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FORMAÇÃO CONTINUADA E INOVAÇÕES EDUCACIONAIS: PERCEPÇÕES DE DOCENTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

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Academic year: 2021

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FORMAÇÃO CONTINUADA E INOVAÇÕES EDUCACIONAIS:  PERCEPÇÕES DE DOCENTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA Conceição de Maria Pinheiro Barros (UFC) Giovana Maria Belém Falcão (UECE/PPGE) RESUMO As transformações implementadas na sociedade moderna impulsionadas pelos avanços  tecnológicos e pela rápida disseminação das informações têm  favorecido modificações  também na área da educação. A formação de professores destaca­se como possibilidade  de preparar os docentes para as inovações educacionais e neste processo ressalta­se que  a  cultura  onde  estamos  inseridos  interfere  diretamente  na  mudança.  Este  ensaio  tem  como  objetivo  refletir  sobre  a  relação  entre  inovações  educacionais  e  a  formação  docente.  Para  tanto,  foi  desenvolvida  uma  pesquisa  qualitativa  a  partir  de  um  levantamento  bibliográfico,  tendo  como  principal  fundamentação  os  autores  Fullan  (2002),  Nóvoa  (1992),  Mizukami  e  Monteiro  (2002)  e  uma  pesquisa  de  campo  com  professores de uma escola do Ensino Básico do Município de Maracanaú, no Estado do  Ceará. Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento um questionário aplicado a  cinco  professores.  A  interpretação  das  informações  foi  feita  a  partir  da  análise  de  conteúdo.  Os  resultados  revelam  que  os  professores  compreendem  as  inovações  pedagógicas  de  modo  restrito,  distante  de  suas  realidades  restringindo­se,  principalmente  ao  uso  de  ferramentas  tecnológicas  e  mudanças  de  estratégias  pedagógicas  na  prática  de  ensino.  Além  disso,  não  se  percebem  como  sujeitos  de  mudanças, assumem uma postura passiva diante das inovações propostas. Com relação  às  contribuições  da  formação  continuada  recebida  pelos  participantes,  percebemos  a  ausência  de  construções  de  conhecimentos  significativos  que  favoreçam  o  desenvolvimento  de  inovações  pedagógicas  na  prática  docente.  Essa  formação  se  caracteriza  pela  descontinuidade,  com  pouco  espaço  para  reflexão.  Neste  sentido,  reiteramos que não é qualquer aprendizagem que garante um desenvolvimento efetivo  para  as  inovações  educacionais,  mas  é  preciso  favorecer  aprendizagens  acerca  desse  tema  que  considerem  os  contextos  onde  os  sujeitos  estão  inseridos  e  promovam  a  colaboração, permitindo que todos possam participar ativamente neste processo que é de  construção.

Palavras­chave: Inovação educacional. Formação docente. Aprendizagem.

INOVAÇÕES  PEDAGÓGICAS  FORMAÇÃO  CONTINUADA: 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Abordar a formação dos educadores na relação com as inovações, presentes num  âmbito  de  mudanças,  requer  uma  discussão  acerca  da  aprendizagem.  Ao  professor  é  imposto o desafio de integrar e lidar com todas as mudanças que incidem em seu papel  profissional. De acordo com Farias e Rocha (2012, p. 48): 

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[...] o processo de modernização social tem imprimido novas configurações  às relações de ensino e de aprendizagem que medeiam às práticas educativas,  requerendo  professores  com  capacidades  e  conhecimentos  continuamente  renováveis  em  função  do  avanço  tecnológico  do  mercado  e  cultural  do  mundo globalizado, sob o risco de ser considerado ineficaz e conservador. 

Nesse  contexto,  emergem  desafios  para  a  inovação  pedagógica.  Conforme  Fullan  (2002)  a  definição  de  inovação  resulta  da  confluência  de  uma  pluralidade  de  perspectivas  e  opiniões,  sendo  caracterizada  como  um  fenômeno  aberto  e  multidimensional.  Quando  nos  reportamos  à  formação  continuada  docente  voltada  a  essa questão, não podemos pensá­la de maneira única, já que esta enseja complexidade  e diversidade. Neste trabalho, o conceito de Formação continuada apoia­se na ideia de  desenvolvimento profissional proposto por Mizukami e Monteiro (2002), que a entende  como um conjunto de processos essencialmente formativos, possibilitando por meio da  reflexão,  o  desenvolvimento  de  saberes,  a  compreensão  de  aspectos  estruturais  do  trabalho, e assim a construção de novos conhecimentos. A partir dessas considerações,  emergem  os  seguintes  questionamentos:  O  que  os  professores  pensam  sobre  as  inovações educacionais? Quais são as contribuições da formação recebida para integrar  e  lidar  com  as  inovações  pedagógicas?  Nessa  perspectiva,  propomos  como  objetivo  deste ensaio refletir sobre a relação entre inovações educacionais e a formação docente.  Consideramos  a  relevância  desta  pesquisa  por  possibilitar  a  construção  de  conhecimentos  e  subsídios  que  contribuam  para  as  discussões  sobre  o  tema  que  trazemos  para  debate.  Para  o  alcance  dos  objetivos  propostos,  foi  realizada  uma  investigação numa abordagem qualitativa por entendermos que permite uma interação  com  o  objeto  de  modo  mais  aprofundado,  flexível,  amplo  e  detalhado.  Concordamos  com Minayo (1994, p.102) quando afirma:

