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FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA JULIANE GACELIN VACCAREZZA

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FACULDADE MARIA MILZA BACHARELADO EM FARMÁCIA

JULIANE GACELIN VACCAREZZA

CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO EM ALISANTES CAPILARES CONTENDO HIDRÓXIDO DE SÓDIO

GOVERNADOR MANGABEIRA - BA 2016

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JULIANE GACELIN VACCAREZZA

CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO EM ALISANTES CAPILARES CONTENDO HIDRÓXIDO DE SÓDIO

Monografia apresentada ao curso de Farmácia da Faculdade Maria Milza, como requisito final para obtenção do título de graduado.

Orientadora: Profª. Esp. Marcele Souza Magalhães

GOVERNADOR MANGABEIRA - BA 2016

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Dados Internacionais de Catalogação Vaccarezza, Juliane Gacelin

V114c Controle de qualidade físico-químico em alisantes capilares contendo hidróxido de sódio / Juliane Gacelin Vaccarezza. – Governador Mangabeira – Ba, 2016.

47 f.

Orientadora: Profa. Esp. Marcele Souza Magalhães

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) – Faculdade Maria Milza, 2016.

1. Controle de Qualidade Físico-Químico. 2. Cosméticos. 3. Alisamento Químico. I. Magalhães, Marcele Souza. II. Título.

CDD 615.19

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JULIANE GACELIN VACCAREZZA

CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO EM ALISANTES CAPILARES CONTENDO HIDRÓXIDO DE SÓDIO

Aprovada em 21/12/2016

BANCA DE APRESENTAÇÃO

________________________________________ Profª. Esp. Marcele Souza Magalhães

Faculdade Maria Milza

________________________________________ Prof. Dr. Paulo Roberto Ribeiro Mesquita

Faculdade Maria Milza

________________________________________ Profª. Msc. Fabiana Olena Kotwiski

Faculdade Maria Milza

GOVERNADOR MANGABEIRA 2016

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Dedico este trabalho a minha família que sempre me apoiou e foi meu porto seguro diante todas as dificuldades.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao soberano e eterno Deus, que iluminou meu caminho e me deu muita força e coragem para chegar até aqui.

Aos meus pais, Julio Cézar Souza Vaccarezza e Josenilda Gacelin Vaccarezza pelo amor, incentivo, apoio, ajuda e compreensão.

Aos meus irmãos Claudio e Felipe por todo amor e carinho.

Ao meu namorado Danilo pelo carinho, compreensão e companheirismo.

A minha orientadora Marcele Magalhães, pela paciência, dedicação, preocupação, apoio e ensinamentos.

Aos meus colegas de farmácia da turma 2012.1 que se dedicaram e lutaram ao meu lado.

A todos os amigos, colegas e familiares que contribuíram de alguma forma para a execução desde trabalho.

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“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo

fará coisas admiráveis.”

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RESUMO

Os alisantes capilares são produtos utilizados na fibra capilar com a finalidade de alterar a estrutura físico-química dos cabelos de maneira permanente, de forma a promover o alisamento dos fios. A utilização de substâncias para alisamentos dos fios capilares é crescente no Brasil devido à preeminência de cabelos ondulados, crespos e cacheados que existem no país. O hidróxido de sódio é uma das substâncias ativas que normalmente é utilizada nos cosméticos com a finalidade de alisante capilar. Como todo produto cosmético, os alisante devem apresentar segurança ao serem utilizados e por isso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária estabeleceu um limite máximo de 2% em massa desta substância nos produtos alisantes de utilização doméstica com um pH de, no máximo, 11. Em vista aos riscos tóxicos mediante a utilização dos alisantes capilares contendo hidróxido de sódio em concentração acima da máxima permitida pela ANVISA, o presente trabalho tem o objetivo de avaliar a qualidade físico-química de alisantes capilares, comercializados no mercado, contendo hidróxido de sódio como base principal; tendo como objetivos específicos levantar informação sobre o referido tema em literatura científica; selecionar três diferentes marcas de produtos comercializados e disponíveis no mercado local de Cruz das Almas – BA; analisar as características organolépticas, pH e teor de ativos presentes nas amostras supracitadas; compilar os dados e verificar se os produtos utilizados para alisamento capilar a base de hidróxido de sódio estão de acordo com as normas preconizadas pela ANVISA. Foram analisadas três marcas de alisantes capilares utilizando os critérios físico-químicos relacionados a pH e teor de ativo, além de critérios organolépticos, sendo que as análises relacionadas ao teor de ativos foram realizadas conforme o “Guia de controle de qualidade físico-química de produtos cosméticos” publicado pela ANVISA. Conforme as análises para obter o valor referente à concentração de teor de ativo e o pH, obtivemos na marca Y a concentração média de 1,84% de hidróxido de sódio em massa com um desvio padrão de 0,03 e um pH de 12,92; marca C foi obtida a concentração média de 1,89% em massa com um desvio padrão de 0,04 e um pH de 12,91; marca S apresentou concentração média de 1,36% em massa com um desvio padrão de 0,04 e um pH de 13,02. Com relação às análises organolépticas nas amostras de alisante, o odor dos produtos era característico ao da substância e as amostras apresentaram-se homogêneas e uniformes. De posse dos resultados, conclui-se que todos os produtos analisados apresentaram concentração de teor de NaOH dentro do limite permitido pela ANVISA, mas o pH destes produtos estavam com níveis acima do tolerado, determinando deste modo que as marcas analisas estão fora dos padrões determinados pela ANVISA para serem considerados seguros e de qualidade.

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ABSTRACT

Hair straighteners are products used in the hair fiber in order to permanently alter the physical-chemical structure of the hair, in order to promote hair straightening. The use of substances for capillary hair straightening is increasing in Brazil due to the pre-eminence of curly, curly and curly hair that exists in the country. Sodium hydroxide is one of the active substances which is normally used in cosmetics for the purpose of hair straightening. Like all cosmetic products, the smoothing agents must be safe to use and therefore the National Agency for Sanitary Vigilance has established a maximum limit of 2% by weight of this substance in domestic smoothing products with a pH of at most 11. In view of the Toxic risks by using capillary straighteners containing sodium hydroxide in a concentration above the maximum allowed by ANVISA, the present work has the objective of evaluating the physical-chemical quality of capillary straighteners, commercially available on the market, containing sodium hydroxide as the main base; Having as specific objectives to raise information on the said topic in scientific literature; Select three different brands of products marketed and available in the local market of Cruz das Almas - BA; To analyze the organoleptic characteristics, pH and content of the active substances present in the aforementioned samples; Compile the data and verify that the products used for hair straightening based on sodium hydroxide are in accordance with the standards recommended by ANVISA. Three brands of hair straighteners were analyzed using the physicochemical criteria related to pH and active content, as well as organoleptic criteria, and the analyzes related to the content of the active ingredients were performed according to the "Guide to the physical and chemical quality control of products Cosmetics "published by ANVISA. According to the analyzes to obtain the value related to the concentration of active substance and the pH, we obtained in the mark Y the average concentration of 1.84% of sodium hydroxide in mass with a standard deviation of 0,03 and a pH of 12, 92; The average C concentration of 1.89 mass% was obtained with a standard deviation of 0.04 and a pH of 12.91; Marker S presented a mean concentration of 1.36% by mass with a standard deviation of 0.04 and a pH of 13.02. Regarding the organoleptic analyzes in the straightener samples, the odor of the products was characteristic of that of the substance and the samples were homogeneous and uniform. The results show that all the analyzed products showed a concentration of NaOH content within the limits allowed by ANVISA, but the pH of these products were above the permissible levels, thus determining that the analytical marks are out of the standard Determined by ANVISA to be considered safe and of high quality. Keywords: Cosmetics. Hair fiber. Chemical straightening.

