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Palavras-chaves: Censo; População Indígena; Pernambuco; Análise de Componentes Principais (ACP)

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Comparação do perfil socioeconômico e sanitário de indígenas e não

indígenas nas áreas rurais dos municípios com Terras Indígenas do

Estado de Pernambuco a partir do Censo 2000 utilizando Análise de

Componentes Principais (ACP)

*

Ludimila Raupp de Almeida† Oswaldo Gonçalves Cruz‡ Ricardo Ventura Santos§

Palavras-chaves: Censo; População Indígena; Pernambuco; Análise de Componentes Principais (ACP)

RESUMO

O presente estudo analisa dados do Censo Demográfico 2000 realizado pelo IBGE. O objetivo é analisar do perfil socioeconômico e sanitário dos domicílios localizados nas áreas rurais dos municípios com Terras Indígenas (T.I.) do Estado de Pernambuco, contrastando as características dos domicílios cujos responsáveis eram indígenas com aquelas dos demais grupos de cor ou raça. Trata-se de um estudo ecológico cuja unidade de análise são as áreas rurais dos municípios com T.I. do estado de Pernambuco em 2000, estratificados segundo cor ou raça (branca, preta, parda, indígena) dos responsáveis pelo domicílio. As análises foram realizadas utilizando o software estatístico R 2.14.1.. Foram criados 56 indicadores, agrupados em oito blocos temáticos. Cada um dos blocos de indicadores foi submetido à Análise de Componentes Principais (ACP), o que resultou na seleção de 10 indicadores que compuseram o modelo final. As análises descritivas acerca dos indicadores selecionados apontaram que os domicílios com responsáveis “indígenas” estiveram um maior número de vezes na pior posição quando comparados com as outras categorias de cor ou raça. No entanto, ao se considerar conjuntamente os indicadores selecionados pela ACP, não emergiu uma distinção clara, segundo recorte de cor ou raça. Uma interpretação possível é que o padrão observado entre os grupos étnico/raciais, esteja sobretudo associado às diferentes condições socioeconômicas entre os municípios investigados, e menos às diferenças segundo recorte de cor ou raça. Há de se considerar que o reduzido número de domicílios indígenas em alguns municípios pode também ter influenciado os resultados obtidos.

*

Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindóia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012.

Doutoranda do curso de Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz.

Pesquisador do Programa de Computação Científica, Fundação Oswaldo Cruz. §

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1 INTRODUÇÃO

Para delineamento das condições de vida e dos perfis de saúde/doença das populações, é fundamental a utilização de dados demográficos, incluindo os de origem censitária, na construção de indicadores que possuam a capacidade de refletir as condições socioeconômicas e sanitárias (Jannuzzi, 2004). Para os povos indígenas no Brasil, persiste uma carência notável desses dados, fato preocupante, considerando-se o tamanho e a sociodiversidade apresentada por essas populações (Pereira et al., 2005; Azevedo, 2006; Marinho et al., 2011). Os poucos estudos em saúde que incluem esse segmento populacional demonstram a sua enorme desvantagem e marginalização em relação ao restante da sociedade brasileira (Coimbra Jr. & Santos, 1991; 2000).

Não obstante, é preciso reconhecer que aconteceram avanços ao longo da última década em decorrência do crescente número de estudos sobre a demografia indígena no Brasil, especialmente a partir da análise de dados dos Censos Demográficos, especialmente os de 1991 e 2000, em decorrência da inclusão da categoria indígena no quesito de cor ou raça, a partir do Censo de 1991, no questionário da amostra (IBGE, 2005). Outra fonte de dados demográficos importante, mesmo com reconhecidas limitações (Sousa et al., 2007), é o SIASI, a partir do qual têm sido publicados trabalhos com foco em demografia (Souza & Santos, 2009). Trabalhos recentes em demografia indígena utilizam os dados censitários para o estudo de diversas temáticas, entre elas podemos citar: entendimento da dinâmica populacional indígena (Kennedy & Stephen, 2000), descrição das características básicas de residentes das T.I. no Brasil (Pereira et al., 2002), descrição dos perfis demográficos e socioeconômicos dos autodeclarados indígenas (Pereira & Azevedo, 2004; Pereira et al., 2006; Oliveira, 2008; Perz et al., 2008; Dias Jr. et al., 2009), análise do processo migratório desses povos (Brasil & Teixeira, 2006; Teixeira, 2008), contribuições metodológicas para uso dos dados dos Censos Demográficos (Albieri et al., 2006; Pereira et al., 2009; Marinho et al., 2011) e estudo da fecundidade entre as mulheres indígenas (Dias Jr. et al., 2008; Wong et al., 2009), entre outros.

