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Tradição Imortais da Terra

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Academic year: 2021

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Tradição Imortais da Terra

Mistérios Eleusianos

O Mito de Deméter e Perséfone

Os mistérios de Eleusis , tinham como metáfora mítica da passagem de vida, morte e renascimento a comunicação entre Deméter e Perséfone ,rituais estes que possuíam um cunho iniciatico, onde o entendimento do Mistério se dava através do Mito e sua ação, o iniciado vivia intensamente seu processo de purificação e opção ao novo destino espiritual.

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Os Deuses primordias da natureza , Urano (o céu) e Gaia ( a terra), tiveram seis filhos: -Os Titãs: Cronos, Oceanos, Coios, Crios, Lapetos e Hipérion- e cinco filhas -As titânides: Réia, Tétis, Têmis, Mnemosine e Téia.Mas não reinava a concórdia absoluta no casal original, pois Urano com medo de ser destronado por um de seus filhos, conforme uma profecia lhe havia anunciado, mantinha todos eles dentro da mãe. Gaia, por sua vez, insuflava-os contra a supremacia do pai. Finalmente, Cronos liderando os irmãos, dominou, destronou, e matou Urano.

Tinha início a segunda geração de Deuses, coincidira com a idade de Ouro do Universo. Mas o ciclo avançou, e Cronos e Réia , irmãos, começaram a ter seus próprios filhos. Ele, então lembrando-se da profecia do pai e, com medo de também ser destronado por um de seus filhos optou por engoli-los assim que viessem ao mundo. Inconformada, depois de perder cinco filhos, Réia decidiu salvar o último, dando uma pedra envolta nas roupas da criança para Cronos devorar. Esta criança salva era Zeus, que foi criado na ilha de Creta e adulto voltou para cumprir a profecia. Fez com que o pai, vomitasse seus irmãos: Héstis, Deméter, Hera, Posseidon e Hades.

Hades (Plutão), ao lado dos irmãos Zeus (Júpiter) e Posseidon (Netuno), travaram uma longa guerra de dez anos contra o pai Cronos (Saturno) e os Titãs. Após a vitória dos três irmãos, uma nova ordem e poder estabeleceu-se sobre o mundo e os deuses, na partilha dessa nova ordem, coube a Zeus o reino dos céus, a Posseidon o reino do mar, e a Hades as profundezas da terra, conhecidas por Érebo, Infernos ou Hades. Se Zeus reina no Olimpo, ao lado de mais onze Deuses, Hades é o senhor absoluto no reino dos mortos, o décimo terceiro deus.

Hades, tem como súditos os mortos, mas o seu domínio é a extensão final de todos os vivos, daí ser respeitado e venerado por eles. Reina nos subterrâneos, sendo auxiliado pelas criaturas infernais, que aos seu lado, mantém a ordem nos reinos das trevas. Hades, trás um capacete mágico, feito pelos cíclopes, que o torna invisível, diante dos deuses e dos vivos. Esta capacidade, é a raiz da origem de seu nome, Hades em grego significa : invisível.

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O mito de Hades, não gerou muitas lendas diretas, mas às criaturas adjacentes ao seu mundo. A lenda mais conhecida, é a de seu amor por Perséfone, onde movido por uma violenta e arrebatadora paixão, rapta a jovem e a leva da Terra para o subterrâneo do seu reino. No Érebo, o Deus dos mortos faz Peséfone sua esposa, dividindo com ela o trono. A lenda do rapto de Perséfone, é uma das mais belas da mitologia, retrata a origem da primavera sobre a Terra. É o amor no mundo dos mortos estendendo-se as belezas terrestres. Hades, sempre fora um deus noturno, solitário e recolhido em si. Hades mostrava-se imune ao amor de qualquer Deusa, ou de qualquer mortal. Seu frio coração irritava Afrodite, deusa do amor, que sempre fizera deuses e mortais sucumbirem à sua arte.

Hades, continuava com o coração intacto e frio, corria solitário todas as partes do érebo, que governava energeticamente.. Um dia, Hades ouviu as varas, que os humanos batiam sobre a Terra, invocando-o com o sacrifício de duas cabras negras. Ao sentir o sangue quente dos animais molhar o chão, Hades pôs sobre a cabeça, o capacete que o deixava invisível submergindo das entranhas mais profundas da terra, até a superfície do mundo dos vivos aceitando assim o sacrifício.

