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Odontoameloblastoma: a Propósito de um Caso Clínico

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Revista

Portuguesa

de

Estomatologia,

Medicina

Dentária

e

Cirurgia

Maxilofacial

ww w . e l s e v i e r . p t / s p e m d

Caso

clínico

Odontoameloblastoma:

a

propósito

de

um

caso

clínico

Carina

Semedo

a,∗

,

Luís

Nunes

da

Silva

a

,

Susan

Foreid

b

,

Bruno

Gomes

a

,

Ana

Cristina

Pratas

a

e

Paulo

Valejo

Coelho

a

aServic¸odeCirurgiaMaxilofacial,CentroHospitalardeLisboaCentral,EPE,Lisboa,Portugal bServic¸odeAnatomiaPatológica,CentroHospitalardeLisboaCentral,EPE,Lisboa,Portugal

informação

sobre

o

artigo

Historialdoartigo: Recebidoa9dejaneirode2014 Aceitea31demaiode2014 On-linea29dejunhode2014 Palavras-chave: Odontoameloblastoma Odontomaameloblástico Tumorodontogénicomisto

r

e

s

u

m

o

Oodontoameloblastomaéumtumorodontogénicomistomuitoraro.Reportam-se29casos bemdocumentadosnaliteraturainglesaconsultada,dosquaisapenas5têmenvolvimento dosegmentoanteriordamandíbula.Umhomemde51 anosapresentavaumtumorda regiãoanteriordamandíbula,comtumefac¸ãodura,difusaeindolornaregião parassin-fisáriadireitada mandíbula.Radiograficamenteexistiaextensalesão radiolucente,bem delimitada,desdeodente46aodente34,compequenasestruturascalcificadasnointerior. Observava-seexpansãoósseacomprovávelperfurac¸ãocorticalereabsorc¸õesradiculares. Apósbiopsiarealizou-seressec¸ãocirúrgica.Oexameanatomopatológicopermitiuo diag-nósticodeodontoameloblastoma.Nãohouverecorrêncianos30mesesdeseguimento.O odontoameloblastomaéumtumorlocalmenteagressivocomcomportamento aparente-mentesemelhanteaodosameloblastomas,emtermosdecrescimento,expansãoóssea, rizóliseerecorrência,parecendoprudenteadotaromesmocritérioterapêuticoparaambos. ©2014SociedadePortuguesadeEstomatologiaeMedicinaDentária.Publicadopor ElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados.

Odontoameloblastoma:

A

clinical

case

report

Keywords:

Odontoameloblastoma Ameloblasticodontoma Mixedodontogenictumour

a

b

s

t

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a

c

t

Odontoameloblastoma is an extremely rare mixed odontogenic tumour. 29 well-documentedcaseshavebeenreportedinEnglish-languageliteratureconsulted,ofwhich only 5 involvedtheanterior segmentof themandible. A51-year-old manpresenteda tumourintheanteriorsegmentofthemandible,withahard,diffuseandpainlessswelling intherightmandibularsymphysis.Inthex-ray,therewassignificantradiolucentinjury, clearlymarkedfromtooth46totooth34,withsmallcalcifiedstructuresinside.Therewas a boneexpansionobservedwithprobablycorticalperforationandrootresorption.After a biopsy,asurgicalresectionwasperformed.Thepathologicalexam ledtothe diagno-sisofodontoameloblastoma.Therehasbeennorecurrencein30monthsofmonitoring.

Autorparacorrespondência.

Correioeletrónico:carinasemedo2@hotmail.com(C.Semedo).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2014.05.002

1646-2890/©2014SociedadePortuguesadeEstomatologiaeMedicinaDentária.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitos reservados.

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O odontoameloblastoma, anteriormente conhecido como adamanto-odontoma ou odontoma ameloblástico, é um tumorodontogénicomistobenignoextremamenteraro,com componente epitelial e ectomesenquimatoso1. Trata-se de

um tumor que apresenta simultaneamente componentes deameloblastomaedeodontoma(compostooucomplexo)2.

Histologicamente revela uma proliferac¸ão epitelial em cordões ou ilhas, típicas do ameloblastoma, intercaladas comtecidosdentáriosdeváriosgrausdematuridade, carac-terísticadosodontomas1,2.

Estetumorocorrepredominantementeemdoentesjovens e parece acometer preferencialmente o setor posterior de ambososmaxilares3–12. Desdeque,em1944,Thomaetal.3

descreveramoprimeirocaso,apenas29casosseencontram documentadosnaliteraturainglesaconsultada3–12,dosquais

apenas5envolvendoosetoranteriordamandíbula7,9,12.

