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IRRIGAÇÃO E DRENAGEM Ensino Médio Integrado 2º ano 6

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IRRIGAÇÃO E DRENAGEM

Ensino Médio Integrado – 2º ano

6

Ano letivo 2021

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6 – MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO EM IRRIGAÇÃO

O solo é considerado um importante componente do ecossistema, pois dele dependem o homem, a fauna e a flora. O solo também é considerado um dos mais complexos sistemas dos sistemas agrícolas (MANEJO, 1999).

Ao longo da história das civilizações, a ação humana sobre os recursos naturais tem causado a degradação do meio ambiente como consequência do uso inadequado dos solos nas atividades agrícolas, industriais, de pavimentação e de turismo, deixando poucos ensinamentos sobre conservação de solo para as gerações subsequentes.

No caso da irrigação como prática agrícola, o manejo de água e solo requer conhecimentos avançados e interativos e afinidade com as leis que regem a hidrodinâmica no subsistema solo, devido à intensificação da exploração dos recursos hídricos na exploração agropecuária. Igualmente importante é o controle da água de irrigação, seja nas grandes áreas irrigadas, seja na fazenda ou na pequena propriedade sob regime de exploração familiar. O tráfego de máquinas e veículos, principalmente os de pneu, sobre solos com elevado teor de umidade acelera o processo de compactação.

Sob os novos enfoques científicos envolvendo os pólos hidroagrícolas no Brasil, com ênfase na engenharia de água e solo e nos aspectos agronômicos, esse capítulo poderá ajudar as empresas agrícolas e órgãos públicos usuários do solo e da água para irrigação, a repensarem nos modelos até então praticados e doravante planejarem seus desígnios e necessidades com base num modelo agroecológico.

6.1 Conceitos sobre solo

Dependendo do destino do solo, existem vários conceitos possíveis. Para um engenheiro de minas o solo é o detrito que cobre rochas ou minerais a serem explorados. Por isso é um transtorno e deve ser eliminado. Para o engenheiro de estradas é o material de empréstimo que vai ser colocado no leito da estrada. Se suas características forem insatisfatórias para atingir um nível de compactação ótima, por exemplo, deverá ser substituído por outro material mais adequado. Do ponto de vista de um agricultor, o solo deve ter características favoráveis ao desenvolvimento das plantas, de forma a se obter produtividade satisfatória para o seu sustento. Ele vive do solo, e assim é forçado a prestar mais atenção no comportamento e modificações resultantes do tipo de manejo (Brady, 1989).

6.2 Composição volumétrica do solo

Os solos ditos minerais são constituídos de quatro grandes componentes principais: substâncias minerais, matéria orgânica, água e ar. Solos considerados de ótimas condições para desenvolvimento vegetal contêm metade de seu volume ocupado por sólidos (minerais e matéria orgânica) e metade por espaços de poros preenchidos com água e ar. No entanto, é possível obter-se bons rendimentos agrícolas em solos com proporções granulométricas diferentes do conceito descrito. A parte sólida, em termos médios, deve ser constituída de 45% de minerais e 5% de matéria orgânica. Em condições ótimas para desenvolvimento vegetal, o espaço poroso deve ser dividido ao meio, ou seja, 25% do volume total com água e 25% com ar, conforme está representado graficamente na Fig. 6.1 (Brady, 1989; Ferreira, 1992).

Esses quatro componentes não se encontram isolados uns dos outros – a matéria orgânica está misturada com a parte mineral, formando uma estrutura porosa. A água contida nos poros constitui a solução do solo, disponibilizando os nutrientes em forma de íons para as raízes das plantas. O ar dos poros é indispensável para as trocas gasosas das raízes no processo de respiração.

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Figura 6.1. Composição ideal do solo. Fonte: Lepsch (1977) citado por Brady (1989).

O manejo inadequado e contínuo dos solos modifica a relação entre esses componentes, podendo resultar na diminuição do teor de matéria orgânica e da porosidade, reduzindo a fertilidade, a capacidade de infiltração e a retenção de água e, consequentemente, a produtividade das plantas cultivadas.

A densidade do solo pode ser definida como sendo a relação entre massa e volume, conhecidos de um dado solo. O conhecimento dessa relação tem importância para o planejamento das técnicas de manejo e conservação do solo, principalmente quando trata-se da compactação, sob o aspecto natural ou em razão do manejo inadequado, o que pode alterar a composição volumétrica de um solo.

