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Humidade em Edifícios Intervenções

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Projeto FEUP - 12MC05_03 – Humidade em Edifícios - Intervenções

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Humidade em Edifícios

Intervenções

Orientadora: Engª Assis. Ana Vaz Sá Monitor: Hugo Vieira

Outubro 2012

Bruno Linhares, Bruno Ribeiro, Helena Paixão, Márcio Monte, Pedro Oliveira e Raquel Castro.

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Projeto FEUP - 12MC05_03 – Humidade em Edifícios - Intervenções 1

Índice

1. Introdução 2. Humidade 3. Tipos de Humidade 3.1. Humidade em construção

3.1.1. Reparação das anomalias provocadas por humidade de construção

3.2. Humidade de precipitação

3.2.1. Intervenções na humidade de precipitação 3.3. Humidade de Condensação

3.3.1. Condensação superficial 3.3.2. Condensação interna

3.3.3. Formas de tratamento da humidade de condensação superficial

3.3.4. Soluções para a humidade de condensação interna 3.4. Humidade Ascencional

3.4.1. Metodologia de intervenção

3.5. Humidade devido a fenómenos de higroscopicidade 3.5.1. Medidas interventivas

3.6. Humidade devido a causas fortuitas 4. Caso de estudo 5. Conclusão 6. Bibliografia/webgrafia 1 2 4 4 5 6 6 7 8 8 9 11 12 13 15 16 19 20 25 26

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1.Introdução

Numa sociedade cada vez mais exigente, as exigências de conforto nos ambientes interiores e de durabilidade das infraestruturas têm vindo a aumentar nos últimos anos, adquirindo particular relevância.

A Humidade apresenta – se como uma das principais causas de degradação, redução da durabilidade dos materiais e aparecimento de anomalias em edifícios, logo uma infraestrutura nova requer os seus cuidados nos estudos topográficos, na execução do projecto, na construção e na verificação de qualidade. É necessário ter estes cuidados na construção de um novo edifício pois uma correção tem muitas vezes um custo superior ao custo de uma solução projectada com melhor qualidade.

Em geral a humidade não põe em risco a estrutura de um edifício a menos que se trate de um edifício antigo, neste tipo de construções são requeridos mais cuidados nas intervenções necessárias para reparar o problema.

Distinguem-se neste relatório diferentes tipos de humidade existindo também diferentes níveis de intervenção.

Neste relatório abordam-se vários tipos de humidade, tais como: ascensional, causas fortuitas, construção, condensação, precipitação e fenómenos de higroscopicidade. Com o respetivo diagnóstico de situação e soluções de reparação de anomalias. Por fim apresenta-se um caso específico de estudo, mais concretamente a Universidade Católica Portuguesa situada no campus da Asprela, Paranhos, Porto.

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2.Humidade

A humidade pode ser brevemente definida como a quantidade de vapor de água presente na atmosfera. No entanto, esta quantidade de vapor de água, está longe de estar presente de forma uniforme no planeta, pois vemos sítios com um teor de humidade muitíssimo elevado, como por exemplo as florestas tropicais, e outros que, pelo contrário, apresentam um teor muito baixo, como por exemplo os desertos. Por outro lado, para uma dada temperatura, há um limite para a quantidade de vapor de água que o ar pode conter. Quando esse limite é atingido, diz-se que o ar está saturado.

A humidade, no entanto, não se expressa sempre da mesma maneira, derivado ao facto de existirem muitos tipos de humidade, entre os quais a humidade ascensional, de construção, de higroscopicidade, de condensação e de precipitação, provocando cada uma danos às construções e até ao próprio ser humano.

Existem várias formas de exprimir a quantidade de vapor de água na atmosfera, sendo as mais utilizadas a temperatura do ponto de orvalho e a humidade relativa, porventura, existem outras metodologias, tais como a humidade específica ou através da utilização de higrómetros, tanto de absorção, de condensação, elétricos ou químicos. Apesar de todos estes terem um funcionamento distinto, têm um propósito comum, a medição de humidade de um gás ou vapor na atmosfera. No método da humidade relativa esta mede a quantidade de vapor de água que existe no ar em relação ao máximo que o ar poderia conter à mesma temperatura. Depende não só da quantidade de vapor de água contida no ar, mas também da temperatura deste. Se a quantidade de vapor de água contida no ar permanecer constante, a humidade relativa aumenta se a temperatura descer.