Raramente o senhor dos mortos, vinha ao mundo dos vivos. Na terra os campos eram eternamente floridos e cobertos de frutos. Hades caminhava invisível por onde passava, trazia um vento frio que soprava sobre os humanos, fazendo-os arrepiar e invocar a proteção dos deuses do Olimpo. Caminhando solitário, Hades avistou ao longe, no meio do bosque florido, a mais bela jovem que os seus olhos já haviam contemplado. Era Core, com o coração a bater, como nunca sentira antes, o frio Senhor dos Mortos viu emergir de dentro dele um estranho e , implacável calor. Invisível aproximou-se de Core e das amigas .Carinhosamente soprou em seus ouvidos, Core, sentiu aquele estranho sopro. Enquanto as amigas arrepiaram-se de temor, a jovem arrepiou-se acometida de uma ternura infinita.

Core sorriu, o que fez com que Hades se tornasse visível aos seus olhos. A bela jovem, viu surgir a sua frente, o rosto daquele deus forte, olhar grave, de sorriso escorrido e gestos austeros. Apaixonado, Hades cobriu o cabelo de Core com as violetas. Revelou-lhe o amor e o desejo de fazê-la sua esposa eterna. Core ouviu a declaração de Hades, mas nada respondeu, precisava consultar sua mãe, a Deusa Deméter e o pai , o Poderoso Zeus.

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Mas, o imprevisto aconteceu, Deméter deusa da agricultura e dos alimentos, sabia que o reino de Hades, o seu irmão era nas profundezas da terra. Decidiu que não iria separar-se da filha, proibindo que ela desposasse o senhor da escuridão.

Hades, ficou inconsolável, subiu ao Olimpo, e pediu ajuda ao irmão Zeus. Estava perdidamente apaixonado por Core, já não conseguia viver sem ela,

Zeus ouviu o irmão, como sabia da recusa de Deméter, em deixar a filha partir para o Érebo, aconselhou a Hades que esperasse algum tempo, para convencer a Deusa da agricultura a aceitar o casamento da filha.

Algum tempo se passou, mas Deméter não removeu a recusa, proibiu definitivamente que Hades cortejasse a filha. Diante da dor causada pelos obstáculos impostos por Deméter, Hades não desistiu, fortaleceu ainda mais o amor que trazia dentro de si. Perdido de paixão, subiu a terra , disposto a ter definitivamente o amor da bela Core, mesmo sem a permissão de Deméter.

Hades, foi encontrar-se com Core que estava a passear pelo vale de Ena, que trazia em sua paisagem a beleza da eterna primavera. A bela colhia os Lírios e as Violetas as margens de um lago de água cristalina quando vê o mais belo dos narcisos à beira do lago, de uma cor tão reluzente que encantou Core. Como se hipnotizada pela flor, ela debruçou-se sobre o lago para pega-lo. Foi quando a terra abriu-se em um imenso abismo de escuridão, dele emergiu um carro de ouro puxado por cavalos conduzidos pelo próprio Hades. No impulso rápido e certeiro, o Senhor do Érebo arrebatou a bela e frágil Core assustada, a jovem lançou um grande grito que ecoou pelos campos, enquanto o carro de ouro a conduzia até o Tartáro.

Deméter ouviu o grito da filha e correu ao seu auxílio mas quando chegou, a terra fechara-se e, ela desapareceu nas profundezas do mundo dos mortos. Desesperada a deusa procura pela filha. Ninguém no Olimpo sabe o que lhe aconteceu. Quem lhe alivia a falta de noticias, é Hecate que lhe leva até Hélios( o Sol), que tudo vê, revelando a Deusa que Hades tinha raptado Core, Zeus confirma o rapto e revela a Deusa que Core ao cruzar as fronteiras do inferno, tornara-se a esposa de Hades e, rainha do Érebo, passando a chamar-se Perséfone. Sem poder