6.3 Técnicas de preparo do solo

Considera-se o preparo do solo como uma operação extremamente simples e fácil de ser compreendida e executada por qualquer pessoa. Tanto que o preparo do solo já se faz há mais de 4000 anos e, ainda hoje, é executado por milhares de pessoas, sem conhecimentos especiais.

Longe de ser uma tecnologia simples, o preparo do solo, todavia, compreende um conjunto de técnicas que, se usadas de modo racional, permitem alta produtividade das culturas. Irracionalmente utilizadas, as técnicas de preparo podem levar à destruição dos solos em poucos anos de uso intensivo, chegando provocar a desertificação.

As técnicas de preparo desenvolvidas na Europa, sob clima temperado e para uso em terrenos com relevo suave e com chuvas de baixa intensidade, inicialmente foram introduzidas sem modificações no Brasil. Essas técnicas consistem no enterrio de resíduos vegetais, deixando a superfície do solo descoberta por muitos meses. Contudo, sob condições de altas temperaturas, chuvas intensas e solos com relevo ondulado, esse tipo de preparo tem causado efeitos desastrosos em termos de perdas por erosão.

Ainda hoje é difícil para muitas pessoas compreenderem que um terço da quantidade de chuvas que caem no ano todo, em vastas regiões da Europa (cerca de 500 a 600 mm por ano), pode cair em algumas regiões brasileiras em apenas 12 horas. Embora essas chuvas máximas não sejam frequentes, praticamente em todos os anos ocorrem chuvas com alto potencial erosivo. Chuvas de 50 a 60 mm diários são comuns e ocorrem no período chuvoso. Por este motivo, o preparo primário do solo nas condições brasileiras de clima e relevo deve ser realizado de forma a:

1) não quebrar excessivamente os torrões;

2) deixar o máximo possível de resíduos vegetais na superfície;

3) atingir apenas a profundidade suficiente para quebrar o adensamento ou compactação e

permitir uma boa infiltração de água.

O preparo secundário deve ser realizado com o mínimo de operações possível, evitando a ação pulverizadora das grades e a compactação provocada pelos pneus do trator e pela passagem das máquinas sobre o solo solto (Mazuchowski e Derpsch, 1984).

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De acordo com esses autores a operação de preparo do solo deve atender pelo menos um dos seguintes aspectos:

* eliminação de plantas não desejáveis;

* obtenção de condições favoráveis para colocação de sementes ou partes de plantas no

solo, permitindo boa germinação e emergência, além de bom desenvolvimento;

* eliminação de camadas compactadas visando o aumento da infiltra- ção de água e

diminuição da erosão;

* incorporação e mistura de calcário e fertilizantes ou produtos agroquímicos; * enterrio de restos vegetais, restevas agrícolas e adubos verdes;

* obtenção de superfície ondulada (camalhão) apropriada à implantação de culturas, como

cana-de-açúcar, ou à colheita da batata-doce ou inglesa;

* preparo do terreno para uso de irrigação por superfície;

* quebra das crostas superficiais para permitir a germinação normal das sementes etc.

Para preparar o solo com o uso de trator e máquinas relativamente pesadas deverão ser analisadas as condições de trafegabilidade. A capacidade de o solo suportar e permitir o trabalho dessas máquinas estar intimamente relacionada com o seu teor de umidade. O ponto de umidade ideal é determinado quando é possível um trator operar com o mínimo de esforço de tração e sem causar danos físicos excessivos à estrutura do ao solo. Quando o preparo é efetuado em solo muito úmido, principalmente nos argilosos, ocorre compactação no lugar onde trafegam as rodas do trator e os órgãos ativos dos equipamentos, e o solo também adere com maior força aos implementos a ponto de inviabilizar a operação desejada. Quando o solo é preparado muito seco, não ocorrem muitos danos físicos no que diz respeito à compactação. Nos solos arenosos, o preparo nestas condições pode ocasionar pulverização excessiva, facilitando a ação erosiva das águas das chuvas; nos argilosos, ocorrerá formação excessiva de torrões muito grandes e difíceis de se- rem quebrados que são trazidos à superfície. Nestas condições, será necessário o maior número de passadas para obter destorroamento que permita efetuar a operação de semeadura, o que resulta em maior exigência de força de tração e consumo de combustível.

