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RISCOS OCUPACIONAIS RELACIONADOS À ENFERMAGEM NO AMBIENTE HOSPITALAR. OCCUPATIONAL RISKS RELATED TO NURSING IN THE HOSPITAL ENVIRONMENT.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2018, V8, Nº 3, JUL/SET. 18 RISCOS OCUPACIONAIS RELACIONADOS À ENFERMAGEM NO AMBIENTE

HOSPITALAR.

OCCUPATIONAL RISKS RELATED TO NURSING IN THE HOSPITAL ENVIRONMENT.

RIESGOS OCUPACIONALES RELACIONADOS CON LA ENFERMERÍA EN EL MEDIO AMBIENTE HOSPITALARIO.

Aline Michelle da Silva Nunes 1; Luana de Oliveira Chequer 2; Luciana Lacerda 3. 1 Professora.

2 Graduada em Enfermagem pela Faculdade do Futuro.

3 Graduada em Enfermagem pela Faculdade do Futuro.

CONTATOS

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2018, V8, Nº 3, JUL/SET. 19 RISCOS OCUPACIONAIS RELACIONADOS À ENFERMAGEM NO AMBIENTE

HOSPITALAR.

OCCUPATIONAL RISKS RELATED TO NURSING IN THE HOSPITAL ENVIRONMENT.

RIESGOS OCUPACIONALES RELACIONADOS CON LA ENFERMERÍA EN EL MEDIO AMBIENTE HOSPITALARIO.

Resumo

Introdução: Os trabalhadores de enfermagem no desenvolvimento de suas funções estão

expostos a inúmeros riscos ocupacionais causados por fatores químicos, físicos, mecânicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais, que podem ocasionar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, tornando algo comum no ambiente hospitalar, e em sua maioria acometem a equipe de enfermagem, uma vez que esses profissionais lidam diretamente com o paciente, com agulhas e outros tipos de perfuro cortantes, equipamentos, soluções e outros. Sendo assim, propõe-se como Objetivo Geral: Avaliar os riscos que os trabalhadores de Enfermagem do ambiente hospitalar estão submetidos. Objetivos Específicos: Analisar a relação do trabalho de enfermagem com os riscos que são submetidos no ambiente hospitalar; Caracterizar os riscos existentes no trabalho de enfermagem no ambiente hospitalar; Descrever os riscos ergonômicos no ambiente hospitalar visando adaptar o trabalho ao homem; Metodologia: Trata-se um Referencial Bibliográfico, do tipo exploratório descritivo, tendo em seu desenvolvimento fatores e situações de trabalho onde predispõem ou acentuam possibilidades de danos aos profissionais, sendo de grande importância adotar medidas preventivas para inibir a ocorrência dos riscos ergonômicos na enfermagem. Considerações

finais: Neste estudo observamos que a equipe de enfermagem está exposta a vários riscos no

ambiente hospitalar como: os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, mecânicos e psicossociais. O processo de enfermagem dentro da saúde do trabalhador consiste em promoção de cuidados e proteção aos trabalhadores, torná-los conscientes dos riscos a que estão expostos e fazer com que participem do seu auto cuidado, avaliando os riscos do ambiente hospitalar em que estão submetidos, podendo assim analisar e caracterizar os riscos e a relação do trabalho de enfermagem.

Palavras chave: Ergonomia, Enfermagem, Riscos ocupacionais, Cuidado.

Abstract

Introduction: Nursing workers in the development of their functions are exposed to

numerous occupational hazards caused by chemical, physical, mechanical, biological, ergonomic and psychosocial factors that can cause occupational diseases and accidents at work, making it common in the hospital environment. most of them affect the nursing team, since these professionals deal directly with the patient, with needles and other types of cutting punches, equipment, solutions and others. Therefore, it is proposed as a General Objective: To evaluate the risks that Nursing workers in the hospital environment are subjected to.

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submitted in the hospital environment; To characterize the existing risks in the nursing work in the hospital environment; To describe the ergonomic risks in the hospital environment in order to adapt the work to the man; Methodology: This is a Bibliographic Reference, descriptive exploratory type, having in its development factors and work situations where predispose or accentuate possibilities of damages to professionals, and it is of great importance to adopt preventive measures to inhibit the occurrence of ergonomic risks in nursing. Final considerations: In this study we observed that the nursing team is exposed to several risks in the hospital environment such as: physical, chemical, biological, ergonomic, mechanical and psychosocial risks. The nursing process within workers' health consists of promoting care and protection of workers, making them aware of the risks they are exposed to and participating in their self-care, assessing the risks of the hospital environment in which they are exposed, thus analyzing and characterizing the risks and the relation of nursing work.

Keywords: Ergonomics, Nursing, Occupational risks, Care.

