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TURISMO E UMA NOVA IMAGEM PARA AS FAVELAS

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Academic year: 2021

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XV SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO

A Cidade, o Urbano, o Humano

Rio de Janeiro, 18 a 21 de setembro de 2018

TURISMO E UMA NOVA IMAGEM PARA AS FAVELAS

PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÕNIO

SERGIO MORAES REGO FAGERLANDE, FAU UFRJ

RESUMO

O artigo traz um olhar sobre a relação existente entre o turismo em favelas e os grandes eventos realizados no Rio de Janeiro, como a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. A partir de um projeto de mudança na imagem da cidade, com obras de infraestrutura e o projeto de segurança pública representado pelas Unidades de Polícia Pacificadora UPPs, as favelas também foram palco de interesse na criação de uma nova imagem, em um processo de mercantilização das cidades que chegava às comunidades carentes, com o turismo como parte do processo. Projetos de infraestrutura e mobilidade nas favelas, como teleféricos e elevadores mirantes tem forte relação com o turismo, e projetos como o Rio Top Tour, implantado na primeira favela a receber uma UPP, revelam o interesse governamental na construção de uma nova imagem para as favelas, com segurança, visitação de turistas e novos empreendimentos. A favela como um novo produto turístico da cidade passou a ser parte de um projeto governamental, mesmo que por um tempo determinado e com forte apelo político eleitoral. O estudo mostra através de dados referentes a empreendimentos como a criação de albergues e atrações em favelas turísticas da Zona Sul carioca como se deu esse processo, e de que maneira ele teve prazo de validade, tendo um futuro incerto com o fim anunciado das UPPs, a partir de 2017 e 2018.

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TOURISM AND A NEW IMAGE FOR THE FAVELAS

ABSTRACT

The article cast a look on the relation that exists between tourism in slums and the big events held in Rio de Janeiro such as the 2014 World Football Cup and the 2016 Olympic Games. Starting with a project that meant to change the image of the city with infrastructure work and a public security plan that included the Police Peace Corps Units - UPPs - the favelas were also the stage for the creation of a new image in a process to sell the cities that eventually reached the underprivileged communities, with tourism as an element of the process. Projects for infrastructure and mobility implemented in the slums wih cable cars and panoramic lifts have a strong tourist appeal and projects such as the Rio Top Tour, introduced in the first favela to receive an UPP, show a Government interest in forming a new image for the slums, with security, an visits by tourists, and new enterprises being set up. The favela as a new tourist product of the city became part of Government project, albeit for a certain time, with a very strong political appeal to it. The study shows, with data on enterprises created such as hostels and attractions introduced to tourist favelas of Rio's South Zone how the process took place and in what way it had its life curtailed, cast by an uncertain future, with the announcement of the discontinuation of the UPPs, to take place in 2017 and 2018.

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TURISMO Y UNA NUEVA IMAGEN PARA LAS FAVELAS

RESUMEN

El artículo examina la relación existente entre el turismo en favelas y los grandes eventos que han ocurrido en Rio de Janeiro como la Copa del Mundo de 2014 y los Juegos Olímpicos y Paralímpicos de 2016. A partir de un proyecto de cambio de la imagen de la ciudad, con trabajo de infra-estructura y el proyecto de seguridad representado por las Unidades de Policía Pacificadora – UPPs - las favelas también fueran el escenario de intereses en la creación de una nueva imagen, en un proceso de mercantilización de las ciudades que llegaba a las comunidades menos favorecidas, con el turismo como parte del proceso. Proyectos de infra-estructura y movilidad en las favelas, como teleféricos, elevadores y mirantes tienen una fuerte relación con el turismo, y proyectos como el “Rio Top Tour”, implantado en la primera favela a recibir una UPP, revelan el interese del gobierno en la construcción de una nueva imagen para las favelas, con seguridad, abertura à la visitación de turistas y nuevos emprendimientos. La favela como un nuevo producto turístico de la ciudad pasó a ser parte de un proyecto gubernamental, mismo que por un tiempo determinado y con fuerte apelo político y electoral. El estudio muestra, con dados sobre emprendimientos como la creación de albergues y atracciones en las favelas turísticas de la Zona Sur de Rio como este proceso aconteció y como ello tuvo un plazo de validez incierto con el fin anunciado de las UPPs, a partir de 2017 y 2018.

