• Nenhum resultado encontrado

Uso do preservativo masculino por adolescentes no início da vida sexual

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Uso do preservativo masculino por adolescentes no início da vida sexual"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

RESUMO

Objetivo: Identificar o uso do preservativo entre adolescentes do sexo masculino no início da sua vida sexual. Métodos:

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório cuja coleta de dados foi feita por meio de questionário respondido por 166 adolescentes do sexo masculino de uma escola pública da cidade de São Paulo-SP, Brasil. Resultados: Entre os estudantes, 93,4% conhecem a camisinha masculina e 69,8% consideram seu uso importante. A sexarca já ocorreu para 69,3% dos adolescentes aos 13,4 anos, sendo que 40,4% usaram a camisinha na primeira relação sexual e 31,3%, nas relações subse-quentes. Conclusão: Os adolescentes deste estudo mantêm-se expostos a uma gravidez indesejada ou a doenças sexual-mente transmissíveis (DSTs), ressaltando a necessidade de conscientização do grupo para os riscos do sexo sem proteção. PALAvRAS-CHAvE

Adolescente, preservativos, enfermagem, educação em saúde. ABStRACt

Objective: To explore the use of condoms among male adolescents as they become sexually active. Methods: This

descrip-tive exploratory study collected data through a questionnaire completed by 166 male adolescents at a government school in the city of São Paulo, SP, Brazil. Results: Among the students, 93.4% know about the male condom and 69.8% consider its use important. Sexual initiation (intercourse) had occurred for 69.3% of the adolescents by 13.4 years old, with 40.4% of them wearing a condom for their first intercourse and 31.3% during subsequent intercourse. Conclusion: the adolescents addressed by this study are exposed to unwanted pregnancies and sexually transmitted diseases, highlighting the need to enhance their awareness of the risks of unprotected sex.

KEy wORdS

Adolescent, condoms, nurses, health education.

Uso do preservativo masculino por

adolescentes no início da vida sexual

Condom use by male adolescents when becoming sexually active

>

>

>

>

Dulcilene Pereira Jardim1

Enir Ferreira dos Santos2

Dulcilene Pereira Jardim (dulcijardim@hotmail.com) - Universidade de Santo Amaro - Av. Nossa Senhora de Sabará, 960/43 - Torre Ásia - Vila Isa - São Paulo, SP, Brasil. CEP: 04686-001.

Recebido em: 27/04/2012 - Aprovado em: 31/05/2012

1Mestra; professora da Universidade de Santo Amaro (UNISA). São Paulo, SP, Brasil.

(2)

IntROdUÇÃO

A adolescência, período da vida entre 10 e 19 anos de idade, caracteriza-se por intenso crescimento e desenvolvimento, com modifi-cações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais1.

Durante este período o adolescente pode dar início à sua vida sexual sem que esteja físi-ca e/ou psicologifísi-camente preparado para isso. Desta forma, a adolescência caracteriza-se por ser um grupo vulnerável ao risco de gravidez não esperada e de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis (DST)2.

O conhecimento e a reflexão por parte dos adolescentes em relação aos riscos advindos de relações sexuais desprotegidas são fundamen-tais para que os mesmos possam vivenciar o sexo de maneira adequada e saudável, assegu-rando a prevenção da gravidez indesejada e da contaminação pelas DSTs, além de exercer um direito que possibilita cada vez mais o ser huma-no ao exercício da sexualidade desvinculado da procriação3.

Neste sentido, ressalta-se a necessidade da construção de espaços de diálogo entre ado-lescentes, professores e profissionais da saúde como um importante dispositivo para construir uma resposta social com vistas à superação das relações de vulnerabilidade entre o grupo4,

ten-do o uso ten-do preservativo um papel de destaque como recurso disponível, que atende à função de proteção contra gravidez indesejada e DSTs simultaneamente, sendo necessárias a informa-ção e a conscientizainforma-ção do grupo por meio da educação em saúde.