Este estudo analisa o perfil socioeconômico e sanitário dos domicílios localizados nas áreas rurais dos municípios com Terras Indígenas (T.I) do Estado de Pernambuco a partir dos dados da amostra do Censo Demográfico 2000. Os dados referentes aos domicílios cujos responsáveis eram indígenas foram comparados com aqueles cujos responsáveis eram de outros grupos de cor ou raça. Para tanto, foram construídos indicadores socioeconômicos e sanitários a partir das variáveis de interesse presentes no questionário da amostra do Censo 2000 que em seguida foram submetidos à Análise de Componentes Principais (ACP). Visa-se obter um maior conhecimento acerca das condições de vida dos indígenas dessas localidades, possibilitando maior visibilidade para o tema, atualmente incipiente, contribuindo para o embasamento de estratégias e elaboração de ações e políticas públicas voltadas a estes grupos específicos.

2 METODOLOGIA

2.1 Delineamento, fonte de dados e variáveis analisadas no estudo

Para realização do presente estudo foi utilizado os dados da amostra do Censo Demográfico 2000, realizado pelo IBGE. Trata-se, de um estudo ecológico a partir de base de dados secundária e cuja unidade de análise são as áreas rurais dos municípios com Terra Indígena do estado de Pernambuco em 2000, estratificados segundo cor ou raça (branca, preta, parda, indígena) dos responsáveis pelo domicílio. As variáveis

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analisadas incluem: cor ou raça, sexo, escolaridade, rendimento e características dos domicílios (tipo do domicílio, condições no domicílio, abastecimento de água, esgotamento, destino do lixo, número de cômodos e existência de bens duráveis). A partir desses dados foram criados indicadores que pudessem expressar as diferenças entre os domicílios com responsáveis segundo sua cor ou raça, e utilizando-as em um processo de classificação multivariada para gerar uma tipologia socioeconômica e sanitária das áreas rurais dos Municípios com T.I. no estado de Pernambuco.

2.2 População e local do estudo

Segundo o Censo 2000, havia 34669 (0,4%) indivíduos autodeclarados indígenas em Pernambuco. Do total de indígenas, 11117 (32,1%) se encontravam em áreas rurais. Desses, 9753 (o que corresponde a 87,7% dos indivíduos indígenas rurais) residiam em municípios com T.I.. Devido a essa concentração, optou-se por analisar neste estudo a população residente nas áreas rurais dos municípios com T.I. (Tabela 1).

Dos 185 municípios pernambucanos, 16 (8,6%) possuíam T.I no ano de coleta dos dados do Censo 2000. Essas localidades se constituíam em 18 áreas de ponderação, com 11.682 domicílios particulares permanentes ocupados na amostra (IBGE, 2000). Esse conjunto de domicílios correspondia a 98,8% do total, havendo somente 0,8% de particulares improvisados e 0,5% de coletivos (IBGE, 2000). Para fins das análises sobre os “indígenas” a partir dos dados do Censo 2000, os seguintes municípios de Pernambuco foram identificados como possuindo T.I 1

: Águas Belas, Buíque, Pesqueira e Tupanatinga, localizados no agreste do estado; Ibimirim, Itaíba, Inajá, Floresta, Tacaratu, Jatobá, Petrolândia, Carnaubeira da Penha, Mirandiba, Salgueiro, Belém do São Francisco e Cabrobó no sertão pernambucano (Figura 1). Observa-se que esses municípios, além de contíguos, estão em sua grande maioria localizados na porção central do Estado.

2.3 Critérios de inclusão e exclusão

Optou-se por trabalhar com as características dos domicílios e dos indivíduos neles residentes a partir da cor ou raça dos seus responsáveis. Domicílios com responsáveis de cor ou raça branca, preta, parda e indígena foram incluídos no estudo. Foram retirados das análises os domicílios sem responsável, assim como aqueles com cor ou raça do responsável amarela, devido ao pequeno número de indivíduos. Também não fizeram parte das análises as áreas de ponderação com menos de 14 domicílios. 2.4 Procedimento de análise

Utilizando-se o programa SQLlite2009 Pro, gratuito e disponível no endereço http://www.sqlite.org/, foram criadas as tabelas referentes a Pernambuco, importando os dados da amostra do Censo 2000. A Unidade de Federação (UF) Pernambuco foi filtrada em três tabelas contendo dados referentes ao domicílio, família e indivíduo. Ainda utilizando a linguagem SQL, as três tabelas foram unidas em um só banco, o que foi possível utilizando-se as variáveis V0300 e V0404. V0300 é uma variável controle que associa os dados de cada domicílio aos indivíduos residentes nele e V0404 corresponde ao número da família residente em cada domicílio. A partir desse banco, através do código da área de ponderação, foram filtradas apenas as áreas de ponderação que correspondiam aos municípios com T.I. do estado de Pernambuco.

As análises posteriores foram realizadas utilizando o software estatístico R 2.14.1. (R Development Core Team, 2012). O banco foi importado com a ajuda do

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pacote RSQLite (James, 2011) do R e em seguida foram criados os seguintes filtros: somente as áreas rurais das áreas de ponderação, remoção dos domicílios com responsáveis com cor ou raça amarela e ignorado e selecionando os questionários dos responsáveis pelo domicílio (a área rural do município de Ibimirim 20 domicílios não possuíam chefe e foram removidos das análises). Em seguida os dados amostrais do Censo 2000 foram expandidos utilizando o pacote Survey (Lumley, 2011), que é utilizado para análise de pesquisas amostrais complexas. Para expansão dos dados, a unidade de análise considerada foi a área de ponderação (AREAP), sendo utilizados os pesos (variável P001) fornecidos pelo IBGE (2000) e os dividindo por 1 x 10^8 (Figura 2).