Comosetratadeumaentidadeclínicarara,nãoestão des-critosprotocolosespecíficosparaotratamentodestetumor. Todavia,como apresenta um componenteameloblástico, a OMSrecomendaqueseadotemosmesmoscritériosusados paraoameloblastoma13.Otratamentodosameloblastomas

difere em func¸ão das suas variantes: sólida/multiquística ou uniquística, sendo os protocolos para esta última vari-antemenosbemdefinidos13–15.Nadecisãoterapêuticadeve

considerar-se o seu potencial de recidiva, pelo que numa primeira abordagemsedeve combinaro intuitocurativoe, simultaneamente,assegurarem-secondic¸õespararestituic¸ão daformaedafunc¸ãodaáreaafetada14,16.

Araridadedestetumorjustificaaapresentac¸ãodestecaso clínico.

Caso

clínico

Umhomemde 51 anos,leucodérmico, recorreuà urgência decirurgia maxilofacialporumatumefac¸ão da mandíbula, àdireita. Referiahistória detumefac¸ão mandibulardireita, indolor,com6mesesdeevoluc¸ão,crescimentoinsidioso,sem acidentesinflamatórios,semmobilidadedentáriadosdentes daregiãoafetada,nemalterac¸õesdasensibilidade mentoni-ana.Fumador(umaunidademac¸o/ano),comdepressãomajor, semnenhumoutroantecedentepessoaloufamiliarrelevante. Apresentavaumadiscretatumefac¸ãogenianabaixaàdireita, difusa, sem alterac¸ões cutâneas associadas. A observac¸ão endobucal(fig.1)aoníveldoquartoquadranterevelava apa-gamentodosulcovestibularinferiordireito,comextensãodo primeiromolaratéaocanino,semalterac¸õesdamucosa adja-cente,firme eindoloràpalpac¸ão.Nosexames radiológicos

drantes,estendendo-sededistaldocaninoesquerdoatéao primeiromolardireito,comumamassaradiopacairregularno seuinterior,naregiãomaisanterior.Observava-seainda rizó-lisedealgunsdentesenvolvidos(44,45eraizmesialde46).Na TAC(figs.3e4)identificava-seexpansãodatábuaexterna,com possíveisáreasdeperfurac¸ãodeambasascorticaiseaparente preservac¸ãodorebordobasilar.Realizou-seumabiopsia inci-sionaldalesãoquística,cujoexameanatomopatológicofoide ameloblastomauniquísticoacantomatoso.Aintegrac¸ãocom oaspetoimagiológicopermitiuodiagnósticode odontoame-loblastoma.

Sobanestesiageral,porviadeabordagemcirúrgica intra-oral, procedeu-se a descolamento mucoso supraperióstico vestibularelingual,observando-seabaulamentodacortical vestibular,semaparentesoluc¸ãodecontinuidadedamesma

Figura1–Abaulamentofirmedovestíbuloinferiordireito (entresetas),mucosasuprajacentesemalterac¸ões.

Figura2–Ortopantomografia:lesãoosteolíticada mandíbulacomradiopacidadesemconglomeradonoseu interior.Rizólisede44e45.

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Figura3–TAC3D:lesãoosteolíticanaregiãosinfisiária comaparenteseptac¸ão,apresentaumconglomeradode estruturascalcificadassemelhantesadentículos.Ramo horizontaldireitocomaparenteperfurac¸ãodatábua internadamandíbula.Rebordobasilaraparentementenão acometidopelalesão.

(figs. 5 e 6). Realizou-se ostectomia marginal desde 35-47 (fig.7); desinserc¸ãodosmúsculos dopavimento oralesua referenciac¸ãocomfiodeseda2/0;excisãoemblocodalesão comsacrifíciodonervodentárioinferiordireitoepreservac¸ão dorebordobasilar (ossocortical),clinicamentenãoafetado pelalesão(figs.8e9);procedeu-se,ainda,aostectomiapor desgastecombrocadetodoossomedularresidualdorebordo basilarremanescente quemantevecerca de1cmde altura emtodaextensão,preservando,assim,acontinuidadeóssea damandíbula(fig.10).Colocou-seumaplacadetitâniopara reconstruc¸ãomandibulardosistema2,4mmReconstruction (Osteomed®,Dallas,EUA)«emponte»sobreodefeito(fig.11),

deformaaaumentararesistênciaàstensõesmecânicassobre orebordobasilareevitarumapossívelfraturadamandíbula. Procedeu-se ainda a fixac¸ão dos músculos genio-hioideos e genioglossos à placa de reconstruc¸ão, reduzindo desde modoodanomorfológicoefuncional.Encerramentodaferida

Figura4–TAC3D:mandíbulavistainferior;àdireitahá expansãodacorticalexternacomáreasdeaparente perfurac¸ão.