Resumen

Introducción: Los trabajadores de enfermería en el desarrollo de sus funciones están

expuestos a innumerables riesgos ocupacionales causados por factores químicos, físicos, mecánicos, biológicos, ergonómicos y psicosociales, que pueden ocasionar enfermedades ocupacionales y accidentes de trabajo, haciendo algo común en el ambiente hospitalario, y en su mayoría acomete el equipo de enfermería, una vez que estos profesionales se ocupan directamente con el paciente, con agujas y otros tipos de perforaciones cortantes, equipos, soluciones y otros. Siendo así, se propone como Objetivo General: Evaluar los riesgos que los trabajadores de Enfermería del ambiente hospitalario están sometidos. Objetivos

Específicos: Analizar la relación del trabajo de enfermería con los riesgos que son sometidos

en el ambiente hospitalario; Caracterizar los riesgos existentes en el trabajo de enfermería en el ambiente hospitalario; Describir los riesgos ergonómicos en el ambiente hospitalario para adaptar el trabajo al hombre; Metodología: Se trata de un Referencial Bibliográfico, del tipo exploratorio descriptivo, teniendo en su desarrollo factores y situaciones de trabajo donde predisponen o acentuan posibilidades de daños a los profesionales, siendo de gran importancia adoptar medidas preventivas para inhibir la ocurrencia de los riesgos ergonómicos en la enfermería. Consideraciones finales: En este estudio observamos que el equipo de enfermería está expuesto a varios riesgos en el ambiente hospitalario como: los riesgos físicos, químicos, biológicos, ergonómicos, mecánicos y psicosociales. El proceso de enfermería dentro de la salud del trabajador consiste en promover cuidados y protección a los trabajadores, hacerlos conscientes de los riesgos a que están expuestos y hacer que participen de su auto cuidado, evaluando los riesgos del ambiente hospitalario en que están sometidos, pudiendo así analizar y caracterizar los riesgos y la relación del trabajo de enfermería.

Palabras clave: Ergonomía, Enfermería, Riesgos ocupacionales, Cuidado.

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REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2018, V8, Nº 3, JUL/SET. 21 1 INTRODUÇÃO.

O trabalho de enfermagem, desenvolvido principalmente, no âmbito hospitalar, é em muitas situações insalubre, uma vez que expõe esses profissionais de saúde a uma diversidade e multiplicidade de riscos que podem ocasionar acidentes de trabalho com importantes repercussões ao trabalhador, bem como a sua família e ao hospital que trabalham. Em geral, o trabalhador de enfermagem atua num ambiente de trabalho com condições/situações que determinam vulnerabilidade em seu estado de saúde, como vivências, apreensões e o estresse, ocasionados pelas formas de organização, como: divisão de tarefas,trabalho em turnos noturnos, mais de um vínculo empregatício, falta de aprimoramento técnico-científico, escassez de recursos materiais, entre outros, que propiciam e acentuam o risco desses trabalhadores sofrerem algum acidente de trabalho.

Durante o período de realização do estágio curricular em instituições de saúde de Manhuaçu-MG, percebeu-se a importância da enfermagem do trabalho na identificação dos fatores de riscos ocupacionais. Ao iniciar a referida carreira profissional, a maioria dos profissionais da equipe de enfermagem, não tem a exata noção dos riscos envolvidos no exercício da profissão.

Este estudo foca o trabalho do profissional de enfermagem e sua relação com os riscos ocupacionais que se apresentam no contexto hospitalar. Acredita-se que a atuação ineficiente do enfermeiro irá resultar em agravos à sua saúde.

Diante das inadequadas condições de trabalho oferecidas aos trabalhadores nos hospitais, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), tem feito recomendações referentes à higiene e segurança, com a finalidade da adequação das condições de trabalho desses profissionais. De modo que, a escolha dessa temática ocorreu devido à preocupação de conhecer melhor os riscos à saúde na prática dos profissionais de enfermagem no ambiente hospitalar.

Segundo o Ministério da Saúde (2001), a organização social do trabalho provoca uma série de reações indicadoras de alto nível de sobrecarga, tanto psíquica, como física, o que reflete o aumento das tensões da vida moderna, acarretando várias manifestações no homem - o trabalhador.A situação de trabalho nas instituições hospitalares, apresenta-se problemática frente à inexistência de condições laborais satisfatórias, pelo fato de no hospital existir ambientes considerados insalubres, com pacientes de diversas patologias e fatores de riscos deletérios à saúde, o que acaba comprometendo a saúde dos seus trabalhadores (SILVA,

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1999). Logo, o ambiente de trabalho é um conjunto de fatores interdependentes que atua direta e indiretamente nas tarefas e na qualidade de vida das pessoas (COUTO

,

1995).

