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Área do Conhecimento da Pesquisa: AT 3- Contabilidade Financeira.

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Academic year: 2021

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Demonstração Do Valor Adicionado: Uma Análise Da Criação De Riqueza No Segmento Bovespa Tradicional

Fabiane de Fátima Oliveira Peixoto

Universidade de Brasília

Eduardo Tadeu Vieira

Universidade de Brasília

Resumo

O objetivo do artigo foi verificar como se deu a criação de riqueza das empresas do segmento Bovespa Tradicional e dos seus respectivos setores de atuação no período de 2010 a 2015. Para isso, realizou-se um estudo descritivo, documental e quantitativo. Foram utilizadas para a amostra as 90 demonstrações do valor adicionado das empresas do mercado tradicional. Os resultados do segmento mostraram que ele é capaz de gerar tanto riqueza própria como receber riqueza em transferência, com médias de 82% e 18%, respectivamente. Sobre a riqueza própria, constatou-se que a média máxima alcançada foi de 88% em 2014 e a mínima foi de 64% em 2015. Em relação a riqueza recebida em transferência, verificou-se que o melhor ano para o segmento foi 2015, alcançando uma média de 36% e o ano de 2014 teve a menor média dessa riqueza para o segmento, cerca de 12%. Os resultados para os setores de atuação demonstraram que os setores de Não Classificados; Petróleo, Gás e Biocombustíveis e Consumo Não Cíclico foram os que tiveram os melhores resultados de riqueza própria e o setor de Telecomunicações obteve o pior resultado, chegando a destruí-la em 2015. Em relação a riqueza recebida em transferência, os setores de Telecomunicações, Financeiro e Outros, Consumo Cíclico e Construção e Transporte foram os que tiveram os melhores resultados e os setores de Não Classificados e Petróleo, Gás e Biocombustíveis tiveram os piores resultados.

Palavras-chave: DVA, Riqueza, Criação, Bovespa Tradicional.

Método de Pesquisa: MET 1- Arquivo/ Banco de Dados.

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1 INTRODUÇÃO

A responsabilidade social transmite a ideia da obrigação da empresa para com a sociedade. Desse modo, as organizações estão cada vez mais preocupadas e comprometidas com o meio ambiente e a sociedade como um todo (Frey, Frey, & Rodrigues, 2013). Para atender uma sociedade mais conscientizada e informada as empresas começaram a se preocupar com a transparência das informações sobre o cumprimento das suas obrigações para com a sociedade.

Nesse contexto, a Demonstração do Valor Adicionado começou a ter uma maior importância como ferramenta de análise social e econômica nas companhias, já que com ela “é possível ter uma visão sobre a geração de riqueza pela empresa e a forma pela qual essa riqueza é distribuída aos agentes que contribuíram para a sua geração” (Braga, 2008).

A utilização da DVA gera diversas vantagens, entre elas estão: analisar a capacidade de geração e distribuição de riqueza de cada empresa, auxiliar no cálculo do PIB e de indicadores sociais, verificar e analisar o desempenho econômico das empresas, auxiliar a empresa a informar a sua contribuição na formação da riqueza na região em que ela está inserida, prover informações sobre os benefícios obtidos por cada fator de produção e pelo governo, entre outros (Iudícibus, Martins, Gelbcke, & Santos, 2010).

A Lei nº 11.638/2007 alterou o art. 176 da Lei nº 6.404/76, tornando obrigatória a publicação da DVA somente para as companhias de capital aberto. Com isso, “a demonstração se popularizou e a evidenciação de informações nessa área propiciou a realização de estudos que consideram aspectos sociais na contabilidade” (Santos, 2015). Atualmente, a DVA é regulamentada pelo Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC 09, 2008). Portanto, desde a sua obrigatoriedade até os dias atuais ela começou a ganhar mais importância e um maior espaço para os usuários da informação, agentes econômicos e empresas.

A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) divide as companhias listadas no mercado financeiro por segmentos de listagem. Esses segmentos compreendem os mercados: tradicional, diferenciado e novo mercado. O mercado tradicional, chamado de Bovespa Tradicional, é o mais básico, ele só leva em consideração a legislação em vigor e por isso possui o menor nível de governança corporativa. Em contrapartida, tanto o mercado diferenciado como o novo mercado possuem maiores graus de governança. Para esse trabalho, selecionou-se como base de dados as demonstrações do valor adicionado do mercado tradicional.

Diante do exposto, levantou-se o seguinte problema de pesquisa: De que forma as empresas do segmento Bovespa Tradicional estão gerando riqueza no período de 2010 a 2015? Portanto, o objetivo geral do estudo foi investigar como se deu a criação da riqueza nas empresas listadas na BM&FBOVESPA no segmento Bovespa Tradicional e nos setores de atuação que o compõem.