Portanto, a umidade ideal para o preparo é aquela em que o solo encontra-se em estado friável, ou seja, em termos práticos, é a umidade que permite o torrão ser comprimido entre o dedo indicador e o polegar e desmanchar-se com facilidade, sem se moldar ou aderir aos dedos (Mazuchowski e Derpsch, 1984).

O preparo do solo pode ser dividido em duas categorias: preparo primário e preparo secundário.

6.3.1 Preparo primário do solo (aração, gradagem pesada e escarificação).

Entende-se por preparo primário do solo aquelas operações mais profundas e grosseiras que visam, por exemplo, eliminar ou enterrar as plantas daninhas estabelecidas e os restos das culturas, além de desagregar a camada superficial do solo (Mazuchowski e Derpsch, 1984). Os implementos mais utilizados no preparo primário dos solos destinados à agricultura irrigada são:

1. Arado de disco e arado de aiveca

Arar com arado de aiveca (Fig. 6.2.a) significa inverter a camada superficial do solo numa profundidade de 20 a 25 cm, de tal forma que as leivas ficam viradas em ângulo de aproximadamente 135º, cobrindo a maior parte das plantas daninhas e restos vegetais que se encontram na superfície, com pouca ou nenhuma mistura do solo.

Da mesma forma ocorre com o arado de disco (Fig. 6.2.b), onde a leiva é levantada a uma maior altura pela rotação dos discos, provocando a soltura das fatias, o que provoca a mistura do solo, apesar de que a inversão é menos perfeita que a do arado de aiveca.

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Fig. 6.2. (a) Arado de aiveca; (b) Arado de disco. Fonte: catálogo da Marchesan.

Tabela 6.1 -VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ARADOS DE DISCO E DE AIVECA

VANTAGENS TIPO DE ARADO DESVANTAGENS

1 Pode ser usado em condições difíceis, como em terrenos recen- temente abertos, com grande quantidade de raízes, pois o disco passa por cima das mesmas.

ARADO DE DISCO

1 Rendimento de trabalho muito baixo

2 O consumo de combustível é alto

3 As rodas do lado direito do trator passam pelo sulco recém aberto causando compactação (pé-de-arado)

2 Mistura melhor o solo do que o arado de aiveca, fato importante

para a incorporação do calcário. 4 Desloca a terra lateralmente podendo provocar, através dos anos, acúmulo de terra nos terraços, caso não se trabalhe com a alternância de sentido de tombamento das leivas.

3 Rompe ou quebre as camadas com-

pactadas que ocorrem em solos com mecanização intensiva, a uma profun- didade de 10 a 20 cm. melhorando a infiltração da água.

Obs.: Consegue-se boa penetração do arado quando a umidade do solo é adequada, a regulagem do arado é correta e não há excesso de resíduos vegetais na superfície.

5 Eficiência prejudicada quando a leiva é tombada morro acima.

6 Deixa a superfície do solo bastante livre de restos vegetais, aumentando o risco de erosão.

7 Geralmente os discos não penetram bem quando há restevas úmidas e resistentes na superfície do solo.

1 Maior penetração no solo que o arado de disco, especialmente em condições como em solo seco ou compactado.

ARADO DE AIVECA

1 As desvantagens do arado de disco são todas válidas para o arado de aivecas.

2 Rompe ou quebra as camadas com-

pactadas melhorando a infiltração de água no solo.

2 Má performance em solos argilosos quando o teor de argila ultrapassa aproximadamente 30% (o solo adere a aiveca). Somente em solos de tex- tura arenosa ou média, com menos de 30% de argila, a aiveca fica limpa e consegue fazer um bom trabalho de inversão da leiva.

3 Apresenta maior enterro de plantas daninhas e suas sementes que o arado de disco.

4 Melhor qualidade do serviço em áreas

Planas. 3 A regulagem do arado de aiveca é

mais difícil que a do arado de disco.

