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UMA ESTRATIGRAFIA DA PAISAGEM PROTO-JÊ MERIDIONAL: UM ESTUDO DE CASO EM URUBICI, SC. Rafael Corteletti 1

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Academic year: 2021

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UMA ESTRATIGRAFIA DA PAISAGEM PROTO-JÊ MERIDIONAL: UM ESTUDO DE CASO EM URUBICI, SC

Rafael Corteletti1

RESUMO

Neste texto será apresentada a base teórico-metodológica do “Projeto Arqueológico Alto Canoas – PARACA: Um Estudo da Presença proto-Jê no Planalto Catarinense”. Através de uma “estratigrafia da paisagem” proto-Jê meridional, elaborada num gradiente que vai do natural em direção ao cultural, a produção do conhecimento arqueológico será observada na paisagem como ambiente, como sistema, como poder e como experiência.

Palavras- chave: Teoria e metodologia. Proto-Jê. Arqueologia da paisagem. Santa Catarina. Brasil.

ABSTRACT

In this text will be presented the theoretical and methodological basis of the "Upper Canoas Archaeological Project – PARACA: A Study of the proto-Jê occupation of the Santa Catarina Plateau". The southern proto-Jê "landscape stratigraphy" will be presented in a gradient that goes from the natural to the cultural. The production of archaeological knowledge will be observed in a landscape as environment, as system, as power and as experience.

Keywords: Theory and methodology. Proto-Jê. Landscape archaeology. Santa Catarina. Brazil.

Introdução

Cerca de 50 anos após a primeira pesquisa sistemática realizada no município de Urubici, Santa Catarina, muitos sítios anteriormente conhecidos finalmente receberam informações de coordenadas geográficas, registro fotográfico, mapas e descrições ambientais. Além disso, o “Projeto Arqueológico Alto Canoas – PARACA: Um Estudo da Presença proto-Jê no Planalto Catarinense”2 registrou muitos outros pela primeira

1 Bolsista de Doutorado CNPq. Laboratório de Arqueologia Regional – LAR/USP, Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo. Department of Archaeology, University of Exeter. E-mail:

rafacorteletti@hotmail.com.

2 O PARACA tem autorização publicada no Diário Oficial da União pela Portaria nº 10 de 11 de Novembro de 2009 e renovada na Portaria nº 30 de 16 de Setembro de 2011 (processo IPHAN nº 01510.001309/2009-76), e é subsidiado pelo CNPq através de três canais: uma bolsa de doutorado obtida

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vez, criando, dessa forma, um cenário arqueológico atualizado da região onde os sítios estão sendo interpretados a partir de uma abordagem regional e sistêmica e onde novas metodologias de pesquisa passaram a ser aplicadas. Assim sendo, o PARACA tem por objetivos (1) revisar e atualizar a literatura produzida anteriormente para a região, (2) criar um novo mapa arqueológico regional e (3) interpretar, através da análise de dados de arqueobotânica e geodados, a paisagem das populações proto-Jê.

Essa região foi ocupada, em tempos passados, por grupos humanos que deixaram como vestígio uma série de estruturas arqueológicas da Tradição Taquara-Itararé associadas às populações proto-Jê Meridionais e, ainda, alguns sítios em que são encontradas pontas de projétil bifaciais lascadas, comumente associadas à Tradição arqueológica Umbu3. Após o estudo da bibliografia já produzida, das diversas sessões de campo (que até o momento registraram um total de 104 sítios arqueológicos4) e das análises preliminares de geodados, constatou-se que o adensamento e a diversidade de sítios em Urubici reflete um processo de longa duração.

Nesse texto será apresentada uma “estratigrafia da paisagem” proto-Jê, através de diferentes estágios de uso do conceito paisagem, desde uma abordagem natural até uma abordagem cultural5. Para Cosgrove6, a paisagem é uma imagem cultural, ou seja, um produto cultural e social representando, estruturando ou simbolizando o todo. Shanks7 argumenta que a equação entre pessoas, sua cultura, e a terra em que elas habitam, é central para as sistemáticas do tempo-espaço da arqueologia. Ele afirma ainda que a

junto ao Programa de Pós-Graduação do MAE-USP (processo nº 142316/2009-1), com orientação do Dr. Paulo DeBlasis; uma bolsa de doutorado sanduíche obtida junto ao SEBIE-CNPq (processo nº 200603/2011-6), com orientação do Dr. José Iriarte, e um financiamento aprovado no Edital MCT/CNPq 02/2009 – Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas de 2009 com o “Projeto de Mapeamento Arqueológico de sítios ceramistas nas Regiões da Paleolaguna de Santa Marta e do Alto Rio Canoas, sul de Santa Catarina” (processo nº 400394/2009-0), coordenado pelo Dr. Paulo DeBlasis.

