ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO JOANES
PARA VERIFICAR A PRESENÇA DE SUBSTÂNCIAS
ENDÓCRINAS: DESAFIOS PARA O ABASTECIMENTO DE
ÁGUA DA REGIÃO
FÁBIO MACÊDO NUNES1
REBECA FAGUNDES DOS SANTOS DE CARVALHO1
1Faculdade de Tecnologia e Ciências, Salvador, 41741-590, Bahia, Brasil.
*E-mail: mercuriof@gmail.com.
RESUMO
O rio Joanes é um manancial de grande importância para a comunidade. Devido à existência de conflitos ambientais, observa-se uma diminuição da qualidade em suas águas, contribuindo assim, com a presença de contaminantes conhecidos como substâncias endócrinas. As substâncias endócrinas ou desreguladores endócrinos são micropoluentes presentes em esgoto sanitário, que podem interferir no sistema endócrino, produzindo uma série de efeitos colaterais. Dessa forma, com a contaminação dos rios por esgoto sanitário, essas substâncias são disponibilizadas na água. O INEMA realizou uma campanha de monitoramento do rio Joanes e constatou que existe uma grande contaminação por esgoto doméstico que é a principal fonte de origem dos desreguladores endócrinos. Durante a realização da pesquisa, diversas dificuldades e limitações foram encontradas, dentre elas a dificuldade de encontrar um laboratório no estado da Bahia que fizesse a analise dessas substâncias dado ao fato da não regulamentação das mesmas na legislação para tratamento de água. Os perturbadores endócrinos são uma séria ameaça à saúde da população, muito provavelmente os mesmos estão ligados há uma série de doenças desenvolvidas pela população, sem o devido conhecimento de sua ação, pela maioria da comunidade médica.Então, é necessário que a população saiba dos riscos que essas substâncias podem causar a saúde dos seres humanos. Revisando legislação responsável pelo padrão de potabilidade, informando os perigos que esses contaminantes podem causar e para que as concessionárias de abastecimento da região se enquadrem na lei e com isso, melhorar a qualidade de vida da população.
Palavras-Chave: Substâncias endócrinas, poluição das águas, qualidade da água. ABSTRACT
JOANES RIVER WATER QUALITY STUDY TO CHECK THE PRESENCE OF ENDOCRINE SUBSTANCES: CHALLENGES FOR REGIONAL WATER SUPPLY.
The Joanes River is a essential source for the community. However, there are some environmental conflicts, is possible to notice a decrease in quality in its waters, contributing to the presence of contaminants known as endocrine substances. Endocrine disruptors or endocrine substances are micropollutants present in sewage, which can interfere in the endocrine system, producing a lot of side effects. With the contamination of rivers by sewage, these substances are released into the water. INEMA created a campaign to verify contaminants into Joanes river and found that there is a high contamination by domestic sewage which is the main source of origin of endocrine disruptors. During the research, a few difficulties and limitations were found, among them the difficulty of finding a appropriate laboratory to do the analysis of these substances, considering that there is no regulation of them in the legislation for water treatment. Endocrine disruptors are a serious threat to the health of the
population, most likely they are connected a number of diseases carried by people without proper knowledge of their action, the majority of the medical community. So, it is necessary that people know the risks that these substances can cause human health. They can reviewing the responsible legislation for potability pattern, knowing the dangers that these contaminants can cause and it will change population’s health.
Keywords: endocrine substances, water pollution, water quality.
1 INTRODUÇÃO
A Bacia Hidrográfica do rio Joanes é uma das mais importantes do Estado da Bahia e abrange os municípios de Lauro de Freitas, Camaçari, Simões Filho, São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde, Candeias, Salvador e Dias D'Ávila (COSTA, 2007).
O rio Joanes é de grande importância para a comunidade, pois ele é responsável por 40% do abastecimento de Salvador e Região Metropolitana. Entretanto, um dos principais conflitos ambientais de acordo com a SEMA (Secretaria de Meio Ambiente - Salvador - BA) é o lançamento de esgotos domésticos e industriais nos rios e lagoas. Esses conflitos têm causado a diminuição da qualidade desse rio contribuindo assim, com a presença de substâncias endócrinas.
