A violência é uma questão social pluridimensional e intersectorial que ultrapassa a área da saúde, sendo imprescindível, que haja uma visão/intervenção na sua amplitude. “Para se conhecer as partes temos de conhecer o todo, porque nada nem ninguém vive sozinho no mundo”. Assim, todo o trabalho desenvolvido nesta área, deverá incluir uma perspectiva de rede de forma a ir de encontro a uma dimensão total deste problema.
De acordo com Merckler (2004, cit in Guadalupe, 2009) “a etimologia da palavra Rede é originária do Latim retiolus, diminutivo de retis, designa um conjunto de linhas entrelaçadas ou teia, pelo que é necessário um enquadramento que permita deslaçar um pouco o entrançado conceptual de um conceito que definitivamente «está na moda».
Em Portugal, o conceito teve uma enorme divulgação e uma rápida propagação em áreas distintas nas ciências sociais e humanas e na política, sobretudo na década de 90 do Século XX (op. cit.).
A Rede Social é uma estratégia de abordagem da intervenção social com base num planeamento feito em parceria, visando racionalizar e tornar mais eficazes acções na
comunidade. O seu conceito tem contornos multidisciplinares, não sendo utilizado no contexto de uma disciplina científica específica, teoria ou modelo. No entanto, a temática das redes sociais associada à intervenção social, a intervenção em rede, é trazida para o Serviço Social português essencialmente pela via da intervenção sistémica, tendo-se consolidado através da chamada nova geração de políticas sociais.
Para Fischer et. al (1977, cit. in Guédon, 1984) “…concebidas de forma geral, as redes sociais podem ser consideradas como os sistemas particulares de relações que unem actores sociais, pelo que estas assumirão diferentes formas consoante o tipo de laços e o tipo de actores
Sluzki (1996, cit in Guadalupe, 2009) define Rede Social Pessoal ou Rede Significativa como sendo “…a soma de todas as relações significativas para um indivíduo ou diferenciadas da massa anónima da sociedade”.
Guédon (1984) distingue entre dois tipos de redes:
• Redes Secundárias - são os membros da rede com os quais se estabelecem as relações num contexto formal e com objectivos funcionais (…) como fornecer serviços ou instituir recursos.
Para a intervenção na área da violência, é fundamental ter em conta estes dois tipos de redes, sendo útil a construção de um Mapa de Rede, instrumento fundamental na área social para diagnóstico completo:
Sendo a Violência um problema transversal, que exige uma intervenção/articulação integrada em rede é de real importância garantir a qualidade das estratégias a serem implementadas de forma a minimizar os seus impactos/custos na sociedade, bem como a responsabilização de todos parceiros neste processo.
De facto, todos os parceiros são importantes desde o planeamento, à avaliação e à
intervenção; as áreas cruzam-se e só fazem sentido em conjunto, de forma a atingir objectivos comuns: o bem-estar dos utentes/família/comunidade/sociedade.
Na região do Algarve, a intervenção na área da violência tem sido realizada através de um trabalho entre várias entidades, sobretudo baseado em parcerias informais.
Legenda:
CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género GNR – Guarda Nacional Republicana
PSP – Polícia de Segurança Pública PJ – Polícia Judiciária
MP – Ministério Público
DGRS – Direcção Geral de Reinserção Social APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima IDT – Instituto da Droga e da Toxicodependência INML – Instituto Nacional de Medicina Legal
CPCJ – Comissões de Protecção de Crianças e Jovens UALG – Universidade do Algarve
IPSS’s – Instituições Particulares de Solidariedade Social ISS, IP – Instituto de Segurança Social, IP
Gov. Civil – Governo Civil
IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica
ARS – Administração Regional de Saúde do Algarve, IP: Centros de Saúde e Hospitais DREALG – Direcção Regional de Educação do Algarve
ONG’s – Organizações Não Governamentais CM – Câmaras Municipais (AMAL)
A necessidade de formalização desta rede é fundamental de forma a: • Sensibilizar para a violência numa perspectiva preventiva
• Aprofundar o conhecimento da problemática na região
• Contribuir para a detecção precoce das situações de violência • Promover a Humanização no atendimento a vítimas de VD
• Uniformizar procedimentos de detecção, intervenção e encaminhamento • Potencializar a abordagem multidisciplinar integrada
• Reforçar a articulação intersectorial • Rentabilizar e maximizar recursos Referências Bibliográficas:
Guadalupe, S. (2009). Intervenção em Rede – Serviço Social, Sistémica e Redes de Suporte
Social . Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.
Guèdon, M-C (1984). Les résaux sociaux, In C. Brodeur & R. Rousseau, (dir.). L’intervention de
résaux – une pratique nouvelle (pp. 15-33). Montréal: Éditions
France-Amérique.