A enfermagem exerce papel central e de grande importância no atendimento ao paciente/cliente, estando assim exposta aos fatores de riscos, acidentes e doenças relacionadas ao trabalho já que os profissionais permanecem a maior parte de seu tempo ao lado do cliente e em contato íntimo com a insalubridade ambiental (SILVA, 1999). Esse problema ocasiona aos profissionais de enfermagem o afastamento de suas atividades, elevando o índice de absenteísmo nas instituições, com repercussões na qualidade de vida do trabalhador, na organização dos serviços e no atendimento ao usuário. As ocorrências de doenças ocupacionais constituem um dos principais problemas que acometem os trabalhadores de instituições hospitalares em geral, e os de enfermagem em particular (MENDES, 1999).

Nesse sentido, as condições de trabalho são intrínsecas à estrutura física, e assim relacionadas ao número dos recursos humanos, tipo de escala de serviço, duração da jornada de trabalho, recursos materiais utilizados, iluminação, temperatura, ruído, dentre outros fatores que podem afetar a saúde e a segurança dos trabalhadores. São também fatores consideráveis para se preservar a saúde do trabalhador as condições sociais, inerentes às relações humanas, à satisfação e à remuneração dos trabalhadores. (MARZIALE, 1995).

Sendo assim, propõe-se:  Objetivo Geral:

Avaliar os riscos que os trabalhadores de Enfermagem do ambiente hospitalar estão submetidos.

 Objetivos específicos:

Analisar a relação do trabalho de enfermagem no ambiente hospitalar com os riscos que são submetidos;

Caracterizar os riscos existentes no trabalho de enfermagem no ambiente hospitalar. Descrever os riscos ergonômicos que acometem a coluna no ambiente hospitalar, visando adaptar o trabalho ao homem;

2 METODOLOGIA.

Esta pesquisa se caracteriza por ser Referencial Bibliográfico, do tipo exploratório descritivo, que em geral, provoca o esclarecimento de uma situação para uma tomada de

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consciência pelos próprios pesquisadores dos seus problemas e das condições que a geram, a fim de elaborar os meios e estratégias de resolvê-los. (OLIVEIRA, 2000).

A busca pelo conhecimento envereda pelo interesse e motivação do pesquisador, entretanto, a neutralidade tão citada como existente nos estudos, não é uma realidade, pois, à medida que descrevemos o que pesquisamos, nos envolvemos, porque nesse processo estão sempre presentes a nossa bagagem cultural e experiência de vida. (MINAYO, 2002)

Para alcançar os objetivos propostos, foram utilizados livros, revistas e artigos nas bases eletrônicas Scielo e Bireme. Devido à escassez de material na literatura, espera-se que este estudo contribua de maneira efetiva para aqueles envolvidos na busca de um aperfeiçoamento profissional, beneficiando a todos que necessitam.

3 REVISÃO DA LITERATURA. 3.1 Enfermagem e o Trabalho.

A enfermagem surgiu no século XIX, na Inglaterra, como prática para possibilitar a recuperação do indivíduo. Institucionalizou-se, no movimento do nascimento da clínica, juntamente com a transformação do hospital enquanto instrumento de cura (ALMEIDA & ROCHA, 1997).

Segundo Almeida & Rocha 1997 a função peculiar da enfermagem é prestar assistência ao indivíduo sadio ou doente, família ou comunidade, no desempenho de atividades para promover, manter ou recuperar a saúde. A enfermagem é responsável pelo cuidado ao paciente/cliente, em toda sua integralidade como ser biológico e social. (LEOPARDI et al, 1999).

Até certo tempo atrás, confusos pela concepção idealizada da profissão, os trabalhadores de enfermagem não manifestavam os seus problemas, tais como a DORT (doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho) e a LER (conjunto de doenças causadas por esforço repetitivo), bem representada pelas lombalgias, entre outros.Talvez tentassem entendê-los como inerentes à mesma ou por percebê-los como resultados adversos decorrentes de alguma ação que não deveria ter cometido e que poderia comprometer-lhes a competência profissional. Certamente os problemas não são entendidos como situações decorrentes da maneira como é organizado o trabalho ou devido aos riscos ocupacionais presentes no ambiente laboral. (ROBAZZI & MARZIALE, 1999).

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Lopes e Waldow, 1998, afirmam que a equipe de enfermagem deve modificar sua atitude frente ao trabalho, no sentido da formação da consciência acerca dos Riscos Ocupacionais nos locais onde executam atividades, em especial nos estabelecimentos da saúde, pois, por mais paradoxal que possa parecer, existe um descaso com a saúde do trabalhador de enfermagem no mesmo contexto em que esse promove o bem-estar físico e mental do paciente.

Sabe-se que é uma constante esse descaso, entretanto, percebe-se que o próprio trabalhador não se protege e despreocupa-se com a sua própria saúde, possivelmente, porque existem algumas situações que o deixam desestimulado, como a baixa remuneração, insatisfação no trabalho pela falta de realização pessoal, condições inadequadas de trabalho, o que pode aumentar a sua exposição aos riscos de Acidentes de Trabalho e/ou enfermidades. Assim sendo, faz-se necessário que os trabalhadores de enfermagem sejam estimulados a desenvolver suas atividades em condições adequadas de trabalho, participando de um processo de educação continuada (SILVA, 1998).