O passo seguinte foi a geração de indicadores socioeconômicos e sanitários para cada uma das áreas de ponderação, subdivididas nas quatro categorias de cor ou raça incluídas no estudo (branca, preta, parda e indígena). Assim, cada indicador foi criado para cada um dos 16 municípios com T.I. (área rural), segundo a cor ou raça do responsável pelo domicílio, resultando em 64 unidades de análise. No entanto, duas unidades de análise foram excluídas do estudo, Belém do São Francisco indígena (BSF_In) e Ibimirim indígena (IB_In), essas localidades apresentaram menos de 14 domicílios com responsáveis indígenas, mesmo após a expansão da amostra (Tabela 2).

Os indicadores criados são proporções e médias de ocorrência. Para fins de comparação entre as proporções e médias, todos os indicadores foram normalizados (através da média e do desvio padrão). Os indicadores foram agrupados em oito blocos, segundo tema analisado. O bloco de “composição demográfica da população” contém a proporção de indivíduos por sexo masculino e a média de idade dos indivíduos. As “características dos domicílios” apontam o tipo do domicílio, condição de posse do domicílio e do terreno, cômodos e dormitórios e iluminação elétrica. Os indicadores de saneamento foram separados em três grupos: o bloco “água”, que é composto por tipo de abastecimento e canalização do domicílio; o bloco de “esgoto”, que inclui as proporções de banheiros (que contém chuveiro e vaso sanitário), sanitários (que contém apenas vaso sanitário) e a forma como o escoadouro destes está instalado no domicílio; e o bloco “lixo”, que se refere ao destino dos resíduos gerados no domicílio. O bloco “bens do domicílio” diz respeito aos equipamentos presentes nos domicílios. O bloco “educação” é composto pelas proporções dos responsáveis pelos domicílios que sabem ler ou escrever e categorias de anos de estudo. O último bloco “rendimento” é referente a quantidade de salários mínimos (R$ 151,00) e a média de rendimento nominal do responsável do domicílio.

Cada um dos blocos de indicadores foi submetido separadamente à ACP, com exceção do bloco de “composição demográfica da população”. As variáveis selecionadas de cada bloco temático foram unidas a um bloco final, que foi novamente submetido à ACP. Inicialmente, para cada bloco foi feita uma matriz de correlação entre os indicadores. Quando o coeficiente de correlação se mostrava elevado (≥ 0,8), uma das variáveis era excluída para fins da análise seguinte. Foram retidos os indicadores considerados mais pertinentes para os segmentos populacionais sob análise, em particular os contextos rurais (Figura 2). Assim, por exemplo, no caso de uma alta correlação entre proporção de domicílios com geladeira ou freezer (P_DOM_GELA_FREEZ) e proporção de domicílios com lixo queimado (P_LIXO_QUEIM), optou-se por reter para fins de análise o segundo indicador. Essa análise foi realizada com o apoio do pacote FactoMineR (Husson et al., 2012), utilizado para análises multivariadas de dados exploratórios que executa, entre outros, a ACP e fornece várias possibilidades gráficas e recursos para interpretação (Figura 2).

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A ACP transforma linearmente um conjunto original de variáveis num conjunto substancialmente menor de variáveis não correlacionadas que contém a maior parte da informação do conjunto original. Os componentes são extraídos na ordem do mais explicativo para o menos explicativo. Na ACP, o número de componentes é sempre igual ao número de variáveis; entretanto, alguns componentes são responsáveis por grande parte da explicação total e esses são selecionados para compor o novo conjunto de variáveis (Mingoti, 2005), no caso desse estudo os indicadores.

3 RESULTADOS

3.1 Descrição dos indicadores do modelo final

A partir da ACP, realizada para cada bloco temático (com exceção de “composição demográfica da população”), foram retidos 26 indicadores. Esses, agrupados em um mesmo bloco, que foi submetido novamente a ACP que resultou na seleção de 10 indicadores que compuseram o modelo final do estudo (Tabela 3A; 3B; 3C).

Para o conjunto das áreas analisadas, a proporção de homens em todos os grupos étnico/raciais se apresentou acima de 50% (indígenas e pretos com 52,2%, brancos com 51,4% e pardos com 51,0%). Apenas os municípios de Floresta (FL) e Petrolândia (PET) não apresentaram proporções de homens maiores à 50,0%, mesmo quando sua população foi estratificada por cor ou raça. Para os indígenas, os municípios com proporções de menores à 50,0% são: Águas Belas (AB 35,7%), Buíque (BU 36,5%), Cabrobó (CAB 43,5%), Carnaubeira da Penha (CP 45,8%), Pesqueira (PES 48,3%) e Tupanatinha (TUP 27,9%). Os municípios com maiores proporções de homens indígenas nas áreas rurais são Mirandiba (MI 85,8%) e Itaíba (IT 80,7%) (Tabela 3A).