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Porcentagem de notificações recebidas pela Cosmetovigilância no ano de 2011.

19

Figura 2 Estrutura da fibra capilar. 23

Figura 3 Ilustração das ligações presentes na queratina do cabelo humano.

24

Figura 4 Representação esquemática da quebra das pontes dissulfeto. 28

Figura 5 Amostras para análise em triplicata. 31

Figura 6 Preparo das amostras. 32

Figura 7 Titulação com o indicador alaranjado de metila. 33

Figura 8 Mudança do pH do meio acompanhado da mudança de coloração.

33

Figura 9 Alisantes capilares das marcas Y, C e S. 35

Figura 10 Amostras para análise em triplicata com o alaranjado de metila. 36

Figura 11 Relação do teor de hidróxido de sódio presente nas marcas Y, C e S com o limite máximo estabelecido pela ANVISA.

39

Figura 12 Relação do pH dos alisantes capilares de marca Y, C e S com o valor de pH estabelecido pela ANVISA.

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LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 Notificações recebidas pela Cosmetovigilância por categoria notificador.

20

Tabela 2 Composição de aminoácidos do cabelo humano de diversas origens étnicas (µmol/g).

25

Tabela 3 Volume de ácido clorídrico consumidos nas amostras Y. 37

Tabela 4 Volume de ácido clorídrico consumidos nas amostras C. 37

Tabela 5 Volume de ácido clorídrico consumidos nas amostras S. 37

Tabela 6 Concentração de hidróxido de sódio no alisante capilar da marca Y.

38

Tabela 7 Concentração de hidróxido de sódio no alisante capilar da marca C.

38

Tabela 8 Concentração de hidróxido de sódio no alisante capilar da marca S.

38

Tabela 9 Resultado da determinação do pH no alisante capilar de marca Y. 40

Tabela 10 Resultado da determinação do pH no alisante capilar de marca C. 40

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

C Concentração Fc Fator de correção g Grama m Massa mL Mililitros mEq Miliequivalente

NaOH Hidróxido de sódio

pH Potencial hidrogeniônico

RDC Resolução Diretoria Colegiada

V1 Volume um

V2 Volume dois

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ... 15

2.1 COSMÉTICOS ... 15

2.1.1 Contexto histórico da utilização dos cosméticos ... 15

2.1.2 O farmacêutico na indústria de cosméticos ... 16

2.2 CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO ... 17

2.2.1 Controle de qualidade físico-químico em cosméticos ... 17

2.2.2 Cosmetovigilância ... 19

2.3 ENSAIOS DE QUALIDADE ... 20

2.3.1 Análise do potencial hidrogeniônico (pH) ... 20

2.3.2 Ensaios organolépticos ... 21

2.3.3 Volumetria de neutralização ... 21

2.4 ESTRUTURA CAPILAR ... 22

2.4.1 Estrutura morfológica da fibra capilar ... 22

2.4.2 Estrutura química da fibra capilar... 23

2.5 ALISAMENTO CAPILAR ... 25

2.5.1 Alisamento capilar por processo químico ... 26

2.5.2 Alisantes a base de hidróxido de sódio ... 27

3 METODOLOGIA ... 29 3.1 TIPO DE ESTUDO ... 29 3.2 LOCAL DO ESTUDO ... 29 3.3 AMOSTRAGEM ... 29 3.4 MÉTODO ANALÍTICO ... 29 3.4.1 Análises organolépticas ... 30

3.4.2 Análise do potencial Hidrogeniônico (pH) ... 30

3.4.3 Ensaio de doseamento ... 30

3.4.3.1 Preparo das amostras ... 31

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3.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ... 34

3.5.1 Média ... 34

3.5.2 Desvio padrão ... 34

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 35

4.1 CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS ... 35

4.2 ANÁLISE DO TEOR DE ATIVO ... 35

4.2.1 Concentração do teor de ativo x limites determinado pela ANVISA ... 38

4.3 DETERMINAÇÃO DO pH ... 40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 42

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1 INTRODUÇÃO

Os cosméticos buscam atuar nas estruturas externas do organismo, de maneira similar aos processos vitais, auxiliando o metabolismo na prevenção do envelhecimento precoce. Atuando de maneira a fornecer precursores biológicos; catalisar reações vitais; formar filmes seletivos e protetores; restaurar estruturas danificadas; hidratar tecidos e fornecer brilho (CORRÊA, 2012).

O desenvolvimento do mercado de cosméticos, a busca incessante pela juventude, técnicas e práticas de embelezamento, somado a um modelo/padrão de beleza, torna a busca por práticas estéticas ainda mais intensas. Dentre essas, a transformação capilar traz o alisamento químico como uma das técnicas mais utilizadas para modificar os fios capilares estruturalmente e alcançar a forma desejada.

Os alisantes capilares são produtos que podem ser constituídos por substâncias naturais ou sintéticas e devem ser utilizados na fibra capilar com a incumbência de alterar sua estrutura físico-química de maneira permanente (BRASIL, 2000; BRASIL 2008). Destacando que o hidróxido de sódio é um dos componentes ativos utilizado nos cosméticos destinados ao alisamento capilar.

Segundo a RDC nº 79, de 28 de agosto de 2000, os alisantes capilares são produtos que se enquadram na categoria de cosméticos; quanto ao grau de risco, estes produtos são classificados como os de grau dois, pois, são produtos que podem oferecer risco potencial ao serem utilizados.

Segundo Chorilli et al. (2007), os alisantes devem apresentar segurança ao serem utilizados. Para isto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece na RDC n° 03, de 20 de janeiro de 2012, o limite de concentração e o pH que é autorizado no produto final para a substância hidróxido de sódio em alisantes. Quando se refere ao produto para “uso geral”, preconiza-se o limite de concentração de 2,0% em massa, mas quando se refere a estes produtos para “uso profissional” o limite máximo de concentração permitido é de 4,5% em massa e em ambos o pH ideal deve ser 11. Esses valores são estabelecidos por via de segurança, tendo em vista que quando o componente ativo e/ou o pH são encontrados em quantidades acima do permitido podem causar lesões no couro cabeludo como queimaduras e também ocorrer uma quebra dos fios capilares (BÁRBARA; MAYAMARU, 2008). Em vista aos riscos tóxicos mediante a utilização dos alisantes capilares contendo o pH

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e a concentração de hidróxido de sódio acima do valor máximo permitido pela ANVISA, faz-se necessário uma avaliação físico-química como alerta aos indivíduos, já que se trata de um produto que pode causar lesões significativas. Logo, o presente trabalho contribuirá para o conhecimento dos riscos que este tipo de alisante capilar pode causar quando utilizados fora dos padrões de qualidade estipulados. A partir do exposto, problematizou-se a seguinte questão: A qualidade físico-química dos alisantes capilares fabricados, contendo hidróxido de sódio na formulação, está de acordo com o regulamento técnico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária?