Esta relação pode escrita na expressão matemática seguinte:

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Onde:

 é a pressão parcial de vapor de água em uma mistura de gases;  é a pressão de vapor de saturação da temperatura da mistura de gases;  é a umidade relativa da mistura de gases sendo considerada.

A humidade apresenta vários efeitos negativos sobre os edifícios, tanto antigos como recentes ou até mesmo em fase de construção. Entre os efeitos estão os seguintes:

- Manchas na base das construções;

− Destruição dos rebocos e da argamassa de ligação, pela formação de sulfatos e pela sua consequente subida;

− Formação de bolores, também muito prejudiciais à saúde humana; − Aumento da dispersão de calor proveniente do interior do edifício;

− Alvenarias das paredes mais frias onde se verificam com muita facilidade fenómenos de condensação;

− Ambiente insalubre;

− Destacamento das camadas superficiais nalgumas pedras e no tijolo, por efeito da cristalização de sais.

Contudo, com a evolução da tecnologia e da ciência, já é possível evitar estes efeitos referidos, e ainda mais importante, intervir quando os edifícios já estão afetados por este tipo de patologias. Os principais métodos e técnicas utilizadas atualmente são as aplicações de impermeabilizantes adequados a cada superfície, podendo ser utilizados tanto em paredes, telhados e fundações de edifícios. Outras técnicas mais convencionais passam pelo uso de desumificadores, que extraem a humidade do ar, ou então uma ventilação eficaz dos edifícios.

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3.Tipos de Humidade

3.1.Humidade em Construção

As construções utilizam água para a sua confecção. Normalmente as quantidades de água introduzidas nos edifícios são significativas e muitas vezes menosprezadas.

Os processos de secagem dos materiais porosos, como por exemplo, o tijolo e o betão ocorrem em três fases distintas:

- Evaporação da água superficial dos materiais ocorre rapidamente;

- Evaporação da água existente nas nos poros de maiores dimensões, processo mais demorado;

- Libertação da água existente nos poros de menores dimensões – Processo extremamente lento que pode ocorrer ao longo de vários anos.

A Humidade de construção pode dar origem a anomalias, quer por evaporação de água existente, podendo dar origem à ocorrência de condensações, ou então pelo facto de os materiais terem um teor de água superior ao normal, levando assim ao aparecimento de manchas de humidade ou condensações. Mas estas anomalias ao fim de um período de tempo acabam por desaparecer.

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3.1.1.Reparação de anomalias provocadas por humidade de

construção

- Reforço da Ventilação dos Ambientes

- Abertura das janelas, permitindo a ocorrência de correntes de ar, favorecendo o processo de secagem.

- Aumento da Temperatura do Ar

- O aumento da Temperatura do ar provoca a diminuição da respectiva humidade relativa. Para esse fim podem ser utilizados aquecedores destinados a aumentar a temperatura dos locais (excepto de gás butano). O aquecimento dos locais só deve ser efectuado em conjugação com uma ventilação eficiente.

- Diminuição da Humidade Relativa

- Utilização de desumificadores que retiram a água do ar. A utilização desses equipamentos só tem sentido se se mantiverem todas as janelas fechadas, sendo a eficácia da secagem elevada se forem aplicados em conjunto com aquecedores.

A análise da secagem da parede deve ser feita numa zona do seu interior, e não apenas à superfície, pois em muitas circunstâncias esta pode estar seca no exterior, enquanto que no seu interior os teores de água poderão ainda ser bastante elevados, dando origem a que a água em excesso migre do interior da parede para a respectiva superfície, restabelecendo as condições propícias à ocorrência das anomalias.

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3.2.Humidade de Precipitação

Este tipo de humidade manifesta-se através de manchas no exterior das estruturas aquando do período de ocorrência de precipitações, constituindo deste modo um fator de degradação dos materiais.

A chuva aliada a ventos de fortes intensidades deteriora a capacidade de resistência e o estado físico das construções pois provoca o humedecimento dos paramentos interiores.

Este humedecimento pode ocorrer por penetração por gravidade, que consiste na formação de cortinas de água causadas pela ação continuada da chuva ou por penetração direta, através de fissuras ou paredes mal vedadas, com deficiências de conceção. Quanto maior a energia cinética das gotas da chuva maior a quantidade de água que se infiltra nas estruturas.