Para Cosenza e Vieira (2013), “existe uma carência de pesquisas empíricas brasileiras sobre a DVA, uma vez que a sua publicação foi facultativa até o surgimento da Lei 11.638/07”. Esse cenário se modificou ao longo dos anos, mas a realização e a publicação de trabalhos acadêmicos a respeito desse tema trazem contribuições a Contabilidade, aos usuários da informação e à sociedade.

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Dessa maneira, a pesquisa justifica-se ao expor os benefícios e os usos dessa demonstração para a sociedade e usuários da informação e, consequentemente, a importância econômica da mesma. A relevância do estudo está em mostrar como as entidades do segmento Bovespa Tradicional estão criando riqueza num período de crise política e econômica.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico desse trabalho tem por objetivo buscar o entendimento de alguns autores sobre os temas que o estudo proporcionou para servir de embasamento científico na análise da geração do valor adicionado no segmento Bovespa Tradicional. Inicialmente, houve uma discussão a respeito do Balanço Social e da DVA, passando para uma pequena explicação sobre os índices de análise desse demonstrativo contábil. Depois foi realizada uma breve revisão literária sobre a DVA e por fim, foi explorado o tema da governança corporativa e os segmentos de listagem com o propósito de fazer uma contextualização e explicação do assunto.

2.1 O Balanço Social e a Demonstração do Valor Adicionado

Na década de 1960, existiram movimentos sociais na Europa, em especial na França e Inglaterra, que reivindicavam uma maior responsabilidade social das empresas. Com isso, em 1977 o congresso francês aprovou a Lei nº 77.769, obrigando as empresas com mais de 299 empregados a divulgarem o Balanço Social (Cunha, Ribeiro, & Santos, 2005).

O Balanço Social é a relação dos principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental das empresas. Ele possibilita ampliar a importância da responsabilidade social nas entidades, já que dispõe de uma avaliação das mesmas sobre o seu desempenho e sobre as expectativas de seus públicos de interesse. Ele estende o diálogo da empresa com a sociedade, incorpora posturas éticas e transparentes, compara seu desempenho com outras organizações, avalia a eficiência de seus investimentos e integração de seus objetivos ambientais, econômicos e sociais (Instituto Ethos, 2007).

No Brasil, foi somente no final da década de 1980 e início dos anos 1990 que foram publicados os primeiros relatórios com características de Balanço Social, contendo informações de natureza social e a destinação da riqueza criada pelas empresas. O lançamento do modelo de Balanço Social surgiu em 1997 pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE).

Esse modelo teve como objeto de estudo as relações sociais da empresa com os ambientes endógenos e exógenos com os quais interagem, como por exemplo: os empregados, o meio ambiente, a sociedade e a geração de riqueza. O Balanço Social do IBASE é composto por sete segmentos: base de cálculo, indicadores sociais internos e externos, indicadores ambientais, funcionais, informações relevantes e outras informações (De Luca, Da Cunha, & Oliveira, 2009).

A DVA é parte integrante do Balanço Social e ela surgiu na Europa, assim como o Balanço Social. Esse demonstrativo é bastante utilizado em países como Inglaterra, Portugal, França, Alemanha e Itália (Dalmácio, Rangel, & Nossa, 2003). Essa demonstração foi impulsionada no Brasil a partir das publicações pioneiras da Telebrás e de algumas de suas controladas, no exercício de 1990 (Tinoco & Kraemer, 2008). Ainda no Brasil, esse

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demonstrativo contábil foi regulamentado e se tornou obrigatório para as companhias de capital aberto mediante a Lei nº 11.638/2007 e atualmente é regulamentada pelo CPC 09 de 2008.

Por evidenciarem o quanto a empresa agregou de valor durante o ciclo operacional, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a DVA tornam-se similares. No entanto, não devem ser confundidas, visto que a DRE organiza dados voltados para os sócios e acionistas, quando observado o lucro líquido, enquanto a DVA informa a geração de riqueza e sua distribuição pelos fatores de produção (capital e trabalho) e pelo governo (Iudícibus et al., 2010).

A DVA é uma demonstração contábil que possui dois focos de informação. O primeiro apresenta informações econômicas, revelando a capacidade de geração de valor adicionado e a riqueza recebida em transferência. O segundo, de cunho social, demonstra como a riqueza gerada foi distribuída entre os diferentes grupos econômicos: pessoal, governo, financiadores, acionistas e investidores (Klöppel, Schnorrenberg, & Lunkes, 2013). Ela é elaborada com base nos princípios da Contabilidade, em especial o princípio da competência. Os seus dados são obtidos principalmente da DRE (Santos, 2007).

O CPC 09 (2008) estabelece que “ a entidade deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte integrante de suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social”. Ele ainda informa que existem três modelos para a elaboração dessa demonstração, o primeiro são para as empresas em geral, ou seja, comerciais e industriais, o segundo para as empresas de intermediação financeira e o terceiro para as empresas do ramo de seguros. A DVA é separada em duas partes: a primeira é a de criação e a segunda é a de distribuição de riqueza.

