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RECUPERAÇÃO DE OURO POR AGLOMERADO ÓLEO-CARVÃO

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321 RECUPERAÇÃO DE OURO POR AGLOMERADO ÓLEO-CARVÃO

A. Marciano Neto1; L. S. N. Costa1

; F. F. Lins1

Neste trabalho foi estudada a recuperação de ouro por aglomerados for-mados por óleo e carvão, visando uma alternativa à amalgamação e à cianetação. Dentre os materiais hidrofóbicos testa~os, um tipo de carvão mineral mostrou-se mais adequado ao processo. Óleo diesel, querosene e óleos vegetais, de soja e de milho, foram usados como aglomerant-es. Foram utilizadas misturas artificiais de areia e partículas de ouro numa primeira fase do trabalho e concentrado aurífero natural na fase seguinte. Ensaios compa-rativos com a amalgamação também foram realizados. Os resultados foram satisfatórios, apresentando recuperações de ouro semelhantes ao processo de amalgamação ("-' 90%). A preparação dos aglomerados foi simplificada em relação

à

citada na literatura consultada. O processo desenvolvido a-presenta potencial de aplicação em unidades industriais como alternativa à amalgamação e também à cianetação convencional, principalmente nos casos em que o ouro se apresentar liberado e fino.

RECOVERY OF GOLO BY COAL-OIL AGGLOMERATES

The present work deals with gold recovery by means of coal-oil agglomer-ates aiming at obtaining an alternative to amalgamation and cyanidation methods. Among several hydrophobic materiais used, a specific type of coai proved to be more suitable. Diesel oil, kerosene and vegetable oils were used as agglomerants. Synthetic mixtures of sand and gold particles and a gold concentrate were used. Some amalgamation tests were undertaken for comparison. The results were considered to be satisfatory with recover-ies similar to those obtained by amalgamation ("-' 90%). The agglomerates were produced in a simplified way if compared to the technical literature available. This process can be looked upon as a valid full scale alternative to amalgamation and cyanidation, particularly in the case of fi_r:~ely ljberated gold.

1 Departamento de Tratamento de Minérios

Centro de Tecnologia Minerai-CETEM/CNPq Rua 4- Quadra D- Ilha do Fundão

I

(2)

322

INTRODUÇÃO

A aglomeração esférica pode ser classificada como um caso particular da aglomeração oleosa em que os aglomerados produzidos possuem forma esférica. Estes aglomerados são geralmente formados em água pela con-tactação de outro líquido imiscível e hidrofóbico, tal como um óleo, com material hidrofóbico ou oleofílico. Sob agitação, o óleo se espalha sobre a superfície das partículas e a colisão destas permite a formação de pontes líquidas, promovendo a aglomeração (1).

Se necessário, o controle da oleofilicidade do material a ser aglomerado é feito, geralmente, pe~a adição de surfatantes.

É importante que esta

oleofi-licidade das partículas seja suficiente para provocar adesão entre as mesmas e o líquido hidrofóbico (1, 2).

O processo de aglomeração esférica parece oferecer boas perspectivas para o tratamento de minérios finos, apresentando-se como técnica alternativa à flotação em coluna, flotação com transportadores ( "carrier flotation" ), entre outros. Tal processo tem sido investigado visando a recuperação seletiva de vários minerais ,condicionada às diferenças de hidrofobicidade dos mes-mos, em seu estado natural ou modificados pela adição de reagentes. Além da aglomeração seletiva, existe também a possibilidade de recuperação de partículas hidrofóbicas através da interpenetração das mesmas em aglome-rados formados por materiais oleofílicos, tais como: grafite, carvão mineral, polietileno, entre outros.

Vários trabalhos foram realizados, alguns em escala de laboratório, outros em escala piloto, na tentativa de investigar os diversos parâmetros que in

-fluenciam o processo, bem como produzir resultados para comparação com outras técnicas compatíveis.

