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Golden Research Thoughts

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Academic year: 2021

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Texto

(1)

ORIGINAL ARTICLE

International Multidisciplinary

Research Journal

Golden Research

Thoughts

Chief Editor

Dr.Tukaram Narayan Shinde

Publisher

Mrs.Laxmi Ashok Yakkaldevi

Associate Editor

Dr.Rajani Dalvi

(2)

Editorial Board

International Advisory Board

ISSN No.2231-5063 Golden Research Thoughts Journal is a multidisciplinary research journal, published monthly in English, Hindi & Marathi Language. All research papers submitted to the journal will be double - blind peer reviewed referred by members of the editorial board.Readers will include investigator in universities, research institutes government and industry with research interest in the general subjects.

RNI MAHMUL/2011/38595

Pratap Vyamktrao Naikwade

ASP College Devrukh,Ratnagiri,MS India

R. R. Patil

Head Geology Department Solapur University,Solapur

Rama Bhosale

Prin. and Jt. Director Higher Education, Panvel

Salve R. N.

Department of Sociology, Shivaji University,Kolhapur

Govind P. Shinde

Bharati Vidyapeeth School of Distance Education Center, Navi Mumbai

Chakane Sanjay Dnyaneshwar Arts, Science & Commerce College, Indapur, Pune

Awadhesh Kumar Shirotriya

Iresh Swami

Ex - VC. Solapur University, Solapur

N.S. Dhaygude

Ex. Prin. Dayanand College, Solapur

Narendra Kadu

Jt. Director Higher Education, Pune

K. M. Bhandarkar

Praful Patel College of Education, Gondia

Sonal Singh

Vikram University, Ujjain

G. P. Patankar

S. D. M. Degree College, Honavar, Karnataka

Maj. S. Bakhtiar Choudhary Director,Hyderabad AP India.

S.Parvathi Devi

Ph.D.-University of Allahabad

Rajendra Shendge

Director, B.C.U.D. Solapur University, Solapur

R. R. Yalikar

Director Managment Institute, Solapur

Umesh Rajderkar

Head Humanities & Social Science YCMOU,Nashik

S. R. Pandya

Head Education Dept. Mumbai University, Mumbai

Alka Darshan Shrivastava

Shaskiya Snatkottar Mahavidyalaya, Dhar

Rahul Shriram Sudke

Devi Ahilya Vishwavidyalaya, Indore

S.KANNAN

Annamalai University,TN Mohammad Hailat

Dept. of Mathematical Sciences, University of South Carolina Aiken

Abdullah Sabbagh

Engineering Studies, Sydney

Ecaterina Patrascu

Spiru Haret University, Bucharest

Loredana Bosca

Spiru Haret University, Romania

Fabricio Moraes de Almeida

Federal University of Rondonia, Brazil

George - Calin SERITAN

Faculty of Philosophy and Socio-Political Sciences Al. I. Cuza University, Iasi

Hasan Baktir

English Language and Literature Department, Kayseri

Ghayoor Abbas Chotana

Dept of Chemistry, Lahore University of Management Sciences[PK]

Anna Maria Constantinovici AL. I. Cuza University, Romania

Ilie Pintea,

Spiru Haret University, Romania

Xiaohua Yang PhD, USA

...More Flávio de São Pedro Filho

Federal University of Rondonia, Brazil

Kamani Perera

Regional Center For Strategic Studies, Sri Lanka

Janaki Sinnasamy

Librarian, University of Malaya

Romona Mihaila

Spiru Haret University, Romania

Delia Serbescu

Spiru Haret University, Bucharest, Romania

Anurag Misra DBS College, Kanpur

Titus PopPhD, Partium Christian University, Oradea,Romania

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ISSN 2231-5063 Volume - 5 | Issue - 2 | Aug - 2015

FEMALE FISHERS OF PANTANAL (BRAZIL)

(Pescadoras Pantaneiras)

1 2

Josenildo de Souza e Silva and Carlos Maria Jardon

1

Federal University of Piauí, Brazil – UFPI / Delta Ecocais Knowledge Center e NEPDELTA.

2

Professor and Researcher in Universidad de Vigo, España ABSTRACT

KEYWORDS : RESUMO

his action research has examined the development of advice participative

T

o r ga n i z a t i o n a l s u p p o r t w o m e n a n d fisherwomen artisans of Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brazil. Concentrated efforts in supporting the autonomy of female fishers, rebirth of motivations of resistance and implacability peasant. Also served in redemption of values relating to mutual support, cooperation and solidarity. Obtaining as a result the recovery of belonging to peasant culture Pantanal fishing, strengthening of management and associative shared; insertion of the products of the Amorpeixe Association in network marketing and people's solidarity. It was observed that growth of the autonomy of management processes and associative, the inclusion of women in public policies territorial, fishing, gender, family farming and ecological. We highlight the obtaining of financial gains and especially the full integration of the principles of sustainable management of natural resources, fisheries and biodiversity.

female fishers, peasant, agroecology, resistance and autonomy .