A primeira seção da DVA mostra a riqueza criada pela entidade, ou seja, seu aspecto econômico. Nessa parte, evidencia-se o valor adicionado bruto das companhias. Ele é definido como a soma das receitas de vendas, produtos ou serviços, outras receitas e provisão de crédito de liquidação duvidosa deduzido os insumos que a entidade comprou ou utilizou para a obtenção dessas receitas. Do valor adicionado bruto são retiradas as retenções, que são compreendidas pela depreciação, exaustão e amortização, dando origem ao valor adicionado líquido produzido pela empresa. Nesse valor são inseridos o valor adicionado recebido em transferência, composto pelos resultados de equivalência patrimonial, receitas financeiras e outras receitas. Dessas informações, obtém-se então, o valor adicionado total a distribuir.

A segunda seção da DVA expõe a distribuição do valor adicionado total a distribuir das companhias a todos os seus agentes econômicos, ou seja, seu aspecto social. A distribuição de riqueza para os empregados é feita através da remuneração direta, benefícios e FGTS. Para o governo é realizada por meio de tributos (federais, estaduais e municipais). Para os financiadores ela ocorre por meio dos aluguéis, juros e outros. Já, a distribuição para os acionistas ocorre através dos dividendos, juros sobre capital próprio e lucros retidos.

2.2 Índices de Análise da DVA

A DVA representa uma ferramenta de análise e poderá ser utilizada por aqueles que pretendem entender um pouco melhor as relações da sociedade. Para que os usuários da informação possam compreender melhor essa demonstração, ela pode ser analisada mediante uso de índices (Santos, 2007). Os índices podem ser definidos como a relação entre as massas

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monetárias que formam a estrutura operacional e patrimonial da empresa, essas massas devem guardar equilíbrio e comparação entre si. Eles podem ser de vários tipos: percentuais, de rotação, relativos a unidade, resultados monetários e evolutivos (Florentino, 1985).

Os índices são mecanismos importantes para análises nas demonstrações contábeis, pois eles fornecem uma visão mais ampla das mesmas. Além disso, as interpretações desses indicadores nas entidades são capazes de mostrar sua saúde financeira e econômica. Para a observação da DVA e dos dados que ela vem a fornecer podem ser utilizados índices, tanto para geração como para a distribuição de riqueza. “ Os indicadores retirados da DVA se constituem num excelente avaliador da distribuição da riqueza, à disposição da sociedade, no entanto, sem pretensão de substituir outros indicadores de riqueza já existentes, ou, até mesmo, rivalizar com eles (Cunha et al., 2005).

Alguns indicadores obtidos da DVA são: índice de participação de riqueza de pessoal, índice de participação de riqueza do governo, índice de participação de riqueza a terceiros, índice de participação de riqueza aos acionistas, índice de riqueza recebida em transferência, índice de riqueza própria distribuída, entre outros. O índice de participação de riqueza de pessoal mostra quanto do valor adicionado da empresa está sendo destinado para os seus empregados e o índice de participação de riqueza do governo revela a carga tributária das empresas.

O índice de participação de riqueza a terceiros exibe quanto do valor adicionado da companhia está sendo destinados aos financiadores sob forma de juros e aluguéis. Já, o índice de participação de riqueza própria mede quanto do valor adicionado gerado pela companhia estão sendo distribuídos a seus acionistas. O índice de riqueza recebida em transferência exibe quanto do valor adicionado da empresa veio de receitas financeiras e resultado de equivalência patrimonial. O índice de riqueza própria expõe quanto do valor adicionado é proveniente da própria entidade, ou seja, quanto ela criou levando em conta apenas as suas atividades operacionais.

2.3 Pesquisas Anteriores sobre a DVA

Antes da obrigatoriedade da publicação da DVA pelas empresas de capital aberto brasileiras, existia um limitado número de pesquisas a respeito dessa demonstração. Porém, com a sua obrigatoriedade, houve um crescimento das pesquisas a respeito desse tema. Desse modo, serão apresentados cinco estudos sobre a DVA, antes e depois da obrigatoriedade da publicação, variando de 2007 a 2016.

Santos, Chan e Da Silva (2007) identificaram os possíveis impactos da privatização sobre a forma de distribuição da riqueza das empresas por meio da DVA no período de 1995 a 2005. Os autores usaram como amostra as demonstrações do valor adicionado das 8 empresas da Revista Exame - Melhores e Maiores que foram privatizadas. Eles investigaram os efeitos da privatização analisando a composição e a distribuição do valor adicionado antes e depois desse fato, além de comparar esses desempenhos com os de um grupo de controle composto por 20 companhias estatais. Os resultados comprovaram que, em relação a geração de riqueza, o desempenho econômico das empresas privadas foram melhores do que o das estatais. Além disso, apuraram que houve uma redução expressiva dos gastos com pessoal, em alguns casos chegando a 80%, nas empresas privatizadas quando comparadas com as estatais. O trabalho

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demonstrou que essa demonstração é uma importante ferramenta de análise para as organizações e para a sociedade.