3 Veja discussão sobre a denominação proto-Jê em BAPTISTA DA SILVA, S., Etnoarqueologia dos

grafismos Kaingang: um modelo para compreensão das sociedades Proto-Jê Meridionais, 2001; e sobre a

Tradição Taquara-Itararé em BEBER, M.V., O Sistema de Assentamento dos Grupos Ceramistas do

Planalto Sulbrasileiro: O caso da Tradição Taquara/Itararé, 2004; ARAÚJO, A.G.M., A tradição cerâmica Itararé-Taquara: características, área de ocorrência e algumas hipóteses sobre a expansão dos

grupos Jê no sudeste do Brasil, 2007. Sobre as relações entre as tradições Taquara-Itararé e Umbu, ver DeMASI, M.A.N., Relatório Final – Projeto de Salvamento Arqueológico Usina Hidrelétrica Campos

Novos, 2005; FARIAS, D.E.S., Distribuição e padrão de assentamento. Propostas para sítios da tradição Umbu na Encosta de Santa Catarina, 2005.

4 Destes 104 sítios foram efetivamente visitados 83 locais. Os demais 21 sítios arqueológicos anotados e não vistoriados, se referem a: 1. Sítios que se tem conhecimento da localização a partir das informações de moradores da região, mas ainda não foram inspecionados, somando 13 locais, e 2. Sítios que foram registrados nos anos de 1960 e 1970, por Walter F. Piazza (1966, 1969) ou João A. Rohr (1971, 1984), e que, por falta de maiores informações, ainda não puderam ser encontrados ou já foram destruídos, somando 8 locais.

5 PREUCEL, R.W. e HODDER, I., Nature and Culture, 1996. 6 COSGROVE, D., Social Formation and Symbolic Landscape, 1984. 7

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paisagem é uma complexa articulação entre o lugar, seus habitantes e seus valores. E conclui que paisagem é um termo tão complexo e ideologicamente carregado como cultura. Já Criado Boado8 diz que é preciso reconhecer que a paisagem se manifesta em produtos materiais de diferentes escalas que se correspondem com os diferentes níveis espaciais das práticas sociais. Para Ingold9, a paisagem é o mundo conhecido por quem nele vive, por quem circula pelos seus caminhos e conhece seus lugares. Para Johnson10, a paisagem vai além da mera descrição de características físicas, pois é uma maneira de ver e de pensar a respeito do mundo físico, congregando a visão de cientistas e de leigos e como cada qual atribui significado e percebe o que é cultura. David e Thomas11 argumentam que a arqueologia da paisagem é uma “arqueologia de lugares”12

, que vai além da caracterização de lugar como pontos que se conectam no espaço, mas com todas as dimensões possíveis – empírica, social, ontológica, epistemológica, emocional – fazendo com que lugar e localização envolvam a identidade social, tanto quanto os aspectos econômicos e ambientais da vida. Assim sendo, a base teórico-metodológica da pesquisa se alicerça na compreensão da paisagem expressa nas quatro camadas seguintes: a paisagem como ambiente, a paisagem como sistema, a paisagem como poder e a paisagem como experiência.

Uma estratigrafia da paisagem proto-Jê Meridional

Através dos dados obtidos na literatura arqueológica e nos dados da presente pesquisa, proponho-me a apresentar algumas ideias acerca da constituição da paisagem dos proto-Jê meridionais. A organização da paisagem, em diferentes camadas retroalimentadas, é uma maneira equilibrada de apresentar os dados e, principalmente, evoca a necessidade de encaixar a produção de conhecimento sobre os proto-Jê em esquemas globais de interpretação, para que as comparações entre diferentes culturas, sendo pesquisadas nas mais distintas partes do mundo, nos ajudem a responder um pouco sobre os estudos de caso do sul do Brasil. Assim sendo, é possível organizar a arqueologia dos proto-Jê Meridionais nesse gradiente metodológico e, dessa maneira, refletir como a paisagem, enquanto recurso cultural, foi investigada e interpretada. Em especial, a paisagem de Urubici apresenta uma grande densidade e variabilidade

8 CRIADO BOADO, F., Del terreno al Espacio: Planteamientos y Perspectivas para la Arqueología del Paisaje, 1999.

9 INGOLD, T., The Perception of the Environment, 2000. 10 JOHNSON, M., Ideas of Landscape, 2007.

11 DAVID, B. & THOMAS, J., Landscape Archaeology: Introduction, 2010. 12

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tipológica de sítios arqueológicos distribuídos diacronicamente13. Os grupos humanos que produziram esse cenário devem ser entendidos como parte da natureza e, ao mesmo tempo, à parte dela, ou seja, devemos compreender os antigos habitantes do Alto Canoas como agentes reprodutores e, ao mesmo tempo, transformadores de uma condição historicamente preexistente14.

Antes de analisarmos a “estratigrafia da paisagem” dos proto-Jê Meridionais, é importante informar que o território reconhecido deste grupo é uma vasta e ecologicamente diversa região, que ocupa terras desde a costa atlântica até o Rio Paraná em áreas dos estados brasileiros de Mato Grosso do Sul (MS), São Paulo (SP), Paraná (PR), Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS), além da província argentina de Misiones (MI)15. De maneira geral, essa região é composta por quatro ecótonos: (1) na costa atlântica, a planície litorânea com lagoas e restingas; (2) um pouco para o interior, a encosta da serra com vales florestados pela Mata Atlântica; (3) no topo das serras, o planalto com campo e araucárias, e, (4) mais a oeste, onde as altitudes decrescem novamente, os vales da floresta subtropical. Em SC, as datações indicam uma ocupação proto-Jê desde pelo menos 2.500 cal. AP até momentos após a conquista16.