4 A superfície do solo fica livre de re- síduos vegetais e por isso o risco de erosão aumenta.

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2. Grade pesada de disco

Fig. 6.3. Grade pesada

de discos. Fonte:

catálogo da Marchesan. Normalmente, as grades pesadas são compostas de 12 a 24 discos com diâmetro de 24 a 26 polegadas (61 a 66 cm) e um peso médio por disco em torno de 60 a 100 kg (Fig. 6.3). É considerada grade aradora aquela composta de 10 a 24 discos de 30 a 36 polegadas (76 a 91 cm) de diâmetro, com um peso médio de 140 a 300 kg por disco (Mazuchowsk e Derpsch, 1984).

Devido ao elevado peso distribuído em um pequeno número de discos, associado à pequena profundidade de trabalho e a pulverização excessiva do solo, o preparo primário com este tipo de implemento, ano após ano, poderá formar uma camada de solo desestruturada sobre uma camada compactada localizada de 10 a 12 cm de profundidade. Desta forma, quando ocorrem chuvas intensas, o solo que passa a ter baixa velocidade de infiltração encharca rapidamente na superfície, provocando a formação de enxurradas e erosão, fenômenos típicos em épocas de preparo do solo ou logo após o plantio das culturas. Nestas oportunida- des podem ser vistos sulcos de largura variável e de até 10 a 12 cm de profundidade, evidenciando a camada endurecida do solo onde ficam os rastros dos discos, que testemunham os danos causados (Silveira, 1989).

Já as grades pesadas podem ser úteis em condições especiais, quando outros implementos não conseguem efetuar um bom trabalho, como no caso de áreas recém-desbravadas com grande quantidade de pedras, tocos e raízes, excesso de plantas daninhas trepadeiras e na incorporação de adubos verdes.

Na Tabela 6.2 estão descritas e relacionadas as vantagens e as desvantagens dos dois implementos apresentados.

Tabela 6.2. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS GRADES PESADAS E ARADORAS.

VANTAGENS DAS GRADES PESADAS DESVANTAGENS DAS GRADES ARADORAS

1 Excelente controle de ervas daninhas. 1 Trabalho muito raso (10 a 12 cm.), não

conseguindo romper camadas compactadas entre 12 e 25 cm. de profundidade.

2 Utilizada em condições desfavoráveis para preparo do solo em áreas recém desbravadas com alta infes- tação de plantas daninhas, plantas trepadeiras e

grandes quantidades de resíduos de culturas. 2 Compacta o solo abaixo da profundidade de opera- ção, reduzindo a infiltração da água das chuvas.

3 Simples e de fácil regulagem. 3 Pulveriza o solo excessivamente.

4 Alto rendimento operacional. 4 Deixa o solo extremamente vulnerável a erosão.

5 Baixo consumo de combustível por unidade de área.

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3. Escarificador

Escarificar significa romper o solo da camada arável na profundidade de 15 a 30 cm, sem a inversão da leiva. Pela forma de trabalhar, o escarificador pulveriza menos o solo do que os arados e as grades, deixando na superfície do terreno escarificado a maior parte dos resíduos vegetais. Altamente válido no controle da erosão, é apropriado para quebrar camadas compactadas (pé-de-arado ou pé-de-grade) até 25 cm de profundidade. Além de deixar a superfície do solo mais protegida, a escarificação aumenta a capacidade de infiltração de água no solo diminuindo os processos de erosão hídrica (Silveira, 1989).

Sempre que possível o escarificador deve ter discos de corte de palha na frente das hastes, para evitar embuchamento de plantas daninhas e restos culturais. Na parte posterior deve ter um destorroador que deixa o solo nivelado e apto para semeadura (Fig. 6.4).

Fig. 6.4. Escarificador com discos de corte de palha e rolo destorroador.

A Tabela 6.3. relaciona as vantagens e desvantagens do emprego dos escarificadores na mecanização agrícola.

Tabela 6.3 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ESCARIFICADORES

VANTAGENS DESVANTAGENS

1 Pulveriza menos o solo do que o preparo

convencional com arado e grade. 1 Impróprio para áreas abandonadas, cheias de touceiras ou altamente infestadas com plantas daninhas em estado avançado de desenvolvimento

2 Deixa resíduos de palha em até 70% da superfície do terreno.

3 Quebra de camadas compactadas que

ocorrem em solos mecanizados entre 10

e 25 cm de profundidade. 2 Impróprio para áreas infestadas com plantas trepadeiras, como corda-de- viola.

