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PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL: UM OLHAR SOBRE OS SABERES DA MEDICINA TRADICIONAL KAINGANG 1

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MEDICINA TRADICIONAL KAINGANG1

Fabiane da Silva Prestes2

Luís Fernando da Silva Laroque3

Resumo: Os saberes tradicionais indígenas consolidam-se em patrimônio cultural imaterial sendo essenciais para a manutenção do meio ambiente e diversidade cultural. Tratando-se dos Kaingang pertencem ao Grupo Lingüístico Jê, totalizam atualmente mais de trinta e sete mil indivíduos e ocupam territórios nos quatros estados sul-brasileiros. Este trabalho insere-se na pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates que estuda os Kaingang em áreas urbanas no Rio Grande do Sul. O objetivo é refletir sobre a transmissão dos conhecimentos tradicionais indígenas associados à saúde, a partir da perspectiva Kaingang que se encontram em territórios das Bacias Hidrográficas Taquari-Antas e Sinos. A pesquisa é qualitativa, de cunho interdisciplinar e os procedimentos metodológicos consistem em revisão bibliográfica, entrevistas orais e elaboração de diários de campo com os indígenas que serão analisados com base em teóricos da etnicidade, cultura e cosmologia. Considera-se os saberes tradicionais Kaingang, analisando-os frente ao uso sustentável do ambiente e as práticas da medicina que são transmitidas entre as gerações.

Palavras-chave: conhecimentos tradicionais, história oral, saúde.

Introdução

O povo Kaingang pertence ao Grupo Lingüístico Jê, totaliza atualmente, mais de, trinta e sete mil indivíduos e ocupa territórios nos quatros estados sul-brasileiros. Este trabalho insere-se na pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em

1 O trabalho consta com auxílio financeiro do CNPq e UNIVATES.

2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento. Bolsista PROSUP/CAPES.

Graduação em Direito e Mestrado em Direito. Email: fabianeprestes@gmail.com.

3 Doutor em História. Professor do Curso de História e do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e

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Ambiente e Desenvolvimento da Univates que estuda os Kaingang em áreas urbanas no Rio Grande do Sul, ao Projeto de Pesquisa “Sociedades Indígenas Kaingang na Bacia Hidrográfica do Taquari-Antas, Rio Grande do Sul/Brasil” e ao Projeto de Extensão “História e Cultura Kaingang em territórios da Bacia Hidrográfica do Taquari-Antas”, coordenados pelo professor Dr. Luís Fernando da Silva Laroque. O objetivo é refletir sobre a transmissão dos conhecimentos tradicionais indígenas associados à saúde, a partir da perspectiva Kaingang que se encontram em territórios das Bacias Hidrográficas Taquari-Antas e Sinos.

Trata-se de um estudo qualitativo, tendo a história oral como suporte teórico-metodológico, assim, os procedimentos metodológicos contam com diários de campo e entrevistas com indígenas que são analisados com base em teóricos da etnicidade, cultura e cosmologia. Parte-se do reconhecimento da história oral como suporte metodológico para realização de pesquisas etnohistóricas, perpassando pela valorização dos conhecimentos tradicionais dos indígenas, que se consubstanciam em patrimônio cultural, com ênfase no uso sustentável do ambiente, até chegar-se no uso dos saberes tradicionais na medicina Kaingang.

1 A história oral no contexto da pesquisa

No contexto da pesquisa, mais precisamente, nas saídas de campo, foi utilizada a metodologia da história oral. Já que, os grupos indígenas constroem suas narrativas históricas, cosmológicas e educativas a partir da oralidade, uma vez que, é por meio de fontes orais, que os saberes são transmitidos de geração em geração.

Nesse alinhamento, Vansina (2010) ao realizar pesquisas de campo com civilizações africanas, propõe que os povos que se orientam pela tradição oral, possam ser pesquisados a

partir da metodologia da história oral. Nesse sentido, considera: “Uma sociedade oral

reconhece a fala não apenas como um meio de comunicação diária, mas também como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, venerada no que poderíamos chamar elocuções‑chave, isto é, a tradição oral” (VANSINA, 2010: 139-140). Vê-se, pois, que a tradição oral representa um testemunho que será transmitido, verbalmente, de forma intergeracional.