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1 - Introdução

O Rio de Janeiro foi palco de transformações urbanas nos últimos anos, relacionadas à realização de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Na esteira desses eventos a cidade e o país realizaram grandes investimentos em obras urbanas, com enfoque em mobilidade urbana, infraestrutura e políticas de segurança. A cidade como um todo vivenciou um interesse muito grande de construção de uma nova imagem, buscando a afirmação da cidade como um polo de atração global para o turismo. Além das obras específicas para os jogos, como as instalações esportivas, obras ligadas a mobilidade urbana como metrô, linhas de BRT e o VLT se juntam a novas atrações, como a inauguração do Museu de Arte do Rio em 2013, e do Museu do Amanhã em 2015, além do inacabado Museu da Imagem e do Som ainda em obras, como parte de um projeto de uma nova imagem para o Rio de Janeiro, tendo equipamentos ligados ao turismo como alavancadores de novos investimentos, em especial na área do porto, com o Projeto Porto Maravilha (Wilheim, 2014; Barretto, 2014).

Ao lado dos investimentos em obras de mobilidade urbana na cidade dita formal, as favelas também receberam investimentos, seja com obras do PAC Comunidades seja com obras de mobilidade como teleféricos, elevadores, e também fortes investimentos em segurança, com o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs (Izaga, Pereira, 2014).

Por certo a ocupação policial dessas comunidades, em geral situadas na Zona Sul ou em áreas de trajetos de visitantes relacionadas aos eventos trouxe mudanças consideráveis, muitas delas relacionadas ao turismo. Essas atividades passaram a ser estimuladas, para geração de renda e buscando uma nova imagem, ligada à segurança da cidade. Dessa maneira alguns obras e projetos nas comunidades se referem ao uso turístico e à mudança da imagem das favelas.

As iniciativas para uma mudança da imagem e para a mercantilização da favela turística se deu não somente através de obras, mas também com projetos ligados ao turismo e com incentivo de publicações, como guias, mapas, folheteria e divulgação, parte importante em um processo de construção da imagem de lugares, em especial relacionada ao processo turístico (Urry, 1995, 1990; Shields, 1992; Fagerlande, 2017b, 2015). A criação de atrações nas favelas segue a mesma lógica do turismo em cidades turísticas, com uso de atrações antes ligadas a costumes tradicionais, e agora parte de um processo ligado à mercantilização, como se entende com a chamada autenticidade encenada (MacCannell, 1999), em que o samba, as artes e a cultura se tornam mercadorias para consumo. A cidade sempre atraiu turistas de todo o mundo, mas a inserção de favelas nesse processo, ao lado de todos os clichés de atração, como praias, corpos bronzeados, carnaval e eventualmente um pouco de sua história, fez surgir novas atrações nesses lugares, associados a mudanças na imagem dessas comunidades (Jaguaribe e Hetherington, 2004).

A maneira como as favelas passaram a ser mostradas em guias de turismo e mais especificamente o surgimento de guias de favelas mostra esse interesse como parte de uma política de inclusão da favela como um produto turístico, pois não por acaso essa situação surgiu a partir do momento em que os novos eventos esportivos passaram a ter o Rio de Janeiro como sede. A construção da imagem da favela turística nesse período preparatório para Copa do Mundo e Jogos Olímpicos e

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Paralímpicos tem sido baseada em publicações como o Guia das Favelas (2013, 2017), o Guia das Comunidades (2013a, b, c, d, e; 2014a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l; 2015a, b, c, d, e), o Guia de Bolso das Comunidades (SEBRAE, 2014a), o Guia Gastronômico das Favelas (Bloch, 2012), muitos deles patrocinados por órgãos oficiais e o site de turismo da prefeitura Visit.Rio (2017). Também livros de Rodrigues (2014) sobre o Rio Top Tour e o de Pinto, Silva e Loureiro (2012) sobre o Museu de Favela tiveram apoio oficial.