3.2.1 Intervenções na Humidade de Precipitação

Com esta infiltração, o teor de água dos materiais aumenta provocando fenómenos de condensação como consequência do humedecimento das paredes.

A construção de paredes duplas com caixa-de-ar surge como resposta a este tipo de humidade mas, no entanto ainda apresenta incorrecções: entupimento da caixa com desperdícios de argamassa e outros materiais, estribos de ligação interiormente inclinados, ma construção do dispositivo de recolha de aguas de infiltração, ma construção dos orifícios de drenagem de recolha de águas.

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3.3.Humidade de condensação

Este tipo de humidade esta intimamente relacionado com o vapor de agua existente no ar que se respira.

Para melhor compreensão deste fenómeno é necessário definir conceitos:

Denomina-se limite de saturação a quantidade máxima de vapor de água que o ar pode conter e varia na razão direta da temperatura, ou seja, aumenta com o aumento da temperatura e diminui com o abaixamento desta.

Humidade absoluta designa a quantidade de vapor de água que o ar contém e humidade relativa é a relação entre a humidade absoluta e o limite de saturação, sendo expressa em percentagem.

Assim, existem dois tipos de condensações: superficial e interna.

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3.3.1.Condensação superficial

A cada temperatura corresponde uma pressão máxima de vapor, atingida quando o ar fica saturado de vapor, ou seja, quando alcança os 100% de humidade relativa. Quando se verifica este fenómeno, o vapor condensa e deposita-se sob a forma de água.

Este fenómeno sucede quando se baixa progressivamente a temperatura e a massa de vapor de água (humidade absoluta) permanece constante, ao contrário da humidade relativa que aumenta até que o vapor passe ao estado líquido (condensação), o que confirma a relação de proporcionalidade direta entre limite de saturação e temperatura: uma massa de ar contém mais vapor de água quanto maior a temperatura e, na razão inversa, temperaturas baixas implicam a condensação do vapor.

O risco de ocorrência de condensações pode ser minimizado por exemplo através do isolamento térmico das paredes pois assim a temperatura superficial será mais elevada, para uma mesma gama de temperaturas interiores e exteriores; melhoria da ventilação dos espaços, o que levará à diminuição da humidade relativa do ar; acréscimo da temperatura ambiente interior o que conduzirá à temperatura superficial interior e correta ocupação das construções.

3.3.2.Condensações internas

Quando num dado ponto o fluxo de vapor ao atravessar a parede por difusão iguala o valor do limite de saturação para uma dada temperatura e condensa trata-se de um caso de condensação interna.

Este fenómeno pode ser influenciado pelas características do isolamento térmico dos materiais que constituem as paredes, que vão determinar o limite de saturação em cada ponto; características de permeabilidade ao vapor de água dos mesmos materiais que vão determinar a taxa de difusão do vapor.

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3.3.3.Formas de Tratamento da humidade condensação

superficial

Para tratamento deste tipo de humidade, podem utilizar-se 3 formas diferentes:

a)Reforço do isolamento térmico das paredes;

b)Reforço da ventilação dos espaços;

c)Reforço da temperatura ambiente.

a)Reforço do isolamento térmico das paredes

Tem a função da diminuição de ocorrências de humidade, manifestada pelas condensações superficiais, através de isolamento térmico em caixas-de-ar.

Este isolamento térmico poderá ser realizado interiormente, exteriormente ou então através do isolamento térmico caixas-de-ar.

No isolamento exterior é possível aplicar um revestimento fino na camada isolante ou através de elementos descontínuos na caixa-de-ar, não descartando o revestido pelo isolante.

No reforço do isolamento térmico aplicado no interior, os materiais isolantes aplicados no lado interior da estrutura permitem um melhor isolamento térmico e o restauro de zonas danificadas pela humidade. Estes materiais podem ser do tipo de contra-fachadas constituídas por placas de gesso cartonado, que contém isolante na caixa-de-ar ou através de uma contra-fachada de alvenaria com isolante da caixa-de-ar.

