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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS

ORIENTADORA: PROF

a

. MSc. CRISTIANE ELISE TEICHMANN

SUPERVISOR: MED. VET. MSc. RAQUEL BAUMHARDT

Gabriela Echer

Ijuí, RS, Brasil

2015

(2)

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Gabriela Echer

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Clínica Médica de

Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ,

RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária.

Orientadora: Med. Vet. Msc. Cristiane Elise Teichmann

Ijuí, RS, Brasil

2015

(3)

Universidade Regional do Noroeste do Estado do

Rio Grande do Sul

Departamento de Estudos Agrários

Curso de Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO

elaborado por

Gabriela Echer

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médica Veterinária

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________________

Cristiane Elise Teichmann (UNIJUÍ)

(Orientadora)

______________________________________ Fernando Silvério Ferreira da Cruz (UNIJUÍ)

(Banca)

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DEDICATÓRIA

Dedico estre trabalho à minha família, pelo exemplo de vida, amor e esforços a mim dispensados não apenas durante a graduação, mas em toda a minha vida. Ao meu noivo e companheiro pelo apoio constante, obrigada por ter tornado esta trajetória mais doce. E à minha anjinha de quatro patas, por ter servido de inspiração durante os anos de graduação.

(5)

AGRADECIMENTOS

A deus por ter me abençoado com o privilégio de saber amar, respeitar e cuidar dos animais.

A Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul pela oportunidade de estudo.

A toda a equipe de funcionários do Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do sul, pela oportunidade de estágios ricos em conhecimento, ao lado de pessoas maravilhosas, tornando prazerosos os dias de trabalho, especialmente aos meus supervisores Raquel Baumhardt e Renan Marcel Kruger, que não hesitaram em compartilhar conhecimento.

Agradeço а todos os professores pela contribuição no meu crescimento como aluna, como pessoa e profissional.

Em especial agradeço a minha orientadora Cristiane Elise Teichmann, pela orientação, paciência, acessibilidade, preocupação, auxílio e ensinamentos transmitidos neste período de convivência, e pelos esforços dispensados para a realização deste trabalho.

Aos meus pais Renato e Lenise, pois tudo o que sou e conquistei até então, devo a vocês que nem por um momento mediram esforços para que eu alcançasse meus objetivos.

Ao meu irmão Jonas Eduardo Echer, pela diversão e amizade.

Ao meu noivo Genor Brum Filho, pelo companheirismo, cumplicidade, apoio, amor, por ser meu melhor amigo e por tornar meus dias muito mais felizes.

Ao meu anjo de quatro patas Lara, que me mostrou formas incondicionais de amor, não deixando de esperar na janela ansiosamente a minha volta das aulas, por um dia sequer. E também por pacientemente ter me acompanhado em diversas aulas práticas.

Aos meus futuros pacientes, por tornar prazerosa e gratificante esta profissão.

Aos demais familiares, amigos e colegas, que de alguma forma estiveram do meu lado nesta trajetória.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE

PEQUENOS ANIMAIS

Autora: Gabriela Echer

Orientadora: Cristiane Elise Teichmann

Data e Local da Defesa: Ijuí, 23 de junho de 2015.

RESUMO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, em Ijuí - RS, totalizando 150 horas, acompanhadas no período de 09/03/2015 a 14/04/2015, sob orientação da Professora Médica Veterinária Msc. Cristiane Teichmann e supervisão da Médica Veterinária Msc. Raquel Baumhardt. Durante o período do estágio foram acompanhadas diversas atividades na área de clínica médica de pequenos animais. As atividades desenvolvidas estão descritas e também relacionadas em forma de tabelas. Posteriormente serão descritos e discutidos com a revisão de literatura específica, dois casos clínicos, sendo estes: criptococose felina e celulite juvenil canina. O estágio apresenta-se como um dos momentos de maior importância na formação acadêmica de medicina veterinária, pois é o momento onde se aplica na prática os conhecimentos adquiridos na teoria, ampliando consequentemente os conhecimentos na área.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais específicos realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015...13 Tabela 2 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015...14 Tabela 3- Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema cardiovascular, doenças infectocontagiosas e sistema digestório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015...14 Tabela 4 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções dos sistemas endócrino, musculoesquelético e neurológico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015...15 Tabela 5 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções dos sistemas oftálmico, reprodutivo e respiratório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015...16 Tabela 6 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções dos sistemas tegumentar e urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015...16 Tabela 7 - Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015...17

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% = porcentagem °C = graus Celsius BID = duas vezes ao dia bpm = batimentos por minuto

DTUIF = Doença do trato urinário inferior dos felinos FeLV = Vírus da leucemia felina

FIV = Vírus da imunodeficiência felina

HV-UNIJUÍ = Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Kg = quilograma mg = miligramas mg/mL = miligrama / mililitro mg/kg = miligrama / quilograma mL = mililitro

mpm = Movimentos por minuto MSc = Mestre em ciência SID = Uma vez ao dia TID = Três vezes ao dia

TRC = Tempo de reperfusão capilar PCR = Reação em cadeia da Polimerase SNC = Sistema Nervoso Central

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Resultado de exame citológico...39

Anexo B – Felino diagnosticado com criptococose na primeira consulta...40

Anexo C – Felino diagnosticado com criptococose após 30 dias de tratamento...41

Anexo D – Canino diagnosticado com celulite juvenil na primeira consulta...42

(10)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 13

2 DISCUSSÃO ... 18

2.1 Criptococose Felina...18

2.2 Celulite Juvenil Canina...25

CONCLUSÃO ... 34

(11)

INTRODUÇÃO

Devido ao fato de os animais de estimação ser considerados membros familiares, a clínica de pequenos animais vem crescendo potencialmente, fazendo com que os médicos veterinários procurem mais informações, inclusive com o uso de exames complementares, realizando assim diagnósticos mais conclusivos, demonstrando um maior respeito entre o proprietário, veterinário e animal de estimação. O Estágio Curricular supervisionado nos permite aplicar e visualizar na prática, os conhecimentos teóricos adquiridos nos anos de graduação, preparando futuros médicos veterinários para seguir a conduta correta perante aos pacientes e seus proprietários.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de clínica médica de pequenos animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015, somando um total de 150 horas, sob a supervisão da Médica Veterinária Msc. Raquel Baumhardt e orientação da professora Med. Vet. Msc. Cristiane Elise Teichmann.

