FACULDADE DE INHUMAS
PAIM 2016.01
Programa de Aulas Inter e Multidisciplinares
DIR 03
INHUMAS, GO
2016
APRESENTAÇÃO
A Faculdade de Inhumas (FacMais), com sede na Av. Monte Alegre, n. 100,
Residencial
Monte Alegre, Inhumas, Goiás, com a missão de “buscar, pelo ensino, a
formação do profissional responsável dentro dos princípios da cidadania, tendo em vista
ainda seu contínuo aprimoramento ético-sócio-cultural”, criou o Projeto Café Jurídico e
Diálogos: Para Gostar do Direito, com vista a possibilitar ensino, pesquisa e extensão
de forma interdisciplinar e multidisciplinar entre disciplinas e/ou entre cursos da instituição.
A interdisciplinaridade, sob a perspectiva da dialogicidade e da integração das
ciências e do conhecimento, defende a compreensão holística dos saberes, sem, no
entanto, desvalorizar a especialização das ciências – campo de construção da “verdade”
específica e generalizante no cenário das ciências sociais e aplicadas. A temática da
interdisciplinaridade, sob a leitura de Thiesen (2008), aponta para a lição da interação,
religação, problematização e questionamento de saberes e de conhecimentos:
O epistemológico e o pedagógico, ambos abarcando conceitos diversos e muitas vezes complementares. No campo da epistemologia, tomam-se como categorias para seu estudo o conhecimento em seus aspectos de produção, reconstrução e socialização; a ciência e seus paradigmas; e o método como mediação entre o sujeito e a realidade. Pelo enfoque pedagógico, discutem-se fundamentalmente questões de natureza curricular, de ensino e de aprendizagem escolar.
Interagir o que foi dicotomizado, religar o que foi desconectado, problematizar o que foi dogmatizado e questionar o que foi imposto como verdade absoluta.
O Projeto Café Jurídico e Diálogos: Para Gostar do Direito, abrange
conhecimentos e saberes do campo das ciências humanas, sociais e jurídicas,
possibilitando um estudo do ensino jurídico de forma diferenciada
– desafios que as
faculdades, docentes e alunos, em suas relações didático-pedagógicas, enfrentam com
vistas à exigência da qualidade na especialização e na estética da sociedade do
conhecimento, sem, porém, descuidarem do exercício dos valores da cidadania e da
construção dos conteúdos curriculares, conjugados com a realidade, a experiência e a
vivência dos agentes sociais. De forma a conjugar a realidade contextual e o currículo
pedagógico, o Café Jurídico e Diálogos se propõe, democraticamente, a estimular
professores e alunos para gostar do direito, visando à construção de alunos ativos e
autônomos no ato de pensar, de aprender e se articular para o desenvolvimento de si
mesmos e da sociedade, sob uma metodologia em que se atenda à Resolução n. 9/2004,
formando-se assim subjetividades críticas, capazes de enfrentar a relação de poder, com
atitude e visão clara do mundo que as cerca.
Dialogar sobre os questionamentos de como mediar, no direito, conhecimentos
e experiências em conflitos. Como interpretar as vozes e os silêncios no direito. Como
conduzir um ensino jurídico em que os alunos compreendam as relações de poder, em
face da proposta de construção de uma autonomia possível por meio da educação
superior de sujeitos conscientes da sua própria história.
1.TEMA
O projeto Café Jurídico e Diálogos: Para Gostar do Direito tem como eixo
norteador, em 2016.01, a obra literária “A resposta”, de autoria de Kathryn Stockett, e
tema “Questão de gênero e violência contra a mulher”.
2. JUSTIFICATIVA
Os acadêmicos e acadêmicas de um curso superior em Direito necessitam
receber todas as informações e estímulos para compreender a complexidade do campo
científico de sua área de formação. No campo jurídico, isso sobressai devido à dinâmica
da aplicabilidade do direito aos fenômenos da vida (aos fatos jurídicos). Considerando
essa realidade, os professores do curso de Direito criaram para os alunos a proposta de
diálogos para gostar do direito, utilizando de forma interdisciplinar o grande universo de
disciplinas da matriz curricular.
