existe ainda diferença entre o turismo cultural e o turismo histórico; de facto, se já é previsível que em muitos casos diversos tipos de turismo se toquem e coexistam, nestes dois casos específicos esta ligação ainda é mais forte, podendo mesmo afirmar-se que o turismo histórico não pode existir sem o cultural. Segundo Cunha (2007, p.49) “ dada a impossibilidade de separar a cultura da história, incluímos no turismo cultural as viagens provocadas pelo desejo de ver coisas novas de aumentar os conhecimentos, conhecer as particularidades e os hábitos doutros povos, conhecer civilizações e culturas diferentes, do passado e do presente, ou ainda a satisfação de necessidades espirituais.”

Conforme Pires (2004, p.36) defende, este tipo de turismo tem na sua essência uma diversidade de aspetos, com um espectro de ação que se torna muito rentável a atração de visitantes:

a) A arte é um dos elementos que mais atrai os turistas. A pintura, a escultura, as artes gráficas e a arquitetura são elementos procurados pelos turistas; deste modo, os museus constituem-se nos primeiros atrativos a serem procurados pelos visitantes em uma localidade;

b) A música e a dança, são elementos muito valorizados pelos turistas;

c) A gastronomia típica através de restaurantes representativos da culinária tradicional local;

d) O folclore manifestado através de danças, espetáculos teatrais, desfiles, etc;

e) O artesanato expresso sob a forma de lembranças típicas dos locais e produtos diferenciados e exóticos;

(35)

24

g) O património arquitetónico observado por meio de edifícios históricos, museus, pousadas, centros culturais, centros de eventos, restaurantes, centros comerciais e outras construções que mantenham as características originais; as inter-relações Turismo, Meio Ambiente e Cultura;

h) As igrejas, os ritos religiosos, as procissões e as festas religiosas;

i) A agricultura tradicional da região também pode se transformar em atrativo cultural. A paisagem rural, a forma de se tratar a terra, o modo de vida rural são fortes atrativos, nomeadamente para aqueles que vivem em grandes centros urbanos;

j) O desenvolvimento científico de uma região também pode se transformar em atrativo cultural. O Centro Espacial do Cabo Canaveral é um exemplo de centro científico que atrai fluxos de turistas.

Podemos assim afirmar que muitos aspetos que normalmente não valorizamos ou não julgamos fazer sentido para o turismo cultural fazem-no. Segundo a OMT (citado por Publituris, 2014) “o turismo cultural pode contribuir para o crescimento económico inclusivo, desenvolvimento social e preservação cultural”

Tal como OMT evidencia (citado por Barreto 2007, p.87), “De acordo com a organização mundial do turismo, o turismo cultural inclui o conhecimento da cultura e dos ambientes culturais, compreendendo a paisagem do lugar.” Ainda segundo o mesmo autor, podemos assim englobar um número de locais e monumentos históricos, manifestações artísticas, valores, formas de vida, o património, as indústrias, os idiomas, as atividades do cotidiano, as tradições e forma de receber os outros incluindo também a assistência a eventos culturais, a visita a museus e prédios históricos, a integração com a população local e a absorção de todas as experiências alheias à sua vida quotidiana.

De forma a reforçar, como o turismo cultural é polivalente e que abrange praticamente tudo o que tenha a ver com a sua população, os seus hábitos, costumes, comida, idioma, venho deste modo reforçar mais uma vez esta opinião. Segundo Craik (citado por Barreto 2007, p.88), “ Para ela o turismo cultural é uma incursão personalizada em outros locais e culturas para aprender sobre as pessoas, seus estilos de vida, seu legado e

(36)

25

sua arte, características que devem ser mostradas de uma forma tal que represente genuinamente essas culturas e os seus contextos históricos.”

Será assim muito importante preservarmos as características que nos tornam tão únicos. Pois assim quando somos observados pelos outros, com o intuito de entenderem as nossas origens, a nossa arquitetura e o nosso idioma. Só o poderemos fazer devidamente se mantivermos a nossa integridade cultural e não nos deixarmos corromper pelo excesso da procura turística, nem alterarmos os nossos hábitos de forma a nos tornarmos mais semelhantes aos que nos procuram.