Sobre a média de idade dos responsáveis pelo domicílio a maior é para as localidades com responsáveis indígenas com 52,6 anos e a menor para os pardos com 46,5 anos. Os municípios com maior média de idade para os responsáveis pelo domicílio declarados indígenas são: Mirandiba (MI 68,0 anos), Salgueiro (SAL 62,1 anos), Itaíba (IT 61,7 anos), Tupanatinga (TUP 61,7 anos) e Petrolândia (PET 60,5 anos). Em relação ao número de cômodos no domicílio temos a maior média para brancos (5,5) seguidos por pardos (5,0), pretos (4,9) e indígenas (4,7). As menores médias de cômodos em domicílios com responsáveis indígenas se fizeram presentes nos seguintes municípios: Itaíba (IT 3,4), Carnaubeira da Penha (CP 3,7) e Tupanatinga (3,7). A maior média fica em domicílios com responsáveis brancos nos municípios de Jatobá (JT 6,6) (Tabela 3A).

Sobre o abastecimento de água nos domicílios, os que possuem chefes de cor ou raça preta apresentam a maior média de abastecimento por poço ou nascente com 26,4% dos domicílios, seguidos dos brancos com 25,7%, indígenas com 24,3% e pardos com 20,9%. Para domicílios com responsáveis indígenas, as maiores proporções de abastecimento de água por poço ou nascente estavam presentes nos municípios de Buíque (BU 77,8%), Pesqueira (PES 65,8%), Floresta (FL 58,0%), Mirandiba (MI 44,3%) e Cabrobó (CAB 41,9%). Já os municípios de Águas Belas (AB), Itaíba (IT), Jatobá (JT), Petrolândia (PET), Salgueiro (SAL) e Tapanatinga (TUP) não tiveram nenhuma ocorrência desse tipo de abastecimento em domicílios com responsáveis indígenas (Tabela 3B).

A maior proporção de domicílios que não possuem água canalizada está presente nas localidades com domicílios de responsável declarado preto (78,6%), seguindo por indígenas (71,6%), pardos (70,0%) e brancos (65,5%). Segundo a cor ou raça dos responsáveis pelo domicílio, cinco localidades tiveram total ausência de canalização,

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são elas: domicílios com responsável de cor ou raça preta em Carnaubeira da Penha (CP) e domicílios com responsáveis indígenas em Águas Belas (AB), Itaíba (IT), Mirandiba (MI) e Tupanatinha (TUP) (Tabela 3B).

Para o conjunto dos municípios, os domicílios com responsáveis indígenas apresentam a maior proporção de escoadouro do banheiro ligado a fossa rudimentar (26,6%), seguidos dos com responsáveis brancos (24,2%), pardos (18,9%) e pretos (12,3%). Os domicílios com responsáveis indígenas com maiores proporções de escoadouro do banheiro ligado a fossa rudimentar estão presentes nos municípios de Ibimirim (IB 75,5%), Águas Belas (AB 65,5%), Buíque (BU 52,2%), Pesqueira (PES 46,0%), Tacaratu (TAC 41,5%), Jatobá (JT 37,1%) e Carnaubeira da Penha (CP 21,9%) (Tabela 3B). Em relação ao lixo gerado pelo domicílio, 33,0% dos domicílios com responsáveis declarados pretos, 30,7% indígenas, 30,3% brancos e 29,1% dos pardos queimam seus resíduos na propriedade. Para domicílios com responsáveis indígenas isso é mais frequente nos municípios de Cabroró (CAB 59,3%), Águas Belas (AB 53,3%), Pesqueira (PES 53,2%), Jatobá (JT 48,0%) e Tacaratu (TAC 46,0%) (Tabela 3C).

Sobre educação temos para esse conjunto de municípios, 53,2% dos responsáveis indígenas, 52,3% pretos, 43,7% pardos e 39,9% brancos sem instrução. A maior proporção de responsáveis que não possuem instrução aparece para os indígenas de Tupanatinga (TUP 80,6%). A menor proporção de responsáveis pelo domicílio que estudaram de um a quatro anos é dos indígenas, com 35,4%, em relação as outras categorias de cor ou raça (Tabela 3C).

As maiores proporção de responsáveis pelo domicílio sem rendimento foram para os declarados indígenas (25,6%), seguidos por brancos (20,2%), pardos (20,1%) e pretos (17,7%). Os dois municípios com maior proporção de responsáveis sem rendimento são Floresta (FL 55,9%) e Ibimirim (IB 54,3%), para ambos os responsáveis eram indígenas. Responsáveis pelo domicílio que recebiam de um a quatro salários mínimos foram mais frequentes para os pretos (46,0%), pardos (41,9%), brancos (39,2%) e indígenas (38,0%). Sobre a média de rendimento nominal do responsável pelo domicílio a maior foi encontrada para os declarados brancos (R$ 255,84) e a menor para os indígenas (R$ 189,99) (Tabela 3D).