Figura5–Exposic¸ãodalesãomandibularapós descolamentomucososupraperióstico.Evidente abaulamentodacorticalexternacomdentículos perfurandoacorticalexterna(seta).

Figura6–Descolamentodoretalhomucoso supraperiósticoporlingual.

Figura7–Osteotomiamarginaldorebordobasilar comserrarecíproca.

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Figura8–Ostectomiacompleta,comosteotomiasnos limitesdistaispormesialde47ede35enolimiteinferior a1cmdorebordobasilar.Observam-seosmúsculos genioglossosegenio-hioideosinseridosnasapófisesgeni.

Figura9–Pec¸aoperatória.

Figura10–Rebordobasilarremanescenteapósressec¸ão marginaldalesãoecuretagemprofundadamedular residualcombroca.Músculosgenio-hioideose genioglossosreferenciadoscomfiodeseda2/0 paraposteriorancoragemàplacadereconstruc¸ão.

Figura11–Placadereconstruc¸ãomandibulardetitânio dosistema2,4(Osteomed®,Dallas,EUA),previamente

moldada,aplicada«emponte»sobreodefeito,com aparafusamentonaszonassãslimitantesdodefeito.

Figura12–Histologia(H-E×10):proliferac¸ãoepitelial ameloblásticaemcordões(A)adjacenteaáreas deodontomacomposto(B)naparededoquisto.

operatória comfiodesuturadepoliglatina9103/0(Vicryl®,

Ethicon,EUA).

O exame anatomopatológicoda pec¸a operatória (fig.12) revelouumalesãoodontogénicauniquísticacom4cmde com-primento,2,5cmdealturaelarguravariável(maioràdireita), completamenteexcisada,naparededoqualexistemáreasde proliferac¸ãoepitelialtípicadosameloblastomas,intercalada com formac¸õescalcificadascompatíveiscom miniaturasde dentesrudimentares,típicadosodontomascompostos,oque permitiuodiagnósticodefinitivodeondotoameloblastoma.

No terceiro mês pós-operatório, com a completa cicatrizac¸ão das feridas intraorais e segundo o exame anatomopatológico,nãoexistindoinvasãodoosso remanes-cente,realizou-seareconstruc¸ãododefeitoósseo,porviade abordagem cirúrgica submandibular, com enxertos cortico-esponjosos colhidos de ambasas cristasilíacas anteriores, fixadoscomparafusosàplacadereconstruc¸ãopreviamente aplicada.Após30mesesdeseguimentonãoháevidênciade

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Figura13–(A)Contornomandibularantesdaexcisãotumorale(B)3mesesapósreconstruc¸ãomandibular.

recidiva.Semqueixasdolorosas.Temanestesiamentoniana àdireita.Apresentaumbomresultadoestéticonocontorno mandibular(fig.13),semreabsorc¸ãosignificativadosenxertos ósseos(fig.14).

Discussão

Oodontoameloblastomaéumaneoplasiabenigna extrema-menterara1,2,4–13,17,18,descritainicialmenteporThomaetal.,

em1944,comadesignac¸ãodeadamanto-odontoma3e

defi-nidapelaWHOClassificationofTumorscomo«umaneoplasia que inclui ectomesênquima odontogénico em associac¸ão com epitélioodontogénicoque lembraum ameloblastoma, tanto em estrutura como em comportamento biológico. Devidoàpresenc¸adoectomesênquimaodontogénico, ocor-remalterac¸õesindutivas levando àformac¸ão de dentina e esmalteempartesdotumor»1,17.Naprática,taltraduz-sepela

ocorrêncianummesmotumordeumameloblastomaedeum odontoma(composto oucomplexo).Deacordocom amais críticarevisãodecasospublicada5,amaioriadestestumores

contémáreasdeambosostiposdeodontomae,menos fre-quentemente,apresentampredominânciadotipocomposto oudotipocomplexo.Ocomponenteameloblásticopode ado-taroshabituaissubtipossólido/multiquísticoouuniquístico. Atendendoàraridadedoodontoameloblastoma,foi reali-zadaumapesquisaeanálisecríticadoscasospublicadosna literaturainglesa,desde1944até2013,nosseguintesmotores debusca:PubMed,Medline,IndMED,CIELO,ISSN,MedKnow,

Figura14–Ortopantomografia6mesesapósreconstruc¸ão damandíbulacomenxertoscorticoesponjososcolhidos deambasascristasilíacasanteriores.