A educação em saúde é um processo que abrange a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana, e não apenas das pessoas sob risco de adoecer5, havendo a

ne-cessidade de abordar o adolescente não como um problema, mas como um grupo que possui identidade e conhecimentos próprios cujos com-portamentos e atitudes devem ser compreendi-dos a partir do seu universo e compreendi-dos senticompreendi-dos que atribuem aos diferentes fatos e eventos da vida6.

Entre os profissionais da saúde capacitados para este diálogo está o enfermeiro, um edu-cador por natureza, que pode muito contribuir no sentido de orientar o adolescente quanto à importância do uso do preservativo, bem como sua correta utilização, desde o início da sua vida sexual, de forma que se torne um hábito saudá-vel expresso na continuidade do uso nas rela-ções sexuais que se sucederão7.

O trabalho educativo com o adolescen-te pode ser feito em unidades básicas de saúde (UBSs), hospitais, centros comunitários ou na es-cola, que tem um importante papel social na vida dos seus alunos, entre outros espaços sociais.

OBJEtIvO

Diante deste cenário, este estudo teve como objetivo identificar o uso do preservativo entre adolescentes do sexo masculino no início da sua vida sexual.

MÉtOdOS

Trata-se de um estudo descritivo-explora-tório realizado em uma escola estadual localiza-da na Zona Sul do município de São Paulo. A escola possui ensino fundamental II (do 6º ao 9º ano) e ensino médio (da 1ª à 3ª série) com um total de 1.500 alunos, distribuídos nos períodos matutino (das 7 h às 12h20), vespertino (das 13 h às 18h20) e noturno (das 19 h às 23h). Des-tes, aproximadamente 700 alunos são do sexo masculino.

A amostragem utilizada foi do tipo não probabilística, por conveniência, e critérios de inclusão foram: ter entre 10 e 19 anos, ser do sexo masculino, estar devidamente matriculado na escola em questão, ter manifestado interesse em participar do estudo, além de obter a per-missão expressa do seu responsável legal, so-mando 166 adolescentes.

A coleta de dados foi realizada no mês de outubro de 2010 após a apresentação da

pes->

>

(3)

quisa pelo responsável, bem como a entrega do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), que foi levado pelos alunos ao domicílio, assinado pelos pais ou responsável e devolvido em dia posterior.

O instrumento de coleta de dados utilizado neste estudo foi um questionário estruturado com 40 perguntas abertas e fechadas divididas em:

• parte I: caracterização sociodemográfica; • parte II: conhecimento da camisinha

masculina;

• parte III: uso da camisinha masculina no

início da vida sexual.

O questionário foi respondido pelos sujei-tos da pesquisa em ambiente escolar, em horário de aula, de acordo com a indicação do coorde-nador pedagógico e a autorização do professor, com duração média de 20 minutos.

A análise dos dados obtidos com o ques-tionário foi baseada em estatística descritiva e apresentada por meio de tabelas com o valor total e a porcentagem. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Uni-versidade de Santo Amaro (UNISA) sob o Proto-colo nº 071/10.

RESULtAdOS E dISCUSSÃO

Caracterização sociodemográfica

A amostra do estudo foi constituída por 166 (100%) adolescentes do sexo masculino, com idade média de 15,1 anos e que cursavam, na maior parte, a 3ª série (63/38%).

Em relação ao estado civil, apenas quatro (2,4%) já eram casados e oito (4,8%) informa-ram ter um filho. A maioria dos adolescentes morava com os pais (110/66,2%); 136 (81,9%), em casa própria; 22 (13,2%), em casa alugada; e três (1,8%) em casa construída em terreno da prefeitura.

A renda familiar desta população situou-se entre R$ 2.501 3 R$ 3.000 (46/27,7%),

enquan->

to a renda individual dos adolescentes era de até um salário mínimo (R$ 510) (41/24,6%). Quan-to à religião, 95 (57,2%) eram católicos; 39, (23,4%) evangélicos; e nove (5,4%), espíritas.