A pesquisa ação analisou o desenvolvimento da assessoria organizacional participativa de apoio as mulheres pescadoras e artesãs de Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil. Concentrou esforços no apoio à autonomia das pescadoras, reflorescimento das motivações de resistência e irredentismo camponês. Atuou ainda no resgate dos valores relativos ao apoio mútuo, cooperação e solidariedade. Obtendo como resultado a recuperação do pertencimento a cultura camponesa pesqueira pantaneira, fortalecimento da gestão associativa e compartilhada; inserção dos produtos da Associação Amorpeixe na rede de comercialização popular e solidária. Observou-se crescimento da autonomia dos processos gerenciais e associativos, a inserção das mulheres nas políticas públicas territoriais, pesqueiras, de gênero, de agricultura familiar e ecológica. Destacamos a obtenção dos ganhos financeiros e principalmente a inserção plena aos princípios de manejo sustentável dos recursos naturais, pesqueiros e da biodiversidade.

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Palavras Chaves: 1. INTRODUÇÃO

2. O PERCURSO METODOLÓGICO E DA AÇÃO PARTICIPATIVA 2.1. Contexto da problemática da Amorpeixe

Pescadoras, camponesas, agroecologia, resistência e autonomia

O trabalho de análise da assessoria organizacional participativa apoiada pelo WWF-Brasil, que se iniciou em junho de 2007 e concluiu suas atividades em maio de 2010 junto a Associação de Mulheres Organizadas Reciclando o Peixe – Amorpeixe. A organização é composta de pescadoras que se juntaram para desenvolver subprodutos do pescado, transformando resíduos sólidos de peles de peixes, que historicamente poluíam os rios, em couro e artesanato com objetivo de encontrar saídas socioambientais e econômicas para as suas vidas e das famílias de pescadores de Corumbá, Mato Grosso do Sul – Brasil.

A pesquisa utilizou os instrumentos do diagnóstico organizacional participativo para levantar a problemática, das quais se destacaram: o deficiente assessoramento organizacional para gerir de forma associativa e participativa; a produção orientada para o mercado externo e focada no agronegócio; a desarticulação com as políticas públicas ligadas a pesca, gênero, agricultura familiar, agroecologia e desenvolvimento (local, rural e sustentável); as ações institucionais históricas se mostraram dissociadas da crise mundial da pesca artesanal e das orientações de pesca responsável; o processo de perda do patrimônio do conhecimento de saber conservar e manejar de forma sustentável os recursos e pesqueiros; as assistências técnicas que atuaram junto as mulheres foram pontuais, descontínuas e focadas na perspectiva do agronegócio, dentre outros.

O diagnóstico identificou ainda, que as mulheres possuíam grande conhecimento endógeno ambiental, icnográfico pantaneiro, consciência de espécies e desenvolviam variadas estratégias de suficiência alimentar e de resistência ao capitalismo, evidenciando sinais de co-evolução sócio-ecológica e cultural. Também possuíam vocação para subsistência e demonstravam capacidade de excedentes, os quais poderiam ser comercializados na perspectiva da economia popular e solidária. Cabe destacar que as pescadoras estavam ávidas para agir na resolução de suas dores, reaprender a gerir coletivamente e por uma assessoria que atuasse a partir dos seus clamores.

Optamos por utilizar a abordagem metodológica da pesquisa ação participativa, enfocando o pluralismo metodológico, estabelecendo objetivos, levantando problemas, pleiteando hipóteses e definindo de forma compartilhada propostas de intervenção de assessoria organizacional participativa focada no fortalecimento dos princípios agroecológicos, autonomia da organização e no resgate da cultura camponesa pesqueira pantaneira que tem dado mostras históricas que possui a sabedoria de manejar sustentavelmente os recursos naturais e pesqueiros desse importante agroecossitema Brasileiro e Sulamericano que é o Pantanal.

As intervenções realizadas historicamente junto à associação concentraram esforços nas ações formadoras produtivas, divulgação e comercialização dos produtos focados na perspectiva do agroenegócio. Porém as associadas não foram preparadas para gerir de forma coletiva, associativa e solidária.

Identificamos que as mulheres desde o surgimento da associação em 2001 nunca experimentaram ao longo da existência organização, gestão partilhada e obtenção de renda, fruto do suor oriundo do trabalho desenvolvido. Estavam desarticuladas das políticas públicas locais, vivenciavam conflitos interpessoais e com parceiros institucionais.

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Tais questões nos levaram a elaborar alguns problemas de pesquisa:

2.2. Pluralismo metodológico

- As mulheres remanescentes da Amorpeixe assumirão como sujeitos uma gestão associativa, participativa e autônoma?

- A assessoria organizacional estabelecerá em três anos de trabalho uma relação de confiança com as sociais da associação?

- A assessoria organizacional participativa contribuirá com o resgate das relações de alianças institucionais com os parceiros da Associação?

- As mulheres artesãs construirão coletivamente, com apóio da assessoria organizacional, estratégias empreendedoras na perspectiva da economia popular e solidária capazes de promover a autonomia financeira do grupo?

- A organização das mulheres pescadoras incorporará ou resgatará em suas ações produtivas os princípios agroecológicos, com destaque para o manejo sustentável dos recursos naturais e pesqueiros pantaneiros?

- as mulheres resgatarão a autoconfiança para gerir participativamente e autonomamente a Associação?

Diante da conjuntura encontrada na associação optamos pela abordagem da pesquisa ação participativa, enfocando o pluralismo metodológico, determinando uma postura reflexiva, estabelecendo objetivos, levantando problemas e pleiteando hipóteses de pesquisa, assim como proposta de intervenção e formação utilizando algumas abordagens da pedagogia da alternância.