A carga tributária é um custo político e o objetivo da pesquisa de Bispo, Calijure e Lima (2009) foi investigar se esse custo político poderia variar em relação ao tamanho e em relação ao setor econômico das companhias. Para isso, os autores calcularam a carga tributária, utilizando o valor adicionado como uma proxy do PIB, das empresas de capital aberto que divulgaram a DVA e pertenciam ao banco de dados do Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras - FIPECAFI. Certificou-se que existem sim diferenças de cargas tributárias de acordo com os setores econômicos e de acordo com o tamanho das entidades. A carga tributária por setor econômico variou de 52,95% para o setor de Telecomunicações para 17,72% para o setor Automotivo.

Em relação ao setor Financeiro da BM&FBOVESPA, Frey, Frey e Rodrigues (2013) verificaram a distribuição de riqueza das empresas de tal setor. Para isso, eles analisaram as demonstrações do valor adicionado do setor Financeiro no período de 2007 a 2009. Detectou-se que os empregados e os acionistas receberam a maior parcela da riqueza. Já, o governo ficou em terceiro lugar nessa distribuição de riqueza, recebendo, em média, 25% do valor adicionado distribuído. Os financiadores foram os agentes econômicos que menos receberam riqueza. A outra análise realizada revelou que os bancos de controle público apresentaram um maior percentual de distribuição em relação ao segmento de pessoal, enquanto que no controle privado a maior distribuição foi para a remuneração dos acionistas. Sendo assim, o perfil de distribuição de riqueza do setor financeiro, em ordem decrescente, para os bancos de controle público foi: empregados, acionistas, governo e financiadores. Em contrapartida, o perfil de distribuição de riqueza do setor financeiro, em ordem decrescente, para os bancos de controle privado foi: acionistas, empregados, governo e financiadores.

A pesquisa de Klöppel, Schnorrenberger e Lunkes (2013) investigou como ocorreu a geração e a distribuição da riqueza das 36 empresas que compõem o Ibovespa no período de 2007 a 2010. Foram examinados os setores de Construção e Transporte, Financeiro e Outros, Materiais Básicos, Telecomunicações e Utilidade Pública e foi percebido que na média do período, o setor Financeiro e Outros foi o que mais gerou riqueza, cerca de 92,6%. Enquanto que o setor de Construção e Transporte foi o que gerou o menor percentual de riqueza, cerca de 81,3%. Em relação a destinação da riqueza gerada, demonstrou-se que mais da metade dos setores destinaram a maior parcela da riqueza para o governo e a menor para os empregados. Os setores distribuíram 38,5% da riqueza para a remuneração do governo, 24,8% para a remuneração do capital próprio, 19,5% para a remuneração do capital de terceiros e 17,2% para a remuneração dos empregados. Essa distribuição de riqueza mostrou que existe uma alta carga tributária no país e desigualdades expressivas entre os setores econômicos que fornecem produtos essenciais ao país.

Londero e Neto (2016) analisaram como o impacto econômico e social das cooperativas agropecuárias pode ser evidenciado através da DVA. Para isso, os autores criaram um modelo ajustado dessa demonstração para as cooperativas e o aplicaram em uma cooperativa real no ano de 2013. O modelo implementado usou como base a DVA para empresas em geral do CPC 09, porém com um foco especial na separação da receita proveniente do ato cooperado e do não cooperado, no custo vindo do diferencial pago ao insumo adquirido do cooperado com relação ao mercado e nos detalhes de distribuição desses resultados. O modelo foi considerado viável e apropriado e por meio dele foi possível observar que a cooperativa analisada produziu um impacto econômico e social na região em

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que ela está inserida, já que produziu R$184.960.672,23 a economia. Quanto a distribuição de riqueza, constatou-se que os cooperados receberam a maior parte da riqueza (32%), seguido dos empregados (31%), governo (30,82%), remuneração de terceiros (4,82%) e contribuições socioambientais (1%).

Essa revisão de literatura a respeito da DVA revelou que mesmo que ela tenha tido uma obrigatoriedade tardia no Brasil, essa demonstração é relevante, pois existem diversas informações e análises que podem ser obtidas com ela. Esse fato reforça a relevância do propósito do presente trabalho, que busca contribuir na análise da DVA.

2.4 Governança Corporativa e os Segmentos De Listagem

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa- IBCG (2016) define governança como sendo “o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre os sócios, conselho da administração, diretoria, órgãos de fiscalização de controle e demais partes interessadas”.

A governança corporativa não disciplina somente as relações entre as diversas áreas de uma companhia, o seu principal objetivo é fazer com que as tomadas de decisões tragam benefícios para todos os seus envolvidos, sendo esses: acionistas, investidores, governo, funcionários, fornecedores, entre outros (Rios, Sousa, & Souza, 2010).