Partindo deste questionamento, este estudo teve como objetivo geral: avaliar a qualidade físico-química de alisantes capilares, comercializados no mercado, contendo hidróxido de sódio como base principal. Para o desenvolvimento desta pesquisa os objetivos específicos foram: levantar informação sobre o referido tema em literatura científica; selecionar três diferentes marcas de produtos comercializados e disponíveis no mercado local de Cruz das Almas – BA; realizar as análises de controle de qualidade físico-químico (pH e teor de ativos); realizar as análises das características organolépticas; compilar os dados e verificar se os produtos utilizados para alisamento capilar a base de hidróxido de sódio estão de acordo com as normas preconizadas pela ANVISA.

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2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 COSMÉTICOS

De acordo com a RDC nº 4, de 30 de janeiro de 2014 da ANVISA os cosméticos são produtos que devem ser utilizados somente em área externas do corpo humano como: pele, cabelos, unhas e lábios, estes são constituídos por componentes de origem natural e/ou sintética e possuem a função de alterar a aparência, proteger e/ou manter em bom estado as estruturas onde estes produtos atuam.

2.1.1 Contexto histórico da utilização dos cosméticos

Os primeiros relatos históricos mostram a utilização dos cosméticos pelos egípcios para diversas finalidades, estes povos utilizavam os sais de antimônio para pintar os olhos e assim evitar a contemplação direta do deus Ra, que era representado pelo sol. Outro recurso que estes povos utilizavam para proteger sua pele das altas temperaturas e do clima desértico era um creme composto por cera de abelhas, leite, mel, gordura vegetal e animal (PINTO et al., 2012)

A utilização dos cosméticos vem de períodos antecedentes ao nascimento de Cristo, registros históricos mostram a preocupação dos egípcios com a beleza dos seus cabelos a partir da pintura destes com o extrato de hênna (LEONARDI, 2008).

Para reafirmar os fatos apresentados, Pinto et al. (2012) trazem a afirmativa de que “No antigo Egito, cosmético não era luxo, mas um modo de viver, homens e mulheres seguiam a última moda em estilos de cabelo e maquiagem. Os cosméticos faziam a diferença entre a vida e a morte do Egito”. Essas narrativas históricas mostram o quão importante se faz o investimento e estudos na área de cosméticos, evidenciando ser, a preocupação com a beleza física, uma relevante marca das histórias das civilizações.

A Idade Média foi o período onde o cristianismo reprimiu a exaltação a beleza e a partir disso a utilização dos cosméticos era considerada uma prática pecaminosa que ia contra os valores pregados pela igreja. Esse período também denominado de “Idade das Trevas” fez com que o uso de cosméticos desaparecesse totalmente e a ciência cosmética entrassem em período de total clausura (LEONARDI, 2008).

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Já na Idade Moderna, o Renascentismo traz de volta a busca pelo embelezamento acompanhado por inovações técnicas no setor cosmético, mas com o passar do tempo, ainda na idade moderna houve dois momentos ruins para os cosméticos, o primeiro momento ocorreu com a proibição dos cosméticos e perfumes em toda Europa por um movimento cristão denominado Puritanismo, o segundo momento foi quando o parlamento inglês definiu uma lei para restringir a utilização dos cosméticos pelas mulheres (CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA, 2016).

Os cosméticos retomou sua popularidade a partir da Idade Contemporânea, essa época foi muito promissora para a cosmetologia, pois houve o surgimento de diversas indústrias de matérias-primas para o desenvolvimento dos cosméticos em diversos países como Estados Unidos, Japão e Alemanha (LEONARDI, 2008).

No início do século XX com a liberação da mulher dos afazeres domésticos e inserção desta ao mercado de trabalho, ocupando responsabilidades e cargos até então de exclusividade masculina foi o fator essencial para o aumento do consumo dos cosméticos acompanhado do desenvolvimento e crescimento da cosmetologia como um todo (CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA, 2016).

2.1.2 O farmacêutico na indústria de cosméticos

A resolução nº 406, de 15 de dezembro de 2003 do Conselho Federal de Farmácia regula as atividades farmacêuticas na indústria cosmética. Dessa forma, o profissional farmacêutico é competente para desenvolver atividades nas indústrias cosméticas, como exemplo, em empresas de alisantes capilares pois estes produtos precisam da supervisão de um profissional habilitado para avaliar a qualidade do produto e observar como este age no organismo humano e se tende a provocar danos à saúde do consumidor.

O farmacêutico na indústria cosmética tem capacidade para atuar em vários setores, mas independente disto, este profissional sempre deve seguir as normas do manual de Boas Praticas de Fabricação para garantir que os cosméticos estejam seguindo os padrões de qualidade exigidos pelos órgãos competentes (BRASIL, 2003).

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2.2 CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO

Os fatores sociais, políticos e econômicos foram os responsáveis pelo desenvolvimento da cosmetologia, juntamente a isto houve uma crescente demanda por cosméticos seguros e eficazes (ISAAC, 2008). Em consequência surgiu o controle de qualidade com a finalidade de verificar e assegurar os ensaios físico-químicos (BRASIL, 2008).

A ANVISA no ano de 2008 publicou um Guia de controle de qualidade de produtos cosméticos, fazendo abordagem sobre os ensaios físicos e químicos destinados as empresas do ramo de cosméticos, proporcionando à população produtos com maior segurança e qualidade.

Ademais, foi publicado pela ANVISA a RDC nº 48, de 25 de outubro de 2013 que regulamenta as boas práticas de fabricação para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, tendo a finalidade de determinar os requisitos necessários para que a fabricação de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes ocorram de maneira padronizada, ou seja, cumprindo as normas de boas práticas, para que sejam fabricados produtos de higiene pessoal/cosméticos/perfumes, confiáveis e seguros para toda a população.

2.2.1 Controle de qualidade físico-químico em cosméticos

O controle de qualidade dos cosméticos visa garantir a segurança das matérias primas e dos produtos finais, sendo que o progresso deste seguimento se deu a partir da expansão do mercado das indústrias de cosméticos (CHIARI et al., 2012).

Segundo Cirilo et al. (2010), o setor de controle de qualidade das indústrias de cosméticos é destinado a desenvolver atividades que requerem conhecimentos relacionados às legislações vigentes, regulamentando normas para o funcionamento da indústria, assegurando qualidades nos resultados analíticos e prevenindo riscos à saúde pública.

O progresso do controle de qualidade foi acompanhado da evolução e desenvolvimento de técnicas mais eficazes para a realização de suas análises a fim de testar a qualidade dos cosméticos para obter profunda caracterização do produto,

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que vai desde a determinação dos componentes até o desenvolvimento das características pré-determinadas do produto (CHIARI et al., 2012).

Há diversas etapas no controle de qualidade que buscam assegurar a qualidade dos cosméticos, essas são representadas pela seleção do material, análises organolépticas e análises físico-químicas além de verificação de possível interação com os outros componentes da formulação (ADDOR et al., 2007).

A análise do potencial hidrogeniônico (pH) apresenta suma importância nos produtos cosméticos capilares, porque o pH é o fator que determina de qual maneira o produto irá agir na fibra capilar (KOHLER, 2011).

Quando o cosmético apresenta seu pH levemente ácido as cutículas do cabelo tendem a permanecer fechadas, dando ao cabelo o aspecto sedoso, já quando o seu pH apresenta-se alcalino, a tendência do produto cosmético será atravessar a cutícula e agir diretamente no córtex (LIMA, 2016), sendo que esses fatores acontecem porque o cabelo é sensível a alterações de valor de pH, assim quando a cutícula do fio entra em contato com uma solução altamente alcalina, ela incha e abre (DIAS et al., 2007).

