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Discurso de apresentação da Professora Marília da Glória Martins, novo membro da Academia Maranhense de Medicina

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Academic year: 2021

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Discurso de apresentação da Professora Marília da Glória Martins, novo membro da Academia Maranhense de Medicina

Senhoras e Senhores, boa noite!

É um privilégio e, ao mesmo tempo, uma missão das mais nobres a tarefa de saudar nesta noite minha ilustre colega de profissão, a Professora Doutora Marília da Glória Martins, escolhida para ocupar a cadeira de número 23, fundada pelo nobre médico José da Silva Maia.

Ao acolhê-la nesta data como um de seus membros, a Academia Maranhense de Medicina não terá apenas premiado umas das expoentes da profissão médica no Brasil, como também, mais uma vez revelado o propósito de homenagear a Medicina do Maranhão, sempre qualitativamente bem representada nesta Casa.

Antes de discorrer sobre a nova acadêmica, permitam-me, ainda, de forma breve, exaltar a memória deste brilhante homem que fundou a cadeira que ela passará a ocupar. Trata-se de um visionário que, nos idos de 1850, publicou em São Luís uma espécie de manual de como prevenir surtos epidêmicos, intitulado Medidas Sanitárias Adoptadas na Província do

Maranhão para evitar a epidemia da febre amarella, com o regulamento de saúde dos portos. O objetivo de tal obra era impedir que a epidemia de febre

amarela, que atingia outras províncias, principalmente a Bahia, chegasse ao Maranhão pelas embarcações que aqui ancoravam para descarregar mercadorias. Sem dúvida nenhuma, tal iniciativa foi reflexo do espírito altruísta que só os verdadeiros médicos possuem.

Mas voltemos à protagonista desta solenidade. A professora Marília da Glória Martins é natural de Bequimão – terra que um dia já foi chamada de Santo Antônio das Almas e de Godofredo Viana -, sendo a última filha do casal Atanázio Lourenço Martins e Lídia Cantanhêde Martins; ele, pequeno pecuarista, comerciante e marchante abastado, e ela, mãe dedicada aos afazeres do lar e aos filhos. Ainda menina, aos três anos, teve o dissabor de perder o pai.

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A Doutora Marília da Glória Martins cursou a educação primária em escolas públicas, inicialmente na Escola Reunida Presidente Getúlio Vargas, a qual se tornou Grupo Escolar Estado de Minas Gerais, onde concluiu o curso primário. Ainda cedo, manifestou o desejo de ser médica, o que causou surpresa na família, que ainda não possuía nenhum membro com esta profissão. Dividia seu tempo entre os estudos e as brincadeiras de infância, muitas delas compartilhadas com sua amiga, desde a época, Josefa da Assunção Gomes, aqui presente. Ainda adolescente, fundou o Grêmio Estudantil de Bequimão e também descobriu a paixão pela música, apreciando o violão.

O curso Ginasial foi realizado na Escola Normal Nossa Senhora da Assunção, Instituição particular mantida por religiosos Canadenses da Congregação Nossa Senhora da Assunção da Santa Virgem, coordenado pela Irmã Maria Paula Tardif, em Guimarães – Maranhão, onde obteve excelente aproveitamento escolar. Concluiu seu curso normal no tradicional Colégio Rosa Castro, que hoje não existe mais.

Convicta da opção pela medicina, em março de 1971, matriculou-se no Curso Preparatório para Vestibulares Professor José Maria do Amaral e, em janeiro de 1972, prestou vestibular para medicina, e uma vez não alcançando os pontos necessários para o curso pretendido, optou por cursar Química, curso que frequentou por um semestre. Em julho de 1972, foi aprovada no 2º vestibular para o tão sonhado curso de Medicina.

Junto com seus colegas de turma, Frutuoso Barbosa Cordeiro Neto, Antônio Augusto Pereira Martins, José Luciano Seba e Myrtes da Conceição Nogueira Trinta, abraçou o novo desafio com esmero. Gravava as aulas num gravador a pilha haja vista os parcos recursos didáticos da época, e depois cuidadosamente passava para os cadernos, palavra por palavra. Em seguida, contemplava todo o texto com leitura dos seus livros, os quais teve a sorte de tê-los adquirido, com a ajuda da mãe e de todos os seus irmãos. Sua mãe e seus irmãos passavam o ano inteiro pagando prestação de livros para o Senhor Danilo, pois, no começo do ano letivo, todos os livros eram obtidos conforme as disciplinas oferecidas para aquele ano.

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Na época, quem quisesse encontrá-la, o local era só um: o Plantão no Hospital Djalma Marques, pois estava sempre por lá, o que preferia a qualquer outra atividade. No 3º ano (que corresponde ao 5º período) do curso médico, ainda de forma precoce, mas convicta do que queria, fez opção pela especialidade de Obstetrícia e Ginecologia, adquirindo o seu primeiro livro de Obstetrícia, em dezembro de 1974, “Obstetrícia 2ª edição”, nº 0569, de autoria daquele que seria o seu mentor, Professor Jorge Fontes de Rezende, o qual viria a encontrar tempos depois, na pós- graduação.