Essas substâncias que também são conhecidas como desreguladores endócrinos, podem ser definidas segundo Bila (2005) como: “micropoluentes presentes no meio ambiente que podem interferir no sistema endócrino, afetando a saúde e a reprodução de humanos e animais”. Essas substâncias endócrinas podem ser encontradas nos esgotos domésticos devido ao uso de remédios, hormônios e outros que são, posteriormente, excretados pela urina e fezes, assim como, metais pesados e outras substâncias presentes em produtos de limpeza e higiene.
2 MÉTODOS
Foi realizada uma revisão da literatura, para aprofundar o conhecimento sobre interferentes endócrinos, a fim de determinar os principais parâmetros aplicados internacionalmente para o diagnóstico da presença destes interferentes e levantamento dos danos à saúde. Em seguida se determinou as principais tecnologias necessárias para o tratamento de água com essas substâncias e estabeleceu-se uma comparação com a água tratada na estação de tratamento e com a água do rio Joanes. Logo após, realizou-se o levantamento de todos os parâmetros referentes às substâncias endócrinas.
A coleta de água foi realizada no dia 11 de Julho às 10:00 horas da manhã. As amostras foram coletadas em dois pontos: Na Barragem Joanes 2 da EMBASA, localizada no Bairro Jambeiro em Lauro de Freitas - BA e numa torneira de uma casa residencial localizada no bairro da Boca do Rio em Salvador - BA, abastecida por água tratada do rio Joanes.
As amostras de água coletadas serão envidas para a Central Analítica (Instituto de Química – USP) localizada na Avenida Professor Lineu Prestes, 748 em São Paulo - SP, onde serão pré-tratadas e analisadas pelo Dr. Raphael S. R. Sayegh, através da metodologia de preparação das amostras que será feita através do processo de extração em fase sólida. Essa primeira etapa significa a limpeza e pré-concentração dessas amostras. Logo em seguida, elas passaram pelo processo de cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à espectrometria de massas.
De posse dos espectros de massas (gráficos) os resultados laboratoriais serão analisados criticamente com base no que existe na legislação e literatura disponíveis.
LOCALIZAÇÃO DA BACIA DO RIO JOANES
A bacia hidrográfica do rio Joanes localiza-se na região metropolitana de Salvador possuindo uma área de aproximadamente 64.472 hectares e abrange os municípios de Lauro de Freitas, Camaçari, Simões Filho, São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde, Candeias, Salvador e Dias D'Ávila. O Rio Joanes limita-se a norte e leste com a bacia do rio Jacuípe, ao sul e sudoeste com as bacias da área urbana de Salvador, e a sudeste o limite da bacia é definido pelo oceano Atlântico (Figura 1). (COSTA, 2007).
Figura 1: Mapa da localização da APA.
Fonte: CRA, 2000.
SANEAMENTO BÁSICO NA REGIÃO DA BACIA DO RIO JOANES
De acordo com Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), todos os municípios que estão inseridos na bacia hidrográfica do rio Joanes são beneficiados com o abastecimento de água potável, mas nem todos eles dispõem de esgotamento sanitário. Apenas Salvador, Dias D’Ávila, Simões Filho, Lauro de Freitas e Camaçari possuem estação de tratamento de esgoto. Todos os municípios possuem serviços de coleta de lixo. Os resíduos sólidos coletados são dispostos em lixões com exceção de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari e São Francisco do Conde que dispõem em aterro sanitário (Tabela 1).
Tabela 1: Dados do Saneamento Básico nos Municípios da Bacia dos Rios Joanes e Ipitanga. Municípios Água Tratada (m3/dia) Esgoto Tratado (m3/dia) Resíduos Sólidos Coletado (T/dia) Forma de Disposição
Camaçari 42.210 10.000 160,0 Aterro Sanitário
convencional
Candeias 300 0 34,9 Lixão
Dias D’Ávila 8.694 377 26,4 Lixão
Lauro de Freitas 40.464 19 90,0 Aterro Sanitário convencional São Francisco do Conde 3.984 0 18,0 Aterro Sanitário convencional São Sebastião do Passe 4.019 0 24,0 Lixão
Simões Filho 29.000 389 38,9 Lixão
Fonte: SEI, 2006. Fonte: SEI, 2006. Disponível em: www.inema.ba.gov.br/download/36/.
Nas áreas urbanas, a falta de esgotamento sanitário contribui para que grande parte dos dejetos chegue aos rios. Esses municípios que não possuem esgotamento sanitário podem comprometer diretamente a qualidade da água, devido ao lançamento de esgoto não tratado na bacia. Os lixões também podem contribuir para a contaminação do lençol freático através da infiltração no solo. E assim, contribuir para a presença de substâncias endócrinas que tem origem do esgoto doméstico.
QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO JOANES
O Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA na primeira campanha de monitoramento da qualidade da água do Joanes em 2011 analisou os rios Ipitanga, Joanes, Camaçari, Lamarão, Petecada, Jacarecanga, Itaboatã e Muriqueira. Esses rios foram avaliados através de doze parâmetros: Temperatura, pH, Oxigênio Dissolvido, DBO, Coliforme termotolerantes, Nitrogênio total, Fósforo total, Sólidos totais e Turbidez
,
parâmetros que compõe o IQA – Índice de Qualidade das Águas, mais o parâmetro Clorofila a (tabela 2 e 3).Tabela 2: Resultados das análises de água da bacia do Joanes.
Parâmetros Padrões de Resolução CONAMA nº 357/05 Unidade Rio Joanes Águas doces, classe 2 Águas Salobras, classe 1 RCN- JOA-050 RCN- JOA-050 RCN-JOA-050 RCN-JOA-050 RCN-JOA-050 Ambiente ‘Lótico 1. Físico - químicos Temperatura – campo pH - campo °C 24,2 25,2 26,5 24,2 27,1 6,0 a 9,0 6,5 a 8,5 6,55 6,64 7,07 6,63 5,98 Turbidez < 100,0 NTU 9,9 21,2 11,7 17,2 11,8 Sólidos totais mg/L 156 116 38 342 4966 Oxigênio dissolvido – campo > 5,0 > 5,0 mg/L 5,0 6,10 6,0 7,4 4,7 DBO < 5,0 mg N/L 4 < 2 < 2 < 2 < 2 2. Nutrientes Nitrogênio total mg N/L < 1 4 1 1 6 Fósforo total < 0,03 (léntico) < 0,124 mg P/L 0,06 0,05 0,03 0,02 0,57
< 0,1 (lótico) 3. Biológicos Coliformes termotolerantes NMP/100mL 6,8x10 1,1x102 1,3x103 3,3x102 >1,6x104 Clorofila a < 30 µg/L 9,72 < 5 < 5 < 5 37,3 Fonte: INEMA, 2011.
Tabela 3: Resultados das análises de água da bacia do Joanes.
Parâmetros
Padrões de Resolução
CONAMA nº 357/05 Unidade Rio Ipitanga
Rio Jacare- canga Rio Itaboa-tã Rio Lama -rão Rio Pete-cada Rio Cama- çari Rio Muri- queira Águas doces, classe 2 Águas Salobras, classe 1 RNC-IPT - 500 RCN – IPT- 600 RCN- JRG- 800 RCN- IBT- 500 RCN- LAM- 500 RCN - PET- 200 RCN- CAM- 135 RCN- MRQ- 100 Ambiente 1. Físico - químicos Temperatura – campo °C 24,7 26,5 24,5 24,5 24,5 26,3 29,9 27,5 pH - campo 6,0 a 9,0 6,5 a 8,5 6,38 6,14 6,55 7,64 6,98 6,24 6,69 6,38 Turbidez < 100,0 NTU 11,2 17,2 12,9 9,6 5,1 64,7 55,9 54,9 Sólidos totais mg/L 240 752 270 54 148 202 262 182 Oxigênio dissolvido – campo > 5,0 > 5,0 mg/L 5,9 1,3 4,0 4,3 6,2 5,5 1,6 3,4 DBO < 5,0 mg N/L 4 8 6 < 2 < 2 9 40 4 2. Nutrientes Nitrogênio total < 0,03 (léntico ) < 0,124 mg N/L < 1 9 9 1 1 14 40 9 Fósforo total < 0,1 (lótico) mg P/L 0,02 1,10 0,73 0,03 <0,01 1,92 4,21 0,50 3. Biológicos Coliformes termotolerantes NMP/100 mL 3,3x102 1,6x104 2,3x102 2,1x102 20 2,2x102 > 1,6x104 > 1,6x104 Clorofila a < 30 µg/L 5,37 14,2 9,91 < 5 < 5 11,7 < 5 5,82 Fonte: INEMA, 2011.
Os pontos RCN-IPT-600, RCN-CAM-135, RCN-MRQ-100 e RCN-JOA-900, apresentaram valores altos de coliformes termotolerantes, o que indica a possibilidade de contaminação por excretas humanas, seja pelo despejo de efluentes domésticos ou pela drenagem superficial.