Paisagem como Ambiente – Quando a paisagem é abordada como reconstrução de

ambientes específicos, a partir de estudos de paleoambiente, de paleoeconomia e modelagem climática.

13 CORTELETTI, R. & DeBLASIS, P., A study of the Jê presence in the plateau of Santa Catarina,

Brazil, 2012.

14

PREUCEL, R.W. e HODDER, I., op. cit., 1996. 15

NOELLI, F.S., O mapa arqueológico dos povos Jê do Sul do Brasil, 2004.

16 PIAZZA, W. F., As Grutas de São Joaquim e Urubici, 1966; ______, PIAZZA, W. F., A área

arqueológica dos Campos de Lages, 1969; SCHMITZ, P.I.; BROCHADO, J.P., Datos para una secuencia cultural del Estado de Rio Grande do Sul (Brasil), 1972; REIS, M.J. [1980], A Problemática Arqueológica das Estruturas Subterrâneas no Planalto Catarinense, 2007; SCHMITZ, P.I. et. all., Içara:

Um Jazigo Mortuário no Litoral de Santa Catarina, 1999; SCHMITZ, P.I. et. all., Taió, no Vale do Rio

Itajaí, SC – O encontro de antigos caçadores com as casas subterrâneas, 2009; SCHMITZ, P.I. et. all., Casas Subterrâneas no Planalto de Santa Catarina – São José do Cerrito, 2010; DeMASI, M.A.N., Pescadores e Coletores da Costa Sul do Brasil, 2001; ______, op. cit., 2005; CALDARELLI, S.B., Projeto de Levantamento Arqueológico na Área de Inundação e Salvamento Arqueológico no Canteiro de Obras da UHE Barra Grande, SC/RS, 2002; SALDANHA, J.D.M., Paisagem, Lugares e Cultura Material: Uma Arqueologia Espacial nas Terras Altas do Sul do Brasil, 2005; HERBERTS, A.L. &

MÜLLER, L., Os Sítios Funerários do “Projeto de Arqueologia Compensatória UHE Barra Grande –

SC”, 2007; DeBLASIS, P.; KNEIP, A.; SCHEEL-YBERT, R.; GIANNINI, P.C.; GASPAR, M. D., Sambaquis e paisagem: Dinâmica natural e arqueologia regional no litoral do sul do Brasil, 2007;

CORTELETTI, R., Atividades de campo e contextualização do Projeto Arqueológico Alto Canoas –

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Estudos paleoambientais de Behling et. all.17 indicam que os Campos cobriam extensas áreas das terras altas do sul do Brasil desde o último período glacial até o Holoceno médio, quando, por volta de 3.950 cal. AP, a taxa da floresta de Araucária cresceu ligeiramente, mas, mesmo assim, continuou rara, indicando que essas plantas migraram para as áreas mais altas provavelmente ao longo do vale de pequenos rios. Depois disso, a grande expansão da floresta de Araucária no planalto ocorreu após 1.000 cal. AP no RS e SC e após 1.500 cal. AP no PR18. Segundo estes mesmos estudos, a causa dessa mudança é relacionada ao clima, mas pode ser uma consequência da redução da vegetação de Campos, que estava sendo menos queimada. Especificamente na região de Urubici (no Morro da Igreja e na Serra do Rio do Rastro), o registro palinológico mostra uma grande expansão da floresta de araucária, o que indicaria o estabelecimento de condições climáticas mais úmidas depois de 900 cal. AP19.

Para Bitencourt & Krauspenhar20, é razoável supor que, além de melhores condições climáticas, estratégias de manejo dos proto-Jê podem ter contribuído para a expansão da floresta de Araucaria angustifolia, já que o pico dessa expansão coincide com o período de ocupação humana das terras altas. Nesse período, a expansão do bioma das araucárias nas maiores altitudes pode ser pensada como elemento propulsor das alterações no modo de vida das populações locais21, e tal expansão, associada à prática de queimadas e manejo pelas populações proto-Jê, forneceria um ambiente antropizado riquíssimo em biomassa alimentar22. A hipótese de Bitencourt & Krauspenhar23 é corroborada por duas variáveis botânicas que indicam que o clima nem sempre determina a distribuição das espécies: a competição e a dispersão. Segundo as autoras, as sementes de araucária necessitam de boa luminosidade para eclodirem, o que ocorre mais facilmente no campo do que nos estratos inferiores do interior da mata. E,

17 BEHLING, H.; PILLAR, V.D.; ORLÓCI, L.; BAUERMANN, S.G., Late Quaternary Araucaria forest,

grassland (Campos), fire and climate dynamics, studied by high-resolution pollen, charcoal and multivariate analysis of the Cambara. do Sul core in southern Brazil, 2004, p. 291, 292.