Mehrotra et ai. (3) fizeram uma revisão detalhada dos vários processos aplicados ao tratamento de carvões por aglomeração oleosa. Além deste, pode-se citar, o trabalho de Drzymala et ai, (4). Neste trabalho foram feitos ensaios utilizando partículas de grafite, carvão mineral, pirita, caulim e quartzo, em uma suspensão aquosa utilizando heptano como líquido aglo-merante. Os resultados mostraram que o carvão e o grafite formaram aglo-merados, enquanto os outros materiais formaram agregados em volta e

(3)

en-323

tre as gotas de óleo. Com maiores concentrações de heptano, o grafite a-presentou aglomerados esféricos enquanto o carvão exibiu menor tendência

à

formação desta forma de aglomerado. Com os outros materiais (pirita,

caulim e quartzo) não houve formação de aglomerados esféricos.

Sadowski et ai. (1} investigaram a aglomeração esférica da barita e da calcita em uma suspensão contendo n-heptano como aglomerante e oleato como surfatante. Os resultados mostraram que o tamanho dos aglomerados é função da concentração de oleato.

House & Veal (2} estudaram a recuperação seletiva de alguns sulfetos pelo processo de aglomeração esférica, utilizando misturas artificiais destes

minerais. Os reagentes testados como aglomerantes foram o n-tetradecano

(C14H3o) e um gasóleo refinado com 23% em peso de conteúdo aromático.

Como surfatante foram utilizados vários xantatos e como ativador o sulfato de cobre. Os resultados indicaram boa possibilidade de aglomeração seletiva de calcopirita em misturas de calcopirita, pirita, pirrotita e areia silicosa. Outros sistemas também apresentaram boas perspectivas de aglomeração seletiva. Segundo esses autores (2), o potencial de aplicação de aglomeração esférica para sulfetos é bastante animador, principalmente no tratamento de concentrados de flotação que exigem remoagem para maior liberação, trazendo como conseqüência a necessidade de um processo de separação de finos seletivo e eficiente.

A utilização de aglomerados formados por materiais hidrofóbicos (carvão, grafite etc.) para recuperação de um metal ou mineral valioso (ouro, platina etc.) foi estudada por vários pesquisadores, podendo ser destacadas duas patentes mais recentes.

A primeira (5), patenteada em 1983, trata da recuperação de ouro ou de outros minerais que tenham superfície oleofllica (na tu r ai ou induzida) por meio de aglomerados preparados com material oleofílico. Nesse processo, os aglomerados são formados na polpa de minério pela adição simultânea de minério, água de diluição, material oleofílico (ex.: carvão mineral) e

aglo-: merante (ex.: óleo diesel). Após determinado tempo de condicionamento é

feito o peneiramento de todo o material. O produto retido - aglomerado carregado com' o mineral ou metal a ser recuperado - é recirculado para

(4)

324 material é feita posteriormente por técnicas de separação convencional ou pirometalúrgicas.

A segunda (6), patenteada em 1987. apresenta as características básicas do trabalho anterior (5), diferindo principalmente na preparação e con-tato dos aglomerados com o minério. Neste processo (6), os aglome-rados são prepaaglome-rados em uma etapa anterior e adicionados na polpa mi-neral em uma etapa seguinte. Os aglomerados são mantidos nos tanques de contato até atingirem o teor desejado de material valioso. O rejeito é continuamente descartado através de um sistema de tela existente na parte superior dos tanques. É importante também informar que, neste processo, os aglomerados são 'formados em duas etapas. Na primeira é adicionado parte do material oleofílico (30 a 70%) sob condições de alto cisalhamento para produção de microaglomerados; posteriormente, adiciona-se o restante do material, sob condições de baixo cisalhamento, para que haja crescimento dos aglomerados.

A necessidade de proteção ambiental vem se tornando preocupação fun-damental da sociedade. Este fato traz como conseqüência grande relevância para desenvolvimento de processos alternativos que minimizem agressões ambientais. Neste trabalho, foi estudado um processo de recuperação de ouro liberado que utiliza aglomerados formados por óleo e carvão, tendo em mente uma alternativa

à

amalgamação

ejou

à

cianetação, processos que podem trazer grandes danos ambientais se não forem executados com os

devidos

cuidados.

