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Pe. Leomar Brustolin

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Academic year: 2021

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Texto

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(2)

 A fé cristã entende que a revelação bíblica

trata de forma indissociável Criação e Aliança.

 A Criação é o primeiro passo para entender a

Aliança de Deus com seu povo eleito.

 Para além do conhecimento natural que todo

homem pode ter do Criador, Deus revelou progressivamente a Israel o mistério da Criação.

 Ele, que escolheu os patriarcas, que fez Israel

sair do Egito e que, ao escolher Israel, o criou e o formou, se revela como Aquele a quem

pertencem todos os povos da Terra, e a terra inteira, como o único que "fez o céu e a terra" (Sl 115,15; 124,8; 134,3).

 Assim, o Catecismo da Igreja, nos números

287 e 288, resume a longa experiência de Israel desde a libertação do Egito, passando pelos profetas, para proclamar a fé no Deus criador

(3)

 . É necessário, entretanto,

considerar que o povo de Israel recebeu influências de povos circunvizinhos na Antiguidade para elaborar sua compreensão sobre as origens do universo.

Mesmo que as versões de outros povos não tenham determinado a concepção do Gênesis, certamente há interessantes intercâmbios.

 podemos citar o mito babilônico

de Enuma Elish, o relato

mesopotâmico da Atrahasis e a epopeia de Gilgamesh

(4)

 o Deus criador é único, não há outros deuses, e

cria por total gratuidade, sem interesse ou necessidade;

 Deus não tem adversários nem precisa dar

razões de suas obras;

 o ser humano é desejado como uma obra por

excelência, não era um escravo ou um acidente da Criação;

 há uma realidade unitária entre matéria e

espírito, entre o que é criado e a imagem e semelhança de Deus; e

 o humano é criado para ser feliz e participar da

(5)

 o Antigo Testamento quer referir-se àquela

ação criadora que é específica e unicamente de Deus, usa o verbo

bârah

, presente 48

vezes. No fim de cada dia, o autor sagrado diz que o Criador “viu que era boa” a obra daquele dia, expressão que se repete sete vezes.

(6)

 essas aparecem contidas em

Gn

1,1 – 2,4a.  Relato da criação em sete dias

 O texto de

Gn

2,4b-3,24

 Relato da criação homem e mulher Adão e

(7)

Gênesis 1 Característica Gênesis 2

Sacerdotal autor Javista

Século V aC data Século X aC

Babilônia local Palestina

Seis dias duração 1 jornada

Plantas, astros, animais ordem homem, plantas

Homem e mulher animais, mulher

Universal: humano centro cenário Regional: humano

do cosmos centro na família

Sóbrio: Deus arquiteto antropomorfismo audaz: Deus

Trabalhou jardineiro, alfaiate

(8)

 Origina-se pelo confronto com as cosmogonias

ambientais daquele tempo que colocavam em risco a fé de Israel. O escritor sagrado usará um relato mítico

preexistente, limitando-se a corrigi-lo em alguns pontos, complementando-o com o contexto da História da

Salvação.

 Pode-se dizer que esse relato é um mito?

 Se entendermos que mito é uma narração cujas descrições

não se ajustam à realidade em todos os seus detalhes, então diremos que sim.

 O mesmo se dirá se pensarmos nos elementos míticos

que se encontram na narração.

 Contudo, para a História das religiões o sentido de mito é

diferente. Não se trata de informar sobre o passado, mas de iluminar o presente. A intenção hermenêutica explica uma das características do mito: sua falta de historicidade.

(9)

 Podemos dizer, portanto, que o relato não é

um mito se considerarmos que:

 não se pretende ser objetivo nos detalhes,

mas na afirmação de que tudo procede de Deus;

 o material mítico se insere num contexto

histórico, pois rompe com o presente contínuo e o tempo circular do mito; e

 na origem, o humano já fala do fim, a Criação

(10)

 : dia e noite; céu; terra; plantas; Sol e Lua; peixes

e aves; animais e homens. Fez isso em seis dias e no sétimo descansou. Aqui o relato bíblico segue tradições babilônicas e mesopotâmicas sobre a criação do mundo:

 “Deus disse: haja...”  “Assim se fez...”

 “Viu Deus que era bom...”

 Em Gn 1, 4a, Deus declara boa somente a luz (e

não a treva).

 Diferentemente do javista, surge primeiro o

(11)

 o ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus, isto é, conforme a linguagem do mundo

oriental: como correspondência à vontade de Deus de que o homem torne-se responsável pelo bem da

Criação. Deus cria e cuida!

 O homem e a mulher são criados por vontade

expressa de Deus.

 A promessa de bênção é para animais e homens:

fecundidade e multiplicação.

 No relato, é possível apreender a identidade existente entre o Deus que salva Israel, o Deus da Aliança e o Deus Criador do céu e da Terra. Consequentemente, há uma profissão no monoteísmo que dá

exclusividade à autoria da Criação ao Deus único e verdadeiro. Não há deuses, nem lutas, nem outros elementos disputando a Criação. Tudo vem de Deus.

