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Regiões, história e conflitos: as práticas de poder em relação às escolas da área rural faxinalense.

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Academic year: 2021

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Regiões, história e conflitos: as práticas de poder em relação às escolas da área rural faxinalense.

José Adilçon Campigoto. (UNICENTRO)

Resumo: Essa pesquisa diz respeito às escolas públicas da educação básica situadas em comunidades de povos tradicionais, ou que atendem alunos oriundos destas áreas, no caso, os faxinalenses. Os faxinais são uma forma de organização camponesa da região sul do Brasil. As escolas em funcionamento, bem como as desativadas, são concebidas como espaços de disputa, ás vezes física, mas também de memória, porque nelas, as populações experimentam, de uma ou de outra forma, a vivência da cultura local e a possiblidade de narrar suas versões dessas histórias. O estilo faxinalense será associado ao aproveitamento coletivo dos recursos naturais, principalmente, a um cercado composto por pastagens, matas e estradas interioranas ligando as habitações. Nessa área comum, que pode pertencer a um proprietário não morador do faxinal ou a vários proprietários, são criados animais de várias espécies. A cultura faxinalense é marcada pelo uso comum de recursos naturais como as águas e a madeira e, também, pelo trabalho coletivo na construção da cerca comum.

Palavras-chave: Região; memória; faxinais.

O mundo da cerca comum é uma das características mais peculiares dos faxinalenses, devido as regras de reparo, de cobrança e nomeação dos animais que as ultrapassam e fogem, pelo sincero colocado nos animais e pela religiosidade relacionada à fuga e ao retorno dos animais. As festas religiosas, as rezas e cantorias (principalmente o culto a São Roque) a vivência comunitária e a preservação da Floresta com Araucária, são marcas específicas dessa cultura. A escola é uma delas. Conformes pudemos apurar até agora que, por um lado, existem escolas que são objeto de disputa judicial, como é o caso na localidade de Potinga – Rebouças/PR. Ali, era faxinal até a década de 1980, sendo que a escola funcionou até recentemente. Uma das moradoras reclama, na justiça, uma indenização ao Estado pelo fato de que considera como seu o lote em que o prédio está situado. Por outro, existem vários destes prédios escolares abandonados devido ao movimento de nucleação escolar reutilizados em função da coletividade local: cultos, catequese, saúde, programas sociais, empreendimentos de economia solidária e outros.

Este texto consiste na apresentação do projeto A escola e o ensino de história na região dos faxinais, projeto desenvolvido no âmbito do programa do governo federal chamado Observatório da Educação. Na primeira parte há uma discussão mais teórico metodológica sobre o projeto e por fim, um relato de

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atividades desenvolvidas durante o ano de 2014. Optamos por este formato devido à circunstância de que as produções escritas do projeto estão previstas somente para o terceiro e quarto ano de sua vigência, ao passo que estamos apenas finalizando o segundo ano.

Podemos considerar como realidade a tese de que tem sido insuficiente a atenção dispensada, em termos de políticas educacionais, à área rural no Brasil. Esta não é uma história recente, e sim característica dos primórdios da história da educação em nosso país. Na primeira metade do século XX, no entanto, passou-se a debater a ideia de que uma das consequências do modelo de ensino e de desenvolvimento social e econômico vigente plastificava-se na forma de êxodo rural, um resultado inconveniente para vários setores da sociedade.

Algumas iniciativas foram tomadas e, dentre elas, podemos citar a aprovação da LDB nº 9394/96. Dizemos que tal legislação pode ser considerada como uma política de intervenção na realidade rural do Brasil porque, em seu artigo 28, apresenta algumas medidas de adequação da escola ao mundo rural: “Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;” Nossa proposta decorre deste desafio.

O trabalho que ora apresentamos é desenvolvido na região Centro sul do estado do Paraná, uma área caracteristicamente habitada por uma categoria dos assim chamados povos tradicionais: os faxinalenses. É uma investigação ainda inicial sobre o ensino da história em escolas públicas do ensino básico situadas em comunidades de povos tradicionais, no caso, faxinalenses, visando divulgar as experiências que vinculam a cultura faxinalense e os conteúdos curriculares de história e promover adequações previstas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação às peculiaridades da vida rural na área de abrangência dos faxinais.

