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ECLI:PT:TRL:2011: T2SNT.B.L1.7

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ECLI:PT:TRL:2011:23548.10.4T2SNT.B.L1.7

http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ECLI:PT:TRL:2011:23548.10.4T2SNT.B.L1.7

Relator Nº do Documento

Maria João Areias rl

Apenso Data do Acordão

17/05/2011

Data de decisão sumária Votação

unanimidade

Tribunal de recurso Processo de recurso

Data Recurso

Referência de processo de recurso Nivel de acesso

Público

Meio Processual Decisão

Apelação improcedente

Indicações eventuais Área Temática

Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores

(2)

Sumário:

I - A indicação do administrador a nomear por parte dos requerentes ou credores não é vinculativa para o juiz.

II - Quando o juiz entenda não serem de seguir as indicações dadas pelas partes quanto à pessoa do administrador a nomear, o dever de fundamentação de tal despacho esgotar-se-á na indicação dos motivos pelos quais não adere à indicação das partes, não havendo que justificar porque razão, de entre os peritos constantes da lista escolhe um ou outro, escolha esta que deveria ser aleatória.

(Sumário da Relatora)

Decisão Integral:

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa (7ª secção): I – RELATÓRIO.

A (…) e B (…), instauraram o presente processo de insolvência, requerendo que se declare a sua insolvência bem como a concessão do benefício da exoneração do passivo restante.

Tendo sido pelo juiz a quo proferida sentença a declarar a insolvência dos requerentes, estes interpuseram recurso de apelação da mesma, na parte em que não atendeu ao administrador de insolvência por si indicado, formulando as seguintes conclusões:

a) Errou a sentença ao não nomear o Administrador de Insolvência indicado pelos Apelantes - Dr. C…, inscrito nas Listas Oficiais de Administradores de Insolvência e melhor identificado na petição inicial;

b) Indicação que teve por suporte o disposto no artigo 52. °, n.° 2 do CIRE (Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas), em conjugação com o consignado no artigo 2°, n.° 1, da Lei n. °32/04, de 22-07-2007 (Estatuto do Administrador da Insolvência);

c) Pois não fez qualquer alusão à sugestão apresentada pelos Requerentes-insolventes nem foi feita menção de qualquer motivo para o não acatamento da sugestão feita no requerimento inicial -deixando de se pronunciar sobre questão, suscitada e peticionada na p.i.;

d) Indicação que os Apelantes alegaram e fundamentaram devidamente na petição inicial, e que queriam ver apreciado e decidida pelo tribunal a quo – Cfr. doc. 2 que se junta;

e) Nem a escolha para administrador de insolvência pelo Sr. Dr. C …, foi fundamentada pelo juiz o quo, não especificando os fundamentos de facto e de direito que justificaram tal decisão;

f) Na sentença que declara a insolvência, o tribunal tem, além de outras proclamações, que nomear o administrador da insolvência, com indicação do seu domicílio profissional, conforme prescreve a al. d) do art. 36º do CIRE.;

g) Nos termos do preceituado no art. 52°, n. ° 1, do CIRE, nomeação do Administrador da

Insolvência é da competência do juiz no entanto, o legislador regulamenta os termos em que essa competência deve ser exercida permitindo ao devedor/credor requerente da Insolvência, indicar a pessoa nomear;

h) Estabelecendo que o juiz “pode” atender à pessoa indicada pelo próprio devedor ou pelo credor requerente da insolvência – art. 32º nº1 e art. 52º nº2 do CIRE;

i) Nos autos, inexiste outra indicação para o exercício do referido cargo além da dos requerentes/insolventes – Cfr. Certidão que se requer a final;

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j) Resulta da 2º parte do nº 2 deste último preceito que o devedor pode, ele próprio, indicar a pessoa/entidade que deve exercer aquela função no processo. Tal indicação não está sujeita a qualquer formalidade nem a outra exigência que não seja a de que essa pessoa/entidade conste da referida lista oficial.