[...] um projeto interdisciplinar de trabalho ou de ensino consegue captar a profundidade das relações conscientes entre as pessoas e entre pessoas e coisas. Nesse sentido, precisa ser um projeto que não se oriente apenas para o produzir, mas que surja espontaneamente, no suceder diário da vida, de um ato de vontade. Nesse sentido, ele nunca poderá ser imposto, mas deverá surgir de uma proposição, de um ato de vontade frente a um projeto que procura conhecer melhor. No projeto interdisciplinar, não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se. (FAZENDA, 1991, p.17)
[...] O que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa: é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir. (FAZENDA, 1991, p.18)
A interdisciplinaridade no ensino jurídico, como mecanismo pedagógico de
ensino-aprendizagem, possibilita uma maior compreensão das realidades sociais. A partir
do momento em que o Direito interage com outras áreas do conhecimento humano em
suas relações jurídicas, o diálogo abre espaço para que leis e doutrinas deixem de ser
tão-somente meros componentes jurídicos, para dar lugar a uma maior compreensão do
mundo real.
Neste semestre, a proposta visa ainda integrar literatura e cinema às
atividades, como meios condutores do debate, visando a sensibilização dos acadêmicos
a respeito da situação humana.
3.OBJETIVOS
3.1.Geral
Promover o diálogo em um ambiente educacional, no qual professores e alunos
dialoguem a respeito do Direito e das áreas de saberes e conhecimentos que o afetam de
alguma forma para a construção de uma práxis jurídica diferenciada.
3.2.Específicos
a) Dialogar em um contexto interdisciplinar visando à proposta educacional
teórico-prática “para gostar do direito”, relacionando aspectos fáticos e jurídicos,
construído pelo grupo de professores do 3º semestre do Curso de Direito da
FacMais.
b) Estimular a elaboração de relações conceituais entre os conteúdos das
disciplinas do Curso de Direito, produzindo-se um esquema de relações
conceituais dessas disciplinas para os respectivos professores, conciliando-se
a teoria e a aplicabilidade do direito aos fenômenos da vida.
c) Desenvolver as potencialidades pessoais e intelectuais dos alunos, por meio de
diálogos e discursos, de modo a estimulá-los à reflexão, compreensão e crítica
da realidade e dos conceitos teóricos jurídicos, exercitando-se a aplicabilidade
do direito e respostas jurídicas às questões de conflito.
4.METODOLOGIA E AVALIAÇÃO
Como o projeto propõe a realizar uma análise do Direito numa perspectiva
interdisciplinar no ensino jurídico, a metodologia a ser desenvolvida será a seguinte:
Exposição oral do projeto pela coordenação e professores;
Exposição do Filme “Histórias Cruzadas”, baseado no Livro norteador da atividade.
Provocação da temática por meio de textos previamente selecionados;
Debates, em sala, sobre as temáticas pertinentes a cada disciplina;
Composição de trabalhos em grupos, para desenvolver leitura, compreensão, análise,
interpretação e aplicação do Direito à temática proposta;
Apresentação oral dos estudos realizados pelos alunos de todos os grupos.
Participação dos professores como mediadores na construção da aprendizagem a ser
desenvolvida pelos alunos.
Para o desenvolvimento das atividades, poderão ser usados livros, quadro e
giz, textos jurídicos e de outras áreas, datashow, filmadora, atividades digitadas pelos
professores e dramatização de alunos (se necessário for); e demais recursos que se
fizerem necessários, com aprovação dos professores orientadores.
Os acadêmicos formarão grupos de até 05 (cinco) alunos, para realização das
atividades, que serão desenvolvidas em 3 (três momentos):
1º momento: Apresentação do projeto e exibição do filme;
2º momento: Elaboração do trabalho escrito, sob orientação dos professores da turma;
3º momento: Apresentação do trabalho e debate.
A avaliação da atividade, por sua vez, será realizada em dois momentos:
Trabalho escrito (Valor: 0,5)
Cada grupo deverá entregar uma via do trabalho escrito, para a coordenação, até a data
indicada no cronograma.
A coordenação encaminhará uma cópia do trabalho, para cada professor da turma, que
deverá corrigir o trabalho; fazer as observações pertinentes e atribuir uma nota de 0 à 0,5
ao trabalho.
Os trabalhos corrigidos devem ser reencaminhados para a coordenação, que organizará
uma pasta com os trabalhos, para os coordenadores da atividade do dia 21 de maio.
A nota final do trabalho escrito será a média simples das notas atribuídas pelos
professores.
Apresentação oral (Valor: 0,5)
Os trabalhos do dia 21 de maio serão coordenados por 01 ou 02 professores da turma,
que atribuirão uma nota de 0 à 0,5 para cada aluno, referente a apresentação oral do
trabalho.