Trata-se da relação que se estabelece entre a história ensinada e a cultura faxinalense, no âmbito do ensino básico ofertado em escolas públicas na região

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de abrangência do sistema de faxinal, área circunscrita ao Estado do Paraná, abrangendo cerca de trinta municípios. Aí, encontra-se este modo de utilização das terras em comum, delimitada por cercado, para a criação de animais, que se tem classificado como manifestação cultural dos povos tradicionais. Esse espaço comunitário rural é dividido em duas áreas específicas: as terras de plantar e as terras de criar. O espaço em que se localizam as lavouras é separado da área de criar por meio de uma cerca geralmente edificada e reparada pelos moradores de faxinal. A área de criar, ou de compáscuo, é composta por matas e pastagens, contendo as habitações dos faxinalenses e, frequentemente, a própria escola. Estima-se que, há dez anos, existiam cerca de cento e cinquenta deles, mas podemos considerar o processo de desarticulação do sistema, cerca de uma dezena por ano, na última década. A pressão externa enfrentada pelos faxinalenses se traduz em forma de embate cultural e impacto ambiental vivido na região por conta da introdução de outras culturas e de outras formas de organização social e povoamento. Trata-se, por exemplo, do embate relativo ao acesso e ao uso dos recursos hídricos e agroflorestais, ao desmatamento das nascentes, à contaminação das águas, à colocação de cercas no interior dos criadouros comuns, ao desmatamento e plantio de pinus ou erva-mate e à plantação extensiva de milho e soja. A área de ocorrência do sistema estende-se desde a região metropolitana de Curitiba até a região Centro-Sul e Sudoeste do Paraná. O desmantelamento do sistema de faxinal é um desafio para a educação rural no estado do Paraná.

Na história da educação brasileira é tese quase unânime ter sido pouca atenção dispensada por parte do poder público à área rural. Na primeira metade do século XX, no entanto, passou-se ao debate de que uma das consequências do modelo de ensino e de desenvolvimento social e econômico vigente plastificava-se na forma de êxodo rural. Alguma iniciativa de intervenção, visando modificar tal quadro, houve, mas somente em meados da década de 1990, aprovou-se a LDB nº 9394/96. Tal legislação, em seu artigo 28, apresenta algumas medidas de adequação da escola à área rural. Conforme a lei “Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão

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as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; ” No âmbito da região dos povos faxinalenses, tem se realizado ótimos trabalhos de pesquisa sobre a realidade sócio geográfica desse povo tradicional. Destacamos, entre outros, o projeto nova cartografia dos povos faxinalenses, o cadastro sobre os faxinais da EMATER e a Cartilha do segundo encontro estadual dos faxinalenses. Mas, salvo engano, nenhuma investigação sobre as reais necessidades e interesses dos alunos moradores de faxinais foi realizado até o presente. Pode-se dizer que se faz necessária a realização de estudos específicos baseados em dados estatísticos e observacionais sobre as escolas que atendem alunos moradores de faxinais para dar visibilidade às necessidades e interesses dessa parcela do alunado estadual.

A cultura faxinalense, como dissemos, se desenvolve a partir de atividades ‘agrosilvopastoris’. Sua forma de organização é baseada, pode-se dizer, em certa coletividade, uma vez que o faxinal é dividido em terras de criar e terras de plantar. A primeira, ou área de compáscuo, é explorada de forma coletiva. O estilo de vida faxinalense é associado a essa área cercada composta por pastagens, matas e estradas interioranas, ligando as habitações umas às outras. Podemos também pensar numa cultura faxinalense.

Nessa área comum, que pode pertencer a um proprietário não morador do faxinal, ou pertencente a vários proprietários, são criados animais de várias espécies, tais como bovinos, equinos, caprinos, ovinos e suínos, além de vários tipos de aves domésticas.

Soltos no grande cercado, esses animais alimentam-se da grama existente, de pequenos arbustos e dos frutos nativos tais como a gabiroba, a cereja e, principalmente, o pinhão. As entradas e saídas destas áreas são protegidas por porteiras e cancelas ou por uma espécie de pequenas pontes, estas construídas sobre um vão seco escavado especialmente para tal fim.

As terras de plantar, são particulares, localizam-se fora do cercado e podem pertencer ao proprietário que as cultiva ou serem arrendadas. A cultura

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faxinalense é marcada pelo uso comum de recursos naturais como as águas e a madeira e, também, pelo trabalho coletivo na construção da cerca comum. A organização dos agricultores em forma de faxinal existe desde época bastante remota.