4 Aumenta a capacidade de infiltração e

retenção de água no solo. 3 Menor eficiência no controle de plantas daninhas, em comparação com o arado e grade pesada.

5 Diminui sensivelmente os riscos de erosão desagregação do solo, pelos resíduos que permanecem na superfície e pela maior infiltração de água.

4 Apresenta embuchamento no caso da palha das restevas não ser picada ou estiver em quantidade excessiva.

5 Pouco adequado para áreas novas, cheias de tocos e raízes, ou áreas com afloramento de rochas.

6 Não forma pé-de-arado ou pé-de-grade.

7 Permite trabalhar em solos totalmente

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8 Rapidez de trabalho. grade pesada totalmente.

9 Economia de tempo e combustível

quando comparado com aração. 7 Normalmente exigem tratores com potência mínima entre 80 e 100 cv.

10 Fácil regulagem e operação de campo.

11 Não movimenta a leiva lateralmente, como ocorre na aração, o que evita o acúmulo de solo nos terraços. Fonte: Mazuchowsk e Derpsch (1984)

6.3.2 Preparo secundário do solo

Como preparo secundário do solo podem ser definidas todas as operações superficiais feitas após o preparo primário, visando ao nivelamento do terreno, ao destorroamento, à incorporação de herbicidas, e à eliminação das plantas daninhas no início do seu desenvolvimento, isto é, aquelas operações que permitam a fácil colocação das sementes e a sua cobertura e preparam um ambiente favorável ao desenvolvimento inicial da cultura implantada (Mazuchowsk e Derpsch, 1984).

Em áreas irrigadas são empregadas, para operações de gradagem, visando ao destorroamento e nivelamento do terreno, os seguintes implementos:

1. Grade destorroadora ou niveladora de disco ou de dente

Diferentes implementos podem ser usados para operação de gradagem para destorroar e nivelar, sendo que nas áreas de mecanização intensiva a mais difundida é a de disco. As grades de discos podem ser em forma de V (Fig. 6.5 a) ou em forma de X (Fig. 6.5 b). Os discos destas grades têm de 18 a 20 polegadas (46 a 51 cm) de diâmetro com 20 a 40 kg por disco, sendo por isso também denominada grade leve (Mazuchowsk e Derpsch,1984).

Fig. 6.5. (a) grade niveladora de disco em V ou off–set; (b) grade niveladora de disco em X. Fonte: catálogo da Marchesan.

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A Tabela 6.4. Contém a relação das vantagens e das desvantagens dos dois implementos – grade de disco e grade de dente flexível.

6.4 Compactação do solo

A compactação pode ser definida como aumento da densidade do solo (Ds) provocada pelo rearranjo das partículas primárias, areia, silte e argila, e dos agregados do solo, causado pelas operações de cultivo ou pela pressão de veículos e implementos de preparo da superfície do solo (Baver et al., 1973, citados por Torres et al., 1993).

Os solos também podem apresentar um adensamento natural conforme a sua gênese. Isso pode ocorrer devido ao acúmulo de frações de argila em camadas subsuperficiais, que varia de profundidade e espessura, a exemplo dos espodossolos (podzólicos) com B textural e solos coesos dos Tabuleiros Costeiros.

A intensidade da compactação é resultante das características de cada solo agrícola, aliada ao esforço de compactação do veículo e implemento, os quais interagem com os teores de umidade e determinam o grau de compactação. Solos formados por partículas de diferentes tamanhos normalmente são mais facilmente compactados, porque as partículas menores podem ser encaixadas nos interstícios formados entre as partículas maiores. O processo de compactação é intensificado quando não ocorre reposição de matéria orgânica, isto é, quando não se utilizam sistemas de cultivo que deixem sobre o solo uma quantidade significativa de resíduos culturais ou quando esses são queimados. O esforço de compactação dos veículos e implementos é determinado, respectivamente, pelo seu peso e características de trabalho (Torres et al., 1993). O uso intensivo de preparo convencional do solo com arado e grade na mesma profundidade por anos seguidos, provoca a desestruturação da camada arável, dividindo-a em duas fases: a superficial desagregada e a subsuperficial compactada (pé-de- arado ou pé-de-grade), segundo Silveira (1989). Essas transformações afetam a capacidade de infiltração de água no solo e, consequentemente, aumento das enxurradas e erosão.