Dessa maneira as atrações que foram sendo buscadas nas favelas puderam ser divulgadas, para que o consumo turístico dessas comunidades pudesse se inserir em um processo de nova imagem para a cidade, trazendo a favela para esse mercado e uma possibilidade de integração com a cidade dita formal. Por certo a participação comunitária em muitas dessas ações, através do turismo de base comunitária, vem trazendo ganhos para muitas dessas favelas, mas sempre dentro de um olhar de mercantilização desses lugares, dentro de uma lógica capitalista de produção do espaço, como nos diz Harvey (2006). Esse processo não se verifica somente em favelas cariocas, mas em diversos lugares do mundo, em especial no chamado Global South, em que as condições de diferenças sociais são cada vez maiores, e que exatamente a espacialização dessas diferenças se tornam atrações para os visitantes do chamado Global North, fazendo com que o turismo de favelas se transforme em um processo presente em diversos países em todas as partes do mundo (Frenzel, Koens e Steinbrink, 2012).

Figura 1: Grupo de visitantes na trilha ecológica do Cantagalo Pavão Pavãozinho, com Ipanema e Leblon ao fundo Fonte: Foto do autor, 2014.

Esse artigo mostra como o processo turístico nas favelas, estudado por Freire-Medeiros (2009), Moraes (2016), Fagerlande (2015, 2016a, 2016b, 2017a, 2017b) vem tendo grande desenvolvimento a partir do surgimento do turismo em favelas no Rio de Janeiro em 1992 (Freire-Medeiros, 2009), e

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como esse processo se relaciona à mercantilização do espaço da cidade, como nos fala Ribeiro e Olinger (2012) ao tratar das mudanças no olhar sobre as favelas nesse período, mostrando que esse processo se relaciona com o que fala Harvey (2006) sobre as mudanças urbanas e as estruturas de poder e transformações das formas produtivas. Um olhar sobre processos imobiliários e de possibilidade de gentrificação é apresentado por Pearlman (2016), em observações sobre a favela do Vidigal, local de grande movimentação turística.

Se por um lado essa mercantilização das favelas é parte de um processo global, as iniciativas descritas por Bartholo, Sansolo e Bursztyn (2009) no chamado turismo de base comunitária trazem a possibilidade de inserção das comunidades nesse processo. A participação de moradores das favelas é mostrada por Rodrigues (2014) ao tratar do Projeto Rio Top Tour, implantado no Morro Santa Marta, e do livro de Pinto, Silva e Loureiro (2012) que trata das atividades do Museu de Favela MUF no Cantagalo Pavão Pavãozinho, duas atividades que relacionam turismo de base comunitária com esse processo de criação da favela turística. As atividades da CoopBabilônia também trazem essa importante ligação entre a participação dos moradores nesse processo turístico.

2 – Turismo em favelas e sua representação

A institucionalização do turismo em favelas na cidade do Rio de Janeiro surgiu em 1992, quando participantes da ECO 92 (Rio Conference on Environment and Sustainable Development), conferência da ONU para o meio ambiente, visitaram a favela da Rocinha (Freire-Medeiros, 2009). Nesse momento os governantes tudo fizeram para isolar a favela, mas o interesse dos participantes do encontro foi maior, e a visitação passou a ser transformada em circuito turístico. Os guiamentos eram feitos com jipes, através do Jeep-Tour, que passou a ser considerado como um safari urbano, com grande desaprovação da comunidade atualmente. Essas visitas e geral paravam em lugares com vistas panorâmicas, e ofereciam a possibilidade de compra de souvenirs, mas com pequenos ganhos para os moradores. Mesmo ainda existentes essas visitações não são mais as únicas possibilidades de se levar turistas às favelas, com iniciativas importantes por parte das comunidades, com agências e guias locais.

A partir de um estudo de como as atrações de favelas aparecem nos guias impressos da cidade foi possível perceber que somente a partir de 2003 é constatada a presença desses lugares em guias como o Guia do Estado do Rio (Parente, 2003), Guia Quatro Rodas Brasil (2006; 2008a; 2008b; 2009; 2010; 2011; 2014), Guia Mapograf (2016), Rio Secreto (Almeida e Silva, Roiter, Jonglez, 2016), Um Guia sobre a Cultura do Estado do Rio de Janeiro (Madureira de Pinho, 2014). Mas a Rocinha, pioneira nesse turismo, aparece somente em 2007 como referência ao turismo na Favela da Rocinha, com menção ao jeep-tour e a moto-taxis (Guia Quatro Rodas Brasil 2008, 2008a).