k) Quanto à articulação do referido normativo com o nº 2 do art. 2º da Lei nº 32/2004 – que dispõe que “ sem prejuízo do disposto no nº 2 do art. 52 do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, a nomeação a efectuar pelo juiz processa-se por meio de sistema informático que assegure a aleatoriedade da escolha e a distribuição em idêntico número dos administradores da insolvência nos processos” – Como referem os autores citados, o recurso a tal sistema informático só se verifica “no caso de não haver indicação do devedor ou da comissão de credores, quando esta seja viável, e o juiz a ela atender, ou quando não se verifique a preferência pelo administrador judicial provisório”. E concluem mais adiante que “confortado com indicações contrárias do

devedor e da comissão de credores, o tribunal não está obrigado a preferir nenhuma delas nem sequer é obrigado a optar por qualquer”, “mas deverá, como é próprio das decisões, fundamentar a escolha, designadamente quando se afaste das indicações recebidas ou quando privilegie algum delas”, sendo que quando a divergência for entre a indicação do credor e a do devedor, “só deve seguir esta última quando haja razões objectivas que, a um tempo, aconselhem a rejeição do que o credor requerente propõe e o seguimento do que é pretendido pelo devedor”;

l) Assim, se só o devedor indicar a pessoa/entidade a nomear para tal cargo e esta constar das ditas listas oficiais (o que se verifica), o Juiz do processo deve, em princípio, acolher essa indicação, a não ser que tenha motivos que a desaconselhem – o que não se verificou; m) Em qualquer dos casos, quando não acolher as indicações – do devedor, do credor, da

comissão de credores, ou de todos –, o Juiz/Tribunal deve fundamentar esse não acolhimento e as razões que o levaram a nomear uma terceira pessoa/entidade

n) A qual deverá sempre ser decidida por processo aleatório - art.º 2°, n.° 2 da Lei nº 32/2004, 22/07 que não existem. Pelo que, enquanto tais aplicações informáticas não estiverem

disponibilizadas e regulamentadas, o critério preferencial de nomeação – esta exigência de fundamentação decorre do que estabelecem os arts. 158º nº 1 e 659º nº 3 do CPC; recairá em primeiro lugar no administrador judicial provisório, se este existir - art. 52°, n. ° 2, e art.º 32° n. ° 1 do CIRE;

o) Nenhuma das normas mencionadas na sentença ou argumento excluiu, só por si, a possibilidade de que a nomeação para o cargo de administrador da insolvência, recaísse na pessoa indicada pelo Requerente;

p) O tribunal a quo não só deixou de se pronunciar sobre questão que lhe foi suscitada, como escolheu outro administrador sem qualquer fundamentação incorrendo, por isso, nas nulidades prevista na al. b) do n.º 1 do art. 668º do CPC;

q) Faltando, em absoluto, os fundamentos que levaram o Tribunal, por um lado, a não acolher a indicação da requerente, ora apelante, quanto à pessoa a nomear como administrador da

insolvência e, por outro, a nomear outra para esse cargo – assim Alberto dos Reis, in “Código de Processo Civil Anotado” vol. V 1981, pgs. 139 a 141, Castro Mendes, in Direito Processual Civil” vol. III AAFDL-19B2, pg. 308, nota 1 e Lebre de Freitas e outros, in “Código de Processo Civil anotado”, vol. 2º, 2001, pg. 669].;

r) Importa pois, declarar nula a sentença recorrida, na parte atinente à nomeação do administrador da insolvência;

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instância, “conhecer do objecto da apelação”, ou seja, substituir-se ao Tribunal recorrido e, “in casu”, proceder à nomeação do administrador da insolvência em função dos elementos fácticos que decorrem dos autos;

t) Elementos que, de acordo com a fundamentação constante da petição inicial, são suficientes para desaconselhar a sua nomeação, ao esclarecer que a pessoa indicada para o cargo tem capacidade e conhecimentos para a profissão;

u) Tem idoneidade e não se vislumbra a verificação de qualquer circunstância susceptível de gerar situação de incompatibilidade, ou impedimento;

v) É administrador de insolvência (Já do Tempo do CPEREF) e especialmente habilitado a praticar actos de gestão nos termos da lei;

w) Sendo, Economista, Técnico Oficial de Contas e Perito Fiscal Independente da Direcção Geral de Impostos;

x) O entendimento e critérios que fundamentam o presente recurso foram confirmados pelo

Venerando Tribunal da Relação do Porto, tendo como relator o Juiz Desembargador Dr. Pinto dos Santos, Ac. TRP, 2010/05/11, Proc. 175/10.TBESP-A P1, 3ª secção, cujo sumário se transcreve; y) Em conformidade com o exposto, deve ser julgada procedente a apelação e anular parcialmente a decisão recorrida, na parte em que nomeou como administrador da insolvência o Sr. Dr. D….., nomeando-se agora para exercer o cargo de administrador da insolvência o Sr. Dr. C...