Em paredes duplas, observa-se a existência de caixas-de-ar que permitem uma regulação térmica das estruturas. Com o reforço do seu isolamento, ocorre a deposição, neste local, de espumas isolantes no local da caixa-de-ar ou então o

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10 seu preenchimento com produtos sólidos e granulares tais como argilas, poliestireno, poliuretano, ou perlite.

b)Reforço da ventilação:

Esta medida visa a diminuição da humidade aérea através da correção de deficiências no sistema de extração do ar através da instalação de dispositivos mecânicos de extração de ar, automáticos ou então através da instalação de grelhas especiais para realizarem uma ventilação do ar na zonas localizada nos lados superiores das paredes.

c)Reforço da Temperatura ambiente:

Esta medida permite a diminuição da humidade aérea através do aumento da temperatura superficial das paredes, diminuindo, assim, a humidade.

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3.3.4.Soluções para a humidade de condensação interna:

Quando estamos perante este problema podem encontrar-se duas situações:

Em suma, a existência de condensações internas em paredes de texturas e formas heterogéneas irá diminuir se estas contiverem materiais de fraca permeabilidade pouco isolantes no seu interior e materiais pouco permeáveis e bons isolantes no lado exterior.

Isolamento Insuficiente Isolamento suficiente

Reforço deve ser feito com o propósito de diminuir o aparecimento de humidade por condensação Montagem de materiais impermeáveis ao vapor de água no lado interior das estruturas

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3.4 Humidade Ascencional

A humidade ascendente pode ser definida como o fluxo vertical de água que consegue ascender do solo – através do fenómeno da capilaridade – para uma estrutura permeável.

A ascensão de água nas paredes, que pode ocorrer até alturas significativas, é função de:

- condições de evaporação de água que para aí tenha migrado;

- porosidade do material;

- permeabilidade do material;

Os materiais minerais, tais como o betão, os tijolos, os revestimentos à base de cimento ou de cal, o grés, a pedra natural ou artificial, o fibrocimento e os revestimentos à base de silicatos e cimento etc.. apresentam uma acção capilar. Quanto maior for o número de capilares finos, maior será a humidade ascensional. O grau de humidade depende também da possibilidade de evaporação e da espessura das paredes. Os maiores danos são provocados pela cristalização de sais resultantes da evaporação da água, sendo um fenómeno constante e cumulativo enquanto não se resolve o problema da humidade ascensional.

Na maior parte dos casos não se pode evitar que o solo seja húmido. Pode estar saturado ou não de humidade, ou seja, os seus poros podem ou não estar cheios de água líquida. Grande parte do solo encontra-se sempre saturada de água, formando a camada de água subterrânea ou freática, cujo nível superior corresponde ao nível de água nos poços.

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3.4.1.Metodologias de tratamento

Existem diferentes formas de evitar o aparecimento de humidade ascensional em paredes, uma das mais preconizadas é evitar o contacto da água que circula nas fundações ou no solo com a parede, para o conseguir existem muitos e diversos meios através do qual o poderemos conseguir, por exemplo a colocação de barreiras impermeáveis, que isolem as paredes e protejam os elementos construtivos são das mais usadas.

No entanto existem diferentes abordagens ao problema do tratamento da humidade ascensional, entre as quais:

 Métodos cujo objectivo é impedir a ascensão da água nas paredes, e portanto visam por exemplo rebaixar o nível freático, isso pode ser conseguido com diferentes métodos, este tipo de estratégia apresenta-se muito condicionada ao tipo de solo e ainda com o espaço existente;

 Métodos destinados a retirar a água em excesso das paredes, métodos estes que tem caído em desuso devido à sua ineficácia, neste grupo de métodos estão a electro-osmose e os drenos atmosféricos;

 Métodos que visam impedir o acesso de água às paredes, que incluem a criação de barreiras físicas ou químicas, nas paredes;

 Métodos com vista a ocultar as anomalias, onde se incluem rebocos especiais e a criação de paredes para a ocultação das zonas afectadas.

A utilização de técnicas desapropriadas poderá ser inútil e até mesmo prejudicial, portanto as intervenções devem ser planeadas e estudadas antes da sua execução. A colocação de camadas impermeáveis nas paredes reduz a capacidade da parede “respirar” impossibilitando a passagem de vapor de água produzido em excesso

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14 no interior e impedindo o restabelecimento do equilíbrio perdido. Este facto provoca a condensação do vapor ao longo das paredes e o aparecimento de condensações. Se por outro lado, a impermeabilização não for bem-feita, e na totalidade, poder-se-á verificar um aumento da ascensão capilar associado à diminuição da evaporação superficial.