Conhecimento  dos  adolescentes  sobre  o  preservativo masculino

Questionados quanto a seu conhecimen-to sobre os méconhecimen-todos contraceptivos existen-tes, os adolescentes classificaram-no como bom (103/62,0%), excelente (49/29,5%) e ruim (9/5,4%). O conhecimento dos adolescentes so-bre os métodos contraceptivos é bom, especial-mente quando possuem melhor comunicação com os pais, mas este fato não é diretamente proporcional ao uso de um dos métodos contra-ceptivos em sua primeira relação sexual8.

Entre os métodos contraceptivos existentes, a camisinha masculina ganhou destaque, sendo conhecida por 155 (93,4%) dos adolescentes, e o seu uso foi considerado importante para 116 (69,8%). Entretanto 10 (6,0%) não a considera-ram assim, fato que levanta preocupação quan-to à vulnerabilidade desses sujeiquan-tos que, em sua maioria, já possuem vida sexualmente ativa.

As razões citadas para justificar a impor-tância da camisinha foram o fato de a mesma prevenir contra as DSTs (77/46,4%), sua capa-cidade de proteção contra DST e gravidez inde-sejada simultaneamente (44/26,5%) e somente para a prevenção da gravidez (16/9,6%). Os adolescentes que não consideraram o uso da camisinha importante afirmaram que diminui o prazer sexual.

A maioria dos adolescentes deste estudo relacionou mais o uso da camisinha à prevenção das DSTs do que à prevenção da gravidez, o que pode estar relacionado com a diminuição do uso do preservativo em relacionamentos mais sólidos.

O conhecimento desses adolescentes sobre a camisinha masculina foi adquirido em 83 ca-sos (41,6 %) mediante os meios de comunicação em massa como televisão e internet; 57 (34,3%) aprenderam com os pais; 46 (27,7%), com os

(4)

professores na escola; e 35 (21,1%) construíram seu conhecimento sobre a camisinha com os amigos.

Atualmente a sexualidade é abertamente debatida nos meios de comunicação e entre os grupos de amigos, o que tem influenciado dire-tamente o comportamento do adolescente com informações muitas vezes destorcidas sobre a saúde sexual e reprodutiva9.

Ressalta-se a importância do papel dos pais na educação sexual de seus filhos, de ma-neira informal e oferecida desde o nascimento da criança. A escola completa o que é iniciado no lar, aprofundando as informações oferecidas pela família e estimulando a discussão e a refle-xão dos alunos, o que se acredita colaborar para a formação de conceitos que atuem em favor do indivíduo em seu comportamento sexual.

Cabe ressaltar ainda a importância da par-ticipação dos profissionais da saúde, entre eles o enfermeiro, neste processo de educação em saúde, ampliando sua atuação nas escolas e na saúde dos adolescentes7.

O uso de preservativo masculino por ado-lescentes no início da vida sexual

A sexarca já ocorreu para 115 (69,3%) ado-lescentes deste estudo, tendo sido em média aos 13,4 anos.

Estudos mostram que a iniciação sexual tem acontecido cada vez mais cedo entre ado-lescentes do sexo masculino com 14 1 e 15 anos6, 10 nas grandes cidades brasileiras, devido, entre

outros fatores, a maior possibilidade de adian-tamento do convívio conjugal e maior abertura sexual, que possibilitam a multiparceria desde a adolescência, principalmente para o sexo mas-culino1, o que contribui para a ocorrência de

gravidez e DSTs nesse grupo.

A sexarca já havia ocorrido para a maioria dos adolescentes deste estudo e, considerando que a camisinha é conhecida por quase a totali-dade deles, os sujeitos da pesquisa foram questio-nados quanto a sua utilização na primeira relação sexual. As respostas estão reunidas na Tabela1.

A maior parte dos adolescentes deste es-tudo tinha uma camisinha no momento da primeira relação sexual, sendo que 47 (28,3%) guardavam o preservativo na carteira/bolso ou na mochila escolar. Em 13 (7,8%) dos casos, a camisinha estava em posse das meninas. Este fato demonstra a facilidade de acesso ao méto-do por parte deste grupo.