Não foram apresentadas contra-alegações.

II – DELIMITAÇÃO DO OBJECTO DO RECURSO.

Considerando que as conclusões da alegação do recurso delimitam os poderes de cognição deste tribunal, as questões a decidir são unicamente as seguintes:

1. Nulidade por falta de fundamentação.

2. Se a indicação do administrador de insolvência a nomear, feita pelos requerentes no requerimento inicial, é vinculativa para o tribunal.

III – APRECIAÇÃO DO OBJECTO DO RECURSO. 1. Nulidade por falta de fundamentação da decisão.

Restringe-se o recurso em apreço à parte da decisão respeitante à nomeação do administrador de insolvência, cujo teor aqui se reproduz:

“Mais decido: a) (…)

b) Nomear, como administrador judicial, o/a Dr. C…, constante da lista oficial. Não se nomeia o administrador sugerido, porquanto o mesmo parece não dispor de meios necessários ao cabal exercício das suas funções uma vez que, noutros processos, reiteradamente, solicita ao Tribunal que realize as diligências que lhe incumbem. Tal procedimento entope a acção do Tribunal que tem de fazer as diligências próprias do administrador, deixando assim de trabalhar noutros de natureza igualmente urgente. (…).

O fundamento de nulidade da sentença consistente na falta de especificação dos fundamentos de factos e de direito que justificam a decisão, previsto na al. b), do nº1 do art. 668º do CPC, como há muito é opinião unânime na doutrina e jurisprudência, só se verifica “quando falte em absoluto a indicação dos fundamentos de facto ou a indicação dos fundamentos de direito”, não a constituindo “a mera deficiência de fundamentação[1]”.

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a decisão em apreço não padece do invocado vício.

O juiz a quo explicou porque motivo não nomeou o administrador da insolvência indicado pelos requerentes.

Tendo o juiz afastado a indicação efectuada pelos requerentes, justificando as razões da sua não aderência a tal indicação, não precisava de justificar porque motivo escolheu determinado

administrador e não outro, escolha esta que, segundo o nº2 do art. 2º deveria ser efectuada, aleatoriamente, por via informática, como veremos a seguir.

Ou seja, e como resulta do teor do Acórdão do TRP de 11.05.2010, citado pelo apelante, quando não acolher as indicações – do devedor, do da comissão de credores, ou de todos – o tribunal deve fundamentar esse não acolhimento e as razões que o levam a escolher uma terceira

pessoa/entidade[2].

O dever de fundamentação esgota-se na justificação dos motivos pelos quais não nomeia a pessoa indicada pelos requerentes não se estendendo à designação do terceiro.

Face às considerações expostas, a decisão não enferma da invocada nulidade.

2. Se a indicação do administrador de insolvência a nomear, feita pelos requerentes no requerimento inicial, é vinculativa para o tribunal.

A escolha do administrador de insolvência recai em entidade inscrita na lista oficial de

administradores de insolvência, podendo o juiz ter em conta as indicações que sejam feitas pelo próprio devedor ou pela comissão de credores, se existir, cabendo preferência, na primeira

designação, ao administrador judicial provisório em exercício de funções à data da declaração de insolvência – nº2 do art. 52º, e nº1 do art. 32º, do CIRE, na redacção do Dec. Lei nº 282/2007, de 7 de Agosto.

Salienta-se, desde logo, que na redacção inicial (do DL 53/2004, de 18 de Março, que aprovou o CIRE), dizia-se no art. 32º, nº1, que o juiz escolhe o administrador provisório “tendo em conta proposta a proposta eventualmente feita na petição inicial”, e no nº2 do art. 52º dizia-se que o juiz devia atender às indicações do devedor e da comissão de credores.