Calcula-se que este sistema é praticado na região há mais de trezentos anos. A julgar pelos processos de povoação comuns na área rural do Brasil, salvo nas regiões de povoamento planejado ou áreas de colonização, os núcleos de povoamento formaram-se anteriormente à chegada das escolas. Este é um dado que consideramos como fundamental em nossa investigação: a ideia é investigar as formas pelas quais a escola formal adentra ao mundo do faxinal. Dizemos isso, porque em vários desses faxinais, o prédio da escola foi construído no interior da área de compáscuo. Isso pode ter gerado, ou ainda gerar, alguma tensão principalmente nos casos em que o professor ou professora não pertença à cultura faxinalense.

Deve ser bastante peculiar, a esse docente, o cotidiano escolar, quando o prédio está cercado por animais que circulam livremente ao entorno. Mas a pensamos que não somente o faxinal recebe influência do saber escolar. Pressupomos haver aí um mundo de trocas de saberes que permeiam uma realidade e outra. Nosso projeto está fundamentado nesta questão: como é a história dessa troca de saberes, como a escola ensina história e como a história dos faxinalenses ensina a escola.

A área de abrangência do projeto define-se por vinte e oito municípios quais sejam: Antônio Olinto, Balsa Nova, Cândido de Abreu, Faxinal, Fernandes Pinheiro, Guamiranga, Guarapuava, Imbituva, Irati, Ivaí, Lapa, Mallet, Palmeira, Paulo Frontin, Pitanga, Prudentópolis, Ponta Grossa, Pato Branco, Porto Amazonas, Rebouças, Rio Azul, Rio Negro, São João do Triunfo, São Mateus do Sul, Tijucas do Sul, União da Vitória, Cambé. A maioria desses municípios não conta mais com localidades organizadas em forma de faxinal, mas todos ainda têm a memória dos faxinais ainda bastante presente, seja pela onomástica, seja por referência aos lugares, a objetos e a fotografias referentes à cultura faxinalense. Isso se deve ao fato de que a região vem sofrendo sérias

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modificações na forma de organização no campo. Muitos faxinais se desarticularam nas últimas décadas, mas também, alguns estão voltando a funcionar no antigo sistema.

Tem se realizado várias pesquisas a respeito da realidade social, cultural e geográfica desse povo tradicional. Mas, as investigações específicas sobre as necessidades e os interesses dos alunos, moradores de faxinais, realizadas até o momento presente, são poucas. Pode-se dizer que se faz necessária a efetivação de estudos baseados em dados estatísticos e observacionais sobre as escolas que atendem alunos moradores de faxinais para dar visibilidade às necessidades e interesses dessa parcela do alunado estadual.

A investigação a respeito das questões acima levantadas implica alguns objetivos a serem apontados. Como escopo geral dessa pesquisa e das atividades desenvolvidas no âmbito desse projeto, pretendemos promover adaptações necessárias à oferta de educação básica para a população do campo a partir das peculiaridades da vida rural e da região de abrangência das comunidades faxinalenses no Estado do Paraná. Como objetivos específicos, efetuar mapeamento estatístico dos múltiplos aspectos do ensino nas escolas que atendem a alunos oriundos das comunidades faxinalenses, a partir dos dados do IDEB, investigar as relações estabelecidas entre o ensino fundamental e a cultura dos povos faxinalenses no âmbito da disciplinada história. A partir desses mapeamentos, pretendemos divulgar as iniciativas específicas das escolas que atendem alunos faxinalenses no sentido da promoção da cultura e da história dos povos tradicionais, envolvendo professores universitários e da rede pública, bem como alunos de graduação e da pós-graduação no desenvolvimento de ações afirmativas em prol da cultura faxinalense. E, por fim, promover a escrita e o ensino da história na perspectiva dos povos tradicionais por meio da elaboração de material didático adaptado à realidade dos faxinalenses.

Os métodos utilizados para atingir os objetivos propostos têm sido a investigação e levantamento e a análise dos dados, principalmente do INEP - Censo Escolar. Estamos realizando a primeira etapa do projeto, com um