18 BEHLING, H., South and southeast Brazilian grasslands during Late Quaternary times: a synthesis, 2002, p. 25.

19

IRIARTE, J. & BEHLING, H., The expansion of Araucaria Forest in the southern Brazilian highlands

during the last 4000 years and its implications of the Taquara/Itararé Tradition, 2007, p. 118.

20 BITENCOURT, A.L.V.; KRAUSPENHAR, P. M., Possible prehistoric anthropogenic effect on

Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze expansion during the late Holocene, 2006, p. 111.

21 IRIARTE, J. & BEHLING, H., op. cit., 2007;

22 COPÉ, S.M., Narrativas espaciais das ações humanas. História e aplicação da arqueologia espacial

como teoria de médio alcance: o caso das estruturas semi-subterrâneas do planalto Sul-brasileiro, 2006b,

p. 120.

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por outro lado, as sementes de araucárias, por serem pesadas, precisam de um agente de dispersão, sejam eles aves, roedores ou humanos.

Posto isto, vale destacar que há nove variedades de Araucaria angustifolia no Brasil, em que diferenças na forma das folhas e ramos, na coloração do pinhão e na época de seu amadurecimento já foram registradas. Destas nove variedades de araucária quatro são classificadas a partir de informações sobre a maturação das sementes, e descritas a seguir: (1) A. angustifolia variedade sancti josephi24: conhecida como pinheiro-são-josé, é a primeira a amadurecer no ano, tendo as sementes prontas em fevereiro e março; (2) A. angustifolia variedade angustifolia (Bertol. – Kuntze): é a mais conhecida, os pinhões amadurecem em abril e maio; (3) A. angustifolia variedade

indehiscens25: conhecida como pinheiro-macaco, tem pinhões maduros entre setembro e janeiro, e (4) A. angustifolia variedade caiova26: conhecida como pinheiro-caiova, tem pinhões maduros em junho e julho27. É importante observar que o amadurecimento das variedades indehiscens (de setembro a janeiro), sancti josephi (em fevereiro e março),

angustifolia (em abril e maio) e caiova (em junho e julho) proporciona uma

disponibilidade de sementes por 11 meses durante o ano – agosto é o único mês sem sementes novas28. Portanto, sabendo que a floresta pode fornecer sementes novas de araucária em mais de 90% do período anual, que ela pode ter sido manejada29, que nela há uma série de outras plantas comestíveis e que, além da caça e pesca, há evidências claras de cultivos30, podemos sugerir que esse ambiente dá condições de sustentabilidade durante todo o ano às populações ali instaladas.

24 REITZ, R.; KLEIN, R.M., Araucariaceae, 1966. 25 MATTOS, J. R., O pinheiro brasileiro, 1972. 26

REITZ, R.; KLEIN, R.M., op. cit., 1966.

27 KOCH, Z. & CORREA, M.C., Araucária. A Floresta do Brasil Meridional, 2002, p. 37. 28 Idem.

29 Como é o caso do manejo Kayapó (Jê Centrais) na floresta secundária, nas capoeiras, nos campos e cerrados (Posey 1987).

30

DeMASI, M.A.N., Pescadores e Coletores da Costa Sul do Brasil, 2001; ______, Análise de Isotopos

Estáveis de 13/12C e 15/14N em resíduos de incrustações carbonizadas de fundo de recipientes cerâmicos das Terras Altas do Sul do Brasil, 2007; IRIARTE, J. & BEHLING, H., op. cit., 2007; IRIARTE, J.,

GILLAM J.C. & MAROZZI, O., Monumental burials and memorial feasting: an example from the southern Brazilian highlands, 2008; GESSERT, S.; IRIARTE, J.; RÍOS, R.C.; BEHLING, H. Late

Holocene vegetation and environmental dynamics of the Araucaria forest region in Misiones Province, NE Argentina, 2011 e conforme as análises de grãos de amido e de fitólitos que estamos desenvolvendo a

partir dos resíduos de alimento carbonizado aderido ao material cerâmico coletado na escavação do Sítio Bonin, Urubici.

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Paisagem como Sistema – Quando a paisagem é compreendida através da criação

de padrões de atividades como, por exemplo, a integração de sítios num sistema de subsistência.

Reconhecida a faceta ambiental da paisagem, agora é possível falar também de sistema. Essa abordagem não é novidade para a arqueologia dos proto-Jê Meridionais. Os trabalhos de Schmitz & Becker31, Araújo32, Dias33, Beber34, Saldanha35, DeMasi36, Copé37 e Schmitz & Rogge38, por exemplo, em diferentes escalas e com diferentes ferramentas tentam dar sentido sistêmico aos vestígios que encontram. A partir da síntese destas diferentes pesquisas é possível distinguir um grupo que propõe uma territorialidade baseada em uma alta mobilidade sazonal, em que a subsistência seria dada pela exploração da coleta e da caça em diferentes ambientes, além da possível prática da agricultura39; enquanto outro grupo reforça a existência de unidades sociais em que a mobilidade é menor, não necessitando de migrações sazonais de larga escala para manter a subsistência40.