A governança é uma prática significativa de ser implementada nas empresas, pois ajuda a melhorar a imagem das organizações e levanta sua credibilidade perante o mercado de capitais e investidores. Além disso, ela pode diminuir a assimetria das informações e consequentemente, tende a melhorar a relação dos usuários internos e externos das entidades.

É na BM&FBOVESPA em que ocorrem as transações do mercado de capitais das empresas de capital aberto brasileiras, as empresas nela listadas são classificadas em diferentes níveis de governança corporativa. Ela é uma companhia que administra os mercados organizados de títulos, valores mobiliários e contratos derivativos, além de prestar serviços de registro, compensação e liquidação (BM&FBOVESPA, 2016).

Na BM&FBOVESPA e de acordo com as empresas de capital aberto que a compõem existem os chamados segmentos de listagens. Eles são divididos em mercado tradicional; mercado diferenciado, que é composto pelo nível 1 (N1) e nível 2 (N2) e o novo mercado. Neles existem normas e regras de governança corporativa com o objetivo de melhorar a avaliação das empresas perante os investidores e usuários da informação. Em cada segmento, ocorre um aumento dos princípios e práticas de governança corporativa.

O mercado tradicional é o segmento mais básico. Ele segue a legislação vigente, não exigindo nenhum tipo de prática adicional ou diferenciada. São negociadas nele ações preferenciais e ordinárias, o seu Conselho de Administração deve ter no mínimo 3 membros, deve ocorrer a publicação das demonstrações financeiras, entre outras regras. Esse segmento é composto pelas companhias que atendem atendendo a regulamentação vigente (Nottar, 2015).

De acordo com o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (2015), “ o mercado diferenciado é dividido em nível 1 e nível 2. O nível 1 é aquele composto pelo primeiro nível de governança corporativa e engloba as entidades que tenham aderido a maioria dos princípios e práticas de governança”. Alguns desses princípios e práticas são: transparência, negociação de ações preferenciais e ordinárias, percentual mínimo de ações em

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circulação (free float) de 25%, existência da obrigatoriedade de reunião pública anual, publicação das demonstrações financeiras, entre outras.

O nível 2 é aquele composto pelo segundo nível de governança corporativa, ou seja, as empresas desse segmento devem seguir todos os princípios e práticas do nível 1 além de práticas adicionais. Algumas delas são: elaboração e divulgação das demonstrações financeiras pelos padrões internacionais de contabilidade; negociação de ações preferenciais e ordinárias, sendo que as preferenciais têm direito ao voto; percentual mínimo de ações em circulação (free float) de 25%; o Conselho de Administração deve ter no mínimo 5 membros, dos quais pelo menos 20% devem ser independentes e com mandatos unificados de até 2 anos; entre outras.

O novo mercado “ é voltado para entidades que abram o capital mediante distribuição pública mínima de R$ 10 milhões. Porém, empresas de capital aberto que tenham ações preferenciais e que possam convertê-las em ordinárias podem entrar nesse segmento ” (Nottar, 2015). Portanto, as empresas do novo mercado devem seguir os princípios e práticas do nível 1, nível 2, além de práticas adicionais, como por exemplo: ter apenas ações ordinárias com direito a voto.

3 METODOLOGIA

A pesquisa científica em Ciências Contábeis possui tipologias de delineamento agrupadas em três categorias, que são divididas quanto: aos objetivos, aos procedimentos e à abordagem (Beuren, Longaray, Raupp, De Sousa, Colauto, & Porton, 2006). Para alcançar o objetivo de investigar como se deu a criação da riqueza das empresas listadas na BM&FBOVESPA, o presente estudo quanto aos objetivos é classificado como descritivo, pois descreve as características de determinada população. Quanto aos procedimentos é considerado documental, uma vez que se utiliza de materiais que não receberam tratamento analítico. E, quanto à abordagem do problema é classificado como quantitativo, visto que foram utilizados instrumentos estatísticos.

3.1 População e Amostra

Em relação aos segmentos de listagem, observou-se que existem diversos estudos que usam como base de dados as demonstrações dos segmentos mercado diferenciado e novo mercado. No entanto, quase não foram encontrados estudos que utilizam as demonstrações do segmento tradicional como base de dados. Por esse motivo e também pela relevância desse segmento utilizou-se como população do trabalho as 236 demonstrações das empresas que compõem o segmento tradicional da BM&FBOVESPA. Os anos de 2010 a 2015 foram escolhidos para a análise pela influência da crise econômica sofrida pelo Brasil, além de ser o período mais próximo da execução do estudo.

Para que não ocorressem distorções nos resultados, foram excluídas da população as demonstrações do valor adicionado das:

a) 119 empresas com demonstrações individuais, já que a pesquisa só abrangia demonstrações consolidadas;

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c) 2 empresas que só publicaram demonstrações trimestrais, sendo que o estudo só abrangia as demonstrações anuais.