A análise do teor de ativos nos cosméticos de utilização capilar de grau dois tem sua devida importância pois, para este produto ser seguro aos usuários o teor de ativo incorporado nas formulações cosméticas deve possuir um nível de concentração que esteja dentro da margem de segurança adequada. Destacando que o excesso de ativo nos cosméticos pode ocasionar danos à saúde do consumidor (BRASIL, 2012; PINTO et al., 2012).

As informações essenciais para avaliação do risco de um produto cosmético são tidas através do conhecimento dos componentes e quantidade destes na formulação, pois eles podem ser um dos responsáveis por qualquer efeito local e sistêmico de hipersensibilidade. Entretanto, a fórmula do produto acabado pode ser um fator interferente na absorção dos ingredientes, ou até mesmo a associação dos componentes da formulação influenciar num possível produto que traga malefícios a saúde do consumidor (BRASIL, 2012a).

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2.2.2 Cosmetovigilância

A cosmetovigilância surgiu a partir da preocupação dos órgãos regulamentadores com a qualidade dos cosméticos que podem oferecer certo risco aos usuários e ainda assim serem adquiridos pelos indivíduos conforme a sua preferência pessoal, sem a menor interposição de um profissional de saúde (BEHRENS; CHOCIAI, 2007)

A ANVISA com o intuito de forçar as empresas fabricantes de produtos de higiene pessoal, cosmético e perfume garantirem a segurança, qualidade e eficácia dos seus produtos, instituiu a RDC nº 332, de 01 de dezembro de 2005. Esta resolução obriga as empresas de cosméticos a implantar o sistema de cosmetovigilância que atue facilitando a comunicação por parte dos usuários com as respectivas empresas sobre os problemas desencadeados com utilização dos produtos fabricados, que podem estar associado a um defeito de qualidade ou efeito indesejável (BRASIL, 2005).

O alto índice de notificações recebidas pela cosmetovigilância relacionados aos produtos voltados a alisamento capilar levou a publicação de um gráfico de notificações recolhidas pela ANVISA no ano de 2011, vide figura 1(BRASIL, 2011b).

Figura 1- Porcentagem de notificações recebidas pela Cosmetovigilância em 2011.

Fonte: BRASIL, 2011b. 45,71 15,71 8,57 8,57 7,14 4,28 2,85 1,42 1,42 1,42 1,42 1,42 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 Notificações de relatos (%)

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Os produtos cosméticos no geral apresentam um grande índice de notificações (tabela 1.), isto indica a importância que se deve oferecer ao controle de qualidade dos produtos cosméticos, para assim obtermos produtos seguros, estáveis e de qualidade para os indivíduos, de forma que estes cosméticos estejam de acordo as normas estabelecidas pela ANVISA quando se refere aos limites de concentração de substâncias químicas e a presença de contaminantes microbiológicos (SOUZA, 2012).

Tabela 1. Notificações recebidas pela Cosmetovigilância por categoria notificadora.

Categoria do notificador Quantidade de

notificação Rede Sentinela 302 Hospital 58 Profissional liberal 90 Empresa 36 Anvisa 689 Visa estadual 82

Secretaria municipal de saúde 04

Estabelecimento de assistência à saúde 01

Visa municipal 143

Universidades/centros de pesquisa 02

Visa regional estadual 25

Prefeitura municipal 01

Laboratório de saúde pública 04

Fonte: Notivisa, 2006 a 2011.

2.3 ENSAIOS DE QUALIDADE

Para avaliação da qualidade de alisantes capilares a base de hidróxido de sódio, a ANVISA (2012b), preconiza os requisitos mínimos para avaliação dos produtos, sendo estes, os ensaios das características organolépticas, pH e teor de ativo por volumetria de neutralização.

2.3.1 Análise do potencial Hidrogeniônico (pH)

Para a verificação do pH numa amostra pode-se utilizar de dois métodos que são: determinação colorimétrica e determinação potenciométrica. Na determinação potenciométrica utiliza-se o pHmetro e para a realização deste método, dois

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eletrodos são imersos na amostra a ser analisada e com isso será medido a diferença do potencial hidrogeniônico entre os eletrodos (BRASIL, 2004).

O método de determinação do pH a partir da análise potenciométrica requer prévia calibração dos eletrodos antes de utiliza-los para efetuar qualquer medida de pH, sendo isto necessário porque a composição da membrana de vidro não é igual em toda sua extensão, podendo desencadear uma diferença potencial que é indesejável durante o experimento (GIL, 2010).

Para verificar o potencial hidrogeniônico a partir da determinação colorimétrica, são utilizadas escalas preparadas com solução tampões e indicadores. Esse método não indica quando ocorre pequenas variações de basicidade ou acidez na amostra e por isso é considerado pouco sensível, mas destacando que esse método apresenta resultados numéricos que podem ser facilmente interpretados (BRASIL, 2004).

Pode-se realizar a calibração do eletrodo utilizando uma ou duas soluções tampão que podem ser compradas ou então preparadas no próprio laboratório utilizando padrões primários, como o hidrogenoftalato ácido de potássio (GIL, 2010).

2.3.2 Ensaios organolépticos

As análises ou ensaios organolépticos são utilizados para avaliar as características que são detectáveis pelos órgãos dos sentidos em determinado produto. Nos alisantes capilares, as características avaliadas são: aspecto, cor e odor (Farmacopéia Brasileira, 2010).

Os ensaios organolépticos através das análises comparativas avaliam as características da amostra em estudo, com o objetivo de averiguar alterações como: precipitação de partículas, separação de fases e turvação, o que permite o reconhecimento primário de um produto (BRASIL, 2004). Costuma-se dizer que as análises organolépticas são os primeiros testes de identificação das amostras.

2.3.3 Volumetria de neutralização

A volumetria de neutralização é o procedimento de titulação entre uma solução alcalina e uma solução padronizada de característica ácida, que tem o objetivo de quantificar o valor exato de ácido numa determinada amostra, sendo este

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quimicamente equivalente á quantidade de substância alcalina presente no mesmo meio (MENDHAM et.al., 2012).

Entende-se que na volumetria de neutralização quantidades semelhantes de um ácido e uma base numa solução sempre resultará numa neutralidade, mas esse resultado nem sempre ocorre, pois nas reações entre bases fortes e ácidos fracos ou ácidos fortes e bases fracas pode ocorrer o fenômeno de hidrólise, fator que impede a neutralização da solução (BACCAN et al., 2001).

2.4 ESTRUTURA CAPILAR

Os cabelos têm como função proteger o couro cabeludo, porém como os indivíduos dão a estes uma grande importância estética, na ocorrência de alterações na estrutura capilar o indivíduo pode até desenvolver problemas psicossociais que venha a interferir na sua qualidade de vida (LEONARDI, 2008).

O cabelo perdeu o seu significado funcional devido às mudanças de hábitos e estilo de vida dos indivíduos, com o passar do tempo o valor dos cabelos passa a ter uma estreita relação com a percepção dos indivíduos sobre si mesmo (DRAELOS, 2000). O cabelo é um dos componentes do corpo humano que se consegue facilmente alterar, podendo assim, modificar seu comprimento, cor e forma com o objetivo de criar um visual diferente (BOLDUC; SHAPIRO, 2001).