Nas áreas mais largas do vale do Alto Canoas e de alguns de seus afluentes, como é o caso do Rio Urubici, há uma ocupação proto-Jê clara e densa. A maior quantidade de sítios mapeada até o momento encontra-se nas áreas baixas e largas do vale e, algumas vezes, adensados próximos da confluência de um afluente ao Canoas (conferir mapa). Tal distribuição de sítios, provavelmente, é reflexo do mapeamento que, até o momento, privilegiou tais áreas. Mesmo assim, se compararmos Urubici com outras áreas de pesquisa da tradição Taquara-Itararé em terras altas do sul do Brasil, perceberemos que a localização dos sítos na paisagem é marcadamente diferente. Em Urubici, mais de 75% dos sítios estão na baixa encosta e no fundo do vale, enquanto que em Caxias do Sul, RS41, por exemplo, mais de 60% dos sítios estão na porção alta

31 SCHMITZ, P.I & BECKER, Í.I.B., Os primitivos engenheiros do planalto e suas estruturas

subterrâneas: a tradição Taquara, 1991.

32 ARAÚJO, A.G.M., Teoria e Método em Arqueologia Regional: Em estudo de Caso no Alto Paranapanema, Estado de São Paulo, 2001.

33 DIAS, A.S., Sistemas de Assentamento e Estilo Tecnológico: Uma Proposta Interpretativa para a Ocupação Pré-colonial do Alto Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, 2003.

34 BEBER, M.V., op. cit., 2004. 35 SALDANHA, J.D.M., op. cit., 2005. 36 DeMASI, M.A.N., op. cit., 2005.

37 COPÉ, S.M., Les grands constructeurs precoloniaux du plateau de sud du Bresil: etude de paysages archeologiques a Bom Jesus, Rio Grande do Sul, Bresil, 2006a.

38

SCHMITZ, P.I. & ROGGE, J.H., Pesquisando a trajetória do Jê Meridional, 2012.

39 SCHMITZ, P.I & BECKER, Í.I.B., op. cit., 1991; DIAS, A.S., op. cit., 2003; BEBER, M.V., op. cit., 2004; COPÉ, S.M., op. cit., 2006a; SCHMITZ, P.I. & ROGGE, J.H., op. cit., 2012.

40 SALDANHA, J.D.M., op. cit., 2005; DeMASI, M.A.N., op. cit., 2005. 41

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das encostas e no topo de morros. Porém, nada impede que sejam encontrados mais sítios proto-Jê em posições diferentes das predominantes até agora. Situação semelhante à de Urubici foi percebida no Baixo Canoas por DeMasi42, quando ele sinaliza que a “unidade básica do sistema ocorre na desembocadura das drenagens secundárias ao longo do rio embora nem todos apresentam centros cerimoniais e túmulos nas proximidades”.

Além dessa constatação a respeito da desembocadura dos afluentes do Rio Canoas, podemos inferir que, da mesma forma que Saldanha43, conseguimos perceber aglomerações de sítios e espaços vazios entre esses agrupamentos. Outras características comuns a estas três áreas são a ocorrência das estruturas anelares e a presença da cerâmica caraterizada como pertencente, de maneira geral, às fases Guatambu e Xaxim44. O sítio Bonin, escavado em 2011, e com material ainda em análise45, nos dá a informação de que, ao menos nos séculos XIII e XIV, tal população tinha uma rica dieta, proveniente de agricultura e de coleta (e provavelmente de caça), e uma possível estabilidade territorial que fazia com que as supostas migrações sazonais ao litoral fossem desnecessárias. Por isso tudo, as hipóteses de Saldanha46 e DeMasi47 sobre mobilidade e exploração de recursos são plausíveis para pensar a paisagem como

sistema em Urubici.

Cabe, como tarefa final desta etapa da pesquisa, testar os geodados do Alto Canoas em uma série de exercícios como representação de redes, análises de conjuntos de sítios, análises de densidade de sítios, análises de autocorrelação espacial, análises de captação de recursos e territórios. Além disso, não podem ser esquecidas duas questões. A primeira, e quiçá mais simples, envolve os sítios galerias subterrâneas, que em grande medida são sítios paleontológicos e não arqueológicos48, e a segunda questão, seguramente mais complexa, é pensar a relação que existe entre os sítios superficiais –

42 DeMASI, M.A.N., op. cit., 2005, p. 256. 43 SALDANHA, J.D.M., op. cit., 2005, 123. 44

DeSouza (2009) classifica a cerâmica da Tradição Taquara-Itararé além dos rótulos das fases, ou seja, em vários conjuntos regionais e, especificamente, esta cerâmica da parte mais alta do planalto sul-brasileiro é colocada toda num único bloco chamado como “Conjunto 3”.

45 Todo o material referente ao sítio Bonin (dados da escavação, análise tipológica de cerâmica, análises de arqueobotânica, etc.) será apresentado no texto final da tese de doutorado de Corteletti.

46

SALDANHA, J.D.M., op. cit., 2005. 47 DeMASI, M.A.N., op. cit., 2005.

48 Para mais detalhes, ver LIMA, L.G.; FRANK, H.T.; BUCHMANN, F.S.C.; FORNARI, M.; CARON, F.; LOPES, R.P., Archaeology versus Paleontology: the question of the South American Palaevertebrate

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em que aparecem pontas de projétil com tecnologia lítica ligada à tradição arqueológica Umbu – e os sítios do sistema proto-Jê49.