O referido hospital está localizado no interior do campus da Universidade, no bairro universitário, na cidade de Ijuí no interior do estado do Rio Grande do Sul. O estabelecimento oferece atendimento clínico, cirúrgico, terapêutico, de diagnóstico por imagem e internação, além de outros serviços. A estrutura do Hospital Veterinário conta com recepção, sala de espera, três ambulatórios de atendimento, farmácia, unidade de internação, unidade de tratamento intensivo (UTI), unidade de isolamento para o tratamento de animais com suspeita ou diagnóstico de doenças infectocontagiosas, um gatil, três canis, laboratório de anatomia e um auditório para a realização das aulas. Os serviços de diagnóstico do HV - UNIJUÍ incluem um laboratório de análises clínicas e um setor de diagnóstico por imagem que conta com exames de raio-x e ultrassom. A estrutura ainda soma um bloco cirúrgico composto de duas salas para a rotina do hospital, e outra para as atividades cirúrgicas acadêmicas. A rotina hospitalar é acompanhada por médicos veterinários que atuam na parte clínica e cirúrgica, técnicos de enfermagem, farmacêutica, biomédica, estagiários, bolsistas e funcionários de outras áreas.

O estabelecimento presta serviço ao público das 08h00min às 19h00min de segunda a sexta-feira e nos sábados o horário de atendimento é das 08h00min às 16h00min. Na recepção do hospital, a secretária realiza o cadastramento dos pacientes e seus proprietários em seguida

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os encaminha para o atendimento veterinário, também realiza a tarefa de agendar consultas entre outros. No consultório sob a responsabilidade do médico veterinário, é realizada a consulta junto ao proprietário, feita anamnese, exame clínico e se necessário, encaminhamento para exames complementares, internação ou procedimento cirúrgico.

Durante o estágio pode-se acompanhar e auxiliar os médicos veterinários, tanto na área cirúrgica como clínica, participando e discutindo sobre os métodos adotados para os casos atendidos durante a rotina da clínica.

A área de Clínica Médica de Pequenos Animais foi escolhida tendo em vista a crescente evolução da Medicina Veterinária e o maior apego dos proprietários com seus animais de estimação, fazendo com que a profissão Médico Veterinário se torne cada vez mais necessária e valorizada.

Optou-se em realizar o Estágio Curricular Supervisionado no HV – UNIJUÍ, pelo alto fluxo de atendimentos, pelos profissionais capacitados que nela trabalham e pela ideia de vivenciar diferentes métodos de trabalho e casos clínicos.

O estágio desenvolvido objetivou ampliar conhecimentos teóricos para melhor serem aplicados na prática, complementando a formação acadêmica podendo assim desenvolver o senso crítico e avaliar os melhores métodos de como proceder em diferentes casos, proporcionando então a troca de experiências entre profissionais e alunos, segmento primordial para o desenvolvimento de um futuro profissional completo, ciente das responsabilidades que lhe serão confiadas.

(13)

1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do sul compreenderam o acompanhamento de atendimentos clínicos, coleta de material para exames complementares, auxílio nas atividades realizadas no setor de internação, auxílio na contenção de animais para realização de ultrassonografia e raios-x. Os atendimentos clínicos estão explanados a seguir em tabelas, divididos pelos sistemas orgânicos correspondentes, além de, demonstrarem os procedimentos ambulatoriais e exames complementares acompanhados.

Tabela 1 - Procedimentos ambulatoriais específicos realizados e/ou acompanhados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015.

Procedimentos Cães Gatos Total %

Administração de medicamentos Atendimentos clínicos Acesso Venoso Coleta de sangue Curativo Eutanásia

Limpeza do conduto auditivo Procedimento cirúrgico Raspado de pele

Remoção de fixador externo Remoção de pontos cirúrgicos Sondagem uretral 100 109 19 62 18 1 8 1 3 3 28 1 50 13 6 28 17 1 0 0 1 0 2 1 150 122 25 90 35 2 8 1 4 3 30 2 31,7 25,8 5,3 19 7,4 0,4 1,7 0,2 0,8 0,6 6,4 0,4 Total 353 119 472 100

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Tabela 2 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Cardiovascular Doenças Infectocontagiosas Digestório Endócrino Musculoesquelético Neurológico Oftálmico Reprodutivo Respiratório Tegumentar e anexos Urinário 2 9 8 0 20 4 3 17 1 25 4 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 2 2 9 9 1 21 4 4 17 1 26 6 2,02 9,09 10,10 1,01 21,21 4,04 4,04 17,17 1,01 26,26 6,06 Total 93 7 99 100

Tabela 3- Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema cardiovascular, doenças infectocontagiosas e sistema digestório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Cálculos Dentários Cinomose Gastroenterite Intoxicação Leptospirose Parvovirose Peritonite

Doença valvular cardíaca Úlcera Gástrica 4 1 2 4 1 7 1 2 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 4 1 3 4 1 7 1 2 1 16,66 4,16 12,5 16,66 4,16 29,16 4,16 8,33 4,16 Total 23 1 24 100

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Tabela 4 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções dos sistemas endócrino, musculoesquelético e neurológico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Botulismo Diabetes Mellitus Discoespondilite Displasia Coxofemoral Epilepsia Fratura de Fêmur Fratura de Radio e Ulna Fratura Múltipla de Pelve Hérnia de Disco Intervertebral Hérnia Inguinal

Hérnia Umbilical Hérnia Perineal

Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur Paralisia do Nervo Facial

Ruptura do Ligamento Cruzado Ruptura de Medula Espinhal

Síndrome dos Tremores Responsivo a Corticóides 2 0 1 2 1 4 2 3 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 1 1 2 1 4 2 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 8 4 4 8 4 16 8 12 4 4 4 4 4 4 4 4 4 Total 23 2 25 100

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Tabela 5 - Diagnósticos clínicos estabelecidos e atividades envolvendo afecções dos sistemas oftálmico, reprodutivo e respiratório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Piometra Pneumonia

Protrusão de Globo Ocular Tumor Venéreo Transmissível Tumor de Vulva Úlcera de Córnea 6 1 1 3 1 2 0 0 0 0 0 1 6 1 1 3 1 3 40 16,7 16,7 20 16,7 20 Total 14 1 15 100

Tabela 6 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções dos sistemas tegumentar e urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015.