De acordo com as tabelas 3A, 3B, 3C e 3D foi contabilizado o total de vezes em que o indicador foi melhor e pior classificado segundo a cor ou raça do responsável pelo domicílio. Em seguida foram somadas as quantidades de vezes, de acordo com a cor ou raça do responsável, que o indicador esteve no primeiro e no último posto. Esse número foi utilizado para uma subtração, o que gerou uma pontuação. De acordo com esse critério foi observado que os brancos estão em primeira posição (apresentaram um maior número de vezes os indicadores em melhor posição) com uma pontuação de 26, seguidos por pardos com 15, pretos com 1 (um) e por último, em pior colocação (apresentaram um maior número de vezes os indicadores em pior posição), com -33 os indígenas (Tabela 4).

3.3 ACP

Existem vários critérios para a escolha do número de componentes a serem mantidos na análise de componentes principais. Neste estudo optou-se por descrever apenas os resultados dos dois primeiros componentes que juntos explicam cerca de 50,0% do modelo final (Tabela 5). Com base na ACP, as duas primeiras dimensões explicaram 49,15%, sendo a primeira 27,59% e a segunda 21,56%.

A Figura 3A corresponde ao gráfico que representa os indicadores selecionados no modelo final em relação aos dois primeiros componentes da análise. As variáveis

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que possuem uma maior contribuição no primeiro componente, em ordem decrescente, são: M_REND_NOM_RESP, P_DOM_N_CANAL e MED_COM_DOM. No segundo componente os indicadores que mais contribuíram, em ordem decrescente, são: ESTUDO_1_A_4, P_SEM_REND e P_ATE_UM_SAL.

Para interpretação da Figura 3A, deve-se observar o quadrante no qual os indicadores se encontram, isso apontará se a correlação é positiva ou negativa. Na observação da disposição das variáveis, quanto menor o ângulo entre dois indicadores, maior é a correlação entre eles. Ao passo que quanto maior o ângulo entre dois indicadores, menor é a sua correlação.

Para o primeiro componente, temos: M_REND_NOM_RESP positivo, P_DOM_N_CANAL negativo e MED_COM_DOM positivo. Assim, o primeiro componente é caracterizado por localidades que possuem domicílios com boa média de rendimento nominal do responsável, boa média de cômodos por domicílio e baixa proporção de domicílios não canalizados. No segundo componente temos, ESTUDO_1_A_4 negativo, P_SEM_REND negativo e P_ATE_UM_SAL positivo. O segundo componente é caracterizado por localidades onde os responsáveis pelo domicílio possuem baixo nível de instrução e de rendimento (Figura 3A).

A Figura 3B representa a nuvem (localidades) em relação ao centro de gravidade, sendo a distância euclidiana a medida que quantifica as relações (proximidade e oposições) entre os pontos. De acordo com os dois primeiros componentes observamos que as localidades se distribuem de maneira sobreposta, sem distinção delimitada segundo cor ou raça. No entanto, observamos também um distanciamento maior das localidades PET.Pr (Petrolândia “Preta”) e IT.In (Itaíba “Indígena”) (Figura 3B). Os centroides por cor ou raça no modelo final, a partir dos dois primeiros componentes, se caracterizam pela proximidade dos pontos, sem qualquer distinção significativa (Figura 4).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos citar alguns trabalhos nos quais se optou pelo uso de dados censitários para elaboração de indicadores sociais. A partir dos dados do Censo 1991, Carvalho et al. (1997) criaram índices compostos de avaliação de qualidade de vida para a região Metropolitana do Rio de Janeiro. Já Barros & Victora (2005), com base nos dados do Censo 2000, propuseram um Indicador Econômico Nacional (IEN) a partir das variáveis de bens de consumo e escolaridade do chefe da família. Utilizando a ACP, esses autores selecionaram algumas variáveis e compuseram o IEN, que é um o indicador exclusivamente desenvolvido para as áreas urbanas do Brasil (Barros & Victora, 2005). Uma importante diferença entre esses trabalhos é que, enquanto Barros & Victora (2005) partem de um conjunto relativamente reduzido de variáveis (bens de consumo e escolaridade do chefe da família), no caso de Carvalho et al. (1997) foram gerados a partir dos dados censitários dezenas de indicadores (relacionados à características da residência, escolaridade, rendimento, saneamento, etc.) que, a seguir, foram selecionados considerando sua capacidade de discriminação.

Já que as características demográficas e socioeconômicas dos indígenas são ainda pouco conhecidas, uma estratégia analítica particularmente interessante é a de considerar o mais amplo leque possível de variáveis em esforços de construção de indicadores. Tal abordagem foi a implementada por este estudo. Assim, partindo-se de um conjunto de 62 indicadores a partir dos microdados do Censo 2000, buscou-se comparar os perfis sócio-sanitários e econômicos da população indígena, em relação aos demais grupos de cor ou raça, das áreas rurais de municípios com T.I. de Pernambuco. Vale frisar que este é o primeiro estudo sobre indígenas, a partir dos dados censitários,

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que utiliza tal metodologia. O conjunto de dez indicadores retidos na análise final incluiu um diversificado grupo de variáveis, relacionados às características dos domicílios, saneamento, educação e rendimento.