O crescimento de cabelo ocorre de modo continuo e cíclico, este fator está diretamente relacionado a várias questões como a idade do indivíduo, hábitos alimentares e fatores hormonais (WOLFRAM, 2003).

2.4.1 Estrutura morfológica da fibra capilar

O pelo é uma estrutura epitelial e compreende duas porções principais: a haste e a raiz do pelo. A haste do pelo, apesar de seu brilho, da sua composição e textura, é uma estrutura morta (BOLDUC; SHAPIRO, 2001).

A haste do pelo é constituída por medula, córtex e cutícula. A primeira é formada por células levemente queratinizadas e mal interconectadas, já o córtex é formado por células alongadas e queratinizadas, de forma que a cutícula é porção externa do pelo e é constituída de células achatadas e queratinizada (WICHROWSKI, 2007), conforme Figura 2.

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A cutícula é o revestimento externo da fibra capilar, formada por inúmeras células denominadas escamas que sobrepõem-se umas às outras formando de três a dez camadas, sendo essas unidas por um componente intercelular rico em lipídios (KÖHLER, 2011). A cutícula tem grande importância para o fio capilar devido a sua função reguladora de entrada e saída de produtos químicos e água para o córtex, fato que ajuda a manter a integridade do cabelo. (MADNANI; KHAN, 2013).

O córtex é a porção da fibra capilar que representa aproximadamente 90% do seu corpo, devido esta porção ser a única onde as células são preenchidas por α-queratina, o córtex é a parte que determina as propriedades do cabelo (KÖHLER, 2011).

Figura 2- Estrutura da fibra capilar.

Fonte: http://www.alunosonline.com.br/biologia/pelo.html.

2.4.2 Estrutura química da fibra capilar

A estrutura química dos fios capilares é baseada em um tipo de proteína rica em cistina que são denominadas α-queratina. A α-queratina é uma proteína fibrosa com estrutura tridimensional, constituída por uma sequência de 15 a 22 aminoácidos e devido as suas ligações dissulfeto, iônicas e de hidrogênio presentes na molécula sua estrutura é forte e estável (KÖHLER, 2011), conforme Figura 3.

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24

Figura 3- Ilustração das ligações presentes na queratina do cabelo humano.

Fonte: LIMA, 2016

Nas ligações dissulfeto ocorre a interação entre dois átomos de enxofre, cuja finalidade desta é estabilizar a estrutura terciária da proteína e evitar que ela sofra desnaturação no meio extracelular, destacando que a formação de uma ligação dissulfeto ocorre a partir da oxidação de dois resíduos de cisteína formando a cistina, molécula que contém uma ligação entre dois átomos de enxofre (CHAMPE et al., 2009).

A fibra capilar é composta por um nível de proteína que está entre 65% e 95% e além da presença α-queratina na fibra capilar também é possível encontrar outras proteínas presentes no cabelo que são: o colágeno e a elastina. A elastina juntamente com o colágeno tem a finalidade de proporcionar elasticidade e resistência ao fio capilar (KÖHLER, 2011).

As proteínas são constituintes celulares que se encontram de forma abundante numa célula e possui diversas funções que vão desde as estruturais até as dinâmicas. As proteínas, apesar de serem constituintes estruturais e/ou realizarem funções diversas, são sintetizadas a partir dos aminoácidos (MARZZOCO; TORRES, 2007).

Os aminoácidos são compostos constituídos por um grupo amino, um grupo carboxila, um átomo de hidrogênio e um grupo variável (denominado de cadeia lateral ou grupo R) que são ligados a um carbono α, sendo que o grupo variável é a

Interação de Wan der Waals

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25

parte da molécula que determina as propriedades, funções e conformação da proteína (VOET, 2008).

Os conteúdos de aminoácidos dos cabelos são iguais, independente da etnia que a fibra capilar está enquadrada, mas o que diferencia os fios capilares crespos e cacheados dos outros tipos de cabelo é um diâmetro da fibra capilar que é ligeiramente maior, a concentração de água no fio que é menor, a forma em que os aminoácidos estão dispostos e a quantidade em que cada um deles encontram-se presentes na fibra capilar (DRAELOS, 2000), fator que pode ser observado a partir da Tabela 2.

Tabela 2. Composição de aminoácidos do cabelo humano de diversas origens

étnicas (µmol/g).

TIPO DE CABELO

Aminoácidos Caucasiano Oriental Afro-étnico

Alanina 345 – 475 370 – 415 370 – 509 Arginina 466 – 534 492 – 510 482 – 540 Ácido aspártico 407 – 455 456 – 500 436 – 452 Ácido cisteico 22 – 58 35 – 41 0010 – 30 Ácido glutâmico 868 – 1063 1026 – 1082 915 – 1017 Glicina 450 – 544 454 – 498 467 – 542 Histidina 56 – 70 57 – 63 60 – 85 Isoleucina 188 – 255 205 – 244 224 – 282 Leucina 442 – 558 515 – 546 484 – 573 Lisina 178 – 220 182 – 196 198 – 236 Metionina 008 – 54 21 – 37 006 – 42 Fenilalanina 124 – 150 129 – 143 139 – 181 Prolina 588 – 753 615 – 683 642 – 697 Serina 851 – 1076 986 – 1101 672 – 1130 Treonina 542 – 654 568 – 593 580 – 618 Tirosina 126 – 194 131 – 170 179 – 202 Valina 405 – 542 421 – 493 442 – 573 1/2 cistina 1268 – 1608 1175 – 1357 1310 - 1420 Fonte: WOLFRAM (2003). 2.5 ALISAMENTO CAPILAR

Existem dois processos utilizados para obter o alisamento capilar. Há o processo de desnaturação da proteína do cabelo a partir do calor utilizando o secador e a prancha, e há o método utilizando os alisantes químicos. O processo

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26

utilizando o calor produz um alisamento temporário, pois o cabelo quando exposto a alta umidade tende a voltar a sua conformação natural. Como os alisantes químicos são formulados sempre com uma substância de caráter fortemente alcalino, esse tipo de substância tende a alisar o cabelo de forma permanente até mesmo quando exposto a umidade (DENBESTE; AKHTAR, 1991).

2.5.1 Alisamento capilar por processo químico

Os primeiros produtos químicos com a finalidade de alisamento capilar foram desenvolvidos por volta de 1940, onde sua base para o alisamento era o hidróxido de sódio em altas concentrações misturado ao amido. A partir da década de 50 houve diversos avanços no desenvolvimento de produtos para o alisamento capilar, algo que proporcionou a inserção destes produtos no mercado profissional (DIAS et al., 2007)

O alisamento químico é o procedimento que modifica a estrutura dos cabelos, alisando-os, e com isso tende a causar danos à fibra capilar. A realização deste procedimento é crescente no Brasil devido à preeminência de cabelos ondulados, crespos e cacheados que existem no país (ARAÚJO, 2015). Com base na demanda de mercado por produtos para alisamento capilar aumentou-se as pesquisas bibliográficas, exploratórias, qualitativas e quantitativas com a finalidade de entender todo processo de alisamento, desde a produção ao mecanismo de ação do produto (VARELA, 2007).

Segundo a ANVISA (2016) as substâncias ativas que são permitidas pela legislação e possuem a finalidade de proporcionar o alisamento da fibra capilar são: hidróxido de cálcio, hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de lítio, hidróxido de guanidina e ácido tioglicólico.