Em todos os casos é necessário analisar previamente a situação de modo a realizar um diagnóstico correcto. É essencial conhecer os materiais que constituem as paredes, as suas características porosas, a espessura da parede, o teor em água e os eventuais sistemas de aquecimento e ventilação existente no interior da habitação.

Estes factores influenciam a altura atingida pela humidade ascensional na parede e por isso qualquer intervenção não deverá ser feita sem um diagnóstico do problema, de forma a obter-se o maior sucesso possível.

Tendo em conta as diferentes abordagens, que anteriormente se explicaram, revela-se um resumo de todas as técnicas consideradas, no qual se apresentam então de forma esquemática as metodologias consideradas no tratamento da humidade ascensional.

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3.5.Humidade devido a fenómenos de higroscopicidade

A higroscopicidade é a propriedade que os materiais porosos têm para, quando colocados no estado seco num ambiente com uma dada humidade relativa, reterem nos seus poros uma certa quantidade de humidade existente no ambiente, até se atingir uma situação de equilíbrio.

Existem diversos materiais de construção que apresentam na sua constituição sais solúveis em água, o mesmo acontece com os solos, especialmente em locais ricos em matérias orgânicas.

A existência destes sais no interior das paredes não é, em circunstâncias correntes, particularmente gravosa. No entanto, se as paredes forem humidificadas os sais dissolvidos acompanharão as migrações da água até as superfícies onde cristalizarão designadamente sob a forma de eflorescências e criptoflorescências.

Alguns destes sais são higroscópicos, isto é, têm a propriedade de absorverem a humidade do ar dissolvendo-se, quando a humidade relativa do ar está acima de 65-75%, voltando a cristalizar, quando a humidade relativa baixa daqueles valores, com um considerável aumento de volume. Dessa forma, estes sais são susceptíveis, não só de provocarem o humedecimento das superfícies sobre as quais se encontrarem, mas também darem origem a fenómenos de degradação, resultantes dos aumentos de volume que acompanham a sua cristalização, em consequência da sucessão de ciclos dissolução-cristalização.

Os sais solúveis que se encontram associados mais frequentemente à ocorrência de manifestações patológicas são os sulfatos, os carbonatos, os cloretos, os nitritos e os nitratos, dos quais os dois primeiros não são higroscópicos.

As anomalias devidas a fenómenos de higroscopicidade são caracterizadas pelo aparecimento de manchas de humidade em locais com fortes concentrações de sais, eventualmente associadas a degradações dos revestimentos das paredes. Estas manifestações podem ocorrer durante todo o ano, mesmo no verão, em períodos de elevadas humidades do ar, no caso das manchas, ou de variações frequentes daquele estado higrométrico, no que se refere às degradações dos revestimentos.

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16 Nas situações de ocorrência de manchas de humidade, os teores de água das paredes são, a um dado nível, decrescentes ao longo da espessura das paredes, do interior para o exterior.

Importa realçar a semelhança existente, ao nível dos sintomas, entre este tipo de anomalias e as resultantes de fenómenos de condensação superficial, o que é susceptível de criar algumas dificuldades no processo de diagnóstico.

Os materiais de construção podem apresentar vários graus de higroscopicidade que podem ser classificados em dois grandes grupos:

Materiais higroscópicos: Quando a quantidade de água fixada por adsorção é relativamente importante.

Materiais não-higroscópicos: Quando a massa é praticamente constante qualquer que seja a humidade relativa da ambiência onde se encontrem.

Os materiais correntemente usados em Engenharia Civil são higroscópicos, isto é, quando são colocados numa ambiência em que a humidade relativa varia, o seu teor de humidade também varia.

3.5.1.Reparação de anomalias provocadas por humidade devida a

fenómenos de higroscopicidade

As anomalias provocadas por humidade devida a fenómenos de higroscopicidade contam-se, duma forma geral, entre as de mais difícil resolução, sempre que não se pretenda modificar o aspecto das superfícies em que ocorram essas anomalias.