(12)

 O sentido do repouso semanal indica

realização, isto é, iniciado e concluído, porém deve ser aperfeiçoado (criação continuada). Para isso será preciso manter a Aliança entre Criador e criatura. Ao dizer que Deus

descansou, o texto usa um antropomorfismo para indicar que o termo final da Criação está em Deus. O destino da Criação é Deus. Aqui se revela a perspectiva escatológica das

(13)

 A situação inicial não é o caos das águas,

como no Capítulo 1, mas o caos desértico. A Terra é descrita como sendo seca e vazia. A ordem da Criação não segue o relato

sacerdotal, pois a primeira criatura que

aparece é o ser humano. Após a criação dos animais e das plantas, aparece, por fim, a

criação da mulher que é descrita com a mesma dignidade daquela do homem,

(14)

 O homem é chamado Adão. No original

hebraico, o texto revela um jogo de palavras requintado: do solo –

adamah

é retirado um ser denominado

Adam

, homem. Por isso, o humano deve cultivar a terra e voltar a ser terra (pó) no fim de sua vida. Assim, o nome

Adão

,

Adam

, não designa necessariamente o

nome do primeiro humano, mas a sua condição.

(15)

 Gn 2, 4b-6 – condições da Criação antes de ser criado o homem;

 Gn 2,5 – não havia o cultivo;

 Gn 2,7 – o homem é feito da terra cultivável;  nele é insuflado o nefesh, o sopro vital;

 Gn 2,19 – também os animais são feitos de terra

cultivável;

 mas não são parceiros para o homem;

 e não é bom que o homem esteja só;

 é preciso Ezer, uma ajuda; e

 tirada da sela do homem (não da costela), elemento

de construção, tábua, viga. Feita de carne e osso (Gn 2,21-24).

(16)

 não há um modelo paralelo em outras tradições

orientais que tratem da “mulher como ato da Criação divina”.

 Enquanto é “ajuda” para o homem, não significa

prestação de serviços e sim como em 2,18 – ajuda para sair da miséria e da solidão.

 A ação criadora de Deus é muito mais

antropomórfica, e o centro da descrição é a

queda do ser humano por meio do pecado. Esse consiste no fato de o ser humano desejar

colocar-se no centro de tudo, rompendo a

harmonia com Deus, com as demais criaturas e consigo mesmo.

(17)

 Ambos os textos insinuam que a Criação é

uma novidade feita do nada. Também

expressam a transcendência de Deus em

relação às criaturas. Destacam a dependência e a relação especial do ser humano com

Deus. O humano é terra, mas é imagem de Deus, dotado de um espírito que Deus lhe soprou. Enfim, sublinha que a Criação não um ato isolado, pois é o início da História da salvação. A criação aponta para a Aliança, e essa culmina em Jesus Cristo.

(18)

 revela a boa ordem da Criação de Deus;

 ensina que a desordem foi causada pela ação

humana;

 não dá resposta sobre a origem do mal;

 espera o resgate de um dado original que estabeleça

a ordem; e

 no fundo, quem mantém sua Criação é o próprio

Deus.

 Os relatos da Criação contidos no Livro do Gênesis têm caráter religioso que não contradiz a ciência, pois têm outra perspectiva. Não seria possível,

portanto, deduzir do texto bíblico alguma teoria de ordem biológica ou científica sobre a origem do

(19)

 no centro da Criação não está o ser humano nem o povo de Israel, mas Jesus Cristo e seus discípulos (At

4, 24-30 e 1Pe 4, 19); nesse sentido, acrescenta-se a esperança de um novo céu e nova Terra, cuja meta é a nova Jerusalém que tem como lâmpada o Cordeiro (Ap 21, 1-8); e

 desenvolve-se a função de Cristo na Criação: ele é o princípio dinâmico da Criação e da recriação. Ele é o princípio e o fim de tudo. A meta final da Criação não é o ser humano, mas a recapitulação em Cristo para a glória da Trindade Santa. A pessoa humana é

compreendida como imagem do Filho, somos filhos no Filho, de tal forma que o ser humano só se

compreenderá a partir do mistério de Cristo (GS 22;

(20)

 O mundo não é o produto de uma

necessidade qualquer, de um destino cego ou do acaso. Cremos que o mundo procede da

vontade livre de Deus

, que quis fazer com

que as criaturas participassem de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade.

(21)

 Deus não precisa de nada preexistente nem de

nenhuma ajuda para criar. A Criação também não é uma emanação necessária da substância divina. Deus cria livremente do nada. A fé na Criação a partir "do nada" é atestada na Escritura como

uma verdade cheia de promessa e de esperança. Assim, a mãe dos sete filhos os encoraja ao

martírio: “Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra e observa tudo o que neles existe. Reconhece que não foi de coisas existentes que Deus os fez, e que também o gênero humano surgiu da mesma forma.” (2Mc 7,22-23.28).

