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Diferenças do tipo de Institucionalização na Orientação Espacial e Orientação Temporal e nas Actividades Básicas da Vida Diária dos idosos

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Academic year: 2021

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(1)Diferenças do tipo de institucionalização na Orientação Espacial e Orientação Temporal e nas Actividades Básicas da Vida Diária dos Idosos. Dissertação apresentada com vista à obtenção do 2º Ciclo em Actividade Física na Terceira Idade ao abrigo do Decreto-lei nº216/92 de 13 de Outubro.. Orientador: Professor Doutor Jorge Mota Autora: Sandrine Maria Bessa Ribeiro. Porto, 2013.

(2) Ribeiro, S. (2013). Diferenças do tipo de Institucionalização na Orientação Espacial e Temporal e nas Actividades Básicas da Vida Diária dos Idosos. Porto: S. Ribeiro. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras-Chave:. ENVELHECIMENTO;. INSTITUCIONALIZAÇÃO;. ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL; ACTIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA; ACTIVIDADE FÍSICA.. II.

(3) Dedicatória. Dedico este trabalho:. Ao meu pai, Albino Ribeiro por todo o seu amor, por ser o mais generoso dos pais, um exemplo e um grande orgulho para mim; À minha mãe, Lurdes Ribeiro, pela força, dedicação, carinho e por estar sempre por perto, todos os dias da minha vida; Ao meu irmão, Rui por sempre me ter mostrado o caminho certo a seguir, por toda a compreensão e por me ter transformado na pessoa que hoje sou. Sem vocês este trabalho académico nunca teria sido possível, amo-vos muito.. III.

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(5) Agradecimentos. A concretização deste trabalho só me foi possível realizar mediante o apoio e o contributo das pessoas que seguidamente irei mencionar: Ao meu orientador, Professor Jorge Mota pelas suas críticas construtivas, pelo seu apoio e permanente disponibilidade; À Professora Susana Vale pela sua ajuda e disponibilidade para a realização deste estudo; Aos idosos, funcionários e técnicos do Centro de Apoio à Terceira Idade de São Mamede de Infesta pelo seu apoio, simpatia e disponibilidade permanente. Sem eles, este trabalho não seria possível; A todos os meus professores por me transmitirem conhecimentos fundamentais para a realização deste estudo e por incentivarem a ir sempre mais além; Aos meus colegas de curso pela amizade ao longo destes dois anos; Aos meus pais, por sempre me apoiarem nas minhas decisões e por ao longo da vida me manterem as portas sempre abertas, sendo os meus exemplos de vida.. V.

(6) Índice Geral Dedicatória. III. Agradecimentos. V. Índice Geral. VI. Índice de Quadros. VIII. Índice de Anexos. IX. Resumo. X. Abstract. XII. Abreviaturas. XIII. I. Introdução. 15. 1. Introdução. 16. II. Revisão da Literatura. 17. 1. Envelhecimento. 18. 1.1.. Envelhecimento Biológico. 20. 1.2.. Envelhecimento Psicológico. 23. 1.3.. Envelhecimento Social. 25. 1.4.. Envelhecimento Demográfico. 27. 2. O Envelhecimento e a Actividade Física. 28. 3. A institucionalização em Portugal. 32. 4. A orientação Espacial e Temporal. 35. 5. As Actividades Básicas da Vida Diária. 38. III. Objectivos e Hipóteses. 41. 1. Objectivos do estudo. 42. 1.1.. Objectivo Geral. 42. 1.2.. Objectivos Específicos. 42. VI.

(7) 2. Hipóteses. 43. IV. Metodologia. 45. 1. Caracterização da Amostra. 46. 2. Instrumentos de Avaliação. 48. 3. Procedimentos Estatístico. 49. 4. Variáveis. 49. 5. Resultados. 50. V. Discussão de Resultados. 59. 1. Tipo de Institucionalização e Orientação Espacial e Temporal. 60. 2. Tipo de Institucionalização e Actividade Física. 61. 3. Tipo de Institucionalização e Actividades Básicas da Vida Diária. 62. 4. Género e Orientação Espacial e Temporal. 63. 5. Género e Actividade Física. 64. 6. Género e Actividades Básicas da Vida Diária. 65. 7. Actividade Física e Orientação Espacial e Temporal. 66. 8. Actividade Física e Actividades Básicas da Vida Diária. 67. 9. Nível de Escolaridade e Orientação Espacial e Temporal. 68. 10. Nível de Escolaridade e Actividade Física. 69. 11. Nível de Escolaridade e Actividades Básicas da Vida Diária. 70. VI. Conclusões. 71. VII. Bibliografia. 75. VIII. Anexos. 89. VII.

(8) Índice de Quadros. Quadro 1 – Distribuição da amostra por Tipo de Institucionalização e. 46. Sexo Quadro 2 – Média de Idades da amostra por Género, Tipo de. 47. Institucionalização e prática de Actividade Física Quadro 3 – Análise estatística do Tipo de Institucionalização nas. 50. restantes variáveis Quadro 4 – Análise estatística do Género nas restantes variáveis. 52. Quadro 5 – Análise estatística da Actividade Física nas restantes. 54. variáveis Quadro 6 – Análise estatística do Nível de escolaridade nas restantes variáveis. VIII. 56.

(9) Índice de Anexos. Anexo I – Índice de Barthel. XC. Anexo II – Mini Mental State Examination. XCIII. IX.

(10) Resumo O. presente. estudo. pretendeu. verificar. as. diferenças. da. institucionalização na orientação espacial e temporal e nas actividades básicas da vida diária dos idosos. Associadamente, pretendeu-se estudar o efeito da actividade física e do nível de escolaridade nas variáveis mencionadas anteriormente. Amostra: 60 idosos sem doenças degenerativas (30 do sexo feminino e 30 do sexo masculino). Dos 60 idosos, 30 estão institucionalizados a tempo inteiro (lar), enquanto que os outros 30 estão institucionalizados em tempo parcial (centro de dia). Os idosos seleccionados têm idades compreendidas entre os 65 e os 85 anos de idade. Metodologia: Como instrumentos foram utilizados o Mini Mental State Examination para avaliar a orientação espacial e temporal e o Índice de Barthel para avaliar as actividades básicas da vida diária. Foi também colocada a todos os idosos uma questão sobre a respectiva prática de actividade física. Os principais resultados indicam: 1) Os idosos institucionalizados no centro de dia apresentam uma melhor orientação espacial e uma maior percentagem de prática de actividade física relativamente aos idosos institucionalizados no lar; 2) Os idosos que praticam actividade física apresentam. uma. melhor. orientação. espacial. e. um. maior. nível. de. independência nas actividades básicas da vida diária comparativamente com os idosos que não praticam qualquer tipo de actividade física; 3) Os idosos com melhor nível de escolaridade possuem uma melhor orientação espacial e praticam mais actividade física do que os idosos com pouco ou nenhum nível de escolaridade. Conclusões: Estes resultados sugerem que é necessário serem tomadas medidas nos idosos (principalmente os institucionalizados a tempo inteiro) no sentido de adoptarem estilos de vida mais activos com menor risco de perda das actividades básicas da vida diária e da orientação espacial.. Palavras-chave: ENVELHECIMENTO; INSTITUCIONALIZAÇÃO; ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL; ACTIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA; ACTIVIDADE FÍSICA.. X.