A nota da apresentação oral é individual.
Desta forma, a nota final do PAIM será formada pela soma da Nota do trabalho
escrito e da Apresentação oral.
5. REALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO
O projeto, de natureza institucional, será realizado pelo primeiro período do
Curso de Direito sob a coordenação dos(as) professores(as) da turma.
Para o desenvolvimento do projeto, a turma do curso será dividida em grupos,
e cada grupo será orientado por todos os professores das disciplinas.
6.LOCAL, DIA E HORÁRIO DO CAFÉ JURÍDICO E DIÁLOGOS
Local: Sala de aula da Faculdade de Inhumas (FacMais), em Inhumas, Goiás
Período para resolução da atividade: 07/03/2016 a 21/05/2016.
Dia da apresentação: 21/11/2015
Horário: Das 8:00 às 13:00, com intervalo de 20 minutos.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DO PAIM
07 de março
Disponibilização do projeto
29 de março
Exibição do filme “Histórias Cruzadas”
Março, abril e maio
Realização do trabalho escrito sob
orientação dos professores.
13 de maio
Prazo final para a entrega do trabalho
escrito para a coordenação de curso
20 de maio
Prazo final para a devolução dos
trabalhos corrigidos pelos professores
para a coordenação de curso
21 de maio
PAIM
24 de maio
Divulgação do relatório final da atividade
8. RESPONSÁVEIS
Diretoria Acadêmica
NEIC (Núcleo de Extensão e Iniciação Cientifica)
Coordenação do Curso de Direito
Professores orientadores e auxiliares
Acadêmicos do Curso de Direito
9. INVESTIMENTO
A instituição proporcionará o desenvolvimento do projeto, com espaço físico e
Datashow, filmadora e os alunos poderão buscar parceiros para apoio financeiro. Para o
intervalo da programação, cada aluno e professor arcarão com a sua alimentação.
VIOLENCIA CONTRA A MULHER:
POR QUE É PRECISO FALAR SOBRE GÊNERO?
O livro “A resposta” conta a história de três mulheres que decidiram escrever
um livro para expor injustiças, com as quais não concordavam: Skeeter, Aibileen e Minny.
Aibilleen, que trabalhou a vida inteira cuidando de crianças, mas perdeu seu
filho muito jovem. personagem Minny, que sofre com a violência doméstica, enquanto tem
que trabalhar fora para sustentar a família. E Skeeter, uma jovem rica, recém formada,
que não se encaixa nos padrões.
Falando um pouco mais de Minny, ela é considerada a melhor cozinheira da
cidade, desde nova foi ensinada pela mãe como ser uma boa empregada. No entanto, ela
tem um grande defeito: não consegue controlar a língua até com sua patroa. Devido a isto
ela não consegue parar em um emprego por muito tempo. Logo no começo, ela é acusada
injustamente de roubar sua patroa e acaba sendo demitida. Com a fama de ladra correndo
pela cidade, Minny não consegue arranjar nenhum trabalho até que sua amiga consegue
um emprego para ela na casa de Celia Foote, uma moça que acabou de se mudar com
seu marido para a cidade.
Também conhecemos um pouco de sua vida pessoal. Minny é mãe de 5 filhos,
é casada com Leroy, e vítima de violência doméstica. Ela apanha muito do marido, mas
só decide se separar dele no final da história.
Releia o capítulo 32 e 34.
Será que refletimos realmente sobre como tratamos homens e mulheres na
nossa sociedade?
Texto 1
Quando uma menina de 12 anos no MasterChef Jr desperta o desejo de homens adultos precisamos falar sobre a cultura do estupro
Valentina tem 12 anos. Ela tem um corpo de uma menina de 12 anos de idade. Ela é loira, branquinha e age como uma menina de 12 anos de idade. Valentina foi escolhida para participar do MasterChef Júnior junto com diversas outras crianças, meninos e meninas. O que separa Valentina de todas as outras crianças, por enquanto, não é seu talento na cozinha, mas a cultura do estupro que permite que homens adultos falem por aí como poderiam estuprar a garota.