3.2 Riscos Ocupacionais Relacionados ao Trabalho de Enfermagem.

A palavra risco origina-se do latim risicus, e significa perigo, inconveniente, dano ou fatalidade eventual, provável, às vezes até previsível. No ambiente de trabalho,os riscos podem ser ocultos, quando o trabalhador não suspeita de sua existência, causando danos principalmente em situações de emergência, mas com pouca possibilidade de controle, quer pelos elevados custos exigidos para eliminar o risco, quer pela ausência de vontade política para solucioná-los (BULHÕES, 1994).

Fator de risco é todo fator ambiental que pode causar lesão, doença ou inaptidão ou afetar o bem estar do trabalhador e o da comunidade (BURGUESS, 1997). O conjunto de fatores, também conhecido como riscos ocupacionais, favorece o acontecimento de acidentes, sofrimentos e doenças prejudicando a saúde dos trabalhadores pela exposição ocupacional aos agentes que lhe são prejudiciais (BULHÕES 1994 MARZIALE, 1995 LOPES, et al, 1998).

Por influência do modelo de Medicina Social na Europa, no século XIX, foi que começaram a surgir às primeiras preocupações em torno de determinadas instituições como hospitais e fábricas que pudessem oferecer riscos devido à sua localização e crescimento desordenado (BULHÕES 1994, MARZIALE, 1995 LOPES, et al, 1998). Os trabalhadores de enfermagem no desenvolvimento de suas funções estão expostos a inúmeros riscos ocupacionais causados por fatores químicos, físicos, mecânicos, biológicos, ergonômicos,

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psicossociais, que podem ocasionar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, conforme menciona (MARZIALE E RODRIGUES, 2002).

Os riscos nas unidades hospitalares são decorrentes, de maneira especial, da assistência direta prestada pelos profissionais de saúde à pacientes em diversos graus de gravidade.Essa assistência implica no manuseio de equipamentos pesados e materiais perfurantes e/ou cortantes muitas vezes contaminados por sangue e outros fluidos corporais, na responsabilidade pelo preparo e administração de medicamentos e quimioterápicos, no descarte de materiais contaminados no lixo hospitalar, nas relações interpessoais de trabalho e produção, no trabalho em turnos noturnos, no trabalho predominantemente feminino, nos baixos salários causando desmotivação, na tensão emocional advinda do convívio com a dor e com o sofrimento e, muitas vezes, da perda da vida, entre outros (BULHÕES

1994,BARBOSA, 1989).

Como podemos observar os trabalhadores de enfermagem, durante a assistência ao paciente, estão expostos a inúmeros riscos, que podem ocasionar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. O contingente de trabalhadores de enfermagem, particularmente o que está inserido no contexto hospitalar, permanece 24 horas junto ao paciente, e em sua grande maioria executa o “cuidar” dentro da perspectiva do “fazer” e, conseqüentemente, expõe-se a vários riscos, podendo adquirir doenças ocupacionais e do trabalho, além de lesões em decorrência dos acidentes de trabalho.

3.3 Tipos de Riscos.

Os riscos químicos referem-se ao manuseio de gases e vapores anestésicos, antissépticos e esterilizantes utilizados para desinfecção de materiais hospitalares, drogas citostáticas (substância que inibe o crescimento e a multiplicação celular), entre outros. A exposição aos riscos químicos está relacionada com a área de atuação do trabalhador, com o tipo de produto químico e tempo de contato, além da concentração do produto. Isso pode ocasionar sensibilização alérgica, aumento da atividade mutagênica e até esterilidade. (JANSEN, 1997). Com respeito aos riscos químicos, a mesma autora afirma que tanto podem causar efeitos à saúde dos trabalhadores como também provocar efeitos teratogênicos e abortogênicos nas mulheres expostas. Relata ainda a importância da exposição crônica à baixas doses, que pode constituir um risco para o desenvolvimento do câncer.

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Os riscos físicos referem-se à temperatura ambiental excessiva (elevada nas áreas de esterilização e baixa em centro cirúrgico), radiação ionizante e não ionizante, ruídos excessivos, vibrações, pressões anormais (MARZIALE,1995).

Riscos mecânicos estão ligados, a falta de iluminação, possibilidade de incêndios, pisos escorregadios, choques elétricos vindos de fios desencapados, ventilação inadequada arranjo físico e ferramentas inadequadas e máquinas defeituosas (MARZIALE, 1995).

Dentre os riscos psicossociais, está a sobrecarga advinda do contato com o sofrimento de pacientes, com a dor e a morte, o trabalho noturno, rodízios de turnos impostos pelo responsável técnico, ritmo de trabalho, realização de tarefas múltiplas, fragmentadas e repetitivas, o que pode levar à depressão, insônia, suicídio, tabagismo, consumo de álcool e drogas e fadiga mental (MARZIALE, 1995).