Os métodos de amostra não probabilísticos dependem unicamente dos critérios do pesquisador para construir as amostras (Beuren et al., 2006). Portanto, a amostra é considerada não probabilística e é constituída por 89 companhias do segmento Bovespa Tradicional.

A Tabela 1 ilustra a amostra da pesquisa separada por setor de atuação. É possível perceber que o setor de Consumo Cíclico é o que possui a maior representatividade, abrangendo cerca de 25 empresas ou 28% da amostra. Enquanto isso, o setor de Não Classificados teve a menor representatividade, com apenas 1 empresa ou 1% da amostra.

Tabela 1- Amostra por setor de atuação

Segmento Bovespa Tradicional Setor de Atuação Quantidade de

Empresas

Representatividade (%)

Bens Industriais 10 11

Consumo Cíclico 25 28

Consumo Não Cíclico 6 7

Construção e Transporte 10 11 Financeiro e Outros 13 16 Materiais Básicos 12 13 Não Classificados 1 1 Petróleo, Gás e Biocombustíveis 2 2 Telecomunicações 4 4 Utilidade Pública 6 7 TOTAL 89 100

Fonte: Elaboração própria

3.2 Coleta e Análise de Dados

Em agosto de 2016, foi coletado do site da BM&FBOVESPA, na seção de empresas listadas, na aba de relatórios financeiros - Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP), as demonstrações do valor adicionado da população definida. Após essa coleta, as informações obtidas foram transferidas para planilhas do Excel e analisadas. Utilizando o critério do pesquisador mostrado na sessão anterior, a amostra do trabalho foi selecionada.

Levando em consideração a metodologia do trabalho de Dalmácio, Rangel e Nossa (2003), que foi o cálculo de cerca de vinte índices sobre a DVA, utilizou-se como parâmetro de análise para o presente estudo o cálculo de 2 índices do trabalho citado: o índice de riqueza própria distribuída e o índice de riqueza recebida em transferência, eles foram ilustrados na Tabela 2. Esse parâmetro foi escolhido por ser capaz de gerar informações relevantes e necessárias para a concretização dessa pesquisa.

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Tabela 2- Índices de Análise da DVA

Índice Fórmula Descrição Objetivo

Índice de Riqueza Própria Distribuída

VALP = Valor Adicionado

Líquido Produzido. VATD = Valor adicionado

Total a Distribuir.

Mede o quanto de Valor Adicionado Total a Distribuir é proveniente da entidade, ou seja, sua riqueza própria.

Índice de Riqueza Recebida em Transferência

VART = Valor Adicionado

Recebido em Transferência. VATD = Valor adicionado

Total a Distribuir.

Indica o percentual de riqueza recebida em transferência pela entidade proveniente de terceiros. Fonte: Elaboração própria com base em Dalmácio, Rangel e Nossa (2003)

No período de 2010 a 2015, para cada empresa da amostra e com o objetivo de examinar a criação de riqueza, calculou-se os índices da Tabela 2. Em seguida, calculou-se as médias, medianas e desvio padrão das empresas de cada setor de atuação e posteriormente do segmento.

4 RESULTADOS

Visando responder o problema de pesquisa levantado, essa seção foi dividida em duas partes. A primeira parte mostra os resultados alcançados com a criação de riqueza do segmento analisado e a segunda do setor de atuação.

4.1 Segmento de Listagem

A riqueza total a distribuir é composta pela soma da riqueza própria distribuída e da riqueza recebida em transferência, sendo que a primeira é formada pelas atividades operacionais das companhias enquanto que a segunda é constituída pelas receitas financeiras e pelo resultado de equivalência patrimonial das mesmas. A Tabela 3 expõe os resultados obtidos com a criação de riqueza do segmento de listagem tradicional da Bovespa no período de 2010 a 2015.

Tabela 3. Resultados da Criação de Riqueza do Segmento Tradicional Anos Riqueza Própria

(%) Riqueza Recebida em Transferência (%) 2010 86 14 2011 87 13 2012 83 17 2013 85 15 2014 88 12 2015 64 36 Média 82 18

Fonte: Dados da pesquisa

100   VATD VALP IRPD 100   VATD VART IRRT

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O segmento tradicional da Bovespa é capaz de gerar tanto riqueza própria, em média 82% como de receber riqueza em transferência, em média 18%. Levando em consideração a riqueza própria e utilizando como base o ano de 2010, observou-se que apenas no ano de 2015 houve uma queda relevante em tal riqueza, cerca de 22%, além desse ter sido o pior ano para o segmento criar riqueza. Houve pequenos crescimentos de riqueza nos anos de 2011 e 2014, cerca de 1% e 2%, respectivamente. Esses fatos indicam que o segmento em análise não foi apto a ter um crescimento signficamente de sua riqueza, chegando a reduzí-la bastante em 2015, ou seja, a crise política e econômica que o Brasil vem passando foi capaz de impactar negativamente os resultados econômicos desse segmento.