O oxigênio dissolvido – OD é a variável de vital importância para sobrevivência da vida aquática e a diminuição do mesmo pode causar a morte das espécies marinhas. Os pontos que violaram esse parâmetro de acordo com a Resolução foram JOA-900, RCN-JRG-800, RCN-IBT-500, RCN-CAM-135, RCN-MRQ-100, RCN-IPT-600.
Os pontos localizados nos rios Camaçari, Ipitanga, Jacarecanga e Petecada (RCN-CAM-135, RCNIPT-600; RCN-JRG-800; RCN-PET-200) violaram a demanda bioquímica de oxigênio – DBO que um parâmetro que está relacionado ao consumo de oxigênio por
bactérias aeróbicas durante a oxidação da matéria orgânica em condições de temperatura e tempo pré-estabelecidos.
A concentração de fósforo tem como padrão <0,10mg/L para ambientes lóticos; <0,030mg/L para ambientes lênticos; e <0,050mg/L ambiente intermediário. Os pontos que violaram esse parâmetro foram: rio Joanes (RCN-JOA-900), rios Ipitanga (RCN-IPT-600), Jacarecanga (RCN-JRG-800), Petecada (RCN-PET-200), Camaçari (RCN-CAM-135) e Muriqueira (RCN-MRQ-100). O fósforo é essencial para o crescimento de algas, mas, em excesso, causa a eutrofização do corpo hídrico.
No rio Joanes (RCN-JOA-900) houve um ponto que violou a resolução CONAMA nº 357/05, que estabelece para o parâmetro clorofila a, o valor 22 máximo de 30 μg/L. A clorofila a é considerada a principal variável indicadora de estado trófico dos ambientes aquáticos. Os parâmetros pH e turbidez não violaram a Resolução CONAMA nº 357/05. O INEMA concluiu que o índice de qualidade da água - IQA nos trechos de rios monitorados na bacia do rio Joanes foi classificado como bom, exceto nos trechos do rio Camaçari (RCN-CAM-135) que apresentou o pior índice de qualidade da água. Esse resultado ocorreu devido o lançamento de esgoto no rio ao cortar a sede do município. O ponto RCN-IPT-600 também apresentou resultado de IQA ruim. Nesse trecho, este rio recebe esgotos, principalmente da cidade de Lauro de Freitas.
De acordo com os resultados da analise de água do INEMA que foi realizada na bacia hidrográfica do rio Joanes, pode ser visto que, existe uma grande contaminação por esgoto doméstico que é a principal fonte de origem dos desreguradores endócrinos. Portanto, é importante salientar que essas substâncias endócrinas podem estar presentes no rio Joanes devido a grande quantidade de esgoto que é lançado diariamente sem o devido tratamento.
PADRÃO DE POTABILIDADE DA ÁGUA E OS DESREGULADORES ENDÓCRINOS
A Portaria de Nº 2.914 de 12 de Dezembro de 2011 é responsável pelo controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e pelo seu padrão de potabilidade. Essa lei regulamenta os padrões de potabilidade para consumo humano após tratamento nas Estações de Tratamento de Água - ETAs.
A tabela 4 indica as substâncias classificadas com desreguladores endócrinos e trás também as substâncias que são citadas na portaria de Nº 2.914. Nesta portaria consta o padrão de potabilidade referente às substâncias químicas que representam risco á saúde. Entre essas substâncias, são citadas 12 desreguladores endócrinos. Sendo que a literatura aponta existência de 553 substâncias responsáveis por afetar o sistema endócrino.