(É bom avisar que mesmo que a descrição de Valentina fosse outra, tudo que vamos ver abaixo continuaria sendo errado e horrível)
Vamos deixar algo claro desde o começo: qualquer tipo de relação de natureza sexual com uma criança é estupro. Uma criança nunca pode ter uma relação sexual consensual porque ela é criança e não pode tomar esse tipo de decisão. Por lei. Vamos dar o nome certo às coisas. Aqui não estamos falando de pedofilia, que é uma doença que pode ser tratada antes que a pessoa cometa qualquer crime -- seja ele consumir pornografia infantil ou o estupro. Nenhum desses homens que comentou sobre a MasterChef é doente, eles apenas acham que têm o direito de falar absurdos como esse porque olham para ela e não enxergam uma criança, mas uma mulher. É claro que a gente vem batendo nessa tecla faz um tempo. Quando "novinha" foi o termo mais procurado em sites pornográficos muita gente disse que era apenas um sinônimo de ninfeta, tentando apaziguar as coisas sem nem notar que estava apenas batendo palminha para um crime. Mas o problema não está apenas na pornografia. Meninas cada vez mais novas representam adultas em campanhas publicitárias hipersexualizadas. Mulheres fazem cirurgias para rejuvenescer a vulva e deixá-la com aparência virginal. Mulheres adultas são infantilizadas -- quantas vezes você chamou mulheres de mulheres e não me meninas? E a ideia de que porque uma menina se fantasia de mulher já pode ser tratada como mulher só se populariza. E isso é de uma maldade sem fim.
Nossa sociedade vai criando, dia após dia, uma maneira de aumentar a vulnerabilidade feminina. E o sexo é a mais rápida delas. Meninas são incentivadas a ter relacionamentos com homens mais velhos porque elas são muito maduras para a idade. Mulheres engravidam, então socialmente diz-se que a responsabilidade pelo bebê é apenas delas. O aborto é proibido -- mesmo acontecendo em números alarmantes em todas as classes sociais e regiões. Homens mais velhos sabem como guiar meninas a fazer o que eles querem. Mães adolescentes largam a escola, não fazem faculdade e contentam-se com subempregos porque precisam sustentar seus filhos. Além de tudo essas mulheres, que foram meninas vítimas da cultura do estupro, são tidas como vagabundas.
O mito de que garotas amadurecem mais rápido do que meninos, por isso devem se relacionar com homens mais velhos é talvez o mais antigo e que mais crie no imaginário masculino a sensação de impunidade ao postar o tipo de coisa que foi escrita sobre Valentina, por exemplo. É importante esclarecer que meninas não amadurecem mais rápido do que meninos por uma questão biológica. Isso acontece porque meninas ganham responsabilidades mais cedo. São elas que cuidam da casa, dos irmãos mais novos, da comida, vão ao mercado e substituem o papel da mãe. Em algumas culturas, meninas de 12 anos são tiradas da escola para cuidar da casa, enquanto meninos têm uma infância normal. Com todas essas obrigações e responsabilidades, somadas ao cuidado que meninas aprendem a ter desde muito jovens para lidar com investidas de homens adultos, as torna mais maduras. É uma construção social.
Enquanto meninas são encaminhadas a uma maturidade precoce, os meninos e homens são perdoados por todos seus erros porque são apenas garotos, independente da sua idade -- vamos
deixar claro também que isso acontece com mais força quando relacionado a homens brancos e de certa posição socioeconômica, aos homens e meninos negros ou pobres sobra apenas a desconfiança e teorias que apontam seus erros como biológicos.
Some a toda essa cultura a ideia de que todas as mulheres são vagabundas. Todas aquelas que não estão dentro do padrão esperado por aquele homem, já que não existe um consenso sobre como deveria ser o comportamento feminino de uma não-vadia. Quando a mulher é bonita, então, o problema é ainda maior: ela é tida como burra, é objetificada, estereotipada e tem tomada de si a possibilidade de dizer não a qualquer investida. O preço disso é ser tachada de metida. E não importa o que uma mulher faça: basta despertar o desejo em um homem e você se torna vagabunda.
O desejo é responsabilidade de quem o sente e não de quem o desperta. Quando um adulto sente desejo por uma criança é ele o culpado por ir contra uma norma social que protege a infância, a integridade e o corpo de uma incapaz (de acordo com a lei). Porém é muito simples inverter esse raciocínio ao dizer que a menina já tem em si a sexualidade de uma mulher, que ela usa roupas provocativas e que pede atenção masculina. Com essa ideia o homem torna-se a vítima de uma "destruidora de lares" que ainda brinca de boneca, apesar de ter sim sexualidade, ainda que muito diferente da de uma mulher adulta.