Para subsidiar o processo nos apoíamos nos princípios da agroecologia, desde a sociologia, especificamente nos estudos campesinos, analisando o processo de transformação imposta pelo modo capitalista de produção e sua reprodução no ocidente, metodologias participativas e economia popular e solidária.

No decorrer do trabalho utilizamos análise dos dados secundários, que segundo Olabuenaga (1999), deben ser realizadas con algunas preguntas cerradas y un espacio abierto para las opiniones y relatos de los campesinos(as) y/o técnicos(as), cuyo objetive principal es comprender la realidad local y también la valoración del significados de las declaraciones. Procurase permitir al entrevistado la máxima libertad de expresión posible. (p.165)

Nessas entrevistas, combinamos a formulação de perguntas com algumas narrações em forma de relato de vida, com a disposição de aprofundar os temas de conflitos e os problemas mais emergentes de interesse ou significados para a Amorpeixe.

Associado aos instrumentos metodológicos citados anteriormente, utilizamos à observação, uma das técnicas mais representativas do método etnográfico, com objetivo de recolher informações, do contexto histórico, sociocultural e natural do lugar onde ocorrem os acontecimentos que se quer analisar.

Observamos os acontecimentos, registramos, analisamos as informações e elaboramos conclusões. Para tanto, seguimos alguns princípios: Constância do fenômeno social ao longo do tempo; o controle de instrumentos de acordo com o objetivo e objeto de análise; e o da orientação, que foram supervisionados por planejamentos teóricos e conceituais prévios.

As observações foram do tipo direta e participante, porém a ação metodológica estabeleceu, o que Olabuenaga, (1999), define como “un proceso de contemplar de forma sistemática y focal el desarrollo de la vida social, sen manipular o modificarla, debe ser tal como ella ocurre, espontánea. La observación cuando combinada con otros métodos de pesquisa cualitativa garante un alto nivel de

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rigor científico”. (P. 125)

A técnica foi orientada, planejada de forma sistemática, relacionada com teorias sociais, através de leituras, orientações técnicas baseadas em outras experiências do consultor/pesquisador. Foram submetidas a um controle de veracidade e confiabilidade, associando-a através da triangulação a outros instrumentos metodológicos.

A problemática e as estratégias de enfrentamento identificadas nas mulheres confirmaram as palavras de Guzmán y Molina (2005 p.11),

“(...) a única solução para o problema socioambiental está no manejo ecológico dos recursos naturais, em que apareça a dimensão social e política que traz a agroecologia e que esteja baseada na agricultura sustentável que surge do modelo camponês em busca da soberania alimentar”.

Todas as mulheres envolvidas na direção da Amorpeixe foram entrevistadas, totalizando 10 pescadoras. Essas mulheres participaram ativamente desse trabalho/pesquisa deixando incluir seus nomes, no decorrer do texto, são identificadas pelo seu primeiro nome, no quadro segue nomes e idades.

Os autores que subsidiaram a análise documental foram Olabuenaga (1999), Lakatos e Marconi (1991), Rubio y Varas (1997). Também utilizamos como suporte científico Guzmán (1990, 2006, 2009), Molina, (1992) Toledo (1994), Gleissman (1990, 2002), Villasante (2002), Freire (1978), Castro (1996), Furtado (1974), dentre outros.

- A identificação dos problemas e conflitos mais emergentes, de forma participativa, pode promover a incorporação de instrumentos de planejamento participativo que apóiem a resolução dos clamores coletivos institucionais de fortalecimento da Amorpeixe.

- O estabelecimento de um acordo social entre a assessoria organizacional e o grupo de mulheres pescadoras pode contribuir para gerar a confiança necessária para o desenvolvimento de uma gestão participativa e autônoma na associação.

- As ações processuais e integradas da pesquisa-ação, assessoria organizacional e de ensino focados no apóio à organização produtiva, a cooperação entre as sócias, a gestão participativa administrativo-financeira, a incorporação de princípios agroecológicos e de economia solidária apoiará a conservação dos recursos pesqueiros, a promoção da organização, geração de renda, autonomia socioeconômica e conscientização ambiental da instituição.

- O estabelecimento de ações autônomas da associação na busca da organização participativa apoiada por uma assessoria organizacional que privilegie o diálogo de saberes com os envolvidos, fortalecerá o

2.3 Hipóteses da pesquisa ação participativa

Mulheres da Amorpeixe

Alzira Moreno Jimendes, 53 anos. Clara Selva Zenteno, 48.

Criatiane de Souza, 38 anos. Joana Ferreira de Campos, 46 anos.

Maria Auxiliadora Echeveria Fernades, 47 anos. Maria Roseli Alves de Morais, 56 anos. Marilza Maria de Campos, 63 anos. Rita Conceição Alves da Silva, 38 anos. Terezinha Da Silva Martins, 43 anos. Zoraíde Castelão Celesque, 49 anos.

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resgate das parcerias institucionais e diminuirá os conflitos interpessoais.