No Hospital Geral Tarquínio Lopes Filho e Hospital Carlos Macieira – IPEM, no período de janeiro a julho de 1977, sob a supervisão do então diretor, Dr. Domingos Costa, frequentou de maneira extracurricular a Clínica Cirúrgica pelo período de 6 meses. A partir de então, um mundo de novas descobertas e muito aprendizado começou a ser palmilhado: concluiu o seu internato na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, foi interna do Serviço de Ginecologia do Professor Gerson Rodrigues do Lago e atuou nas enfermarias da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Ao findar o período do internato com conceito Excelente, ganhou por mérito o presente do Diretor do Serviço, o Professor Jorge de Rezende, uma vaga para residência médica, sem prestar concurso, a iniciar no meio do ano.

Após um breve retorno a São Luís, no final de 1981, logo recebe a notícia de que havia sido contemplada com uma vaga para médica da Maternidade de Laranjeiras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. De volta novamente em 1983, foi trabalhar na Maternidade Maria do Amparo, que estava sendo inaugurada. Assumiu de pronto a Chefia da Maternidade e, após deparar-se com inúmeros desafios, sua experiência a levou a escrever o Manual de Rotinas em Obstetrícia, que mais tarde fora publicado em 1991 e prefaciado pelo Prof. Manoel Soares Estrela. Permaneceu nessa Maternidade até 1986, quando assumiu o Serviço de Obstetrícia do Hospital Materno Infantil do extinto INAMPS, começando seu trabalho com a abertura da ALA D do 3º andar do HMI, iniciando ali a enfermaria de observação para internar as gestantes de alto risco, hoje denominada enfermaria de clínica obstétrica. Entre outras realizações relevantes, iniciou também neste Estado o tratamento e o acompanhamento das pacientes

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portadoras de mola hidatiforme, e atualmente o serviço é referência para todo o Estado.

Em 1986 realizou, na Maternidade Zélia Martins do Hospital Português, a 1ª circlagem do colo do útero, e em seguida realizou a 1ª amniocentese em gestante de 14 semanas. Titulou-se Mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e, na condição de Mestre em Obstetrícia e Professora Assistente, foi designada para dar aulas práticas de Ginecologia, no Hospital Geral, para os alunos do 6º ano de Medicina da Universidade Federal do Maranhão.

Somente após o falecimento de sua mãe em 1995, resolveu cursar pós – graduação nível doutorado, na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, doutorando-se em dezembro de 2001, tendo a Professora Doutora Anna Maria Bertine como sua orientadora e o Prof. Dr. Wladimir Taborda como seu coorientador. Defendeu tese sobre

Terapia antibiótica na prevenção de parto pré-termo: estudo prospectivo aleatório e duplo-cego. Àquela época, recebeu convite do Coordenador da

Pós-Graduação, Prof. Dr. Luiz Kulay Filho, para integrar o quadro de professores deste departamento na UNIFESP. Retornou para as suas atividades no Maranhão, em janeiro de 2002.

Neste longo período de dedicação exclusiva à sua profissão de médica/professora, acumulou uma produção científica considerável, pois possui 6 cursos de pós- graduação, 80 cursos de formação complementar, trabalha com 9 linhas de pesquisa, já realizou 27 projetos de pesquisa, recebeu 7 prêmios e títulos e, afora suas participações em bancas, eventos científicos, orientações em monografia, tem ainda três livros publicados.

Recria tua vida, sempre, sempre, já diz o poema de Cora Coralina,

que traduz em palavras uma máxima para a vida da professora Marília da Glória Martins.

Seu espírito inquieto e seu dinamismo dão-nos a impressão de que está sempre em busca de novas realizações, na linha do poema de Cassiano Ricardo:

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que não há no mundo nem mesmo quando tudo se consegue.

Como visto, a cada chamado da vida, atendeu com desvelo. No que faz e no que diz, ressalta a diligência à casa de sua formação profissional. Exemplo raro, em época em que os próprios interesses, muitas vezes, são colocados em primeiro plano. Certamente, é daquelas que fazem muito mais pela Instituição do que a Instituição por elas, a isso nós acostumamos chamar de entrega, quase devoção; que honram os cargos, mas, por igual, sentem-se obrigadas às responsabilidades como uma autenticação de seu próprio modo de ser e viver. Não será outro o seu comportamento em relação à Academia Maranhense de Medicina, à qual servirá com inteligência e capacidade. Receba aqui de seus novos confrades a mais calorosa acolhida, na certeza de que a sua presença muito honra e dignifica esta Casa.

Referências

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