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(12) Abstract. The present study aimed to investigate the differences of the institutionalization, in the spatial and temporal orientation in the elderly basic activities of daily living. Furthermore, we intended to study the effect of physical activity and educational level in the aforementioned variables. Sample: 60 elderly without degenerative diseases (30 females and 30 males). Of the 60 seniors, 30 are full time institutionalized (retirement home), while the other 30 are part-time institutionalized (day care centre). The selected subjects are aged between 65 and 85 years old. Methodology: The instruments used were the Mini Mental State Examination to assess the spatial and temporal orientation, and Barthel Index to assess activities of daily living. All seniors also answered a question about their physical activity. The main Results indicate: 1) The elderly institutionalized in day care centre have better spatial orientation and a higher percentage of physical activity, compared to the seniors institutionalized in the retirement home. 2) Older people who practice physical activity have better spatial orientation and a higher level of independence in activities of daily living compared to seniors who do not practice any kind of physical activity; 3) Elderly people with a higher level of education have better spatial orientation and do more physical activity than the elderly with little or no schooling. Conclusions: These results suggest that it is necessary to take measures in the elderly (especially the ones that are full time institutionalized) to adopt an more active lifestyle with less risk of loss of activities of daily living, and spatial orientation.. Key-words: AGING; INSTITUTIONALIZATION; TEMPORAL AND SPATIAL ORIENTATION; BASIC ACTIVITIES OF DAILY LIFE; PHYSICAL ACTIVITY.. XII.

(13) Abreviaturas e Símbolos. AAVD – Actividades Avançadas da Vida Diária AIVD – Actividades Intermediárias da Vida Diária AVD – Actividades da Vida Diária ACSM – American College Sport Medicine ERO – Espécies Reactivas de Oxigénio INE – Instituto Nacional de Estatística MMSE – Mini Mental State Examination OMS – Organização Mundial de Saúde RL – Radicais Livres SPSS – Statistic Package for the Social Science WHO – Wold Health Organization. XIII.

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(15) I.. Introdução.

(16) 1. Introdução. O envelhecimento é um fenómeno cada vez mais presente nas sociedades actuais (Oliveira, 2008). Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) (2008), a institucionalização dos idosos tem vindo a aumentar sendo que 72% desses idosos revelam níveis de incapacidade significativos. Desta forma, inicia-se. um. ciclo. que. envolve. a. redução. da. actividade. física. e. consequentemente a redução da condição física e de saúde, podendo originar uma situação de total ou parcial impossibilidade de realizar as actividades básicas da vida diária (AVD), privando os idosos de ter uma vida autónoma e saudável, e consequentemente uma boa qualidade de vida (Spirduso et al., 2005). A literatura tem assim demonstrado que o envelhecimento implica vários efeitos a nível psicológico, social e físico (Spirduso et al., 2005). Diversos autores têm referenciado a actividade física como um dos elementos potenciadores do bem-estar físico e psicológico dos idosos e da consequente melhoria da qualidade de vida, como tal, a sua prática regular torna-se fundamental para os indivíduos desta faixa etária (Carvalho, 1999). Por sua vez, Xavier et al, (2010) afirmam que a orientação espacial e temporal é também um marcador precoce e de alta especificidade para problemas cognitivos nos idosos, tendo assim, estes factores tendência a ser afectados com o envelhecimento. Assim, de forma a uma maior e melhor compreensão da problemática da institucionalização, o objectivo principal deste estudo foi verificar as diferenças que o tipo de institucionalização pode provocar na orientação espacial e na orientação temporal dos idosos, tal como nas actividades básicas da vida diária. Associadamente, estudou-se também o papel que a actividade física e o nível. de. escolaridade. desenvolvem. 16. nas. variáveis. mencionadas..

(17) II. Revisão da Literatura.

(18) 1. Envelhecimento. O envelhecimento é um conjunto de processos fisiológicos de crescimento e de desenvolvimento que começam no nascimento e acabam com a morte. Este, ocorre com a inevitável passagem do tempo, mas de facto actualmente poucas pessoas morrem por causa da idade mas sim porque o corpo humano vai perdendo capacidade de resistir ao stress físico e ambiental. Durante a juventude, o corpo humano tem a capacidade física que lhe permite adaptar-se a diversos desafios como exposições a vírus ou mudanças radicais de temperaturas. Com o envelhecimento, o corpo perde essa capacidade de se adaptar de forma rápida e efectiva (Spirduso et al., 2005). Contudo, este conceito não é assim tão linear, não se focando apenas na vertente biológica mas também na vertente psicológica, social e demográfica. Em 2004, o Ministério da Saúde definiu o envelhecimento como um processo de mudança progressiva da estrutura biológica, psicológica e social, que se desenvolve ao longo da vida. Assim, o envelhecimento está associado a um conjunto de alterações biológicas, psicológicas e sociais que se desenvolvem ao longo da vida humana, pelo que é difícil encontrar uma data a partir da qual se possam considerar as pessoas como sendo “velhas”. Este facto está relacionado com a falta de consenso quanto à semântica e uso de palavras “idoso” e “velho” (Sequeira, 2010). O envelhecimento é assim um assunto actual que nos remete para uma reflexão que abrange diversos campos do saber. A complexidade deste tema centra-se também no facto de o ser humano viver cada vez mais tempo, tendo que se adaptar às mudanças da sociedade que ocorrem a um ritmo muito acelerado, e na qual o estatuto do idoso se alterou (Cardoso, 2010).. 18.

(19) Actualmente, os idosos são classificados, cronologicamente, como indivíduos com mais de 65 anos em países desenvolvidos e 60 anos em países em desenvolvimento. No entanto, esta definição é contestada por diversos autores, uma vez que a esperança média de vida aumentou nos últimos anos, e esta definição não deveria ser sustentada apenas em factores cronológicos mas também em aspectos psicológicos, culturais e nas ciências médicas (Orimo et al., 2006). Sabe-se que a Terceira Idade tem o seu princípio cronológico na época da reforma, cuja faixa etária varia entre os 60 e os 65 anos, mas de facto, as características de mudanças da Terceira Idade começam a manifestar-se mais cedo (Teixeira et al., 2008). Assim, a longevidade humana é uma realidade cada vez mais presente e incontestável, permanecendo cada vez mais a ânsia de não se envelhecer. Este processo é de alguma forma negligenciado uma vez que não se circunscreve apenas ao idoso, ocorrendo desde o nascimento até à morte (Sequeira, 2010). Para dar resposta a todo este estudo sobre o envelhecimento, surge a gerontologia que ao longo das últimas décadas, tem procurado a sua autodefinição, tendo aumentado o número de variedade de estudos realizados para estabelecer o seu foco (Dossey-Newby & Krull, 2005). Esta ciência pode ser definida como a ciência do envelhecimento, que se baseia no conhecimento sobre o envelhecimento de diversas ciências, como a biologia, psicologia, economia e sociologia (Palmore et al., 2005). No entanto, a literatura e a pesquisa da gerontologia tem-se focado principalmente nos aspectos negativos do processo de envelhecimento, sendo necessário haver uma maior relevância dos aspectos positivos de forma a reduzir a imagem negativa desde tipo de população para a sociedade. No entanto, a partir das últimas décadas do século XX, vários termos da literatura científica, dão uma visão positiva do envelhecimento (Ballesteros, 2011). Sendo o envelhecimento um tema bastante complexo, alguns autores dividem este processo em primário e secundário. Relativamente ao envelhecimento primário, este inclui mudanças universais relacionadas com a. 19.