MATERIAIS E METODOLOGIA EXPERIMENTAL Materiais

Foram utilizados, como aglomerante, querosene, óleo diesel, óleo de soja e de milho, com tensões interfaciais com a água de 41, 20, 24 e 25dyn/cm,

r~spectivamente.

Dentre os vários materiais hidrofóbicos tesfados (carvão vegetal, grafite artificial e carvões minerais), o mais empregado nos ensaios foi um carvão mineral, fração metalúrgica, com teor de cinzas de 16,7% e carbono fixo de 51,4%. Este material foi reduzido a uma granulometria inferior a 35 malhas

(5)

325 (0,42mm), contendo, ao término desta operação, 36% abaixo de 400 malhas (0,037mm}.

Como minério artificial, utilizou-se uma mistura de areia de sílica com granulometria inferior a 65 malhas (0,21mm) e partículas de ouro na faixa granulométrica 35 a 48 malhas (0.42 a 0,297mm). Estas partículas possuíam peso médio de 0,41mg.

O concentrado aurífero, proveniente da região de Poconé-MT, foi obtido mediante uso de concentrador centrífugo. As pepitas de ouro presentes neste material foram retiradas, em uma etapa inicial, por meio de catação manual. O restante do concentrado foi moído a uma granulometria inferior a 65 malhas (0,21mm), obtendo, no final desta operação, 35% do material abaixo de 400 malhas (0,037mm). O teor médio de ouro deste concentrado foi de 976gjt.

Metodologia Experimental

A metodologia experimental adotada pode ser dividida, a princ1p1o, em dois métodos principais: um primeiro, em que o material hidrofóbico, aglo-merante, água e minério são adicionados simultaneamente em um recipiente sob agitação, e um segundo, em que os aglomerados são preparados em uma etapa anterior e posteriormente adicionados

à

polpa de minérios.

Devido ao fato da aplicação deste processo, em escala industrial, implicar em recirculação dos aglomerados carregados, para aumentar o teor de ouro, optou-se, neste trabalho, pelo uso do segundo método de recuperação de ouro, citado anteriormente (ver Figura 1).

Para a realização dos ensaios propriamente ditos foi utilizada uma célula de flotação Denver "sub-A" com controle de velocidade de rotação, sem aeração forçada, munida de dispositivo agitador axial com três pás, tipo marítimo.

Os recipientes de teste foram "beckers" de Pyrex com capacidade de 2 e

3

e.

Em todos os ensai.os foi utilizada água destilada.

O procedimento laboratorial para determinação da quantidade de partículas de ouro incorporada aos aglomerados foi o seguinte:

(6)

326 AGLOMERANTE--._ ___ ,

I

ÁGUA---• ~ EMULSI FICAÇÃO ' I MATERIAL HIDROFOBICO~

!

AGLOMERANTE-- ... ___ ,

I :

ÁGUA---' I • ~ - -

--AGLOMERAÇÃO

,---1 I I I I I I I I r--AREIA(- 65 Molhos)

---.., I

.---.r--OUR0(35 l\ 48Molhos) I I 0....--XANTATO I I I ' ' t ' L--AGUA I CONDICIONAMENTO I I L - - - l

·fl·---,

I -- - - I CONTATO

q:J :

AGLOMERAOO/MINÉR!O \ { . : 1

J+ 20 Molhos (AGLOM~RADO CARREGADO)

+ 65 Molhos toURO NAO INCORPORADO)

os AREIA

Figura 1 - Representação esquemática do segundo método empregado para a recuperação de ouro por aglomerado óleo-carvão

(7)

327

- queima do óleo e evaporação da água;

- desagregação e peneiramento dos aglomerados secos em uma peneira de 65 malhas (0,21mm);

- catação manual das partículas de ouro do material carbonáceo, acima de 65 malhas (0,21mm);

- contagem das partículas de ouro e cálculo de recuperação e teor.