Mas, apesar de ter a camisinha disponível, somente uma parcela desses adolescentes lem-brou-se dela na hora da relação sexual e uma parte ainda menor utilizou-a na sexarca. Os mo-tivos relacionados com o não uso da camisinha nas relações sexuais adolescentes compreen-dem, entre outros, a falta de planejamento do coito ou a resistência em interromper o momen-to para a colocação do preservativo.

Os sujeitos afirmaram que eles próprios fo-ram os maiores responsáveis por sugerir o uso da camisinha na relação, sugestão esta que foi bem aceita por 72 (43,4%) das companheiras. Em uma porcentagem significativa dos casos, a sugestão do uso da camisinha partiu da menina, sendo esta sugestão bem aceita por 67 (40,4%) dos meninos, porcentagem discretamente nor, o que demonstra certa resistência dos me-ninos ao uso do preservativo8.

Os adolescentes foram questionados sobre a possibilidade de haver recusa por parte da me-nina na utilização da camisinha, se a maior parte deles teria a relação sexual da mesma forma, ou seja, sem proteção. Esta realidade é um pouco contrária aos dados anteriores que expressam maior resistência por parte dos meninos quan-to à utilização do preservativo, o que confirma que os estereótipos de gênero predominantes em nossa sociedade conferem maior poder ao homem, o que muitas vezes impede a mulher de negociar o uso de preservativo nas relações sexuais.

Menos da metade dos adolescentes usou a camisinha na sexarca, sendo a mesma colocada por eles próprios. Dificuldades na sua colocação foram referidas por 28 (16,9%) adolescentes, o que demonstra a falta de habilidade com o mé-todo no início da vida sexual8e pode contribuir

(5)

Tabela 1 – Distribuição das variáveis referentes ao uso da camisinha masculina na primeira relação sexual dos adolescentes (São Paulo, 2010)

    Variáveis  TOTal     n % Tinha uma camisinha na primeira relação sexual Sim 76 45,8 Não 45 27,1 Não respondeu 45 27,1 lembrou-se da camisinha na hora da relação Sim 71 42,8 Não 48 28,9 Não respondeu 47 28,3 Quem sugeriu o uso da camisinha na hora da relação Ele 69 41,6 Ela 31 18,7 Não respondeu 66 39,7 Em caso de recusa dela ao uso da camisinha, a relação aconteceria da mesma  forma Sim 79 47,6 Não 49 29,5 Não respondeu 38 22,9 Usou a camisinha na primeira relação Sim 67 40,4 Não 76 45,7 Não respondeu 23 13,9 Quem colocou a camisinha Ele 60 36,1 Ela 27 16,3 Não respondeu 79 47,6 Gostou/gosta de usar a camisinha Sim 59 35,5 Não 72 43,4 Não respondeu 35 21,1

(6)

para a sua não utilização ou uso incorreto com exposição do par a gravidez indesejada ou con-taminação por DST.

Grande parte dos adolescentes deste es-tudo referiu não apreciar o uso da camisinha, o que influencia no seu uso habitual. Quanto à utilização posterior da camisinha, os adoles-centes a têm feito em todas as relações em 52 casos (31,3%), 51 (30,7%) raramente usam e 13 (7,8%) nunca usam.

A literatura revela que o uso do preservati-vo masculino tem aumentado entre os adoles-centes, inclusive na primeira relação sexual11. No

entanto, não é usado nem por todos, nem em todas as relações sexuais2, 12. A não utilização da

camisinha não está relacionada com a falta de conhecimento sobre o método e sua importân-cia para o sexo seguro, e tampouco com a difi-culdade de acesso, mas com o senso de invulne-rabilidade próprio do adolescente influenciado pelo prazer momentâneo.