Mas o turismo cultural conforme é enfatizado por Peralta (citado por Abreu 2013), tem a capacidade de desenvolver nas pessoas a consciência ambiental, etnográfica e social, pode ajudar a distribuição dos turistas fase aos bens culturais existentes. Normalmente o turismo cultural gera emprego e de alavancagem das economias locais. Para isso deve fazer-se uma gestão sustentável, de qualidade e que faculte um melhor nível de vida dos agentes envolvidos. Deve ainda incluir-se o turismo nas estratégias económicas de entidades públicas e privadas, de forma e promover as suas relações.

Todos estes fatores são possíveis, mas há que haver uma entre ajuda entre população, agentes privados e públicos. São todos intervenientes neste processo e têm um papel fundamental na sua execução. Só assim será possível competir com outros destinos turísticos e permitir que os turistas que escolhem o nosso destino em prol de outros tenham uma experiência excecional. As autarquias e os privados já começaram a ter a noção de que, segundo Abreu (2013) transformar bens patrimoniais em bens de interesse turístico pode ser e é, nos dias de hoje, um forte objetivo das políticas turísticas e culturais. Sendo também uma forma de marketing de muitas cidades, dos monumentos e da venda de destinos.

Segundo a OECD (2009) “Cultural tourism is one of the largest and fastest-growing global tourism markets. Culture and creative industries are increasingly being used to promote destinations and enhance their competitiveness and attractiveness. Many locations are now actively developing their tangible and intangible cultural assets as a means of developing comparative advantages in an increasingly competitive tourism marketplace, and to create local distinctiveness in the face of globalisation.”

(37)

26

Em forma de conclusão, o turismo cultural é, e continuará a ser, uma das tipologias que consegue movimentar turistas. Hoje em dia, e talvez mais que nunca, fortes campanhas de marketing são feitas, para ajudar a promover este tipo de turismo e não só obviamente. Mas a verdade é que o turismo cultural pode edificar-se como um dos mais antigos, segundo Malkin (citado por Peréz 2009, p.108) “Hoje, apesar do turismo cultural ter deixado de ser uma forma de turismo reservada aos “happy few” e a pessoas com um capital cultural específico, algumas das experiências daqueles viajantes do passado são, em certa medida, semelhantes às dos turistas culturais actuais.” Não que no início lhe fosse atribuído esta designação, é uma conceção muito mais recente, segundo Peréz (2009, p. 108) “ainda que a natureza cultural do turismo é já antiga, a ligação entre turismo e cultura é relativamente recente e muito mais o conceito de “turismo cultural.” Para revitalizarmos e diversificarmos este tipo de turismo há que utilizar várias ferramentas, como o marketing, como já referi, os eventos são já utilizada e cada vez se nota o aumento deste, em prol de promover outro tipo de atividades culturais que facilmente se interligam ao património. Dar a conhecer o mesmo destino, mas sempre com algo novo e diferente.

Também o PENT 2013-2015 (s.d, p.11) reforça que Portugal, incluído cidades como o Porto e Lisboa, devem “Dinamizar as estadias de curta duração em cidade, integrando recursos culturais, propostas de itinerários e oferta de experiências, incluindo eventos, que promovam a atratividade das cidades e zonas envolventes.” Ainda referente aos eventos como atrativo das cidades é preconizado que estas devem ter a “Capacidade de organização de grandes eventos” pois assim conseguiram reconhecimento muito benéfico “junto dos participantes e dos média internacionais” PENT 2013-2015 (s.d., p.13)

Uma forte aposta do PENT 2013-2015 (s.d.) é fomentar o crescimento dos short breaks em cidades como Lisboa e Porto. Aplicando a cidade de Lisboa, estas estadias de curta duração fazem com que haja uma melhoria das centralidades turísticas e valoriza a oferta. Assim sendo para as tornar mais competitivas é aconselhado que haja um crescimento de eventos, de iniciativas culturais, de equipamentos culturais, de lazer e criar percursos temáticos que atraiam maior número de turistas e que fortalece a sua satisfação.

