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RIO ITAPECURU: PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE RIBEIRINHOS DE NOVE MUNICÍPIOS DA BACIA

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RIO ITAPECURU: PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE RIBEIRINHOS

DE NOVE MUNICÍPIOS DA BACIA

Maria do Socorro Rodrigues Ibañez(1)

Bióloga, professora titular em Ecologia Aquática da Universidade Federal do Maranhão. Trabalha com ensino, pesquisa e extensão na área de Recursos Hídricos.

Raimundo Nonato Medeiros da Silva

Engenheiro Civil, trabalha na Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão. Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção Maranhense.

Florimar de Jesus Aranha

Limnólogo, fundador do Núcleo de Limnologia da Universidade Federal do Maranhão (in memoriam ).

Endereço(1): Barramar II Bloco 5B apto. 306 São Luís MA CEP: 65065180

-Brasil - Tel: (098) 226-3239 - Fax:(098) 232 -3350 - e-mail: labhidro@ufma.br

RESUMO

Um estudo de percepção ambiental, baseado na aplicação de questionários, a usuários da bacia hidrográfica do Rio Itapecuru, foi realizado em janeiro de 1997. O resultado de 148 questionários aplicados em 9 municípios da bacia, permitiu verificar que 42% dos entrevistados vive a mais de 16 anos na mesma e utiliza o rio com freqüência diária (39%) e semanal (26%). O lixo e o desmatamento somam quase 80% dos aspectos considerados negativamente impactantes na visão dos entrevistados. Sugestões para melhoria da qualidade ambiental do rio, bem como perspectivas futuras sobre a sua conservação foram também avaliadas.

PALAVRAS-CHAVE: Percepção Ambiental, Bacia Hidrográfica, Nordeste, Brasil.

INTRODUÇÃO

A Constituição Brasileira de 1998 no capítulo VI, artigo 255, parágrafo 1 , item VI contém a seguinte informação: “Cabe ao Poder Público: promover a educação ambiental em todos os

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A bacia hidrográfica do Rio Itapecuru, tipicamente maranhense e de reconhecida importância sócio-econômica foi selecionada para um trabalho de investigação multidisciplinar (Aranha et al., 1998), com uma perspectiva voltada para a decodificação dos conhecimentos científicos adquiridos em um trabalho de educação ambiental dirigido aos usuários da bacia.

A bacia hidrográfica, como unidade de gestão ambiental, tem sido uma abordagem de vanguarda para os estudos e planos que objetivam a busca de soluções para os problemas relacionados aos recursos hídricos.

O presente estudo teve como desdobramento a elaboração de uma cartilha direcionada à clientela de estudantes de 1º e 2º graus da rede de ensino pública e privada dos municípios beneficiados pela bacia do rio Itapecuru, elaborada a partir da percepção ambiental de seus ribeirinhos.

MATERIAL E MÉTODOS

A equipe de pesquisadores, contatou com as diversas lideranças municipais compreendidas por prefeitos, secretários municipais de educação e de meio ambiente, representantes de organizações não governamentais, de entidades de classe e clero, na medida da presença das mesmas por ocasião da visita realizada no período de 13 a 17 de janeiro de 1997, aos municípios de Mirador, Colinas, Caxias, Codó, Timbiras, Pirapemas, Cantanhede, Rosário e Itapecuru-Mirim.

Com a colaboração dessas lideranças foi aplicado um total de 148 questionários na forma de entrevistas realizadas com diferentes segmentos populacionais da bacia.

Após o trabalho de percepção ambiental foi feita a junção dos seus resultados com os conhecimentos científicos adquiridos em várias expedições limnológicas ao longo dos 1.450Km de extensão da bacia, realizadas pela equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão.

RESULTADOS

A aplicação de 148 questionários em nove municípios da bacia do rio Itapecuru permitiu entrevistar um contingente de 51% de homens e 48% de mulheres, sendo 38% na faixa de 30 a 50 anos, 35% na faixa de 15 a 30 anos e 26% acima de 50 anos de idade (Figs. 1 e 2).

(3)

Figura 1: Percentual dos ribeirinhos entrevistados de acordo com o sexo. 5 1 % 4 8 % 1 % H o m e n s M u l h e r e s S e m Id e n t i f i c a ç ã o

Figura 2: Faixa etária dos ribeirinhos entrevistados.

3 5 % 3 8 % 2 6 % 1 % 1 5 a 3 0 a n o s 3 0 a 5 0 a n o s A c im a d e 5 0 a n o s S e m r e s p o s t a

O estudo revelou que 42% dos entrevistados vive entre 16 e 30 anos em contato com o rio, 37% dos usuários vive entre 1 e 15 anos sendo que 19% vive há mais de 30 anos. Um percentual relativamente baixo (2%) vive na bacia há menos de um ano (Fig.3).

(4)

Mais da metade dos usuários (54%) utiliza o rio para o banho. A pesca ocupa a segunda posição (11%), a lavagem de roupa a terceira (10%) e a plantação nas margens (3%) a quarta. A natação, lavagem de carro e lazer, dentre outras atividades, abrangeram o percentual de 20% (Fig.4).

Figura 4: Usos múltiplos do rio segundo os entrevistados.

54% 11% 10% 3% 2% 19% 1% Banho Pesca Lavagem de roupa Plantação Navegação Outros usos Sem resposta

Os usuários possuem expressiva freqüência de interatividade com o rio sendo que 39% o usa diariamente, 26% semanalmente e 16% mensalmente (Fig.5).

Figura 5: Percentual da freqüência dos usuários do rio.