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demonstrativo de todas as escolas da educação básica existentes nos municípios de abrangência do projeto segundo as categorias do rural e do urbano. Este mapeamento nos fornecerá uma projeção proporcional da situação dessas escolas em relação à proximidade e à distância entre o mundo urbano e a ruralidade por município e também um demonstrativo a respeito dos municípios que concentraram a educação no espaço do urbano. O sistema de faxinal é caracteristicamente um fenômeno do mundo rural, embora, quando o povoamento do ligar aumenta, a tendência é parecer uma pequena vila, mas em geral, são povoados distantes dos centros urbanos. Como foi afirmado anteriormente, existem prédios escolares que, atualmente, situam-se e funcionam no interior do faxinal, e a etapa seguinte ao mapeamento rural/urbano consiste em situar as escolas em relação aos faxinais. Consiste em mapear qual a proporção das que estão mais próximas, contiguas ou distantes do faxinal. Trata-se de uma informação importante por conta de que o acesso à área de compáscuo pode se dar por meio de porteiras e cancelas, que quando deixadas abertas tornam-se fontes de conflitos intensos, uma vez que o gado, criado em espaço coletivo, mas de propriedade particular, invade as plantações. Ora, sendo o prédio escolar localizado no interior do cercado comum, não há o perigo de que as crianças que vão à escola deixem aberta as cancelas. Quando a escola fica mais afastada, se um meio de transporte leva os estudantes, o risco do conflito torna-se menor.

Ao realizarmos estes levantamentos percebemos, claramente, a maior concentração de escolas na área urbana o que nos tem levado a pensar no chamado movimento de nucleação do ensino. Resolvemos, então, investigar o número de matrículas realizado por município desde o ano de 2007. Este dado, comprado com os do senso na chave rural urbano, nos permitirá comparar e estabelecer relações para a compreensão da seguinte questão: o movimento populacional na relação rural urbano dos municípios estudados acompanha o das matrículas? Caso contrário, pode significar que a escola se urbanizou enquanto e população é rural.

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Por outro lado, estamos entrando em contato direto com as escolas localizadas no espaço rural. Estamos fazendo levantamento a respeito das experiências inovadoras que as escolas estão fazendo quando ensinam história a partir da realidade local. Pelo que temos notado neste primeiro ano do projeto, o nosso será desenvolvido em quatro anos, boa das aulas de história, mesmo em localidades próximas e até quando o prédio se localiza no interior do faxinal, não aborda o assunto. Mas existem experiências muito interessantes sendo realizadas. Ressaltamos as experiências realizadas nas escolas do faxinal dos Marmeleiros e dos Francos (município de Rebouças-PR) que tem organizado um espaço da memória faxinalense numa das salas da escola. Também, destaca-se outras experiências realizadas nos municípios de Rio Azul-PR e Imbituva-PR, em que os professores tem trabalhado com os alunos a história e a cultura dos faxinais a partir de desenhos e de histórias em quadrinhos.

Estamos iniciando esse levantamento das experiências já realizadas de ensino da história partindo da cultura faxinalense. Elas serão recolhidas e divulgadas por meio de artigos científicos e de amostra de trabalhos a serem realizadas nos municípios da região.

Este tipo de análise e de interação com as escolas que atendem alunos moradores de faxinais nos tem levado a uma melhor compreensão das relações que se estabelecem entre a escola, o ensino de história e as comunidades de povos tradicionais, no caso, os faxinalenses. Consideramos que os povos tradicionais representam um fenômeno de valor inestimável para a compreensão da história e da cultura brasileira por representarem a diferença, formas alternativas, diante de macro modelos que se esgotam atualmente. O estudo da relação da escola com essas localidades, além de proporcionar alternativas pedagógicas, valoriza o local e dá visibilidade à diversidade.

Até o momento desenvolvemos várias atividades no âmbito do projeto. Foram feitos alguns contatos com escolas e professores que visitamos durante os meses seguintes. Foram impressos e encadernados vários os trabalhos encontrados na internet sobre faxinais, em forma de artigos, dissertações e teses e colocados à disposição dos alunos bolsistas e professores pertencentes e

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relacionados ao projeto. Trata-se de cinco teses, três dissertações, doze artigos de revistas especializadas e dez trabalhos apresentados em eventos científicos. Durante estes três primeiros meses de 2014 os bolsistas e professores leram os textos a respeito dos faxinais e outros cinco relativos à educação no campo.