- Realizar junto às mulheres o diagnóstico organizacional participativo, planejamento de ações coletivas e de gestão compartilhada;

- analisar de forma coletiva os conflitos e problemas de relacionamentos interpessoais e institucionais; - estabelecer a utilização de planos, avaliações e monitoramentos processuais como instrumentos de apoio à gestão participativa e autônoma;

- pactuar com as mulheres acordo de assessoria técnica organizacional participativa processual de apoio ao desenvolvimento sustentável;

- proporcionar programa de formação das mulheres na utilização de instrumentos administrativo-financeiros e gestão participativa, utilizando como práticas as necessidades mais emergentes da associação;

- apoiar o resgate ou incorporação dos princípios de manejo sustentável dos recursos naturais e pesqueiros pantaneiros, utilizando como exercícios práticos os problemas enfrentados pela associação;

- orientar estratégias de introdução da Amorpeixe nos programas e projetos em curso das políticas públicas ligadas a pesca artesanal e economia popular e solidária;

- desenvolver no grupo de mulheres estratégias empreendedoras voltadas para a economia popular e solidária que possam gerar renda para o grupo;

- realizar estudo de mercado, plano de empreendimento local, desfile de moda, e feira solidária de saberes e sabores pantaneiros como estratégia de apoio à comercialização dos produtos e articulação de parcerias locais;

- construir e monitorar um contrato social de aliança para resgatar e fortalecer as parcerias institucionais.

Utilizamos o enfoque da alternância de encontros da assessoria com as mulheres pescadoras, em todos os re-encontros ficava visível o amadurecimento dos acordos sociais entre os técnicos(as) e o grupo, cada etapa aportávamos conteúdos teórico-conceituais, práticas focadas nas demandas planejadas e nas necessidades instantâneas que eram inseridas no conteúdo pedagógico e no plano de ação do trabalho de apoio organizacional participativo. Em cada etapa as mulheres ficavam com atividades a desempenhar e que no primeiro momento de reencontro avaliávamos no que chamamos de seminário integrador o processo, analisando as dificuldades, avanços, lições apreendidas e encaminhamentos.

Inicialmente utilizamos algumas ferramentas do diagnóstico organizacional participativo, associado ao rural para subsidiar a construção de planos construídos de forma partilhada focados no empreendimento e no desenvolvimento do grupo. O processo de assessoria organizacional se concentrava nas ações priorizadas, estabelecendo um calendário de formação processual com delegação de atividades práticas direcionadas aos gargalos que o grupo estabelecia como emergentes.

As mulheres passaram a ter semanalmente um espaço para a dialética e busca de soluções conjuntas para os problemas, iniciando um processo de transparência e resgate da confiança. Algumas questões que o grupo não conseguia chegar a um consenso ou precisava amadurecer conceitos e definir posicionamento, ficava como demanda, como conteúdo do próximo encontro com apoio da mediação da assessoria organizacional participativa.

2.4. Estratégias de intervenção da assessoria organizacional participativa

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Quando as questões eram mais complexas, exigindo que o grupo apoio para à tomada de decisão, estabelecíamos a formação de grupo de discussão temática, onde determinávamos prazo para se chegar a um posicionamento grupal e ao longo do percurso de decisão trabalhávamos palestras sobre os diversos aspectos da questão, aportávamos conceitos, teorias, exemplos demonstrativos e estudo de casos para fundamentar as decisões. O processo de ajustes e reformulação estatutária é um exemplo cabal dessa ação.

Também direcionamos ações para tornar transparentes os processos administrativo-financeiros, estabelecendo com as mulheres instrumentos de prestação de contas, divisão de funções, estabelecimento de responsabilidades e reforçar mais ainda a importância das reuniões de avaliação e monitoramento do processo.

Utilizando as técnicas de observação, associada ao instrumento chamado de Fortaleza, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças - FOFA, as mulheres definiram as questões mais emergentes a serem apoiadas pela assessoria no biênio julho de 2008 a junho de 2009, as prioridades definidas foram: a formação definitiva dos custos de produção, dos preços dos produtos e a determinação da margem de lucro; acompanhamento das atividades planejadas pelo grupo; divisão e distribuição de atividades produtivas de forma justa; formação do grupo em gestão e administração participativa; desenvolvimento de ações estratégicas de apoio a comercialização dos produtos; resgate da articulação dos parceiros; e desenvolvimento de ações apoio a conservação ambiental e dos recursos pesqueiros. Entendemos nesse momento que as demandas aqui estabelecidas, mostravam o caminho a perseguir rumo à gestão compartilhada e gênesis da autonomia.

A seguir detalharemos como de forma associada às questões priorizadas pelas mulheres, associadas às estratégias estabelecidas pela assessoria que levaram o grupo a traçar um caminho para a conquista da gestão compartilhada e autonomia:

As pescadoras utilizaram o diagnóstico organizacional participativo como uma ferramenta para fazer emergir os principais problemas, analisando suas causas, efeitos e prováveis soluções. Experimentaram conflitos, dores, lágrimas, diferenças, alegrias e esperança de edificar uma nova associação com a gestão coletiva. Exercitam o planejamento participativo como um instrumento educativo que lhes apoiavam na edificação de estratégias de futuro para o grupo, determinar os compromissos e as co-responsabilidades.

Sentiram com o decorrer da assessoria organizacional e da evolução da Amorpeixe a necessidade de monitorar, de determinar avaliações, análises e re-planejamentos processuais. Por fim a necessidade quase visceral de registrar e sistematizar o que elas viveram como forma de aprender com erros e acertos, destacando o vivido, as experiências e o aprendizado para que possam contribuir com o futuro e com outros grupos.