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atravessar as fronteiras do Érebo em socorro da filha, indignada com Zeus e Hades, Deméter abandonou o Olimpo indo viver com os homens na terra, abandonou os campos e as plantações, deixando de proteger as colheitas. A primavera eterna desapareceu da terra, levando-a ao inverno e a fome. Um certo dia Deméter chegou a Eleusis, cidade perto do mar e de Atenas. Desanimada e com a aparência de uma velha, a deusa senta a beira de uma bica d’água e, é encontrada pelas quatro filhas de Celeus, o rei local que haviam ido buscar água para casa do pai. Deméter afirma se chamar Dose, e que fora trazida de Creta por piratas, tendo fugido quando o navio ancorava, vagando em seguida até ali. Apiedadas, e sem saber que se tratava de uma Deusa, convidam-na para entrar na cidade, onde certamente, encontraria aconchego. Chegando em casa, apresentam a velha, a sua mãe Mataneira, que ainda com um filho pequeno Demofon, necessita de alguém para tomar conta dele. E assim Deméter disfarçada vive em Eleusis, o tempo passa e Deméter transforma o pequeno menino em um Deus, para isso o alimenta ambrosia o néctar dos Deuses e quando é descoberta, ergue um templo em sua honra onde ela passa a ensinar seus mistérios. Zeus viu a fome assolar a humanidade, e foi diante de Deméter lhe pedir ajuda, mas a Deusa só voltaria a proteger a agricultura e, os campos se tivesse a filha de volta. À face da catástrofe, que se abatia sobre o mundo, Zeus enviou Hermes (Mercúrio), ao reino de Hades com a ordem de que ele devolvesse Perséfone à mãe , para evitar que a humanidade faminta, se rebelasse contra o poder dos Deuses.

Hades, não se contentou em perder a amada, mas não poderia desobedecer a ordem de Zeus. Chamou Perséfone em sua presença, olhou com paixão para sua esposa , dizendo à ela que deveria acompanhar Hermes até o mundo dos vivos, sendo devolvida à mãe. Triste beija a face da amada, e em seu último beijo ardil, oferece-lhe uma saborosa romã como lembrança do seu amor. Perséfone, come a fruta sabendo que levaria seu amado com ela e que deixaria parte sua com ele, pois há uma regra: quem comer qualquer fruto ou alimento no Tártaro, a ele deverá retornar. Perséfone despediu-se do marido, regressando ao mundo dos vivos.

Deméter recebeu a filha com alegria, os campos voltaram a florir. Ao abraçar a filha, a deusa lembrou-se de perguntar se ela havia comida alguma fruta no Tártaro, ao que a jovem respondeu afirmativamente, comera uma romã. A Deusa desolou-se, sabia que a filha teria que voltar ao Tártaro todos os anos. Diante do ardil , ficou estabelecido por Zeus que Perséfone passaria uma parte do ano ao lado do marido, reinando no Érebo, e outra parte ao lado da mãe, na terra e no Olimpo. Assim, durante o tempo que Perséfone despede-se da mãe e retoma o caminho para o seu amado, a Deusa recolhe-se a tristeza de sua saudade. Em conseqüência dessa tristeza, as árvores perdem as folhas, os campos ficam sem as plantas, o inverno invade a

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terra com o seu vento frio e cortante, deixando-a desolada e coberta pelo gelo. Mas quando Perséfone retorna aos braços da mãe alegrando-lhe o coração , as folhas voltam verdes as árvores, as folhas invadem os campos, trazendo a primavera novamente ao mundo.

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Este Mito é a base para qualquer Rito Iniciático, onde mergulhamos na jornada que nos levará ao abismo profundo do auto-conhecimento, onde nos entregamos ao ciclo sazonal, e o vivenciamos de forma intima e intensa sua vida, morte e renascimento. O mistério Eleusiano é muito mais que um rito iniciático, na vida de um pagão, ele nos leva ao encontro com nosso lado negro e avernal, sua compreensão, aceitação e equilíbrio com a luz. Vivenciar o Ciclo sazonal, o descencionamento e ascencionamento energético e espiritual e a superação de nossas fragilidades é o Mito de Eleusis em ação.

Este processo ocorre a cada um de nós de forma única e em um tempo único. Pois trata-se de um momento atemporal, um tempo não linear e intimamente ligado a cada novo mistério. Chamamos este movimento no entre tempos de um ano e um dia....

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