O freqüente levantamento de peso para movimentação e transporte de pacientes e equipamentos, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho, e flexões da coluna vertebral em atividades de organização e assistência podem causar problemas à saúde do trabalhador, tais como fraturas, lombalgias e varizes. Tais fatores causais estão relacionados a agentes ergonômicos (SILVA, 1999). Os fatores ergonômicos incidem na adaptação entre o trabalho-trabalhador sendo, portanto, o desenho dos equipamentos, do posto de trabalho, a maneira como a atividade laboral é executada, a comunicação e o meio ambiente.

Quanto aos riscos biológicos, eles se referem ao contato do trabalhador com microorganismos (principalmente vírus e bactérias) ou material infecto contagiante, os quais podem causar doenças como: tuberculose, hepatite, rubéola, herpes, escabiose e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) (JANSEN, 1997). O contato com microorganismos patológicos oriundo de acidentes ocasionados pela manipulação de material perfurocortante ocorre, com grande freqüência, na execução do trabalho de enfermagem. A exposição ocupacional por material biológico é entendida como a possibilidade de contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho, e as formas de exposição incluem inoculação percutânea, por intermédio de agulhas ou objetos cortantes, e o contato direto com pele e/ou mucosas. O maior risco para os trabalhadores da área da saúde é o acidente com material perfurocortante, que expõe os profissionais a microorganismos patogênicos, sendo a hepatite B a doença de maior incidência entre esses trabalhadores (FIGUEIREDO, 1992).

Diante de uma experiência vivida durante a realização do estágio curricular, ocorreu um acidente de trabalho com material perfurocortante.Com o ocorrido percebemos que não há

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um fluxograma de notificação de acidente de trabalho, e os enfermeiros não são orientados como devem proceder diante de um acidente.

Segundo Brevidelli, 1995, os motivos que levam os trabalhadores a não recorrerem à notificação dos acidentes são: falta de conhecimento dos procedimentos administrativos; complexidade do fluxograma de notificação, medo dos resultados das sorologias para AIDS e hepatite B.

É de fundamental importância, para o enfermeiro, identificar os riscos ocupacionais a que estão submetidos. Algumas medidas como a implantação e funcionamento da CIPA (comissão interna de prevenção de acidentes), CCIH (comissão de controle de infecção hospitalar), PPRA (programa de prevenção de riscos ambientais) e PPRO (programa de prevenção de riscos ocupacionais), treinamento e capacitação periódica para os funcionários, oferta de EPIs (equipamentos de proteção individual) adequados, e conscientização de empregados e empresa sobre os riscos e prevenção dos mesmos, bem como a adequação da estrutura física e funcional, podem tornar mais seguro o cenário hospitalar, minimizando as situações de risco.

Acreditamos que será possível promover a redução do número de acidentes no ambiente de trabalho quando o treinamento e educação continuada se tornarem itens constantes no calendário da enfermagem. O uso correto dos materiais e equipamentos, o desenvolvimento das técnicas conforme padronizado diminui as chances de algo dar errado, o que poderia por em risco a integridade e a manutenção da saúde do profissional de enfermagem.

3.4 Segurança do Trabalho: a importância do uso de EPI.

Os principais equipamentos de proteção individual (EPI) em um ambiente hospitalar são óculos, toucas, máscaras, luvas, capote, jaleco, sapatos fechados e pro pé. Sua função principal é impedir a contaminação do profissional em contato com os pacientes, ou, que o profissional contamine pacientes debilitados imunologicamente e também evitar a contaminação cruzada de pacientes (o enfermeiro agiria como transportador de microrganismos), daí a importância de descartar os EPIs após o contato com pacientes com doenças contagiosas.

Em relação aos trabalhadores da área de saúde, desde a década de 80, os vinculados à área assistencial foram motivados pelo surgimento da epidemia da AIDS, a iniciar a discussão sobre os riscos relacionados com suas atividades profissionais. Esse tema também surgiu nos

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anos 90 entre os profissionais que lidam com controle da tuberculose, devido ao enfoque dado à doença com risco de transmissão hospitalar (BREVIDELLI, 1995).

A questão envolvendo a segurança, a higiene e a medicina do trabalho foi definida no Brasil como matéria de direito constitucional: é direito do trabalhador exercer sua função em ambiente de trabalho seguro e sadio, conforme o inciso XXII do artigo 7º da Constituição Federal vigente que prevê ainda a proteção ao trabalhador em face da automação, através do inciso XXVII daquele artigo. A Norma Regulamentadora 32(NR 32) tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

Desta forma ,busca-se garantir a redução dos riscos por meios de normas de saúde, higiene e segurança (BRASIL, 2008). Ainda que exista legislação prevendo a proteção à saúde do trabalhador através de um ambiente de trabalho seguro, existe a insalubridade no ambiente de trabalho hospitalar (PIRES, 1989).