É importante falar sobre a cultura do estupro. Ela anda nas entrelinhas de muitos discursos. Ela caminha ao lado da ideia de que homens não conseguem conter seus instintos. Ela está totalmente ligada ao falso consenso que poderia dar uma criança. Ela é reforçada pela infantilização de mulheres adultas. A impunidade é sua melhor amiga e a culpabilização da vítima sua principal arma.
Crianças, tenham elas habilidades de adulto (como cozinhar), corpo desenvolvido, usem roupas provocativas ou sejam maduras, são apenas crianças. E qualquer intenção não fraternal direcionada a elas é crime. A culpa não é delas. O que deveria fazer Valentina? Abrir mão do sonho de ser chef? Esconder-se atrás de roupas masculinizadas? Encontrar maneiras de ser menos atraente? Essas são saídas que todas nós, mulheres, encontramos a vida toda, mas não são saídas que queremos oferecer para as meninas. Elas merecem um caminho melhor do que o nosso. Um agradecimento especial a Ju Freitas, que compartilhou os prints do Twitter.
Video 1
O caso da Valentina gerou um protesto nas redes sociais, denominado #Primeiroassedio.
Vocês viram?
Assista:
https://www.youtube.com/watch?v=0Maw7ibFhls
Texto 2
Dados nacionais sobre violência contra as mulheres
Apesar de ser um crime e grave violação de direitos humanos, a violência contra as mulheres segue vitimando milhares de brasileiras reiteradamente: 38,72% das mulheres em situação de violência sofrem agressões diariamente; para 33,86%, a agressão é semanal. Esses dados foram divulgados no Balanço dos atendimentos realizados de janeiro a outubro de 2015 pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).
Dos relatos de violência registrados na Central de Atendimento nos dez primeiros meses de 2015, 85,85% corresponderam a situações de violência doméstica e familiar contra as mulheres.
Em 67,36% dos relatos, as violências foram cometidas por homens com quem as vítimas tinham ou já tiveram algum vínculo afetivo: companheiros, cônjuges, namorados ou amantes, ex-companheiros, ex-cônjuges, ex-namorados ou ex-amantes das vítimas. Já em cerca de 27% dos casos, o agressor era um familiar, amigo, vizinho ou conhecido.
Em relação ao momento em que a violência começou dentro do relacionamento, os atendimentos de 2014 revelaram que os episódios de violência acontecem desde o início da relação (13,68%) ou de um até cinco anos (30,45%).
Nos dez primeiros meses de 2015, do total de 63.090 denúncias de violência contra a mulher, 31.432 corresponderam a denúncias de violência física (49,82%), 19.182 de violência psicológica (30,40%), 4.627 de violência moral (7,33%), 1.382 de violência patrimonial (2,19%), 3.064 de violência sexual (4,86%), 3.071 de cárcere privado (1,76%) e 332 envolvendo tráfico (0,53%).Os atendimentos registrados pelo Ligue 180 revelaram que 77,83% das vítimas possuem filhos (as) e que 80,42% desses (as) filhos(as) presenciaram ou sofreram a violência.
Dos atendimentos registrados em 2014, 77,83% das vítimas tinham filhos, sendo que 80,42% presenciaram ou sofreram a violência juntamente com as mães. Saiba mais.
Feminicídio
Dos 4.762 homicídios de mulheres registrados em 2013, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo a maioria desses crimes (33,2%) cometidos por parceiros ou ex-parceiros. Isso significa que a cada sete feminicídios, quatro foram praticados por pessoas que tiveram ou tinham relações íntimas de afeto com a mulher. A estimativa feita pelo Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde, alerta para o fato de ser a violência doméstica e familiar a principal forma de violência letal praticada contra as mulheres no Brasil.
O Mapa da Violência 2015 também mostra que o número de mortes violentas de mulheres negras aumentou 54% em dez anos, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. No mesmo período, a quantidade anual de homicídios de mulheres brancas diminuiu 9,8%, caindo de 1.747, em 2003, para 1.576, em 2013.
Já a Pesquisa Avaliando a Efetividade da Lei Maria da Penha (Ipea, março/2015) apontou que a Lei nº 11.340/2004 fez diminuir em cerca de 10% a taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro das residências das vítimas, o que “implica dizer que a LMP foi responsável por evitar milhares de casos de violência doméstica no país”.
Violência sexual
Em 2011, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, 12.087 casos de estupro no Brasil, o que equivale a cerca de 23% do total registrado na polícia em 2012, conforme dados do Anuário 2013 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Saiba mais acessando estudo sobre estupro no Brasil realizado pelo Ipea com base nos microdados do Sinan.