A porcentagem de adolescentes que faz uso esporádico ou não utiliza o preservativo ainda é muito expressiva, assim, os alunos foram questio-nados quanto à utilização de outro método con-traceptivo e apenas 19 (11,4%) afirmaram usar al-gum outro método, entre eles o anticoncepcional hormonal oral (pílula), por ser um método fácil e seguro de ser usado, e a pílula do dia seguinte (PDS), utilizada em situações de sexo desprotegi-do na intenção de prevenir uma gravidez.

A facilidade de acesso à PDS tem desper-tado receios por parte de profissionais da saúde que atuam com adolescentes, dado que o uso abusivo e indiscriminado pode levar à diminui-ção ou ao abandono do preservativo em prol do contraceptivo de emergência13.

Quando relacionada com a primeira rela-ção sexual, a camisinha mostra-se como o mé-todo mais utilizado entre os adolescentes, mas, considerando as demais relações sexuais do grupo, perde o lugar para a pílula. Considera-se ainda o uso crescente da contracepção de emer-gência, ou PDS, entre os adolescentes que tive-ram alguma relação sexual sem proteção14. Em

ambos os casos observa-se a preocupação dos

adolescentes apenas com a gravidez indesejada, sem atentar para o risco de contaminação por DST e suas consequências físicas, psíquicas e so-ciais para o presente e o futuro dessa população. No momento da pesquisa, 64 (38,6%) adolescentes tinham uma camisinha consigo comprada na farmácia; 70 (42,1%) a adquiriram na unidade básica de saúde (UBS); 53 (31,9%) a receberam da família; e 10 (6%); e 6 ganharam dos amigos 6 (3,6%). Em 56 (33,5%) dos casos as camisinhas estavam guardadas na carteira, no bolso ou na mochila escolar; em 17 casos esta-vam em casa (10,4%).

Estes dados mostram a importância da colaboração das ações públicas na distribuição gratuita do preservativo masculino, contribuin-do assim para a saúde sexual e reprodutiva contribuin-dos adolescentes15, ação que será insuficiente se não

for acompanhada de instruções para seu uso correto e, ainda, da conscientização do público adolescente sobre o sexo seguro.

Questões  para  reflexão:  adolescente  em  relação ao (não) uso do preservativo

Em um momento para reflexão sobre o (não) uso do preservativo ao final do instrumen-to de coleta de dados, os adolescentes deste es-tudo expressaram seus sentimentos em relação a ter um filho nesta fase da vida, sendo que 132 (80%) consideram que não é o momento para serem pais, por serem muito novos e por ainda não terem condições de criar um filho. É impor-tante considerar, entretanto, que 12 (7,2%) ado-lescentes demonstraram entusiasmo com a ideia de serem pais na adolescência, o que confirma que a gravidez na adolescência nem sempre é indesejada6.

Outra reflexão feita pelos adolescentes refere-se à descoberta de uma DST nesta fase da vida, o que para 105 (63,2%) seria motivo de muita tristeza e geraria desejo de morrer e sentimentos de culpa e arrependimento inten-sos. Apenas 25 (15%) disseram que procurariam tratamento e oito (4,8%) referiram que conti-nuariam vivendo normalmente. Espanta-nos

(7)

mais ainda que quatro (2%) alunos deste grupo continuariam a ter relações desprotegidas com a intenção de contaminar outras pessoas. Os resultados suscitam inquietação em relação aos reais sentimentos que, ainda que só na imagina-ção, os adolescentes realmente têm ao pensar nestas questões e se o mal-estar causado nestas reflexões surte algum efeito preventivo em suas ações para consigo mesmos e o outro durante o intercurso sexual.

Na intenção de elucidar essas interroga-ções, ainda que superficialmente, os adoles-centes foram questionados quanto ao que têm feito para evitar a gravidez ou uma DST neste momento especial de suas vidas e 105 (63,2%) responderam que fazem uso da camisinha para esta dupla proteção. Outros seis (3,6%) utilizam a pílula como método contraceptivo por terem relação sexual somente com parceiros conheci-dos, como se o fato de conhecer alguém fosse um procedimento protetor contra a contami-nação por doenças. Finalizando, quatro (2,4%) adolescentes referiram não fazer “nada” para se prevenir de uma gravidez e/ou DST.