A análise desses guias mostra a importância dos grandes eventos esportivos da cidade para a divulgação do turismo em favelas, pois não por coincidência somente após 2010, quando já havia a projeto das UPPs e diversos projetos urbanos relacionados às mudanças nas favelas, é que outras

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favelas, como Santa Marta e Cantagalo Pavão Pavãozinho aparecem nos guias (Guia Quatro Rodas Brasil, 2010; 2011; 2012).

Como fala Shields (1992), a divulgação em guias e folhetos é parte do processo de construção da imagem de um lugar. Dessa maneira a maneira como as favelas cariocas passam a aparecer em guias e livros é algo significativo, mostrando um novo interesse nesse aspecto, ligado à uma nova imagem para as favelas e sua mercantilização, com os guias como um direto comunicador com o público alvo, o turista. A construção da imagem de um lugar é feita através de um conjunto de situações, que incluem sua arquitetura, sua forma urbana, eventos, a divulgação através de folhetos, livros, sites e filmes (Fagerlande, 2015). Dessa maneira não é necessariamente um processo isento, mas muitas vezes parte de projetos comerciais ou políticos, que pode ter forte impacto sobre áreas urbanas e seus moradores.

Em uma cidade que sempre teve diversas atrações como praias, eventos como o carnaval e o

Réveillon, e sua história através de edifícios históricos e museus, a partir de um interesse global, as

favelas passaram a ser consideradas como um novo conjunto de atrações. Se inicialmente as favelas estavam ligadas ao samba, com a Escola de Samba da Mangueira aparecendo com destaque (Parente, 2003), filmes como Cidade de Deus de 2003, e Favela Rising, de 2005, trouxeram um interesse nacional e internacional para a visitação de comunidades do Rio de Janeiro (Frenzel, 2012), sendo parte dessa mercantilização e do novo interesse nas favelas e na vida de seus moradores. A própria violência se tornou algo a ser mostrado, e as favelas muitas vezes tentam passar a imagem de serem lugares do “autêntico” Rio de Janeiro.

Figura 1: Cartaz de agência de viagens em Copacabana oferecendo passeio em favelas Fonte: Foto do autor, 2016.

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O turismo em favelas tem se caracterizado por alguns aspectos: a visitação através de guiamentos, que tem se realizado com agências turísticas locais ou de fora das comunidades, visita de pontos turísticos atrativos, como trilhas ecológicas, mirantes com vistas panorâmicas, hospedagem em albergues, ali chamados de hostels, e a frequência por turistas e moradores da cidade em bares, restaurantes e festas em lugares específicos. A hospedagem surge também com um aspecto significativo, pois a própria divulgação muitas vezes fala em ser um local, ou “be a local”. Dessa maneira, estar hospedado em uma favela seria algo como viver como um morador “verdadeiro” da cidade do Rio de Janeiro. A questão da autenticidade da atração se torna então algo que pode ser atingido ou mesmo “comprado”, através da experiência da hospedagem na favela. Dessa maneira, como em um processo de venda de produtos, cada favela tem buscado a construção de sua imagem através desses atrativos, que dessa maneira são importantes pontos para essa mercantilização das favelas.

3 – Grandes obras em favelas e sua relação com o turismo

O período estudado na pesquisa e aqui apresentado é entre a escolha do Rio de Janeiro como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, em 2007, e o período logo após os Jogos Olímpicos de 2016, chegando ao início de 2018. Nesse período foram realizadas grandes obras na cidade, podendo ser citadas importantes intervenções em algumas favelas.

Figura 2: Complexo do Alemão e o teleférico Fonte: Foto do autor, 2014.