Com o apoio da assessoria passaram a realizar como tarefas cotidianas, reuniões de equipe semanais,avaliação, monitoramento e re-planejamento das atividades mensais. Registram todo o processo produtivo, administrativo e financeiro. Realizam prestação de contas e estabelecem divisão de tarefas mensalmente, o depoimento de Clara, tesoureira da Associação, ilustra alguns processos,

fazemos prestação de contas e coloco tudo bem explicadinho para todo mundo, depois coloco o resultado na parede para todas verem. Antes meu marido não queria que eu ficasse aqui na associação, só dava trabalho e dor de cabeça, agora ele fica orgulhoso de mim, isso aqui tem meu ajudado até me organizar melhor em casa, hoje eu calculo tudo, do jeito que aprendi aqui.

O segredo foi fazer as mulheres analisarem seus erros e problemas de forma profunda, fazendo

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doer na carne com as interpretações das causas e efeitos que tais ações provocavam individualmente e no grupo, em seguida elas tinham que encontrar soluções conjuntas, discutindo, consensuando ou votando nas escolhas que elas tomaram, em seguida estabelecemos metas por cada reencontro com a assessoria, que culminavam com avaliação, monitoramento e ajustes dos planos.

O trabalho da assessoria avançou na identificação dos gargalos, das deficiências e fortalezas, determinando estratégias para superar ou diminuir as dificuldades e potencializar os pontos positivos da atividade produtiva. Observamos que inicialmente elas não tinham um consenso e homogeneidade de conhecimento sobre a transformação da pele de peixe e acabamento do couro processado. O que nos levou a realizar capacitações, seminários de nivelamento, formação de pescadora para pescadora e formação de grupo de discussão.

Utilizando a necessidade de capacitar novas sócias aproveitamos a oportunidade de fazê-las instrutoras, propomos que elas preparassem um plano de formação, sistematizando todo o processo para que as mesmas pudessem capacitar e envolver as novas sócias no trabalho, dessa forma estavam exercitando a autonomia, a assessoria cabia tirar-lhes as dúvidas quanto o gerenciamento da formação.

As mulheres foram orientadas a preparar e apresentar a assessoria os conteúdos da formação a ser realizada com as jovens, essa dinâmica levou o grupo a refletir sobre didática, metodologias, a necessidade de nivelar saberes, ajustar alguns processos. Tornou-se uma etapa muito enriquecedora para todas e orientou a assessoria nas estratégias de plano de ações para efetivar as mudanças que o grupo apontou como necessárias, em especial com o processo de transformação da pele em couro de peixe.

Essa estratégia apoiou o estabelecimento definitivo do controle de qualidade, atividade que sofria resistência por parte de algumas mulheres que se sentiam julgadas e sabedoras incondicionais de tudo sobre a atividade.

Vale ressaltar o investimento em algumas formações específicas, como os casos de Zoraíde em estabelecimento de custos, preços e ganhos; de Clara em controles administrativos; de Rose em costura Pet Work em moda, e outras; de Joana em relações sócio-institucionais, em preparar reuniões e encontros participativos, em estabelecer instrumentos de monitoramentos, falar em público, preparar apresentações, conduzir oficinas utilizando algumas ferramentas participativas, dentre outros; de D. Marilza em controle de qualidade; todas foram capacitadas em acesso à internet para facilitar o contato com assessoria, elas passaram a frequentar as lan house e manusear instrumentos de comunicação virtual; dentre outros.

Segundo Zoráide, especialista no cálculo e controle dos custos e ganhos, a produção das peças e os problemas da associação serviram de exercícios para as aulas de como fazer. Fomos devagarzinho fazendo os cálculos, botamos na parede e apresentamos na reunião. Hoje tem o livro que anota o cálculo de tudo e prestamos conta a todas.

Investimos na formação do grupo em processos associativos, estratégias de cooperação e resgate ao apoio mútuo, destacamos o cumprimento das atividades produtivas, exigiu esforço coordenado, mutirões e sincronia na realização das tarefas. Também a prestação de contas passou a ser realizada mensalmente e como forma de manter a transparência, observam-se os resultados das prestações hoje afixados na sala de costura.

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c) Mulheres criando trabalho

d) Mulheres fazendo arte

Sendo a pesca considerada uma importante atividade no Pantanal e uma prática tradicional realizada por muitas comunidades, a idéia de apoiar a reciclagem da pele de peixe, transformando-a em acessórios artesanais se tornou uma opção de atividade produtiva. As mulheres passaram a encontrar no trabalho um caminho de mudanças sociais, de contribuição com o sustento das suas famílias e de resgate da dignidade como cidadãs. Passaram a ser mulheres que produzem, vivem e obtém respeito da sociedade pelo trabalho que desempenham. Elas hoje são respeitadas por familiares, instituições e sociedade em geral de Corumbá e até do Brasil.

Entendo que na prática as mulheres procuraram com a constituição da associação, criar uma entidade com função social associada ao trabalho, à assessoria buscou atuar no aperfeiçoamento desses o trabalho que elas desenvolvem.

As mulheres sempre mostravam uma tendência muito forte para a costura, aprenderam cedo a tecer suas roupas, dos pais, maridos e filhos. Essa atividade antes invisível, sobre o ponto de vista das igualdades sociais de gênero, passou a ser visível quando incorporou luta, resistência, irredentismo e trabalho liberto.