Paisagem como Poder – Quando a paisagem é interpretada como fator de

manipulação ideológica, como, por exemplo, o uso de monumentos na afirmação das relações políticas.

Avançando um pouco mais em nossa proposta metodológica, uma das chaves para pensar a paisagem como poder é inferir uma complexidade sociocultural emergente50 a partir das evidências sugestivas que estamos percebendo, tais como a expansão intencional da mata de araucária; o surgimento ou consolidação da agricultura; a incipiência de uma arquitetura pública e/ou monumental51 e junto com esta arquitetura, a possibilidade de trabalho especializado52; uma suposta alteração no padrão de sepultamento; a ocorrência de arte rupestre relativamente elaborada53; a organização dos assentamentos em função da cosmologia Kaingang; o aumento demográfico suposto em função do aumento do número de sítios ao longo do tempo, e, ainda, uma possível rede de contatos com outras populações.

A arquitetura dos proto-Jê Meridionais das terras altas é uma evidência sociocultural e econômica que está ligada a relações de poder que precisam ser, de alguma forma, expressadas e mantidas. Portanto, a engenharia de terra, a partir da construção das estruturas semissubterrâneas e das estruturas anelares, além das funções comumente sugeridas pelos arqueólogos, serve como um poderoso demarcador de território, e como marco identitário (que, em última análise, os aproxima dos ancestrais). Schmitz e equipe, a partir da cronologia obtida, revelam que a ocupação de sítios com estruturas semissubterrâneas acontece diacronicamente em Caxias do Sul, Vacaria e São José do Cerrito54. Podemos inferir, a partir destes dados, que há um ciclo (uma rotatividade) de ocupação, que faz uma população de baixa densidade ocupar um

49 Para mais detalhes do debate das relações entre a Tradição Umbu e a Tradição Taquara-Itararé, ver DeMASI, M.A.N., op. cit., 2005; FARIAS, D.E.S., op. cit., 2005 e SCHMITZ, P.I. et. all., op. cit., 2009. 50

PRICE, T. D., The Mesolithic of Northern Europe, 1991; KNAPP, A.B., Social Complexity: Incipience, Emergence, and Development on Prehistoric Cyprus, 1993.

51

IRIARTE, J., GILLAM J.C. & MAROZZI, O., op. cit., 2008; DeSOUZA, J.G. & COPÉ, S.M., Novas

perspectivas sobre a arquitetura ritual do planalto meridional brasileiro: pesquisas recentes em Pinhal

da Serra, RS, 2010. 52

SALDANHA, J.D.M., op. cit., 2005.

53 BAPTISTA DA SILVA, S., Etnoarqueologia dos grafismos Kaingang: um modelo para compreensão das sociedades Proto-Jê Meridionais, 2001.

54 SCHMITZ, P.I. et. al., O Projeto Vacaria: Casas Subterrâneas no Planalto Rio-Grandense, 2002; ______, op. cit., 2010; SCHMITZ, P.I. & ROGGE, J.H., op. cit., 2012.

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vasto território e a cada período – ainda não estimado – retornar aos mesmos assentamentos. Para Schmitz e equipe55, essa relativa sedentariedade “poderia estar ligada a estratégias de manutenção do controle sobre o território do grupo”.

De qualquer maneira, há necessidade de mínima coesão social para a realização da tarefa de construir estruturas como estas e como as estruturas anelares (principalmente as de grandes dimensões), o que sugere trabalho comunal e, provavelmente, a existência de lideranças que catalisem as estratégias e as ações gerais do grupo todo, como, por exemplo, para determinar onde e como construir algo deste tipo. As regularidades encontradas nas características gerais de construção das estruturas semissubterrâneas56 e das estruturas anelares57 são tantas, e percebidas numa escala de tempo tão longeva, que elas não podem ter sido produzidas acidentalmente ou sem um planejamento prévio. A partir destes dados, é possível inferir uma organização social tribal heterárquica para os proto-Jê58. A existência, por quase todo o planalto, de diversos sítios dispersos com poucas estruturas semissubterrâneas, associada aos dados empíricos que provam a reocupação em diversas “casas subterrâneas” e a ocupação cíclica em sítios com muitas estruturas semissubterrâneas, pode ser reflexo da existência de um poder político efêmero que é expresso apenas em momentos específicos de atividades comunais como a construção das estruturas em terra (como as “casas subterrâneas” e as estruturas anelares com ou sem montículo), e em cerimônias como ritos de passagem, casamentos ou funerais.

Por outro lado, a análise da cronologia disponível permite perceber elementos que se mantém e que se transformam ao longo do tempo e, dessa forma, supor mudanças sociais. Por exemplo, um elemento que aparentemente não é constante, ao longo da história dos proto-Jê, é o padrão de sepultamento. A cronologia existente sugere que os sepultamentos em grutas ocorreram num período anterior aos sepultamentos em montículos59. Estamos diante de uma encruzilhada: ou há uma mudança de padrão de

55 SCHMITZ, P.I. et. al., op. cit., 2002, p. 102. 56 CORTELETTI, R., op. cit., 2008.

57

IRIARTE, J., GILLAM J.C. & MAROZZI, O., op. cit., 2008; SCHMITZ, P.I. et. all., op. cit., 2010; DeSOUZA, J.G. & COPÉ, S.M., op. cit., RS, 2010.