(20) idade como doenças e influências ambientais enquanto que o envelhecimento secundário se refere a sintomas clínicos e inclui os efeitos do ambiente e doenças (Spirduso et al., 2005). Spar e La Rue (2005), afirmam que o envelhecimento primário está relacionado com a longevidade máxima da espécie, enquanto que o envelhecimento. secundário. diz. respeito. às. diferenças. interindividuais. (Sequeira, 2010). Contudo, as causas destes dois tipos de envelhecimento são distintas mas elas não actuam de forma independente uma vez que elas interagem fortemente, isto é, as doenças e o stress ambiental podem acelerar os processos primários de envelhecimento mas estes mesmos processos podem aumentar a vulnerabilidade a doenças e ao stress ambiental (Spirduso et al., 2005). Um envelhecimento bem-sucedido/activo é determinante no conceito central para a gerontologia, sendo o bem-estar e a qualidade de vida dos idosos os principais indicadores de uma adaptação bem-sucedida (Sequeira, 2010).. 1.1. Envelhecimento biológico. Como já foi referido anteriormente, o envelhecimento pode ser caracterizado por uma diminuição das funções fisiológicas e alterações da morfologia relacionadas com o tempo. Este declínio relacionado com a idade funcional está associado a alterações morfológicas nos órgãos, tecidos, células e estruturas ao longo do tempo que geralmente são avaliados pela idade cronológica. No entanto, um individuo com uma doença, biologicamente pode ser mais velho do que uma pessoa saudável com a mesma idade. Assim, a idade cronológica apenas reflecte de forma indirecta as alterações biológicas e fisiológicas (Bai et al., 2010).. 20.

(21) Com o envelhecimento surgem também as alterações da composição corporal que têm uma forte componente genética mas também é influenciada por factores ambientais. As principais influências são a dieta, a saúde e a actividade física. Como exemplo temos a falta de consumo de calorias e proteínas suficientes na dieta que podem limitar o desenvolvimento do tecido muscular ou influenciar negativamente a manutenção do tecido muscular e a falha de cálcio na dieta é o maior impacto no osso. Doenças, como a osteoporose afectam drasticamente o osso, e a actividade física diária com intensidade moderada desempenha um papel importante na promoção da saúde do osso, na manutenção da massa muscular e na redução da acumulação de gordura corporal (Palmore et al., 2005). Ao longo dos últimos anos, tem sido alvo de estudo as teorias biológicas que explicam o processo de envelhecimento. Estas teorias podem dividir-se em duas categorias: teorias genéticas e teorias estocásticas. Serão abordadas nesta revisão da literatura algumas teorias de uma forma sucinta. As referidas teorias genéticas centram-se na participação dos genes no processo de envelhecimento, sem negar a importância das influências ambientais. Dentro desta categoria temos a Teoria da Velocidade da Vida que defende que a longevidade é inversamente proporcional à taxa metabólica, ou seja, as características genéticas de cada espécie de mamíferos determinariam a sua taxa metabólica e, desta forma, a sua maior ou menor longevidade relativamente às outras espécies. No entanto, ao longo dos anos, esta teoria tem sido estudada, chegando-se à conclusão de que não existe uma reserva energética. ou. número. de. batimentos. cardíacos. pré-determinados. geneticamente que determine a longevidade do indivíduo. A influência metabólica na longevidade poderá ser, parcialmente, explicada pelo aumento da produção de espécies reactivas de oxigénio (ERO), nos animais metabolicamente mais activos (Mota et al., 2004). Outra teoria desenvolvida foi a Teoria dos Telómeros. Os telómeros são sequências dos ácidos nucleicos que se estendem pela extremidade dos cromossomas. Sempre que acontece a divisão celular, os telómeros são encurtados, causando dano e morte celular associada ao envelhecimento. A. 21.

(22) telomerase repara e substitui os telómeros manipulando o mecanismo que controla o tempo de vida e a divisão das células. Esta teoria ainda está a ser desenvolvida e pretende-se com isto impedir que as células cancerígenas se dividam e convertê-las em células saudáveis (Jain et al., 2012). Surge também a Teoria Neuro-endócrina que defende que o nível de envelhecimento resulta do declínio de diversas hormonas do eixo hipotálamopituitária-adrenal que controlam o sistema reprodutor, o metabolismo e outros aspectos do funcionamento normal de um organismo. Esta teoria defende que a actividade do hipotálamo depende da expressão de genes específicos, os quais, independentemente da influência dos factores estocásticos, alteram a sua expressão com a idade, condicionando um conjunto de funções directamente dependentes do sistema neuro-endócrino Assim, a Teoria Neuroendócrina considera que a incapacidade fisiológica do organismo associada à idade pode ser explicada com base na alteração hormonal resultante da modificação da expressão genética (Mota et al., 2004). À parte das teorias genéticas surgem então as Teorias Estocásticas que sugerem que a perda de funcionalidade que acompanha o fenómeno de envelhecimento é causada pela acumulação aleatória de lesões, associadas à acção ambiental, em moléculas vitais, que provocam um declínio fisiológico progressivo (Mota et al., 2004). Existem diversas teorias dentro desta categoria mas a que mais tem sido destacada é a Teoria do Stess Oxidativo que foi proposta pela primeira vez por Harman em 1966 e baseia-se no envolvimento dos radicais livres (RL) no fenómeno de envelhecimento e na doença. Este autor considera que o fenómeno de envelhecimento é o resultado da acumulação de lesões moleculares provocadas pelas reacções dos RL nos componentes celulares ao longo da vida, que conduzem à perda de funcionalidade e à doença com o aumento da idade, conduzindo à morte. Os RL constituem um grupo de substâncias químicas que contêm um ou mais electrões desemparelhados numa orbital, o que lhes confere uma grande instabilidade química (Mota et al., 2004).. 22.

(23) Os radicais livres adquirem a sua estabilidade química interagindo com substâncias não-radicais, ao cederem o electrão desemparelhado a uma molécula estável, formando assim um radical reduzido, ou aceitando um electrão a partir de uma molécula estável, convertendo-a em radical oxidado (Mota et al., 2004). Os diferentes radicais existentes nos sistemas biológicos encontram-se, habitualmente, associados a 4 átomos, nomeadamente o de carbono (C), o de enxofre (S), o de azoto (N) e o oxigénio (O) (Ascensão et al., 2003). Desta forma, é habitual utilizar-se a denominação de espécies reactivas para englobar quer os radicais livres quer os compostos não radicais seus percursores. A espécie reactiva de oxigénio é a principal neste trabalho, uma vez que durante o exercício há um aumento do consumo de oxigénio (Ascensão et al., 2003). O desequilíbrio entre os mecanismos de produção e de neutralização das ERO denomina-se por Stress Oxidativo, que resulta assim da incapacidade dos sistemas antioxidantes em combater a produção excessiva de ERO, provocando o envelhecimento celular (Ascensão et al., 2003). Assim,. todas. estas. teorias. tentam. explicar. o. processo. de. envelhecimento mas é claro que algumas destas teorias são o resultado de outras teorias, estando assim interligadas (Jain et al., 2012).. 1.2.. Envelhecimento Psicológico. Do ponto de vista psicológico, é necessário ter em atenção o equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do idoso, de modo a serem minimizadas as perdas que estão associadas ao processo de envelhecimento. O envelhecimento psicológico está dependente de factores patológicos, genéticos, ambientais, do contexto sociocultural em que o individuo se encontra inserido e do modo como cada pessoa organiza e vive o seu projecto de vida.. 23.

(24) Desta forma, entende-se que a manutenção de actividades significativas constitui um factor de equilíbrio psicológico por excelência (Sequeira, 2010). A revisão da literatura evidência que a experiência pessoal sobre o envelhecimento tem um papel importante na saúde, no bem-estar e na qualidade de vida dos idosos. Esta experiência refere-se à auto-percepção do processo individual de envelhecimento. Estas percepções implicam o que os indivíduos experienciam em diferentes domínios (Bode et al., 2012). O aparecimento de rugas, cabelo branco, a obesidade, entre outros factores podem trazer grandes transtornos para o auto-conceito de cada pessoa. Estas alterações físicas resultantes da idade suscitam o aparecimento de estereótipos relativamente às capacidades dos idosos. Algumas destas alterações podem ser disfarçadas com cosméticos, tintas, cirurgias plásticas mas estas situações só adiam o inadiável pois toda à gente atinge a velhice (Cavanaugh & Blanchard-Fields, 2006). Estudos na população em geral têm demonstrado que as autopercepções positivas sobre o envelhecimento estão relacionadas positivamente com a função física, a ausência de depressão e a níveis mais elevados de bem-estar. Assim, esta atitude positiva para com o envelhecimento desencadeia um aumento da percentagem da prática de exercício físico por parte dos idosos e consequentemente o aumento da longevidade (Bode et al., 2012). Por sua vez, Coes (1991), afirma que as auto-percepções negativas interferem na atenção selectiva, na codificação de informações na memória, bloqueando a compreensão e o raciocínio. Byrne (2002) acrescenta que estes distúrbios psicológicos são mais frequentes em idosos institucionalizados.. 24.