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De acordo com Mussi (2003), que pesquisa os indígenas Terena do Mato Grosso do Sul, a história oral é um suporte teórico-metodológico que se torna eficaz nas investigações etnohistóricas, pois vem a reafirmar a identidade cultural do grupo investigado. Nesse sentido, dispõe que:

Nas sociedades ocidentais, as fontes orais têm sido usualmente utilizadas em duas finalidades limitadas: ou para estudos sobre acontecimentos políticos recentes, que não é possível analisar por meio de documentos escritos, ou para registro de biografias (sendo mais comum entre os norte americanos e britânicos). Já com populações indígenas, as fontes orais possuem não só um caráter político, mas também social, pois está diretamente voltada para o cotidiano da comunidade e para a sua auto-afirmação étnica (MUSSI, 2003: 142).

No presente estudo destaca-se a fundamental importância das narrativas dos Kaingang, as quais foram coletadas por meio de entrevistas pelo método da história oral, já que, mostra-se importante dar direito de voz a este povo que por muito tempo permaneceu excluído da história. É nessa órbita de ideias que Brand (2000:201) considera que a história oral possibilita dar “voz a múltiplos e diferentes narradores, torna o fazer história uma atividade mais democrática, pois recria a “multiplicidade original”. A entrevista “não é um diálogo ou uma conversa”, pois cabe ao entrevistador ficar em segundo plano, deixando a palavra principal com o entrevistado”

A proposta metodológica foi construída a partir da convivência com os Kaingang por meio das ações do projeto de extensão “História Cultura Kaingang em territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas” da Univates envolvendo saídas de campo as terras indígenas e diálogos, os quais tornaram-se imprescindíveis para a, posterior, realização das entrevistas. A base para realização das entrevistas orais e diários de campos da pesquisa deve-se a relação de confiança estabelecida entre as partes envolvidas. As lideranças das terras indígenas estudadas no Vale do Taquari e Sinos foram os primeiros contatados e, juntamente com a comunidade, concederam o Termo de Anuência Prévia (TAP) para a pesquisa. Os Kaingang entrevistados, foram selecionados considerando-se a temática em análise e informados dos objetivos do trabalho. As entrevistas ocorreram nas áreas indígenas, seguiram um roteiro de questões semiestrururado e com base na metodologia da história oral foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Nas entrevistas foi utilizada uma máquina digital e nas degravações a opção será por respeitar no texto a expressão original das falas.

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2 Conhecimentos tradicionais indígenas como Patrimônio cultural imaterial

Os saberes tradicionais dos povos indígenas consolidam-se em patrimônio cultural imaterial e são essenciais para a manutenção do meio ambiente e para a diversidade cultural. Segundo a Constituição de 1988, são reconhecidos aos indígenas sua organização social, costumes, línguas, crenças, tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Além disso, os povos indígenas têm direito de gerar processos jurídicos, porque são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, não podendo mais existir a ideia de integração do índio à sociedade nacional, e sim o processo de respeito e valorização da cultura indígena. Esses grupos, conforme Rodrigues (2005), devem receber proteção do Estado Brasileiro, baseada em sua diferença cultural.

No que tange aos conhecimentos tradicionais, Diegues (2000:30) define o termo como “o saber e o saber-fazer a respeito do mundo natural e sobrenatural, gerados no âmbito da sociedade não urbano/industrial e transmitidos oralmente de geração em geração”. Ressalta-se que, não há legislação nacional sui generis de proteção a esses conhecimentos, a opção legislativa encontrou amparo na regulamentação da supracitada, convenção sobre Diversidade Biológica.

Entretanto, entende-se cabível destacar que a Carta Magna Brasileira, traz em seu bojo artigos que tratam sobre a proteção do patrimônio cultural e determina meios para sua proteção, reconhecendo o valor dos conhecimentos tradicionais dos povos originários. Nesse sentido, destaca-se o artigo 216:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (BRASIL, Constituição Federal de 1988, texto digital)

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Nessa órbita de ideias, reconhece-se a necessidade de proteção dos saberes tradicionais dos povos indígenas, conforme segue:

[...] constituem fenômenos complexos construídos socialmente a partir de práticas e experiências culturais, relacionadas ao espaço social, aos usos, costumes e tradições. Por ser coletivamente construído, possuem características marcantes de relações compartilhadas, de intercâmbios, de solidariedades, o que os difere, substancialmente, do caráter individualista da propriedade privada (DANTAS, 2006: 90).