Diagnóstico Cães Gatos Total %

Criptococose Cálculo Uretral Cálculo Vesical Celulite Juvenil Dermatite Atópica DTUIF Laceração de pele Melanoma Miíase Otite Fúngica Sarna Demodécica Sarna Sarcóptica 0 2 2 1 4 0 3 1 2 5 3 2 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 2 2 1 4 2 3 1 2 5 3 2 3,57 7,14 7,14 3,57 14,29 7,14 10,71 3,57 7,14 17,86 10,71 7,14 Total 25 3 28 100

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Tabela 7 - Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no período de 09 de março a 14 de abril de 2015.

Exames Cães Gatos Total %

Alanina aminotransferase Creatinina 88 88 22 22 110 110 17,8 17,8 Fosfatase alcalina 88 22 110 17,8 Glicose Hemograma Parasitológico de fezes Parasitológico de pele Radiografia Teste de fluorosceína Teste rápido de cinomose Teste rápido de parvovirose Ultrassonografia

Eletrocardiograma

Análise de líquido Sinovial

22 137 2 5 62 5 2 2 4 2 2 4 22 2 2 10 1 0 0 2 0 0 26 159 4 7 72 6 2 2 6 2 2 4,20 25,72 0,65 1,13 11,65 0,97 0,32 0,32 0,97 0,32 0,32 Total 509 109 618 100

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2. DISCUSSÃO

2.1 Criptococose Felina

RESUMO

Relata-se um caso de criptococose felina de caráter sistêmico atendido no HV-UNIJUÍ e diagnosticado com o auxílio de citologia. O paciente, felino, sem raça definida, fêmea de 5 meses, apresentava sinais de depressão, dispneia, feridas em várias partes do corpo e aumento de volume das narinas. O citológico revelou a presença de fungos compatíveis com

Cryptococcus neoformans. O paciente foi tratado com antifúngicos durante 30 dias, e devido à

intensificação das lesões, foi encaminhado para eutanásia.

Palavras chaves: Cryptococcus neoformans, Fungos, Dispneia, Felino.

INTRODUÇÃO

A criptococose é uma micose sistêmica, infecciosa, potencialmente fatal, capaz de acometer mamíferos domésticos, especialmente gatos e cães, animais silvestres e o homem. Esta patologia em animais de companhia ainda é considerada pouco frequente ou pouco diagnosticada, se partirmos do pensamento que cães e gatos estão costumeiramente em contato com o habitat natural do Cryptococcus, existindo poucos relatos na literatura quando comparada com outras enfermidades fúngicas superficiais e subcutâneas. O pequeno número de registros se deve ao fato do diagnóstico da micose ser subestimado por falta de exames diferenciais para enfermidades que cursam com sintomatologia clínica semelhante à da criptococose (LAPPIN, 2010; CEZAR, 2012; FARIA, 2015).

A doença é causada por leveduras pertencentes à classe Bastomycetes, família

Cryptococcaceae, do gênero Cryptococcus, sendo as duas espécies consideradas mais

patogênicas a Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii, havendo raros os relatos de outras espécies causadoras da doença. A espécie está subdividida em três variedades e cinco sorotipos, variedades estas que diferem quanto à apresentação clínica, características epidemiológicas e habitat (QUEIROZ et al., 2008; COELHO et al., 2009).

A espécie neoformans é frequentemente encontrada nas excretas de pombos urbanos devido ao alto teor de creatinina e nitrogênio presente, favorecendo o crescimento do agente,

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principalmente nas excretas envelhecidas, pois oferecem um substrato orgânico ainda mais favorável devido à menor quantidade de bactérias, reduzindo a competição pelo crescimento. Já a espécie gattii, ocorre com maior frequência nas regiões tropicais e subtropicais (PETRAGLIA, 2008; LAPPIN, 2010; CEZAR, 2012).

A patologia se apresenta como uma micose sistêmica, acometendo os sistemas respiratório, tegumentar e nervoso, variando os sintomas e sinais clínicos da doença. No felino se apresenta geralmente na forma localizada, diferentemente de caninos e humanos que tem apresentação generalizada (JULIANO et al., 2006; QUEIROZ et al., 2008).

A rota primária de infecção é a inalação de basidiósporos ou de formas dessecadas da levedura pelo hospedeiro, existindo raros casos descritos de inoculação cutânea direta e de infecção oral em humanos. Nos felinos, através da inalação, as partículas atingem preferencialmente o trato respiratório superior (cavidade nasal e nasofaringe) podendo levar a rinite micótica assintomática seguida de colonização na cavidade nasal, possivelmente ocorrendo destruição de ossos nasais adjacentes. As menores partículas poderão ser inaladas até o trato respiratório inferior atingindo os alvéolos pulmonares, produzindo infecção pulmonar, com formação de granulomas (MEDLEAU & HNILICA, 2006; PETRAGLIA, 2008; SIMÕES, 2015; FARIA, 2015).

O diagnóstico definitivo se dá através da anamnese, exame clínico, dados epidemiológicos e exames complementares como citológico, histopatológico e cultura fúngicas (FARIA, 2015).

Os fármacos mais utilizados na terapêutica atual incluem cetoconazol, itraconazol, fluconazol e anfotericina B usada em associação com flucitosina. O tratamento atualmente tem custo elevado, pois a medicação deve ser administrada por período prolongado, em média 6 a 18 meses, sendo estendido de 1 a 2 meses após a cura clínica para evitar recidivas. O tratamento deve ter acompanhamento clínico até que o agente seja eliminado completamente do organismo (MEDLEAU; HNILICA, 2006; FARIA, 2015).

Este trabalho tem como objetivo relatar e discutir com a literatura os aspectos clínicos da criptococose, enfatizando meios de infecção, diagnóstico e tratamento da patologia.