Em termos genéricos, encontram-se disponíveis quatro tipos destinados a corrigir aquelas manifestações patológicas:

- Remoção dos sais higroscópicos: é um tipo de operação extremamente delicado que se efectua, em geral, apenas em paredes que apresentem um valor artístico

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17 significativo. Estas operações são efectuadas utilizando compressas de algodão ou papel absorvente, embebidas em água destilada, colocadas sobre as zonas afectadas. Por acção da humidade, os sais vão sendo transferidos para as compressas, diminuindo dessa forma a sua concentração nas zonas superficiais das paredes.

- Substituição dos elementos afectados: Sempre que seja viável a substituição dos elementos afectados por outros novos, esta operação constitui um tipo de intervenção bastante eficaz, desde que seja observado, pelo menos, um dos cuidados seguintes:

- Assegurar que os novos materiais não fiquem em contacto com as zonas afectadas das paredes existentes (por exemplo através da utilização de matérias intermédios impermeáveis ou da execução de uma caixa-de-água entre os elementos novos e os antigos);

- Utilizar materiais impermeáveis ou de muita baixa permeabilidade ao vapor de água.

- Ocultação das anomalias: Trata-se de uma forma relativamente económica de resolver este tipo de problemas, apesar de não ser viável a sua utilização em paredes com valor histórico ou artístico.

A solução consiste, quer na execução de uma nova parede pelo interior, que na aplicação de revestimentos de parede especiais.

- Controlo da humidade relativa do ar: Desde que a humidade relativa do ar em contacto com as zonas afectadas das paredes seja sempre inferior ou superior a 65-75%, consoante o que for mais fácil assegurar, os sais higroscópicos permanecerão sempre cristalizados ou dissolvidos, respectivamente não exercendo dessa forma a sua ação destrutiva, a qual é devida a sucessão de fenómenos de dissolução/cristalização.

O controlo da humidade relativa do ar pode ser efectuado através de dispositivos mecânicos de humidificação ou desumidificação (conforme os casos), atuando, quer sobre todo o espaço disponível, solução mais dispendiosa, quer apenas junto as paredes afectadas ou em espaços confinados, situação em que é necessária a existência de uma separação física entre os espaços condicionados e não condicionados, obtida, por exemplo com elementos de vidro. Esta solução pode ser adotada em

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18 situações especiais, servindo simultaneamente para a proteção das paredes em causa contra riscos de vandalismo.

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3.6.Humidade devida a causas fortuitas

São inúmeras as situações de ocorrência de humidades devidas a causas fortuitas e torna-se por este facto difícil sistematizar todas as causas possíveis. De uma forma geral, caracterizam-se pela sua natureza pontual, em termos espaciais, e decorrem de defeitos de construção, falhas de equipamentos ou de erros humanos, quer ativos como por exemplo os acidentes, que passivos como no caso de falta de manutenção.

De entre as causas mais frequentes deste tipo de anomalias, destacam-se as que decorrem de ruturas de canalizações, designadamente as de redes de distribuição de águas correntes, de águas pluviais e de esgotos. Outras causas comuns são as infiltrações nas paredes de águas provenientes da cobertura devidas, por exemplo, entupimentos de caleiras, algerozes ou tubos de queda, a deficiência do remate da cobertura com as paredes emergentes ou a deficiências no capeamento destas paredes.

Os sintomas associados aos fenómenos de humidade devida a causas fortuitas são, naturalmente muito variáveis, apresentando, contudo, em bom número de casos algumas características típicas, das quais se destacam as seguintes:

- Associação com os períodos de precipitação em situações relacionadas com infiltrações com água das chuvas e maior gravidade dos fenómenos em relação aos que resultariam normalmente dessas infiltrações;

- Carácter permanente e de grande gravidade em situações de ruptura de canalizações, eventualmente sazonal se estas forem de aguas pluviais;

- Migração da humidade para locais afastados da origem das anomalias em situações em que o débito de água seja fraco e propicie a actuação dos mecanismos da capilaridade.

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4.Caso de estudo

Universidade Católica Portuguesa

Fig. 7- Polo Asprela, Porto – Universidade Católica Portuguesa

No âmbito do trabalho foi proposta a exploração do tema (“Intervenções na Humidade dos Edifícios) foi proposta a exploração de um caso de estudo, sendo o eleito o caso da Universidade Católica Portuguesa Porto, localizada no Campus da Asprela.

Esta instituição encontra-se, neste o momento, em obras de expansão em algumas das suas áreas, possuindo também outros dos seus edifícios em bom estado de conservação. No entanto, existe uma parte que se encontra degradada pela acção da humidade, sendo sobre essa parcela que o estudo irá incidir.