Tabela 6.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS GRADES DE DISCO E DE DENTE FLEXÍVEL

VANTAGENS TIPO DE GRADE DESVANTAGENS

1 Trabalha em qualquer situação, pois os discos rolam sobre o solo, superfície grosseira, restos culturais na superfície, presença de

raízes, tocos etc. GRADE DE

DENTE FLEXÍVEL

1 Na desagregação de torrões não é muito eficiente em solos secos;

várias operações serão

necessárias, pulverizando o solo.

2 Alto rendimento operacional,

livre de embuchamento. 2 Na ação do nivelamento é pouco eficiente.

3 Alta velocidade de trabalho. 3 Não rompe a compactação causada

pelas da rodas do trator que está puxando a grade e somente

cobre esta compactação, deixando-a invisível à primeira vista.

1 Muito boa ação de nivelamento do terreno, conseguindo destorroa- mento em apenas uma passada quando a umidade do solo é adequada.

GRADE DE DISCO

1 Exige uma superfície de solo quase livre de resíduos vegetais,

principalmente quando o solo está úmido e a textura é argilosa.

2 Muito boa ação de mistura do solo. 2 Não pode ser usada quando, após o

preparo do solo, ficam muitos resíduos vegetais na superfície, pois causará embuchamentos constantes.

3 Alto rendimento operacional. Fonte: Mazuchowsk e Derpsch (1984).

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O teor de umidade tem grande influência no processo de compactação. Cada solo tem o teor de umidade ótimo que favorece a obtenção de um valor máximo de densidade, ou seja, de compactação, ficando o valor próximo ao da umidade correspondente à capacidade de campo. A energia de compactação é representada pelo número de passadas e peso do conjunto trator e implemento de preparo do solo (Silveira, 1989).

Na Fig. 6.6 observa-se que os valores de compactação máxima desviam-se para o lado seco à medida que se aumenta o esforço ou pressão. Ou seja, aumentando-se a energia sobre o solo, aumentam-se os níveis de compactação, porém o teor de umidade ótimo para a máxima compactação diminui (Baver et al., 1973, citados por Torres et al., 1993). Significa que quanto mais pesado (maior esforço de compactação) for o implemento, maior será a

compactação, mesmo em condições de menor teor de umidade do solo. Para diagnóstico de camadas compactadas podem ser usados métodos diretos e indiretos. Apesar das limitações devido às variações de umidade do solo, o método indireto da resistência à penetração é freqüentemente usado como indicação comparativa de compactação, devido à facilidade e rapidez com que várias medidas podem ser feitas no próprio campo. Normalmente, os resultados são expressos em força por unidade de área de cone da ponta do penetrômetro ou penetrógrafo (kgf.cm-2), segundo Silveira (1989). Fig. 6.6. Compactação do solo em função do teor de umidade

e esforço aplicado.

O penetrômetro é composto por um peso em forma de luva móvel com curso constante, que provoca impactos em uma haste graduada com cone na extremidade inferior que penetra no solo. À medida que o cone atinge camadas mais compactadas, a penetração por impacto é menor, possibilitando a localização dessas zonas no perfil. Com os dados de número de impactos necessários para que a haste penetre no solo a deter- minada profundidade, pode- se montar um gráfico correlacionando im- pactos com profundidade, o que permite localizar e determinar a espessura da camada compactada, para que se possa tomar a decisão de qual implemento deverá ser usado para o rompimento (Silveira, 1989).

O penetrógrafo também é um instrumento que mede a resistência à penetração e é constituído da combinação de haste com cone na extremidade e um conjunto de molas calibradas. À medida que o operador do equipamento pressiona a ponta da haste no solo, as molas se distendem, movimentando um ponteiro sobre um ábaco padronizado que registra a resistência à penetração nas diferentes profundidades do perfil.

Outro método indireto é a abertura de pequenas trincheiras para se detectar a profundidade e espessura da camada compactada, reconhecível pelo aspecto morfológico da estrutura do solo, ou verificando-se a resistência oferecida ao toque de um instrumento pontiagudo.

A observação do desenvolvimento do sistema radicular das plantas também pode ser considerada um método indireto no diagnóstico de camadas compactadas, uma vez que as raízes, ao depararem com uma camada de impedimento físico, deformam-se lateralmente, indicando o início de uma zona de compactação.

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