(38)

27

A criação dos eventos pode e já está comprovado que ajuda os destinos e por sua vez alia-se perfeitamente aos diversos tipos de turismo e como tal as entidades responsáveis devem segundo o PENT 2013-2015 (s.d.) criar um calendário de eventos com interesse turístico que valorize a sua estadia e influencie a sua decisão de escolha.

Segundo abordagem realizada por mim, parece que o CCB, não cria este impacto nos turistas que visitam Lisboa, mas a verdade é que têm sempre espetáculos diferentes, para diversos públicos, tal como os autores afirmam, a diversidade e complementaridade de atividades culturais fora das épocas altas fortalece um destino. Acredito com a elaboração do Plano Estratégico Cultural da Área de Belém as atividades culturais existentes, mais as que venham a ser criadas em conjunto com os restantes equipamentos, venham a trazer nova vida a Belém-Ajuda. Dar a oportunidade de um turistas assistir a um concerto de forma inesperada a meio da sua visita num jardim, num museu ou mesmo no CCB, será uma aliança preciosa para a dinamização e promoção cultural.

3.3. Turismo de Eventos

Chega-se a esta conceção devido aos que participam nos eventos, que também puderam fazer turismo e os que durante a sua visita turística a um destino participam em eventos. Vieira (2015 p.22) afirma que “nem a motivação principal dos primeiros é o turismo, nem a dos segundos é participar em eventos, mas quer num quer noutro caso, os eventos e o turismo se encontram, interagem e se sobrepõem.”

É uma evolução para o turismo, sendo também uma oportunidade de negócio, de revitalização e de promoção do destino. Tornando-se mais uma forma de competir com os outros destinos, pondo-os na primeira linha. Getz (citado por Vieira, 2015 p.22) “defende que a driving force desta convergência que se designa por event tourism é o turismo justificando que neste se verifique hoje um crescente interesse pelos eventos o que leva a que o event tourism seja considerado como um novo tipo de turismo centrado em eventos, um interesse com múltiplas justificações, como veremos adiante.”

Ainda segundo Vieira (2015) é evidente a ligação que existe entre estes dois mundos, pois por vezes são os eventos que atraem participantes turistas, sendo os seus principais

Imagem

Tabela 1 – Estrutura organizacional CCB  (órgãos sociais)
Tabela 2: Equipamentos Culturais de Belém Ajuda
Tabela 3 Número de visitantes dos Equipamentos Culturais em Belém – Ajuda
Tabela 4: Ranking dos Equipamentos Culturais de Belém – Ajuda
+7

Referências

Documentos relacionados

Após o processo da troca do produto Spiegelau com a utilização dos selos colecionados, a cartela promocional com os selos correspondentes à operação será retida pela

Constata-se também que, se há um aumento do fluxo do Turismo de Eventos no país e, se ele é tendência, há um ganho socioeconômico para as localidades, pois, por se tratar

Portanto, é nesta perspectiva que analisaremos a seguir o perfil do turista de eventos do Centro de Convenções de Sobral, no intuito de apontarmos algumas sugestões para que

Trong đó:  V : tốc độ gió thiết kế m/s  At : diện tích của kết cấu hay cấu kiện phải tính tải trọng gió ngang m2  Cd : hệ số cản được quy định

- Declaração amigável - Declaração de amor - Declaração de frequência - Declaração de guerra - Declaração de presença - Declaração de rendimentos - Declaração de

Considerando o objetivo inicial deste artigo, que estava direcionado para o estudo das questões relacionadas ao turismo de eventos esportivos na cidade de Ilhéus, esta atividade

Com efeito, a identificação de Anafé nas fontes e a sua posterior contextualização no quadro da política expansionista portuguesa face ao Norte de África permite-nos concluir

quais, aliás, muito pouco ficou documentado), para, a seguir, tentar inserir e situar estes três eventos no contexto mais geral da modernidade urbana, e no processo mais específico