Tabela 4: Substâncias endócrinas x padrão de potabilidade. 1. SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS 1.1 Pesticidas 1.1.1. Herbicidas 2,4 Diclorofenol Atrazina 1.1.2. Inseticidas α-BHC β-BHC δ-BHC γ-BHC DEET 1.2 Bifenilpoliclorados (PCB)* Tricloro-4-difenil Tetracloro-4-difenil Estirerno 1.3 Dioxinas e furanos* Di-benzenodioxina Di-benzenofurano 1.4 Halogenados Di-metilftalato (DMP)
Dicofol Dieldrin* e Aldrin DDT* e metabolitos DDE Metoxicloro Clorodecano (Kepone) Toxofeno Heptacloro Endosulfan Mirex α Clordano* e γ Clorordano* 1.1.3 Fungicidas: vinclozolina carbendazime penconazol procloraz propiconazol epoxiconazol procimidona tridemorfos Di-etilftalatos (DEP) Bi-fenil polibromado Tri(2-cloroetil)fosfato (TCEP) Di-isobutilftalatos (DIBP) Di-n-butil ftalato (DBP) Butil-benzilftalato (BBP) Di-isooctil-ftalato (DIOP) Di-iso-decil-ftalato (DIDP)
2,2‟,4,4‟-tetrabromodifenil éter (BDE 47) 2,2‟,4,4‟,5-pentabromodifenil éter (BDE 99)
2,2‟,4,4‟,6-pentabromodifenil éter (BDE 100)
2,2‟,4,4‟,5,5‟-hexabromodifenil éter (BDE 153)
2,2‟,4,4‟,5,6‟-hexabromodifenil éter (BDE 154)
Octabromodifenil éter (BDE octa) Decabromodifenil éter (BDE 209 Hexabromociclododecano (HBCD) tetrabromobisfenol A (TBBA) 1.5. Alquilfenóis nonilfenol nonilfenol etoxilado octilfenol octilfenoletoxilado Bifenol A (BPA) Naftol – 1 Naftol – 2 6-bromo-2-naftol 1.6. Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HPA) Benzopireno 5,6,7,8-Tetraidronaftol-2 3,9-Diidroxi-dimetilbenzoantracenos Acenafteno Antraceno Benzo{a]antraceno Benzo[a]pireno Benzo[k]fluoranteno Benzo[g,h,i]perilene Dia,h]antracnobenzo[ Naftalina Fluoreno Indeno[1,2,3cd]pireno naftaleno Fenantreno
1.9. - Produtos de uso pessoal
Galaxolida Naftaleno Oxibenzeno
Pireno 1.7. Organo metálico Tributiltin ( TBT) 1.8. Fármacos Dietilestilbestrol (DES) 17-etinilestradiol Tamoxifen Poliestradiol fosfato Sulfato estrona piperazina Quinestrol Dienestrol Acetaminofen Cafeína Carbamazepina Diazepan Diclorofenaco Dilatim Eritromicina- H2O Estradiol Estriol Estrona Ibopofen Iopromide Meprobamate Naproxem Pentoxifilina Fluoxetina Genfibrosil Progesterona Sulfametoxasol Tricosam Testoterona Trimetropim Hidrocodona
2 – SUBSTÂNCIAS NATURAIS 3. Substâncias citadas na portaria de potabilidade Nº 2914 de 12/12/2011
2. 1 Estrógenos natural Estrona 17β estradiol Coumestrol Genisteína Daidzeína Equol Formononetina Biochanina A Pelargonina Indolo[3,2-b]carbazole Mirestrol 2.2. Micoestrógenos Zearalenone Zeranol 2.3 Metais Pesados cádmio mercúrio chumbo Zinco 3.1. Pesticidas 3.1.1. Herbicidas Atrasina 3.1.2. Inseticidas DDT* e metabolitos DDE Dieldrin* e Aldrin Clordano Endossulfan 3.1.3 Fungicidas: Carbendazime 3.2. Bifenilpoliclorados (PCB)* Estireno 3.3. Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HPA) Benzo[a]pireno 3.4. Metais pesados: cádmio mercúrio chumbo Zinco
Fonte: LIEHR et al. (1998), JOHNSON et al. (2003), WESERHOFF (2005), NORIEGA et al. (2005), BILA; DEZOTTI (2007).
Os desreguladores endócrinos são estudados pela comunidade científica há muito tempo. Mas, essas substâncias ainda são desconhecidas pela população. Analisando a legislação brasileira que é responsável pelo padrão de potabilidade, pode ser visto que, não existe nenhum dado alegando os perigos que esses contaminantes podem causar na saúde dos seres humanos. Não consta nenhuma informação falando sobre as substâncias endócrinas.
TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA DO RIO JOANES PARA ABASTECIMENTO HUMANO
A Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA) é a concessionária responsável por fazer o tratamento de água da região metropolitana de Salvador para o abastecimento humano.
A tecnologia que é empregada para o tratamento da água do rio Joanes é do tipo convencional. Esse método que é utilizado para o tratamento de água no Brasil segue o padrão de potabilidade, que é estabelecido pela Portaria 2914/MS do Ministério da Saúde, de 12 de dezembro de 2011. Mas, de acordo com a literatura esse tratamento convencional não elimina os desreguladores endócrinos que estão presentes na água. Sendo assim, é necessária
uma avaliação da eficiência de remoção desses poluentes pelos processos de tratamento empregados na concessionária de tratamento de água potável.