METODOLOGIA

Foi atendido, no HV-UNIJUÍ, um felino, fêmea, sem raça definida, de 5 meses de idade e pesando 2,0Kg. A queixa principal do proprietário era dificuldade respiratória, espirros frequentes e feridas ulceradas com sangramento na cabeça, orelhas, nariz, cauda e dorso. Na anamnese foi constatado que o animal apresentava perda de peso e não vinha se

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alimentando há dois dias. No exame clínico foi percebido apatia, prostração, secreção nasal serosa bilateral, temperatura retal de 37°C, frequência respiratória de 25mpm, frequência cardíaca de 163bpm, mucosas rosadas, TRC de 2 segundos, linfonodos submandibulares levemente aumentados e nódulos hemorrágicos e ulcerados, de aspecto firme, localizados em toda a extensão do corpo. As narinas apresentavam-se aumentadas de volume (Anexo B). O paciente foi submetido à realização de exame citológico de pele, através do método de

imprint. Após o resultado do exame confirmou-se o diagnóstico de Criptococose Felina

(Anexo A). Outros exames complementares foram sugeridos para avaliar o quadro geral do paciente, mas o proprietário optou pela não realização destes.

O tratamento escolhido foi administração de fluconazol, por via oral, SID, na dose de 10mg/Kg, manipulado em farmácia veterinária, primeiramente durante o período de 60 dias, sendo solicitado o retorno do paciente periodicamente para o acompanhamento da evolução do tratamento. Também foi sugerido o retorno do paciente após 30 dias para reajuste de dose, por ser tratar de um filhote e o peso poder aumentar em seguida. Após um mês o paciente retornou ao HV-UNIJUÍ, com o quadro clínico agravado, com dispneia ainda mais intensa e lesões ulceradas em maior quantidade se comparado à primeira consulta (Anexo C). O proprietário relatou que o animal não estava mais aceitando a administração do medicamento de nenhuma forma. Sendo assim, a decisão foi a realização de eutanásia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com Faria (2015), o primeiro caso de criptococose em gato doméstico no Brasil foi descrito por Cruz et al., em 1971. Trata-se de uma enfermidade micótica sistêmica que acomete tecidos paranasais, cavidade nasal e pulmões, podendo em alguns casos disseminar-se para o sistema nervoso central (SNC), pele, olhos e outros órgãos. Pode afetar o homem, animais domésticos e animais silvestres, sendo considerada dentre as micoses sistêmicas, a de maior frequência na clínica de felinos. Os pássaros são frequentemente portadores, porém dificilmente desenvolvem criptococose clínica, devido a sua alta temperatura corporal, que inibe a replicação do fungo (PETRAGLIA, 2008).

A criptococose se manifesta mais gravemente em animais que se encontram com o sistema imune comprometido, o que pode acontecer em pacientes que sofrem de enfermidades imunodepressivas como erliquiose, diabetes melito, vírus da imunodeficiência felina (FIV) e vírus da leucemia felina (FeLV) ou até mesmo animais sendo submetidos a quimioterapia ou a tratamentos prolongados com corticosteroides (PEREIRA, 2003 apud JULIANO et al., 2006; MEDLEAU & HNILICA, 2006; FARIA, 2015). O proprietário do paciente relatou que

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o mesmo desapareceu por 4 dias na segunda semana de vida, e que provavelmente não se alimentou neste período, possivelmente desenvolvendo uma imunodepressão a partir disso.

O fungo é encontrado em todos os continentes, exceto nas regiões polares, vivendo como saprófita no solo, material vegetal em decomposição, tecidos, excreções animais, secreções como o leite bovino e em indivíduos sadios. Inicialmente foi apontada uma associação ecológica específica do agente a algumas espécies de eucaliptos, mas atualmente percebeu-se essa associação a diferentes espécies de árvores e madeiras em decomposição (PETRAGLIA, 2008; HAWKINGS, 2010; LAPPIN, 2010; FARIA, 2015). O paciente em questão residia em área rural ao lado de matas nativas, sendo a matéria orgânica em decomposição e árvores presentes nestas, a possível fonte de infecção do caso relatado.

Quanto às características morfológicas, o Cryptococcus neoformans é uma levedura arredondada, elipsóide ou ovalada, envolta por cápsula espessa de mucopolissacarídeo, sendo esta cápsula essencial para a patogenicidade do fungo, pois inibe a função plasmocítica, fagocítica, de migração leucocítica e ação das moléculas do sistema de complemento, o que potencializa a infecção. Outros importantes fatores de virulência relacionados com o

Cryptococcus são a síntese de melanina e a termotolerância a 37°C. Um grande problema é o

fato de que esta levedura permanece viável nas fezes secas das aves por um período muito longo, tornando-se um reservatório de partículas infectantes passíveis à inalação (LAPPIN, 2010; PEDROSO; CANDIDO, 2006 apud CEZAR, 2012; FARIA, 2015).

Em termos de saúde pública a criptococose não representa uma enfermidade de risco em potencial, por não ser uma antropozoonose clássica, pois o agente não sofre aerolização partindo de tecidos ou meios de cultivo. Não há relatos de transmissão direta intra e interespécies (PETRAGLIA, 2008; FARIA, 2015).

De acordo com Petraglia (2008), a criptococose ocorre mais frequentemente nos gatos em relação aos cães. No Brasil existem mais relatos em gatos do sexo masculino, representando 75% dos casos registrados, e com idade superior a quatro anos, representando 62%. Lappin (2010) comenta que em um estudo realizado na Austrália, as raças de gato Siamês, Himalaio e Ragdoll representaram maior número, mas não há estudos que de fato comprovem existência de predisposição racial, de sexo ou faixa etária para gatos ou cães desenvolverem a doença. A idade do caso aqui relatado é inferior a faixa etária predominante descrita na literatura, porém como acredita-se tratar de um felino imunodeprimido, a idade não foi considerada um fator importante no momento do diagnóstico.

Por apresentar diversas formas, dentre elas a nervosa, tegumentar, ocular e respiratória, os sinais clínicos e sintomas da criptococose são variados, porém no gato a

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doença ocorre de forma mais localizada, geralmente apenas no trato respiratório superior, se comparada a caninos e a humanos que desenvolvem a doença generalizada, devido ao fato de que os seios nasais dos gatos possuem uma filtragem mais eficiente de pequenas partículas (PETRAGLIA, 2008; FARIA, 2015).

A infecção da cavidade nasal pode ser uni ou bilateral, podendo ser serosa, mucopurulenta ou sanguinolenta, e ocorre geralmente associada a espirros (LAPPIN, 2010), assim como no presente caso. A ocorrência de infecção no trato respiratório superior aparece em 50% a 60% dos casos de criptococose, sendo outros sintomas, a epistaxe, deformidade nasal, oclusão, aumento do ruído respiratório, dispneia, respiração bucal, derrame pleural e tosse crônica (JULIANO et al. 2006; PETRAGLIA, 2008; HAWKINGS, 2010; SIMÕES, 2015). Os sinais de comprometimento pulmonar são raros (FARIA, 2015).