No plano legislativo, tendo em vista do Brasil ser parte da Convenção sobre a Diversidade Biológica, tem envidado esforços de adequar-se às exigências de utilização e conservação de recursos biológicos e saberes tradicionais. Dessa forma, a medida provisória 2.186-16 de 2001, define conhecimentos tradicionais como:

[...] informação ou prática individual ou coletiva de comunidade indígena ou de comunidade local, com valor real ou potencial, associada ao patrimônio genético". Comunidade local é definida como "grupo humano, incluindo remanescentes de comunidades de quilombos, distinto por suas condições culturais, que se organiza, tradicionalmente, por gerações sucessivas e costumes próprios, e que conserva suas instituições sociais e econômicas". Associada a essas definições temos acesso ao conhecimento tradicional associado como obtenção de informação sobre conhecimento ou prática individual ou coletiva, associada ao patrimônio genético, de comunidade indígena ou de comunidade local, para fins de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção, visando sua aplicação industrial ou de outra natureza (BRASIL, Medida Provisória 2186-16 de 2001, texto digital).

Tal medida provisória regulamenta os artigos 1º, 8º, alínea "j", 10, alínea "c", 15 e 16, alíneas 3 e 4 da CDB, com o intuito de "dispor sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização"(Brasil, Medida Provisória 2186-16 de 2001, texto digital). Tendo por objetivo regular direitos e obrigações pertinentes ao acesso a componente do Patrimônio Genético e ao conhecimento tradicional a ele associado, para fins de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, bioprospecção ou conservação, visando sua aplicação industrial ou de qualquer outra natureza. Nesse alinhamento, confere à União a competência para a normatização, autorização e fiscalização do acesso e da exploração dos recursos genéticos, criando, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, composto por representantes da Administração Pública Federal.

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Atualmente, encontra-se em tramitação o Projeto de Lei 7735/2014, que representa o marco legal dedicado ao conhecimento tradicional, que pretende regulamentar o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 da Constituição Federal, o Artigo 1, a alínea j do Artigo 8, a alínea c do Artigo 10, o Artigo 15 e os §§ 3º e 4º do Artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica, promulgada pelo Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998; O projeto em questão dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade, revogando, pois, a Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001.

O referido projeto de lei considera conhecimento tradicional associado, informação ou prática de população indígena, comunidade tradicional ou agricultor tradicional sobre as propriedades ou usos diretos ou indiretos associada ao patrimônio genético; bem como considera que os provedores de tal conhecimento são população indígena, comunidade tradicional ou agricultor tradicional que detém e fornece a informação sobre conhecimento tradicional associado para o acesso.

Diante da crise ambiental constatada atualmente, a preservação da vida humana é uma constante preocupação, que é alertada por Dworkin (2009:107), ao considerar que é: “importante que as pessoas vivam bem, e em razão disso julgamos ter a responsabilidade não só de não eliminar a possibilidade de existência das gerações futuras, mas também de deixar-lhes um justo quinhão de recursos naturais e culturais”. É nesse contexto que o reconhecimento dos saberes tradicionais dos indígenas Kaingang merece ser analisado, haja vista ser um meio de garantir a saúde humana, bem como de perpassar conhecimentos culturais de forma intergeracional.

3 Saberes da medicina tradicional Kaingang

Inicialmente, esclarece-se que as Terras Indígenas Kaingang têm uma ligação muito forte entre elas. No Rio Grande do Sul, próximas a grandes centros urbanos, em pequenas áreas cedidas pela poder público, há oito Terras Indígenas que correspondem ao grande território Kaingang, cujas marcas retrocedem ao passado histórico. Três delas estão em Porto

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Morro Santana; uma na Serra Gaúcha: Terra Indígena Pó Nãnh Mág, na cidade de Farroupilha; uma no Vale do Sinos: Terra Indígena Por Fi Gâ, na cidade de São Leopoldo; e três localizadas no Vale do Taquari, que são as terras indígenas Pó Mág, em Tabaí, a Jamã Tÿ

Tãnh, em Estrela, e a Foxá, em Lajeado. Essas Comunidades estão ligadas cosmologicamente

e, além disso, lutam juntas pela efetividade de seus direitos.

Destaca-se que no presente estudo estão sendo analisadas as seguintes Terras Indígenas: Por Fi Gâ, Pó Mág, Jamã Tÿ Tãnh, e Foxá. Todas em contextos urbanos, sendo que a primeira localiza-se no Vale dos Sinos, na cidade de São Leopoldo, ao passo que as outras três localizam-se no Vale do Taquari, nas cidades de Tabaí, Estrela e Lajeado, respectivamente. Ressalta-se que nas quatro terras indígenas a subsistência é mantida, principalmente, por meio da confecção de artesanatos, entretanto, há indígenas que trabalham fora, tanto em trabalhos formais quanto informais.