Já o procedimento laboratorial empregado quando da utilização de concen-trado natural, baseou-se em análises químicas de ouro por ensaio de fusão, tanto do rejeito (2 alíquotas) quanto dos aglomerados. Estes, após cada en-saio, foram queimados ao ar livre para eliminação do óleo e em forno (800°C) para queima do material carbonáceo e voláteis, restando as cinzas com ouro, que eram submetidas integralmente ao ensaio de fusão para determinação do ouro contido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Preliminarmente, foram feitos vários ensaios alterando as diversas variáveis do processo de aglomeração. Os resultados mostraram que apenas a grafite artificial e o carvão metalúrgico proporcionaram a formação de aglomerados esféricos e consistentes (diâmetro-::= 5mm ). Todos os testes posteriores foram realizados com a utilização deste carvão metalúrgico.

Observou-se também a superioridade do aglomerante óleo diesel quanto

à

formação de aglomerados e

à

incorporação de ouro nos mesmos. Este fato, possivelmente, está associado

à

menor consistência destes aglomerados (o que provavelmente facilita a incorporação de partículas de ouro) produzi-dos com a utilização de aglomerantes que possuem maiores quantidades de grupos polares, como o óleo diesel.

A necessidade, de adição de material hidrofóbico em dois estágios para formação dos aglomerados, um primeiro com alta velocidade de agitação e um segundo com agitação mais lenta, não foi comprovada, apesar de citada na literatura (6). Observou-se que a velocidade de agitação de lOOOrpm era suficiente para formação de aglomerados adequados. para desenvolvimento do processo.

(8)

328

A pré-emulsificação do aglomerante parece estar ligada somente ao tempo

ga~to para formação dos aglomerados, ou seja, verificou-se que, com 5

mi-nutos na pré-emulsificação e 10 mimi-nutos na formação dos aglomerados ou com 15 minutos na formação dos aglomerados sem pré-emulsificação, houve formação de aglomerados semelhantes (forma, tamanho, capacidade de car-regamento com ouro etc.). Cabe ressaltar que a velocidade de agitação empregada, para todos os tempos citados acima, foi de lOOOrpm.

A influência da relação óleo-carvão também foi verificada neste processo. Apesar da recuperação de ouro aumentar com o aumento da relação óleo-carvão (ver Figura 2), observou-se que, a partir de 30%, os aglomerados perdiam a consistência, característica indispensável

à

continuação do pro-cesso. 100~---,

ao

~ o ~ 60 o 1&.1 o o l<l

o-~

40 1&.1 a.. ::> (.) 1&.1 a: 20

MATERIAL HIOROF.: CARVÃO MIN. (200g)

AGLOMERANTE:.ÓLEO DIESEL

OURO : 50 PARTICULAS

AREIA: 160g

TEMPO DE CONTATO AGLOM./MIN.:30min

0+---.---r---;

20 25 30 35

RELAÇÃO ÓLEO/ CARVÃO(% em peso)

Figura 2- Influência da relação óleo/carvão na recuperação de ouro nos aglomerados.

(9)

329 A massa de aglomerados empregada ( i.e, a relação em peso aglome-rado/minério ) também parece ser uma variável importante (ver Figura 3). Verificou-se que houve aumento superior a 20% na recuperação de ouro, variando a massa de aglomerados de 45 para 180g.

100.---~

ao

o ~ 60 o w o o •<t ~ e:i 40 ll. ::::> u w a:: 20

MATERIAL HIDROF..: CARVÃO MIN.

AGLOMERANTE: OLEO DIESEL RELAÇÃO ÓLEO/,CARVAO: 30% OURO: 50 PARTICULAS AREIA: 1609

TEMPO OE CONTATO AGLOM./MIN.:30min

0+---.---~---~

45 90 135 180

MASSA DE AGLOMERADO l g)

Figura 3 - Influência da massa de aglomerados na recuperação de ouro.