58 Para ler mais sobre o conceito de heterarquia e sociedades complexas, ver CRUMLEY, C.L.,

Heterarchy and the Analysis of Complex Societies. Archeological, 1995 e sobre trabalho comunal e

heterarquia, ver ABRAMS, E.M. & LE ROUGE, M. F., Political Complexity and Mound Construction

among the Early and Late Adena of the Hocking Valley, 2008.

59 As datações que suportam essa hipótese de transição de padrão de sepultamento estão em: CHMYZ, I.; BORA, E.; SANTOS CECCON, R.; SGANZERLA, M.E. & VOLCOV, J.E., A arqueologia da área do

aterro Sanitário da região metropolitana de Curitiba, em Mandirituba, Paraná, 2003; COPÉ, S.M.;

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sepultamento (de sepultamentos coletivos em grutas para sepultamentos individuais em montículos), o que indicaria uma mudança na relação com a morte, ou seja, uma mudança sociocosmológica ocorrendo por volta do ano 1.000 AD, ou simplesmente a amostra de dados é muito pequena, e por isso mesmo está nos induzindo a uma leitura equivocada dessa construção da paisagem.

Paisagem como Experiência – Quando a paisagem é imbuída de significado,

como, por exemplo, na maneira pela qual uma população se move por determinados caminhos em função de esquemas sociais ou cosmológicos.

Apesar de ainda pouco usuais, exercícios de compreensão de como os proto-Jê meridionais interagem com a paisagem já foram realizados, e outros estão em andamento, principalmente em Urubici (nesta pesquisa), e em Pinhal da Serra (a partir dos esforços da equipe de Iriarte e de Copé). Antes disso, em Pinhal da Serra, Saldanha60, e em Bom Jesus, Copé61, dão uma larga contribuição quando analisam questões como intervisibilidade, territorialidade, transitabilidade entre os sítios e funções práticas potenciais. Por exemplo, a partir da criação de modelos de realidade virtual, Saldanha62 constatou que “as estruturas subterrâneas estão dispostas ao longo dos caminhos mais fáceis de se movimentar sobre o terreno” e que, por outro lado, as estruturas anelares “estão dispostas exatamente sobre locais de convergência destes caminhos, sobre pontos nodais do trânsito na paisagem”.

A diversidade de sítios encontrada em Urubici sinaliza a existência de lugares com funções específicas como habitação, produção de alimento em pequenos cultivos e realização de rituais xamânicos e de sepultamento, o que nos remete a uma paisagem complexa, onde existem diferentes lugares com funções culturalmente definidas. Exemplos preliminares dessa hipótese podem ser visualizados no Mapa a seguir, onde podem ser observados ao menos três aspectos da estruturação da paisagem. (1) Em sua porção ENE, há um adensamento de sítios de estruturas semissubterrâneas e sítios

Variabilidade de Sítios Arqueológicos de Pinhal da Serra, RS, 2002; Copé apud MÜLLER, L., Sobre

índios e ossos. Estudo de três sítios de estruturas anelares construídos para enterramento por populações

que habitavam o vale do rio Pelotas no período pré-contato, 2008; DeMASI, M.A.N., op. cit., 2001; ______, op. cit., 2007; DeSOUZA, J.G. & COPÉ, S.M., op. cit., RS, 2010; IRIARTE, J., GILLAM J.C. & MAROZZI, O., op. cit., 2008; HERBERTS, A.L. & MÜLLER, L., op. cit., 2007; SCHMITZ, P.I.,

Algumas Datas de Carbono 14 de Casas Subterrâneas do Planalto do Rio Grande do Sul, 1969; ______, As Tradições Ceramistas do Planalto Sul-Brasileiro, 1988; SCHMITZ, P.I. et. al., op. cit., 2002; ______, op. cit., 2010.

60 SALDANHA, J.D.M., op. cit., 2005, p. 134-145. 61 COPÉ, S.M., op. cit., 2006a, p. 344-370. 62

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litocerâmicos, levando a crer que esta aglomeração é um lugar de moradia, de exercício de atividades cotidianas e ou domésticas. (2) Os sítios com montículos e/ou estruturas anelares estão dispostos a mais de 1,5km à jusante63 ou a montante do adensamento a ENE, corroborando a informação da etnografia Kaingang e/ou Xokleng de que os cemitérios ficavam em locais distintos das aldeias64. (3) Os petróglifos estão posicionados em lugares distantes e relativamente isolados dos outros sítios e, além disso, em porções mais elevadas das encostas, levando a crer que estes são lugares cerimoniais. Ao longo da história, indivíduos e sociedades têm feito lugares para iniciar, aumentar, festejar ou comemorar as interações entre pessoas, bem como com a natureza e o sobrenatural65. Portanto, tudo indica que a paisagem em Urubici é repleta de lugares significativos, imbuídos de significado e compostos por memórias proto-Jê.