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No Complexo do Alemão, grande conjunto de favelas da Zona Norte da cidade, foi construído o teleférico, inaugurado em 2011. Conectado à rede de transportes da cidade através do trem, esse grande equipamento, paralisado desde 2016 por problemas de concessão de operação, se mostrou pouco significativo para seu principal uso, de resolver problemas de mobilidade urbana naquelas comunidades. No entanto seu potencial para uso turístico foi grande. A movimentação de visitantes não moradores em 2013 foi de 8.400 pessoas por dia, maior do que o bonde do Pão de Açúcar no mesmo ano, que foi de 5.000 pessoas por dia, mostrando um grande potencial que o turismo poderia ter naquele conjunto de favelas (Fagerlande, 2016a). Esse grande número de visitantes gerou um impacto sobre o turismo junto às estações, que poderia ter algum efeito sobre a renda local, mas seu fim e o aumento da violência estancou o processo.

No Morro da Providência, favela da área central da cidade, também foi implantado um teleférico, ligando a estação de trem da Central do Brasil à Cidade do Samba, na área portuária. Nessa comunidade já havia um projeto de museificação da favela, como fala Menezes (2012), e a implantação do teleférico iria reforçar essa ideia de uma favela turística. Passando pelo morro da mais antiga favela, do país, esse equipamento nunca conseguiu seu intento de trazer o turismo para essa área, tanto pela rejeição de seus moradores como pela violência local, que mesmo com uma UPP na área, nunca vivenciou uma situação de segurança mínima para o turismo.

Figura 3: Elevador Mirante, acesso do metrô à favela do Cantagalo Pavão Pavãozinho Fonte: Foto do autor, 2010.

Outro importante equipamento construído como parte das obras de mobilidade da cidade para os eventos foi o Elevador Mirante do Cantagalo, conectado à estação de metrô em Ipanema. Ligando o bairro de Ipanema ao alto da Favela do Cantagalo, além de equipamento de mobilidade possui um

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mirante em seu alto, em uma clara demonstração de intenções de uso turístico da obra. Dali se pode observar o bairro de Ipanema, o mar e a favela, mesmo que o acesso direto a ela ainda não tenha sido concluído de maneira satisfatória, e as vias internas que ligariam a outros pontos da favela ainda estejam por terminar.

Esses três exemplos de obras relacionando obras para os grandes eventos e o turismo em favelas mostram um interesse em que a imagem dessas comunidades fosse modificada, e conectada às grandes mudanças por que a cidade passou. Mesmo não alcançando muitas favelas, algumas dessas comunidades, em especial na Zona Sul cariocas, foram palco de mudanças relacionando organizações locais e o turismo, com apoio em algumas iniciativas de políticas públicas e financiamentos governamentais.

4 - As favelas pesquisadas

O turismo em favelas no Rio de Janeiro ocorre em geral nas comunidades da Zona Sul. Pesquisa sobre albergues nas favelas cariocas mostra que estes se concentram em algumas dessas comunidades (Fagerlande, 2016b, 2017a) indicando uma direta relação entre o que atrai o turista na cidade em geral e a atração nas favelas. A proximidade do mar e de bairros como Copacabana, Ipanema e Leblon estão diretamente relacionadas à concentração dos albergues em favelas como Babilônia Chapéu Mangueira, Cantagalo Pavão Pavãozinho, Santa Marta, Vidigal e Rocinha. Certamente outras favelas tem atividades turísticas, como a Favela do Pereirão com o projeto Morrinho, o Morro dos prazeres com o Caminho do Grafite no Morro dos Prazeres, a Maré com o Museu da Maré, também aparecendo em guias de turismo da cidade (Almeida e Silva; Roiter. Jonglez, 2016), e outras tem também projetos turísticos, mas a concentração de albergues nas favelas citadas mostra que a hospedagem busca questões diferentes da visitação.

Figura 4: Localização das favelas estudadas na Zona Sul do Rio de Janeiro Fonte: Desenho do autor sobre Google Maps, 2017.