(25) 1.3. Envelhecimento Social. Quando se fala em envelhecimento, um dos conceitos que é alvo de pesquisa é o conceito de velho. Ao falar de velho, a imagem que surge é de algo gasto ou sem utilidade. Mas, no que toca ao ser humano, o que pode de facto estar pronto, acabado, novo ou velho, mau ou bom? Ao longo da história da humanidade, muitas convenções têm surgido como sinais que marcam as fases da vida do ser humano na sociedade velhice (Teixeira et al., 2008). A percepção do envelhecimento modifica-se de acordo com a época histórica havendo uma evolução da mudança de atitudes sobre este tema ao longo dos séculos. Antes do século XVIII, a velhice era considerada ridícula, no século XIX, o idoso era um ser sábio, porém, já no século XX, o envelhecimento como conceito biológico e moral desaparece, proporcionando o aparecimento de uma pressão social para negar a velhice. Actualmente, não há nenhuma valorização da velhice (Teixeira et al., 2008). Nesta fase da vida, os idosos são alvo de alterações substanciais ao nível dos papéis que desempenham no seio familiar, laboral e ocupacional, constatando-se uma tendência para a diminuição progressiva com a idade. Relativamente à participação social, os idosos tendem a fazer parte de redes sociais cada vez mais pequenas e a diminuir os seus contactos intersociais (Sequeira, 2010). A mudança e a velocidade são dois conceitos que estão presentes na nossa sociedade pois tudo muda com grande rapidez, não dando tempo ao homem para se adaptar a essas mudanças, ou para assimilar a informação nova que lhe chega pois de imediato são novamente ultrapassados por outros valores. É desta forma que neste mundo que é fortemente marcado pela mudança e velocidade, que o idoso se inclui e no qual inevitavelmente, se exclui (Garcia, s.d.) Por outro lado, sabe-se que a existência de ligações afectivas próximas, dentro das quais o casamento, favorecem o processo de envelhecimento. Um. 25.

(26) estudo realizado com uma amostra portuguesa, verificou que o estado civil é uma variável preditora de melhores resultados no envelhecimento (Paúl, s.d.) Desta forma, a perda de um ente querido e o luto, fazem parte da vida dos idosos. Enfrentar várias mortes é outro problema difícil, e muitos idosos enfrentam a morte de vários entes queridos num curto espaço de tempo, provocando muitas vezes a sensação de solidão e o isolamento (Beers, 2004). O idoso é visto como um ser carente e marginalizado, seja pela modificação física, como pela ausência de trabalho e respectivo papel produtivo na sociedade. A discriminação está presente na vida dos idosos, e uma das formas de discriminar é não querer confrontar opiniões com os idosos (Teixeira et al., 2008). Por sua vez, a reforma é um processo que afecta cada vez mais os idosos de uma forma muito negativa. O editor Malcolm Forbes afirmou que “A reforma mata mais pessoas do que aquelas que o trabalho pesado alguma vez matou”. Apesar de parecer uma afirmação cruel, esta adequa-se cada vez mais à presente sociedade. Cerca de um terço dos reformados têm dificuldade em enfrentar as consequências da reforma. Quando as pessoas deixam de forma permanente o trabalho, perdem também o modo de se valorizarem perante a sociedade, tendo de tomar a decisão de como vão enfrentar o resto da sua vida (Beers, 2004). No entanto, existem algumas práticas que são bastante positivas para o idoso, como o caso da prática desportiva. Estas vantagens são verificadas a nível físico, psicológico e social. A prática desportiva auxilia os idosos a restabelecer relações de proximidade, surgindo assim novas pessoas com quem podem conviver com regularidade e cria também uma rotina ao idoso, um determinado local e hora para estar (Garcia, s.d.). Assim, os idosos afirmam que são capazes de rejuvenescer pelo desporto, deixando a morte de ser uma preocupação para eles. Através do desporto, os idosos sentem que regressam à juventude, mesmo que seja num plano simbólico (Garcia, s.d.). Portugal (2004), observou perante um estudo realizado sobre o sentimento de morte entre os idosos sedentários e fisicamente activos que os. 26.

(27) sentimentos negativos relativamente à morte estavam concentrados nos idosos sedentários, enquanto que os idosos activos apresentavam uma visão mais positiva sobre este mesmo tema. Desta forma, perante todo este conflito social que se faz sentir na vida do idoso, é de extrema importância que a sociedade crie espaços e equipamentos sociais, diversificados, seguros e acessíveis aos mais velhos para promover um envelhecimento activo e a sua participação cívica a todos os níveis de decisão (Paúl, s.d).. 1.4.. Envelhecimento demográfico. A população mundial tem aumentado consideravelmente, tal como o seu envelhecimento devido não só ao aumento da esperança média de vida mas também à diminuição da taxa de natalidade (Oliveira, 2008). Na Europa, a média das idades dos países desenvolvidos tenderá em 2050 a ser aproximadamente 55 anos, existindo nessa altura menos de 15% de jovens e mais de 25% de idosos. Pensa-se que a expectativa de vida nos países desenvolvidos será de 87,5 anos para os homens e de 92,5 anos no que se refere às mulheres. Em 1998, estes valores seriam de 70,6 e 78,4 respectivamente (Nunes, 2008). Dados da Annualia (2006/2009) demostram que Portugal se encontra em 11ª lugar no que toca ao índice de natalidade nos países da União Europeia, sendo um dado também relevante o facto da actual geração não garantir renovação. Segundo dados do INE (2008), entre os anos de 1960 e 2001 o envelhecimento demográfico verificou-se por uma diminuição em cerca de 36% da população jovem (dos 0 aos 14 anos) e um aumento de 140% da população idosa, considerando-se para isso como momento de corte a idade de 65 anos. Em Portugal, segundo o INE (2008), em 1990 a população tinha uma esperança média de vida à nascença de cerca de 74,1anos, valor que subiu para os 78,5 anos em 2006. No mesmo período, a esperança de vida aos 65. 27.

(28) anos passou de 15,7 anos para 18,2 anos. Estima-se que em 2050, 10,2% da população em Portugal terá 80 ou mais anos de idade. Ainda de acordo com o INE (2008), a relação entre a população idosa e a população jovem (dos 0 aos 14 anos de idade), traduzida pelo índice de envelhecimento, passou de 27 idosos por cada 100 jovens em 1960, para 109 em 2004, podendo atingir os 243 em 2050. Na população Portuguesa, mais de metade (cerca de 59%) das pessoas pertencentes à faixa etária com mais de 65 anos dizem respeito ao sexo feminino, havendo um aumento desta proporção a favor do sexo feminino, à medida que vai aumentando a idade, verificando-se assim que este crescimento está relacionado com um maior número de incapacidades (INE, 2002).. 2.. O Envelhecimento e a Actividade Física. Na década de 90, a World Health Organization (WHO) (1990), usou a expressão de “envelhecimento activo” para caracterizar o processo de optimização das oportunidades de vida, relativamente à saúde, à participação e ao. desenvolvimento. multidimensional. da. pessoa. à. medida. que. vai. envelhecendo. Desta forma, a WHO, afirma que a vitalidade, a actividade e o empreendedorismo são valores que contribuem para a construção da identidade que podem fomentar a integração do envelhecimento e da velhice na experiência participativa no mundo social. O processo de envelhecimento activo é determinado por factores pessoais (do qual fazem parte a genética, a biologia e os factores psicológicos), físicos, comportamentais, económicos e sociais, para além do acesso aos serviços de saúde (Filho & Neto, 2006). A qualidade de vida é um factor a salientar uma vez que está directamente ligado ao contexto do envelhecimento, sendo um dos factores responsáveis pelo aumento ou diminuição da longevidade da população. A. 28.