As inter-relações espaciais entre esses assentamentos, como agrupamentos de sítios, alinhamentos, intervisibilidade ou transitabilidade entre eles, estão sendo desenvolvidas e exaustivamente testadas através de ferramentas de geoprocessamento no ArcGIS Desktop 10.066. Portanto, provavelmente iremos além dessas hipóteses preliminares quanto à interação entre proto-Jê e paisagem. Como já demonstrado, para auxiliar na interpretação destes dados empíricos, é fundamental o uso do conhecimento disponibilizado pela antropologia e pela etnografia dos Jê-Bororo (especialmente dos Kaingang e Xokleng), principalmente no que tange à relação entre esquemas sociocosmológicos (como a dualidade) e a espacialidade desses grupos.

63

Porém, neste mapa só é possível visualizar os sítios à jusante.

64 HENRY, J. [1941], Jungle People. A Kaingáng Tribe of the Highlands of Brazil, 1964; MABILDE, A.P.T. [1897], O índio Kaingáng no Século XIX. Arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil, 1988; VEIGA, J., Aspectos Fundamentais da Cultura Kaingang, 2006.

65 ZEDEÑO, M.N. & BOWSER, B.J., The Archeology of Meaningful Places, 2009. 66

Os dados estão sendo processados conforme as metodologias utilizadas por WEATHLEY, D. & GILLINGS, M., Spatial Technology and Archaeology: the archaeological applications of GIS, 2002; EVANS, T.L. & DALY, P., Digital Archaeology: bridging method and theory, 2006; CHAPMAN, H.,

Landscape Archaeology and GIS, 2009; e CONOLLY J. & LAKE, M., Geographical Information System in Archaeology, 2010, e serão apresentados no texto final da tese de doutorado de Corteletti.

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109

Figura 1: Detalhe de parte da Área de Estudos do PARACA, onde é possível visualizar que em Urubici a maioria dos sítios aparece na porção mais baixa do terreno. O mapa ainda mostra um adensamento de sítios de estruturas semissubterrâneas e sítios litocerâmicos em sua porção ENE, e

o posicionamento dos petróglifos em porções mais elevadas das encostas.

Palavras finais

Baseado no que foi exposto e nos pressupostos de Geertz67 para cultura e de Barth68 para etnicidade, é plausível admitir que (1) é através da paisagem que a identidade é construída, e (2) a paisagem é onde a teia de significados culturais é criada e reproduzida. Assim sendo, a paisagem é a materialização da identidade das culturas. Em virtude disso, fica mais simples compreender a diversidade de tipos de sítios proto-Jê encontrados e escavados por arqueólogos em todo o planalto meridional. Talvez a variedade de grupos Jê descrita na etnohistória e na etnografia seja a mesma variedade arqueológica que tem sido percebida através das pesquisas ao evidenciar contextos materiais bastante diferenciados em regiões geográficas relativamente próximas. Além disso, com o atual conhecimento sobre mobilidade, territorialidade e organização social, estes distintos contextos materiais encontrados parecem estar representando uma sociedade heterogênea e muito mais complexa do que tradicionalmente se supunha.

67 GEERTZ, C., A interpretação das Culturas, 1978. 68

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Partindo do pressuposto da paisagem como materialização da identidade, podemos inferir que a construção das estruturas semissubterrâneas, admitidas como unidades habitacionais, deixa de ser uma simples adaptação ecológica69, e passa a ser um elemento simbólico da maneira de ser proto-Jê. Tanto as estruturas semissubterrâneas como os montículos e as estruturas anelares são marcos visuais que constroem a paisagem, que integram lugar e povo, que criam uma etnicidade, bem como uma memória, e que indicam claramente a existência de um território e diferentes estágios de territorialidade70. Essa seria uma maneira para explicar, além da funcionalidade que elas têm, o porquê de algumas das estruturas semissubterrâneas serem tão profundas e outras não, e o porquê de algumas aparecerem em altitudes baixas e bastante próximas do mar – como em Jaguaruna ou em Florianópolis71, ou Joinville72.

Em síntese, a paisagem proto-Jê em Urubici é composta por uma diversidade de lugares e espaços de circulação com diferentes funcionalidades, que interagem entre si a partir de uma estruturação sociocosmológica própria. Como estratégia metodológica, essa paisagem foi estratificada em quatro diferentes camadas (ambiente, sistema, poder e experiência) que estão sendo investigadas através de uma série de exercícios de geoprocessamento, que transitam em todas as “camadas” da paisagem aqui expostas, e através de comparação direta com outras áreas de pesquisas circundantes. A combinação destes dados, em parte ainda em construção, com o conhecimento que a antropologia e a etnografia dos Jê-Bororo nos fornecem – como, por exemplo, a organização dual do espaço –, nos informará muito sobre como a paisagem do Alto Canoas ao mesmo tempo nutriu e foi nutrida no processo de longa duração protagonizado pelas populações Jê arqueológicas e históricas.

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