Seus produtos atualmente são reverenciados pela imprensa, as mulheres são alvo dos noticiários e das demandas institucionais para parcerias. O Ministério de aqüicultura e Pesca no final de 2009, contratou os serviços da Amorpeixe para confeccionarem as bolsas da 3ª conferencia nacional de aqüicultura e pesca em Brasília/DF no período de 30 de setembro a 2 de Outubro de 2009. A presidente da Associação entregou em ato solene uma bolsa em couro de peixe marca do evento.

As mulheres passaram a desenvolver arte compondo diversos estilos influenciados sob diversos aspectos que contavam suas historias de vida. Ao conceberem suas roupas, como verdadeiras estilistas refletem sobre a mulher, seu poder e seu lugar no mundo. A cultura é o que torna a vida humana possível no mundo, como um produto já elaborado pelas gerações as precederam, associado a um processo contínuo de adaptação dessa herança recebida por novos modos de vida, problemas, necessidades e roupagens. Inserimos o regionalismo como a representação da realidade pantaneira uma espécie de naturalismo fora de esquadro. No dizer de Chico Science “É o povo na arte é a arte do povo e não o povo na arte de quem faz arte pro povo”.

Buscando tratar os ambientes naturais com o mesmo respeito que dispensam às obras de arte, incorporamos o trabalho das mulheres como patrimônio cultural vivo inserindo a iconografia, resgatando antigas técnicas pelas mãos das mulheres, inserindo o contexto pantaneiro de seus odores, cores, sabores e povo. Trabalhamos para resgatar o pertencimento ao território e amor das pescadoras a cultura local, utilizando referências de paisagens, fauna, flora e materiais utilizados pelos camponeses e pescadores que traduzem no cotidiano o jeito único e próprio das coisas em que são características do Pantanal.

Foi trabalhado com as mulheres: o boi; o tuiuiú que tem um colar vermelho no pescoço, plumagem branca, pernas escuras e esguias, cabeça e bico pretos; os jacarés; as onças; peixes; com relação a flora ipês, cajazeiros, cambarás, piuvas, buritis e muitas outras; etnias kadiwéus, representado pela cerâmica em desenhos geometrizados coloridos. As cores mais usadas pelos índios para pintar seus corpos são o vermelho muito vivo do urucum, o negro esverdeado da tintura do suco do jenipapo e o branco da tabatinga, a Terena pela cerâmica de cor avermelhada, a Caiwá pela arte plumária, a feição dos índios, representada pelo cabelo com franja e por fim os bugres de Conceição.

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e) Mulheres transformando lixo em multiculturalidade

As pescadoras passaram a compreender de forma coletiva que o trabalho da associação de transformar resíduos sólidos em artesanato contribui para a conservação do pantanal. A partir da demanda dos clientes e com apoio da assessoria passaram a produzir produtos com foco ecológico, ecobag e bolsas de retalhos tendo como metas a conservação dos recursos naturais, reciclagem de materiais e inserção de artesanato no mercado da economia popular e solidária, associado ao consumo consciente que valoriza os processos produtivos, os ativos sócio-ambientais dos produtos e serviços.

Associando a conservação ambiental a multiculturalidade pantaneira, passaram a produzir diversidades de peças com o foco na conservação dos recursos pesqueiros e naturais, associando-os a natureza, ao consumo consciente e a conservação Pantaneira.

Buscam agora avançar nas técnicas de curtimento e tingimento natural, entendem que esse é o futuro da organização e atende a um dos principais objetivos da organização, produzir 100% de forma sustentável. As mulheres demandaram essa formação para a Embrapa buscando associar a pesquisa a um processo de extensão que permita capacitá-las na tecnologia e monitorando o processo evolutivo. Com as mulheres imbuídas em encontrar saída para a produção ecológica, passamos a concentrar esforço na formação em agroecologia na perspectiva da gestão sustentável das terras, realizamos palestras, utilizamos vídeos, estabelecemos leituras de textos, articulamos ações com as políticas públicas agroecológicas, com destaque para as atividades ligadas ao fórum de desenvolvimento territorial.

Na medida em que a assessoria foi capacitando às mulheres nos controles administrativos e gerenciais participativos, associado a um monitoramento sistemático executado pelas mulheres com a supervisão dos técnicos(a), as pescadoras foram evoluindo na qualidade dos produtos, o grupo internalizou um processo reflexivo sobre os aspectos negativos com objetivo de mudar e melhorar cada dia mais os produtos.

Apoiamos as mulheres a realizar estudo de mercado, plano de negócios, organizar as atividades produtivas e participarem de feiras e eventos para divulgar e comercializar os produtos, priorizando sempre os eventos na perspectiva da economia popular e solidária. Os eventos em Corumbá, embora se venda pouco, possibilitavam as pessoas do local tomar conhecimento e prestigiar os produtos. Estiveram em Goiana - GO num evento de mais de 10 mil pessoas, fizeram contatos, apresentaram os produtos e a Amorpeixe. Buscaram vencer os preconceitos, como afirma Auxiliadora,

”a feira em Goiana foi a primeira que participei, quando a van veio nos pegar só tinha homem, meu marido perguntou se ia pegar mais gente, eu disse que sim, mas não era verdade. (...) quando chegamos no posto de gasolina na saída de Corumbá eu queria voltar, mas a Rita me disse: não vai queimar o filme,superei tudo vendi nossos produtos, fiz contatos e trouxe encomendas.”