PMC,OMICSGroup,RefDoc,INIST,ScienceDirect.Utilizou-se oseguintetermodepesquisa:odontoameloblastoma.

Os artigos disponíveis são meras descric¸ões de casos, esparsos.Nãohánenhumestudopublicadoquepermitaaferir afrequênciadestetumorouasuapatogénese.

Acedeu-sea10artigos(13casos)3–12,6resumos(6casos),

9 referências (10 casos), totalizando 29 casos de odontoa-meloblastoma publicados na literatura inglesa desde 1944, sumarizadosnatabela1.

Aidademédiadosdoentesfoide23,3anos(31mesesa 51 anos), sendo os homens ligeiramente maisafetados do queasmulheres,numa proporc¸ãode3:2. Amandíbulaeo maxilarsuperiorforamafetadosnumaproporc¸ãosemelhante de1,4:1,sendoosegmentoposteriordamandíbula1,5vezes maisafetadoqueoanterior.Háapenas5casosdescritosde atingimentodosegmentoanteriordamandíbula(tabela1).

Apesardenãoexistiremprotocolosterapêuticos específi-cos paraestetumor,amaioriadosautorespesquisados3–12

aconselhamumaexcisãoalargadaevigilânciaapertadapor um período de pelo menos 5 anos. Os tratamentos dis-poníveis incluem a enucleac¸ão, com ou semcuretagem, a ressec¸ãomarginalearessec¸ãosegmentar.Apesardeum tra-tamentomaisagressivoserdefendidocomomaissensato,no sentidodeevitarfuturasrecorrências,ostratamentos reali-zadosnestes29casos(tabela1),quandoreferidos(14casos), foram10enucleac¸ões,3recessõesmarginaiseumaressec¸ão segmentar.

Oseguimentooscilouentre6-276meses,correspondendo a umtempo médiode 48,5 meses.Encontraram-se descri-tos 6casosde recorrência,ocorridos entre6-240 meses de pós-operatório,nãoseconhecendootipodeintervenc¸ão reali-zada.Nestescasosderecorrência,éprovávelqueaexcisãoda lesãotenhasidoincompleta18.Oseguimentomédiodos

doen-tespublicados(4anos)foirelativamentecurto,atendendoà possibilidadederecidivatardia,característicado ameloblas-toma,oqueimpedeconclusõesdefinitivas.

Acombinac¸ãodosachadosclínicoseradiográficos carac-terísticosdosodontoameloblastomasimpõemodiagnóstico diferencial com lesões odontogénicas e nãoodontogénicas radiolucentesbemdefinidas,unilocularesoumultiloculares, com quantidades variáveis de material calcificado no seu interior5,como sejam:oodontoma,ofibro-odontoma

ame-loblástico, tumor odontogénicoepitelial calcificante,quisto odontogénicocalcificante,tumorodontogénicoadenomatoide efibromacemento-ossificante.

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1986 95,7,9 Gupta,Gupta 50 M Mand.post. - 18 Sim(18)

1989 105,7,9 Takedaetal. 11 F Max.ant. - -

-1990 115,7,9 Thompsonetal. 34 F Mand.ant. - -

-1991 125,7,9 Kaugarsan,Zussmann 15 M Max.post. - 7 Não

1993 135,7,9 Gunbay,Gunbay 11 M Max.ant. Enucleac¸ão 84 Não

1995 145,7,9 Raubenheimeretal. - - - - -

-1998 155,7,9 Aguadoetal. 47 F Max.post. Ressec¸ãomarginal 72+17 Sim(72)+não(17)

1998 165,7,9 Stypulkowska - - - - -

-1999 175,7,9 Goh,The - - - - -

-2001 184 Sapruetal. 36 M Mand.post. Ressec¸ãomarginal 12 Não

2002 195 Mosquedaetal. 9 M Hemimaxila Enucleac¸ão 36 Não

205 15 M Mand.post. Ressec¸ãosegmentar 12 Não

215 25 M Max.post. Ressec¸ãomarginal 6 Não

2004 226 Palaskar,Nayer 42 F Mand.post. Enucleac¸ão -

-2004 237 Granizoetal. 12 F Mand.ant. Enucleac¸ão 24 Não

2009 248 Moscaetal. 22 F Max.ant. Enucleac¸ão 72 Não

258 16 M mand.post. Enucleac¸ão 6 Não

2011 269 Diveetal. 40 M Mand.ant. Enucleac¸ão 84+24 Sim(84duasvezes)

+não(24)