(29) preocupação em manter os hábitos que sustentam uma velhice saudável marca uma nova etapa de consciência, sendo assim a prática de actividade física um factor importante para assegurar uma boa qualidade de vida aos idosos (Alencar et al., 2009). No entanto, é de extrema importância salientar que o conceito de actividade física e de exercício físico são diferentes. Casperse et al. (1985) afirmam que a actividade física diz respeito a qualquer movimento corporal realizado que implique um dispêndio energético, e que pode ir desde actividades físicas moderadas até actividades do dia-a-dia, como andar, subir ou descer escadas, entre outras tarefas. Por sua vez, o exercício físico é uma subcategoria da actividade física, sendo planeado, executado e repetido, com o objectivo de manter ou melhorar um ou mais elementos da aptidão física (Mazo, 2008). Relativamente aos idosos, Spirduso et al. (2005), indicam que a implementação da actividade física nas suas vidas já apresenta benefícios, mas no entanto, um programa de exercício físico pode induzir benefícios adicionais podendo melhorar diversas componentes motoras. Vários estudos foram realizados para estudar a importância da qualidade da saúde nos gerontes e muitos deles demonstram a importância da actividade física como uma forma de melhorar as condições orgânicas e retardar a degeneração física. A redução da capacidade fisiológica que se evidência com o envelhecimento pode afectar a capacidade de executar muitas tarefas, colocando em causa a qualidade de vida. O processo do envelhecimento é marcado pela diminuição da coordenação motora, diminuição da força, flexibilidade, velocidade e VO2 máx (Pernambuco et al., 2012). Evangelista et al. (2004) estudaram a influência da actividade física na capacidade funcional dos idosos, constatando que há uma melhoria significativa na reabilitação de algumas doenças como as cardíacas, circulatórias, osteoarticulares e respiratórias nos idosos pesquisados (Banhato et al., 2009). A diminuição da força muscular é responsável pela lentidão psicomotora que é uma das mais importantes alterações que ocorrem na população idosa.. 29.

(30) O aumento da idade leva a uma regressão dos processos fisiológicos e do desempenho motor. Segundo alguns estudos realizados, mais de 50% das perdas ao nível fisiológico e motor devem-se aos hábitos de vida e principalmente à inactividade. Assim, a falta de treino e de actividade aeróbia regular pode alterar de forma significativa o funcionamento ao nível fisiológico (Gabbard, 1999). A promoção do envelhecimento activo é fundamental para a saúde dos idosos, uma vez que o cumprimento das recomendações da actividade física é importante em qualquer idade de forma a melhorar a condição física e a saúde da população. Por outro lado, a força é uma das qualidades físicas que influencia a qualidade de vida dos idosos, existindo evidências que tem diversos benefícios, como a prevenção da sarcopenia, um impacto positivo sobre a massa óssea e um menor risco de quedas (Perez & Furelos, 2012). A American College Sport Medicine (ACSM) (2007), a American Heart Association (AHA) (2007) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2001), recomendam que a actividade física praticada pelos idosos deve ser realizada 2 a 3 vezes por semana, com uma intensidade de 40%. Está demonstrado que o exercício, principalmente aeróbio, com uma intensidade moderada (40-60% VO2máx.), diminui a pressão arterial, podendo ser realizada qualquer tipo de actividade, desde que envolva grandes grupos musculares, e com uma duração entre 30 a 60 minutos por dia (ACSM & AHA 2007). Para além dos benefícios físicos, a actividade física tem um impacto positivo também em aspectos cognitivos. Alguns estudos demonstram que a quantidade de actividade física tem uma relação positiva com o funcionamento cognitivo. Um estudo realizado por Schuit et al. (2001), demonstrou que os idosos com um nível de actividade física reduzido (menos de uma hora de actividade física por dia), têm o dobro do risco da deterioração cognitiva, comparativamente aos idosos que são activos mais do que uma hora por dia (Scherder et al., 2005). Noutro estudo, Bunce (2001), verificou que os idosos mais aptos possuem um maior nível de vigilância em tarefas de maior exigência cognitiva.. 30.

(31) Também Kramer (1999), realizou um estudo onde aplicou a caminhada (aeróbio) e exercícios de tonificação (anaeróbio) em idosos sedentários entre os 60 e os 75 anos e cognitivamente intactos, verificando que em contraste com os exercícios de tonificação, a caminhada melhorou o desempenho em tarefas cognitivamente desafiadoras (Scherder et al., 2005). Um grupo de pessoas muito idosas (idade média de 84,5 anos) com um estado mental normal, propôs-se a um programa de exercícios com alongamentos, flexibilidade, mobilidade em geral, em actividade aeróbica de baixa intensidade, demostrou um melhoria no desempenho na fluência verbal, e em tarefas com categorias semânticas, como cores, animais, frutas, e as cidades (Scherder et al., 2005). No que toca ao aspecto psicológico, os estudos evidenciam um aumento da auto-estima e do bem-estar em indivíduos que se pratiquem exercício físico regularmente. Além disso, a prática de exercícios pode melhorar o humor, a ansiedade, a depressão e a resistência a doenças (Banhato et al., 2009) No entanto, é necessário ter em atenção outros factores como as barreiras que impedem/desmotivam os idosos à prática de exercício físico. A prática de actividade física pode ser influenciada por diversos factores (positivos ou negativos). Quando o factor de participação é influenciado de forma negativa, pode ser denominado de barreira. Estes factores podem ser categorizados em 6 dimensões: demográficos e biológicos; psicológicos, cognitivos e emocionais; culturais e sociais e por fim ambientais. Algumas das barreiras mais citadas pelos idosos são as lesões e incapacidade físicas, a falta de dinheiro, de tempo, o cansaço e o facto de ser “muito velho” (Cassou et al., 2011).. 31.

(32) 3.. A Institucionalização em Portugal. As instituições são equipamentos colectivos onde são desenvolvidas actividades de apoio social às pessoas idosas, a partir do alojamento permanente ou temporário, destinadas a fornecer respostas aos idosos que se encontrem em risco, com perda de independências e/ou autonomia (INE, 2003). É nos finais dos anos 60 que surgem as primeiras valências dos Centros de Dia, numa perspectiva mais aberta, intermédia entre o domicílio e o internamento, pretendendo ser um local de prevenção e tratamento (Sequeira, 2010). No início dos anos 80, criou-se o Apoio Domiciliário devido à preocupação em manter os idosos nos seus domicílios o máximo de tempo possível, proporcionando um maior apoio às famílias (Fernandes, 1997). Actualmente, a política de saúde em Portugal privilegia a manutenção dos idosos no domicílio devido ao aumento do número de idosos e às insuficientes respostas formais das necessidades dos idosos dependentes, tentando prolongar assim a qualidade de vida com a permanência no ambiente habitual e privilegiando os membros da família como principais cuidadores do idoso (Sequeira, 2010). Embora Portugal não seja dos países com maior número de idosos institucionalizados, Pereira (2008) afirma que o aumento deste fenómeno é uma das grandes alterações sociais ocorridas em Portugal, tendo em conta o número de idosos que estão institucionalizados ou dos que estão em lista de espera. Os resultados divulgados pela Carta Social referente a 1998-2004, demonstram que metade das respostas sociais ocorridas em Portugal (50,8%), elege como público-alvo a população idosa, evidenciando assim a preocupação pública nacional que ocorre com esta população (Ramos, 2009). No entanto, a realidade não é esta pois em Portugal, apenas 37.6% dos idosos vivem com a família, verificando-se assim um grande desinvestimento. 32.