Experimentaram a feira de saberes, sabores, produtos e serviços, na qual puderam interagir com outros artesãos de Corumbá, articular encomendas e vender produtos. A partir da aprendizagem diária, dos erros, dos enfrentamentos dos conflitos e do estabelecimento de diálogo, são os grandes mestres do processo de crescimento organizacional, as mulheres começaram a acreditar e construíram um processo de gestão partilhada, pois elas internalizaram que estavam inacabadas, que precisavam se educar para uma gerência onde todas se envolvam.

Nesse sentido, Freire (1979) afirma,o homem pode refletir sobre si mesmo e colocar-se num determinado momento, numa certa realidade: é um ser na busca constante de ser mais e, como pode fazer essa auto-reflexão, pode descobrir-se como um ser inacabado, que está em constante busca. Eis

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aqui a raiz da educação. (p.27)

As mulheres pescadoras passaram a se tornar sujeitas da sua própria educação, hoje querem estabelecer um caráter permanente compreendendo o inacabamento humano, para isso deve lutar contra o egoísmo de se sentir sabedoras, se posicionando sempre com humildade frente aos saberes relativos.

Uma onda étnica invadiu os domínios da moda de Corumbá, assessórios com estamparias e efeitos de tingimentos, bordados e aplicações inspiradas na cultura artesanal produzida por tribos pantaneiras. A estamparia decorativa baseada em florais, folhagens e borboletas de colorido tropical sobre várias matérias, entre as quais, osso de gado Pantaneiro.

Com as bolsas comandando a revolução das mulheres pescadoras que com suor das suas mãos transformaram lixo em arte, arte em luta, luta em sonho realizado e realização em mudança sócio-organizacional.

As filhas das mulheres da associação deram um tom de jovialidade, juventude e renovação ao artesanato das mulheres camponesas do rio. Elas organizaram as modelos, as roupas, os acessórios, a dinâmica do evento e com muita graciosidade espalharam no pátio da Casa da Cultura de Corumbá no Mato Grosso do Sul em mescla de originalidade, cores, luz, e profissionalismo desfilando a coleção voltada para a solidificação da Amorpeixe no cenário da economia popular e solidária Brasileiro.

Com variadas peças, diversificadas temáticas e qualidade, os produtos encantaram o público, promovendo aumento das vendas, encomendas, motivando o grupo para a autonomia e ganhando definitivamente a confiança das instituições parceiras.

Como estratégia de promover a comercialização solidária e justa, o desfile de modas da Amorpeixe provou que as mulheres são capazes de organizar sua atividade produtiva, planejar e executar eventos capazes de promover a comercialização e a divulgação dos seus produtos e serviços com foco em uma economia justa que compreenda a inserção social, cultural e ambiental. Cabe destacar que a principal costureira coordenou o desfile, organizou as modelos, narrou o detalhe das peças, com apoio das demais, mostrou as instituições parceiras e a sociedade local que se pode muito quando se faz com organização, planejamento, esforço coordenado e amor.

A organização participativa das atividades produtivas, dos processos administrativos e contábeis a Amorpeixe resgatou a transparência da gestão e a confiança do grupo de mulheres na associação. Com a evolução do uso dos instrumentos de gestão e estratégias de comercialização popular e solidária, com destaque para estudos de mercado, plano de negócios, organização da loja, investimento na qualidade, participação nas políticas públicas territoriais as mulheres passaram a obter ganhos financeiros.

O efeito sinergético do descrito anteriormente, somado ao ordenamento das metas para atingir uma produção qualitativa dos produtos e serviços, associada ao estabelecimento de estratégias de divulgação gratuita através de mídias de inserção sócio-ambiental, o resgate de parcerias institucionais e o apoio da assessoria organizacional do WWF/Brasil, levou as mulheres a ganhos próximo ao desejado pelo grupo, tonando possível o obtenção mensal de renda em torno de salário mínimo por mulher que produz próximo há 40 horas semanal.

Elas aprenderam a negociar encomendas, estabelecer preços a grosso e a varejo. Elaborar proposta de serviços e de projetos, a calcular os custos de mão-de-obra e de serviços de terceiros.

g) Moda Amorpeixe

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Principalmente a planejar entregas e cumprir os prazos. A loja hoje tem variedades, opções, multiculturalidade e as mulheres felizes por receberem a valoração justa transformada em renda e as motivam a fazerem sempre melhor.

As peças da Amorpeixe são mais que mercantis ou monetárias, hoje incorporam valores imateriais de igualdade social de gênero, solidariedade, amor, territorialidade e iconografia pantaneira, o que faz do trabalho das mulheres uma preciosidade e uma opção de renda necessária a sobrevivência do grupo e de suas famílias e de valorização da cultura pantaneira.

O comentário da mulher mais experiente do grupo, D. Marilza, ilustra bem o sentimento das mulheres e a desorganização em que vivia a associação, “antes não víamos o dinheiro, ninguém sabia para onde ia o dinheiro, não sabíamos o que se vendia, não se dividia os trabalhos, era cada um por si”.