No tocante da riqueza recebida em transferência e usando como base o ano de 2010, verificou-se que ocorreu um crescimento expressivo apenas em 2015, cerca de 22%. Ocorreram leves quedas em 2011, cerca de 1% e em 2014, cerca de 2%. Também ocorreram pequenos crescimentos em 2012 e em 2013, cerca de 3% e 1%, respectivamente. Enquanto houve uma queda de 22% de riqueza própria para o segmento, houve um aumento de 22% de riqueza recebida em transferência, ou seja, as reduções da riqueza própria do segmento foram compensadas com o recebimento de receitas financeiras e resultados de equivalênia patrimonial. Mesmo ocorrendo um aumento significativo para a receita recebida em transferência tiveram reduções e pequenos aumentos em outros anos, indicando que o recebimento de riqueza pelo segmento também foi afetado pela crise.

4.2 Setores de Atuação

A Tabela 4 expõe os resultados obtidos com a criação de riqueza por setores de atuação. Ela separa a riqueza própria da riqueza recebida em transferência.

Tabela 4- Resultado de Criação de Riqueza Média por Setor de Atuação SETORES DE

ATUAÇÃO

RIQUEZA PRÓPRIA (%) RIQUEZA RECEBIDA EM

TRANSFERÊNCIA (%) 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média Setores 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média Setores Bens Industriais 90 88 89 90 101 76 89 10 12 11 10 -1 24 11 Consumo Cíclico 87 87 82 89 64 126 89 13 13 18 11 36 -26 11

Consumo Não Cíclico 90 95 88 91 90 103 93 10 5 12 9 10 -3 7

Construção e Transp. 76 83 78 84 68 92 80 24 16 22 16 32 8 20 Financeiro e Outros 80 78 71 78 76 72 76 20 22 27 22 24 28 24 Materiais Básicos 90 85 84 85 84 74 84 10 15 16 15 16 26 16 Não Classificados 98 99 99 99 98 97 98 2 1 1 1 2 3 2 Petróleo, Gás e Bioc. 97 97 97 96 92 97 96 3 3 3 5 8 3 4 Telecomunicações 93 93 93 73 296 -615 5 7 7 7 27 -196 715 95 Utilidade Pública 90 91 84 71 81 90 85 10 9 16 29 19 10 16

Média por Ano 89 90 87 85 105 21 80 11 10 13 15 -5 79 20 Fonte: Dados da pesquisa

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Em relação a riqueza própria, observou-se que em quase todos os anos analisados, os setores de atuação geraram riqueza por conta própria, obtendo uma média total do período de aproximadamente 80%. Porém, se comparado com o ano de 2010, em pelo menos um dos anos todos os setores tiveram uma redução na criação de riqueza própria.

Apenas os setores de Construção e Transporte e Não Classificados tiveram crescimentos constantes na maioria dos anos investigados. No entanto, os setores de Financeiro e Outros, Materiais Básicos e Utilidade Pública tiveram quedas na maioria dos anos investigados. Esses fatos indicam que mesmo com a crise, os primeiros setores conseguiram aumentar e agregar sua riqueza própria em quase todos os anos. Em contrapartida, os segundos setores foram afetados em maior proporção pela crise e por isso, tiveram reduções expressivas da riqueza própria em todos ou quase todos os anos investigados.

Os setores de Não Classificados; Petróleo, Gás e Biocombustíveis e Consumo Não Cíclicos foram os setores que criaram as maiores riquezas próprias, com médias de 98%, 96% e 93%, respectivamente. Ao contrário, os setores de Telecomunicações e Financeiros e Outros tiveram os piores resultados de riqueza própria, com médias de 5% e 76%, respectivamente. Sendo que o setor de Telecomunicações está com graves problemas econômicos, não gerando nem 10% de valor adicionado total a distribuir, além desse setor ter destruído riqueza própria ao invéz de criá-la em 2015, sendo que essa destruição teve uma média de 615%. Ou seja, as suas atividades operacionais não estão produzindo tanto valor adicionado como deveriam para poder pagar suas despesas e assim produzir riqueza. Se esse fato continuar, pode desencadear uma crise econômica e financeira para tal setor e ele pode não conseguir se reerguer tão cedo.

Levando em conta a riqueza recebida em transferência, evidenciou-se que todos os setores receberam tal riqueza, com uma média dos anos analisados de 20%. Porém, em 2014 e 2015, alguns destes setores destruíram a riqueza recebida em transferência. Em 2014, o setor de Bens Industriais e de Telecomunicações destruíram, em média 1% e 196%, nessa ordem e em 2015 os setores de Consumo Cíclico e de Consumo Não Cíclico destruíram 26% e 3% dessa riqueza, respectivamente. Ou seja, esses setores, nos anos mencionados, não obtiveram receitas financeiras e de equivalência parimonial suficientes e assim, perderam parte considerável de seu valor adicionado recebido em trasnferência chegando a negativá-la e até a impactar negativamente o valor adicionado próprio distribuído.