3.5 Ergonomia: Conceito e Aplicação.

A ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procura, através do seu desenvolvimento ,adaptar as condições de trabalho às características do ser humano. Ela tem por objetivo contribuir para solucionar muitas situações de trabalho da vida cotidiana, contribuindo para a satisfação e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos e, principalmente, um grande número de problemas sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto, eficiência e prevenção de erros.

Segundo Abrahão e Pinho, 2002, a ergonomia busca dois objetivos fundamentais. De um lado, produzir conhecimento sobre trabalho, as condições e a relação do homem com o trabalho; por outro, formular conhecimentos, ferramentas e princípios suscetíveis de orientar racionalmente a ação de transformação das condições de trabalho, tendo como perspectiva melhorar a relação homem-trabalho.

O desenvolvimento da metodologia da análise ergonômica do trabalho acompanha a evolução tecnológica perpassando por diversas fases em função da demanda social.

3.5.1 Teoria Ergonômica.

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Conhecimentos de ergonomia são úteis em situações cujas problemáticas variam desde a concepção de salas de controle, extremamente automatizadas, passando por questões referentes ao trabalho manual ou, ainda, por queixas relacionadas ao ambiente físico de trabalho, sem deixar de lado os problemas de saúde, em particular, os decorrentes das lesões por esforços repetitivos.A ergonomia é uma disciplina jovem em evolução e que vem reivindicando o status da ciência. Esta disciplina, segundo Montmollin 1994, poderia ser definida como uma “ciência do trabalho”. Entretanto, não existe unanimidade no meio cientifico quanto a uma definição para a ergonomia.

Historicamente, duas correntes filosóficas distintas compõem o cenário da ergonomia. Uma delas tem sua origem em 1947, na Inglaterra, com características das ciências aplicadas. A outra surgiu na França, em meados dos anos 50, com uma preocupação mais analítica. Essas duas correntes da ergonomia, segundo Montmollin 1994, podem ser assim caracterizadas: a primeira, a mais antiga e hoje predominante nos países anglo saxônicos, considera a ergonomia como “a utilização das ciências para melhorar as condições de trabalho humano” (...); a segunda, mais recente e usualmente adotada nos países de língua francesa, considera a ergonomia como “o estudo específico do trabalho humano com a finalidade de melhorá-lo”, buscando autonomia e métodos próprios.Paradoxalmente, estas duas correntes às vezes se identificam, podendo até se complementarem, quando o objetivo é compreender o trabalho para adaptá-lo ao homem.

Diferentes autores compartilham a idéia de que a ergonomia é repassada por duas intenções fundamentais: por um lado, produzir conhecimento científico sobre o trabalho, sobre as condições de sua realização e sobre a relação do homem com o trabalho. Por outro lado, formular recomendações, propor instrumentos e princípios capazes de orientar racionalmente a ação de transformação das condições de trabalho. Portanto, produção de conhecimento e racionalização da ação norteiam a pesquisa ergonômica.

Na prática, para produzir e formular conhecimentos a serem utilizados para a análise e transformação das situações reais de trabalho (ou para melhorar a relação entre o homem e o trabalho) a ergonomia incorpora, na base do seu arcabouço teórico, um conjunto de conhecimentos científicos pertencentes a diferentes áreas do conhecimento (antropometria, fisiologia, psicologia, sociologia, entre outras), e os aplica com vistas a transformações do trabalho.

Na visão de Palmer 1976:

A ergonomia é comumente definida como o estudo científico da relação entre o homem e seu ambiente de trabalho. Nesse sentido o termo ambiente

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abrange não apenas o meio propriamente dito em que o homem trabalha, mas também os instrumentos, as matérias primas, os métodos e a organização deste trabalho. Relacionada a tudo isso está a natureza do próprio homem que inclui suas habilidades, capacidades e limitações.

Historicamente, a ergonomia recebeu vários conceitos. Wisner 1987, considera que Ergonomia, “o conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o

máximo de conforto, de segurança e de eficácia.”

Laville 1977, ao comentar a definição de Wisner, considera "que face a complexidade do desempenho do homem no trabalho, a Ergonomia ampliou progressivamente o campo de suas bases científicas”.

Para Chapanis 1972, ergonomia é a adaptação dos instrumentos, condições e ambiente de trabalho às capacidades psicofisiológicas ,antropométricas e biomecânicas do homem, de forma a reduzir o cansaço, os acidentes do trabalho e os custos operacionais, aumentar o conforto do trabalhador, a produtividade e a rentabilidade, proporcionando melhores condições de trabalho ao homem, aumentando a eficiência e reduzindo custos.

Uma definição concisa de ergonomia, fornecida pelo Ergonomics Research Society da Inglaterra em 1997 considera-a como:

O estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução de problemas surgidos desse relacionamento.

3.6 Aspectos Ergonômicos.

Sabe-se que grande parte das agressões à coluna vertebral em trabalhadores de enfermagem estão relacionadas com fatores ergonômicos inadequados de mobiliários, posto de trabalho e equipamentos utilizados nas atividades cotidianas da enfermagem e que as dores nas costas são causadas por traumas crônicos repetitivos que envolvem muitos outros fatores, além da manipulação de pacientes.