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O mapeamento dos albergues possibilita um olhar sobre o empreendedorismo nessas favelas, entender aspectos de como a relação entre a localização dos empreendimentos e o público pretendido. Seguindo o que fala Harvey (2006) sobre o papel da urbanização na dinâmica social, os albergues são exemplos de como o empreendedorismo se relaciona com a formação urbana nas favelas. Com relação a quem é esse empreendedor, podemos entender como o turismo se relaciona com o processo de gentrificação e as comunidades, e mostra possibilidades de integração com a cidade formal, pois a pesquisa já vem mostrando que muitos desses albergues se localizam em ruas de acesso, antes degradadas e agora cada vez mais integradas à cidade formal. Exemplos disso ocorrem no Chapéu Mangueira Babilônia, com diversos albergues na rua de acesso, a Ladeira Ari Barroso, no Cantagalo Pavão Pavãozinho, como mesmo ocorrendo na Rua Saint Romain, no Vidigal com muitos albergues na Avenida Niemeyer, e na Rocinha com albergues no entorno da favela, tanto na Gávea como em São Conrado (Fagerlande, 2017a).

Cada favela tem aspectos diferentes, tanto em termos de paisagem como em termos de história e cultura. Dentre as favelas estudadas, cada uma vem buscando criar atrações ou utilizar o potencial de cada lugar para as atividades turísticas.

5 – Atrações e a imagem da favela

Ao se criar atrações nas favelas, sejam com circuitos ligados a atrações naturais, com a valorização de aspectos culturais preexistentes ou com a criação de circuitos artísticos, as comunidades ou os empreendedores locais participam do processo de mercantilização dessas favelas. A construção da imagem é para um consumo turístico, e não pode se dissociar da ideia de que agora a visitação é consumo de imagem, e assim ao se criar roteiros, circuitos ou eventos, tudo é parte desse processo. A primeira favela carioca a receber uma ocupação do projeto de segurança pública das UPPs foi Santa Marta, em 2008. O interesse na comunidade por parte dos governos foi enorme, se tornando uma vitrine para os projetos de segurança e de obras em favelas. Ali o plano inclinado funciona como uma possibilidade de acesso às partes mais altas, em uma favela em encosta extremamente vertical. O uso turístico foi incentivado, com a criação pelo governo do estado do Projeto Rio Top Tour em 2010 (Rodrigues, 2014). A favela já estava no circuito midiático internacional desde a vinda de Michael Jackson para a filmagem de um clipe em 1996 (Rodrigues, 2014), mas o uso do personagem foi incrementado com a colocação de uma estátua do artista no local usado para as filmagens, criando um atrativo para novas imagens de divulgação da favela por visitantes de todo o mundo. Uma das formas mais evidentes de mercantilização e construção de imagem é a criação de atrativos para serem fotografados, aumentando a exposição de imagens por todas as maneiras (Urry, 1995, 1990), em um mundo cada vez mais imagético, com as redes sociais tendo forte impacto sobre o turismo. Nessa favela a visitação é o aspecto mais importante, com organização da comunidade para a recepção de visitantes na parte baixa da favela, e com poucos albergues, somente três unidades. Um dos fatores que talvez expliquem o pequeno número de albergues e a distância do mar e por Botafogo, o bairro em que ela se localiza não ter forte apelo turístico de hospedagem.

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No Cantagalo Pavão Pavãozinho um importante exemplo desse processo é a criação do Circuito das Casas-Tela. Uma organização não governamental foi criada na esteira das obras do PAC Comunidades em 2008, e o turismo surgiu como uma das possibilidades de empoderamento, geração de renda e valorização da comunidade e de sua cultura. A ideia do Museu de Favela MUF é a criação de um museu territorial, em que toda a favela seja parte dessa mostra, incluindo suas construções e sua gente. Mas isso foi estimulado pela criação de roteiros de visitação. Dois se sobressaem, o Circuito das Tela e a Trilha Ecológica no alto do morro. O Circuito das Casas-Tela é composto por grafites pintados por artistas de favelas sobre as paredes de casas de moradores locais, se relacionado com a história da comunidade, buscando resgatar visualmente as vivências desses moradores, em um registro que em geral é oral, transformando a história em mercadoria, se assim pudermos entender que a visitação é realizada com a atração desses grafites (Pinto, Silva e Loureiro, 2012).

Figura 5: Visitação no Circuito Casas-Tela, do Museu de Favela, no Cantagalo-Pavão-Pavãozinho Fonte: Foto do autor, 2014.