(33) familiar relativamente aos seus ascendentes, alegando-se que as famílias não têm tempo nem condições para cuidar dos seus idosos, o que as leva muitas vezes a recorrer às instituições de apoio (Lobo, 2011). Além disso, os governos muitas vezes não adoptam medidas para enfrentar este aumento da população idosa, porque, na verdade, a linha de acção, muitas vezes destina-se a remediar os problemas dos idosos, em vez da criação de uma política para a detecção precoce e resolução dessas questões. Efectivamente, este ponto também ajuda a sublinhar o facto de que o apoio social para os idosos é frequentemente insuficiente e de má qualidade, como é o caso em algumas casas para idosos (Almeida & Rodrigues, 2008). Os investigadores do processo de envelhecimento, principalmente do envelhecimento. bem-sucedido,. apesar. das. melhorias. verificadas. nas. instituições, defendem esta ideologia, alegando que os idosos devem manterse nas suas habitações, devendo existir por parte da sociedade medidas que proporcionem apoio e acompanhamento (Lobo, 2011). Normalmente, a institucionalização é um momento difícil para os idosos, pois a saída de casa pode ser um momento de crise, com a perda do território e com o sentimento de abandono por parte dos familiares (Cardão, 2009). Para muitos idosos, a institucionalização surge devido à falta de dependência, com a perda de algumas capacidades funcionais, colocando em causa as actividades da vida diária (Paúl, 2005). No entanto, em alguns casos, a institucionalização, agrava ainda mais o declínio funcional, uma vez que os idosos deixam de fazer as coisas sozinhos, passando a apresentar uma atitude passiva, o que cria uma maior dependência (Ocanã et al, 2010). A auto-determinação dos residentes em lares é diminuída quando a instituição estabelece rotinas, ignorando os interesses dos idosos, uma vez que há necessidade destes se sujeitarem aos horários de disponibilidade dos cuidadores (Lieberman & Fisher, 1995). Os lares, principalmente os mais medicalizados, têm pouca abertura para o desenvolvimento da capacidade criativa dos residentes. Estas. 33.

(34) circunstâncias levam ao chamado “atrofia por desuso” (Lieberman & Fisher, 1995). Por outro lado, Martins (2006), defende que a principal causa para a institucionalização não são causas de saúde como a perda de autonomia mas sim a quebra das relações sociais dos idosos, provocando o isolamento. Bastone e Filho (2004), afirmam que os idosos institucionalizados são pacientes de alto risco, tendo sido demonstrado que a perda de mobilidade induz a taxas de mortalidade que ronda os 50% nos primeiros 6 a 12 meses nestas instituições. Uma das soluções para contrariar estes números, é manter os níveis de actividade física de forma regular, diminuindo assim a morbilidade e a mortalidade (Mazzeo et al, 1998). Assim, tal como Henry, et al (2001) afirmam, embora os idosos sejam institucionalizados muitas vezes com um nível de autonomia bastante elevado, a tendência que surge é tornarem-se cada vez mais inactivos uma vez que as tarefas que eles realizariam se estivessem no domicilio (tal como cozinhar, lavar a roupa ou jardim), lhes são retiradas, aumentando assim os níveis de sedentarismo (Lobo, 2011). É necessário contrariar esta problemática, introduzindo projectos e programas de actividade física nos lares e nos centros de dia de forma a proporcionar uma vida mais activa aos idosos, diminuir a dependência funcional e também para aumentar a auto-estima e o sentimento de utilidade do idoso perante a sociedade que o rodeia, não tendo apenas um papel passivo (Paúl, 2005). Os colaboradores das instituições são os elementos principais na motivação dos residentes para a participação das actividades em tarefas que os mantenham activos e que inclua movimento, seja ele movimento corporal para a ajuda de realização de tarefas ou o movimento cerebral onde há desenvolvimento de estratégias para a resolução de problemas (Lieberman, 1969). Tal como Zambrana (1991) afirmou, o objectivo da actividade física não é dar mais anos à vida mas sim mais vida aos anos.. 34.

(35) 4.. A Orientação Espacial e Temporal. De acordo com Hirtz (1986), Famose (1999) e Lopes et al., (2000), há cinco capacidades coordenativas fundamentais que podem ser desenvolvidas através da actividade física: a capacidade de diferenciação cinestésica, a capacidade de orientação espacial, a capacidade de equilíbrio, a capacidade de reacção e por fim a capacidade de ritmo (Granja, 2010). As capacidades coordenativas permitem ao individuo identificar a posição do seu corpo ou parte dele no espaço, a sintonização espaço-temporal dos movimentos, reagir prontamente a diversas situações, manter-se em equilíbrio ainda que em situações difíceis, ou ainda a realização de gestos de acordo com ritmos pré-determinados. Assim, a boa formação de capacidades coordenativas permite aos indivíduos executar de forma correcta um conjunto de acções motoras na vida diária. Elas influenciam o ritmo e o modo de aquisição das técnicas desportivas bem como a sua posterior estabilização e utilização em várias situações (Hirtz & Schielke, 1986). Neste trabalho, a orientação espacial tem uma maior relevância, e segundo Hirtz (1979), pode ser definida como a capacidade de percepção das modificações espaciais à medida que elas intervêm na execução dos movimentos. “ Corresponde às qualidades necessárias para a determinação e modificação da posição e movimento do corpo como um espaço, as quais precedem a condução de orientação espacial de acções motoras” (Biachi, 2009). Segundo Nigles e Usnick (2000), a orientação espacial está dependente das percepções de todos os sistemas visuais, apresentando no entanto, o sistema sensorial visual um papel relevante na orientação espacial: . Coordenação visuo-motora: capacidade de integrar respostas visuais e motoras no espaço de acção;. 35.

(36) . Percepção visual: Capacidade de identificar figuras inseridas num determinado contexto tal como os seus detalhes e relações estruturais;. . Estabilidade perceptual: Capacidade de reconhecer figuras em diversos tamanhos e posições;. . Percepção de relações espaciais: Capacidade de relacionar a posição de dois ou mais objectos entre si;. . Percepção da posição no espaço: Capacidade de relacionar objectos a si mesmo;. . Discriminação visual: Capacidade de discriminar semelhanças e diferenças entre objectos, independentemente da sua posição;. . Memória visual: Capacidade de mencionar objectos não presentes, bem como os relacionar com outros, quer estejam presentes ou não.. A localização dos objectos no espaço é captada e extraída pela função dos olhos, mas no entanto essa informação só pode ser integrada corticalmente, quando interligada à informação vestibular e quinestésica que lhe dão suporte e que foram previamente aprendidas. Neste complexo visuoespacial, surge o sistema vestibular que para além de se encarregar de conectar a informação visual com a informação quinestésica ainda controla os seis pares de músculos extrínsecos oculares que permitem que a visão foveal funcione com precisão e eficácia, de forma a localizar, focar e fixar dados posicionais e relacionais no campo espacial, uma vez que a imagem visual para ser analisada superiormente necessita de cair dentro da fóvea, o que constitui uma área muito restrita (cerca de dois milímetros de diâmetro), porém é crucial para o domínio das coordenadas espaciais (Fonseca, 2005). A orientação espacial é assim uma capacidade fundamental de coordenação, tratando-se da capacidade do individuo perceber as alterações. 36.