Os sinais clínicos apresentados pelo paciente foram compatíveis com a literatura, sugerindo doença disseminada por apresentar infecção de pele e alterações comportamentais além dos sintomas respiratórios. Na síndrome cutânea ocorrem pápulas, nódulos, úlceras e abcessos, podendo surgir na forma isolada ou múltipla exsudando material viscoso e seroso e envolvendo qualquer parte do tegumento cutâneo, língua e boca (FARIA, 2015).

Claudicação secundária, osteomielite, insuficiência renal secundária, e linfadenopatia generalizada podem ocorrer através da disseminação hematógena (FARIA, 2015). Medleau e Hnilica (2006) defendem que as lesões cutâneas devem ser removidas cirurgicamente.

Alguns sintomas do SNC, que estão envolvidos em 25% dos casos, são: depressão, alterações comportamentais, convulsões, paresia, ataxia, hiperestesia cervical e inclinação da cabeça, porém a ocorrência de cada um destes irá depender da região afetada (PETRAGLIA, 2008). Segundo Queiroz et al. (2008), a síndrome ocular se manifesta por sinais que incluem cegueira, ausência de reflexo pupilar, coriorretinite granulomatosas, uveíte anterior, hemorragia da retina, neurite óptica, fotofobia, midríase e opacidade da córnea. Juliano et al. (2006) afirma que perda de peso e anorexia são comuns em casos crônicos.

Petraglia (2008) relata que embora com menor frequência, outros locais de disseminação podem incluir os linfonodos periféricos, faringe, cavidade oral, rins, fígado, baço, coração e musculatura esquelética. A ocorrência de febre em casos de criptococose é pouco frequente, pois temperaturas que excedem 37°C inibem o Cryptococcus.

Faria (2015), comenta que o diagnóstico da criptococose baseia-se em anamnese, sinais clínicos, achados do exame físico, dados epidemiológicos e patológicos. As lesões macroscópicas são características da patologia, porém não suficientemente diagnósticas. Para um diagnóstico definitivo é fundamental a realização de exames complementares, estando

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entre estes o sorológico, citológico, histopatológico, isolamento fúngico e técnicas moleculares, porém esta última ainda com aplicação restrita. A PCR é utilizada apenas em pesquisas, sendo excluídas da rotina clínica.

O exame de escolha para a confirmação do diagnóstico deste caso foi o citológico, devido a sua eficácia e facilidade de execução, realizado através de impressão das lesões nodulares localizadas no nariz, diretamente na lâmina, para posterior coloração e visualização microscópica. Também pode ser realizado com amostras obtidas de aspirado tecidual ou da descarga nasal. O resultado apresentou características semelhantes às descritas na literatura, havendo confirmação da suspeita clínica. Os microorganismos aparecem como pequenas leveduras (3,5 a 7µm) com cápsulas claras e espessas (JULIANO et al., 2006; MEDLEAU & HNILICA, 2006). Apesar de não confirmado o envolvimento do SNC, o animal apresentava alterações comportamentais, como depressão, falta de apetite e anorexia.

As alterações radiográficas compatíveis com a patologia são aumento da densidade dos tecidos moles da cavidade nasal e deformidade do osso nasal, conferindo aspecto característico de “nariz de palhaço”, presentes neste paciente. As anormalidades hematológicas são raras, mas pode ocorrer anemia não regenerativa e monocitose, já o painel bioquímico geralmente encontra-se normal (LAPPIN, 2010). Por não ser essencial para confirmação do diagnóstico e também devido à condição financeira dos proprietários, não foram realizados perfil bioquímico ou hematológico do paciente em questão.

Segundo Petraglia (2008) e Queiroz et al. (2008), deve ser realizado diagnóstico diferencial da criptococose, que inclui neoplasias como carcinoma espinocelular, esporotricose, encefalite viral ou bacteriana e meningoencefalite.

A eleição da terapia adequada depende da localização da infecção e dos efeitos colaterais de cada droga para cada indivíduo. Segundo Lappin (2010) a anfotericina B é indicada apenas em casos que cursem com doença disseminada e com risco de morte, necessitando rápida resposta terapêutica. É um medicamento com alta nefrotoxicidade principalmente quando administrado por via intravenosa, sendo assim deve ser administrado concomitante à fluidoterapia em infusão lenta, para diminuir os riscos de lesão renal, devendo esta ser monitorada durante o tratamento (FARIA, 2015). Como medicação única, é moderadamente efetiva contra a doença. A flucitosina é utilizada em associação apenas para induzir sinergismo à anfotericina B (SHERDING, 2008 apud CEZAR, 2012).

Quando não há envolvimento de SNC, Faria (2015) afirma que o itraconazol é o antifúngico de escolha para gatos e cães, por ser mais seguro e eficaz e apresentar menos efeitos colaterais do que o cetoconazol, dentre eles vômito, diarréia, aumento da atividade das

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enzimas hepáticas e perda de peso. O itraconazol deve ser administrado em cães e gatos na dose de 10 mg/Kg, SID por via oral.

O fluconazol possui melhor penetração no cérebro e olhos, sendo a melhor alternativa quando há sinais de comprometimento do SNC e ocular. Como o paciente relatado apresentou algumas alterações comportamentais, sugerindo possível envolvimento de SNC, este foi o medicamento de eleição para o tratamento. Apesar do estado grave do paciente, não houve internação ou a associação de outros medicamentos devido à situação financeira do proprietário. Em pacientes com prejuízo da função renal, deve ser usado com cautela, pois este é eliminado por excreção renal (SHERDING, 2008 apud CEZAR, 2012; LAPPIN 2010). Faria (2015) indica a administração do fluconazol na dose de 10 a 20 mg/Kg SID ou BID no início do tratamento, reduzindo para a dose de 5 a 10 mg/Kg para manutenção após o desaparecimento dos sinais.

O prognóstico é bom para felinos, a menos que o SNC esteja envolvido, mas irá depender da cooperação do proprietário por ser um tratamento longo e de custo alto. Tanto para gatos quanto cães com o SNC acometido, o prognóstico é desfavorável (MEDLEAU; HNILICA, 2006). No caso aqui relatado, o proprietário relatou dificuldades em dar continuidade ao tratamento, sendo assim optou-se pela eutanásia. Até a finalização do presente trabalho, o laudo da necropsia não havia sido efetuado.