Existem outras atividades que também são realizadas relacionando a cultura local com a visitação, como rodas de samba, oficinas de capoeira, de pipas ou de grafite. Esse processo de criação de atrações para turistas, mesmo que relacionados à cultura local, remete ao que MacCannell (1999) fala sobre a autenticidade encenada, em que o que já foi parte do quotidiano dos moradores passou a ser encenado para atração turística.

O conjunto de favelas do Cantagalo Pavão Pavãozinho, pela posição entre Ipanema e Copacabana possui grande número de albergues, parte dentro da favela e parte em sua rua de acesso, a Rua

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Saint Romain. Tendo alcançado 24 unidades em 2016, atualmente esse numero é de cerca de 15 empreendimentos.

No caso da Babilônia Chapéu Mangueira tem destaque a trilha ecológica na área de proteção ambiental do Morro da Babilônia (Almeida e Silva, Roiter, Jonglez, 2016). A participação dos moradores através de uma cooperativa, a CoopBabilônia é essencial, pois além de responsável pelo trabalho de reflorestamento da área, organiza os tours, com guias comunitários, tanto através da favela com da trilha que dela parte, relacionando ecologia, turismo e participação da comunidade nesse processo (Moraes, 2016). A imagem dessa favela é fortemente relacionada a ali ter sido filmado Orfeu Negro, película que em 1959 ganhou a Palma de Ouro e o Oscar, com músicas de Vinicius de Morais e Tom Jobim. A presença de muitos albergues é outro ponto que traz uma maior presença turística. A criação de mirantes foi outro aspecto positivo nas obras de urbanização da favela, pois a apropriação desses espaços pela população local, com eventos como o Jardins Suspensos da Babilônia, que ocorrem eventualmente (o último em 2016), mostram o potencial de uso cultural associado ao turístico desses espaços públicos em favelas.

Figura 6: Bar do Davi, Favela Chapéu Mangueira Fonte: Foto do autor, 2016.

Da mesma maneira que as demais favelas citadas, a presença de albergues sempre foi um dos fatores importantes para o turismo e a imagem da favela da Babilônia Chapéu Mangueira. O mapeamento realizado em 2016 mostrava a presença de 18 albergues, que se reduziram a 8 em 2018. Outro aspecto importante desse conjunto de favelas é a presença do Bar do Davi, empreendimento que ganhou fama como ganhador do concurso Comida di Buteco, recebendo grande número de visitantes (Fagerlande, 2017b).

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O Vidigal é certamente uma das favelas cariocas com maior presença turística. O número de albergues em 2016 passava de 39 unidades, distribuídos por toda a comunidade, e no início de 2018 o número está em torno de 27 unidades. A apropriação das áreas mais altas do morro por esses empreendimentos, em que são realizadas festas e eventos, mostra a importância da paisagem para a atração de visitantes e sua importância para a mercantilização da favela. O Arvrão, localidade em que se encontra o albergue mais sofisticado é onde existe a maior presença de usuários externos à comunidade local. Da mesma maneira que no Cantagalo Pavão Pavãozinho e na Babilônia, a presença de uma trilha tem sido forte atração no Vidigal. Esse percurso para chegar ao alto do Morro dos Dois Irmãos tem sua base no alto da favela, e o fluxo de visitantes é bastante grande (Moraes, 2016), criando um forte impacto sobre a circulação na favela de visitantes, tanto da cidade como de fora dela. A criação de um parque ecológico, o Parque Sitiê, foi amplamente comemorado, mas o recrudescimento da violência causou seu fechamento em 2016 (Seldin, Vaz, 2017).

A favela da Rocinha, mesmo tendo sido pioneira no turismo em favelas, tem a visitação como um de seus grandes atrativos. Considerada a maior favela do país está presente no pacote de ofertas de agências de turismo da cidade, sendo grande o número de visitantes que por ali passam (Freire-Medeiros, 2009; Fagerlande, 2017b). A atração é a própria favela, quase um mundo à parte e representando para visitantes pouco afeitos à vida nesses lugares um exemplo de como é a vida em uma favela, com seu comércio pulsante, seus bailes, música e atividades diárias. A hospedagem nunca foi seu ponto mais forte, mas em 2016 eram encontrados 11 albergues e em 2018 somente nove. A violência vivenciada pela comunidade em 2017 reduziu muito a movimentação turística, mas a favela exerce fascínio nos visitantes, em especial os estrangeiros, que buscam visitá-la.