A medicina tradicional Kaingang é realizada dentro da cada uma das Terras Indígena, e conta com o conhecimento de indígenas detentores de conhecimentos tradicionais, os quais são responsáveis pelo tratamento do corpo das pessoas e da terra na qual estão inseridas. Nesse contexto, destaca-se que a medicina tradicional Kaingang é norteada pela garantia da saúde associada ao viver em um ambiente sadio.

Diehl e Langdon (2015), ao discorrerem sobre as transformações na atenção à saúde indígena, no contexto brasileiro, as quais são marcadas por tensões e negociações, consideram que o Brasil, em consonância com governos de países da América Latina têm instituído es-tratégias diversificadas nas políticas de saúde a fim de assegurar aos indígenas acesso aos serviços de saúde, em espaços de interculturalidade. Assim, ao avaliarem o trabalho desenvolvido pelos agentes de saúde, consideram que: “Os agentes indígenas de saúde, membros das equipes de saúde, têm o papel importante de servir como mediadores no espaço da atenção primária à saúde” (DIEHL;LANGDON,2015:229).

Portanto, cumpre ressaltar que, as referidas Terras Indígenas contam com a assistência da SESAI e reivindicam a instalação de um Posto de Saúde dentro da aldeia, a fim de atender diretamente os indígenas de cada uma das comunidades. No entanto, somente a Terra Indígena Por Fi Gâ obteve êxito no que tange a instalação do referido posto, o qual já aprovado, aguarda orçamento para construção (DIÁRIO DE CAMPO, 09/03/2016). As

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demais terras indígenas contam com agente de saúde indígena, escolhido pela comunidade, este presta auxilio na marcação de consultas e acompanhamento dos indígenas em exames e consultas.

No que concerne ao trabalho desenvolvido pelo agente de saúde, o entrevistado da Terra Indígena Pó Mág, relata que: “Aqui é coisa de todo dia que eu acompanho. Todo dia que eu estou assim nas casas, mas só que assim, eu anoto só uma vez por semana” (Entrevista, E1, 23/10/2015, p. 01)

A Terra Indígena Por Fi Gâ conta com o conhecimento de um indígena que foi preparado para atuar como “médico” da comunidade, este é denominado Kujã, e é responsável pelo tratamento do corpo das pessoas e da terra na qual estão inseridas. Nesse alinhamento, destaca-se a relevância do trabalho desenvolvido pelo Kujá:

Na categoria kujà é traduzida pelos kaingang por pajé, médico ou cientista. Em termos etnológicos corresponde ao xamã desta sociedade indígena. Os kaingang consideram o kujà como equivalente do médico ocidental em termos de sua posição no sistema de medicina tradicional indígena. Arquiteto de teorias sobre o mundo, cientista, protagonista de práticas relacionadas à manipulação e transformação de seres, manifestações e coisas, é o especialista reconhecido pela capacidade de transitar entre distintos domínios do cosmos (FREITAS, ROKÀG, 2007:214).

Percebe-se a interconexão entre religião (xamanismo) e saúde, destacando-se que a cura por meio do xamanismo, propicia que o grupo reconstitua um mito, e que o doente vivencie uma experiência. Assim, Rogério Rosa (2005: 55), considera que: “Cabe a eficácia simbólica a ligação entre o mito coletivo oferecido pelo Xamã, as operações realizadas pelo doente e a confiança da sociedade”.

Nesse contexto, destaca-se que o povo Kaingang da Terra Indígena Por Fi Gá, na cidade de São Leopoldo, possui uma Kujã a qual é responsável por tratar as doenças “da carne” e do “espírito”, por meio de consultas as enfermidades são identificadas e tratadas, seja com remédios (oriundos da mata: chás, pomadas, ervas medicinais), seja por meio de bênçãos espirituais (DIÁRIO DE CAMPO, 17/04/2015).

Nesse sentido, no que tange ao uso dos saberes tradicionais dos Kujá pelos indígenas, um dos interlocutores, considera que os Kaingang utilizam: “Muito, esse depende da crença, agora né! Tem gente que ainda usam eles. Usam os trabalhos deles, os remédios deles, a benzedura deles” (ENTREVISTA, E2, 20/08/2015, p. 05).