Deve-se evitar a exposição de animais e homens em locais com potencial para fontes de infecção. A limpeza destes deve ser efetuada de forma úmida, para evitar aerossolização de poeira contaminada, fazendo-se o uso de proteção como luvas e máscaras (FARIA, 2015).

CONCLUSÃO

O conhecimento dos aspectos epidemiológicos do C. neoformans é essencial, pois possui diversas fontes ambientais e cursa com sintomatologia variada, sendo o correto diagnóstico desta patologia de suma importância. Apesar de ser considerada uma enfermidade rara é descrita como potencialmente fatal, sendo imprescindível que o médico veterinário tenha conhecimentos suficientes para orientar o proprietário com alternativas para a prevenção da criptococose.

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2.2 Celulite Juvenil RESUMO

A celulite juvenil é um raro distúrbio que acomete filhotes de cães com idade entre três semanas a seis meses. A doença cursa com alopecia, pápulas, pústulas, edema e crostas, localizadas principalmente na face. A causa e patogenia da patologia permanecem indefinidas, mas sugere-se uma relação com disfunção imune dos pacientes acometidos. O diagnóstico definitivo se baseia nas características dos sinais clínicos e exames complementares como citológico e histológico. No tratamento, glicocorticoides em altas doses são os escolhidos. O presente trabalho relata um caso de celulite juvenil em um canino, atendido no Hospital Veterinário da Unijuí, durante a realização de estágio curricular supervisionado.

Palavras chaves: Pústula; Pápulas; Glicocorticoides; Canino; Filhotes.

INTRODUÇÃO

A celulite juvenil é uma patologia vesículo-pustular rara em cães, com maior incidência em filhotes com idades entre três semanas a seis meses (SCOTT et al., 2001; MEDLEAU & HNILICA 2006). Não há predisposição sexual, porém, a predisposição racial é sugerida. Dentre os mais acometidos estão os cães das raças Teckel, Golden Retriever, Labrador Retriever, Gordon Setter, Beagle e Pointer (HUTCHINGS, 2003). A etiologia e a patogenia deste distúrbio permanecem desconhecidas, mas segundo Scott et al., (2001), a hereditariedade é garantida.

Entre as principais características da enfermidade estão os sinais clínicos, que se baseiam em lesões cutâneas que incluem alopecia, edema, pústulas, pápulas e crostas, estas localizadas especialmente nos lábios, pálpebras, músculos do focinho e região mentoniana. Outros sinais que acompanham a patologia são otite bilateral purulenta não pruriginosa, linfonodomegalia e com menor frequência abscedação dos linfonodos (SCOTT et al., 2001; MEDLEAU & HNILICA 2006). Em alguns casos as lesões cutâneas podem surgir em locais como abdome, pés, região torácica, vulva, prepúcio e ânus (MEDLEAU & HNILICA 2006).

A confirmação diagnóstica é realizada através dos sinais clínicos, anamnese, achados clínicos, exame citológico, histopatológico e cultura bacteriana que geralmente não revela bactérias. Também através de diagnóstico diferencial, descartando doenças que cursam com sintomas similiares(MEDLEAU & HNILICA 2006).

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O tratamento de escolha consiste no uso de glicocorticoides como prednisona e prednisolona em altas doses, associados a antibióticos como cefalexina, amoxicilina com clauvulanato de potássio e cefadroxil, para combater possíveis infecções secundárias. Se faz uso também de tratamento tópico para auxiliar a remoção das crostas da pele. O tratamento com glicocorticoides se mostra eficaz, principalmente se aplicado no estágio inicial da patologia (SCOTT et al., 2001).

Este trabalho tem como objetivo relatar e discutir com a literatura os aspectos clínicos do caso de um canino diagnosticado com celulite juvenil, acompanhado durante o estágio curricular no Hospital Veterinário da Unijuí, enfatizando diagnóstico e tratamento deste raro distúrbio.

METODOLOGIA

Foi atendido, no HV-UNIJUÍ, um canino, macho, sem raça definida, de 2 meses de idade e pesando 1,9Kg. A queixa principal do proprietário era quanto à feridas com falhas de pelos e crostas na face e orelhas do paciente.

Na anamnese foi relatado que o animal havia apresentado febre 7 dias antes da consulta, e foi levado em outro veterinário que receitou ceruminolítico para a higiene diária do pavilhão auricular e conduto auditivo externo, cefalexina no volume de 1ml duas vezes ao dia, e duas gotas de cetoconazol também a cada 12 horas. O paciente também havia recebido duas doses de um corticosteroide injetável.

As suspeitas diagnósticas do primeiro veterinário consultado estavam entre pênfigo foliáceo e lúpus, sendo assim o mesmo realizou exame citológico, que segundo o proprietário demonstrou alterações nas células. O proprietário não sabia informar concentrações dos medicamentos usados ou maiores informações sobre o protocolo terapêutico seguido pelo primeiro veterinário consultado. Também não soube informar detalhes sobre o resultado do exame citológico.

Segundo o proprietário o paciente continuou ativo e estava se alimentando normalmente, de ração, arroz e carne, sem perder o apetite em nenhum momento do quadro clínico. Relatou que chacoalhava a cabeça com frequência e aparentava ter dor auricular. O animal dormia em um local que continha mofo, e estava em contato com vários outros cães na casa, porém nenhum apresentou qualquer alteração similar. Não havia recebido nenhum tipo de vacina, apenas uma dose de vermífugo.

Ao exame clínico constatou-se temperatura retal de 38°C, frequência respiratória de 24mpm, frequência cardíaca de 120bpm, mucosas pálidas, TRC de 2 segundos, pulso arterial

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normal, nível de consciência alerta, sem presença evidente de ectoparasitas. Não havia secreção no conduto auditivo, porém a região estava edemaciada com estreitamento do conduto auditivo e lesões crostosas exsudativas, assim como no contorno dos olhos, em volta da boca e focinho. O paciente apresentava regiões alopécicas no contorno dos lábios, focinho e pálpebras (Anexo D). Também foi percebido aumento de volume bilateral significativo nos linfonodos submandibulares e pré-escapulares com dor à palpação.

