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O TUTOR E OS ASPECTOS AFETIVOS DA APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. PALAVRAS-CHAVE: tutor presencial, afetividade, educação a distância.

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O TUTOR E OS ASPECTOS AFETIVOS DA APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

André Dala Possa Lenir Genilse Molossi Comin Felipe Manoel Gimenez de Oliveira

PALAVRAS-CHAVE: tutor presencial, afetividade, educação a distância.

INTRODUÇÃO

Na educação, cada vez mais os avanços tecnológicos aparecem como novos espaços para o processo de ensino aprendizagem. A educação, por sua vez, vem se sobressaindo com tais avanços, em uma nova modalidade de ensino, cada vez mais introduzida no contexto da sociedade, a Educação a Distância (EAD). Esta modalidade de ensino tem como principal objetivo a formação de pessoas, que por motivos diversos não têm/tiveram a possibilidade de se adequar aos meios tradicionais de formação educacional. Mas esse não é o único público demandante da EAD. Com o cotidiano agitado da contemporaneidade, ter a opção de gerenciar em quais momentos estudar é tão atrativo que a metodologia tradicional de ensino precisa ser repensada às custas de ficar à margem.

Nesta situação, é necessária a mediação de ferramentas de comunicação, para manter a interação entre os atores do processo – professor, aluno e núcleo pedagógico, principalmente. Como exemplos dessas ferramentas, podem-se destacar: a internet, as videoconferências, as redes sociais e, até mesmo, a televisão.

O ato de comunicar tornou-se capital na sociedade em rede e a informação é matéria prima para manter-se na competitividade do mercado de trabalho cada vez mais exigente quanto aos níveis de qualificação (CASTELLS, 2011).

Neste contexto, os tutores também são peças de destaque para o sucesso de um curso à distância. Isso porque o contato humano é imprescindível para o processo de ensino e aprendizagem o papel da tutoria tornou-se uma necessidade. O tutor atua como mediador entre aluno, professor e instituição. Cumprindo papel de colaborador no processo de ensino (HACK, 2010), podendo esclarecer dúvidas, reforçar e coletar informações, prestar auxílio e ampliar a motivação.

Observando que as interações entre aluno e professor em um curso de EAD são mínimas, a questão principal deste estudo é evidenciar o papel atribuído ao tutor no ensino à distância. Embora ele não seja o professor, tradicionalmente falando, é ele quem estabelece os diálogos com os alunos, com a intenção de estimular, motivar, manter o interesse, dar apoio ao aluno, guiar e facilitar a aprendizagem por meio de sua relação com o aluno.

Com isso, este estudo busca responder alguns questionamentos sobre as competências de um tutor, tais como: entender o papel deste tutor no aprendizado, levantar sua importância na visão do aluno e, também, comparar a afetividade entre aluno e tutor no processo do ensino à distância.

Embora estudos destaquem a importância da tutoria em EAD, a prática do tutor sempre foi considerada secundária, sendo visível a ausência de estudos que busquem se aprofundar nos aspectos afetivos desempenhados pelo tutor, já citado anteriormente como imprescindível para o processo de ensino e aprendizagem em educação à distância.

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MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo se caracteriza como pesquisa quantitativa de levantamento de dados, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de indivíduos acerca do problema estudado para mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados (GIL, 2002).

O grupo de estudo desta pesquisa é constituído por alunos matriculados nos cursos à distância ofertados pela Universidade Aberta do Brasil – UAB Polo Concórdia, em parceria com as instituições federais e estaduais. Fizeram parte desta pesquisa 86 alunos matriculados nos seguintes cursos: pós-graduação lato sensu em Mídias na Educação, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC); graduação em Pedagogia, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC); e, graduação em Letras, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ambos os cursos seguem a mesma estrutura de ensino a distância, composta por tutores presenciais e tutores a distância que atendem aos alunos presencialmente e pelos ambientes virtuais.

As coletas foram realizadas no mês de novembro de 2012.

A coleta de dados foi realizada através de um questionário, composto por questões abertas e fechadas, que foi respondido pelos alunos matriculados nos cursos acima citados. O link do questionário desta pesquisa foi encaminhado para 86 alunos através de e-mail. O questionário ficou disponível, recebendo respostas, entre os dias 12 e 26 de novembro, na plataforma de formulários on-line do Google Docs, com acesso restrito apenas aos alunos desta pesquisa. Foram respondidos 65 questionários, um total de 76,4% de questionários encaminhados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A educação à distância é caracterizada pelas barreiras geográficas entre professor e aluno. Nesse aspecto, o processo de ensino passa a ser intermediado pelas tecnologias e em especial pelo tutor presencial, que estabelece a maior parte dos diálogos e comunicações com os alunos, agregando elementos primordiais para o ensino, como confiança e credibilidade, formando vínculos, reforçando laços e aproximando a instituição das suas vidas.