No dizer de Dona Marilza “eu estou aqui desde o começo, nunca tinha visto dinheiro, já estou até comprando as coisas pra casa”. A presidente da Amorpeixe Joana, afirmou “o estímulo de trabalhar é outro, todas as mulheres estão feliz, sem brigas, tudo é às claras. Puxa, eu tenho ajudado melhor a minha filha, comprei até uma máquina para ela melhorar seu trabalho de fotografias”.

A assessoria organizacional participativa no decorrer do trabalho com a Amorpeixe proporcionou apoio necessário para obtenção dos seguintes resultados conclusivos:

- Realização do diagnóstico organizacional participativo junto às associadas, contemplando avaliação do processo histórico de funcionamento da associação e definição de estratégias de soluções para os principais problemas identificados;

- construção participativa de planos de ações, sistema de monitoramento, avaliações processuais, re-planejamentos e sistematização de experiências;

- estabelecimento de acordos e pactos coletivos de mudanças organizacionais para as sócias e para a associação;

- celebração de contrato social de assessoria organizacional processual com a Amorpeixe durante três anos;

- formação das sócias em instrumentos técnicos gerenciais, organizacionais, administrativos e financeiros, com destaque para levantamento de custo e determinação de preços dos produtos, dos ganhos, do controles de estoque, de produção, comercialização e de qualidade;

- reestruturação do estatuto, estabelecimento de ações processuais de mudanças organizacionais institucionais;

- resgate da confiança coletiva, solidariedade, dos trabalhos compartilhados e apóio mútuo;

- fortalecimento e resgate da capacidade empreendedora das mulheres, diversidade produtiva, qualidade dos produtos e escala de produção para mercado local, regional e nacional;

- incorporação da icnografia pantaneira, responsabilidade sócio-ambiental nos produtos e serviços das mulheres;

- obtenção de ganhos financeiros e autonomia institucional;

- resgate do respeito familiar, local e territorial ao trabalho exercido na associação; - promoção, fortalecimento e resgate de aliados e parceiros institucionais;

- o estabelecimento de ações autônomas das mulheres na busca do desenvolvimento da associação; - as pescadoras resgataram em suas ações produtivas os princípios agroecológicos, para a busca da sustentabilidade e fortalecimento da resistência das camponesas do rio;

- se inseriram nas políticas públicas de agricultura familiar e agroecologia e economia popular e solidária, participando de mais de 70 feiras anuais e passaram a fazer parte da rede nacional de

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mulheres da economia popular e solidária e agroecológica.

De uma forma geral, as mulheres mesmo padecendo de desigualdades sociais e econômicas por ausências de políticas que atenda a cultura tradicional não apenas como folclórica e exótica, onde apresenta um receituário de soluções prontas, conseguiram uma espécie de insurreição indígena, evidenciando que não possui diferença da pescadora muito menos da camponesa.

Esses elementos poderosos de coesão comunitária advêm da sociedade agropastoril de caráter mercantil, agregados a valores solidários, associativistas e camponeses. No dizer de Sevilla-Gusmán e Molina (2005) analisando Kroeber (1948), verifica-se que a sociedade camponesa é uma forma de organização social com estruturas rurais ‘que apesar de viver em relação com os mercados das cidades, formando um segmento de classe de uma população maior que engloba geralmente centros urbanos ... mas suas unidades locais conservam sua velha identidade, integração e apego a terra e seus cultivos’. Em seguida os citados autores desconstruindo Redfield (1930; 1934; 1941; 1947; 1953; 1956) evidenciam nos estudos camponeses ‘as mudanças que existem nas comunidades e as inter-relações entre elas e as sociedades urbano-industrial’, de fato as mulheres pescadoras pantaneiras se incluem no campesinato por suas condições históricas de saber manejar e manter as bases de reprodução dos recursos naturais e pesqueiros. Também por se enquadrar nos indicadores estabelecidos por Victor Manoel Toledo (1995): “energia utilizada; escala e tamanho do manejo; autosuficiência; natureza da força de trabalho; diversidade produtiva; produtividade ecológica e energética; natureza do conhecimento; e cosmovisão”.

As camponesas da pesca ou das águas resistem e não se entregam a exclusão capitalista, resignificam suas ações utilizando: energia limpa ou de baixo impacto; possuem escala de produção voltada prioritariamente para o mercado local; focam seu trabalho na autosufiência, inclusive institucional; utiliza mão de obra familiar; a diversidade é a lógica produtiva e ecológica; a natureza básica do seus conhecimentos são oriundos dos saberes geracionais históricos em manejar os recursos naturais e pesqueiros, base da cosmovisão ecológica e social; desenvolvem no trabalho, valores como solidariedade, cooperação e apoio mútuo para sobreviver com dignidade do fruto do suor de suas lutas, transformam lixo do resíduo do pescado em arte, artesanato em suficiência, trabalho, renda e vida.

1.BORDA, Orlando F. Conocimiento y Poder Popular, Lecciones con campesinos de Nicaragua, México y Colombia. Bogotá, Siglo XXI, 1986.

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9.GUZMÁN, Eduardo Sevilla. El desarrollo rural de la “ötra modernidad”: elementos para recampesinizar la agricultura desde la agroecología. In: ENCINA, Javier; ÁVILA, Maria Ângela; Manuela F.; ROSA, Montse. Praxis participativas desde el medio rural: construyendo ciudadanía/6. Madrid: Iepala Editorial Cimas. 1990.

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