Os alisantes químicos são produtos que alteram a integridade estrutural do cabelo modificando a aparência física deste a partir da quebra de ligações dissulfeto entre os filamentos de queratina (MADNANI; KHAN, 2013). Destacando que o alisamento químico só age na porção do fio capilar que encontra-se após o couro cabeludo, sendo que as porções que crescem após procedimento não sofrem alterações (BOLDUC; SHAPIRO, 2001).

Dentre os diversos tipos de alisamento presentes no mercado, uma das substâncias ativas empregada na formulação é o hidróxido de sódio, salientando

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27

que o processo de alisamento químico realizado com esta substância a priori não tem o objetivo a acarretar danos à saúde da população, desde que atenda as exigências estabelecidas na legislação sanitária (BRASIL, 2015).

Os alisantes capilares estão na forma farmacêutica semissólida que consiste de uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase aquosa. Contém um ou mais princípios ativos dispersos em uma base apropriada (BRASIL, 2011).

A emulsão é uma forma farmacêutica bastante utilizada na indústria cosmética, pois permite o transporte de ativos e substâncias lipofílicas e hidrofílicas em uma mesma formulação, além de permitir que a formulação se ajuste as necessidades e as exigências que são pretendidas para o produto a ser desenvolvido (MORAES, 2008).

O uso excessivo de alisantes capilares pode desencadear consequências danosas à saúde dos consumidores, podendo ocorrer danos como, queda de cabelo, dermatites no couro cabeludo e na pele e intoxicação (BRASIL, 2008).

O processo de fabricação dos alisantes devem ser realizados seguindo exatamente o seu manual de fabricação, para evitar problemas relacionados a separação de fases e/ou quebra de viscosidade, que geralmente são provocados por causa de homogeneização deficiente, excesso de agitação, desrespeito ao tempo de aquecimento e resfriamento (PINTO et al., 2012).

2.5.2 Alisantes a base de hidróxido de sódio

O hidróxido de sódio é um agente alcalino utilizado para alisamento capilar e além deste agente alcalino, esse produto é constituído por duas fases que são classificadas como fase oleosa e fase aquosa (BARBARA et al., 2007). Normalmente para a constituição dessas duas fases, este tipo de alisamento tem como seus constituintes: água, álcool cetearílico, fosfato de dicetilo, cloreto de cetrimónio, lanolina, propilenoglicol, parafina líquida, metilparabeno, cera de carnaúba, manteiga de murumuru (FRANÇA‐STEFONI, 2015).

O hidróxido de sódio é uma substância utilizada como componente ativo dos alisantes capilares destinados aos cabelos afro-étnicos, podendo ser encontrados em concentrações que variam de 5 a 10% com pH variando entre 10 e 14, o que pode promover resultados como a danificação da fibra capilar (VARELA, 2007).

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Segundo Vermeulen et al. (2012), o pH do hidróxido de sódio faz com que este seja caracterizado como uma base forte e atue influenciando na abertura das cutículas capilares fazendo a substância química chegar ao córtex para quebrar as ligações estruturais dos fios do cabelo quando este agente reagir com a queratina.

Segundo França-Stefoni (2015) devido ao pH alcalino, o alisante a base de hidróxido de sódio age abrindo as cutículas dos fios de cabelo e rompendo ligações de dissulfeto da queratina, eliminando alguns átomos de enxofre fazendo com que a proteína sofra um rearranjo estrutural formando a lantionina e promoção do alisamento permanente dos fios de capilares, conforme Figura 4.

Figura 4- Representação esquemática da quebra das pontes dissulfeto.

Fonte: http://evoluxe.com.br/o-que-e-relaxamento-capilar/.

A quebra e o rearranjo estrutural da proteína da fibra capilar ocorrem porque o relaxamento atua de duas maneiras, primeiramente acontece o relaxamento das fibras capilares e após isso ocorre o travamento da nova configuração da fibra (MELO, 2010).

A utilização deste componente químico para alisamento capilar em alguns indivíduos pode desencadear efeitos adversos como: prurido, queimadura no couro cabeludo, caspa e enfraquecimento com possível quebra do fio (SOUZA, 2012).

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29

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

No presente trabalho foi realizada uma pesquisa descritiva, com análise experimental, baseada em uma abordagem quali-quantitativa.

Pesquisas quantitativas e qualitativas quando abordadas de forma separada tem aplicações úteis e também possui várias limitações, por esse motivo a pesquisa que é realizada utilizando essas duas metodologias simultaneamente apresenta grande importância no desenvolvimento de estudos científicos, pois ocorre a contribuição particular de cada uma dessas abordagens (DAL-FARRA; LOPES, 2013).

3.2 LOCAL DO ESTUDO

As análises foram realizadas no laboratório de controle de qualidade físico-químico do grupo Natulab no município de Santo Antônio de Jesus-Ba. Esta empresa produz medicamentos e cosméticos de diversas apresentações, a saber: semissólidas (pasta d’água, cremes, gel), líquidas (soluções, xaropes, emulsões e loções) e sólidas (comprimidos, cápsulas duras, comprimidos revestidos e pós), seguindo as normas de Boas Práticas de Fabricação (BPF), certificada pela ANVISA.

3.3 AMOSTRAGEM

Foram adquiridas para o objeto de análise, 03 marcas diferentes de alisantes capilares contendo hidróxido de sódio na sua base, vendidos no mercado comum de Cruz das Almas-BA para utilização doméstica por parte do usuário.

3.4 MÉTODO ANALÍTICO

Foram analisados critérios físico-químicos, pH e teor de ativo, além de critérios organolépticos, sendo que os resultados da concentração teor de ativo e o pH foram confrontados com os limites determinados pela ANVISA na Resolução nº 3

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de 20 de janeiro de 2012. As análises relacionadas ao teor de ativo estão descritas conforme o “Guia de controle de qualidade físico-química de produtos cosméticos” publicado pela ANVISA.

3.4.1 Análises organolépticas

Para realização das análises organolépticas foram verificadas as características primárias dos produtos. Essas características foram detectadas pelos órgãos dos sentidos e se baseiam em testes como aspecto, cor e odor, além da verificação do estado da amostra quanto à homogeneidade e uniformidade, separação de fases, precipitação, sendo estes procedimentos realizados conforme o Guia de controle de qualidade de produtos cosméticos e faz parte das análises qualitativas de mensuração da qualidade dos produtos analisados.

3.4.2 Análise do potencial hidrogeniônico (pH)

O pH conceitualmente é o logaritmo negativo da concentração molar de íons de hidrogênio. A escala varia de 1 (ácido) a 14 (alcalino), sendo o valor 7 a neutralidade. Houve verificação do pH de cada amostra analisada com o auxílio do pHmetro de bancada de marca Quimis devidamente calibrado. Para isto, o eletrodo foi mergulhado diretamente em uma solução do produto em estudo à temperatura ambiente, encontrando um pH na faixa de 12 a 13, pH característico dos produtos notoriamente alcalinos.

3.4.3 Ensaio de doseamento

Para a avaliação físico-química nos alisantes capilares, todas as amostras passaram por análise em triplicadas (figura 5), onde tirou-se a média aritmética dos resultados encontrados afim de obter o resultado final. O método realizado na análise do teor de ativo das amostras de alisantes foi baseado na reação de neutralização que ocorre entre um ácido forte e uma base forte, e para isto os indicadores utilizados foram o alaranjado de metila e a fenolftaleína conforme a metodologia descrita no Guia de Controle de qualidade físico-química de produtos cosméticos, publicado pela ANVISA.