Como referem Luís A. Carvalho Fernandes e João Labareda, a nova redacção, dada em 2007, a tais normas veio alargar o poder decisório do juiz[3].

A troca das anteriores expressões pela expressão “pode atender” é significativa de que o juiz não se encontrará vinculado a seguir tal indicação, podendo afastar-se da mesma, desde que indique os motivos pelos quais, em seu entender, não será de seguir tal indicação.

Assim, e como defende Luís M. Martins, o administrador terá de ser seleccionado considerando os nomes existentes na Lista de Administradores de insolvência “podendo”, como mera faculdade, atender às indicações que forem feitas pelo credor ou devedor[4].

Por outro lado, há que atender-se ao que dispõe o nº2 do artº 2º do Estatuto do Administrador de Insolvência (aprovado pela Lei nº 32/2004, de 22 de Julho, com as alterações introduzidas pelo DL nº 282/2007), segundo o qual “a nomeação a efectuar pelo juiz processa-se por meio de sistema informático que assegure a aleatoriedade da escolha e a distribuição em idêntico número dos administradores de insolvência nos processos.

Contudo, como é sabido, tal função não se encontra ainda operacional, pelo que, caso opte por não designar o administrador indicado pelas partes, terá de ser o juiz a nomear o administrador, sem que tenha de justificar porque motivo escolhe um ou outro, desde que nomeie um de entre os constantes da lista oficial.

Como refere Luís A. Carvalho Fernandes, o complexo regime resultante da conjugação dos citados arts. 32º e 52º, do CIRE e do art. 2º do Estatuto, e respeitante à nomeação do administrador de

(6)

insolvência, “pode sintetizar-se, nas seguintes duas proposições:

a) o juiz, na sua nomeação, tem de seleccionar pessoa inscrita na referida lista e preferir o administrador provisório, se estiver em exercício de funções;

b) o juiz, embora deva levar em conta a indicação, pelo devedor ou pela comissão de credores, não está vinculado a segui-la e não o deve fazer, se a pessoa indicada não estiver inscrita na lista oficial[5]”.

Assim, e no caso concreto:

- o juiz explicitou os motivos pelos quais não nomeou o administrador proposto pelo requerente; - e indicou um administrador de entre os constantes da lista oficial.

Nenhum reparo haverá, assim, a efectuar a tal decisão, que será de manter, improcedendo o recurso interposto pelos requerentes.

IV – DECISÃO:

Pelo exposto, acordam juízes desta Relação em julgar improcedente a apelação, confirma-se a decisão recorrida.

Custas a suportar pelos apelantes.

V – Sumário elaborado nos termos do art. 713º, nº7, do CPC.

1. A indicação do administrador a nomear por parte dos requerentes ou credores não é vinculativa para o juiz.

2. Quando o juiz entenda não serem de seguir as indicações dadas pelas partes quanto à pessoa do administrador a nomear, o dever de fundamentação de tal despacho esgotar-se-á na indicação dos motivos pelos quais não adere à indicação das partes, não havendo que justificar porque razão, de entre os peritos constantes da lista escolhe um ou outro, escolha esta que deveria ser aleatória.

Lisboa, 17 de Maio de 2011 Maria João Areias

Luís Lameiras Roque Nogueira

---[1] Cfr., neste sentido, entre muitos outros, Lebre de Freitas, A. Montalvão Machado e Rui Pinto, “Código de Processo Civil Anotado”, Vol. 2º, 2ª ed., pag. 703.

[2] Acórdão disponível in http://www.dgsi.pt/jtrp.

[3] Cfr., “Orgãos da Insolvência”, estudo publicado in “Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas Anotado”, de Luís A. Carvalho Fernandes e João Labareda, Quid Juris, Lisboa 2008, pag. 243.

[4] “Processo de Insolvência, Almedina, 2ª ed., 2010, pag. 186.

[5] Cfr., “Colectânea de Estudos Sobre a Insolvência”, Quid Juris, Lisboa 2009, pag. 147.

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