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No que tange as interconexões entre ambiente e saúde, de acordo com uma liderança da Terra Indígena Por Fi Gâ, de São Leopoldo, o extermínio constante da natureza, e a invasão das cidades nas áreas de mata, resultaram na diminuição do mel, da caça e da pesca, de modo que, hoje é necessário comprar alimentos, e isso compromete a saúde da comunidade, em especial das crianças (DIÁRIO DE CAMPO, 09/03/2016).

Ao ser interpelado sobre a importância da natureza para saúde, um Kaingang, da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh, entrevistado, dispõe que:

A natureza tem bastante, tem, a terra é uma questão, as árvore também é né pra nóis assim, os chás também são, questão da nossa saúde assim, nóis soubemo dos chá ali, não precisa nem de remédio, nem nada pra... (ENTREVISTA, E3, 10/02/2016, p. 08)

Em artigo publicado, Laroque e Silva (2013), expõem o saber tradicional, de uma anciã indígena Kaingang da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh, na cidade de Estrela, no que se refere ao uso de plantas para o tratamento de doenças.

Tem muito chá do mato que é bãom! Tem a cancorosa, o chá de boldo também é bãom! Aquele outro, a quina, que também é bãom! O ipê roxo! O ipê roxo é bãom pra toda coisa! A quina é bãom pro estômago. Se a senhora tá bem doente faz um chá de quina e toma, fica bãom, sarô! É que nem esses dia que eu tava ruim, tomei um chá de quina, foi pra já que eu sarei de novo! Eu sou assim, eu posso tá nas úrtimas, mas eu não gosto de médico! Eu não percuro médico! Primeiro o chá do mato! [...] A folha de laranja também é bãom! Capim-cidreira também é bãom! Esse poejo, como é que se diz, é bãom pra criança. A florzinha do maracujá... Esse maracujá é bãom pra bronquite! A flor é bãom! A casca da laranja também é remédio, também é bãom! (ENTREVISTA ED 22/03/2011 apud LAROQUE; SILVA, 2013, p. 257).

Por outro lado, um interlocutor da Terra Indígena Foxá, de Lajeado, considera que, atualmente a transmissão de alguns saberes tradicionais, como o uso de ervas como medicamento, está sendo comprometido, em especial pelo desmatamento da natureza.

[...] antigamente os índios antigos tinha Kujã, tinha Kujã, tinha uns que eram benzedor, curador, coisas assim, mas como tudo isso evoluiu pra que isso, hoje em dia a gente não encontra uma erva pra gente poder usar pra já digo, poder fazer um trabalho bom. Um remédio se a gente vai procurar [incompreensível] que a gente usava antigamente, hoje a gente não encontra mais né, então é tudo isso que mudou [...] (ENTREVISTA, E4, 28/08/2015, p. 06).

Nesse sentido, nota-se que o desenvolvimento com vistas ao crescimento causa reflexos nas populações Kaingang, as quais enfrentam dificuldades de preservar sua cultura, principalmente, quando localizadas em pequenos territórios, em contexto urbano, onde as florestas vão sendo suprimidas pela construção de grandes edificações.

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Apesar da escassez de recursos, percebe-se a forte conexão entre o Kaingang e a natureza, bem como, a forma peculiar de utilizar as fontes disponíveis. É da natureza que provem a condição da transmissão dos conhecimentos, para manter a cultura e suas tradições. Para ser um Kaingang é mister a interação com a natureza, de forma sustentável e não somente exploratória, por essa razão, destaca-se a fala de uma indígena que dispõe: “Não tem

como eu ser uma Kaingang se eu não estiver perto do mato”(Gãn Rhe apud ROSA, 2008:22).

É do mato que provem o alimento, o medicamento, e a intensificação da cultura, pela intensidade da cosmovisão neste espaço.

Nesse sentido, sobre a compreensão da natureza por parte dos Kaingang, tem-se o seguinte:

[...] compreende que a natureza é primordial para sua própria existência e por isso a valoriza tanto. Em outras palavras, os Kaingang têm uma visão global, da qual o ser humano não está, de forma alguma, dissociado do ambiente. A conservação da mata virgem, por sua vez, também é fundamental na cosmologia tradicional dessa sociedade. Por um lado, por meio dela, se perpetua o sistema xamânico: é fonte de material vegetal necessário às atividades rituais e curativas do Kuiã e é o espaço para onde se remetem os espíritos dos mortos (LAROQUE, SILVA 2013:256).