A influência do tempo de contato aglomerado/minério

é

mostrada na Figura 4. Observa-se que a recuperação de ouro nos aglomerados aumentou em proporção direta com o aumento do tempo de contato, atingindo altas recuperações para tempos superiores a 30 minutos.

(10)

ô .,._ ~ o a:: :::> o w o o •ct (.). <t a:: w ll. :::> (.) w a:: 100,---~ ao 60 40

20 MATERIAL HIDROF.: CARVÃO MIN. (200g) AGLOMERANTE: ÓLEO DIESEL

RELAÇÃO ÓLEO/CARVÃO: 30% OURO: 50 PARTÍCULAS AREIA: 1609 0~---,---4 15 30 TEMPO (minutos) 45 330

Figura 4 - Influência do tempo de contato entre aglomerados e mistura areia/ouro na recuperação de ouro.

Diante dos resultados obtidos nos vários ensaios, verificou-se que as condições adequadas para realização deste processo são as seguintes: percentagem de sólidos na polpa de 10% em peso no preparo dos aglomerados; agitação a 1000rpm por 15 minutos na etapa de aglomeração, sem pré-emulsificaç:ão do aglomerante; relação óleo-carvão de 30% em peso; percentagem de sólidos na polpa de 18% em peso na etapa de contato aglo-merado/minério; agitação a 1000rpm por 4Ç minutos na fase de contato

(11)

331

Objetivando verificar o comportamento dos aglomerados, em termos de incorporação de ouro, em relação à recirculação, foram feitos alguns ensaios cujos resultados são apresentados na Figura 5. Nestes testes, os aglome-rados, após serem submetidos a peneiramento, eram contactados com nova polpa de "minério artificial" preparada com a utilização da fase aquosa do ciclo anterior. Os aglomerados foram reciclados por seis vezes. Os resulta-dos mostraram que houve diminuição gradativa no carregamento de ouro, chegando ao extremo de não haver aumento de teor nos aglomerados após o quinto ciclo. Este resultado deve estar associado, possivelmente, ao fato dos aglomerados tornarem-se mais compactos após cada reciclagem, dificultando a entrada de ouro nos mesmos, já que o ouro utilizado nestes ensaios era bastante grosseiro. o a: 80

Õ60

w o o ·~ o-~ ~ 40 n. :::> u w a: 20

MATERIAL HIDROF.: CARVÃO MIN. (200Q)

AGLOMERANTE: ÓLEO DIESEL

OURO: 100 PARTICULAS POR CICLO

AREIA: 160Q

• REC. DE OURO POR CICLO

• REC. DE OURO ACUMULADA

e TEOR DE OURO ACUMULADO

800 600 400 200 0+---.---~---.---~---~0 1 2 3 4 5 6 CICLOS ...

"'

o a: :::> o w o a: o w

1-Figura 5 - Influência da reciclagem no teor e recuperação de ouro nos aglomerados, utilizando "minério artificial".

(12)

332

Os mesmos ensaios anteriores foram realizados, usando um concentrado aurífero natural, para verificar a influência da reciclagem no processo com utilização deste material. Após cada ciclo, os aglomerados carregados eram contactados com nova polpa mineral, preparada com água destilada.

Observando as Figuras 6 e 7, verifica-se que houve altas recuperações de ouro (acima de 90%) em todos os ciclos utilizando aglomerados preparados com óleo de soja. Observa-se também que, com o uso de óleo diesel, as recuperações foram bastante satisfatórias, começando com cerca de 90% no primeiro ciclo, estabilizando em torno de 75% nos ciclos seguintes, exceção para o terceiro ciclo (63%), e atingindo os 60% no sexto ciclo. As recu-perações acumuladas nos 6 ciclos, utilizando óleo de soja e óleo diesel, foram

de 94% e 74%, respectivamente. 100.---~ ~ o 0::

ao

~ 60 w o o l<t ~ 0:: ~ 40 ::> (.) w 0:: 20

MATERIAL HIDROF.: CARVÃO MIN. (200o) CONC. GRAVÍTICO AURIFERO:l60o POR CICLO

A AGLOMERANTE: ÓLEO DE SOJA • AGLOMERANTE: OLEO DIESEL

OT---,---.---.---.---~

1 2 3 4 5 6

CICLOS

(13)