Numa busca qualitativa, preocupamo­nos menos com a generalização e mais  com  o  aprofundamento  e  abrangência  da  compreensão  seja  de  um  grupo  social,  de  uma  organização,  de  uma  instituição,  de  uma  política  ou  de  uma  representação. 

  A  pesquisa  empírica  foi  realizada  com  5  (cinco)  professores  de  uma  escola  municipal de Ensino Fundamental. Com o intuito de manter em sigilo a identidade dos  participantes, os professores foram identificados pela denominação “Docente” seguida  de  um  número  natural.  Na  instituição  investigada  funciona  também  uma  sala  de  Atendimento  Educacional  Especializado  (AEE).  A  escola  localiza­se  no  município  de  Maracanaú no Estado do Ceará e até o ano de 2005 atendia crianças e adolescentes com  deficiência. Desde então estes foram incluídos em escolas regulares. Como instrumento 

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para a coleta dos dados foi utilizado o questionário semiestruturado. A interpretação dos  dados foi feita por meio da análise do conteúdo visando “[...] conhecer aquilo que está  por trás das palavras sobre as quais se debruça” (BARDIN, 2004, p. 45).

2 RELAÇÃO ENTRE INOVAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA 

Inicialmente  buscamos  conhecer  o  perfil  dos  professores  participantes  e  constatamos que 3 (três) deles possuem pós­graduação e 2 (dois) são apenas graduados.  Quanto ao tempo na docência, todos possuem mais de 3 (três) anos de experiência como  professores. Desses, 4 (quatro)  são professores polivalentes e 1 (um) é responsável pelo  (AEE). Em seguida, buscamos conhecer o que os participantes entendem por inovação.  O  Docente  1  afirmou  que  inovação  é  “tudo  aquilo  que  vem  para  renovar  as  metodologias  pedagógicas,  de  interesse  dos  educandos  e  educadores.”  O  Docente  2  considerou que “são as novas tecnologias que estão sendo empregadas nas escolas, por  exemplo, as lousas digitais”. Ampliando a ideia, o Docente 3  complementou que “são  transformações  significativas  na  prática  pedagógica,  onde  são  ofertadas  novas  possibilidades de aprender”, enquanto o Docente 4 considera como “formas de repensar  e  reconstruir  toda  uma  estrutura  da  instituição  escolar”.  Para  o  Docente  5  “é  a  possibilidade de construir um caminho onde educador pode favorecer o crescimento do  educando  se  utilizando  de  mecanismos  atuais  e  atrativos”.  Embora  tragam  aspectos  significativos  sobre  o  conceito  de  inovação,  os  professores  parecem  compreender  as  inovações  como  algo  que  vem  de  fora,  sem  uma  relação  maior  com  eles  mesmos.  Consoante  Nóvoa  (1992),  a  inovação  não  se  decreta,  não  pode  ser  pensada  como  produto,  mas  como  processo,  relacionando­se  ao  jeito  de  ser  professor,  a  atitudes.  A  visão restrita por parte dos docentes em relação a inovação educacional, confirma­se ao  serem  indagados  sobre  quais  inovações  identificam  em  suas  escolas.  Reconhecem  apenas  como  inovações  o  laboratório  de  informática,  a  sala  de  AEE  e  os  recursos  multimídias. 

Com  relação  à  formação  para  as  inovações,  o  Docente  1  informou  não  ter  recebido nenhuma formação. Os demais afirmam que fizeram cursos de informática e  curso de AEE. Relatam ainda que acharam os cursos rápidos e pouco consistentes. Mais  uma vez, associam a inovação à tecnologia e a mudanças implementadas por instâncias  superiores. Embora reconhecendo a importância dos cursos realizados, observa­se que a  ideia  de  formação  que  trazem  está  associada  ao  tecnicismo.  Na  reforma  educacional,  esta imprime ênfase na titulação superior como meta a ser perseguida por todos e traz 

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muito  intensa  a  noção  de  competência,  entendida  como  o  domínio  de  determinadas  habilidades, técnicas e conhecimentos específicos por parte dos docentes. Outro ponto a  ser refletido diz respeito à formação docente, que não pode ser considerada a solução  para todos os problemas da ação profissional (ZEICHNER,1993). 