Com algumas reuniões de grupo exploraram-se as infra-estruturas desta instituição para recolha de alguns materiais visuais para o trabalho.

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Análise do problema:

Com a análise do espaço, encontraram-se os seguintes locais onde são visíveis as marcas de humidade no edifício (figuras:8; 9; 10; 11)

Analisando cada situação e após interiorização de certos conceito, tais como os tipo de humidade (causas fortuitas, precipitação, higrospicidade, condensação, construção e de terreno) procedeu-se à identificação de patologias e características associadas:

Fig.8-Parede Exterior-jardim- U.Católica

Fig.9-Parede relativa a zona de entrada-U.Católica

Existência de Fendas ou rupturas

Desenvolvimento de seres vivos resultante do ambiente húmido Marca vísiviel da incidência da água Degradação do Isolamento exterior Degradação do revestimento Exterior Degradação do revestimento Exterior

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22 Na fig.8 e na fig.9 são claramente visíveis as marcas da degradação da estrutura através da humidade. Podem também observar-se, ainda melhor através da fig.6, que a chuva será o principal causador que, aliada ao vento, irá degradar os edifícios, sendo, por isso, esta a humidade de precipitação.

A existência de fissuras ou fendas mal vedadas permite a penetração da água proveniente das chuvas que combinada ao seu poder cinético ira infiltra-se na estrutura. A penetração da água poderá ser também causada pela gravidade quando ocorre precipitação de grande intensidade e se formam cortinas de água.

Fig.10-Parede exterior –parque de estacionamento-U.Católica

Degradação do revestimento exterior Vestigios de humidade Degradação do revestimento exterior Vestigios de humidade

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23 Com a análise das figuras 10 e 11, pode-se constatar um tipo diferente de humidade da das figuras anteriores.

Neste caso, o mau estado de conservação deve-se a aplicação deficiente do isolamento exterior sendo esta a humidade de causas fortuitas na fig.10 enquanto que na fig11 estamos perante um caso de humidade ascencional. Na humidade por causas fortuitas, como referido anteriormente, provoca anomalias são de natureza localizada e podem apresentar o aspeto evidenciado nestas imagens enquanto que na humidade ascencional é provocada pelo contacto entre a parede e o solo húmido e/ou água, presença de materiais com elevada capilaridade e ausência de corte-hídrico. Manifesta-se pelo aparecimento de manchas na baManifesta-se da construção, surgimento de cristalizações (deposição de sais) à superfície ou no interior do revestimento da parede, degradação das pinturas e destacamento das dos rebocos ou de fragmentos de materiais de construção.

Concluindo, é possível afirmar que neste edifício são visíveis vários tipos de humidade, entre os quais se destacam a humidade de precipitação e a humidade de causas fortuitas, que conduzem à degradação do aspeto físico e de certo modo químico dos materiais. Certas medidas terão que ser tomadas para evitar a expansão da humidade ao longo do edifício e de modo a evitar certos problemas futuros.

De forma a solucionar o problema da humidade devido a precipitação deveriam ser construídas paredes duplas com caixa-de-ar surge como resposta.

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5.Conclusão

Com a realização deste trabalho é possível observar que todas as construções, independentemente dos vários factores, se encontram susceptíveis ao aparecimento de humidade. O local, a qualidade dos materiais, a própria projeção do edifício, a idade e o método de construção são alguns dos fatores que influenciam o aparecimento da humidade. Vários tipos de humidades permitem a degradação destes edifícios mas para cada tipo há uma forma específica de combate/prevenção a este tipo de humidade.

De forma a compilar todos os conhecimentos obtidos com a realização deste relatório foi realizada a seguinte tabela ilustrativa com os vários tipos de humidade e as formas mais comuns de tratamento deste problema:

Tipos de

Humidade Características Metodologia de Intervenção

Humidade Ascencional

Provocada pelo contacto entre a parede e o solo húmido e/ou água, presença de materiais com elevada capilaridade e ausência de corte-hídrico. Manifesta-se pelo aparecimento de manchas na base da construção, surgimento de cristalizações (deposição de sais) à superfície ou no interior do revestimento da parede, degradação das pinturas e destacamento das dos rebocos ou de fragmentos de materiais de construção.