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31

Figura 5- Amostras para análise em triplicata.

Fonte: Autoria própria.

3.4.3.1 Preparo das amostras

Para preparo das amostras primeiramente foi realizada a amostragem do creme alisante, onde se retirou a camada superficial e homogeneizou o restante do produto. Posterior a isso, pesou-se quantitativamente em um béquer de 250 mL uma quantidade de amostra contendo aproximadamente 1,5 gramas de hidróxido de sódio. Como considerou-se que as amostras tinham até 4,5% de hidróxido de sódio, pesou-se cerca de 33,3 gramas do creme para condizer a 1,5 gramas de hidróxido na amostra. Com a massa do produto contendo o hidróxido de sódio pesado, adicionou-se 100 mL de água destilada, homogeneizou com o auxílio de agitador magnético da marca Fisatom, procedeu com resfriamento e transferência para um balão volumétrico de 250 mL, por fim completou-se o volume do balão com água destilada (figura 6). Todas as vidrarias volumétricas utilizadas nos testes eram calibradas e rastreáveis.

(34)

32

Figura 6- Preparo das amostras.

Fonte: Autoria própria.

3.4.3.2 Procedimento para análise de teor

Para a determinação do teor de ativo contido nas amostras de alisantes contendo hidróxido de sódio foi necessário, primeiramente, preparar uma solução de ácido clorídrico 0,1M padronizado, os indicadores solução alcoólica de fenolftaleína e solução de alaranjado de metila, todos eles conforme descrito no preparo de reagentes na farmacopeia Brasileira V edição.

Para obtenção da concentração de hidróxido de sódio (m/m) nas amostras de alisantes a partir da reação de neutralização (HCl + NaOH  NaCl + H2O), foi

necessário encontrar primeiramente o volume correspondente de ácido clorídrico 0,1M consumido na titulação com o indicador alaranjado de metila e depois o volume de ácido clorídrico 0,1M consumido na titulação com o indicador fenolftaleína. Então, para obter o volume correspondente de ácido clorídrico 0,1M consumido na titulação com o indicador alaranjado de metila, foi transferido com auxílio de pipeta volumétrica, 25 mL da solução amostra para um erlenmeyer de 250 mL, onde foram adicionados 50 mL de água destilada e duas gotas de solução aquosa de alaranjado de metila onde se titulou com solução de ácido clorídrico 0,1M até que a coloração da solução de tonalidade amarelada passasse para laranja, anotando ao final o volume de ácido clorídrico 0,1M utilizado que na fórmula foi determinado como o V1, (figura 7).

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Figura 7- Titulação com o indicador alaranjado de metila.

Fonte: Autoria própria.

Para obter o volume de ácido clorídrico 0,1M que foi consumido na titulação com o indicador fenolftaleína, foi transferido 25 mL da solução amostra para um erlenmeyer de 250 mL, também com auxílio de pipeta volumétrica, depois foram adicionados 25 mL de água destilada e duas gotas de solução alcoólica de fenolftaleína e então foi realizada a titulação com solução de ácido clorídrico 0,1M até que a coloração da solução passasse de rosa para incolor e então anotou-se o volume de acido clorídrico 0,1M consumido como o V2, (figura 8).

Figura 8- Mudança do pH do meio acompanhado da mudança da

coloração com indicador fenolftaleína

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34

Após anotações de todos os valores obtidos com a análise, foi utilizada a fórmula abaixo:

Fórmula 1- Obtenção da concentração de hidróxido de sódio nos alisantes.

=

Fonte: Guia de controle de qualidade de produtos cosméticos, 2008.

Onde:

C = concentração (m/m) de hidróxido de sódio; Vf = volume final de acido clorídrico 0,1M gasto na titulação, em mililitros; mEq = miliequivalente em gramas do hidróxido de sódio (0,004 g); Fc = fator de correção da solução de acido clorídrico 0,1M (1,040408); m = massa da amostra em gramas; 25 = alíquota da amostra utilizada na titulação; 250 = volume final da amostra no balão volumétrico;

Nota: Vf = V1 - 2(V1 - V2), onde V1 corresponde ao volume de acido clorídrico 0,1M consumido na titulação com indicador alaranjado de metila e V2 corresponde ao volume de acido clorídrico 0,1M consumido na titulação com indicador fenolftaleína. 3.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

3.5.1 Média

Para encontrarmos a concentração média da substância hidróxido de sódio de cada produto alisante, foi necessário fazer a análise em triplicata para assim somar os valores das concentrações obtidas e por fim dividir esse resultado pelo número de amostras.

3.5.2 Desvio Padrão

O desvio padrão teve a finalidade de medir a oscilação dos valores de cada amostra de alisante que contém hidróxido de sódio em relação à média, para isto primeiramente calculou-se cada nota subtraindo o valor individual pela média previamente encontrada; os resultados obtidos foram elevados ao quadrado e em seguida obteve-se a média dos quadrados, por fim extraiu a sua raiz quadrada da média dos quadrados e obteve o desvio padrão.

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35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS

Os produtos alisantes analisados estavam na fase semissólida, tendo uma característica de bastante consistência, sendo também homogêneos e uniformes e possuindo um odor característico de hidróxido de sódio.

O produto da marca S apresentou uma cor mais amarelada em comparação aos alisantes das marcas Y e C, pois este apresentava óleo de semente de manga na sua composição contribuindo para uma coloração mais amarela, (figura 9).

Figura 9- Alisantes capilares das marcas Y, C e S.

Fonte: Autoria própria.

4.2 ANÁLISE DO TEOR DE ATIVO

Na realização do estudo, foram utilizadas três diferentes marcas de alisantes capilares, comercializados em Cruz das Almas – Bahia. Para cada marca, os testes foram realizados em triplicata, formando um n=3, para cada marca avaliada. As marcas foram nomeadas de Y, C e S e suas amostras foram identificadas como Y1, Y2, Y3, C1, C2, C3, S1, S2, S3.

Figura 10- Amostras para análise em triplicata com o alaranjado de metila.

Y C

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Fonte: Autoria própria.

Em cada amostra de alisante capilar foram analisadas as concentrações de teor de ativo em massa, destacando que para obter o valor referente à concentração de teor ativo nas amostras, a priori, buscaram-se os valores dos mililitros de ácido clorídrico a 0,1M consumidos nas titulações, primeiramente utilizando o indicador alaranjado de metila e depois utilizando a fenolftaleína.

Com os resultados do volume de ácido clorídrico consumido nas titulações foi possível obter o volume final, que para isto aplicou-se a formula Vf = V1 - 2(V1 - V2), onde V1 corresponde ao volume de acido clorídrico 0,1M consumido na titulação com indicador alaranjado de metila e V2 corresponde ao volume de acido clorídrico 0,1M consumido na titulação com indicador fenolftaleína. Os resultados referentes aos volumes do ácido clorídrico encontrados com as titulações estão apresentados na Tabela 3, 4 e 5.