De forma geral as unidades hospitalares têm problemas ergonômicos comuns. É importante que se projete adequadamente o arranjo físico e as dimensões da área de trabalho como os equipamentos e mobiliários do local, adaptando-os às capacidades humanas.Dessa

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forma, torna-se fundamental fazer algumas considerações ergonômicas de determinados aspectos do ambiente hospitalar. (BELL, 1987).

3.6.1 Espaço de Trabalho.

O espaço de trabalho é um espaço imaginário, necessário para o organismo realizar os movimentos requeridos por um trabalhador. Ao se realizar um planejamento da área de trabalho ,utilizando-se um enfoque ergonômico, deve-se levar em conta fatores tais como, o tipo de atividade manual a ser executada, posturas adotadas, dados antropométricos dos operadores, equipamentos e mobiliários envolvidos, entre outros. A questão da interferência do espaço físico disponível para atendimento de pacientes e utilização de equipamentos pelo pessoal de enfermagem tem sido pouco estudada (BELL, 1987).

O dimensionamento correto do posto de trabalho é uma etapa de extrema importância sendo que, Bell, 1997 também afirmou que o subdimensionamento de espaços restringe os movimentos, sendo, portanto prejudicial. A influência do espaço limitado no manuseio de materiais tem sido objeto de estudos relativos quase que basicamente às indústrias.Entende-se então, que seria de grande importância que a enfermagem participasse de qualquer planejamento do ambiente físico hospitalar.(DRURY,1985)

3.6.2 Fatores de risco ergonômico no ambiente de trabalho.

Nos ambientes hospitalares,existem certos fatores de riscos que são comuns, como por exemplo, pias e bancadas com alturas muito baixas, que impõem uma postura inadequada. Por esse motivo, a altura das bancadas nas enfermarias é uma peça chave no planejamento dos locais de trabalho, é desejável que a altura seja construída de acordo com o tamanho do trabalhador e o tipo de trabalho executado. Em geral, recomenda-se que, quando o individuo trabalha em pé, a superfície da bancada deve ficar de 5 a 10 cm abaixo da altura dos cotovelos (Fig. 3). Geralmente nota-se que as bancadas utilizadas para a preparação de medicamentos e coletas de sangue são muito baixas, obrigando os profissionais de enfermagem a assumirem posturas inadequadas, (Fig. 1) (CAILLIET, 1979).

Para solucionar parcialmente o problema das bancadas onde o pessoal de enfermagem prepara medicações e soros, pode-se sugerir que se coloquem os pés alternadamente e um banquinho, (Fig. 2).

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“Para uma pessoa que é obrigada a ficar em posição parcialmente inclinada durante muitas horas por dia, haverá menos fadiga se as costas ficarem retas e o centro de gravidade for mantido sobre os quadris e os pés. Fletir o quadril ajudará a assumir a postura das costas plana, pois eliminará a tração do flexor do quadril sobre a coluna lombar. Portanto, colocando um pé sobre um banquinho com o quadril e o joelho fletidos permitirá uma posição vertical com uma lordose lombar menor”.

Ainda dentro deste contexto existe também a questão das alturas das macas e camas que podem ser consideradas como fatores de risco. Ao fazer considerações sobre alguns aspectos do projeto da área de trabalho de hospitais, Pheasant 1987, enfatizou que a altura da cama tem importantes conseqüências sobre a postura da equipe de enfermagem. Este autor também relatou que um dos critérios que define uma altura adequada de cama é o tipo de procedimento a ser executado. Bell, 1987 defendeu o ponto de vista de que o ideal seria a utilização de camas com alturas ajustáveis.Ainda, em relação à cama, outros pesquisadores salientaram que a largura também é um grave problema para a enfermagem em relação às exigências de alcance ao se manipular pacientes ou administrar cuidados gerais.

Um dos pontos críticos que merece ser ressaltado nessa fase deste trabalho, é a falta de equipamentos auxiliares que facilitariam não só o manuseio de materiais como também a manipulação de pacientes (Figuras 9 e 10). Já existem no comércio equipamentos brasileiros que auxiliam na movimentação e levantamento de pacientes. A questão da não utilização destes equipamentos no ambiente hospitalar brasileiro merece um estudo específico.

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O estiramento da coluna é muito utilizado ao se colocar ou retirar objetos de partes altas de estantes.

Segundo Knoplich 1986, enfermidade da coluna vertebral;

[...] o estiramento consiste na ampliação de um segmento da coluna às custas da musculatura que pode causar danos quando é realizado com freqüência.