Também foram realizadas visitas a escolas situadas no interior dos municípios de Irati, Rebouças e Rio Azul, em localidades que foram ou são áreas de faxinais. Também, deu-se prosseguimento à confecção dos gráficos relativos às tabelas de matrículas obtidas a partir de consultas aos bancos de dados do portal INEP. Foi iniciada uma conversa com professores do departamento de Geografia da UNICENTRO/I a fim de que pudesse se estabelecer uma parceria no empréstimo de alguns equipamentos, como por exemplo, o GPS para localizar geograficamente as escolas encontradas nas saídas de campo. A ideia consiste em confeccionar um mapa a partir dos pontos marcados obtendo-se, desta forma, uma representação georenferenciada da memória cultural faxinalense. Os primeiros referenciamentos foram feitos nas comunidades de Potinga e de Colônia Cachoeira, município de Rebouças-PR. Foram tiradas cerca de 100 fotografias destas escolas e medidas as dimensões do prédio escolar e então a localização da escola e dos mata-burros foram marcadas com GPS.

Para darmos continuidade ao trabalho elaboramos roteiros de perguntas para os faxinalenses que viessem a ser entrevistados durante as saídas de campo. Trata-se de ex-professores e de ex-alunos das escolas rurais. Foi, igualmente, elaborado um roteiro para fotografar as escolas. Ainda se deu início a uma conversa com as responsáveis pelo Centro de Documentação e Memória de Irati, professora Ana Paula Wagner e Márcia Eliza Doré, a fim de providenciar um tratamento e destinação adequados a fotografias que estão sendo produzidas pela equipe e àquelas resultantes de doações e as concedidas para digitalização. Foram realizadas outras saídas de campo para o município de Rebouças, nas seguintes comunidades: Pantâno Preto, Rio Bonito, Barro Branco de Baixo, Barro Branco de Cima e Barra dos Andrades. Essas escolas eram todas desativadas e foram medidas suas dimensões, marcadas geograficamente

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com o GPS e fotografadas. Foi conseguido com os núcleos de educação dos municípios de Rebouças, Rio Azul e Irati, a relação das escolas rurais consolidadas e desativadas na área rural. No dia 10, foi feita visita ao faxinal Dèrevo, дерево na comunidade de Papanduva de Baixo, município de Prudentópolis-PR. Ali, foi entrevistada uma ex-aluna da escolinha que existiu naquela comunidade. A escola ainda existente, foi fotografada, medida e localizada. A entrevista foi gravada, transcrita e arquivada no arquivo do LAPEF. Ainda durante este mês foram elaborados roteiros de fotografias e questionários para as entrevistas realizadas durante as visitas nas escolas do interior, a fim de que o trabalho ficasse centralizado e conciso. Estabeleceu-se ainda que, diante do trabalho de campo, seriam elaboradas muitas fontes históricas de pesquisa, na forma das fotografias e das entrevistas, além dos pontos GPS. Optou-se pela utilização de um HD e da memória do notebook do LAPEF. Uma parte foi também impressa, a fim de ser guardada em arquivo de aço. Neste mês outros professores, de outras escolas, manifestaram interesse em participar da exposição de fotografias sobre os faxinais e decidiu- se que seria elaborado um cronograma com tais atividades em cada município interessado. Foi elaborado um cronograma com as saídas de campo a fim de que todos os integrantes da equipe do projeto soubessem das atividades do mês e pudessem dar as suas contribuições.

Foram realizadas visitas de campo em algumas localidades pertencentes aos municípios de Mallet, Paulo Frontin e União da Vitória. Iniciou-se a atividade de catalogação das fotos que estão sendo produzidas pela equipe de pesquisa. Decidimos, também, realizar uma Gincana de Fotografias dos Faxinais. Definiram-se algumas datas para a realização do evento no município de Rio Azul. A Gincana consistiu numa atividade na qual os alunos inscreveram conjuntos de fotos com imagens referentes à cultura dos faxinais, a ser selecionadas pelos professores membros do Obeduc e classificadas quanto à sua relevância e originalidade. O julgamento da gincana foi feito pela equipe de pesquisa do OBEDUC. Foi desencadeada uma divulgação no Campus de Irati, visando atrair professores interessados em participar do projeto. Foram