Os resultados aqui apresentados indicam que, independente de cor ou raça, há baixos níveis dos indicadores sócio-sanitários e econômicos para os municípios investigados. Existem elevadas frequências de domicílios com ausência de saneamento,

baixo rendimento e escolaridade dos responsáveis. As análises descritivas acerca dos indicadores apontaram que os domicílios com responsáveis “indígenas” estiveram um maior número de vezes na pior posição quando comparado às outras categorias de cor ou raça. Os indígenas foram seguidos dos pretos, pardos e por último os brancos, com a melhor colocação em relação à média dos indicadores (Tabela 4).

Com base na ACP, os indicadores retidos no modelo final do estudo se referem a saneamento (quatro indicadores), renda (três indicadores), educação (dois indicadores) e características do domicílio (um indicador). Pode-se afirmar que são resultados esperados, já que a precariedade das condições de saneamento aparece como característica marcante na grande maioria das T.I. no Brasil (Santos & Coimbra Jr., 2003). No entanto, ao se considerar conjuntamente os indicadores selecionados pela ACP, não emergiu uma distinção clara, segundo recorte de cor ou raça nas 62 unidades de análise. Os resultados apontaram uma importante sobreposição dos municípios quanto às cargas dos indicadores nos dois primeiros dois componentes principais.

No entanto, a partir da análise multivariada, não há indicações claras de que os indígenas residentes nas áreas rurais de municípios com T.I do estado de Pernambuco possuam piores condições socioeconômicas e sanitárias quando comparados aos outros grupos de cor ou raça incluídos nesse estudo. Os resultados indicam que o local de moradia (município) é mais importante para determinar essas condições do que a cor ou raça do responsável pelo domicílio para essas localidades.

A abordagem utilizada por esse estudo possui limitações que podem ter influenciado a pouca capacidade de discriminação por cor ou raça do modelo final. Uma delas diz respeito aos tamanhos das amostras. Em particular, para muitos municípios, o número de domicílios indígenas se mostrou pequeno em relação às demais categorias de cor ou raça incluídas no estudo. Dos 16 municípios incluídos, três possuíam menos de 25 domicílios indígenas, e oito menos de 90. Outro aspecto a ser considerado diz respeito à forma de se classificar o domicílio indígena. Optou-se por caracterizar o domicílio segundo a cor ou raça do seu responsável. Outra possibilidade seria utilizar o critério “ao menos um indígena no domicílio”, o que aumentaria consideravelmente o número amostral. Também há necessidade de se considerar com cautela as categorias de cor ou raça do IBGE, pois há a possibilidade de indivíduos indígenas terem se autodeclarado em outras categorias de cor ou raça no Censo 2000.

Do ponto de vista da metodologia utilizada neste estudo, a questão do reduzido número de domicílios indígenas possivelmente tem um impacto particularmente pronunciado. A presente pesquisa envolveu um conjunto de 41761 domicílios, dos quais somente 5,1% tinham responsáveis indígenas. Com isso, quanto à distribuição e valores dos indicadores, os domicílios com responsáveis brancos (29,1%) e pardos (57,9%) tiveram um peso mais expressivo nos cálculos. Essa não é uma limitação apenas deste estudo, sendo uma realidade que se aplica à todos estudos que incluem esse segmento populacional. É possível que, em certos contextos, como análises que enfoquem municípios com maiores proporções de indígenas, essa questão possa ser amenizada.

Uma dimensão não investigada neste estudo foi a questão da presença indígena nas áreas urbanas dos municípios estudados. Conforme detalhado na metodologia, optou-se por não considerar conjuntamente os contextos urbanos e rurais devido às

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especificidades que apresentam quanto à população indígena. Na geração de indicadores para as áreas urbanas, um passo necessário seria o de também realizar as várias etapas do processo de identificação das variáveis a serem incluídas, considerando as particularidades do contexto urbano. Uma dificuldade adicional no tocante aos domicílios indígenas urbanos nos municípios investigados vincula-se ao número ainda menor, se comparado aos rurais. Assim, nos 16 municípios, havia 3687 domicílios com responsáveis indígenas, e desses somente 1521 estavam localizados em áreas urbanas. Feitas essas considerações, é importante indicar que as análises sobre os indígenas em contextos urbanos são muito relevantes e necessárias, devendo ser aprofundadas.

Com as mudanças ocorridas em relação a forma de captação dos indivíduos a partir do quesito de cor ou raça no Censo 2010, várias limitações citadas aqui poderão estar sanadas. A pergunta de cor ou raça migrou para o questionário básico, aplicado a toda população do Brasil, significando que todos os residentes no país foram recenseados. Aliados à pergunta de cor ou raça têm também a de filiação étnica e língua falada. As primeiras divulgações dos dados do Censo 2010 demonstraram que o número de indígenas aumentou em relação ao Censo 2000, de 734 mil para 818 mil indígenas, sendo 503 mil residentes em áreas rurais do país (Santos & Teixeira, 2011).