(37) espaciais à medida que elas intervêm na execução dos movimentos (Vasconcelos, 1991). Na aprendizagem e realização de qualquer tarefa, o individuo recorre às capacidades motoras que se baseiam em predisposições genéticas e desenvolvem-se através do exercício, não sendo qualidades do movimento mas sim pressupostos para que ele exista (Martinho, 2003). O desenvolvimento da orientação espacial está dependente de processos de maturação biológica e dos níveis a que estes se encontram. Do mesmo modo, depende dos níveis de actividade física bem como da actividade educacional e social (Hirtz & Schielke, 1986). Por sua vez, Bagatini (2002), afirma que a orientação espacial é uma aquisição perceptiva que se recebe de forma progressiva ao longo da educação do movimento corporal, ou seja, da psicomotricidade. A orientação espacial apresenta uma evolução através de algumas etapas (Arnaiz & Martinez, 1998): . Diferenciação corpo-espaço;. . Diferenciação dos segmentos corporais;. . Diferenciação das relações espaciais em relação a si (distância e direcção);. . Diferenciação das relações espaciais em relação a objectos entre si;. . Relação com o espaço real e a sua representação no espaço gráfico.. A orientação espacial apresenta duas vertentes: o factor espaço e o factor tempo. A primeira vertente está relacionada com a posição no espaço, ou seja, a foram como o individuo se situa no espaço envolvente (cima/baixo, dentro/fora, frente/trás, entre outros), em relação a objectos ou a outros indivíduos. Por sua vez, a vertente do tempo diz respeito à percepção de temporalidade (antes, depois, agora, etc.), a noção de casualidade, o ritmo, a sequência e a alternância ciclíca (Bagatini, 2002). Fonseca (1995), denomina esta situação de estruturação espaçotemporal.. 37.

(38) O tempo vivido está intimamente ligado ao espaço reconhecido, reflectindo uma evolução pessoal e uma percepção original da sua duração e da sua repercussão futura (Fonseca, s.d.). Nos idosos, a orientação temporal pode ser um marcador precoce e de alta especificidade para problemas cognitivos, menos dependente do nível educacional do que outras tarefas, tais como atenção e cálculo, orientação espacial, linguagem e desenho (Xavier et al., 2010).. 5.. As actividades da Vida Diária. Cotton (s.d.) afirma que “as Actividades da Vida Diária (AVD) integram tudo o que o idoso realiza sendo classificadas em Actividades básicas da vida diária: auto-cuidados; Actividades Intermédias da Vida Diária (AIVD): autocuidados, manutenção e independência; Actividades Avançadas da Vida Diária (AAVD): funções necessárias para se viver sozinho, dentro das quais as funções ocupacionais, recreacionais e prestação de serviços comunitários.” (Mazo, 2004). A realização das AVD é um dos factores que determinam a expectativa de vida activa do idoso, sendo de grande importância a sua aplicabilidade para determinar o seu nível de independência e autonomia (Caporicci & Neto, 2011). Nos idosos, ocorre a retrogénese que consiste na perda de algumas habilidades funcionais que ocorrem durante o envelhecimento. Estas perdas, observam-se inicialmente nas actividades intermédias da vida diária e, posteriormente, nas actividades básicas da vida diária. Isso ocorre devido às diferenças de complexidade entre estas actividades: as AIVD são, na maioria das vezes, mais complexas quando comparadas às AVD, e, sobretudo, dependentes de uma aprendizagem específica (Borges et al., 2010).. 38.

(39) Assim, uma das soluções mais apresentadas para combater a perda das AVD é a prática de actividade física que é um contributo para a saúde física e mental e vitalidade social do idoso (Mota & Carvalho, 1999). Carvalho et al (2007), afirmam que apesar de muitos idosos serem institucionalizados com um nível de autonomia bastante elevado, com a habitual desobrigação da realização de tarefas do dia-a-dia, há um aumento da inactividade, redução da actividade física e consequentemente um aumento de quedas, morbilidade e mortalidade. A actividade física deve fazer parte do dia-a-dia do idoso, sendo fácil perceber que este tipo de actividades representa para o idoso a manutenção ou melhoria da sua capacidade de execução (Mazo et al., 2004).. 39.

(40)

(41) III. Objectivos e Hipóteses.

(42) 1.. Objectivos do estudo. 1.1. Objectivo Geral. O objectivo geral deste estudo científico é analisar as diferenças que o tipo de institucionalização pode proporcionar na orientação espacial e temporal dos idosos, tal como nas suas actividades básicas da vida diária.. 1.2. Objectivos específicos. Do objectivo geral surgem os diversos objectivos específicos:. . Verificar se existe relação entre o tipo de institucionalização e a orientação espacial e temporal dos idosos;. . Investigar se as actividades básicas da vida diária dos idosos sofrem alguma alteração consoante o tipo de institucionalização;. . Avaliar se os idosos institucionalizados num centro de dia têm uma prática diferente de actividade física do que os idosos institucionalizados num lar;. . Verificar se existem diferenças entre o sexo feminino e o sexo masculino relativamente à orientação espacial e temporal e actividades básicas da vida diária;. 42.

(43) . Verificar se existem diferenças entre o sexo feminino e o sexo masculino quanto à prática de actividade física;. . Analisar se existem diferenças na orientação espacial e temporal quanto ao sexo;. . Avaliar se a actividade física está relacionada com a orientação espacial e temporal;. . Investigar se a prática de actividade física está relacionada com os resultados das actividades básicas da vida diária;. . Verificar a relação existente entre o nível de escolaridade e as restantes variáveis.. 2. Hipóteses. De forma a atingir os objectivos deste estudo, foram formuladas as seguintes hipóteses:. H1 – Existem diferenças na orientação temporal, orientação espacial, actividade física e nas actividades básicas da vida diária entre os idosos institucionalizados a tempo inteiro e os idosos institucionalizados em tempo parcial; H2 – Existem diferenças na orientação temporal, orientação espacial, actividade física e nas actividades básicas da vida diária entre o sexo feminino e o sexo masculino;. 43.

(44) H3 – Existem diferenças na orientação temporal, orientação espacial e na actividade física entre os idosos praticantes e os idosos não-praticantes de actividade física; H4 – Existem diferenças na orientação temporal, orientação espacial, na actividade física e nas actividades básicas da vida diária entre os idosos com baixo, médio e elevado nível de escolaridade.. 44.

(45) IV. Metodologia.

(46) 1. Caracterização da amostra. Este estudo realizou-se com um amostra de 60 indivíduos entre os 65 e os 85 anos. A amostra foi recolhida no Centro de Apoio à Terceira Idade de São Mamede de Infesta, Porto ao longo de 3 meses. Da amostra recolhida, 30 dos indivíduos estão institucionalizados a tempo inteiro (lar), enquanto que os outros 30 estão institucionalizados em tempo parcial (centro de dia). Dentro da amostra, houve preocupação em seleccionar 15 indivíduos institucionalizados a tempo inteiro do sexo feminino e 15 indivíduos do sexo masculino. O mesmo acontece relativamente aos indivíduos institucionalizados em tempo parcial. Todos os indivíduos da amostra respeitaram os seguintes critérios de inclusão previamente estabelecidos: 1) duração do tempo de institucionalização igual ou superior a 12 meses; 2) indivíduos mentalmente saudáveis, ou seja, sem doenças degenerativas.. Grupo. N (número de. Sexo. sujeitos) Institucionalizados a. F – 15. 30. M – 15. tempo inteiro (lar) Institucionalizados em. F – 15. 30. M – 15. tempo parcial (centro de dia) Total. 60. Quadro 1: Distribuição da amostra por tipo de institucionalização e sexo.. Como se pode verificar, a amostra final é constituída por 60 idosos, tendo havido preocupação em seleccionar o mesmo número de idosos consoante o tipo de institucionalização e o sexo.. 46.