2012 2710 Siniscalchietal. 15 M Max.post. Enucleac¸ão 60 Não

2012 2811 Misiretal. 11 F Max.post. Enucleac¸ão 48 Não

2013 2912 Kumaretal. 38 F Mand.ant. Enucleac¸ão 240+36 Sim(240)+não(36)

2013 30 Casopresente 51 M MGand.ant. Ressec¸ãomarginal 30 Não(30)

Otratamentodoodontoameloblastomaécirúrgico. Trata--sedumalesãolocalmenteagressivaquepareceteromesmo comportamentodos ameloblastomas emtermos de cresci-mento, invasão óssea, reabsorc¸ão radicular e recorrência. Admite-seque ocomportamentodo odontoameloblastoma dependedoseucomponenteameloblásticoe,porisso,parece lógicoadotaroscritériosterapêuticosestabelecidosparaos ameloblastomas,osquaisseencontramextensamente dis-cutidosnaliteraturamédica14,19.Sucintamente,refira-seque

os métodos cirúrgicos podem ser mais conservadores ou, pelocontrário, maisradicais, correspondendo os primeiros àremoc¸ãodalesãojustalesional(enucleac¸ãooucuretagem, comousemmarsupializac¸ãopréviaeventualmente comple-mentadaporoutrasmodalidadesterapêuticasaoníveldoosso subjacente,comofixadoresquímicos[soluc¸ãodeCarnoy], cri-oterapiaoucauterizac¸ãotérmicaouquímica).Nosdesignados métodos«radicais»(ressec¸ãosegmentar,ressec¸ãomarginale ressec¸ãocomposta)procede-seàressec¸ãodumblocodoosso envolvidoeeventualmentedostecidosmolesadjacentes, evi-tandoaremoc¸ãojustalesional.

Foi referida,em 1963,uma importante característicado ameloblastoma,com implicac¸ão direta notratamento, que éa facilidade para invadir os espac¸os intertrabeculares do ossoesponjososemqueseverifiquereabsorc¸ãodas trabécu-lase,portanto,poderultrapassarosseuslimitesradiográficos oumacroscópicos.Poroutrolado,aoníveldoosso cortical, emborapossaprovocarerosão,parecenãoteracapacidade

paraoinfiltrardeformainaparente19.Combasenestes

con-ceitos,foipublicado em200016 umprotocolodetratamento

compreservac¸ãodosrebordosbasilares,semprequepossível. No caso apresentado tratava-se duma lesão quística e, por isso,optou-se pelaressec¸ão da lesão com margens de seguranc¸a de 1cm ao nível do osso medular, para além do limite aparente eincluindo o periósteo. Preservou-se o rebordo basilar da mandíbula após confirmac¸ão intraope-ratória da suaaparente integridade. Este procedimento foi complementado com a decisão de protelar por 3 meses a reconstruc¸ão mandibular, para conhecer com precisão a extensão anatomopatológica da lesão. Sendo umazona de fácilcontroloclínicoededetec¸ãoprecocedeeventuais reci-divas,deixouemabertoapossibilidade deexcisãoulterior, seporventuraoreferidoexameviessearevelarumaexcisão incompletadalesãoaessenível.

Conclusão

O odontoameloblastoma éuma lesão localmenteagressiva que pareceter o mesmocomportamento doclássico ame-loblastoma em termos de crescimento, expansão óssea, reabsorc¸ão radicular e recorrência. Por outras palavras, o comportamentodoodontoameloblastomaéomesmodasua componenteameloblástica,peloquepareceprudenteadotar osmesmoscritériosterapêuticosparaambasasentidades.

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Responsabilidades

éticas

Protec¸ãodepessoaseanimais.Osautoresdeclaramquepara esta investigac¸ão nãose realizaram experiências emseres humanose/ouanimais.

Confidencialidadedosdados.Osautoresdeclaramterseguido osprotocolosdoseucentrodetrabalhoacercadapublicac¸ão dosdadosdepacientes.

Direito à privacidade e consentimento escrito.Os autores declaramter recebidoconsentimentoescrito dospacientes e/ousujeitosmencionadosnoartigo.Oautorpara correspon-dênciadeveestarnapossedestedocumento.

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Imagem

Figura 1 – Abaulamento firme do vestíbulo inferior direito (entre setas), mucosa suprajacente sem alterac¸ões.
Figura 7 – Osteotomia marginal do rebordo basilar com serra recíproca.
Figura 9 – Pec¸a operatória.
Figura 14 – Ortopantomografia 6 meses após reconstruc¸ão da mandíbula com enxertos corticoesponjosos colhidos de ambas as cristas ilíacas anteriores.

Referências

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