A natureza é sempre presente na cultura Kaingang, pode ser entendida como elemento indissociável da vida Kaingang, uma vez que, possui valor significativo, pois faz parte da sua cultura que é passada de geração para geração. A valorização da natureza é percebida em todos os aspectos, tais como na nominação das crianças, nos rituais sagrados como, por exemplo, batismo, casamento, festa do Kikikói, etc.

Em entrevista concedida, um indígena detentor de grande conhecimento, considera que existem doenças que são específicas da carne, ou seja, relacionadas ao corpo e outras doenças do espírito, que atingem o psicológico dos indígenas. Assim, enfatizando o papel do pajé, considera o seguinte:

[...] muitas doenças que vem no corpo dos índio é pro médico. Mas muitas doenças que vem no corpo dos índios é pro pajé. O corpo né. O corpo quando fica doente aí precisa do remédio, precisa da alimentação, então isso dá pra solucionar o problema. Mas daí tem o espírito. O espirito ele quando a doença pega ele, ele fica fraco, e daí qualquer espírito domina ela. O espírito de uma pessoa que morreu, domina ele, o espirito do demônio domina ele mais fácil, qualquer doença pega ele, qualquer feitiçaria pega ele e ele precisa de acompanhamento do próprio pajé que também lida com os espirito, né, dos vivos, dos morto, da natureza. O pajé só ele lida com esses espíritos. Os espíritos de qualque coisa. Os espíritos de Deus. Essa doença espiritual é com ele dai, com o espiritismo vamos dize. Porque tem diferença né. Pajé é que lida com essas coisas. (ENTREVISTA, E2, 20/08/2015, p. 05)

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Dessa forma, verifica-se a importância da benção do local, a fim de que os espíritos dos falecidos descansem na aldeia dos mortos. Ademais, conforme relato de uma liderança Kaingang da Terra Indígena Pó Mág, no município de Tabaí, destaca-se que as áreas cedidas pela União, são abençoadas pelo Kaingang por meio da realização do Ritual do Kiki, já que, em um território não abençoado, algumas práticas sofrem interferências e são impossibilitadas de ocorrer (DIÁRIO DE CAMPO, 28/04/2015).

Além disso, para os Kaingang a natureza possui espírito, assim como para outros povos indígenas, a natureza possui espírito; a água, terra, os animais, as plantas possuem espíritos, com os quais se comunicam, o que Viveiros de Castro (2007, p.01) classifica como perspectivismo: “O conceito central para a caracterização das cosmologias indígenas é o de ‘perspectivismo’, que se refere ao modo como as diferentes espécies de sujeitos (humanos e não-humanos) que povoam o cosmos percebem a si mesmas e às demais espécies”.

A esse respeito, o Kaingang considera a valor de viver próximo a mata, bem como quanto a importância da diversidade de espécies de árvores nativas, que servem de abrigo para espécies de animais em extinção. Dessa forma, deixa clara a preocupação com a preservação ambiental, e mais do que isso, com os animais (DIÁRIO DE CAMPO 28/04/2015).

Nesse ponto, destaca-se a noção de que o mundo é formado por um número indefinido de espécies de seres dotados de consciência e cultura. Isso relaciona-se à ideia de que a forma manifesta de cada espécie é uma imagem que abriga uma forma interna de humanidade, normalmente visível apenas aos olhos da própria espécie ou de certos seres, como os Xamãs. Nesse norte, o mundo no perspectivismo indígena é composto por uma infinidade de espécies, as quais se enxergam como humanas, sendo, portanto, a humanidade a condição comum entre homens e animais, o que os diferencia é a cultura.

Nesse sentido Sahllins (1997:53) destaca a importância da intensificação cultural, que “é um projeto seletivo e orientado de desenvolvimento integral, que reflete noções tradicionais da ‘boa vida’, associado a uma promoção explicitada ‘cultura’ indígena”. Tratando-se dos Kaingang, percebe-se que a boa vida representa o modo de desenvolvimento desse povo, baseado em valores ancestrais, voltados para a garantia do suficiente para todos. Portanto, não significaria viver melhor do que os outros povos, mas configura a ética do suficiente para que todos desfrutem do direito fundamental ao desenvolvimento.