Os tratamentos mais eficientes para esta patologia passam pelas barreiras químicas (muito boas a nível da polivalência e boas no seu aspeto) e ventilação na base das paredes (boa na polivalência e aspeto).

Humidade por causas fortuitas

Anomalias de natureza localizada.

Relacionadas aos períodos de precipitação no caso de prévias infiltrações, apresentando danos mais graves que infiltrações comuns.

Apresentam um carácter permanente e de elevada gravidade associadas a roturas de canalização e um carácter sazonal quando relacionadas com águas pluviais.

Propiciam a acção de fenómenos de capilaridade quando a humidade se afasta da origem da anomalia.

O tratamento para este tipo de humidade passa pela identificação da sua origem, sendo necessário ajustar a solução à natureza do problema.

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Projeto FEUP - 12MC05_03 – Humidade em Edifícios - Intervenções

25 Humidade de

construção

Manifesta-se durante e após a construção de um edifício, podendo dar origens a anomalias relacionadas a outros tipos de humidade e deficiências na estrutura. Esta apresenta-se sob a forma de manchas.

A intervenção neste caso passa pelo aumento da temperatura do ambiente, recorrendo a aquecedores, e da redução da percentagem de humidade relativa do ar através da instalação de desumificadores, reforçando a ventilação do local. Humidade de condensação

Fenómeno resultante da condensação humidade do ar quente sobre uma parede, originado pelo contacto entre o ar quente e

húmido de um local e uma zona fria. Os sinais desta patologia dependem dos

materiais envolvidos, podendo causar apodrecimento de madeiras, formação de

pequenas bolhas e danos a nível de soalhos, paredes e estuques.

Para a humidade de condensação do tipo superficial deve reforçar-se o isolamento térmico das alvenarias e aumentar a ventilação e a temperatura do local.

Para a humidade de condensação interna devem ser aplicados materiais impermeáveis ao vapor de água no lado interior das estruturas Aplicação de biocida para esterilizar a superfície contaminada (excelente no combate a bactérias, fungos, algas e líquenes).

Humidade resultante de fenómenos de higroscopicidade

Cristalização dos sais (higroscópicos) dissolvidos na água e absorção de

humidade por parte dos mesmos, aumentando o humedecimento da parede e

a sua degradação

Remoção dos sais

higroscópicos

utilizando compressas de algodão ou papel absorvente, embebidas em água destilada, colocadas sobre as zonas afectadas é uma estratégia recomendada para este tipo de patologia, bem como a substituição dos elementos afectados.

Humidade de Precipitação

Gravosa quando tem a condição vento associada, devido à penetração direta. Pode

originar uma cortina de água passível de penetrar na parede devido à escorrência pela superfície, manifestando-se através de

manchas de humidade de dimensões variáveis.

Remoção dos revestimentos existentes e aplicação de novos, bem como de hidro-repelentes na parede, sendo necessário escolher correctamente o produto em função da sua natureza.

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Projeto FEUP - 12MC05_03 – Humidade em Edifícios - Intervenções

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6.Bibliografia/ Webgrafia:

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Manifestação, Critérios de Quantificação e Análise de Soluções de Reparação, Tese de Doutoramento, UTL, 1993

Appleton, João, “Reabilitação de edifícios antigos - patologias e tecnologias de intervenção”, Edições Orion, 2003

 Freitas, V. P. de, Torres, M.I.M., Guimarães, A. S. – Humidade Ascensional, FEUP edições; 2008.  http://lftc.civil.uminho.pt/Textos_files/construcoes/cp2/Cap.%20V%20-%20Impermeabiliza%C3%A7%C3%B5es.pdf  http://www.estt.ipt.pt/download/disciplina/1136__Humidade_Constru%C3%A7 %C3%A3o.pdf  http://www.seleccoes.pt/como_combater_a_humidade  http://www.meteo.pt/pt/areaeducativa/interpretar_tempo/grandezas/index.html?p age=humidade.xml  http://www.prof2000.pt/users/LA/humidade.htm  http://www.facavocemesmo.net/remocao-de-humidade-e-condensacao/  http://www.biu.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=98&Itemid =98  http://construironline.dashofer.pt/?s=modulos&v=capitulo&c=7067  http://www.lnec.pt/organizacao/dm/npc/dissertacao_Pedro_Puim.pdf  www.patorreb.com

Referências

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