(22)

 Feita

no

e por meio

do

Verbo eterno,

"imagem do Deus invisível" (

Cl

1,15), a

Criação está destinada, dirigida ao homem, imagem de Deus, chamado a uma

relação

pessoal com Ele.

Nossa inteligência, que

participa da luz do intelecto divino, pode

entender o que Deus nos diz por meio de sua Criação, sem dúvida não sem grande esforço e com um espírito de humildade e de respeito diante do Criador e de sua obra.

(23)

Deus é infinitamente maior

que todas as suas

obras. Mas, por ser o criador soberano e livre, causa primeira de tudo o que existe, Ele está presente no mais íntimo das suas criaturas: "Nele vivemos, nos movemos e existimos." (

At

17,28). Segundo as palavras de Santo Agostinho, Ele é "superior

summo meo

et

interior

intimo meo

”. [Maior do que o que há de maior em mim e mais íntimo do que o que há de mais íntimo em mim.]

(24)

 "No princípio, Deus criou o céu e a Terra" (

Gn

1,1). Três coisas são afirmadas nessas

primeiras palavras da Escritura: o Deus eterno pôs um começo a tudo o que existe fora dele. Só ele é Criador (o verbo

cria

r, em hebraico,

bara

, sempre tem como sujeito Deus). Tudo que existe (expresso pela fórmula "o céu e a Terra") depende daquele que lhe dá o ser.

(25)

 "No princípio era o Verbo... e o Verbo era

Deus... Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito" (

Jo

1,1-3). O Novo Testamento

revela que Deus criou tudo por meio do

Verbo Eterno, seu Filho bem-amado. “Nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra... tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste." (

Cl

1,16-17).

(26)

 A fé da Igreja afirma, outrossim, a ação criadora

do Espírito Santo: Ele é o "doador de vida", "o Espírito Criador" (Veni, Creator Spiritus).

 Insinuada no Antigo Testamento, revela, na Nova

Aliança, a ação criadora do Filho e do Espírito, inseparavelmente una com o Pai e é claramente afirmada pela regra de fé da Igreja: Só existe um Deus...: ele é o Pai, e Deus é Criador, é o Autor, é o Ordenador. O Filho e o Espírito Santo são como que as duas mãos do Pai que tocam o ser

(27)

 , não precisa completar-se e nem redimir sua

solidão. Deus cria simplesmente por amor e gratuidade. As criaturas participam

misteriosamente do jogo de comunicação de vida e amor trinitário. A meta da Criação é a

trinitarização, isto é, a comunhão plena das

criaturas com a trindade criadora. A Criação não se tornará Deus, nem Deus absorverá a obra

criada, mas pela distinção existente entre Criador e Criatura, entrarão numa comunhão perfeita,

quando Deus-Trindade será tudo em todos (1Cor

(28)

 Problema:a ação criadora não é pontual. O mundo

não foi criado pronto e em estado definitivo. A criatura depende sempre do Criador e deve

sempre passar do não ser ao ser. “Deus atua

sempre naquele que Ele criou” ( Santo Agostinho)

 Conservação manutenção: a contingência exige

que o mundo se mantenha numa ação conservadora: ação de sustento

 Concurso Natural : conservação ativa: “Meu Pai

trabalha sempre e eu também trabalho” (Jo 5,17). Criação permanente. Ele cria e sustenta tudo. A criatura participa desse ato criador de forma

criatural. Sinergia:ação conjunta de Deus e da criatura.

(29)

 Problema: por que Deus criou o mundo? Qual

a finalidade? ( teleologia e escatologia)

 A felicidade da criatura

 Para partilhar seus bens com as criaturas  Para comunicar sua bondade

 Porque o amor é saída de si

(30)

 "O mundo foi criado para a glória de Deus",

diz o Concílio Vaticano I. Deus criou todas as coisas. Explica São Boaventura: “

Non propter

gloriam augendam, sed propter gloriam

manifestandam et propter gloriam suam

communicandam.”

[Não para aumentar a

glória, mas para manifestar a glória e para comunicar a sua glória.] Deus não tem outra razão para criar a não ser seu amor e sua

(31)

 A glória de Deus consiste em que se realize

essa manifestação de sua bondade em vista da qual o mundo foi criado. Fazer de nós

"Filhos adotivos por Jesus Cristo: conforme o beneplácito de sua vontade para louvor à

glória da sua graça" (

Ef

1,5-6): "Pois a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus."

(32)

 1. o mundo não tem fim em si mesmo senão

em Deus

 2. o fim último do mundo é o bem da criatura  3. Deus não se beneficia em nada da criação,

nem busca nada nela

 4. o fim da criação está no cristocentrismo  5. a criação inteira é autocomunicação de

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