Questionados por esta pesquisa, 93,7% dos alunos entrevistados classificam a presença do tutor como “Indispensável ou Muito importante”. HACK (2010), em seus estudos ratifica o índice ora encontrado destacando o tutor presencial como um orientador de conteúdo, um interlocutor entre o aluno e o processo de ensino. É o tutor presencial que assume o papel de cooperador na construção de conhecimento do aluno, é ele quem desenvolve a criação e um ambiente motivador, acolhedor, primordial para o sucesso do aluno na EAD.

Segundo NEDER (2000), o estudante em EAD, em sua maioria, não estabelece com o professor o contato necessário para ajudá-lo em sua trajetória, consequentemente, o tutor surge como um novo educador, um facilitador de aprendizagem. Destacando a importância do tutor, 83% dos alunos apontam o tutor presencial como parte do seu processo de ensino. Para SILVA (2008) o tutor é um conselheiro, também “psicólogo”, capaz de compreender e atender as necessidades do aluno.

Dorjó (2011) cita que a afetividade é parte do território das emoções, e a aprendizagem como território do conhecimento, estes são fenômenos complexos dados nas relações humanas. Com isso, a aprendizagem e a afetividade se misturam na relação professor-aluno pelo processo de ensino aprendizagem. Não há assunto mais interessante que a possibilidade de vínculos afetivos entre alunos, e deles com tutores ou professores. A afetividade exerce influência na percepção, no pensamento, na memória, na vontade e na ação. É visto, então,

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que fatores afetivos fortalecem a motivação e influenciam no processo de ensino, seja em EAD ou no presencial. Neste contexto, 87,6% dos alunos pesquisados sentiram afetividade na relação tutor presencial e aluno.

Ligar a afetividade e a aprendizagem é indispensável, pois ambas ocorrem por meio de interações sociais, onde há diálogo, o compartilhamento de ideias e o respeito mútuo. Também devemos reconhecer que para a afeição e a aprendizagem em EAD acontecerem, depende diretamente da forma como o tutor responde aos desafios e interfere nos diálogos com os alunos. Torna-se necessário desenvolver condições para atrair o aluno, criando ambientes motivadores, dando segurança ao aluno para que ele desenvolva sua capacidade de aprender.

“A aprendizagem é a mudança produzida no aluno” (DORJÓ, 2011). Essa mudança se desenvolve da interação do aluno com o meio, organizado e praticado pelo tutor. Dos alunos entrevistados nesta pesquisa, 84,6% se sentem seguros na construção de relação pessoal e interpessoal com o tutor e com os colegas.

Para DORJÓ (2011), os tutores que não facilitam o diálogo não interagem no ambiente de ensino e não respeitam a autonomia do aluno, representam insegurança e evasão no ensino à distância. Nesta pesquisa, 15,4% dos alunos não se sentem seguros nas relações “tutor-aluno”.

Quando convidados a expor sobre os pontos positivos dos tutores, os alunos citaram as principais características de um bom tutor presencial. A Tabela 1 sintetiza as respostas:

TABELA 1 - Principais características de um bom tutor presencial

Prestativo Motivado Inteligente Atencioso

Dinâmico Preparado Amigo Dedicado

Simpático Acessível Companheiro Compreensível

Acolhedor Interessado Incentivador Legal

Entrosado Confiante Ético Experiente

Fonte: dados do estudo (2012)

Das características citadas acima, a maioria aborda aspectos afetivos; isso mostra que para o aluno características relacionadas à afetividade são importantes para um ensino de qualidade na modalidade a distância.

Para Silva (2008), o tutor presencial é um profissional de ensino de via sócio-afetiva, ou seja, que desperta - antes de tudo - qualidades humanas, como empatia, sociabilidade, cumplicidade, sem menosprezar as qualidades científicas e técnicas da função.

É visto então que, para um ensino a distância de sucesso, os tutores envolvidos precisam desenvolver os aspectos afetivos na sua relação tutor-aluno. Antes mesmo de o tutor ser um profissional exemplar, para a EAD, é imprescindível que este também consiga com o aluno um vinculo afetivo, despertando assim a “sedução pedagógica” citada por Souza (2004) em sua pesquisa.

Segundo Souza (2004), o tutor que seduz pedagogicamente impressiona pela sua capacidade e eficiência, colocando-se no lugar do aluno, propiciando assim uma sintonia afetiva. A paciência e tolerância, citadas pelos alunos desta pesquisa, são destacadas por Souza (2004), como características principais que o tutor deve desempenhar.

Outra grande preocupação na EAD são os índices de evasão dos cursos, e a distância entre instituição e aluno, sabendo que estes aspectos podem interferir em um processo de ensino eficaz ou até mesmo comprometer programas e políticas públicas que vêm melhorando o cenário educacional do Brasil. Para Hack (2010), o tutor tem influência direta na permanência do aluno na EAD. A presente pesquisa está em sintonia com essa afirmativa teórica: 93,8% dos alunos desta pesquisa apontaram que os tutores presenciais contribuíram para sua permanência no curso, fazendo ainda ponte para a integração entre instituição e aluno.