O estudo de favelas nesse momento tem sido alcançado por esse aspecto de mudanças na vida da cidade. Muitos empreendimentos têm fechado por conta do aumento da violência, mas a participação de grupos da comunidade nesse processo, como a CoopBabilônia e o Museu de Favela fazem com que a visitação prossiga, de maneira controlada, mesmo com a diminuição significativa do número de albergues, que tiveram uma redução de em torno de 30% nas favelas pesquisadas.

6 - Considerações finais

Ao se estudar o turismo em favelas no Rio de Janeiro no período situado entre 2007 e 2018, desde o anúncio da realização da Copa do Mundo de 2014, seguido pela realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 e o período posterior aos eventos, muitos aspectos mostram que a atuação governamental nesse processo, inicialmente voltada a atender aos interesses das exigências para a realização dos eventos, com obras de infraestrutura urbana e segurança, se conecta com um processo de mercantilização da cidade, com uma nova imagem para o consumo turístico global. As favelas são parte desse processo, com o interesse governamental representado por grandes obras, como os teleféricos, elevadores mirantes, vias internas e outras obras nessas comunidades, ao lado da presença ostensiva do aparato policial militar representado pelas Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs.

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O fato de a primeira favela a receber uma UPP, Santa Marta, ser também aquela a receber um projeto relacionado às atividades turísticas, com o Rio Top Tour, mostra claramente essa política de uso do turismo como instrumento de transformações urbanas, seguindo na favela um modelo tradicional de construção de imagem e mercantilização das cidades. Assim como o Rio de Janeiro se apresentava para o mundo como uma nova cidade, com grandes obras de mobilidade urbana, museus e edifícios para uso esportivo, as favelas passavam a ser espaços de lazer e visitação, com segurança, locais para hospedagem, como albergues, bares e restaurantes.

Outra favela, como o Cantagalo Pavão Pavãozinho também recebeu obras ligadas ao uso turístico, como o mirante sobre um elevador de acesso à favela, e o estimulo à criação de novas atrações, como circuitos de visitação dentro da favela, como o Circuito Casas-tela e a trilha ecológica.

Se por um lado o estimulo foi também grande com a divulgação em guias de turismo já existentes, como o Guia Quatro Rodas, outros guias foram patrocinados por órgãos públicos e pelo governo ou instituições como o SEBRAE, incentivando o empreendedorismo nas favelas, com gastronomia, hospedagem e atividades culturais.

A participação comunitária nesse processo não pode ser ignorada, e exemplos como a CoopBabilônia são significativos, mostrando que o turismo e a mercantilização da favela não têm somente efeitos negativos, se estimulada a participação comunitária nesse processo. Somente essa participação pode trazer efeitos duradouros, pois o legado deixado pelo final dos Jogos Olímpicos, com a falência do Estado no Rio de Janeiro, o fim melancólico da política de segurança das UPPs vem trazendo uma situação de fechamento de albergues e empreendimentos comerciais ligados ao turismo em diversas favelas. Mas isso não significa o fim do turismo em favelas, pois as associações, como o Museu de Favelas e a CoopBabilônia, mostram que ainda tem sido oferecidos guiamentos para a visitação das favelas, mesmo que de maneira controlada e sempre com a preocupação com a segurança de seus visitantes.

Se a imagem do Rio de Janeiro vem sendo abalada por novas crises de violência em toda a cidade, as favelas tem sido o palco mais evidente desses graves conflitos. Mas essas populações não se rendem, e novas possibilidades como o turismo com a participação comunitária são um dos poucos caminhos para que essas populações busquem alternativas de renda e de sobrevivência de seus projetos culturais e sociais, buscando visibilidade e tentando mostrar que as favelas não são o lugar da violência, mas sim de cultura popular, parte integrante da cidade.

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