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Histórico. O metal mercúrio é facilmente obtido a partir da combustão do cinábrio (a 580 o C, HgS + O 2 Hg + SO 2

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Histórico

O mercúrio foi encontrado em tumbas egípcias de cerca de 1500 a.C., e era seguramente conhecido pelos antigos povos orientais e Maias. Diversos povos do Mediterrâneo usavam-no para a extração de ouro e prata por amalgamação. O aquecimento do amálgama eliminava o mercúrio, por destilação, deixando o metal nobre purificado. Esta técnica de separação é utilizada clandestinamente em garimpos até hoje, especialmente no Norte do Brasil, no Rio Amazonas.

O metal mercúrio é facilmente obtido a partir da combustão do cinábrio (a 580oC, HgS + O2 → Hg + SO2). Além de ser a fonte mais importante para a obtenção do mercúrio, era um pigmento vermelho muito apreciado por diversos povos, como nas

pinturas corporais dos indígenas norte-americanos. Nossos índios amazonenses utilizavam e utilizam uma opção muito mais saudável, o urucum.

Além da fácil obtenção, o mercúrio e seus compostos tinham propriedades físicas e químicas claramente fascinantes. Na Alquimia Chinesa tornou-se célebre entre os nobres a prática da ingestão de cinábrio (HgS) e do mercúrio como uma forma, por

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suposto, de assegurar-se da imortalidade.

Diversos imperadores chineses tiveram suas vidas reduzidas devido à ingestão intencional de doses regulares de mercúrio. Independente das visões míticas, o mercúrio foi certamente muito experimentado por alquimistas, proto-cientístas e curiosos. O paladar e o olfato foram por muito tempo dois dos principais critérios de investigação da matéria.

Carl Scheele (1742-1786), famoso farmacêutico sueco que contribuiu para a descoberta de diversos elementos químicos, tinha por hábito cheirar ou ingerir muitas das substâncias com as quais trabalhava. Ele foi encontrado morto em sua bancada de laboratório, aos 43 anos, com diversos sintomas de

envenenamento, sendo o mercúrio um dos principais suspeitos.

No entanto, os efeitos nocivos do mercúrio e seus compostos demoraram muito até serem reconhecidos. Até meados do século XIX, nitrato mercuroso (HgNO3) foi amplamente utilizado para curtir o feltro, especialmente na confecção de chapéus. Resíduos deste composto que permaneciam no tecido eram liberados aos poucos, envenenando gradualmente seus usuários, com efeitos como tremores musculares, fala confusa e visão distorcida.

Esta contaminação foi popularmente disseminada através do personagem

"Chapeleiro Louco", do livro Alice no Pais das Maravilhas, de Lewis Carroll (1832-1898).

Feltro

Tecido de lã ou pêlos bastante utilizado para a fabricação de chapéus, sapatos e bolsas.

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Toxicologia

O mercúrio como elemento é pouco tóxico, e desta forma poderia ser ingerido sem maiores danos ao organismo. O maior perigo é que, mesmo sob as condições usuais de temperatura e pressão, uma pequena fração do mercúrio oxida, formando o HgO (óxido mercúrico ou de mercúrio II). Devido à polaridade desta molécula, o óxido é muito mais susceptível a uma série de reações químicas.

Mercúrio em um béquer.

Fonte: Wikipedia (http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Hg_Mercury.jpg)

Quando o mercúrio líquido cai numa bancada ou se esparrama pelo chão, suas gotículas dispersas (e encantadoras!)

proporcionam um aumento súbito da área de contato, de forma que a oxidação estende-se significativamente. Você não deve tocá-las, o mercúrio é facilmente absorvido pela pele e o vapor pode ser inspirado pela respiração.

Uma das maiores fontes de contaminação em laboratório (e em domicílios) são os termômetros de mercúrio. Sua estrutura de vidro é extremamente delicada e, uma vez quebrado, o seu metal passa a poluir o ambiente. Na maior parte dos paises do mundo este tipo de termômetro é proibido há décadas. O termômetro à álcool é uma alternativa muito mais ecológica e acessível.

O mercúrio vaporiza a uma temperatura comparativamente baixa (357ºC), é o mais volátil dos metais. Quando exposto em um ambiente sem circulação de ar, leva a um nível de

contaminação de mercúrio centenas de vezes acima do nível

Como lidar com as gotículas de mercúrio

Uma boa forma de lidar com as gotículas de mercúrio é, após arejar o ambiente, juntá-las com um pincel ou uma cartolina, aspirar as gotas com uma seringa sem agulha ou pipeta com uma pêra, e em seguida colocar o conteúdo em recipientes lacrados e entregues ao órgão ou departamento

competente. Alguns laboratórios utilizam enxofre em pó na região contaminada (ou de possível contaminação), de forma que qualquer óxido presente reaja e forme o HgS, uma molécula estável e altamente insolúvel. (Kps = 3,0 x 10-53).

