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A estrutura social e as desigualdades

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Academic year: 2021

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3

A estrutura social e as

desigualdades

As desigualdades sociais instalaram‐se no Brasil 

com a chegada dos portugueses. Os povos 

indígenas foram vistos pelos europeus como 

seres exóticos e ainda hoje são alvo de 

preconceito. Seguiram‐se os africanos 

escravizados, cujos descendentes sofrem 

discriminação pelo fato de serem negros.

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

Na segunda metade do século XIX, em razão da   iminente extinção do escravismo, incentivou‐se a  imigração europeia, sobretudo para fornecer mão  de obra às lavouras de café. Os imigrantes encontraram nas fazendas condições  semisservis de trabalho. Em muitos casos, as pessoas  não recebiam pagamento em dinheiro; só recebiam  casa, comida e outros pagamentos em espécie.

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

A industrialização no Brasil começou no início do        século XX e intensificou‐se a partir da década de 1950.  Houve, então, um    crescimento vertiginoso         das cidades e o  esvaziamento da zona        rural, formando‐se um        proletariado industrial. São Paulo, 1956. O presidente Juscelino Kubitschek  em visita à fábrica da Mercedes‐Benz. O Plano de  Metas, modelo desenvolvimentista adotado e  popularmente conhecido como “50 anos em 5”,  trouxe excelentes resultados em curto prazo. Ac er vo  Iconogra ph ia

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

Juazeirão, Piauí, às vésperas do século XXI. Sala de aula feita de  pau a pique, medindo 9 metros quadrados. O modelo  desenvolvimentista de Juscelino proporcionou a elevação das  taxas de crescimento econômico, mas não promoveu a redução  das desigualdades. Moacyr  Lope Ju nior/Folh a  Ima g em A força de trabalho disponível não foi totalmente  absorvida pela indústria ou por outras atividades  urbanas.  Disso resultou a grande  massa de desempregados         e de semiocupados, que  vivia e ainda vive à margem  do sistema produtivo.

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

O processo de desenvolvimento do capitalismo no  Brasil foi criando as desigualdades, que se expressam  no desemprego, na pobreza e na fome. Em contraposição, a produção agrícola e industrial  e o setor de comércio e serviços têm crescido. Isso  demonstra que a sociedade produz bens, serviços  e riquezas, mas que sua distribuição é desigual  entre os brasileiros. As desigualdades também se expressam entre homens  e mulheres e brancos e negros, por exemplo.       

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

Por que há pobreza no Brasil? A desigualdade analisada no Brasil Desde o fim do século XIX, diversos estudiosos procuram  responder a essa questão. Naquela época, atribuía‐se a  pobreza à preguiça do brasileiro: a natureza lhe dava  tudo, e era tão fácil obter ou produzir qualquer coisa  que não havia necessidade de trabalhar. 

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

Autores como Euclides da Cunha, Sílvio Romero        e Capistrano de Abreu criticaram severamente a  mestiçagem. De acordo com eles, os mestiços  demonstravam a “degeneração e falência da  nação”, eram “decaídos, sem a energia física dos  ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual  dos ancestrais superiores”. Outra explicação envolvia a questão racial. 

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

Para outros escritores, como Joaquim Nabuco, graças  à raça negra havia surgido um povo do Brasil.  Os latifundiários seriam os responsáveis por manter        os mestiços na miséria e na ignorância.  O abolicionismo, de Joaquim Nabuco, publicado em 1883,  foi uma das primeiras obras a analisar o sistema  escravocrata e a contestar teorias que atribuíam o atraso  do país à preguiça do povo ou à riqueza das terras. Nova  Fr onteir a Na visão de Manoel Bonfim, as  populações do interior destacavam‐se  pela força, cordialidade e capacidade  de atuar coletivamente. 

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

A visão de base racista e determinista,       segundo a qual a pobreza no Brasil seria uma  decorrência da escravidão ou da mestiçagem,  foi a que predominou até a década de 1930.  As chamadas “classes baixas” constituíam‐se  de pessoas que normalmente, nas cidades,  eram consideradas perigosas e, no interior,  apáticas, doentes e tristes.