Ainda que o número de estudos que abordam a perspectiva da demografia

indígena a partir dos dados dos censos tenha crescido nos últimos tempos, ainda há muita subutilização dos dados publicados para esse segmento, principalmente no que se refere às situações mais específicas como as regionais. Mais ainda, diante da exiguidade de estudos com sociedades indígenas localizadas do Nordeste do país e devido ao fato dessa região se apresentar como palco de grandes mudanças nas configurações étnicas nos últimos anos, o estudo com essas populações torna-se de extremo interesse, ainda mais com a possibilidade de comparação dos dados dos Censos 1991/2000/2010.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1.

População residente e responsável por situação do domicílio, segundo a cor ou raça.

Cor ou raça Estado de Pernambuco Total % (cor/raça) Urbana Rural N % N % População residente Branca 3238329 40,8 2554624 78,9 683705 21,1 Preta 391160 4,9 285718 73,0 105442 27,0 Amarela 9562 0,1 7098 74,2 2464 25,8 Parda 4194790 52,9 3139569 74,8 1055222 25,2 Indígena 34669 0,4 23553 67,9 11117 32,1 Sem declaração 60644 0,8 44340 73,1 16304 26,9 Total 7929154 100,0 6054901 76,4 1874253 23,6

Responsáveis pelos domicílios

Branca 803133 40,3 654637 81,5 148496 18,5 Preta 123949 6,2 93897 75,8 30052 24,2 Amarela 2543 0,1 2039 80,2 505 19,8 Parda 1043027 52,3 809241 77,6 233786 22,4 Indígena 10104 0,5 7529 74,5 2575 25,5 Sem declaração 11285 0,6 8554 75,8 2732 24,2 Total 1994041 100,0 1575895 79,0 418146 21,0 Cor ou raça

Somente os Municípios com Terras Indígenas

Total % (cor/raça) Urbana Rural N % N % População residente Branca 141209 32,9 82634 58,5 58575 41,5 Preta 25984 6,1 13580 52,3 12403 47,7 Amarela 648 0,2 314 48,4 334 51,6 Parda 242979 56,6 130165 53,6 112813 46,4 Indígena 15390 3,6 5638 36,6 9753 63,4 Sem declaração 2758 0,6 1269 46,0 1489 54,0 Total 428968 100,0 233601 54,5 195368 45,5

Responsáveis pelos domicílios

Branca 32153 32,5 19972 62,1 12181 37,9 Preta 7222 7,3 3945 54,6 3277 45,4 Amarela 130 0,1 120 92,0 10 8,0 Parda 55459 56,0 31283 56,4 24176 43,6 Indígena 3687 3,7 1521 41,2 2166 58,8 Sem declaração 393 0,4 183 46,7 209 53,3 Total 99044 100,0 57024 57,6 42020 42,4

(13)

Figura 1.

Municípios do Estado de Pernambuco com destaque aos com Terras Indígenas.

Fonte: IBGE, 2000.

Tabela 2.

Unidades de análise do estudo e as respectivas siglas.

MUNICÍPIO UNIDADES DE ANÁLISE

Branca Preta Parda Indígena

Águas Belas - PE AB_Br AB_Pr AB_Pa AB_In

Belém do São Francisco - PE BSF_Br BSF_Pr BSF_Pa BSF_In

Buíque - PE BU_Br BU_Pr BU_Pa BU_In

Cabrobó - PE CAB_Br CAB_Pr CAB_Pa CAB_In

Carnaubeira da Penha - PE CP_Br CP_Pr CP_Pa CP_In

Floresta - PE FL_Br FL_Pr FL_Pa FL_In

Ibimirim - PE IB_Br IB_Pr IB_Pa IB_In

Inajá - PE IN_Br IN_Pr IN_Pa IN_In

Itaíba - PE IT_Br IT_Pr IT_Pa IT_In

Jatobá - PE JT_Br JT_Pr JT_Pa JT_In

Mirandiba - PE MI_Br MI_Pr MI_Pa MI_In

Pesqueira - PE PES_Br PES_Pr PES_Pa PES_In

Petrolândia - PE PET_Br PET_Pr PET_Pa PET_In

Salgueiro - PE SAL_Br SAL_Pr SAL_Pa SAL_In

Tacaratu - PE TAC_Br TAC_PR TAC_Pa TAC_In

Tupanatinga - PE TUP_Br TUP_Pr TUP_Pa TUP_In

Municípios Municípios com T. I.

(14)

Figura 2.

Fluxograma de análise dos indicadores criados no estudo.