No  que  diz  respeito  à  relação  entre  as  inovações  e  a  prática  pedagógica,  os  docentes  ressaltam  que  os  conhecimentos  adquiridos  no  curso  de  AEE  refletiram  na  forma  de  se  relacionarem  com  os  alunos  e  apontam  as  vantagens  do  laboratório  de  informática  para  o  desempenho  dos  alunos.  Os  investigados  demonstram  uma  compreensão  superficial  sobre  o  significado  das  inovações  no  processo  educativo,  limitando­se a relatar sobre estes dois processos que julgam serem inovadores. Parecem  não  se  dar  conta  de  todas  as  transformações  vivenciadas  no  cotidiano  escolar  nos  últimos  anos.  Os  depoimentos  revelam  que  as  inovações  educacionais  são  pensadas  distantes  da  realidade  dos  professores,  havendo  pouco  envolvimento  para  que  as  mudanças  se  efetivem.  Além  disso,  os  docentes  investigados  não  se  percebem  como  sujeitos de mudanças, posicionam­se de forma passiva. Como afirma Rosa (1998), nem  sempre a inovação resulta em mudança, pois esta depende de envolvimento dos sujeitos.  Mudar  é  quase  sempre  complexo,  pois  envolve  diretamente  a  dimensão  do  humano,  mobilizando capacidades intelectuais e emocionais.  3 CONSIDERAÇÕES/RECOMENDAÇÕES A pesquisa possibilitou o delineamento de algumas reflexões acerca da relação  entre inovações educacionais e a formação docente, a partir da percepção de professores  da educação básica. O estudo denotou que os participantes concebem inovação de modo  bastante limitado e distante de suas realidades. Neste sentido, pouco se envolvem para  que as mudanças se efetivem. Chamamos a atenção para a necessidade de se promover  uma  cultura  de  colaboração  nas  escolas  onde  os  professores  se  reconheçam  como  agentes  de  mudança  ao  invés  de  esperar  que  estas  aportem  em  suas  salas  de  aulas  indiretamente. Neste processo, sem dúvida, a formação docente é elemento essencial.

Com  relação  às  contribuições  da  formação  continuada  recebida  pelos  participantes,  percebemos  que  esta  se  caracteriza  pela  descontinuidade  com  poucos  espaços para refletir sobre as mudanças a serem efetivadas. Ressaltamos a necessidade  de  políticas  educacionais  de  formação  continuada,  voltadas  para  as  inovações  pedagógicas, alinhadas ao desenvolvimento profissional docente.  No entanto, alertamos 

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que  não  é  qualquer  aprendizagem  que  garante  a  mudança,  sendo  necessário  o  desenvolvimento de aprendizagens que considerem os contextos onde os sujeitos estão  inseridos,  favoreçam  a  colaboração,  onde  todos  possam  participar  ativamente  neste  processo que, é de construção.  REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.  FARIAS, Isabel Maria Sabino de; ROCHA, Cláudio César Torquato. PIBID: uma  política de formação docente inivadora? Revista Cocar. Belém, vol. 6, n.11, p. 41­49,  jan­jul. 2012. Disponível em:  http://paginas.uepa.br/seer/index.php/cocar/article/viewFile/212/183. Acesso em: 30  mai. 2014. FULLAN, Michael. Los nuevos significados del cambio en la educación. Barcelona:   Octaedro, 2002. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa  em saúde. São Paulo – Rio de Janeiro: Hucite­Abrasco, 1994. MIZUKAMI, Maria das Graças Nicoletti; MONTEIRO, Filomena Maria de Arruda.  Professores das séries iniciais do ensino fundamental: percursos e processos de  formação. In: REALI, Aline Maria de Medeiros Rodrigues; MIZUKAMI, Maria das  Graças Nicoletti (Orgs). Formação de professores, práticas pedagógicas e escola. São  Carlos: Educascar,  2002.  p. 175­201. NÓVOA, Antônio. Formação de professores. In:NÓVOA, Antônio. Vidas de  professores. Portugal: Porto, 1992.p. 13­30 ROSA, Sanny S. da.Construtivismo e Mudança. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1998. ZEICHNER, Kenneth M. A formação reflexiva de professores: ideias e práticas.  Lisboa: Educa, 1993.

Referências

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