Os setores de Financeiro e Outros e Materiais Básicos tiveram crescimentos de suas riquezas recebidas em transferência em todo o período analisado. Enquanto que os setores de Consumo Não Cíclico, Construção e Transporte e Não Classificados tiveram reduções significativas dos valores adicionados recebidos em transferência em pelo menos três dos cinco anos investigados.

Os maiores resultados de riqueza recebida em transferência foram dos setores de Telecomunicações, Financeiro e Outros e Construção e Transporte, com médias de 95%, 24% e 20%, respectivamente. Ao contrário, os setores de Não Classificados e Petróleo, Gás e Biocombustíveis tiveram os piores resultados com a riqueza recebida em transferência, obtendo médias de 2% e 4%, respectivamente.

A riqueza própria quase sempre foi superior a riqueza recebida em transferência para todos os setores e para todos os anos analisados, indicando que mesmo com crise que o Brasil tem passado as atividade operacionais dos setores conseguem gerar muito mais valor adicionado do que receber as receitas financeiras e os resultados de equivalência patrimonial.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Demonstração do Valor Adicionado tem como propósito expor a criação de riqueza das empresas mostrando seu aspecto econômico e como essa riqueza produzida é distribuída para os agentes econômicos da sociedade evidenciando seu aspecto social. É por causa desses aspectos que ela se diferencia de outros demonstrativos contábeis. Desta forma, o objetivo da presente pesquisa foi investigar como se deu a criação da riqueza nas empresas listadas na BM&FBOVESPA, no segmento Bovespa Tradicional e dos setores de atuação que o compõem no período de 2010 a 2015. Para alcançar o objetivo definido, o estudo combinou as informações da DVA com o cálculo de dois índices: o índice de riqueza própria distribuída e o índice de riqueza recebida em transferência para obter os valores da riqueza própria e da riqueza recebida em transferência das empresas da amostra.

Os resultados encontrados mostraram que o segmento tradicional da Bovespa é capaz de gerar riqueza própria, em maior proporção, com uma média de 82%, e receber riqueza em transferência, em menor proporção, com uma média de 18%. Em termos de criação de riqueza própria, o ano de 2014 foi o melhor, gerando uma média de 88%. Os outros anos analisados tiveram médias de mais de 80% da riqueza, exceto o ano de 2015. Ele foi o pior ano na criação de riqueza própria, gerando uma média de apenas 64% dessa riqueza. Tendo em consideração a riqueza recebida em trasferência, o ano de 2015 foi o que alcançou o maior valor, com uma média de 36% e o ano de 2014 o menor, com uma média de 12%. Com a análise do segmento e os fatos mencionados, constatou-se que a crise política e econômica que o Brasil vem passando foi capaz de impactar negativamente os resultados econômicos desse segmento.

Em relação aos setores de atuação, os resultados apontaram que as maiores riquezas próprias foram criadas pelos setores de Não Classificados; Petróleo, Gás e Biocombustíveis e Consumo Não Cíclicos, com médias de 98%, 96% e 93%, nesta ordem. O setor que obteve a menor riqueza própria foi o de Telecomunicações, com uma média de 5% e uma destruição de riqueza em 2015, evidenciando que esse setor está com sérios problemas econômicos. Em contrapartida, os maiores resultados de riqueza recebida em transferência foram dos setores de Telecomunicações, Financeiro e Outros e Construção e Transporte, com médias de 95%, 24% e 20%, respectivamente.

Já, os setores de Não Classificados e Petróleo, Gás e Biocombustíveis tiveram os piores resultados com a riqueza recebida em transferência, obtendo médias de 2% e 4%, respectivamente. A riqueza própria, na maioria das vezes, foi superior a riqueza recebida em transferência, ou seja, mesmo com crise econômica os setores evidenciaram uma saúde econômica em suas as atividade operacionais, mostrando que eles são capazes de gerar riqueza sem depender, em grande volume, de riquezas vindas de investimentos e financiamentos.

Assim, pode-se concluir que a DVA é um demonstrativo importante e muito útil para a geração e análise de informações acerca dos aspectos macroeconômicos das empresas. Portanto, a contribuição desse estudo foi mostrar para a sociedade e para os usuários da informação como anda a criação de riqueza das empresas do segmento tradicional da Bovespa e seus respectivos setores de atuação e verificar se a crise econômica brasileira impactou as companhias.

Como sugestão para pesquisas futuras, recomenda-se fazer uma análise da distribuição de riqueza para o segmento tradicional da BM&FBOVESPA. Também é sugerido fazer uma

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análise a respeito da distribuição de riqueza focado na remuneração de capital próprio, já que a distribuição para os acionistas revela informações de muita relevância para os acionistas e potenciais investidores das companhias.

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