Leitura do banco do R

Seleção dos questionários do responsável pelos domicílios em áreas rurais

e remoção dos responsáveis de cor/raça amarela e ignorados

Expansão da amostra (pacote SURVEY)

Criação dos indicadores e composição dos blocos temáticos para cada localidade

Análise exploratória dos blocos através da criação da matrix de correlação e "heatmaps"

Quando dois indicadores apresentaram entre si correlação superior a 0,8 optou-se por manter aquele que melhor representava as localidades segundo conhecimento prévio dos

autores ou por ser um idicador tradicionalmente utilizado pela comunidade científica

Para cada um dos blocos foi realizada ACP (o número de componentes analisadas foi

aquele que apresentou autovalor =1 ou uma variância acumulada maior que 60%

Foram gerados gráficos de dispersão para os componente analisados

Os indicadores com menor poder explicativo foram retirados do modelo

em cada um dos blocos

Criação do modelo final com os indicadores retidos Microdados do

(15)

Tabela 3.

Resumo descritivo dos indicadores retidos no modelo final.

3A) Média de homens no domicílio, média de idade do responsável pelo domicílio e média de cômodos no domicílio.

*Em azul valores que indicam melhores condições sócio-sanitárias e econômicas em relação a linha para cada indicador. **Em vermelho valores que indicam piores condições sócio-sanitárias e econômicas em relação a linha para cada indicador.

(16)

3B) Proporção de domicílio com abastecimento de água por poço ou nascente, proporção de domicílio não canalizados e proporção de domicílio com escoadouro do tipo fossa rudimentar.

*Em azul valores que indicam melhores condições sócio-sanitárias e econômicas em relação a linha para cada indicador. **Em vermelho valores que indicam piores condições sócio-sanitárias e econômicas em relação a linha para cada indicador.

(17)

3C) Proporção de domicílio que queimam o lixo, proporção de chefes do domicílio sem instrução educacional e proporção de chefes do domicílio com 1 a 4 anos de estudo.

*Em azul valores que indicam melhores condições sócio-sanitárias e econômicas em relação a linha para cada indicador. **Em vermelho valores que indicam piores condições sócio-sanitárias e econômicas em relação a linha para cada indicador.

(18)

3D) Proporção de chefes do domicílio sem rendimento financeiro, proporção de chefes do domicílio com rendimento financeiro até um salário mínimo e média de rendimento nominal do chefe do domicílio.

*Em azul valores que indicam melhores condições sócio-sanitárias e econômicas em relação a linha para cada indicador. **Em vermelho valores que indicam piores condições sócio-sanitárias e econômicas em relação a linha para cada indicador.

(19)

Tabela 4

Frequências de condições mais adequadas representada pelos indicadores selecionados para o modelo final segundo cor ou raça.

INDICADOR

BRANCOS PARDOS PRETOS INDÍGENAS

Colocação Colocação Colocação Colocação

Primeiro posto* Último posto** Primeiro posto Último posto Primeiro posto Último posto Primeiro posto Último posto MED_COM_DOM 11 1 2 2 2 5 3 9 P_ABAS_POCO_NASC 2 5 6 1 5 4 8 5 P_DOM_N_CANAL 10 2 1 1 0 6 5 7 P_ESCO_FRUD 1 6 1 1 9 2 6 7 P_LIXO_QUEIM 4 4 3 1 5 4 4 7 ESTUDO_S_INSTRU 8 1 3 1 2 5 3 8 ESTUDO_1_A_4*** 6 3 5 0 3 7 2 6 P_SEM_REND 2 2 4 3 7 1 3 10 P_ATE_UM_SAL*** 2 4 6 4 6 1 2 7 M_REND_NOM_RESP 8 0 1 3 3 6 4 7 Total 54 28 32 17 42 41 40 73 FINAL**** 26 15 1 -33

*Indica melhores condições sócio-sanitárias e econômicas (nas tabelas 13A, 13B, 13C e 13D estavam grifados em azul) **Indica piores condições sócio-sanitárias e econômicas (nas tabelas 13A, 13B, 13C e 13D estavam grifados em vermelho) *** Altas frequências para este indicadores foram consideradas como boas condições sócio-sanitárias e econômicas e estão grifados nas tabelas 13A, 13B, 13C e 13D em azul

**** Este número representa a subtração do total de vezes que o indicador esteve mais bem classificado/primeiro posto (grifados em azul nas tabelas 13A, 13B, 13C e 13D) pelo número de vezes que o indicador esteve pior classificado/último posto (grifados em vermelho nas tabelas 13A, 13B, 13C e 13D)

Figura 3

Análise de componentes principais (ACP)

3A) Distribuição dos indicadores no círculo de correlação unitário

-2 -1 0 1 2 -1 .0 -0 .5 0 .0 0 .5 1 .0

Variables factor map (PCA)

Dim 1 (27.59%) D im 2 ( 21. 56% )

(20)

3B) Gráfico da distribuição das localidades incluídas no estudo

Figura 4

Centroides segundo cor ou raça a partir do modelo final

-4 -2 0 2 4 -4 -2 0 2 4 6

Centros de Cor ou Raça

Componente 1

C

om

ponent

Referências

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