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construção do conhecimento em todo o processo de ensino-aprendizagem. Quando o professor adota uma postura que expresse o interesse no sucesso dos alunos, respeitando seus limites e individualidades promove um ambiente agradável e propício para aprendizagem, tornando o aprender prazeroso, e a permanência do aluno no curso um objetivo bem sucedido (PEREIRA; GONÇALVES, 2010).

CONCLUSÕES

O papel do tutor no ensino a distância é claro em todas as bibliografias: um mediador professor-aluno, um auxiliar no processo de ensino, um cooperador na construção do conhecimento, um motivador educacional dentre outras nomenclaturas e adjetivos. Comparando, observa-se que do tutor exigem-se as mesmas competências atribuídas a um professor.

Todas estas definições se assemelham, porém, algumas vão mais longe. Por exemplo, o tutor é um profissional multifuncional: em alguns momentos é psicólogo e em outros é terapeuta; precisa ser um mediador em sala de aula e em alguns aspectos um administrador. É um sedutor pedagógico, um professor e até mesmo um aluno. O tutor é a base humana do ensino a distância. A ação de colocar-se presencialmente frente ao aluno (representando a instituição de ensino) in loco estabelece vínculo importante para fazer com que o aluno EAD se sinta pertencente à instituição, ao processo. Se o tutor é mal-humorado, desorganizado e não comunica eficazmente, está será a imagem institucional plasmada na sociedade do polo. Por outro lado, se o tutor assume seu papel na íntegra, tem formação na área, preocupa-se me resolver os problemas dos alunos e conhece a instituição ofertante, certamente os resultados serão positivamente diferente.

Na relação entre pessoas sempre existirá a presença de emoção, afeto e empatia, inclusive no processo de ensino aprendizagem os vínculos afetivos também estarão presentes, criando ideias e até valores.

Com esta pesquisa mostrou-se que há evidências claras de que na EAD podem existir laços afetivos entre tutor e aluno e que estes laços influenciam na aprendizagem e até mesmo na permanência do aluno no curso. Daí a importância do papel do tutor presencial, pois possibilita que o estudante possa sentir a sensação de pertencimento, criando vínculos saudáveis que contribuem na efetividade da modalidade de educação a distância.

Sinaliza-se ainda que a modalidade de EAD é relativamente nova em algumas cidades brasileiras e, neste momento de expansão, todos precisam esforçar-se para desfazer alguns pré-conceitos existentes com a modalidade. Muitos dos quais emergidos em cenários de exploração da educação em prol do capital. Felizmente, por intervenção do estado, essa situação vem sendo deixada para trás. Contudo, registra-se que no complexo e dinâmico mundo da Sociedade em Rede os projetos vão de sucesso a fracasso quase que instantaneamente e, para que isso não ocorra com a EAD, os atores sociais envolvidos precisam de reconhecimento equivalente aos da educação tradicional, ao custo de sucumbir justamente quando se evidencia seu potencial de liderar a formação e a profissionalização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede; tradução Roneide Venancio Majer; atualização para 6. ed: Jussara Simões. – (A era da informação: economia, sociedade e cultura ; v. 1).São Paulo: Paz e Terra, 2011

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DORJÓ, D. S. Relações Afetivas: reais possibilidades na educação a distância. Periódicos Letras – UFMG. Volume: 4 , n. 2, 2011. Disponível em: http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/textolivre. Acessado em 12 de novembro de 2012. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2002.

ACK, J. R. Comunicação dialógica na educação superior a distância: a importância do papel do tutor. Signo y Pensamiento, vol. XXIX. N. 56, 2010. Disponível em: <

http://www.redalyc.org/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=8601934> . Acessado em 22 de junho de

2012.

NEDER, M. L. C.. Licenciatura em educação básica a distância: projeto expansão.

NEAD/UFMT. 2000. Disponível em: http://www.metodista.br/

atualiza/conteudo/material-de-apoio/livros/novas-tecnologias-no-contexto educa cional/jacques.pdf. Acessado em novembro de 2012.

PEREIRA, M. J. A.; GONÇALVES, R. Afetividade: caminho para aprendizagem. Revista

Alcance. UNIRIO. N. 1, 2010. Disponível em:

http://www.scielo.com/periodicos/EAD-afetiva-na-aprendizagem. Acessado em: 30 de novembro de 2012.

SILVA, J. M. C. S. Proposta de um Modelo de Atributos para o Aprimoramento da Comunicação Afetiva para Professores que atuam na Educação a Distância”. Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, Fortaleza, 2008. Disponível vem: http://ceie sbc.tempsite.ws/pub/index.php/sbie/article /view/1190/1093. Acessado em 13 de novembro de 2012.

SOUZA, M. G. A Arte da Sedução Pedagógica na Tutoria em Educação a Distância. Ministério

da Educação. 2004. Disponível em: http://www.abed.

Referências

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