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Tabela 3. Volumes de ácido clorídrico consumidos nas amostras de marca Y. Amostra Massa (g) V1 (mL) V2 (mL) 2(V1- V2) Volume

Final (mL) Y1 34,5250 22,2 18,9 6,6 15,6 Y2 33,4056 22,0 18,4 7,2 14,8 Y3 34,5202 22,2 18,7 7 15,2

Tabela 4. Volumes de ácido clorídrico consumidos nas amostras de marca C. Amostra Massa (g) V1 (mL) V2 (mL) 2(V1- V2) Volume

Final (mL)

C1 34,8608 20,8 18,3 5 15,8

C2 34,0807 18,8 17 3,6 15,2

C3 34,3179 20,1 18 4,2 15,9

Tabela 5. Volumes de ácido clorídrico consumidos nas amostras de marca S. Amostra Massa (g) V1 (mL) V2 (mL) 2(V1- V2) Volume

Final (mL)

S1 33,3450 19,1 15,0 8,2 10,9

S2 34,3179 18,6 15,1 7,02 11,58

S3 34,8807 19,5 15,3 8,4 11,1

Após a obtenção dos valores finais de ácido clorídrico 0,1M consumidos nas titulações, foi possível aplicar a fórmula para encontrar a concentração de hidróxido de sódio em massa. Como cada marca foi analisada em triplicata, foi possível obter a média de concentração deste ativo nas marcas de alisante capilar juntamente com o desvio padrão, sendo que o desvio padrão encontrado foi um valor próximo a zero e isto representa a pouca variabilidade dos resultados obtidos.

Os resultados referentes à concentração de hidróxido de sódio nas marcas Y, C e S que foram analisadas em triplicata estão apresentados nas Tabelas 6, 7 e 8.

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Tabela 6. Concentração do hidróxido de sódio no alisante capilar da marca Y. Amostra Massa (g) Teor NaOH

(%) Média (%) Desvio Padrão Y1 34,5250 1,88 1,84 0,03 Y2 33,4056 1,84 Y3 34,5202 1,83

Tabela 7. Concentração do hidróxido de sódio no alisante capilar da marca C. Amostra Massa (g) Teor NaOH

(%) Média (%) Desvio Padrão C1 34,8608 1,89 1,89 0,04 C2 34,0807 1,86 C3 34,3179 1,93

Tabela 8. Concentração do hidróxido de sódio no alisante capilar de marca S. Amostra Massa (g) Teor NaOH

(%) Média (%) Desvio Padrão S1 33,3450 1,36 1,36 0,04 S2 34,3179 1,40 S3 34,8807 1,32

4.2.1 Concentração do teor de ativo x limites determinados pela ANVISA.

Foi analisado o teor de ativo contido nas amostras de alisantes capilares conforme as descrições do “Guia de controle de qualidade físico-química de produtos cosméticos” publicado pela ANVISA. Com a obtenção desses resultados foi possível analisar se estes produtos estão cumprindo as normas da Resolução nº 3 de 20 de janeiro de 2012, que determina a concentração máxima de 2% em massa de hidróxido de sódio em produtos alisantes capilares de uso doméstico. Podemos observar que as marcar de alisantes capilares analisadas estão de acordo com as normas preconizadas pela ANVISA a partir da figura 11.

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FIGURA 11- Relação do teor de hidróxido de sódio presente nas marcas Y, C e S

com o limite máximo estabelecido pela ANVISA.

Para Pinto et al. (2012), a análise do teor de ativos nos cosméticos de utilização capilar de grau dois tem devida importância, pois, para este produto cosmético ser seguro aos usuários o teor de ativo incorporado nas formulações cosméticas deve possuir um nível de concentração que esteja dentro da margem de segurança adequada. Os resultados da concentração das três marcas analisadas estão em consonância com a concentração máxima segura de utilização preconizada pela ANVISA a nível doméstico.

Deste modo, pode-se perceber que todas as marcas de alisamento capilar analisadas apresentaram seus valores de concentração de hidróxido de sódio dentro dos padrões de qualidade preconizados pela ANVISA.

0 0,5 1 1,5 2 2,5

AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3

Limite máximo de NaOH estabelecido pela ANVISA (%)

Teor de NaOH nas amostras de alisante da marca Y (%).

Teor de NaOH nas amostras de alisante da marca C (%).

Teor de NaOH nas amostras de alisante da marca S (%).

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4.3 DETERMINAÇÃO DO pH

Segundo França-Stefoni (2015) o pH alcalino do alisante capilar a base de hidróxido de sódio influencia na abertura das cutículas dos fios de cabelo, rompendo ligações de dissulfeto da queratina e eliminando alguns átomos de enxofre fazendo com que a proteína sofra um rearranjo estrutural formando a lantionina e promoção do alisamento permanente dos fios de capilares.

A partir das tabelas 9, 10 e 11 podemos observar os resultados do pH nas três marcas de alisante capilar analisadas.

Tabela 9. Resultado da determinação do pH no alisante capilar de marca Y

Amostra pH da solução Média

Y1 12,90 12,92

Y2 12,94

Y3 12,93

Tabela 10. Resultado da determinação do pH no alisante capilar de marca C.

Amostra pH da solução Média

C1 12,90 12,91

C2 12,91

C3 12,93

Tabela 11. Resultado da determinação do pH no alisante capilar de marca S.

Amostra pH da solução Média

S1 13,01 13,02

S2 13,03

S3 13,04

A partir das análises do pH nos produtos para alisamento capilar foi possível identificar que todos os produtos estão com o seu pH acima de 11, constatando

(43)

41

deste modo que o pH destes produtos não estão de acordo com as normas preconizadas pela ANVISA na RDC nº 03/2012.

FIGURA 12- Relação do pH dos alisantes capilares de marca Y, C e S com o valor

de pH estabelecido pela ANVISA.

Com o pH das três marcar acima do preconizado fica claro o risco da utilização com relação a queimaduras e feridas da pele do couro cabeludo nos indivíduos que fazem uso desse produto. Em consonância a isso, o trabalho de Corazza (2006) cita que os produtos destinados ao alisamento da fibra capilar quando encontrado fora das especificações podem provocar diversos danos ao couro cabeludo e a fibra capilar, tais como: feridas, irritação e queimaduras no couro cabeludo, ressecamento e fragilização do fio.

9,5 10 10,5 11 11,5 12 12,5 13 13,5

AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3

Valor do pH ideal para produtos alisantes a base de hidróxido de sódio

Valor de pH nas amostras de alisante da marca Y.

Valor de pH nas amostras de alisante da marca C.

Valor de pH nas amostras de alisante da marca S.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos das análises físico-químicas em três marcas de alisante capilar a base de hidróxido de sódio, verificou-se que as concentrações de ativo destas marcas estavam de acordo com a RDC nº 03/2012. Entretanto estas não tiveram resultado satisfatório na determinação de pH, pois esse encontrava-se acima do valor ideal que é determinado pela ANVISA.

Desta forma conclui-se que as três marcas de alisante capilar a base de hidróxido de sódio não estão correspondendo rigorosamente aos critérios que a ANVISA determina para que o produto seja seguro e de qualidade para serem utilizados, e por estes produtos não estarem enquadrados nas normas de controle de qualidade de cosméticos, são considerados produtos que podem gerar lesões ao couro cabeludo e a fibra capilar do consumidor, tais como: queimaduras, feridas e dermatites no couro cabeludo, queda e quebra do fio capilar.

Com base nos resultados apresentados, sugere-se então uma fiscalização mais rigorosa dos alisantes capilares comercializados e o desenvolvimento de estratégias de sensibilização sobre riscos da utilização desses produtos.

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REFERÊNCIAS

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