A alternativa que remove com mais eficiência os desreguladores endócrinos é a adsorção em carvão ativado granular (CAG) e também o carvão ativado em pó (CAP). Esse tipo de tratamento elimina 100% as substâncias endócrinas se empregado de forma correta (Silva, 2009). A EMBASA utiliza o carvão ativado, depois da captação. Esse processo não é utilizado toda vez que faz a captação, isso somente acontece quando o nível de contaminantes esta muito alto. Esse procedimento torna-se inviável, pois esse processo funciona como um filtro impedindo que essas substâncias fiquem na água e só deve ser utilizado no final do processo.
SITUAÇÃO DOS LABORATÓRIOS PARA ANÁLISES DE DESREGULADORES ENDÓCRINOS NA ÁGUA
No período de realização da pesquisa, foram listados os laboratórios que fazem análise de água: SENAI, Corplab, Bioagri, Farmácia UFBA, HIDROCLEAN e Laboratório UFBA. A fim de estudar os parâmetros que foram selecionados durante o trabalho. Mas, os laboratórios pesquisados não fazem análise dessas substâncias, por conta deles não terem sido estabelecidos na legislação, dado ao desconhecimento sobre o tema.
A coleta de água foi realizada, entretanto, como não teve possibilidade de realização da análise de água na Bahia, foi necessária à procura de um laboratório em São Paulo (Central Analítica da USP localizada na Avenida Professor Lineu Prestes, 748 em São Paulo - SP), para dar continuidade à pesquisa.
Durante todo o projeto de pesquisa, pode ser visto que, existe uma deficiência por parte dos laboratórios, pois a maioria deles não realizam análise de substâncias endócrinas. E eles afirmaram que teríamos dificuldades em achar um lugar que trabalhasse com esses parâmetros.
4 CONCLUSÕES
A qualidade da água do rio Joanes tem sido comprometida devido o lançamento de esgoto pelos municípios que são beneficiados por ele. A falta de saneamento é um dos problemas que contribuem para diminuição da qualidade desse rio. O reflexo desta falta de esgotamento sanitário pode causar impactos diretos na população, pela presença dos desregulares endócrinos que são bioacumulativos e presentes na água de consumo.
As substâncias endócrinas são muito difíceis de serem removidas em tratamentos convencionais por serem muito solúveis e em grande variedade, com características químicas diferentes, exigindo assim um tratamento mais específico. O tratamento convencional que é emprego na concessionária de abastecimento da região não remove essas substâncias. E a legislação que cuida do padrão de potabilidade não aborda nenhuma informação referente a esses contaminantes.
No período de realização da pesquisa, foram listados os laboratórios: SENAI, Corplab, Bioagri, Farmácia UFBA, HIDROCLEAN e UFBA para a realização da análise de água. A fim de estudar os parâmetros que foram selecionados durante o trabalho. Mas, os laboratórios pesquisados não fazem análise dessas substâncias, por conta deles não terem sido estabelecidos na legislação, dado ao desconhecimento sobre o tema.
Os desreguladores endócrinos são estudados há muito tempo, mas ainda são desconhecidos pela maioria das pessoas. Então é necessário que a população saiba dos riscos que essas substâncias podem causar a saúde dos seres humanos. Realizando a revisão da legislação responsável pelo padrão de potabilidade, informando os perigos que esses contaminantes podem causar e para que as concessionárias de abastecimento da região se enquadrem na lei e com isso, melhorar a qualidade de vida da população.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BILA, Daniele Maia. Degradação e remoção da atividade estrogênica do desregulador endócrino 17β-Estradiol pelo processo de ozonização. 2005. 300p. Tese de Doutorado. Tese de Doutorado, Engenharia Química - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
BILA, Daniele Maia; DEZOTTI, Márcia. Desreguladores endócrinos no meio ambiente: efeitos e consequências. Química nova, v. 30, n. 3, p. 651-666, 2007.
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INEMA. Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Programa Monitora. Programa de Monitoramento das Águas do Estado da Bahia. 2015. Disponível em< http://www.inema.ba.gov.br/download/36/> Acesso em: 09 de mar de 2015.
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