(47) Género. Feminino. Masculino. Tipo de. Prática de. Institucionalização. Actividade Física. Lar. Centro. Pratica. Não. de Dia. duas a três. Pratica. vezes por semana Média. 78.30. 75.73. 76.13. 77.90. 76.9. 77.15. De Idades Quadro 2: Média de Idades da amostra por género, tipo de institucionalização e prática de actividade física.. Como se pode verificar na tabela 2, a média de idades nas mulheres é superior (78.30) à média de idades dos homens (75.73), indo ao encontro de diversos estudos realizados como o de Nunes (2008) que indica que a expectativa de vida nos países desenvolvidos é maior no sexo feminino do que no sexo masculino. Verificou-se também que a média de idades é superior no centro de dia (77.90) enquanto que nos utentes do lar se mantem em 76.13. Por fim, foi possível averiguar que a média de idades dos idosos que praticam actividade física é de 76.9, sendo que a média de idades dos idosos que não praticam é de 77.15, verificando-se assim que são os idosos mais novos que praticam mais actividade física.. 47.

(48) 2.. Instrumentos de avaliação. Como instrumentos de avaliação foi utilizado o Mini Mental State Examination (Mini-Exame do Estado Mental), elaborado por Folstein et al. (1975) e é um dos testes mais utilizados e mais estudados em todo o mundo para avaliação do funcionamento cognitivo. Este teste, usado isoladamente ou incorporado em instrumentos mais amplos, permite a avaliação da função cognitiva e rastreio de quadros demenciais (Lourenço & Veras, 2006). O Mini Mental State Examination foi desenvolvido para ser utilizado na prática clínica na avaliação da mudança do estado cognitivo de pacientes geriátricos. Examina a orientação temporal e espacial, memória de curto prazo (imediata ou atenção) e evocação, cálculo, coordenação dos movimentos, habilidades de linguagem e viso-espaciais. Pode ser usado como teste de rastreio para perda cognitiva. Não pode ser usado para diagnosticar demência (Chaves, 2009). Neste estudo, aplicou-se o Mini Mental State Examination (MMSE) mas procedeu-se apenas à análise estatística da orientação temporal e espacial uma vez que todos os idosos que participaram no estudo não possuíam qualquer quadro de perda cognitiva ou demência. Foi também utilizado o Índice de Barthel para avaliar as actividades básicas da vida diária dos idosos. O Índice de Barthel avalia o nível de independência do sujeito para a realização de dez AVD: comer, higiene pessoal, uso dos sanitários, tomar banho, vestir e despir, controlo de esfíncteres, deambular, transferência da cadeira para a cama, subir e descer escadas (Mahoney & Barthel, 1965; Sequeira, 2007). Este teste pretende avaliar se o doente é capaz de desempenhar determinadas tarefas independentemente. Cada actividade apresenta entre 2 a quatro níveis de dependência, em que 0 corresponde à dependência total e a independência pode ser pontuada com 5, 10 ou 15 pontos de acordo com os níveis de dependência (Sequeira, 2007).. 48.

(49) O Índice de Barthel foi validado para português por Sequeira (2007), modificando a escala de 10 itens onde o seu total pode variar de 0 a 100, sendo que um total de 0-20 indica Dependência total; 21-60 Grave dependência; 61-90 Moderada dependência; 91-99 Muito leve dependência e 100 Independência (Azeredo & Matos, 2003). No contexto clínico o Índice de Barthel dá-nos informação importante não só a partir da pontuação total mas também a partir das pontuações parciais para. cada. actividade. avaliada,. porque. permite. conhecer. quais. as. incapacidades específicas da pessoa e como tal adequar os cuidados às necessidades (Araújo et al., 2007). Foi também colocado a todos os idosos uma questão relativamente à prática de actividade física.. 3. Procedimento estatístico. O software utilizado foi o “Statistical Package for the Social Sciences” (SPSS) 20.0 e o nível de significância foi mantido em 5% (p ≤ 0.05). Uma vez que não se obteve uma distribuição normal, utilizou-se o Teste do Qui Quadrado. Recorreu-se à correlação de Pearson para verificar a correlação existente entre as variáveis.. 4. Variáveis. Ao longo deste estudo científico, as variáveis estudadas foram a Orientação Espacial, Orientação Temporal, Actividades Básicas da Vida Diária, Actividade Física, Género e nível de escolaridade. A variável “nível de escolaridade” foi categorizada em “Nunca estudou”, “Ensino Médio” e “Ensino Superior”. O ensino médio diz respeito aos indivíduos. 49.

(50) que estudaram mas não seguiram para o ensino superior, ou seja do 1º ao 12º ano de escolaridade. Por sua vez, a variável “actividade física” foi categorizada apenas em “Nunca Pratica” e “Pratica duas a três vezes por semana” porque os idosos pertencentes à amostra que praticavam actividade física, apenas praticavam caminhadas duas a três vezes por semana não tendo uma duração certa.. 5. Resultados. Tipo de Institucionalização. Respondeu. Valor. Centro de Dia. Lar. de P. 66.7%. 33.3%. 0.136. 44.4%. 55.6%. 64.5%. 35.5%. 34.5%. 65.5%. 66.7%. 33.3%. correctamente a Orientação. todas as questões. Temporal. Não respondeu correctamente a todas as questões Respondeu. 0.020. correctamente a Orientação. todas as questões. Espacial. Não respondeu correctamente a todas as questões Pratica duas a três. Actividade. vezes por semana. Física. Não Pratica. 36.4%. 63.6%. Actividades. Totalmente. 0%. 0%. Básicas da. Dependente. 50. 0.029. 0.117.

(51) Vida Diária. Severamente. 0%. 0%. 40%. 60%. 36%. 64%. 63.3%. 36.7%. Dependente Moderadamente Dependente Ligeiramente Dependente Independente. Quadro 3: Análise estatística do Tipo de Institucionalização nas restantes variáveis.. Na análise de dados relativamente ao tipo de institucionalização verificou-se que a Orientação Temporal encontra-se mais afectada nas pessoas que estão institucionalizadas no lar, havendo apenas 33.3% que responderam correctamente a todas as questões enquanto que as pessoas do centro de dia obtiveram uma percentagem de 66.7% na resposta correcta às questões, no entanto estes dados não são estatisticamente significativos. Relativamente à Orientação Espacial, com um nível de significância de 0.02, verificou-se que 64.5% das pessoas do centro de dia responderam correctamente a todas as questões enquanto que no lar apenas 35.5% acertaram a todas perguntas, podendo assim concluir-se que as pessoas do centro de dia apresentam de forma significativa uma melhor Orientação Espacial do que as pessoas que residem no lar. Na variável Actividade Física com um nível de significância de 0.029 verificou-se que 66.7% das pessoas do centro de dia praticam actividade física duas a três vezes por semana contrastando com 33.3% das pessoas do lar que praticam a mesma actividade física. Quanto às actividades básicas da vida diária, constatou-se que não existem pessoas totalmente ou severamente dependentes. 63.3% das pessoas do centro de dia são independentes. O nível de significância desta variável é de 0,117.. 51.

(52) Género. Valor de P. Feminino. Masculino. 33.3%. 66.7%. 55.6%. 44.4%. 45.2%. 54.8%. 55.2%. 44.8%. 40.7%. 59.3%. Não pratica. 57.6%. 42.4%. Totalmente. 0%. 0%. 0%. 0%. 60%. 40%. 52%. 48%. 46.7%. 53.3%. Respondeu. 0.136. correctamente a todas as Orientação. questões. Temporal. Não respondeu correctamente a todas as questões Respondeu. 0.438. correctamente a todas as Orientação. questões. Espacial. Não respondeu correctamente a todas as questões Pratica duas a. Actividade. três vezes por. Física. semana. Dependente Severamente Actividades. Dependente. Básicas da. Moderadamente. Vida Diária. Dependente Ligeiramente Dependente Independente. Quadro 4: Análise estatística do Género nas restantes variáveis. 52. 0.194. 0.830.

Referências

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