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

A partir da década de 1940, a questão das  desigualdades sociais aparecia sob novo olhar. Fome e coronelismo O estudioso Josué de Castro analisou a  desnutrição e a fome com base no processo  de subdesenvolvimento, que gerava  desigualdades entre os povos que tinham  sido alvo de exploração colonial. Ele  defendia a educação e a reforma agrária  como elementos essenciais para resolver       o problema da fome no Brasil.

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

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O jurista Victor Nunes  Leal apresentava o  “coronel” das grandes  propriedades rurais  como a base de uma  estrutura agrária que  mantinha os  trabalhadores em situação de penúria,  de abandono e de  ausência de educação. Charge de Storni, publicada na revista Careta, em 1927, ironizando o  chamado voto de cabresto, uma prática frequente na República Velha.  Como a votação não era secreta, o coronel mandava fiscalizar os eleitores  obrigados a votar nos candidatos que escolhia. Fun d ão  Biblioteca  Na ciona l,  Rio  de  Ja ne iro

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

A relação entre as desigualdades e as questões raciais  voltou a ser analisada nas décadas de 1950 e 1960.  Procurou‐se desmontar o mito da democracia racial  brasileira, colocando o tema  da raça no contexto das  classes sociais. Raça e classes Autores como Florestan Fernandes, Octávio Ianni e  Fernando Henrique Cardoso procuraram demonstrar  que os ex‐escravos foram integrados à sociedade de  forma precária, o que gerou uma desigualdade  constitutiva da situação que seus descendentes  vivem até hoje.

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As desigualdades sociais no Brasil

Capítulo

9

A partir da década de 1960, outras temáticas  que envolviam as desigualdades sociais foram  abordadas, com ênfase na análise das classes  sociais. Foram desenvolvidos trabalhos para  explicar como as classes sociais se constituíram  no Brasil e de que maneira participavam do  processo de mudanças econômicas, sociais e  políticas. Formação das classes e mudanças sociais

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Capítulo

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Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do  Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, discursa  para trabalhadores na greve de 1979. Irmo Celso/Editora Abril Nas décadas de 1970 e 1980, foi privilegiada a análise  das novas formas de participação, principalmente dos  novos movimentos sociais e do novo sindicalismo.  Buscava‐se entender  como os trabalhadores  e deserdados no Brasil  organizavam‐se para  fazer valer seus direitos  de cidadãos.

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Mercado de trabalho e condições de vida Th inks tock/G e tt y  Ima ges No mesmo período e entrando na década de 1990, o  foco da análise centrou‐se nas questões relacionadas     ao emprego e às condições de vida dos trabalhadores  e pobres das cidades.  A questão racial e das classes  sociais continuaram presentes.       A questão de gênero ganhou  espaço, destacando‐se a situação  desigual das mulheres em relação  aos homens.

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Índices de desigualdade Na década de 1990, organismos nacionais e  internacionais criaram índices para mensurar       a desigualdade e a pobreza.  Para obter esses índices, dispomos, por  exemplo, da Pesquisa Nacional por Amostra de  Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo IBGE, e  do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),  publicado pela ONU.

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Capítulo

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Esses índices apontam as mais variadas  formas de desigualdade, deixando de lado  a questão das classes sociais e a exploração  existente.  O objetivo central é descrever a realidade  em números para orientar políticas públicas  e investimentos. 

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A questão racial‐étnica segue presente nas análises  de índices demonstrativos e em nosso cotidiano.  Ela se expressa por meio do preconceito e apresenta  evidências empíricas: os negros e pardos, por  exemplo, recebem salários menores e têm acesso  restrito a boas condições de habitação, saúde,  trabalho e cultura.

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Exercício Fila de credenciamento em programa social  governamental. Rio de Janeiro, 2004. Al exandr e  Ca m p bell/F o lh a  Ima g em Junte‐se a um colega e discutam: como a questão das  desigualdades sociais na história do Brasil se relaciona  com a cena expressa nesta imagem? 

Referências

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