100~---~

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~~---~~---~---l

~ ::> o <( o a:: ::> o ~ 60

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40

~

lU Cl. ::> o lU a:: 20

MATERIAL HIOROF .. CARVÃO MIN.(200q) CONC. GRAVÍTICO AURÍFERO. 1609 POR CICLO

.A. AGLOMERANTE. ÓLEO OE SOJA

·• AGLOMERANTE· ÓLEO DIESEL

0~---~---~---,---r---~

1 2 3 4 5 6

CICLOS

333

Figura 7- Recuperação de ouro acumulada durante a reciclagem, uti-lizando aglomerado óleo-carvão

Comparando as recuperações obtidas nos ensaios, utilizando óleo diesel como aglomerante, executados com concentrado aurífero, material natural citado anteriormente, com aquelas obtidas com material artificial, ou seja, areia e partículas de ouro, verifica-se melhores resultados nos testes feitos com material natural, principalmente com maiores números de reciclagens (ver Figuras 5 a 7). Este fato deve estar associado, provavelmente, à menor gra-nulometria do ouro contido no material natural, trazendo como consequência maior facilidade de incorporação do mesmo; apesar de sua maior liberação no material artificial.

(14)

334 Os teores de ouro alcançados nas cinzas, resultantes da queima dos aglomerados a 800°C, após 6 reciclagens, foram bastante altos, ou seja, cerca de 18 e 20kg/t, utilizando óleo diesel e de soja respectivamente (ver Figura 8). Como o teor de ouro da alimentação foi de 976gjt, houve uma razão de enriquecimento deste material em torno de 20 vezes.

21,---MATERIAL HIDROF ·CARVÃO MIN. ( 200 Q)

CONC. GRAVÍTICO AURI,FERO · 160Q POR CICLO

...

"'

~ o a: :::> o w 9 o a: o w I-6

• AGLOMERANTE: OLEO OE SOJA • AGLOMERANTE: ÓLEO DIESEL

3

0~---.---.---.---.---~

1 2 3 4 5 6

CICLOS

Figura 8- Influência da reciclagem no teor de ouro dos aglomerados após queima a 800°( (cinzas)

Quanto às características físicas dos aglomerados durante o processo de reciclagem, constatou-se que estes, preparados mediante utilização de óleo díesel, tornaram-se mais individualizados, resistentes e lisos, além de aumentarem de tamanho em relação ao tamanho inicial, en-quanto os preparados com utilização de óleo de soja agruparam-se,

(15)

335

tornaram-se mais untuosos, perdendo portanto as características típicas de aglomerados esféricos e trazendo como consequência dificuldades no processo de separação por peneiramento.

Apesar dos melhores resultados apresentados nos testes utilizando óleo de soja como líquido aglomerante, observou-se que seu uso neste processo foi bastante trabalhoso do ponto de vista operacional, necessitando portanto, maiores estudos para possível aplicação. Quanto ao óleo díesel, parece per-feitamente possível sua aplicação neste processo, fazendo algumas recicla -gens. Porém, com o aumento do número de ciclos há necessidade de maiores estudos visando descobrir formas de manter as características benéficas, quanto

à

incorporação de ouro, nos aglomerados e conseqüentemente atingir altos teores deste metal.

Uma sugestão razoável para solucionar este problema seria adição de pe-quena quantidade de óleo na polpa após cada reciclagem objetivando suprir o óleo perdido na fase aquosa do ci~lo anterior. Outra sugestão, mais próxima da realidade industrial, seria a passagem contínua do minério por tanques contendo aglomerados. Neste caso os aglomerados permaneceriam retidos nestes tanques até atingir a carga de material útil máxima possível

ejou

de-sejada. As sugestões citadas não foram testadas neste trabalho e merecem estudos adicionais.