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Ademais, sabe-se da necessidade de valorização dos conhecimentos tradicionais indígenas, os quais devem ser incorporados aos saberes não-indígenas. Neste contexto, Eduardo Viveiros de Castro no texto “A natureza em pessoa: sobre outras práticas de conhecimento” (2007), expõe ideias que estão presentes na cultura dos indígenas da Amazônia relativo à natureza. O supracitado autor aponta saberes não-indígenas sobre o tema, situando as diferenças entre os problemas indígenas e ocidentais. Para eles os saberes tradicionais se apoiam em uma concepção tradicional do conhecimento, que não imagina que a incorporação destes saberes vá modificar nossa imagem do conhecimento dele próprio. Viveiros de Castro salienta que os indígenas estão em sintonia com a natureza sendo esses povos possuidores de segredos da floresta possibilitando uma sintonia ativa, transcendente e cognitiva com o meio. Os povos indígenas e dentre eles também os Kaingang, encontraram estratégias de convivência com seu ambiente e o desenvolvimento de técnicas de respeitabilidade com ele.

Considerações finais

Pelo que foi exposto, nota-se que, os conhecimentos tradicionais orientam que o Kaingang colete na mata seu alimento. Entretanto, a alimentação da sociedade Kaingang passou por algumas transformações, mas nunca deixando seus hábitos originários. Pode-se dizer que alguns dos motivos foi a falta de espaço natural para os Kaingang poderem usufruir do território, sendo que para eles então a solução foi adequar-se a esse novo modo de vida.

No que tange à medicina tradicional, verifica-se que os Kaingang mantem as tradições culturais, de em primeiro lugar, tratar as doenças com os elementos naturais que os circundam, e não havendo melhora na condição de saúde, é que um médico de fora da comunidade é procurado. Restou evidenciada a importância do Kujã como médico Kaingang e da valorização dos seus conhecimentos para tratar as doenças do corpo e de alma. Percebe-se que o Kujã é grande conhecedor das ervas medicinais, e possui suas lógicas próprias para coletar essas ervas e as utilizar no tratamento dos seus pacientes.

Assim, ficou demonstrada a relação dos Kaingang com a terra, a qual é de fundamental importância para estes indígenas, pois eles a consideram sua mãe, “nasceram da

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terra”. Para a sociedade Kaingang, a terra tem muita importância, pois é nela que são desenvolvidas todas as práticas socioculturais, ademais, um ambiente sadio é o primeiro elemento para uma boa saúde. Portanto, a função da terra não é produção de riqueza, e sim um espaço de produção cultural e sobrevivência. O respeito pela terra garante o uso sustentável do solo, baseado na ética do respeito e reciprocidade para com ela, ou seja, os Kaingang cultivam apenas o satisfatório para a manutenção do grupo, não há plantio com fins de comercialização, o solo não sofre alteração química, e a natureza não é desmatada para torna-se lavoura, ou para ser desenvolvida a pecuária.

Em relação à natureza percebe-se que os Kaingang mantêm um contato direto com esta, ou seja, Kaingang e natureza não se separam. Os indígenas Kaingang devem sempre estar em sintonia com ela, isto é, com os animais, as plantas, as florestas, onde os espíritos também são parte de sua vida e de sua cultura. A natureza fornece aos Kaingang aquilo que ele necessita para alimentar-se ou curar-se, já que alimentos e ervas medicinais são coletadas diretamente na mata. Ressalta-se o uso sustentável do ambiente, que garante a manutenção das espécies nativas, sem a incorporação de espécies exóticas, as quais podem desequilibrar o ecossistema.

Portanto, restou evidenciada a importância da valorização dos conhecimentos tradicionais do povo Kaingang para o desenvolvimento, os quais se consubstanciam patrimônio cultural imaterial. Sendo estes conhecimentos fundamentais para sócio biodiversidade, já que, as práticas desenvolvidas possuem características próprias, baseadas em técnicas não hostis, orientadas para a preservação do ambiente, garantindo a harmonia entre a natureza e os demais seres vivos. Por fim, conclui-se que os saberes tradicionais devem ser respeitados e utilizados pelos demais povos, a fim de garantir a sustentabilidade do ambiente e a possibilidade de uma vida digna para as presentes e futuras gerações.

Referências

BRAND, Antônio. História Oral: perspectivas, questionamentos e sua aplicabilidade em culturas orais.Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale dos Sinos. História Unisinos. vol.4. n.2. p.195-227, 2000.

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BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Texto digital.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 30 de maio de 2015.

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