Devido à localização e características típicas das lesões de um quadro clínico de celulite juvenil, a realização de exames complementares não foi solicitada pelo médico veterinário, sendo estabelecido o diagnóstico presuntivo de Celulite Juvenil Canina.

O tratamento sistêmico preconizado neste caso foi a administração de 1,3 ml de prednisolona1 na concentração 3 mg/mL, na dose 2 mg/Kg, SID por 7 dias e dipirona2 em gotas, na dose de 20 mg/Kg, TID durante 5 dias. Para a infecção secundária, foi optado pela troca de antibiótico, pelo fato de que a cefalexina receitada anteriormente não apresentou boa eficácia na redução da infecção das lesões, sendo assim o antibiótico receitado foi amoxicilina + clavulanato de potássio3, 1 mL na concentração de 250 mg/5mL, na dose 26 mg/Kg BID durante o período de 15 dias. Para tratamento tópico foi indicado o uso de ceruminolítico veterinário para a limpeza diária do conduto auditivo por 5 dias.

Foi solicitado o retorno do paciente em 7 dias, para o acompanhamento da evolução do tratamento e possível alteração dos medicamentos ou suas doses. No retorno foi percebida uma diminuição significativa das lesões, assim como no edema do conduto auditivo (Anexo E). O animal não apresentava mais dor e as poucas lesões que restaram estavam sem exsudato. O peso do paciente havia aumentado para 2,2 Kg. Segundo o proprietário, no segundo dia de tratamento o paciente já havia apresentado melhora. Para auxiliar na eliminação das crostas secas, foi indicado banho com água morna e shampoo a base de clorexidine 2% manipulado, com a orientação de deixar o shampoo agir por 10 minutos e enxaguar. A prednisolona foi reduzida para a dose de 1 mg/Kg durante período indeterminado, a ser definido conforme a evolução do tratamento. O proprietário foi orientado a retornar na semana seguinte para orientações da sequência do tratamento, porém até a finalização deste trabalho este retorno não havia acontecido.

_________________________

1

Prelone®, Achê, Brasil

2

Dipirona sódica, EMS, Brasil

3

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A celulite juvenil, também chamada de linfadenite granulomatosa estéril juvenil ou garrotilho dos filhotes, é um distúrbio dermatológico raro, que acomete filhotes de cães, principalmente de idade entre três semanas a seis meses de idade (FONSECA-ALVES, et al., 2012). São raríssimos os casos de cães acima desta faixa etária. Entre estes raros, estão o relato de caso de Bassett et al. (2005) que descreve o caso clínico de um canino sem raça definida, de 8 meses de idade, outro em um cão dois anos de idade, este da raça Lhasa Apso, (JEFFERS et al., 1995 apud BASSETT et al., 2005) e o relato de caso de Neuber et al., 2004 em um cão de 4 anos, todos diagnosticados com celulite juvenil, sendo este último o cão de faixa etária mais avançada relatado com a doença. No caso relatado, o paciente encontrava-se com 2 meses de idade.

Acredita-se em uma existência de predisposição racial. Entre as mais acometidas estão os Golden Retrievers, Dachshunds, Gordon Setter, Labrador Retriever e também em cães sem raça definida, assim como no paciente descrito no presente trabalho (MEDLEAU & HNILICA 2006; JEFFERS et al., 1995 apud BASSETT et al., 2005).

Predisposição sexual não é comentada, porém acredita-se haver alta relação de hereditariedade. Há relatos de linhagens específicas dentro de uma raça, e até mesmo de mais de um filhote da mesma ninhada que podem desenvolver a doença (MEDLEAU & HNILICA 2006, SCOTT et al., 2001).

A causa e patogenia da doença permanecem incertas. Devido ao fato dos granulomas estéreis e das pápulas responderem drasticamente aos glicocorticoides, é sugerida uma relação da doença com disfunções imunológicas. Pelo fato de a celulite juvenil estar presente em algumas ninhadas, mesmo sem os pais destas apresentarem histórico da doença, se cogitou a possibilidade de haver uma causa infecciosa, mas as tentativas de transmissão da doença com tecidos das lesões não obtiveram sucesso (REIMAN et al., 1989 apud NEUBER et al., 2004; SCOTT et al., 2001).

Houve também outras propostas em relação com causas virais e infecciosas, por exemplo, com relação à infecção por herpesvírus, e até mesmo relação com o uso de vacinas combinadas para leptospirose, adenovírus, parvovirose e parainfluenza, mas nenhuma destas comprovadas (CARLOTTI et al., 1988 apud NEUBER et al., 2004; REIMAN et al., 1989 apud NEUBER et al., 2004).

É uma doença vesículo pustular classificada como piodermatite, devido a sua condição produtora de pus. A patologia se caracteriza por granulomas e piogranulomas estéreis na pele, afetando as junções muco-cutâneas faciais (SOUZA et al., 2013).

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As lesões cutâneas incluem alopecia, edema, pápulas, pústulas e crostas, localizadas principalmente na face dos cães. Os lábios, pálpebras, ponte nasal, orelhas e bochechas são os locais mais relatados. Crostas com secreção serosa são vistas com aproximadamente 2 a 3mm de diâmetro (SCOTT et al., 2001; NEUBER et al., 2004). Ocasionalmente estas lesões podem ser encontradas no abdome, tórax, vulva, prepúcio e ânus (JEFFERS et al., 1995 apud PEREIRA, 2009; MEDLEAU & HNILICA 2006). No caso aqui descrito, o paciente apresentou os sinais clínicos nos locais mais típicos acima citados, cursando com um quadro extremamente característico da doença, não sendo de suma importância a realização de exames para confirmação do diagnóstico.

Outros sinais clínicos observados são estado febril, otite bilateral purulenta não pruriginosa, linfonodomegalia submandibular, e em alguns casos a ocorrência de abscedação dos linfonodos. Nos casos mais severos, sinais clínicos como anorexia, pirexia, dor e edema nas articulações estão presentes representando ocorrência em 25% dos casos, e 50% dos cães acometidos ficam letárgicos (SCOTT et al., 2001; MEDLEAU & HNILICA 2006).

Para a realização do diagnóstico, leva-se em conta o histórico e sinais clínicos apresentados, pois estes são bem típicos da doença. Exames complementares como citológico cutâneo, histopatológico e culturas bacterianas são importantes para um diagnóstico correto, e também para o descarte de outras patologias similares (SCOTT et al., 2001; MEDLEAU & HNILICA 2006).