Esse movimento torna-se mais grave quando as pessoas levantam ou retiram objetos acima do ombro, nestes procedimentos não só a fadiga muscular é um fator importante como também o fato da pessoa tornar-se mais instável, com riscos adicionais (Fig. 4). Os limites aceitáveis de alcance são influenciados não apenas pelo tamanho do corpo e pelas forças a serem exercidas, mas também pela freqüência da ação, recomenda-se ainda que os objetos pesados devem ser guardados dentro de uma amplitude de alturas próximas a cintura e que objetos leves podem ser armazenados a qualquer altura situada entre o joelho e o ombro (Figuras 5 e 6).(KNOPLICH,1986).

Durante a execução de suas atividades ocupacionais, os trabalhadores de enfermagem frequentemente têm que por ou retirar objetos (soros, roupas, monitores, caixas de instrumental, etc.) de alturas elevadas, para evitar esse problema é aconselhável a realização de um planejamento para o armazenamento de materiais em armários e a utilização de uma escadinha.

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Ainda dentro deste contexto, trabalhadores de enfermagem também percebem que é sofrível terem que retirar prontuários e demais objetos de locais mais baixos de armários, é desaconselhável forçar demasiadamente a flexão das articulações da coluna ao inclinar o tronco mantendo os membros inferiores esticados (Figura 7). Por esta razão, deve-se evitar abaixar desnecessariamente e, recomenda-se, que ao abaixar, os joelhos devem ser fletidos (Figura 8). Também é importante que os objetos pesados sejam armazenados em uma altura próxima a cintura das pessoas.

A falta de manutenção de equipamentos e a utilização de mobiliários improvisados e inadequados, também tornam o trabalho mais árduo para a equipe de enfermagem. Pode-se citar como exemplo as camas com rodas que não funcionam, bem como as manivelas de difícil movimentação, local improvisado para fazer anotações e coleta de sangue, entre outros. Os enfermeiros devem ser conscientizados de que o controle eficiente do ambiente e dos equipamentos utilizados em hospitais é fundamental para o bom andamento do trabalho e para a preservação de doenças profissionais e acidentes de trabalho.( BARBOSA,1989)

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É importante destacar que as unidades hospitalares têm problemas ergonômicos comuns e outros específicos e alguns destes foram apresentados com a finalidade de fornecer possíveis alterações e auxiliar no planejamento de programas de prevenção. Porém, o mais importante, é incentivar o desenvolvimento de uma consciência critica em relação aos efeitos do ambiente de trabalho sobre a saúde dos trabalhadores no ambiente hospitalar( BARBOSA,1989).

4 CONCLUSÃO.

Com este trabalho observamos que muito pode ser feito, visto que existe uma gama de fatores relacionados diretamente aos acidentes de trabalho, sendo de fundamental importância adotar medidas preventivas para inibir a ocorrência dos mesmos. Neste estudo observamos que a equipe de enfermagem está exposta a vários riscos no ambiente hospitalar como: os riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos e psicossociais.

A equipe de enfermagem também está exposta a riscos ergonômicos devido à postura assumida pelo trabalhador ou pelo fato do ambiente de trabalho não proporcionar uma boa postura, mas o trabalhador poderá ter o cuidado e assumir a posição correta durante a realização de suas tarefas.

Acreditamos que a escassez de treinamento, aliado a descontinuidade do mesmo e a falta de motivação do funcionário para dele participar, faz com que várias tecnologias sejam implantadas sem o devido treinamento, possibilitando erros, e condutas inadequadas pelos profissionais. No entanto, é possível promover a redução do número de acidentes no ambiente de trabalho quando o treinamento e educação continuada são itens constantes no calendário da enfermagem. O uso correto dos materiais e equipamentos, o desenvolvimento das técnicas conforme padronizado diminui as chances de algo dar errado, pondo em risco a integridade e manutenção da saúde do profissional de enfermagem.

Diante destas considerações e na tentativa de buscar novos conhecimentos acerca do assunto, o processo de enfermagem dentro da saúde do trabalhador consiste em promoção de cuidados e proteção aos trabalhadores, torná-los conscientes dos riscos a que estão expostos e fazer com que participem do seu auto cuidado, avaliando os riscos do ambiente hospitalar em que estão submetidos, podendo assim analisar e caracterizar os riscos e a relação do trabalho de enfermagem.

Afinal, a complexidade da área de Saúde do Trabalhador, traz a necessidade de estudos, compromisso com capacitação, pesquisas, estudos na área, e, sobretudo ações através

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de políticas de saúde que busquem a atenção à saúde, atenção que não se sujeita meramente a socorros fracionados destinados ao trabalhador doente, sugerindo assim novas pesquisas para que se possa ter mais informações a respeito da ergonomia no trabalho de Enfermagem.

Devida à escassez de material na literatura, espera-se que este estudo contribua de maneira efetiva para os enfermeiros que atuam em ambiente hospitalar, para que estes percebam os riscos que possam estar expostos e através desta revisão, se preocupar também com posturas corretas, tendo devidos cuidados para assim obter um bom aproveitamento no trabalho.

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