Visando a comparação entre o processo de concentração de ouro, uti -lizando aglomerado óleo-carvão e uti-lizando mercúrio (amalgamação), foram feitos alguns ensaios cujos resultados são apresentados na Tabela I. A amalgamação foi feita sob condições padrão executadas normalmente no CETEM, ou seja, percentagem de sólidos de 30% (em peso), proporção mercúrio/minério de 1/20, proporção de NaOHjminério de 1/1000 e condi-cionamento em um cilindro horizontal por 2 horas a uma velocidade de 20rpm. O processo com utilização de aglomerados foi executado nas condições definidas anteriormente.

Observando a Tabela I, verifica-se que, em linhas gerias, não houve grandes diferenças no desempenho, quanto à recuperação de ouro, dos dois proces-sos testados. Portanto, pode-se dizer que, tecnicamente, o processo de recuperação de ouro por aglomerado óleo-carvão se apresenta como uma alternativa à amalgamação.

(16)

336

Tabela

1:

Balanço metalúrgico dos

ensaios

de amalgamação e do

pro-cesso com utilização de aglomerados óleo-carvão (AOC) Processo Produtos Pcso(g) Teor(g/t) Peso de ouro( mg) Distribuição Au (%)

Alimentação 160,0 976,0 156,2 100,00 Amai- Rejeito 157 ± 2 116 ± 11 18 ± 2 12 gama- Amálgama 130 ± 13 88 ção Alim. Cale. 157 ± 2 913 118 100 Rejeito 142 ± 9 85 ± 27 12 ± 4 9,5 AOC Concentrado• 47 ± 7 2477 ± 647 115 ± 20 90,5 Alim. Cale. 142 ± 9 2562 127 100

* aglomerado carregado com ouro, após queima a 80(/J C {t:inzas)

É importante salientar que o processo de concentração de ouro por

amal-gamação é mais simples e menos oneroso que o processo estudado, apesar de trazer maiores danos ambientais se não for executado com os devidos cuidados (7).

CONCLUSÕES

- O material hidrofóbico mais adequado ao processo foi um carvão mineral, fração metalúrgica.

- Houve simplificação no processo de formação dos aglomerados uma vez que a preparação dos mesmos em 2 ou mais etapas não trouxe melhorias ao processo.

- O aglomerante que apresentou melhor performance, em termos de pro-cesso, foi o óleo diesel.

- Apesar dos melhores resultados, em termos de recuperação e teor, obti-dos com óleo de soja, houve problemas operacionais (aglutinamento dos aglomerados esféricos ), trazendo como consequência necessidade de es-tudos adicionais.

- O processo estudado apresentou recuperação de ouro semelhante à a mal-ga mação (85- 90%).

- Tecnicamente, o processso desenvolvido apresenta-se como uma alter-nativa

à

amalgamação e

à

cianetação, principalmente, para alguns casos _ específicos.

(17)

337

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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02 House, C.l. & Veal, C. J. Selective recovery of chalcopyrite by spherical agglomeration. Minerais Engineering, v. 2, n° 2, p. 171-184, 1989. 03 Mehrotra, V. P.; Sastry, K. V.S.; Morey, B. W. Review of oil

agglomer-ation techniques for processing of fine coais. Internationai Journai of Mineral Processing, v. 11, p. 175-201, 1983.

04 Drzymala, J.; Markuszewski, R.; Wheelock, T. D. Agglomeration with heptane of coai and other materiais in aqueous suspensions. Minerais Enginnering, v. 2, n. 4, p. 351-358, 1988.

05 B. P. Australia Limited [Au/ Au), Mark David Cadzow et ai. Recovery of metal values from mineral ores by incorporation in coal-oil aglomerates.

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06 The British Petroleum Company P. L. C. [GB/GB], Charles lan House et ai. Separation process. lnt. Cl4

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