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recomendável. Como vapor, o metal difunde-se dos pulmões para a corrente sangüínea, e desta forma atinge o cérebro. Um dos compostos mais perigosos de mercúrio é o

dimetilmercúrio (Hg(CH3)2), poucas gotas bastam para causar a morte. Ele pode ser facilmente produzido através de bactérias encontradas em sedimentos fluviais, que introduzem o radical orgânico metil no mercúrio como um mecanismo de expelir o metal pesado. O dimetilmercúrio, após expelido, é facilmente incorporado nas paredes celulares de peixes e frutos-do-mar, seus principais intermediários orgânicos. E, uma vez consumidos pelos seus predadores, passam a fazer parte da cadeia

alimentar.

A principal forma de contaminação de mercúrio no corpo humano é originária de peixes, especialmente na forma altamente tóxica do dimetilmercúrio.

Os compostos de mercúrio atacam especialmente o sistema nervoso central e o sistema endócrino, causando uma série de desordens, como tremores musculares, depressão, perda de memória, paralisia, demência, além de comprometer os rins, o fígado, podendo levar à morte. Todos esses efeitos são muito mais pronunciados em crianças, sobretudo no estágio

embrionário, no ventre de uma mãe contaminada.

Texto complementar - Estudo de Caso: Poluição de mercúrio no Rio Paraíba

Avaliação dos Teores de Hg em Pescado do Trecho Itaocara - S. Fidélis, Baixo Curso do Rio Paraíba do Sul (http://www.sbq.org.br/ranteriores/23/resumos/1394/index.html), Allegra Viviane Yallouz, Marilu de Menezeseneen da Silva e

Tatiana Maria Paulino Calixto, Anais da 23a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química.

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Como o mercúrio contamina o ambiente?

O mercúrio tem diversas aplicações industriais e domésticas, especialmente em função de sua propriedade incomum de ser o único metal líquido à temperatura ambiente. Seus inúmeros usos dificultam o controle pelos órgãos de fiscalização, de forma que há várias fontes poluidoras. Porém, no geral, as maiores são a combustão de carvão contaminado pelas usinas siderúrgicas e termoelétricas, além das emissões de gases vulcânicos.

Outras fontes de mercúrio são decorrentes das lâmpadas fluorescentes e de mercúrio, ambas amplamente utilizadas. Ao serem quebradas, liberam uma pequena quantidade de vapor de mercúrio no ambiente. Uma lâmpada fluorescente compacta, muito utilizada hoje em dia em residências, contém em média entre 5 a 10 mg de mercúrio em seu interior.

Apesar de individualmente não representarem grandes riscos, coletivamente o montante de mercúrio presente nas lâmpadas é um fator preocupante. Esta questão ainda não tem sido

convenientemente divulgada pelos principais meios de

comunicação, ou pelas empresas e órgãos governamentais que deveriam assumir o seu controle.

Lâmpada compacta incandescente - mercúrio em sua composição.

Estima-se que diariamente, pela ação humana, estejam sendo despejadas cerca de 27 toneladas de mercúrio no ambiente. Este metal pode também ser introduzido nas águas por processos naturais, como chuva e alagamentos de regiões contaminadas, e passa a fazer parte de um ciclo mais complexo.

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A ilustração que segue mostra o ciclo do mercúrio na biosfera.

Ciclo do mercúrio na biosfera

Algumas organizações não governamentais (a mais conhecida delas é a ONG Veritas - http://www.imva.info) têm alertado quanto a utilização de um composto derivado do mercúrio, o Timerosal, como adjuvante e preservativo nas vacinas. Este composto seria responsável por uma epidemia de contaminação por este metal, especialmente em recém nascidos, muito mais susceptíveis a danos. Apesar de existirem substâncias

alternativas mais saudáveis, estas são mais caras e o problema ainda é praticamente desconhecido nos paises em

desenvolvimento.

O mercúrio, há décadas, é um dos principais ingredientes de amálgamas dentários, usualmente uma liga de mercúrio, prata e óxido de estanho. (É provável que você esteja usando alguma(s) neste momento!) O uso desta liga tem causado uma série de controvérsias na literatura odontológica, pois durante a mastigação na região do amalgama, há a liberação de uma pequeníssima quantidade de vapor do metal no organismo. Muitos cientistas consideram insignificante esta liberação (e até benéficas!), enquanto outros julgam que a longo prazo seu efeito tóxico seja acumulativo.

Biosfera

Soma dos ecossistemas existentes no planeta Terra, abrangendo a atmosfera, hidrosfera e litosfera

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Ficha técnica do "mau elemento"

Propriedades

Massa atômica: 200,59 u

Configuração eletrônica: [Xe] 4f14 5d10 6s2

Densidade: 13,6 g/cm3

Temperatura de fusão/ebulição: -38,4ºC /357ºC

Principais fontes poluidoras:

Combustão de carvão e lixo (pilhas e baterias) contaminado.

Atividades vulcânicas.

Bulbo de lâmpadas fluorescentes e lâmpadas de mercúrio de iluminação pública.

Termômetros e eletrodos de mercúrio.

Principais acusações:

Desordens nervosas: tremores musculares, depressão, perda de memória, paralisia e demência.

Hg2+ ataca principalmente os rins e o fígado.

Padrões aceitáveis para a água potável:

EPA EUA - 2 ppb; OMS - 1 ppb; Ministério da Saúde do Brasil - 1 ppb

Referências

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