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realizadas visitas de campo alguns municípios, tais como: Rio Azul, Tijucas do Sul, Pitanga, Faxinal e Pato Branco. Considerando que em cada comunidade e em cada município visitado possibilitava-se a realização de uma entrevista, nos víamos diante da necessidade de transcrevê-la. Foi ofertado um curso de utilização de aparelho GPS aos acadêmicos considerando a importância dos mapeamentos para a produção historiográfica sendo que participaram e concluíram o curso, nove alunos. No mês de junho foram realizadas viagens aos municípios de Faxinal, Tijucas do Sul e Pato Branco com destino a escolas do interior destes municípios, das quais foram tiradas fotografias, anotadas as dimensões e feitas as referências geográficas. Iniciaram-se as conversações com os professores de história e sociologia do Colégio Chafic Cury a respeito da realização da I Gincana de Fotografias dos Faxinais. Ficou acordado entre os participantes do projeto que o prêmio seria um tablet e que a equipe de pesquisa iria buscar patrocínio para adquiri-lo. Iniciou-se uma articulação para a oferta de um minicurso que aproxime os historiadores – professores e alunos – da tecnologia GPS, que servirá de apoio às pesquisas em desenvolvimento. Foram realizados vários contatos com as escolas e definidas as datas para a realização da I Gincana de Fotografias dos Faxinais nos municípios de Rebouças e Imbituva. Foi confeccionado o folder referente à divulgação do minicurso de GPS. Foram programadas mais algumas viagens a comunidades dos municípios de Irati, Imbituva, São

Mateus do Sul e Pitanga, dando prosseguimento às pesquisas. Deu-se continuidade ao processo de catalogação das fotografias.

Foram programadas visitas aos municípios de Irati, Imbituva, São Mateus do Sul, Inácio Martins e Cândido de Abreu para meados do mês de outubro. Foi realizado o curso de GPS, em quatro encontros de quatro horas cada. O referido curso, que seria ministrado pelo mestrando Evandro que declinou da atividade por problemas de saúde na família. Foram feitos alguns contatos com professores do Departamento de geografia/I e o professor Júlio Manoel França da Silva, coordenador do Laboratório de Cartografia do DEGEO/I. O curso foi ministrado aos alunos bolsistas do projeto “A escola e o ensino de história na

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região dos faxinais”, a quatro alunos de Iniciação cientifica e orientandos de TCC e três alunas de Iniciação Científica Júnior. Foi realizada uma visita da equipe do projeto à escola Alcides Munhoz em Imbituva, no dia 28 de agosto, durante a Feira de Ideias daquela escola, na qual a professora Cleusi, participante do OBEDUC, desenvolveu a montagem de um sistema de faxinais na área da escola, levando os alunos a terem um contato maior com esta cultura. Iniciou-se, também, a articulação em vista das atividades para a realização da feira de ideias na cidade de Rio Azul, no colégio Chafic Cury, sob a coordenação da professora Lucy, que também se dispôs, em conjunto com os professores Rosenaldo de Carvalho e Ivan Gapinski, a montar maquetes e salas de exposições referentes ao sistema faxinal em sua escola.

Também se realizou o julgamento das fotografias da I Gincana de Fotografias nos Faxinais do município de Imbituva. O conjunto de fotografias vencedora foi da aluna Maria Eliane Alessi.

O Laboratório foi presenteado com uma pintura tematizando os faxinais. Quadro do professor Valdeci Borgo e dos alunos do 8º ano A, feito em mutirão. Foram feitas várias visitas a comunidades do interior de Irati e Fernandes Pinheiro (Faxinal do Monjolo, São Loureço, Faxinal dos Francos, Assungui...). Também, visitou-se o município de Lapa e Ivaí.

Foi realizada também a segunda etapa da I Gincana de fotografias dos faxinais com participação do colégio Chafic Cury. A classificação dos trabalhos foi a seguinte:1º lugar - Jhonatam Silveira; 2º lugar -Luana da Luz; 3º lugar - Annelise Brandino Amorin. Também, foram realizadas várias viagens às escolas participantes da Gincana e aos faxinais.

Por fim, realizou-se uma reunião para fazer um balanço dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do OBEDUC, com a participação de Márcia Doré, arquivista do CEDOC – Centro de Documentação e Memória da UNICENTRO. Tratou-se da realização de catalogação das fotos arquivadas nas mídias do Laboratório dos Povos Eslavos e Faxinalenses – LAPEF, pelos acadêmicos bolsistas vinculados ao Laboratório. Ao final, contabilizou-se um total de aproximadamente 3500 (três mil e quinhentas) imagens catalogadas e

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arquivadas que serão disponibilizadas aos pesquisadores. Foram feitas saídas de campo para as cidades de Lapa-PR, Irati-PR, Rebouças-PR, Rio Azul-PR e Imbituva-PR. Também se realizou a terceira etapa da I Gincana de Fotografias nos Faxinais, no Município de Rebouças, Colégio Estadual de Marmeleiro de Baixo. O conjunto de fotografias vencedor foi da aluna Iara Pietchaki de Andrade. BIBLIOGRAFIA

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