Em 2013, o Ipea levou a campo um questionário sobre vitimização, no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), que continha algumas questões sobre violência sexual. A partir das respostas, estimou-se que a cada ano no Brasil 0,26% da população sofre violência sexual, o que indica que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no país, dos quais 10% são reportados à polícia. Tal informação é consistente com os dados do 8º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) de 2014, que apontou que 50.320 estupros foram registrados no País em 2013. Todavia, essa estatística deve ser olhada com bastante cautela, uma vez que, como se salientou anteriormente, talvez a metodologia empregada no SIPS não seja a mais adequada para se estimar a prevalência do
estupro, podendo servir apenas como uma estimativa para o limite inferior de prevalência do fenômeno no País.
Percepção da população sobre a violência contra as mulheres
Pesquisa realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão revelou que 98% dos brasileiros conhecem, mesmo de ouvir falar, a Lei Maria da Penha e 86% acham que as mulheres passaram a denunciar mais os casos de violência doméstica após a Lei. Para 70% dos entrevistados, a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos.
Segundo a última pesquisa DataSenado sobre violência doméstica e familiar (2015), uma em cada cinco mulheres já foi espancada pelo marido, companheiro, namorado ou ex. E 100% das brasileiras conhecem a Lei Maria da Penha.
Sobre a violência contra mulheres jovens da periferia
Énois Inteligência Jovem realizou estudo, em parceria com os institutos Vladimir Herzog e Patrícia Galvão, com mais de 2.300 mulheres de 14 a 24 anos, das classes C, D e E, que envolveu a aplicação de questionário online e entrevistas em profundidade visando compreender como a violência contra as mulheres e o machismo atingem as jovens de periferia. Os números levantados pelo estudo mostram que 74% das entrevistadas afirmam ter recebido um tratamento diferente em sua criação, por serem mulheres; 90% dizem que deixaram de fazer alguma coisa por medo da violência, como usar determinadas roupas e frequentar espaços públicos; e 77% acham que o machismo afetou seu desenvolvimento.
(
Campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha).Pesquise:
Mapa da violência contra a mulher 2015
Acesse:
http://www.compromissoeatitude.org.br/mapa-da-violencia-2015-politicas-de-
prevencao-e-de-enfrentamento-a-cultura-de-violencia-sao-essenciais-para-diminuir-feminicidios-no-pais/
Texto 3
Texto 4
Luiz Felipe Pondé: "Homens e mulheres não são iguais"
Uma conversa rápida com o polêmico filósofo sobre mulheres, homens, filhos e envelhecimento
iG: O que falta às mulheres?
Pondé: As mulheres devem sempre buscar igualdade diante de um tribunal da lei e de salários.
Mas homens e mulheres não são iguais. O tema da igualdade, fora desse contexto jurídico e trabalhista, é um enorme erro e coisa de mulher infeliz, que só conhece homens ruins. Pena que as mulheres mais felizes não têm tempo para escrever sobre a relação delas com os homens.
iG: Machismo é...
Pondé: Só entendo o machismo no que se refere a homens que espancam mulheres.
iG: O que é fundamental ensinar para os nossos filhos homens? Pondé: Que eles não precisam ser mulheres para serem do bem e que não precisam ter medo
das mulheres só porque começam a perceber que gostam delas e, por isso, como todo mundo, seja homem ou mulher, temem aquilo que mais desejam...
iG: E para nossas filhas?
Pondé: É claro que devemos ensinar as meninas a buscarem independência econômica e
financeira, mas também precisamos dizer a elas que mulheres que gostam de homens são uma benção para os homens. É essencial ensinar meninos e meninas que homens e mulheres são "feitos" um para o outro e que não devemos pensar em "nós" e "elas" ou “nós” e "eles", mas sim lembrar da delicia que é quando estamos juntos nos desejando mutuamente, ainda que de forma apenas platônica. Para mim, o mundo profissional melhorou muito depois que as mulheres entraram nele. Essa, aliás, é minha principal razão de defender a emancipação feminina: egoísmo sexual. Uma reunião de business sem mulheres é um deserto...
Pondé: Boa sorte e cuidado. Não esqueça que a partir de agora tem um ser diferente de você
vivendo com você e não adianta querer que ele seja como você porque ele jamais será. Sim, não seja pudica e goste de sexo.
(...)
(Redação iG São Paulo | 30/03/2012 07:25:33)