O exame citológico cutâneo pode ser realizado com material coletado do exsudato dos pavilhões auriculares, pústulas e linfonodos afetados. Este geralmente revela inflamação piogranulomatosa, podendo ser observado ocasionalmente bactérias e leveduras por conta de infecção secundária (SCOTT et al., 2001; PASA & VOYVODA, 2003; MEDLEAU & HNILICA 2006).

No exame histopatológico de lesões precoces, se observam granulomas e piogranulomas múltiplos, discretos ou confluentes consistindo em aglomerados de macrófagos epitelióides com diferentes cores e tamanhos de núcleos de neutrófilos. Nas lesões tardias e nas paniculites, observa-se modificações supurativas na derme superficial e ao redor dos folículos. A cultura bacteriana se cuidadosamente realizada, tem resultado negativo, o que sugere uma etiologia não bacteriana (SCOTT et al., 2001; HUTCHINGS, 2003).

Como o quadro clínico do paciente relatado neste trabalho era compatível com o descrito na literatura de Scott et al., (2001) e de Medleau & Hnilica, (2006), e também a pedido do proprietário do paciente para evitar custos, o diagnóstico foi estabelecido sem a realização de exames complementares.

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Em um estudo, foram realizados hemogramas completos em seis cães diagnosticados com celulite juvenil. A maioria teve como resultado anemia normocítica e normocrômica, e leucocitose por neutrofilia (WHITE et al., 1989 apud NEUBER et al., 2004).

O diagnóstico diferencial inclui patologias como piodermite profunda, dermatofitose, demodiciose, angioedema, pênfigo foliáceo e reações alérgicas à fármacos (SCOTT et al., 2001; MEDLEAU & HNILICA 2006; HORVATH et al., 2007).

A literatura sugere um tratamento precoce e agressivo, pois caso contrário as cicatrizes podem ser graves (NEUBER et al., 2004). O protocolo terapêutico indicado são doses elevadas de glicocorticoides administrados por via oral diariamente até o controle da patologia, período que dura geralmente 10 a 14 dias, exceto em casos de cães com paniculite intercorrente, estes necessitando tratamento por um período mais prolongado (SCOTT et al., 2001).

Prednisona ou prednisolona na dose de 2 mg/Kg a cada 24 horas é o protocolo mais utilizado, porém algum cães respondem melhor ao uso de dexametasona na dose 0,2 mg/Kg a cada 24 horas (SCOTT et al., 2001). No paciente em questão optou-se pelo uso de prednisolona.

Após uma melhora significativa, deve se reduzir 50% da dose do glicocorticoide escolhido, ou aumentar o intervalo de administração de 24 horas para 48 horas por mais algumas semanas, finalizando o tratamento com a redução gradativa da dose por mais alguns dias até o mínimo possível. Caso a terapia seja descontinuada muito cedo podem ocorrer recidivas (MEDLEAU & HNILICA, 2006).

Se houver evidência clínica ou citológica de infecção bacteriana secundária, deve-se associar antibioticoterapia ao tratamento. A escolha do antibiótico deve atender critérios como cinética apropriada, boa penetração cutânea, atividade em pus, fácil administração, ausência de efeitos colaterais e custo razoável (SCOTT et al., 2001; CARLOTTI, 2003 apud FONSECA-ALVES et al., 2012).

Os antibióticos de escolha são cefalexina, cefadroxil e amoxicilina com clavulanato. (SCOTT et al., 2001). No presente caso, o antibiótico eleito para o combate da infecção secundária presente foi amoxicilina + clauvulanato. Tratamentos tópicos com acetato de alumínio ou sulfato de magnésio são eficientes, porém implicam com muita dor ao paciente, por este motivo são pouco utilizados (SCOTT et al., 2001).

Diferentemente da terapêutica sugerida na literatura encontrada, o relato de caso de Souza et al., (2013) descreve o caso de um canino de 12 semanas de idade diagnosticado com celulite juvenil, em que o protocolo terapêutico utilizado foi apenas cefalexina na dose de 30

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mg/Kg BID, com melhora de 80% do quadro clínico em apenas 5 dias, apontando uma alternativa de tratamento para pacientes que não podem ser imunossuprimidos pelo uso de corticoesteróides.

O prognóstico é de reservado a favorável, desde que o diagnóstico e tratamento sejam precoces e que o paciente apresente melhora nos primeiros 4 a 5 dias. Nos casos mais graves, mesmo com tratamento precoce e eficaz, as cicatrizes podem ser permanentes. A doença pode levar os filhotes não tratados à óbito (MEDLEAU & HNILICA 2006). Recidivas podem ocorrer, embora não sejam comuns (SCOTT et al., 2001).

CONCLUSÃO

A celulite juvenil é uma afecção rara e pouco encontrada na literatura, com prognóstico favorável quando o diagnóstico e tratamento são precocemente estabelecidos. Na ausência de tratamento os animais acometidos podem vir à óbito. Devido ao caráter genético da doença, cães que cursarem com a doença devem ser retirados da reprodução.

No caso clínico aqui comentado, o paciente apresentou boa resposta ao tratamento, não havendo recidivas até o momento da finalização deste trabalho.

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CONCLUSÃO

O período de realização do estágio Curricular Supervisionado em Clínica Médica Veterinária foi um momento de grande aprendizado, e de fundamental importância para conclusão desta etapa acadêmica. Pude participar de oportunidades ímpares na rotina do Hospital Veterinário da Unijuí, que serão certamente eternizadas e solidificadas nos conhecimentos teóricos e práticos adquiridos durante a graduação.

O estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária abriu portas para novas experiências dentro do curso de Medicina Veterinária, proporcionando além do crescimento profissional, o pessoal, assim como aprendizados novos frente à conduta ética e raciocínio clínico, consequência da convivência com profissionais experientes e capacitados. Desta forma, o estágio se finaliza com resultado positivo, pois foram adquiridos novos conhecimentos teóricos, práticos, e éticos na área de Clínica Médica de Pequenos Animais. Os objetivos iniciais foram atingidos e novos objetivos surgiram no processo, dentre eles aplicar a responsabilidade do profissional Médico Veterinário no mercado de trabalho, zelando sempre pelo bem estar para com os animais e seus proprietários.

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