Sabe-se que o uso da camisinha está asso-ciado às relações esporádicas e não planejadas. Quando se trata da namorada ou esposa, a ca-misinha é substituída pela confiança, recorren-do-se à pílula para se evitar a gravidez. Adquirir alguma doença não está em pauta16.

Quando questionados sobre a existência de dúvidas acerca da colocação correta da cami-sinha, apenas 25 (15%) afirmaram ter dúvidas, especialmente os que ainda não iniciaram sua vida sexual ou estão em seu início.

Resta saber se os 132 (79,5%) adolescentes que não referiram dúvidas realmente sabem a se-quência correta para colocação da camisinha e os cuidados com a mesma durante a após o ato sexual para total eficácia do método, pois sabe-se que entre os adolescentes é frequente o desco-nhecimento sobre o uso correto da camisinha, sendo as dúvidas mais frequentes relacionadas com a maneira de abrir e armazenar, a necessi-dade de apertar a ponta da camisinha, por que a camisinha estoura e sobre os tipos de

lubrifican-tes que podem ser usados concomitantemente2.

Assim, confirma-se mais uma vez a neces-sidade da educação em saúde para o público adolescente, ressaltando a importante atuação do enfermeiro na promoção do sexo seguro, as-sistindo o adolescente de maneira integral e hu-manizada, contribuindo para a diminuição das vulnerabilidades, propiciando melhores condi-ções de qualidade de vida e beneficiando, assim, o indivíduo e a sociedade.

Reconhecida a importância da dimensão educativa como indissociável da prática de en-fermagem em qualquer campo de atuação, ainda há carência da formação pedagógica do enfermeiro com a reflexão teórica e a discussão sobre os modelos de educação em saúde e a adequada reflexão sobre o assunto17.

Devidamente capacitado, o enfermeiro po-derá somar seus conhecimentos aos de outros profissionais da saúde, em apoio multidisciplinar à escola, atuando diretamente com os estudan-tes adolescenestudan-tes ou, ainda, capacitando os pro-fessores para ações educativas.

COnCLUSÃO

Este estudo verificou que os adolescentes consideram ter um bom conhecimento sobre os métodos contraceptivos existentes, sendo a ca-misinha conhecida pela quase totalidade deles. Para eles, o uso da camisinha é importante para a proteção contra as DSTs em primeira instância e, também, a gravidez, o que justifica a diminui-ção de seu uso em relacionamentos mais sólidos. Ainda que conheça o preservativo e reco-nheça sua importância, grande parte dos ado-lescentes, apesar de ter uma camisinha consigo, não utilizou o método por ocasião da sexarca. Uma porcentagem expressiva deles continua a resistir ao seu uso nas demais relações sexuais, usando-a esporadicamente ou nunca, expondo-se aos riscos do expondo-sexo desprotegido.

Quase metade dos adolescentes deste estudo refere não gostar de usar a camisinha porque interfere no prazer e, em alguns casos,

(8)

substituem o método pela pílula e a PDS por conhecer a parceira e confiar nela, em ambos os casos mantendo-se expostos aos riscos de contrair uma DST.

Diante desta realidade observa-se a impor-tância da atuação do enfermeiro no processo de educação em saúde aos adolescentes,

partici-REFERÊnCIAS

1. Gubert D, Madureira FSV. Iniciação sexual de homens adolescentes. Ciênc Saúde Coletiva. 2008;13(Suppl2):2247-56.

2. Silva CV. Uso da camisinha por adolescentes e jovens: avaliação da seqüência dos procedimentos. Acta Paul Enferm. 2004;17(4):392-9.

3. Vieira ML, Saes SO, Dória AAB, Goldberg TBL. Reflexões sobre a anticoncepção na adolescência no Brasil. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2007;6(1):135-40.