3 9 % 2 6 % 1 6 % 1 8 % 1 % D iá r ia S e m a n a l M e n s a l O u tr o s S e m r e s p o s t a

Quanto aos aspectos relevantes das belezas do Rio Itapecuru, os ribeirinhos apresentaram um elenco diversificado de respostas, sendo que a beleza das águas (27%), a paisagem (23%) e a vegetação (23%) foram as mais enumeradas (Fig.6).

(5)

Figura 6: Aspectos relevantes das belezas do rio Itapecuru de acordo com os entrevistados. 2% 3% 5% 6% 7% 19% 23% 27% 8%

Não existe beleza Sem resposta As cheias As cachoeiras A paisagem A Vegetação As m argens As águas Outros

Na percepção dos entrevistados o lixo e o desmatamento somaram quase 80% dos aspectos considerados negativamente impactantes e comprometedores da beleza do rio. Os entrevistados também apontaram a poluição residencial, o assoreamento e as queimadas, porém, com percentuais relativamente menores.

Figura 7: Aspectos que tornam o rio feio segundo a percepção dos entrevistados.

44 % 35 % 9% 4% 1% 1% 6% L ix o D es m a tam e n to P o lu iç ão res id e n cial A s so re a m en to Q u e im ad a s S e m res p o sta O u tro s

(6)

Figura 8: Sugestões para a melhoria do rio de acordo com a opinião dos entrevistados. 35% 18% 12% 7% 9% 9% 5% 2% 1% 2% Reflorestamento Limpeza do leito Fiscalização Conscientização Preservação Retirada dos esgotos Projeto de recuperação Dragagem

Sem resposta Outros

Os usuários foram unânimes em apontar a poluição residencial, as impurezas (53%) e o lixo (41%) como os aspectos impactantes que deveriam ser contemplados pelas políticas públicas (Fig.9).

Figura 9: Sugestões de melhoria para a bacia hidrográfica.

41%

53%

3% 3%

L ixo

Po lu ição resid en cial e im p u rezas Á rvo res caíd as

S em resp o sta

O estudo também apontou a multiplicidade de usos das águas da bacia o que possivelmente contribui para possíveis conflitos envolvendo a quantidade e qualidade da água disponível.

Os entrevistados foram questionados se as ações de melhoria do rio estão ou não sendo implementadas pelo poder público, segundo a sua opinião. A maioria (80,40%) respondeu que não, 7,43% respondeu afirmativamente e 8,11% respondeu que mais ou menos. Um

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Finalmente, o estudo revelou que a população ribeirinha possui expectativa pessimista com relação ao futuro do rio (Fig.10).

Figura 10: Qual a perspectiva de futuro para o rio Itapecuru na percepção dos entrevistados. 49% 29% 8% 4% 4% 6% Secar Melhorar Nenhuma Aumentar a poluição Sem resposta Outros DISCUSSÃO

Considerando as limitações inerentes ao estudo de percepção ambiental, os resultados do presente trabalho permitiram verificar que a população ribeirinha usa com freqüência o rio. Isto se deve à localização das cidades que foram todas resultado da colonização de aglomerados humanos às margens do rio desde tempos históricos. Antes da década de 30 a bacia despontou no cultivo de algodão tornando-se o rio uma hidrovia para o escoamento da produção agrícola e de outras mercadorias necessárias à sobrevivência da população ribeirinha.

Com a queda da produção agrícola, o incremento populacional e o desmatamento, o rio tornou-se pouco usado para o escoamento de mercadorias pois o seu leito encontra-se assoreado em grande parte do seu trecho. Na época da estiagem, com a evaporação, a vazão do rio diminui sensivelmente existindo trechos onde é possível atravessá-lo com o nível da água abaixo dos joelhos.

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A questão do lixo envolve a atuação, muitas vezes inoperante do poder público, mas também envolve a participação da população como agente causador da degradação. Del Rio e Oliveira (1996) analisam que “ambientes com pouca qualidade físico-espacial são comumente vandalizados...Constantemente e não sem razão, os cidadãos expressam o seu descontentamento ou descuido para com o meio ambiente...Isto porque o sofrimento dessas comunidades não se resume à questão sócio-econômica e ao conflito de classes. Em seu uso cotidiano dos espaços, equipamentos e serviços urbanos, elas sentem diretamente os impactos da qualidade ambiental com a performance ambiental dos bairros de periferia, conjuntos habitacionais, hospitais, escolas públicas, dentre outros”. O estudo revela também que a população ribeirinha possui baixa expectativa com relação ao futuro do rio e às políticas públicas da qual a população espera as ações de melhoria para a conservação e manutenção da bacia hidrográfica e de sua qualidade de vida.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos sinceramente ao UNICEF, Instituto do Homem, ao geógrafo Ubiratan Ângelo Mendes e a todos os representantes municipais e comunidade em geral da bacia do Rio Itapecuru que colaboraram para a realização do presente trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Aranha, F.J., Ibañez, M.S.R., Correia, M.M.F., Carvalho, I.S., Martins, F.J.C. Itapecuru River basin (Maranhão, Brazil): limnological, geological and geomorphological preliminary characterization. Verh. Internat. Verein. Limnol. 26:857-859. 1997.

2. Del Rio, V., Oliveira, L. de. Percepção ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel; São Carlos, SP: Universidade Federal de São Carlos. 265 p. 1996.

3. MMA/MEC. Conferência Nacional de Educação Ambiental – Declaração de Brasília para a Educação Ambiental. 88 p. 1997.

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