4. Fonseca AD, Gomes VLO, Teixeira KC. Percepção de adolescentes sobre uma ação educativa em orientação sexual realizada por acadêmicos (as) de enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2010;14 (2):330-7. 5. Leonello VM, Oliveira MAC. Competências para ação educativa da enfermeira. Rev Lat Am Enfermagem.

2008;16(2). 177-83

6. Corrêa JS, Bursztyn I. Representações e práticas referentes à gravidez e contracepção entre jovens. Adolesc Saude. 2011;8(1):6-14.

7. Oliveira TC, Carvalho LP, Silva MA. O enfermeiro na atenção a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes. Rev Bras Enferm. 2008;61(3):306-11.

8. Janeiro JMSV. Educar sexualmente os adolescentes: uma finalidade da família e da escola? Rev Gaúcha Enferm. 2008; 29(3):382-90.

9. Jardim DP, Brêtas JR. Orientação sexual na escola: a concepção dos professores de Jandira. Rev Bras Enferm. 2006;59(2):157-62.

10. Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

11. Villela WV, Doreto DT. Sobre a experiência sexual dos jovens. Cad Saúde Pública. 2006;22(11):2467-72. 12. Madureira VSF, Trentini M. Da utilização do preservativo masculino à prevenção de DST/AIDS. Ciênc

Saúde Coletiva. 2008;13(6):1807-16.

13. Figueiredo R, Neto J. Uso de Contracepção de emergência e camisinha entre adolescentes e jovens. Rev da SOGIA-BR. 2005;6(2):3-6.

14. Teixeira AMFB, Knauth DR, Fachel JMG, Leal AF. Adolescentes e uso de preservativos: as escolhas dos jovens de três capitais brasileiras na iniciação e na ultima relação sexual. Cad Saúde Pública. 2006;22:1385-96. 15. Borges ALV. Homens adolescentes e vida sexual: heterogeneidade nas motivações que cercam a iniciação

sexual. Cad Saúde Pública. 2007;23(1):225-34.

16. Alves CA, Brandão ER. Vulnerabilidades no uso de métodos contraceptivos entre adolescentes e jovens: interseções entre políticas e atenção á saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(2):661-70.

17. Almeida AH, Soares CB. Ensino de educação nos cursos de graduação em enfermagem. Rev Bras Enferm. 2010;63(1):111-6.

>

pando no processo de orientação e conscientiza-ção do grupo, salientando a importância do uso da camisinha e estimulando o uso contínuo do método para proteção contra a contaminação por DST e, também, uma gravidez indesejada, assegurando uma vida sexualmente saudável e contribuindo para um futuro promissor.

Referências

Documentos relacionados

Uma das questões que tocava mais alto era a de que se tratava de se fazer uso de cães que não tinham raça definida. Mas isso vinha de formas diferentes: eu questionava Marcos

Portuguesa/Literatura Profª Sâmara 3º SEMANA - BLOCO II - 29/03 A 02/04/2021 II BLOCO Período SEGUNDA-FEIRA 29/03/2021 TERÇA-FEIRA 30/03/2021 QUARTA-FEIRA 31/03/2021

O candidato deverá apresentar impreterivelmente até o dia 31 de maio um currículo vitae atualizado e devidamente documentado, além de uma carta- justificativa (ver anexo

responsabilizam por todo e qualquer dano ou conseqüência causada pelo uso ou manuseio do produto que não esteja de acordo com as informações desta ficha e as instruções de

61 Desinstalação do Microsoft Office Professional Plus 2007 Publicado. 62 Desinstalação do Microsoft Office Visio Professional 2007

· Toxicidade aguda: Com base nos dados disponíveis, os critérios de classificação não são preenchidos... · sobre

Estes, por sua vez, tiveram seu aumento associado ao declínio da oferta fora da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a um súbito impulso

RESULTADOS DOS TRÊS PROJETOS MUNICIPAIS APOIADOS PELO PROGRAMA LIFE: PIGS – Projeto Integrado para Gestão de. Suiniculturas (2000-2003), REAGIR – reciclagem de Entulho no Âmbito